Antropologia - Relatorio RELAÇÕES ENTRE ANTROPOLOGIA E BIOLOGIA
Semelhante a Seminário de historia e memoriaTEMA: ANALISE DO TEXTO " A HISTÓRIA CATIVA DA MEMÓRIA? UM MAPEAMENTO DA MEMÓRIA PARA O CAMPO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS".
Semelhante a Seminário de historia e memoriaTEMA: ANALISE DO TEXTO " A HISTÓRIA CATIVA DA MEMÓRIA? UM MAPEAMENTO DA MEMÓRIA PARA O CAMPO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS". (20)
3. Nascido em Cunha –SP e criado na capital paulista onde iniciou
seus estudos, filho de juiz pensara trilhar caminhos na magistratura,
porem sua primeira graduação foi em Letras Clássicas na USP, com o
intuito de servir de introdução para o carreira no Direito.
É uma das maiores autoridades, no país, no campo dos estudos
sobre cultura material, cultura visual e museus. Doutor em
Arqueologia Clássica pela Sorbonne, é titular aposentado de História
Antiga e docente do Programa de Pós-Graduação em História Social
da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo, da qual recebeu o título de professor emérito em 2008. Foi
também agraciado com a comenda da Ordem Nacional do Mérito
Científico, em 2002.
Além de uma longa trajetória acadêmica, na qual publicou mais de
uma centena de capítulos de livros e artigos, e organizou várias
coletâneas, o professor Ulpiano tem também uma vasta experiência
no campo institucional. Dirigiu o Museu de Arqueologia e
Etnologia e o Museu Paulista, ambos ligados à USP, e integrou
conselhos de órgãos públicos atuantes no campo do patrimônio,
como o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,
Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), da Secretaria Estadual de
Cultura de São Paulo, e o Conselho do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e participou em outras
instituições de cunho internacional.
4. A história cativa da memória?
Para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais
A popularidade da memória:
Campo acadêmico
Bandeira política
Meneses discute a “natureza de fenômeno social” da memória dividindo seu texto em
três questões:
I. A REIFICAÇÃO DA MEMÓRIA;
II. A CONSTRUÇÃO DESTA NO E EM FUNÇÃO DO PRESENTE;
III. FISIOLOGIA DO FENÔMENO.
Para isso o texto é dividido em vários tópicos que abordam a questão da
memória como fenômeno social e a relação da história e do historiador com
o fenômeno.
Assim o autor vai tratar a memória como uma construção do presente, feita
em função deste. ( “A construção da memória se dá no presente”).
O autor aponta o passado como descontinuidade e a história como a ciência
do estranhamento.
Meneses alerta ainda que é dever do historiador não abandonar sua função
critica a fim de que não trate a história como o “duplo cientifico da memória”
mas que a memória seja entendida como objeto da história.
Mapear o território da MEMÓRIA em sua condição de FATO SOCIAL,
definindo sua fronteira com a HISTÓRIA.
5. PROBLEMAS CHAVES:
1. A RESGATABILIDADE DA MEMÓRIA;
2. O PESO DO PASSADO;
3. A MEMÓRIA INDIVISÍVEL;
4. A MARGINALIZAÇÃO DO ESQUECIMENTO;
5. ESTRATÉGIAS E A ADMINISTRAÇÃO DA
MEMÓRIA.
6. 1. A resgatabilidade da memória:
A caracterização mais comum de memória é
aquele acúmulo de informações. Muitas vezes se
pensa ser algo definido e acabado, condenado ao
esquecimento, por isso, deve ser não só
preservada e restaurada, mas também resgatada.
No entanto, Ulpiano parece desacreditado
quando ressalta que a memória é mutável, um
constante processo de construção e reconstrução
e que a heterogeneidade presente na memória
individual de cada pessoa torna seu resgate uma
ilusão.
7. O impossível resgate da memória.
“A caracterização mais corrente da memória é como
mecanismo de registro e retenção, deposito de informações,
conhecimento, experiências. Daí com facilidade se passa para os
produtos objetivos desse mecanismo. A memória aparece, então,
como algo concreto, definido, cuja produção e acabamento se
realizam no passado e que cumpre transportar para o presente.”
É preciso preservar, como também restaurar a integridade
original da memória, para que a mesma não caia no esquecimento
e conseqüentemente não conduza ao presente. Daí a importância
da memória ser resgatada.
