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Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508


                                    Revista Brasileira de
                                     Geografia Física
    ISSN:1984-2295
                                             Homepage: www.ufpe.br/rbgfe


        Problemática Ambiental dos Rios Urbanos: Vulnerabilidades e Riscos nas
                Margens do Riacho da Prata na Cidade de Lajedo-PE
                                 Julio César Félix da Silva1, Clélio Cristiano dos Santos2
1
  Especialista em Ensino de Geografia; Universidade de Pernambuco – UPE; Campus Garanhuns; E-mail:
juliocesar.felix@hotmail.com
2
  Professor Assistente; Universidade de Pernambuco, Campus Garanhuns;Universidade Estadual de Alagoas, CAMUZP;
E-mail: clegeo2@yahoo.com.br

                                Artigo recebido em 15/09/2012 e aceito em 15/10/2012
RESUMO
A produção do espaço urbano em bacias hidrográficas constitui a problemática ambiental dos rios urbanos, já que os
rios são negados pela expansão da malha urbana na medida em que suas margens são ocupadas arbitrariamente. Trata-
se de um tema de interesse para os pesquisadores que se dedicam ao estudo da urbanização, processo que quase sempre
é marcado por sérios problemas ambientais. Diante desse contexto, a ideia desta pesquisa é analisar a problemática
ambiental urbana decorrente da ocupação irregular das margens do Riacho da Prata, visando identificar sua origem, as
áreas de vulnerabilidade socioambiental e os possíveis riscos ambientais para moradores ribeirinhos da cidade de
Lajedo – PE. Esta pesquisa parte de um viés crítico dialético, através da pesquisa documental, bibliográfica, histórica e
de campo. Ao final da pesquisa constatou-se que o Riacho da Prata foi negado pelo processo de crescimento urbano
alavancado desde a década de 1960, e por isso se encontra sem vegetação ciliar, assoreado e poluído. Enquanto a
população residente em suas margens, isto é, em áreas de risco ambiental, onde desenvolve diversas práticas sócio-
espaciais que degradam o rio, e que ao mesmo tempo podem comprometê-las nos que se refere à saúde: são elas:
criação de animais, crianças brincando nas margens do rio, acúmulo de lixo nas margens e/ou no leito do rio, dentre
outras. Além disso, percebeu-se que as comunidades mais pobres são mais vulneráveis aos riscos ambientais, tanto pela
escassez de infra-estrutura básica, como pela menor capacidade de se proteger contra algum desastre, como uma
inundação.

Palavras - chave: Problemática ambiental, Rios urbanos, Riacho da Prata, Vulnerabilidade, Risco Ambiental.

       Environmental Problems of Urban Rivers: Vulnerabilities and Risks on the
                 Banks of the Silver Creek in the City of Lajedo-PE
ABSTRACT
The production of urban space in watersheds is the environmental issue of urban rivers, as the rivers are denied by the
expansion of the urban fabric in that its banks are occupied arbitrarily. This is a topic of interest to researchers who are
dedicated to the study of urbanization, a process that is often marked by serious environmental problems. In this
context, the idea of this research is to analyze the environmental problems caused by urban irregular occupation of the
shores of Silver Creek, to identify their origin, areas of environmental vulnerability and potential environmental risks to
residents bordering the city of Lajedo - PE. This research starts from a critical dialectical bias through desk research,
literature, and historical field. At the end of the study it was found that the Silver Creek was denied by the process of
urban growth leveraged since the 1960s, so it is no riparian vegetation, silted and polluted. While the resident
population on its banks, that is, in areas of environmental risk, which develops various socio-spatial practices that
degrade the river, and at the same time may compromise them in relation to health: they are: creating animals, children
playing on the banks of the river, accumulation of garbage in the margins and / or in the riverbed, among others.
Moreover, it was noticed that the poorest communities are more vulnerable to environmental risks, both by the lack of
basic infrastructure, such as poorer ability to protect against a disaster, like a flood.

Keywords: Environmental Issues, Urban Rivers, Silver Creek, Vulnerability, Environmental Risk.


    *      E-mail      para     correspondência:
    juliocesar.felix@hotmail.com (Silva, J. C. F.).

Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                          488
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1. Introdução                                                      esta é uma descoberta verdadeiramente
            No findar do século XX, engendrou-                     revolucionária numa sociedade que disso se
se um intenso debate concernente à questão                         esqueceu     ao se colocar o projeto de
ambiental, resultante dos agravos do homem à                       dominação da natureza”.
natureza. A partir de então, o termo meio                                  É por esta ótica de natureza, que o
ambiente torna-se um modismo presente em                           trabalho em questão irá enveredar, enfocando
diversos segmentos sociais, tais como a                            a contradição sociedade/natureza, para tanto
mídia, as artes, os partidos políticos, e                          se adota a concepção de espaço de Milton
também o universo acadêmico, o qual a                              Santos (1988, p.10), “O espaço deve ser
miúde tem-se ocupado em discuti-lo do ponto                        considerado como um conjunto indissociável
de vista teórico e conceitual. Dentre as áreas                     de que participam, de um lado, certo arranjo
do conhecimento que tem se debruçado com                           de objetos geográficos, objetos naturais e
veemência         para      esse   fim,    coloca-se     a         objetos sociais, e, de outro, a vida que os
Geografia. Na verdade, a Geografia desde que                       preenche e os anima, seja a sociedade em
se consolidou como ciência no século XIX,                          movimento”. Sob o viés Miltoniano o espaço
tem como característica marcante o estudo da                       geográfico é produzido através da relação
natureza. No primeiro momento, até meados                          sociedade/natureza, a qual é mediada pela
do século XX, a concepção estava eivada por                        técnica,    que     é      sinônimo   de   trabalho
um profundo naturalismo, que concebia como                         (intelectual e físico). Para Santos (2008, p.20)
natureza somente os elementos físico-naturais                      “A técnica é a grande banalidade e o grande
da Terra, deslocando o homem do meio                               enigma, e é como enigma que ela comanda
natural, negando a natureza humana. Esta                           nossa vida, nos impõe relações, modela nosso
concepção se enraizou no meio social através                       entorno, administra nossas relações com o
do termo meio ambiente, se culturalizou não                        entorno”.
permitindo desprendimento da condição do                                   A partir disso, depreende-se que o
homem como um mero fator.                       Segundo            espaço geográfico é constituído por conjunto
Gonçalves (2010), pensar o meio ambiente,                          indissociável de sistemas de objetos e
seria pensar apenas a metade. Mas, na                              sistemas de ações. Mas o fato do homem
verdade, o homem é parte da natureza,                              trabalhar não implica dizer que ele não seja
diferenciado dos demais seres vivos não pelo                       parte da natureza, pois todos os animais
trabalho, já que outros animais também                             desenvolvem trabalhos específicos, porém o
exercem algum trabalho específico, mas sim                         que vai diferenciá-lo dos demais é a reflexão
pelo pensar, por refletir suas ações. Conforme                     de suas ações para os processos de utilização
Gonçalves (2010, p.9), “O homem é a                                e transformação da natureza. Assim, a ação
natureza que toma consciência de si própria e                      humana (trabalho), é a produção do espaço,


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                     489
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

fenômeno          dinâmico        e      contínuo,     e    a         passam a ser culturais e técnicos ao mesmo
intensidade desse processo progressivo resulta                        tempo. E o terceiro período, o técnico-
das inovações desenvolvidas pelo homem, as                            científico-informacional, a técnica se desloca
quais      moldam          o     entorno      (artificializa,         do homem, o conhecimento humano é
culturaliza e humaniza-o) e sua própria vida                          apropriado para garantir a produção do lucro.
(é naturalizada). As diversas feições decorrem                        É o conhecimento do homem posto a serviço
da manifestação de um sistema de técnicas.                            do capital, o trabalho é regido pelo aporte da
Milton Santos divide a tecnicização humana                            ciência, fomentando a tecnociência, e o motor
(trabalho social) em três momentos: pré-                              de    seu     funcionamento        é    a     técnica
técnico, meio técnico e técnico-científico-                           informacional        (informação)       que      vai
informacional, em cada um destes é marcado                            possibilitar a relatividade do tempo no
por uma organização e reorganização espacial                          processo social, e por isso, simultaneamente
diferente com ritmos distintos no tempo e no                          existe a preocupação com a infra-estrutura de
espaço.                                                               comunicação e transporte nas cidades para
          No pré-técnico o homem utilizava a                          que haja uma facilitação da circulação do
força do seu aparato biológico para modificar                         capital através das redes e para otimização no
a natureza servil, retirava do meio natural                           uso dos territórios.
apenas o indispensável a sua sobrevivência, e
                                                                                    Nesse mundo, a primeira natureza
assim       não       preconizava          transformações                           que conta já não é a natureza natural,
                                                                                    mas sim a natureza já artificializada.
profundas, haja vista que era uma relação                                           A produção depende do artifício,
imediatista, onde o homem buscava abrigo,                                           subordinando-se aos determinismos
                                                                                    do artifício. A produção já não é
alimentação, dentre outras necessidades.                                            definida como trabalho intelectual
                                                                                    sobre a natureza natural, mas como
                                                                                    trabalho intelectual vivo sobre o
                O meio natural era aquela fase da                                   intelectual morto, natureza artificial.
                história na qual o homem escolhia da                                (Santos, 2008, p.41)
                natureza que era fundamental ao
                exercício da vida e valorizava                                Assim, a história das técnicas é a
                diferentemente      essas   condições
                naturais, as quais, sem grande                        história do trabalho social, por conseguinte,
                modificação, constituíam a base
                                                                      dos instrumentos de meios de trabalho
                material de existência do grupo. O
                fim do século XVIII e, sobretudo, o                   utilizados na mecanização do entorno, de sua
                século XIX vêem a mecanização do
                território: o território se mecaniza.                 organização e reorganização, a qual varia no
                (Santos, 2008, p.133)
                                                                      tempo e espaço, haja vista que cada pedaço,
           O segundo momento, meio técnico é                          não    se   constrói       e   metamorfoseia    pela
marcado pela utilização de energias, para                             intervenção de uma única técnica, mas pelo
fazer funcionar máquinas (instrumentos) que                           conjunto      de     técnicas,     resultando     em
facilitara a realização do trabalho, e os objetos                     temporalidades particulares naquele lugar,



Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                          490
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

que refletem na totalidade.                                        espaciais são as múltiplas manifestações de
          Segundo Corrêa (2007, p.55), “A                          grupos humanos sobre o espaço, as quais
organização espacial, ou seja, o conjunto de                       assumem diferenciação no espaço graças à
objetos criados pelo homem e dispostos sobre                       heterogeneidade cultural, religiosa, étnica,
a superfície da Terra, é assim um meio de                          política, econômica da sociedade. Enfim, a
vida no presente (produção), mas também                            sociedade como totalidade, bem como ao seu
uma condição para o futuro (reprodução)”.                          potencial técnico em determinado período
Nesta perspectiva, a organização espacial é a                      histórico e lugar. Desta forma, o espaço
materialização do espaço, são os objetos de                        geográfico         é        fruto     das        diversas
tempos diferentes coexistindo na realidade,                        intencionalidades humanas que se expressam
velhas         (possivelmente            com        outras         no cotidiano, as quais se materializam através
funcionalidades) e novas formas imbrincadas,                       das formas. As espacialidades são condições
é a totalidade em movimento, ligadas por uma                       necessárias para o constante e interminável
estrutura que pode se metamorfosear a cada                         processo      de       organização         do      espaço
novo processo, seja no plano político, social,                     geográfico.
cultural, científico, etc. E um dos pilares                                No que tange, a nossa pesquisa,
centrais dessa organização e reorganização é a                     analisa-se especificamente a cidade, que se
natureza, que vem sendo apropriada pelas                           “apresenta atualmente como o lugar onde a
relações sociais desde os períodos mais                            maior parte da população desenvolve as suas
remotos,       e     também       as    práticas    sócio-         práticas sociais” (Santos, C. 2002, p. 11),
espaciais.                                                         mediadoras da apropriação da cidade em sua
          As       práticas       sócio-espaciais     são          integralidade ou parte de seus múltiplos
importantes em nossa análise, pois são elas                        espaços, como as margens dos rios.
que nos conduzem a compreensão da criação,                                 Neste sentido, a cidade é o lugar onde
manutenção, e transformação das formas e                           reside múltiplas práticas sócio-espaciais, pois
interações espaciais (Corrêa, R. 2012), e ao                       pensar a cidade é refletir sobre 80% da
entendimento            de       como    “[...]    vivem,          população humana, já que tornou-se o
produzem, consomem e lutam”, conforme                              principal     habitat       humano,    o        locus   da
Santos, C. (2002, p. 11) os diferentes grupos                      sociedade, e por isso, é o locus da produção,
humanos no espaço geográfico. Para Loboda                          da divisão econômica e social do trabalho, da
(2009, p.36), “[...] a materialização das                          indústria, é o espaço do capital, conforme
formas nada mais é do que o resultado e/ou                         Carlos (2008), mas a cidade pode ser
produto das práticas socioespaciais num                            analisada por outras faces. Para Souza (2010)
determinado tempo e espaço”.                                       a   cidade     é       um    assentamento         humano
          Assim        sendo,     as    práticas    sócio-         extremamente diversificado do ponto de vista


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                             491
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

econômico, é o centro de gestão do território,                    são      distribuídos        qualitativamente      e
por sediar as empresas, mas que não se pode                       quantitativamente para os que conseguem
restringir ao seu aspecto econômico. Pois ao                      pagar. Assim, a cidade é uma condição
mesmo tempo a cidade é também a sede do                           material de sobrevivência, onde a dignidade e
poder religioso, político e cultural. “O urbano                   o lazer são adquiridos de acordo com o
é mais que um modo de produzir, é também                          potencial econômico do cidadão. Desta forma,
um modo de consumir, pensar, sentir; enfim,                       a cidade é o espaço de todos, isto é, o lugar
é um modo de vida” (Carlos, 2008, p.84).                          dos ricos que lutam por privilégios, e dos
Assim, a cidade não é unicamente um                               pobres que lutam para sobreviverem. Então, a
aglomerado onde se concentra os meios de                          cidade capitalista é um espaço heterogêneo,
produção, o capital e a mão-de-obra. O                            regido pela reciprocidade entre risco e pobres,
urbano está atrelado à forma de vida da                           relação essa que se instala como uma fábrica
sociedade, que quando se modifica provoca                         de perversidades para muitos citadinos, dentre
transformações nos               espaço urbano. Em                estas a segregação sócio-espacial, a qual
síntese, a cidade vai ser a materialização do                     expropria os direitos humanos, tais como o de
urbano, isto é, a forma e o conteúdo urbano. E                    morar corretamente, visto que um dos
o espaço urbano por sua vez, diz respeito às                      problemas engendrados pela segregação é a
formas da cidade. Nesse sentido, o espaço                         apropriação social urbana dos rios.
urbano é o resultado das marcas impressas no                              No que se refere aos rios urbanos, hoje
tempo passado e presente, provenientes de                         a maioria são receptáculos de esgotos,
atividades econômicas, da regulação política,                     depósitos de lixo, são ecossistemas negados
e do mosaico religioso e cultural, os quais são                   pelo crescimento urbano; suas margens são
particulares        nos     grupos    sociais    que    a         ocupadas majoritariamente pelas camadas
constituem.                                                       mais pobres da sociedade, que assistem
          A cidade é, de certa forma, o ápice da                  amedrontadas as dinâmicas naturais do rio,
capacidade técnica de sobrevivência da                            especialmente em dias de chuvas torrenciais,
espécie humana. Mas, ao mesmo tempo é o                           os quais são marcados por enchentes e
lugar da escassez e da necessidade, já que se                     alagamentos,       eventos     catastróficos    que
caracteriza pelo modo de produção capitalista                     promovem danos materiais, a saúde, e até
responsável por um desenvolvimento desigual                       mortes, das pessoas que moram as suas
e combinado, a partir das relações sociais de                     margens.
dominação/subordinação, a qual se concretiza
                                                                                Os      rios   são     aqueles     que,
na paisagem urbana através do afloramento de                                    dialeticamente, modificam e são
                                                                                modificados na sua inter-relação com
contrastes e desigualdades sociais, onde o
                                                                                as cidades. E a partir dessa interação,
solo urbano e a infra-estrutura que o circunda                                  surge algo que é, ao mesmo tempo,



Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                     492
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                natural e cultural, orgânico e                     denominamos uma álea”. Além disso, as
                artificial, sujeito e objeto, algo
                híbrido por que não é mais natural,                conceituações apresentam termos que são
                mas também não se transformou ao                   praticamente sinônimos, são eles: álea e
                ponto de deixar de carregar em si a
                Natureza (Almeida; Carvalho, 2009,                 hazard. Ambos significam acontecimentos
                p. 2).
                                                                   possíveis, porém o termo álea é mais
          Sumariando, os rios urbanos são                          abrangente,        envolve     diversos    processos,
objetos      naturais        humanizados,      ou    seja,         podendo      ser     eles     de    natureza     social,
estruturas vivas negadas pelos processos                           tecnológica, industrial, econômica. Já hazard,
sociais da cidade, e por isso é agente (sujeito),                  é um termo inglês equivalente à álea,
paralelamente é objeto e vítima da sociedade.                      entretanto, serve apenas para definir um
Essa problemática decorre da produção do                           possível acontecimento natural que ocorra na
espaço urbano em bacias hidrográficas,                             interface da relação Homem/natureza.
promovida pela segregação sócio-espacial,                                  Com um olhar mais específico sobre o
pois a terra adequada para habitação é uma                         tipo de risco trabalhado nessa pesquisa, Britto
mercadoria que muitas vezes é inacessível                          e Silva (2006, p.18) definem o risco ambiental
para a demanda não solvável dos citadinos,                         como “[...] a existência de uma maior
que passa a morar as margens dos rios, que                         probabilidade de ocorrência de desastres que
são áreas ambientalmente frágeis, isto é, de                       afetem a integridade física, a saúde ou os
riscos       ambientais.          Mesmo        com       a         vínculos      sociais        da      população      em
probabilidade           de       acontecer     situações           determinadas porções do território”.
adversas, todo ser humano necessita de uma                                 Dentro desse contexto, se insere a
moradia, pois de acordo com Rodrigues                              vulnerabilidade,        que        para   Veyret      e
(2003, p.11): “Historicamente mudam as                             Richemond (2007) decorre da escassez de
características de habitação, no entanto é                         recursos para enfrentar a crise que pode
sempre preciso morar, pois não é possível                          sobrevir, bem como da precariedade de infra-
viver sem ocupar espaço”.                                          estrutura do lugar. Portanto, a vulnerabilidade
          Para Marandola e Hogan (2004), os                        ocorre em função das condições de vida de
geógrafos empregam o termo para uma                                uma população onde a mesma reside, e se
situação de incerteza e insegurança. Estar                         agrava pela escassez de saneamento ambiental
sujeito a um risco é estar suscetível à                            e pela situação da moradia. E por isso pode
ocorrência de um hazard. Este conceito                             ser medida, pois diferencia-se de uma área
converge com a definição de Veyret (2007.                          para outra, em um mesmo evento catastrófico.
p.30), que diz que: “O risco nasce da                                      Nessa perspectiva, se configura as
percepção de um perigo ou de uma ameaça                            questões norteadoras de nossa reflexão nesse
potencial que pode ter origens diversas                            trabalho: quais as áreas de vulnerabilidade


