2. “Pé Diabético”
• O rastreamento anual do pés de todas as pessoas com
diabetes tem como objetivo identificar aquelas com
maior risco de ulceração e estimular intervenções
profiláticas, incluindo o apoio ao autocuidado,
prescrição de calçados terapêuticos, cuidados
podálicos intensivos e avaliação de intervenções
cirúrgicas.
3. “Pé Diabético”
• O monitoramento de um conjunto de fatores,
que eleva o risco de úlcera e amputação de
extremidades, torna sua prevenção mais custo-
efetiva.
4. Exame do Pé Diabético
• Durante a consulta médica e/ou de
enfermagem, alguns aspectos da história são
essenciais para a identificação dos pacientes
com maior risco para ulceração dos pés, entre
eles: história pregressa de ulceração,
amputação, artropatia de Charcot, cirurgia
vascular e tabagismo.
5. Anamnese
• A pessoa também deverá ser questionada em
relação à presença de sintomas neuropáticos
positivos (dor em queimação ou em agulhada,
sensação de choque) e negativos (dormência,
sensação de pé morto).
• Deve-se pesquisar sintomas vasculares, como
claudicação intermitente, além de
complicações
renais e oftalmológicas.
6. Exame Físico
O segundo passo é o exame físico minucioso
dos pés que, didaticamente, pode ser
dividido em 4 etapas:
1. Avaliação da pele;
2. Avaliação musculoesquelética;
3. Avaliação vascular;
4. Avaliação neurológica.
7. 1. Avaliação da Pele
• A inspeção da pele deve ser ampla, incluindo observação
da higiene dos pés e corte das unhas, pele ressecada
e/ou descamativa, unhas espessadas e/ou onicomicose,
intertrigo micótico, presença de bolhas, ulceração ou
áreas de eritema.
• Diferenças na temperatura de todo o pé ou em parte
dele, em relação ao outro pé, podem indicar doença
vascular ou ulceração.
8. 2. Avaliação musculoesquelética
Inspecionar eventuais deformidades.
• Deformidades rígidas são definidas como contraturas que não são
facilmente reduzidas manualmente e, frequentemente, envolvem os dedos.
• As deformidades mais comuns aumentam as pressões plantares, causam
ruptura da pele e incluem a hiperextensão da articulação
metarsofalangeana com flexão das interfalangeanas (dedo em garra) ou
extensão da interfalangeana distal (dedo em martelo).
Figura 1: Dedo em martelo
Fonte: http://blogamos.com/dedo-de-martelo-
como-evitar
Figura 2: Dedo em garra
Fonte:http://www.espacoenergiaeequilibrio.com.br/2011/05/dedo-em-
martelo.html
9. 2. Avaliação musculoesquelética
• A artropatia de Charcot acomete pessoas com
neuropatia nos pés e se apresenta como
eritema, calor, edema, perda da concavidade da
região plantar, causando uma grosseira
deformidade.
Figuras 3 e 4: Osteoartropatia de Charcot: Perceba no RX o colapso longitudinal do arco médio (seta).
Fonte: http://www.unifesp.br/denf/NIEn/PEDIABETICO/mestradositecopia/pages/charcot.htm
10. 3. Avaliação Vascular
• A ausência ou diminuição importante de pulso
periférico, atrofia da pele e músculos, rarefação dos
pêlos indicam anormalidade vascular.
• A palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores
deve ser registrada como presente ou ausente. O
tempo de enchimento venoso superior a 20
segundos e o índice tornozelo braquial (ITB) por
Doppler <0.9 permitem quantificar
a anormalidade quando os
pulsos estiverem diminuídos.
Fonte figura:
www.snookerclube.com.br/ulceradiabetica.htm
11. 3. Avaliação Vascular
O cálculo do ITB é feito da seguinte forma:
I.T.B Direito ou Esquerdo = PAS TD ou E*/ PAS BD**
*Pressão sistólica(máxima) dos tornozelos direito ou esquerdo
**Pressão sistólica(máxima) do braço
Interpretação: ITB > 0,9 = NORMAL; ITB 0,71 – 0,9= Doença Arterial
Obstrutiva Periférica (DAOP) LEVE; ITB 0,41 – 0,7 =DAOP MODERADA;
ITB <OU = A 0,41 DAOP GRAVE; Valores do I.T.B acima de 1,3 são
também anormais e reproduzem doença aterosclerótica GRAVE, com
calcificação parietal arterial, tornando as artérias não compressíveis a
compressão do manguito do esfigmanômetro.
No caso da indispinibilidade do Doppler, o exame poderá ser executado
utilizando o estetoscópio comum.
Se você tem boa compreenssão do inglês, veja o vídeo indicado abaixo e
entenda como é realizado este exame:
https://www.youtube.com/watch?v=8q4Cz-a6zkQ
12. 4. Avaliação Neurológica
• Tem como principal objetivo identificar a perda da
sensibilidade protetora (PSP), que pode se
estabelecer antes do surgimento de eventuais
sintomas.
Testes neurológicos básicos quantitativos:
• Dolorosa - Com pino, agulha ou palito
• Tátil - Com chumaço de algodão
• Térmica - Com cabo de diapasão 128 Hz
• Vibratória - Com diapasão 128 Hz
• Motora - Com martelo
• Limiar percepção cutânea - Monofilamento 10g
13. Desses, pelos menos três testes devem ser utilizados na consulta para
detecção da PSP. É recomendável que o teste com o monofilamento de
10g seja um dos três métodos utilizados.