A memória não é um pacote de recordações previsto e acabado.
“Ao inverso, ela é um processo permanente de construção e
reconstrução um trabalho”, como aponta Ecléa Bosi.
“De forma semelhante, a memória de grupos e coletividades
se organiza, reorganiza, adquire estrutura e se refaz, num processo
constante, de feição adaptativa. A tradição (memória exteriorizada
como modelo) nunca se refere a nenhum corpo consolidado de
crenças, normas, valores, referências definidas na sua origem
passada, mas está sujeita permanentemente à dinâmica social.”
8. 2. O peso do passado:
A elaboração da memória se dá no
presente e para responder a solicitações
do presente, como por exemplo um objeto
antigo que fora fabricado atendendo os
anseios de seu tempo e agora é usado para
decorar um ambiente ou para ser exibido
em um museu. Esse objeto tem todo o seu
significado drenado e se recicla como algo
portador de sentido.
9. No presente, é claro.
“O objeto antigo, obviamente, foi fabricado e
manipulado em tempo anterior ao nosso, atendendo
às contingências sociais, econômicas, tecnológicas,
culturais, etc. etc. desse tempo. Nessa medida, deveria
ter vários usos e funções, utilitários ou simbólicos. No
entanto, imerso na nossa contemporaneidade,
decorando ambientes, integrando coleções ou
institucionalizado no museu, o objeto antigo tem
todos os seus significados, usos e funções anteriores
drenados e e recicla, aqui e agora, essencialmente,
como objeto-portador-de-sentido.”
O valor de uso converte-se em valor cognitivo;
O presente pode inverter o valor original de um objeto
passado;
10. Memória, passado, presente
“A elaboração da memória se dá no presente e para responder a
solicitações do presente. É do presente, sim, que a rememoração recebe
incentivo, tanto quanto as condições de se efetivar.”
O caso limite do compromisso da memória com o presente está na
MEMÓRIA HABITO, que segundo Bergson caracterizará como
automatismo corporal;
Ficando mais abrangente na formulação de Connerton:
“The habit-memory more precisely the social habit-memory of the subject
is not identical with subject´s cognitive memory of rules and codes; nor is it
simply an additional or supplementary aspect; it is an essential ingredient
in the successful and convincing performance of codes and rules”
Tradução:
O hábito de memória de forma mais precisa o hábito da memória social do
sujeito não é idêntica à memória cognitiva do sujeito com regras e códigos;
nem é simplesmente um aspecto adicional ou suplementar; é um
ingrediente essencial para o sucesso e performace convincente de códigos
e regras.
11. “Somos tempo e memória, somos duração,
o próprio tempo experimentado,
subjetivamente. No entanto, não somos,
apenas, memória psicológica, somos
memória orgânica, “registro ininterrupto
da duração, todo o passado do organismo,
sua hereditariedade, enfim, o conjunto de
sua longuíssima história.” (Bergson, 1991,
pp. 510-511).
12. “Nessa perspectiva, pode-se dizer que a
memória não dá conta do passado, nas suas
múltiplas dimensões e desdobramentos. E não só,
é claro, porque sabemos muito mais do que as
memórias vivenciadas no passado poderiam
saber, mas sobre tudo porque o conhecimento
exige estranhamento e distanciamento. Somente
a história e a consciência histórica podem
introduzir a necessária descontinuidade entre
passado e presente.”
A memória é filha do presente. Mas, como seu
objeto é a mudança, se lhe faltar o referencial do
passado, o presente permanece incompreensível e
o futuro escapa a qualquer projeto
13. 3. A memória indivisível:
É preciso ao menos duas pessoas para que a
rememoração se reproduza de forma socialmente apreensível.
Essa memória condividida se opõe à memória individual
e pode ser de duas categorias: memória coletiva e memória
nacional.
Memória individual, coletiva, nacional.
As ciências sociais interessa a MEMÓRIA INDIVIDUAL
somente nos quadros da interação social; (pelo menos duas
pessoas para que a memorização seja de caráter social);
A MEMÓRIA COLETIVA é um sistema organizado de
lembranças cujo suporte são grupos sociais espacial e
temporalmente situados:
A MEMORIA NACIONAL é a mistura de culturas que se
formulam e se manifestam como identidade nacional através
das ideologias da cultura nacional;
14. 4. A marginalização do esquecimento:
Sem o esquecimento a memória humana seria
impossível, é por isso que Meneses diz que ela
depende de mecanismos de seleção e descarte.