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                         493
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sócio-ambiental e os riscos ambientais a que                        dialético,     considerando                uma    abordagem
estão sujeitos os moradores ribeirinhos do                          histórica,      partindo            da        concepção      de
Riacho da Prata na cidade de Lajedo-PE?                             periodização proposta por Milton Santos,
Quando teve início e como se intensificou                           tendo como referência a análise dos sistemas
essa problemática?                                                  técnicos. Também se desenvolveu uma
    Com o desdobramento dessas questões,                            pesquisa documental e bibliográfica para se
buscamos refletir acerca da produção do                             obter      embasamento              teórico,     e    para    o
espaço urbano em bacias hidrográficas, e a                          desenvolvimento da capacidade de pensar a
partir desse recorte analítico do espaço urbano                     realidade da cidade e a problemática em
empiricizar por meio do uso e ocupação                              questão. Por fim, realizou-se uma pesquisa
irregular das margens do Riacho da Prata, das                       qualitativa na área objeto de estudo, uma
práticas sócio-espaciais dos citadinos que                          observação in loco, para mediar o diálogo
moram nesse ambiente fluvial, para identificar                      entre      teoria       e       empiria,      pensamento      e
as áreas de vulnerabilidade e os riscos                             realidade, onde se fez uma análise das práticas
ambientais. Mas, também nos posicionamos                            sócio-espaciais e do uso e ocupação das
na tentativa de analisar como se deu essa                           margens do rio, entrevistas com moradores
problemática, assim como sua intensificação                         mais antigos da cidade, e também com
ao longo do tempo.                                                  pessoas que moram nas margens do Riacho da
    Para tanto, este trabalho tece inicialmente                     Prata, os quais as inundações tornaram-se
uma argumentação                 teórica e     conceitual           parte do cotidiano. Além disso, se realizou um
concernentes ao tema e as questões que o                            registro      fotográfico              para    apresentar     à
norteiam.           Em           seguida,      discute-se           problemática.
analiticamente as características e os aspectos
locacionais do Riacho da Prata, na cidade de                        2.1 A atual problemática do Riacho da Prata
Lajedo-PE, enfocando a situação atual da                                    O Riacho da Prata (Figura 1) é um rio
problemática em sua trajetória urbana. Por                          intermitente que se situa no município de
fim, faz-se a abordagem histórica que permite                       Lajedo-PE,          o       qual       está   localizado     na
compreender a apropriação social do Riacho                          mesorregião do Agreste de Pernambuco, se
da Prata na constituição do espaço urbano de                        apresentando                a      uma        distância      de
Lajedo.                                                             aproximadamente                  192      Km     da    capital
                                                                    pernambucana, Recife. A nascente do Riacho
2. Material e Métodos                                               da Prata localiza-se no Sítio Prata 2, e
          Para operacionalizar o estudo do                          desemboca no Riacho Doce no espaço urbano
espaço urbano de Lajedo e a problemática do                         de Lajedo. Na cidade, o rio passa nas
Riacho da Prata, utilizou-se um viés crítico                        imediações do Bairro Poço, ulteriormente


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                                   494
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chega a Favela do Açude (localidade) e corta                        desaguar no Riacho Doce nas proximidades
as principais ruas do centro da cidade, em                          da comunidade dos Caldeirões (localidade).
alguns momentos coberto por concreto, até




                           Figura 1. Localização do Riacho da Prata no município de Lajedo.
                                 Fonte: Diagnóstico do Plano Diretor de Lajedo (2002), adaptado.


          No Bairro Poço o Riacho da Prata                          casas (de baixo padrão), que situam-se
passa ao lado de algumas moradias, mas não                          próximo ao Riacho da Prata, ou melhor, em
há riscos de enchentes, já que se encontram                         sua margem direita, algumas inclusive se
distantes do leito do rio. Ulteriormente o rio                      localizam praticamente dentro do rio, a
segue para a Favela do Açude (Figura 2), que                        poucos metros do leito do Riacho da Prata.
é uma ocupação irregular constituída por três                       Como pode se observar na Figura 3.
ruas, onde se encontram cerca de 50 pequenas




Figura 2. Favela do Açude                                        Figura 3. Favela do Açude e o Riacho da Prata
Fonte: Julio César Félix (2012).                                     Fonte: Julio César Félix (2012).



Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                   495
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          A comunidade da Favela do Açude                          não é feita porta a porta, os moradores
situa-se em uma área de vulnerabilidade, pois                      precisam se deslocar para um determinado
é susceptível a ocorrência de enchentes                            local para depositar o lixo. No entanto, nem
periódicas. Além das enchentes, a população                        todos seguem esse roteiro, o que “justifica”
convive em meio ao odor exalado pelas águas                        muito lixo nas imediações (que é queimado
pútridas do rio, aos ratos e insetos, ao solo e a                  pelos moradores) da Favela do Açude e no
água contaminada. Portanto, os riscos não se                       Riacho da Prata. Já o abastecimento de água é
manifestam apenas através das enchentes,                           irregular, ocorre quinzenalmente (às vezes
pois a relação moradores/riacho materializa                        com atraso). E os outros dois segmentos do
alguns riscos, que podem causar danos à                            saneamento básico, que são o esgotamento
saúde      física     e     psicológica    (desconforto            sanitário e a drenagem de águas pluviais ainda
emocional), podendo ocasionar aos indivíduos                       não fazem parte da realidade dessas pessoas.
doenças como diarréia infecciosa, cólera,                          Por esse motivo, os efluentes domésticos são
hepatite, esquistossomose, leptospirose, e                         lançados no rio. E as águas pluviais são
também gerar prejuízos materiais, haja vista                       drenadas para o Riacho da Prata.
que a água invade as moradias, destruindo                                  O Riacho da Prata segue sua trajetória
seus bens. Nesse meio insalubre os moradores                       urbana para o centro da cidade, onde passa
desenvolvem várias práticas sócio-espaciais,                       pelas seguintes ruas, avenidas e praças: Rua
algumas delas degradam o Riacho da Prata,                          Sales Brasil, Av. Presidente Vargas, Rua do
mas vale ressaltar que não é do rio que os                         Socorro (Praça Simpliciano Cardoso), Praça
moradores retiram sustento, haja vista que                         Manoel Ferreira, Av. Agamenon Magalhães e
poucos são os peixes que sobrevivem em                             Av. Major Capitu. Esse é um setor uso
meio à tamanha poluição. É também através                          residencial de poder aquisitivo relativamente
das práticas que os moradores correm o risco                       alto, comercial (supermercados, padarias,
de    contraírem          alguma     doença,     são    as         farmácias, oficinas, dentre outros), e de
seguintes práticas: despejo de lixo no rio e no                    equipamentos          coletivos   (escolas    e
entorno, coletam lixo para reciclar, criação de                    laboratórios). É uma área ocupada por casas
animais e crianças brincando nas margens do                        de médio padrão, de menor vulnerabilidade,
riacho.                                                            pois os risco não se manifestam através do
          Além disso, os moradores da Favela                       contato com a água ou solo contaminado, já
do Açude são muito carentes de infra-                              que o rio se apresenta coberto, para drenar os
estrutura básica, como o saneamento básico,                        efluentes domésticos e depositar lixo. Além
pois só são contemplados com a coleta de                           disso, os riscos ambientais se tornam mais
lixo, e água encanada. Mesmo assim, a coleta                       perceptíveis e perigosos em alguns trechos
de lixo, que é feita duas vezes por semana,                        desse percurso pelo rio se encontrar coberto


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                  496
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por concreto e/ou calçamento (Figura 4), o                           Observe no Mapa 1 a localização desses
que dificulta a drenagem das águas pluviais, e                       trechos do curso do rio e das áreas da cidade
facilita o acúmulo de lixo (Figura 5) e, por                         susceptíveis a enchentes.
conseguinte, a ocorrência de enchentes.




Figura 4. Cobertura no Riacho da Prata                            Figura 5. Lixo jogado no Riacho da Prata
Fonte: Julio César Félix (2011).                                   Fonte: Julio César Félix (2011).

