2. Protozoários do TGI
• No trato intestinal humano podemos encontrar uma
infinidade de protozoários, entretanto nem todos são
mal-vindos!
• Uma boa parte deles se comporta como comensal, não
parasito, e faz parte de nossa microbiota, sem a qual
nossa saúde não seria a mesma.
• Entretanto, de qualquer forma, todos eles vão parar no
nosso intestino graças a maus hábitos de higiene.
• Entre os patogênicos podemos encontrar a Entamoeba
histolytica, a Giardia lamblia e o Balantidium coli.
• Vamos estudar o grupo das amebas e o flagelado.
7. Hematofagia em cultura
a. b.
a. Microscopia com contraste de fase
(Fonte: http://www.smittskyddsinstitutet.se - Foto: Anders Magnusson, Smittskyddsinstitutet;
8. Cistos
a.
b.
c.
Corado pelo lugol (a e b) ou tricrômio (c)
Fonte: http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/ImageLibrary/Amebiasis_il.htm
10. Ciclo biológico
• Monoxênico e monogenéico
– Hospedeiro: Homem
– Reprodução assexuada: divisão binária
• Forma de Contágio:
– ingestão de cisto contaminando água e alimentos
– mãos e objetos levados à boca
• Forma (estágio) infectante: cisto
• Vetores relevantes:
– Mecânicos (mosca, barata)
– Biológicos (homem contaminado)
– Fômites (objetos contaminado levados à boca)
11. Ciclo biológico da ameba
• Como um comensal, o cisto • Como parasito, o cisto
ingerido libera o trofozoíto ingerido libera o trofozoíto
da ameba que se reproduz da ameba que se reproduz
ativamente e coloniza o e coloniza o intestino grosso
intestino grosso, entretanto aderindo-se à mucosa e
sem aderir-se à mucosa, agredindo-a.
alimentando-se de restos • O trofozoíto na forma
de nossa alimentação. magna, invasiva, faz
• Com a desidratação da hematofagia e digere
formação do bolo fecal, os tecidos para atingir
trofozoítos encistam-se e pequenos capilares.
são eliminados em fezes • Com a consequente
formadas podendo disfunção intestinal, o
contaminar água, solo e trofozoíto não encista e é
alimentos. eliminado nas fezes
diarreicas
12. Epidemiologia
Prevalência da E. histolytica/dispar:
• MUNDO: 500 milhões de • Em Manaus (AM) E. histolytica atinge
infectados e 40-100 mil 6,8% da população
óbitos anuais e é a 2ª maior • Em Fortaleza (CE) E. histolytica atinge
causa de morte entre 14,9% da população de baixa renda
doenças parasitárias (1ª • Em Belém (PA) E. histolytica atinge
malária) 29,5% dos indivíduos residentes na
região metropolitana
• BRASIL: maior prevalência • Macaparana (PE), Belo Horizonte (MG)
em populações de nível e Salvador (BA) a ocorrência da E.
socioeconômico mais baixo histolytica é rara, tendo sido
identificada somente a E. dispar, sendo
e condições precárias de
4,1%; 0,38% e 3,2%, respectivamente.
saneamento básico,
• Nas demais regiões brasileiras não há
resultando em altos índices
estudos que retratem a prevalência da
de morbidade. E. histolytica/dispar.
13. Entamoeba histolytica/dispar
SANTOS FLN, SOARES NM. Mecanismos fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção causada pela Entamoeba
histolytica. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. v.44, n.4, p. 249-261. 2008. ISSN 1676-2444.
14. Mecanismos fisiopatogênicos 1
Ver vídeo
• Receptores de padrão molecular típicos de patógenos acessando
(TLR) presentes nos enterócitos reconhecem estes padrõeshttp://www.y
outube.com/
watch?