Apesar da falta de estudo na área, ele ressalta
que há situações que podem propiciar o
esquecimento como a tentativa de esquecer a morte,
levando consigo a polaridade de funções dos
cemitérios no Ocidente; a amnésia na história dos
excluídos e oprimidos de todos os tipos como
mulheres e escravos e também as lembranças
proibidas, indizíveis ou vergonhosas como o caso
dos campos de concentração nazista.
15. .
Amnésia social
A amnésia social tem aí, conseqüentemente, a função de
um referencial geral. Por isso mesmo o autor limita-se a cernir
nosso tema apenas no capitulo inicial, definindo a amnésia
social como o “esquecimento e a repressão da atividade
humana e social que faz e pode refazer a sociedade”. A
memória expulsa da mente pela dinâmica social e econômica
da sociedade é vítima de um processo de reificação. Mais
ainda, trata-se da forma “primordial de reificação”, diz ele,
concluindo com uma citação de Horkheimer e Adorno: “toda
reificação é um esquecimento.”
A dammatio memoriae é freqüente em regimes
totalitários, seja na sua instalação e preservação, seja na sua
desagregação.
Memórias subterrâneas – Michael Pollak;
16. Reificação: (em alemão: Verdinglichung,
literalmente: "transformar uma idéia em uma coisa"
(do latim res: "coisa"; ou Versachlichung,
literalmente "objetificação") é uma operação mental
que consiste em transformar conceitos abstratos em
realidades concretas ou objetos. No marxismo o
conceito designa uma forma particular de alienação,
característica do modo de produção capitalista.
Implica a coisificação das relações sociais, de modo
que a sua natureza é expressa através de relações
entre objetos de troca.
O conceito foi desenvolvido por Lukács.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reifica%C3%A7%C3%A3o_
%28marxismo%29
17. Outra vertente de enorme significação
na pesquisa, e que se vem
desenvolvendo, é a da amnésia na história
dos excluídos, dos escravos, mulheres,
crianças, operários, minorias raciais e
sociais, loucos, oprimidos de todo tipo.
Contudo, não é suficiente apenas dar voz
aos silenciados. É imperioso detectar e
entender as multiformes gradações e
significações do silêncio e do
esquecimento e suas regras e jogos.
18. 5. As estratégias e administração da
memória:
Existe uma grande problemática social
da memória e para resolvê-la é preciso
considerar o sistema, os conteúdos e
incluir os agentes e suas práticas - todos
aqueles que vivenciam e constroem sua
história.
19. A gestão da memória.
“Este quadro apocalíptico precisa ser
matizado e se tem que se considerar, na
fermentação contemporânea da memória,
duas direções bem diversas. A primeira é
conservadora, vale-se da fetichização, quer
pra transformar a memória em mercadoria,
quer para utilizá-la como instrumento de
legitimação potenciada pelo valor “cultural”.
A segunda, ao inverso, é uma resposta,
precisamente, às alienações provocadas pela
expropriação da memória e representa pelo
menos a emergência de uma consciência
política.”
20. Memória/ história
“De todo exposto até aqui evidencia-se como
imprópria qualquer coincidência entre memória e
história. A memória, como construção social, é formação
de imagem necessária para os processos de constituição e
reforço da identidade individual, coletiva e nacional. Não
se confunde com a história, que é forma intelectual de
conhecimento, operação cognitiva. A memória, ao invés,
é operação ideológica, processo psico-social de
representação de si próprio, que reorganiza
simbolicamente o universo das pessoas, das coisas,
imagens e relações, pelas legitimações que produz. A
memória fornece quadros de orientação, de assimilação
do novo, códigos para classificação e para intercâmbio
social. (Braudel e a questão com Levy-Strauss da “viagem
preparada” pelo historiador para que as coerências e
incoerências atuais sejam inteligíveis.)”
21. Entretanto, é possível continuar fixando
balizas claras para evitar, não a conspurcação de
uma hipotética e indefensável pureza, mas a
substituição da história pela memória: a história
não deve ser o duplo cientifico da memória, o
historiador não pode abandonar sua função
crítica, a memória precisa ser tratada como objeto
da história.