          Os Caldeirões é uma localidade do                          Riacho da Prata ganham “robustez”, podendo
centro da cidade que se constutui por cerca de                       assim provocar mortes, e danos materiais e a
80 moradias localizadas irregularmente as                            saúde     dos    moradores.        Há   também    o
margens do Riacho da Prata e do Riacho                               desconforto psicológico causado pelo odor
Doce.        Algumas             casas   se     encontram            exalado pelos rios, e o medo de ser vítima de
praticamente dentro do rio (Figura 6). Trata-                        uma enchente. De acordo com Silva, J. C. e
se de uma comunidade pobre, muito carente                            Santos, A. (2010, p. 68) “[...] dias chuvosos
de infra-estrutura básica. Além disso, os                            na cidade de Lajedo são dias de insegurança
moradores desenvolvem algumas práticas                               para os citadinos da comunidade ribeirinha
sócio-espaciais que comprometem o rio ou                             dos Caldeirões”. Poucos metros depois dos
que podem prejudicar a saúde dos mesmos,                             Caldeirões o rio desemboca no Riacho Doce,
são elas: despejo de lixo, criação de animais,                       como pode se observar no Mapa 1 e na Figura
crianças brincando nas margens do rio.                               7.
Através dessas práticas sócio-espaciais, os
moradores correm o risco de contrair algumas
doenças em contanto com solo ou água
contaminada, como verminoses, diarréia,
leptospirose, hepatite, dentre outras.
          Além dessas implicações, há também
a probabilidade de acontecer enchentes em
dias de chuvas torrenciais, pois as águas do
                                                                     Figura 6. Caldeirões e o Riacho da Prata
                                                                     Fonte: Julio César Félix (2010).


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                        497
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Mapa 1. Áreas de enchentes na cidade de Lajedo – PE.
Fonte: Arquivo do autor (2010), adaptado.

                                                                 do rio da Prata na cidade de Lajedo, em seu
                                                                 perímetro urbano, fez-se uso da periodização
                                                                 dos sistemas técnicos proposta por Milton
                                                                 Santos, cuja mesma possibilita compreender a
                                                                 forma como diferentes usos da técnica ao
                                                                 longo do tempo explicam as diferentes
                                                                 configurações territoriais dos lugares. Sendo
                                                                 assim, a partir do evento da emancipação
Figura 7. Riacho da Prata e o Riacho Doce
Fonte: Julio César Félix (2010), adaptada.                       política    do     município      de     Lajedo    se
                                                                 estabeleceu      três      períodos    técnicos   que
3. O Processo de Configuração Territorial                        possibilitam      apreender      o     processo    de
da Cidade de Lajedo e a Problemática do                          configuração territorial deste município e
Riacho da Prata                                                  refletir criticamente sobre as origens e o
          No intuito de apreender a problemática                 desenvolvimento da problemática urbana do


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                     498
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rio da Prata.

3.1 Da emancipação política à ampliação das
instalações da rede de energia elétrica
          O primeiro período tem início em
1948, quando da emancipação política do
município e se estende até os anos de 1960.
Quando da emancipação o Riacho da Prata
apresentava suas margens preservadas, água
                                                                    Figura 8. Esquema da Formação do Núcleo
limpa, peixes, tanto que a população citadina                       Urbano de Lajedo
aproveitava         suas         potencialidades      como          Fonte: Diagnóstico do Plano Diretor de Lajedo (2002),
                                                                    adaptada.
recurso hídrico, de pesca e lazer. O mesmo se
encontrava          relativamente          distante     do                  Mais tarde, na década de 1950, o
aglomerado urbano (Figura 8), que na época                          comércio paulatinamente vai ganhando força
não passava de poucas casas, existia apenas                         no núcleo urbano, principalmente armazéns
dois quadros de rua, que formavam o que é                           onde se comercializava cereais, e surge alguns
hoje a Praça Santo Antônio, pois até a década                       equipamentos coletivos, como a energia
de 1950 a população do município, segundo o                         elétrica (apenas no centro da cidade), uma
IBGE não ultrapassava os 2.186, haja vista                          maternidade, o Açougue Público, a Sede do
que a principal atividade econômica era a                           IBGE, o coreto, o prédio dos Correios e
agropecuária,           estando        à    configuração            Telégrafos, a Primeira Prefeitura de Lajedo, a
territorial do município marcada por pequenas                       Rádio     Difusora     “A    voz    do    Agreste”.
e/ou grandes propriedades de terras onde,                           Paralelamente vai surgindo as primeiras casas
sobretudo, se cultivava mandioca, milho,                            no entorno do Riacho da Prata, mas havia
algodão, mamona e o fumo. O modo de vida                            poucas casas nas suas margens. Conforme
das pessoas era marcado fortemente pelos                            Silva, A. (1995, p.25) “Subia-se para o
traços do período técnico, perceptíveis pela                        Socorro por uma ruazinha acidentada de
utilização de técnicas elementares, como por                        poucas casas, cortada por um pequeno
exemplo, a enxada, o lampião, pois não havia                        riacho”. O riacho que Silva A. se refere é o
energia elétrica, as carroças de burro e carros                     Riacho da Prata, suas palavras evidenciam
de boi, dentre outras, o trabalho era braçal, e                     que o mesmo ainda possuía aspectos de rio, já
as atividades predominantemente primárias.                          que hoje muitos são os citadinos que o
Por esses aspectos, neste período o Riacho da                       representam como esgoto, devido a sua
Prata possuía as suas particularidades de rio, e                    degradação evidente. Em outras palavras, a
era representado como tal, pois este era                            cidade de Lajedo não passava de um pequeno
artificializado lentamente.                                         aglomerado, mas já se inicia a apropriação


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                       499
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

social urbana das margens do rio para uso                                Nesse sentido, houve um crescimento
residencial, o que significa o início da                         urbano arbitrário na direção das margens do
problemática.                                                    Riacho da Prata (Figura 10), graças à falta de
          Na década de 1960, intensifica-se o                    um planejamento urbano que leva-se em conta
processo de artificialização do Riacho da                        as particularidades do rio. Assim, intensifica-
Prata, isto é, a negação do ambiente fluvial,                    se a problemática do Riacho da Prata, que
de suas margens que passa a ser o lugar não                      passa a ser negado pelos esgotos e pelo
mais da vegetação ciliar, mas sim do urbano,                     concreto. E ao mesmo tempo surgem os riscos
para uso residencial e comercial. E as suas                      para a população que habita em suas margens.
águas, já não são mais límpidas, pois o rio se                   Segundo um morador da cidade de Lajedo, foi
torna gradativamente receptáculo de esgoto,                      na década de 1960 que ocorreu a primeira
pois      foi      exatamente      neste    momento,             enchente.
especificamente em 1965, que o poder
                                                                           Este riacho que passa na Praça
público, faz algumas benfeitorias na cidade                                Simpliciano Cardoso na década de
que alavancou a expansão do urbano para o                                  sessenta também colocou uma cheia que
                                                                           invadiu o armazém do Sr. Pedro Felipe
Riacho da Prata, pois se construiu obras de                                que negociava na compra de algodão e
                                                                           mamona para a usina de Farelo
infra-estrutura como, bueiras, esgotos e                                   Limoeiro, o qual teve um prejuízo muito
pontes. Segundo Silva, A. P. (2008, p.43),                                 grande. O empresário Otaviano, dono da
                                                                           Fábrica de Limoeiro foi quem deu
“Criou pontes no Riacho da Prata, melhorou a                               cobertura aos prejuízos causados pela
                                                                           cheia.
estrutura do grupo Dom Expedito Lopes,
dando-lhe capacidade para receber um maior
número de alunos”. A Escola Dom Expedito
Lopes foi construída nas margens do Riacho
da Prata. Observe na Figura 9 o prédio da
escola em questão em 1960, e o atual onde
funciona a Escola Pe. Antônio Barbosa, a menos
de cinco metros do rio.
                                                                 Figura 10. O Riacho da Prata e a cidade de
                                                                 Lajedo em 1960.
                                                                 Fonte: Arquivo de Andreildo Batista.

                                                                         Essa realidade técnica se manifesta na
                                                                 cidade de Lajedo se estende até a década de
                                                                 1960, quando ocorre a ampliação da rede de
Figura 9. Antigo Grupo Escolar Dom
                                                                 energia elétrica para os outros bairros da
Expedito Lopes. Atual Escola Pe. Antônio
Barbosa                                                          cidade, e parte do campo. Esse fato possibilita
Fonte: Dias, P. (2011), Lajedo: uma emocionante
conquista de lutas, conquistas e glórias.                        ulteriormente a consolidação de um conjunto