(PAMPS como lectinas ricas em LPG e LPPG) na superfície v=dYASBEwr6
NQ
da ameba mediando a adesão
• A mucosa intestinal responde com a secreção de citocinas pró-
inflamatórias (IL-1, IL-6, IL-8, TNF-α e GMCSF) que recrutam
neutrófilos e monócitos para o conjuntivo da mucosa
• Os próprios trofozoítos lisam os enterócitos e os leucócitos
inflamatórios através da liberação de grânulos
• A mucosa inflamamada graças à liberação de agentes como
histamina, PG, LT, cininas, citocinas inflamatórias sofre
alterações intestinais –> aumento da secreção de muco,
dificuldade na absorção alimentar e aumento do peristaltismo
15. Mecanismos fisiopatogênicos 2
Conteúdo dos grânulos da ameba
• Amebaporos (grânulos patogênicos)
penetram no ambiente hidrofóbico
da MP (enterócitos e leucócitos)
-> lise osmótica
• Lectinas amebianas ativam cascata de sinalização celular
-> citólise
• Cisteínoproteinases digerem a membrana basal
-> lesão no epitélio Fonte: SANTOS, F. L. N.; SOARES, N. M. Mecanismos
fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção
causada pela Entamoeba histolytica. J. Bras. Patol. Med.
• Invasão da ameba -> úlcera Lab., v. 44, n. 4, p. 249-261. Agosto/2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-244
.
16. Fisiopatologia da E. histolytica
• Ameba invade a mucosa
do intestino grosso e
leva à formação de
úlceras
• Úlceras em “botão de
camisa” ou “gargalo de
garrafa”
Fonte: Santos e Soares, 2008.
17. Escapando da imunidade
humoral do hospedeiro
• Ac α Ag amebianos ligam-se à superfície da ameba
• A membrana da ameba direciona os complexos Ag-Ac para os uróides
• Os uróides são frequentemente eliminados
Deste modo os mecanismos de imunidade dependentes de Ac contra o
parasito (ADCC e ativação da VC do SC) são neutralizados e o parasito
permanece nos tecidos do hospedeiro
18. Diagnóstico laboratorial do complexo
E. histolytica/E. dispar
PARASITOLÓGICO X SOROLÓGICO
• Demonstração microscópica de cistos e/ou
trofozoítos no sedimento fecal (EPF)
• Sorologia para Acα-Ag amebianos (Lectinas)
• ELISA - Pesquisa de coproantígenos (amebaporos
isoformas A, B e C; lectinas; e cisteíno-proteinase)
• Pesquisa de DNA amebiano em amostras biológicas
(fecais, biópsias) - PCR
19. Profilaxia
Higiene individual entre evacuações e refeições (lavar bem as
mãos antes da alimentação, manter unhas bem cortadas e
limpas, etc.)
Cuidado na manipulação e higienização de alimentos
ingeridos crus (frutas e verduras)
Controle de vetores mecânicos (inseticidas, não acumular lixo
em casa, etc.)
Saneamento básico (fossa, latrina, esgoto, tratamento de
água e esgoto humano)
Educação sanitária
Vacina (?!) – Acesse para ver o que anda sendo pesquisado:
http://www.youtube.com/watch?v
21. Comensais do intestino e o
diagnóstico diferencial para
protozoários patogênicos
• Os laboratoristas precisam ter cuidado ao examinarem as fezes,
pois muitos protozoários comensais podem ser encontrados e
confundidos com aqueles que são patogênicos.
• Isto pode ocorrer com amebas e flagelados.
• Amebas
• Entamoeba coli, E. hartimanni, ...