A perda da sensação de pressão usando o monofilamento de 10g é
altamente preditiva de ulceração futura. Qualquer área insensível
indica perda da sensibilidade protetora (PSP). Recomenda-se que
quatro regiões sejam pesquisadas:
4. Avaliação Neurológica
ÚÚLLCCEERRAA NNEEUURROOPPÁÁTTIICCAA -- PPÉÉ DDIIAABBEETTIICCOO
Pé Diabético é definido como sendo a presença de i
anormalidades neurológicas e vários graus de doença
do sistema nervoso periférico, ocorrendo perda da
insensíveis ocasionam processos lesivos. Outros fato
alterações tegumentares e ortopédicas. Os pés dia
angiopáticos e mistos.
A neuropatia que afeta as extremidades distais podem
As úlceras estão significativamente associadas à defor
presença de corpo estranho dentro do calçado, resulta
ser imperceptíveis por algum tempo e isso leva à infecç
A neuroartropatia ou Pé de Charcot ou ainda artropati
do pé e tornozelo.
Para diagnosticar a neuropatia diabética dos pés há
terem já comprovada sua eficácia sendo altamente con
Teste de Semmes-Weistein
Fonte da figura:
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complex
os/Ilha_das_Flores/Feridas_MT1_v1.pdf
14. Monofilamento de 10g
• Escolher um ambiente tranquilo e bem iluminado com o mínimo de
interferência externa;
• A pessoa deverá ficar sentada, de frente para o examinador (médico
de família ou enfermeira) com os pés apoiados de forma
confortável. Orientar sobre a avaliação e demonstrar o teste com o
monofilamento para o paciente, utilizando uma área da pele com
sensibilidade normal.
• Solicitar ao paciente que feche os olhos;
• O filamento é aplicado sobre a pele
perpendicularmente produzindo uma
curvatura no fio. Essa curvatura não
deve se encostar à pele do paciente,
para não produzir estímulo extra.
15. • Se o filamento escorregar na pele no momento do toque, não
considerar a resposta e repetir o teste no mesmo ponto;
• Começar o teste com o fio a uma distância de 2cm da área a
ser testada. Tocar a pele com o filamento mantendo sua curva
por 1 segundo. Evitar movimentos bruscos ou muito lentos;
• Solicitar ao paciente que responda “sim” quando sentir o
toque.
• Em caso de dúvida, voltar a cada ponto mais duas vezes para
certificar-se da resposta. No caso de respostas positivas e
negativas em um mesmo ponto, considera-se o teste normal
caso o paciente acerte pelo menos uma das três tentativas;
• Registrar a resposta “S = sim” ou “N = não”, em cada ponto
especificamente.
Monofilamento de 10g
16. Classificação de Risco e Manejo Clínico
Categoria
de Risco
Definição Recomendação Acompanhamento
0 Sem PSP
Sem DAP
Orientações sobre
calçados
apropriados
Estímulo ao
autocuidado.
Anual, com médico ou
enfermeiro da Atenção
Básica.
1 PSP com
ou sem
Deformidade
Considerar o uso de
calçados
adaptados.
Considerar correção
cirúrgica caso
não haja adaptação.
A cada 3 a 6 meses com
médico ou enfermeiro
da
Atenção Básica.
Fonte: Brasil, 2014
17. Classificação de Risco e Manejo Clínico
Categoria
de Risco
Definição Recomendação Acompanhamento
2 DAP com
ou
sem PSP
Considerar o uso de calçados
adaptados.
Considerar necessidade de
encaminhamento ao cirurgião
vascular.
A cada 2 a 3 meses com
médico e/ou enfermeiro
da Atenção Básica. Avaliar
encaminhamento ao
cirurgião
vascular.
3 História de
úlcera ou
amputação
Considerar o uso de calçados
adaptados.
Considerar correção cirúrgica
caso
não haja adaptação.
Se DAP, avaliar a necessidade
de encaminhamento ao
cirurgião vascular.
A cada 1 a 2 meses com
médico e/ou enfermeiro
da
Atenção Básica ou médico
Especialista
Fonte: Brasil, 2014
18. Orientações educacionais básicas para
cuidados dos pés
• Examinar os pés diariamente. Se necessário, pedir ajuda a familiar ou usar
espelho.
• Avisar o médico se tiver calos, rachaduras, alterações de cor ou úlceras.
• Vestir sempre meias limpas, preferencialmente de lã, algodão, sem elástico.
• Calçar sapatos que não apertem, de couro macio ou tecido. Não usar sapatos
sem meias.
• Sapatos novos devem ser usados aos poucos. Usar inicialmente, em casa, por
algumas horas por dia.
• Nunca andar descalço, mesmo em casa.
• Lavar os pés diariamente, com água morna e sabão neutro. Evitar água quente.
Secar bem os pés, especialmente entre os dedos.
• Após lavar os pés, usar um creme hidratante. Não usar entre os dedos.
• Cortar as unhas de forma reta, horizontalmente.
• Não remover calos ou unhas encravadas em casa; procurar equipe de saúde
para orientação.
19. Para aprofundar seus conhecimento
sobre o tema, não deixa de acessar
os textos sugeridos na atividade!
20. Bibliografia
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias
para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes
mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Capítulo 5 -
Avaliação e cuidados com os pés de pessoas com
diabetes mellitus na atenção básica. p. 91-107.
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_
cuidado_pessoa_diabetes_mellitus_cab36.pdf