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                 500
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

de objetos técnicos que até então se                             dito anteriormente, nas margens do Riacho da
encontravam isolados, formando um sistema.                       Prata, já haviam moradias e se despejava
E assim, dando início ao período técnico.                        esgotos. Esse processo de degradação do rio,
                                                                 se     intensifica     quando      ocorre       mudanças
3.2 Da ampliação da rede de energia elétrica
                                                                 estruturais no âmbito técnico e político. No
1968 a chegada da internet 2000
                                                                 campo técnico, ocorre à disponibilização da
          O período técnico ou meio técnico é
                                                                 eletricidade para outros setores da cidade,
marcado pela mecanização do planeta, a
                                                                 surgem novos objetos técnicos e sistemas de
natureza passa a sofrer alterações mais
                                                                 engenharia, tais como, televisão, rodovias,
intensas. De acordo com Santos (2008), esse
                                                                 veículos a motor, bancos, posto de gasolina, e
período inicia-se no século XVIII e se estende
                                                                 serviços básicos como água encanada, por
até meados do século XX. No Brasil o
                                                                 exemplo, foi construída a BR-423 e mais
período começa no século XIX e se prolonga
                                                                 tarde       a        PE-170        e      a      PE-180.
até meados do século XX. Esse período
                                                                 Concomitantemente,            no       âmbito    político,
impactou profundas transformações técnicas,
                                                                 Lajedo é marcado por um período de
sobretudo nos processos produtivos em nível
                                                                 transição política, já que até então as
econômico e social, reorganizando assim a
                                                                 lideranças políticas do município não tinha
dinâmica social.
                                                                 oposição, a qual surge e assume no final da
          Em Lajedo, o período técnico teve
                                                                 década a gestão do município.
início em 1968 graças ampliação da rede de
energia elétrica e se estende até o ano 2000.
Quando houve a ampliação da rede de
eletricidade o Riacho da Prata passava por um
processo de artificialização, engendrado pela
retirada de vegetação ciliar e ocupação
irregular de suas margens, pelas pontes
construídas nele e pelo despejo de efluentes
doméstico. Mesmo assim, o Riacho da Prata
ainda era representado pela população como
                                                                 Figura 11. Malha urbana de Lajedo no ano de
rio, pois ainda eram perceptíveis os seus                        1970
                                                                 Fonte: Arquivo do autor.
aspectos físico-naturais, embora a população
já não aproveitasse as suas potencialidades.                              Os novos objetos e estruturas técnicas,
          Na década seguinte, em 1970, a cidade                  e a vontade política da nova administração do
de Lajedo não passava de um pequeno                              município incentivam o crescimento urbano,
aglomerado urbano (Figura 11), mas como                          pois       permitiram         a        aceleração      da



Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                         501
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materialização das formas, e por conseguinte                         logo     houve      um     crescimento      urbano
da produção do espaço urbano. Como pode-se                           desordenado que afetou diretamente o Riacho
observar na Figura 12, a utilização da                               da Prata, além das obras referentes ao
máquina patrol trabalhando para a construção                         esgotamento sanitário, que destinavam os
do Ceala (Centro de Abastecimento de                                 efluentes domésticos no rio. Observe a
Lajedo), é importante destacar que para                              dinâmica da população de Lajedo nesse
construção do prédio do Ceala existia na área                        período na Tabela 1.
um prostíbulo, e nos arredores barracos os
moravam pessoas, que foram deslocadas pelo
poder público para outro lugar, nas margens
do Riacho da Prata, surge aí a Favela do
Açude.



                                                                             A partir do exposto na tabela, percebe-
                                                                     se que na década de 1970 a maior parcela da
                                                                     população lajedense residia no campo, um
                                                                     total de 14.134. Enquanto, na cidade se
                                                                     concentrava apenas 7.344, sua taxa de
                                                                     urbanização não passava de 34,193. No
                                                                     entanto, uma década depois, em 1980, esse
Figura 12. Máquina Patrol iniciando a                                quadro começa a se modificar, a população
construção do Ceala                                                  rural não diminui, pelo contrário tem um
Fonte: Dias, P. (2011), Lajedo: uma emocionante                      aumento         pouco      significativo,      em
conquista de lutas, conquistas e glórias.
                                                                     compensação há um aumento expressivo no
          Essas        metamorfoses           significaram           processo de urbanização, que passa a ser de
muito para a população da cidade de Lajedo,                          43,446, a população urbana quase se iguala a
no entanto essa nova organização sócio-                              população rural. Sendo assim, existe uma
espacial       significa         a   intensificação     das          correlação entre aparecimento de novas
perversidades do processo de apropriação                             estruturas técnicas, as mudanças políticas,
social urbana do Riacho da Prata, isto é, do                         ocorridas na década de 1970 e a dinâmica
seu processo de negação, haja vista que essa                         populacional.
nova realidade promoveu a aceleração da                                      Impulsionado        pelas        mudanças
urbanização, pois a cidade passa a oferecer                          estruturais no Brasil, Lajedo vai aos poucos se
mais serviços, mercadorias e oportunidades,                          (re)organizando, adentrando em outro período



Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                      502
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histórico. E um de seus aspectos iniciais é a                    densificação necessária para o funcionamento
chegada de uma nova atividade econômica, a                       do técnico-científico-informacional, no ano
indústria. “A criação do distrito foi em 1987,                   2000, quando chega à internet a cidade, um
pela Lei Municipal n 718/87, contendo 16                         dos motores do período atual.
lotes, com indústrias predominantemente do
setor moveleiro” (Diagnóstico do Plano                           3.3 Da informatização da cidade a partir de
Diretor de Lajedo. 2002, p.52).                                  2000 até o período atual
          Mas, a indústria só vai ganhar força de                        Esse terceiro período, o técnico-
atuação na economia de Lajedo, por volta da                      científico-informacioanl, iniciou-se após a II
década de 1990, mas vale salientar que neste                     Guerra Mundial, com a difusão do sistema
momento a produção industrial de Lajedo                          capitalista atingindo praticamente a metade
ainda utilizava maquinário cientificamente                       dos países do planeta. Esse período se
moderno. No entanto, é quando a indústria                        caracteriza pelo uso intensivo da ciência e
dos móveis tubulares despontou como fonte                        tecnologia, que estão impregnados tanto nos
de renda e geração de empregos da cidade,                        objetos, e a condição necessária para a
simultaneamente, constatou-se que em 1991,                       emergência       desse     novo   momento     é    a
houve uma inversão na distribuição da                            informação. Para Santos e Silveira (2011)
população na cidade e no campo, pois da                          esse novo contexto só teve início no Brasil em
população total de 29.708, desses 17.993                         1970, graças ao avanço exponencial dos
moravam no espaço urbano, o equivalente a                        transportes e das telecomunicações. Esse
uma taxa de urbanização 60.546 (Tabela 1). A                     avanço nos sistemas de engenharia é, na
cidade passa crescer exponencialmente em                         verdade, um reflexo da política econômica
várias direções, inclusive se apropriando do                     adotada pelo governo federal, isto é, dos
Riacho da Prata, e modificando grande parte                      investimentos em infra-estrututa para otimizar
do uso residencial para comercial, a partir de                   a produção e fluidez desta no território,
então a cidade chega ao atual patamar de                         condições necessárias para a instalação da
ocupação irregular das margens do Riacho da                      ideologia do consumo, e para se alavancar o
Prata, por isso assoreado e poluído, e passa a                   crescimento na economia brasileira. De
ser visto não como rio, mas sim como um                          acordo com Scarlato (2011, p.335), “O
pequeno filete de águas pútridas, como esgoto                    avanço nos transportes, juntamente com as
a céu-aberto cheio de lixo.                                      comunicações, favoreceu assim a dispersão
          A chegada da indústria é um marco                      geográfica das indústrias, sem prejuízo do
histórico para a cidade, pois é o início de um                   poder     de   controle     das   matrizes    sobre
novo momento, entretanto, só adentrar em                         subsidiárias”.     Assim,     paralelamente       ao
outro período, isto é, só vai haver uma                          equipamento técnico do território brasileiro,


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                     503
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ocorre       o      fortalecimento        da   indústria          Lajedo     na década de 1990,              mas   sua
(metalúrgicas e siderúrgicas), e também a                         popularização também se deu por volta do
modernização da agricultura, a mecanização                        ano 2002.
do campo. É na década de 1990, que o                                       Além      disso,    o   período    técnico-
território brasileiro, ganha novas feições no                     científico-informacional colocou o Brasil em
que se refere aos sistemas técnicos, quando                       um novo patamar de urbanização, tanto que,
ocorre a informatização e com a chegada dos                       em 1980, houve um aumento exponencial na
telefones móveis. Esta revolução no campo da                      urbanização brasileira. É quando a população
cibernética interliga os territórios, os lugares                  citadina de todas as regiões brasileiras supera
se tornam globais.                                                a população rural. E no ano 2000, a população
          Como dito, esses dispositivos técnicos                  urbana ultrapassa 80%. Esse percentual de
permitiram         o     dispersão      geográfica     das        80%,     constatado         no   ano    2000,    está
indústrias, fazendo com que em 2000, Lajedo                       correlacionado com a maior densificação de
passasse         por     uma     reforma       em      sua        sistemas de engenharia e de objetos técnicos
configuração             territorial,      graças        à        no território, por exemplo, a construção de
informatização e aos novos objetos técnicos                       rodovias. E a cidade de Lajedo acompanha
no ramo das telecomunicações. A partir de                         esse ritmo de crescimento urbano, seguido da
então, surgem mais bancos na cidade, há um                        artificialização dos objetos naturais, como é o
crescimento comercial relativamente grande,                       caso do Riacho da Prata. Em 1991, a taxa de
mas indústria não comanda a economia                              urbanização de Lajedo alcança o patamar de
lajedense, pois as poucas que se encontram                        60%. E recentemente, em 2010, atinge 70%, o
em Lajedo atualmente são de pequeno e                             equivalente a 26.391 citadinos. Durante esse
médio       porte.          Já   no     que    tange     a        processo      de    urbanização,       ocorreu   um
informatização de Lajedo, esse processo                           crescimento urbano que não considerou o
inicia-se por volta de 1992. Em 1994, surgem                      Riacho da Prata, pois não se criou leis para
às primeiras escolas de informática, e lojas de                   organizar o espaço urbano. Desta forma, o
manutenção em Lajedo, o que favoreceu a                           período-técnico-científico             informacional
popularização da tecnologia. Nessa época                          engendrou uma nova lógica de organização da
devido aos preços, os computadores ainda não                      cidade de Lajedo, e essa remodelagem não
eram acessíveis às pessoas, só às empresas.                       levou em conta o Riacho da Prata, que
Tornaram-se mais acessíveis por volta do ano                      atualmente se encontra, canalizado, coberto e
2000, momento em que chega a internet na                          ocupado pelos citadinos, para uso residencial
cidade por meio das seguintes empresas: IG,                       e comercial, e também em situação crítica no
Oxente.net, e Hotlink. Já no que se refere aos                    que se refere à poluição, já que hoje não passa
telefones móveis, estes também chegam a                           de um receptáculo de esgoto e lixo, e por