• Endolimax nana
• Iodamoeba butschlii
22. Entamoeba coli
Trofozoítas (Corado pelo tricrômio) Cistos (Corados pelo lugol ou pelo tricrômio)
Endolimax nana
Trofozoíta (Corados pelo tricrômio) Cistos (Corados pelo lugol ou tricrômio)
Iodamoeba butschlii
Trofozoítas (Corados pelo tricrômio) Cisto (Corados pelo tricrômio)
Fonte: http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/ImageLibrary/Amebiasis_il.htm
23. Comensais do intestino e o
diagnóstico diferencial para
protozoários patogênicos
• Flagelados
• Pentatrichomonas hominis
• Chilomastix mesnilli
• Enteromonas hominis
• Retortamonas intestinalis
24. Outros protozoários do tubo digestivo
(Boca: sulco gengival, sulco dental e tártaro)
• Entamoeba gingivalis
• Trichomonas tenax
Fonte:
http://www.youtube.com/watch?
v=mE6v3fzf5DA
26. Ciclo biológico e patogenia
• Geralmente só
atinge
indivíduos
debilitados,
hospitalizados e
entubados
• Penetra
geralmente pela
mucosa das vias
respiratórias e
chega até às
meninges
• Pode também
infectar a pele e
o globo ocular
27. Ciclo biológico e patogenia
Fonte:
http://eyepathologist.com/images/KL23323.jpg
Fonte:
http://health.usf.edu/NR/rdonlyres/6F3F1B53-6454-
4C80-B26A-4FE0BC0B8BEE/0/1560.png
28. Ciclo biológico
• Pode infectar indivíduos
saudáveis que
coloquem a mucosa
nasal em contato com
as formas flageladas ou
amebóides que vivem
em coleções d’água
como lagos e represas
• Daí chegam até às
meninges
29. Amebas de vida livre e a
meningoencefalite
Acantamoeba Naegleria
30. Diagnóstico
• Parasitológico do LCR
Tratamento
• Anfotericina B e miconazol (i.v. e i.r.)
• Associado à Rifampicina (v.o.)
• Infecção ocular:
– isethionato propamidine tópico
– clotrimazol, miconazol e primaricin
Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/Acantha.htm
31. Referências Amebas
SANTOS, F. L. N.; SOARES, N. M. Mecanismos fisiopatogênicos e diagnóstico laboratorial da infecção
causada pela Entamoeba histolytica. J. Bras. Patol. Med. Lab., v. 44, n. 4, p. 249-261. Agosto/2008.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442008000400004
.
UCG. Universidade Católica de Goiás. Entamoeba coli/Endolimax nana. Aula 19. Disponivel em:
http://www2.ucg.br/cbb/professores/19/Enfermagem/Entamoebacoli_Endolimaxnana.pdf . Acesso
em: 03/10/09.
KSU - Kansas State University.. Entamoeba gingivalis. Disponível em:
http://www.k-state.edu/parasitology/625tutorials/Egingivalis.html . Acesso em: 03/10/09.
ARABSLAB. Trichomonas tenax. Disponível em: http://atlas.arabslab.com/data/5/p020.jpg. Acesso
em: 03/10/09.
KELLY, S. Entamoeba histolytica. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=dYASBEwr6NQ.
Acesso em: 03/10/09.
36. Trofozoíto
• Trofozoíto tem formato piriforme, mede 12 x 15 µm (variando
de 10-20 µm), contem dois núcleos simetricamente dispostos
na extremidade anterior, 8 flagelos na face ventral.
(Coloração por Kohn, Giemsa, Tricrômio)
37. Cisto
• Cistos são elípticos a ovóides, medem
entre 11 x 14 µm (podem variar de 8 a 19
µm)
• Quando imaturos têm 2 núcleos
• Maduros possuem 4 núcleos. axonemas e
resquícios do disco suctorial são visíveis.
(Coloração lugol, tricrômio)
38. Na microscopia de varredura podemos
observar detalhes da superfície da Giardia
Fonte: http://med.ege.edu.tr/~unver/giardiakist.htm
39. Superfícies ventral e dorsal
na microscopia de varredura
Legenda: dv – disco ventral ou suctorial; svc – superfície ventral da célula;
fa – flagelo anterior; bvl – borda do disco ventral
40. Imagem colorizada por computador
Legenda: verde: células do intestino; vermelho: células do sangue; magenta: giárdia
42. Comportamento da Giardia
1 2
Em cultura axênica (1) ou em biópsia de intestino (2), coladinhas lado a lado umas das
outras.