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                      504
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

esses aspectos não é representado como rio.
Observe a situação atual do Riacho da Prata
na figura 13. De acordo com Diagnóstico do
Plano Diretor de Lajedo (2002), o espaço
urbano de Lajedo vem sendo construído, ao
longo do tempo, sem legislação para tratar
especificamente do ordenamento do território.
          Sendo assim, o Riacho da Prata teve
suas margens ocupadas arbitrariamente para
uso residencial e comercial, e por isso, hoje o
Riacho da Prata não passa de um receptáculo
de esgotos, o que leva muitos lajedenses a não
considerá-lo como rio. Entretanto, em dias de                    Figura 14. Periodização da Expansão do
chuvas torrenciais o riacho evidencia sua                        espaço de urbano de Lajedo.
vitalidade através do aumento de sua vazão,                      Fonte: Julio César Félix (2012).

causando inundações em alguns logradouros,
                                                                 4. Considerações Finais
a última grande enchente ocorreu em 2004.
                                                                         Constatou-se que as margens do
Essa problemática ambiental urbana, se
                                                                 Riacho da Prata são áreas de vulnerabilidade
engendrou desde a emancipação política de
                                                                 sócio-ambiental, pois os moradores estão
Lajedo, com o crescimento urbano, e esse
                                                                 sujeitos a riscos que se materializam através
quadro foi sendo intensificado ao longo do
                                                                 da possibilidade de acontecer inundações,
processo histórico dos períodos técnicos,
                                                                 e/ou    dos    moradores       contraírem   alguma
atingindo o atual patamar de ocupação
                                                                 doença por estarem localizados em uma área
irregular as margens do Riacho da Prata desde
                                                                 insalubre, onde a água e o solo são
o período técnico, conforme a Figura 14.
                                                                 contaminados. Assim, os riscos podem se
                                                                 manifestar através das práticas sócio-espaciais
                                                                 desenvolvidas pelos moradores as margens do
                                                                 rio, bem como pela ocorrência de enchentes,
                                                                 que podem provocar mortes, danos à saúde
                                                                 física e psicológica, e prejuízos materiais.
                                                                 Ainda no que tange a vulnerabilidade, se
                                                                 constatou que os moradores da Favela do
Figura 13. Desabamento da Praça construída                       Açude e dos Caldeirões são mais vulneráveis
sobre o Riacho da Prata.                                         aos riscos, tanto pela precariedade de infra-
Fonte: Julio César Félix (2012).                                 estrutura     básica,      como     pela    menor


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                  505
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

incapacidade de se proteger de um evento                            eficaz, e também do crescimento desigual da
catastrófico, como uma inundação.                                   cidade, que os segregou espacialmente para
          Essa realidade é o resultado da                           um     lugar     inadequado      para     habitação,
acumulação de tempos, pois a ocupação                               agudizando assim a qualidade de vida desses
irregular das margens do Riacho da Prata data                       citadinos. Assim, para os citadinos que
da emancipação política do município. Neste                         residem nas margens do Riacho da Prata, uma
momento havia poucas moradias próximas ao                           gota d’água que cai do céu significa o pior
rio,     que        tinha        suas    potencialidades            dos pesadelos.
aproveitadas pela população citadina, a qual
era     muito       pequena.        A    partir    daí    a         5. Agradecimentos
problemática            vai       se      intensificando,                     Agradecemos a Universidade de
inicialmente com a construção de esgotos,                           Pernambuco pelo apoio ao desenvolvimento
calçamento e pontes no rio. Em seguida, no                          desta pesquisa.
período técnico, há um acelerado processo de
urbanização, que alavanca um crescimento                            6. Referências
urbano vertiginoso e desordenado, e durante                         Almeida, L. Q.; Carvalho, P. F. A negação
essa dinâmica o Riacho da Prata foi negado,                         dos rios urbanos numa metrópole brasileira,
pois houve um aumento exponencial nas                               XII Encuentro de Geógrafos de América
moradias as suas margens, além de pontes,                           Latina,        2009.         Disponível          em:
bueiras, calçamentos e praças que foram                             http://egal2009.easyplanners.info/area07/7006
construídas sobre o riacho, além de ter se                          _Almeida_Lutiane_Queiroz_de.pdf.            Acesso
tornado a receptáculo esgoto e lixo. E por                          em: 26 de Agosto de 2009.
isso, não é considerado como rio por muito
                                                                    Britto, A. Silva, V. A. (2006). Viver às
lajedenses. No terceiro momento, no período
                                                                    margens dos rios: uma análise da situação dos
técnico-científico-informacional, ocorre um
                                                                    moradores da favela Parque Unidos de Acari.
processo de artificialização do rio, marcado
                                                                    In: COSTA, L. M. S. A. (Org.) Rios e
pelo uso residencial e comercial de suas
                                                                    paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio
margens, e pelo intenso despejo de esgoto e
                                                                    de Janeiro: Viana & Mosley – PROURB.
lixo no seu leito.
          Por fim, pode-se dizer que as pessoas
                                                                    Carlos, Ana Fani. (2008). (Re)Produção do
que moram as margens do Riacho da Prata
                                                                    Espaço      Urbano.        São   Paulo:     Editora
não moram corretamente, já que habitam uma
                                                                    Universitária de São Paulo.
área de risco, e pela carência de infra-
estrutura básica. Esses moradores são o                             Corrêa,      Roberto.       (2007).     Região     e
reflexo da falta de um planejamento urbano                          organização espacial. 8. ed. São Paulo: Ática.


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                       506
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

________________.                (2012).    Espaço:    um           87     f..   Monografia        (Licenciatura           em
conceito chave da Geografia. In: Castro, I. E.                      Geografia)        –    Faculdade        de       Ciências,
Gomes, P. C. Corrêa, R. L. (Orgs.) Geografia:                       Educação      e       Tecnologia   de        Garanhuns,
conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro,                          Universidade de Pernambuco, Garanhuns.
Bertrand Brasil.
                                                                    Santos, Clélio C. dos. (2002). Estudo de
DIAGNÓSTICO DO PLANO DIRETOR DE                                     Práticas Sócio-espaciais a partir de um
LAJEDO.                Consultran            Transportes,           Conjunto Habitacional do BNH: reflexões
Consultoria Ltda, outubro, 2002.                                    acerca de práticas cotidianas atuais no
                                                                    Condomínio Residencial Ignêz Andreazza -
Dias, P. H. (2011). Lajedo: uma emocionante                         (CRIAZZA) em Recife - PE. 138 f.
história de lutas, conquistas e glórias. Lajedo.                    Dissertação       (Mestrado        em        Geografia),
                                                                    Universidade Federal de Pernambuco, Recife-
Gonçalves,         Carlos        Walter.    (2010).     Os
                                                                    PE.
(des)caminhos do meio ambiente. 14. ed. São
Paulo. Contexto.                                                    Santos, Milton. (1988). Metamorfoses do
                                                                    espaço habitado: fundamentos teórico e
Loboda, C. R. (2009). Espaço público e                              metodológicos da geografia. Hucitec. São
práticas      socioespaciais:         uma     articulação           Paulo.
necessária para análise dos diferentes usos da
cidade. Caderno Prudentino de Geografia, v.1,                       _______________. (2008). Técnica, Espaço,
n. 31, p. 32-54.                                                    Tempo:       Globalização     e    Meio          Técnico-
                                                                    científico Informacional. 5. ed. São Paulo:
Marandola Jr., E.; Hogan, D.J. (jul./dez.,                          Edusp.
2004). Natural hazards: o estudo geográfico
                                                                    _______________. (2009). A Urbanização
dos riscos e perigos. In: Ambiente &
                                                                    Brasileira. 5. ed. São Paulo. Edusp.
Sociedade. Campinas, v. 7, n.2, p. 95-109.

                                                                    Santos, Milton; Silveira, Maria Laura. (2011).
Rodrigues, Arlete M. (2003). Moradia nas
                                                                    O Brasil: território e sociedade no início do
cidades brasileiras. 10. ed. São Paulo:
                                                                    século XXI. 15. ed. Rio de Janeiro: Record.
Contexto.

                                                                    Scarlato,     Francisco.     (2011).         O     espaço
Santos, Anderson. Silva, Julio César. (2010).
                                                                    industrial brasileiro. In: ROSS, Jurandir
Problemática ambiental dos rios urbanos: a
                                                                    (org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo:
ocupação irregular das margens do Riacho
                                                                    Edusp.
Doce e suas implicações na qualidade de vida
da população da cidade, Lajedo – PE. (2010).                        Silva, Ana Paula. (2008). Lajedo (PE): de


Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                             507
Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508

distrito a cidade – uma narrativa sobre os 60                     Veyret, Y. (2007). Introdução. In: Veyret,
anos de sua vida política. Olinda, Livro                          Yvette (Org.). Os riscos: o homem como
Rápido.                                                           agressor e vítima do meio ambiente. São
                                                                  Paulo: Contexto.
Silva,     Antônio.        (1995).   Lembranças       da
primavera: memórias. Lajedo: Ed. Do autor.                        Veyret, Y.; Richemond, N. (2007). Definições
                                                                  e vulnerabilidades de risco. In: Veyret, Yvette
Souza,       Marcelo         L.   (2011).    ABC      do          (Org.). Os riscos: o homem como agressor e
desenvolvimento urbano. 6. ed. Rio de                             vítima    do    meio       ambiente.   São   Paulo:
Janeiro: Bertrand Brasil.                                         Contexto.




Silva, J. C. F.; Santos, C. C.                                                                                    508