3 Em biópsia
de intestino
(3), coladinha
através do
disco ventral
à superfície
do enterócito.
Fonte: http://br.geocities.com/dra_reginadias/parasitosintestinais.htm
43. Tapete
Fonte: ARAÚJO NS. Avaliação da influência de diferentes inóculos do isolado humano (Portland-I) de Giardia duodenalis
sobre a cinática da infecção e no desenvolvimento de alterações patológicas no intestino delgado de gerbils (Meriones
unguiculatus) experimentalmente infectados. (Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia
Aplicadas - UFU). Uberlândia/MG. 2006. Disponível em: http://www.bdtd.ufu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=440.
Acesso em: .
45. Sintomatologia
• Pode ser assintomática ou se tornar sintomática dependendo
da parasitemia e da integridade/susceptibilidade do
organismo
• O atapetamento da mucosa do duodeno e jejuno não
provoca lesão, mas há uma enterite característica que
provoca
– Cólicas
– Aumento do peristaltismo
– Diminuição da absorção de nutrientes (Gorduras e
vitaminas lipossolúveis) levando à
• Esteatorreia
• Emagrecimento
• Avitaminose (ADEK)
46. Epidemiologia
• Antropozoonose • Cães: prevalência de 10%-20%
cosmopolita em animais bem tratados.
•Animais jovens: 26 a 50%
• Giardíase humana se de animais parasitados.
correlaciona com a •Em canis: pode ser
giardíase canina encontrada em até 100%
dos animais.
• Necessária a correta • Gatos: prevalência é menor,
higiene coletiva em
– Crianças
variando entre 1,4 a 11%.
– Idosos • Alta prevalência = doença
clínica.
http://www.ferrariadestramento.com.br/index.php?
option=com_content&task=view&id=12&Itemid=23
47. Seychelles Egito Austrália Brasil Tailândia Guatemala Índia EUA
(Denver)
Fonte: CIMMERMAN, B. Desafios e dificuldades da parasitologia brasileira. Rev. Ação Parasitoses. v.II. n.2. p.4-6.
2008. Disponível em: http://www.fqm.com.br/Site/br/docs/acao012008.pdf. Acesso em: 15/10/09.
53. Profilaxia
• Higiene pessoal
Lavar as mãos antes das refeições
Manter unhas limpas e bem cortadas
• Controle de vetores e
de seu acesso aos alimentos
Inseticidas e cuidado com lixo
Cobrir alimentos
55. Tratamento
Metronidazol
(DINIZ, ALN. Curso de Antimicrobianos. Disponível em:
http://www.minasinfecto.com.br/arquivos/antimicrobianos/antimicrobianos_
ana_lucia.ppt. Acesso em: 15/10/09.)
– Reduzido intracelularmente, seus produtos
formam complexos com o DNA
• Inibem a síntese de ácido desoxirribonucléico
• Induzem a deegradação do DNA.
– Impede síntese enzimática
– Causa a morte celular
56. Tratamento
Nitaxozanida
(MEDICINANET. ANNITA: nitazoxanida. Rio de Janeiro: Farmoquímica: Bula de
remédio. Disponível em:
http://www.medicinanet.com.br/bula/588/annita.htm. Acesso: 30 /06/2009.)
– Interfere no funcionamento da PFOR (piruvato-
ferridoxina-oxidoredutase) => bloqueio da
transferência de elétrons.
– PFOR derivada do Cryptosporidium parvum parece
ser similar àquela da Giardia lamblia.
– A interferência com a reação de transferência de
elétrons enzima piruvato-ferridoxina-oxidoredutase
dependente pode não ser a única via pela qual a
nitazoxanida exibe a atividade anti-protozoária.
Ver também: http://www.intramed.net/contenidover.asp?contenidoID=42896