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Rios Urbanos 2012

  • 1. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 Revista Brasileira de Geografia Física ISSN:1984-2295 Homepage: www.ufpe.br/rbgfe Problemática Ambiental dos Rios Urbanos: Vulnerabilidades e Riscos nas Margens do Riacho da Prata na Cidade de Lajedo-PE Julio César Félix da Silva1, Clélio Cristiano dos Santos2 1 Especialista em Ensino de Geografia; Universidade de Pernambuco – UPE; Campus Garanhuns; E-mail: juliocesar.felix@hotmail.com 2 Professor Assistente; Universidade de Pernambuco, Campus Garanhuns;Universidade Estadual de Alagoas, CAMUZP; E-mail: clegeo2@yahoo.com.br Artigo recebido em 15/09/2012 e aceito em 15/10/2012 RESUMO A produção do espaço urbano em bacias hidrográficas constitui a problemática ambiental dos rios urbanos, já que os rios são negados pela expansão da malha urbana na medida em que suas margens são ocupadas arbitrariamente. Trata- se de um tema de interesse para os pesquisadores que se dedicam ao estudo da urbanização, processo que quase sempre é marcado por sérios problemas ambientais. Diante desse contexto, a ideia desta pesquisa é analisar a problemática ambiental urbana decorrente da ocupação irregular das margens do Riacho da Prata, visando identificar sua origem, as áreas de vulnerabilidade socioambiental e os possíveis riscos ambientais para moradores ribeirinhos da cidade de Lajedo – PE. Esta pesquisa parte de um viés crítico dialético, através da pesquisa documental, bibliográfica, histórica e de campo. Ao final da pesquisa constatou-se que o Riacho da Prata foi negado pelo processo de crescimento urbano alavancado desde a década de 1960, e por isso se encontra sem vegetação ciliar, assoreado e poluído. Enquanto a população residente em suas margens, isto é, em áreas de risco ambiental, onde desenvolve diversas práticas sócio- espaciais que degradam o rio, e que ao mesmo tempo podem comprometê-las nos que se refere à saúde: são elas: criação de animais, crianças brincando nas margens do rio, acúmulo de lixo nas margens e/ou no leito do rio, dentre outras. Além disso, percebeu-se que as comunidades mais pobres são mais vulneráveis aos riscos ambientais, tanto pela escassez de infra-estrutura básica, como pela menor capacidade de se proteger contra algum desastre, como uma inundação. Palavras - chave: Problemática ambiental, Rios urbanos, Riacho da Prata, Vulnerabilidade, Risco Ambiental. Environmental Problems of Urban Rivers: Vulnerabilities and Risks on the Banks of the Silver Creek in the City of Lajedo-PE ABSTRACT The production of urban space in watersheds is the environmental issue of urban rivers, as the rivers are denied by the expansion of the urban fabric in that its banks are occupied arbitrarily. This is a topic of interest to researchers who are dedicated to the study of urbanization, a process that is often marked by serious environmental problems. In this context, the idea of this research is to analyze the environmental problems caused by urban irregular occupation of the shores of Silver Creek, to identify their origin, areas of environmental vulnerability and potential environmental risks to residents bordering the city of Lajedo - PE. This research starts from a critical dialectical bias through desk research, literature, and historical field. At the end of the study it was found that the Silver Creek was denied by the process of urban growth leveraged since the 1960s, so it is no riparian vegetation, silted and polluted. While the resident population on its banks, that is, in areas of environmental risk, which develops various socio-spatial practices that degrade the river, and at the same time may compromise them in relation to health: they are: creating animals, children playing on the banks of the river, accumulation of garbage in the margins and / or in the riverbed, among others. Moreover, it was noticed that the poorest communities are more vulnerable to environmental risks, both by the lack of basic infrastructure, such as poorer ability to protect against a disaster, like a flood. Keywords: Environmental Issues, Urban Rivers, Silver Creek, Vulnerability, Environmental Risk. * E-mail para correspondência: juliocesar.felix@hotmail.com (Silva, J. C. F.). Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 488
  • 2. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 1. Introdução esta é uma descoberta verdadeiramente No findar do século XX, engendrou- revolucionária numa sociedade que disso se se um intenso debate concernente à questão esqueceu ao se colocar o projeto de ambiental, resultante dos agravos do homem à dominação da natureza”. natureza. A partir de então, o termo meio É por esta ótica de natureza, que o ambiente torna-se um modismo presente em trabalho em questão irá enveredar, enfocando diversos segmentos sociais, tais como a a contradição sociedade/natureza, para tanto mídia, as artes, os partidos políticos, e se adota a concepção de espaço de Milton também o universo acadêmico, o qual a Santos (1988, p.10), “O espaço deve ser miúde tem-se ocupado em discuti-lo do ponto considerado como um conjunto indissociável de vista teórico e conceitual. Dentre as áreas de que participam, de um lado, certo arranjo do conhecimento que tem se debruçado com de objetos geográficos, objetos naturais e veemência para esse fim, coloca-se a objetos sociais, e, de outro, a vida que os Geografia. Na verdade, a Geografia desde que preenche e os anima, seja a sociedade em se consolidou como ciência no século XIX, movimento”. Sob o viés Miltoniano o espaço tem como característica marcante o estudo da geográfico é produzido através da relação natureza. No primeiro momento, até meados sociedade/natureza, a qual é mediada pela do século XX, a concepção estava eivada por técnica, que é sinônimo de trabalho um profundo naturalismo, que concebia como (intelectual e físico). Para Santos (2008, p.20) natureza somente os elementos físico-naturais “A técnica é a grande banalidade e o grande da Terra, deslocando o homem do meio enigma, e é como enigma que ela comanda natural, negando a natureza humana. Esta nossa vida, nos impõe relações, modela nosso concepção se enraizou no meio social através entorno, administra nossas relações com o do termo meio ambiente, se culturalizou não entorno”. permitindo desprendimento da condição do A partir disso, depreende-se que o homem como um mero fator. Segundo espaço geográfico é constituído por conjunto Gonçalves (2010), pensar o meio ambiente, indissociável de sistemas de objetos e seria pensar apenas a metade. Mas, na sistemas de ações. Mas o fato do homem verdade, o homem é parte da natureza, trabalhar não implica dizer que ele não seja diferenciado dos demais seres vivos não pelo parte da natureza, pois todos os animais trabalho, já que outros animais também desenvolvem trabalhos específicos, porém o exercem algum trabalho específico, mas sim que vai diferenciá-lo dos demais é a reflexão pelo pensar, por refletir suas ações. Conforme de suas ações para os processos de utilização Gonçalves (2010, p.9), “O homem é a e transformação da natureza. Assim, a ação natureza que toma consciência de si própria e humana (trabalho), é a produção do espaço, Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 489
  • 3. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 fenômeno dinâmico e contínuo, e a passam a ser culturais e técnicos ao mesmo intensidade desse processo progressivo resulta tempo. E o terceiro período, o técnico- das inovações desenvolvidas pelo homem, as científico-informacional, a técnica se desloca quais moldam o entorno (artificializa, do homem, o conhecimento humano é culturaliza e humaniza-o) e sua própria vida apropriado para garantir a produção do lucro. (é naturalizada). As diversas feições decorrem É o conhecimento do homem posto a serviço da manifestação de um sistema de técnicas. do capital, o trabalho é regido pelo aporte da Milton Santos divide a tecnicização humana ciência, fomentando a tecnociência, e o motor (trabalho social) em três momentos: pré- de seu funcionamento é a técnica técnico, meio técnico e técnico-científico- informacional (informação) que vai informacional, em cada um destes é marcado possibilitar a relatividade do tempo no por uma organização e reorganização espacial processo social, e por isso, simultaneamente diferente com ritmos distintos no tempo e no existe a preocupação com a infra-estrutura de espaço. comunicação e transporte nas cidades para No pré-técnico o homem utilizava a que haja uma facilitação da circulação do força do seu aparato biológico para modificar capital através das redes e para otimização no a natureza servil, retirava do meio natural uso dos territórios. apenas o indispensável a sua sobrevivência, e Nesse mundo, a primeira natureza assim não preconizava transformações que conta já não é a natureza natural, mas sim a natureza já artificializada. profundas, haja vista que era uma relação A produção depende do artifício, imediatista, onde o homem buscava abrigo, subordinando-se aos determinismos do artifício. A produção já não é alimentação, dentre outras necessidades. definida como trabalho intelectual sobre a natureza natural, mas como trabalho intelectual vivo sobre o O meio natural era aquela fase da intelectual morto, natureza artificial. história na qual o homem escolhia da (Santos, 2008, p.41) natureza que era fundamental ao exercício da vida e valorizava Assim, a história das técnicas é a diferentemente essas condições naturais, as quais, sem grande história do trabalho social, por conseguinte, modificação, constituíam a base dos instrumentos de meios de trabalho material de existência do grupo. O fim do século XVIII e, sobretudo, o utilizados na mecanização do entorno, de sua século XIX vêem a mecanização do território: o território se mecaniza. organização e reorganização, a qual varia no (Santos, 2008, p.133) tempo e espaço, haja vista que cada pedaço, O segundo momento, meio técnico é não se constrói e metamorfoseia pela marcado pela utilização de energias, para intervenção de uma única técnica, mas pelo fazer funcionar máquinas (instrumentos) que conjunto de técnicas, resultando em facilitara a realização do trabalho, e os objetos temporalidades particulares naquele lugar, Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 490
  • 4. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 que refletem na totalidade. espaciais são as múltiplas manifestações de Segundo Corrêa (2007, p.55), “A grupos humanos sobre o espaço, as quais organização espacial, ou seja, o conjunto de assumem diferenciação no espaço graças à objetos criados pelo homem e dispostos sobre heterogeneidade cultural, religiosa, étnica, a superfície da Terra, é assim um meio de política, econômica da sociedade. Enfim, a vida no presente (produção), mas também sociedade como totalidade, bem como ao seu uma condição para o futuro (reprodução)”. potencial técnico em determinado período Nesta perspectiva, a organização espacial é a histórico e lugar. Desta forma, o espaço materialização do espaço, são os objetos de geográfico é fruto das diversas tempos diferentes coexistindo na realidade, intencionalidades humanas que se expressam velhas (possivelmente com outras no cotidiano, as quais se materializam através funcionalidades) e novas formas imbrincadas, das formas. As espacialidades são condições é a totalidade em movimento, ligadas por uma necessárias para o constante e interminável estrutura que pode se metamorfosear a cada processo de organização do espaço novo processo, seja no plano político, social, geográfico. cultural, científico, etc. E um dos pilares No que tange, a nossa pesquisa, centrais dessa organização e reorganização é a analisa-se especificamente a cidade, que se natureza, que vem sendo apropriada pelas “apresenta atualmente como o lugar onde a relações sociais desde os períodos mais maior parte da população desenvolve as suas remotos, e também as práticas sócio- práticas sociais” (Santos, C. 2002, p. 11), espaciais. mediadoras da apropriação da cidade em sua As práticas sócio-espaciais são integralidade ou parte de seus múltiplos importantes em nossa análise, pois são elas espaços, como as margens dos rios. que nos conduzem a compreensão da criação, Neste sentido, a cidade é o lugar onde manutenção, e transformação das formas e reside múltiplas práticas sócio-espaciais, pois interações espaciais (Corrêa, R. 2012), e ao pensar a cidade é refletir sobre 80% da entendimento de como “[...] vivem, população humana, já que tornou-se o produzem, consomem e lutam”, conforme principal habitat humano, o locus da Santos, C. (2002, p. 11) os diferentes grupos sociedade, e por isso, é o locus da produção, humanos no espaço geográfico. Para Loboda da divisão econômica e social do trabalho, da (2009, p.36), “[...] a materialização das indústria, é o espaço do capital, conforme formas nada mais é do que o resultado e/ou Carlos (2008), mas a cidade pode ser produto das práticas socioespaciais num analisada por outras faces. Para Souza (2010) determinado tempo e espaço”. a cidade é um assentamento humano Assim sendo, as práticas sócio- extremamente diversificado do ponto de vista Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 491
  • 5. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 econômico, é o centro de gestão do território, são distribuídos qualitativamente e por sediar as empresas, mas que não se pode quantitativamente para os que conseguem restringir ao seu aspecto econômico. Pois ao pagar. Assim, a cidade é uma condição mesmo tempo a cidade é também a sede do material de sobrevivência, onde a dignidade e poder religioso, político e cultural. “O urbano o lazer são adquiridos de acordo com o é mais que um modo de produzir, é também potencial econômico do cidadão. Desta forma, um modo de consumir, pensar, sentir; enfim, a cidade é o espaço de todos, isto é, o lugar é um modo de vida” (Carlos, 2008, p.84). dos ricos que lutam por privilégios, e dos Assim, a cidade não é unicamente um pobres que lutam para sobreviverem. Então, a aglomerado onde se concentra os meios de cidade capitalista é um espaço heterogêneo, produção, o capital e a mão-de-obra. O regido pela reciprocidade entre risco e pobres, urbano está atrelado à forma de vida da relação essa que se instala como uma fábrica sociedade, que quando se modifica provoca de perversidades para muitos citadinos, dentre transformações nos espaço urbano. Em estas a segregação sócio-espacial, a qual síntese, a cidade vai ser a materialização do expropria os direitos humanos, tais como o de urbano, isto é, a forma e o conteúdo urbano. E morar corretamente, visto que um dos o espaço urbano por sua vez, diz respeito às problemas engendrados pela segregação é a formas da cidade. Nesse sentido, o espaço apropriação social urbana dos rios. urbano é o resultado das marcas impressas no No que se refere aos rios urbanos, hoje tempo passado e presente, provenientes de a maioria são receptáculos de esgotos, atividades econômicas, da regulação política, depósitos de lixo, são ecossistemas negados e do mosaico religioso e cultural, os quais são pelo crescimento urbano; suas margens são particulares nos grupos sociais que a ocupadas majoritariamente pelas camadas constituem. mais pobres da sociedade, que assistem A cidade é, de certa forma, o ápice da amedrontadas as dinâmicas naturais do rio, capacidade técnica de sobrevivência da especialmente em dias de chuvas torrenciais, espécie humana. Mas, ao mesmo tempo é o os quais são marcados por enchentes e lugar da escassez e da necessidade, já que se alagamentos, eventos catastróficos que caracteriza pelo modo de produção capitalista promovem danos materiais, a saúde, e até responsável por um desenvolvimento desigual mortes, das pessoas que moram as suas e combinado, a partir das relações sociais de margens. dominação/subordinação, a qual se concretiza Os rios são aqueles que, na paisagem urbana através do afloramento de dialeticamente, modificam e são modificados na sua inter-relação com contrastes e desigualdades sociais, onde o as cidades. E a partir dessa interação, solo urbano e a infra-estrutura que o circunda surge algo que é, ao mesmo tempo, Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 492
  • 6. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 natural e cultural, orgânico e denominamos uma álea”. Além disso, as artificial, sujeito e objeto, algo híbrido por que não é mais natural, conceituações apresentam termos que são mas também não se transformou ao praticamente sinônimos, são eles: álea e ponto de deixar de carregar em si a Natureza (Almeida; Carvalho, 2009, hazard. Ambos significam acontecimentos p. 2). possíveis, porém o termo álea é mais Sumariando, os rios urbanos são abrangente, envolve diversos processos, objetos naturais humanizados, ou seja, podendo ser eles de natureza social, estruturas vivas negadas pelos processos tecnológica, industrial, econômica. Já hazard, sociais da cidade, e por isso é agente (sujeito), é um termo inglês equivalente à álea, paralelamente é objeto e vítima da sociedade. entretanto, serve apenas para definir um Essa problemática decorre da produção do possível acontecimento natural que ocorra na espaço urbano em bacias hidrográficas, interface da relação Homem/natureza. promovida pela segregação sócio-espacial, Com um olhar mais específico sobre o pois a terra adequada para habitação é uma tipo de risco trabalhado nessa pesquisa, Britto mercadoria que muitas vezes é inacessível e Silva (2006, p.18) definem o risco ambiental para a demanda não solvável dos citadinos, como “[...] a existência de uma maior que passa a morar as margens dos rios, que probabilidade de ocorrência de desastres que são áreas ambientalmente frágeis, isto é, de afetem a integridade física, a saúde ou os riscos ambientais. Mesmo com a vínculos sociais da população em probabilidade de acontecer situações determinadas porções do território”. adversas, todo ser humano necessita de uma Dentro desse contexto, se insere a moradia, pois de acordo com Rodrigues vulnerabilidade, que para Veyret e (2003, p.11): “Historicamente mudam as Richemond (2007) decorre da escassez de características de habitação, no entanto é recursos para enfrentar a crise que pode sempre preciso morar, pois não é possível sobrevir, bem como da precariedade de infra- viver sem ocupar espaço”. estrutura do lugar. Portanto, a vulnerabilidade Para Marandola e Hogan (2004), os ocorre em função das condições de vida de geógrafos empregam o termo para uma uma população onde a mesma reside, e se situação de incerteza e insegurança. Estar agrava pela escassez de saneamento ambiental sujeito a um risco é estar suscetível à e pela situação da moradia. E por isso pode ocorrência de um hazard. Este conceito ser medida, pois diferencia-se de uma área converge com a definição de Veyret (2007. para outra, em um mesmo evento catastrófico. p.30), que diz que: “O risco nasce da Nessa perspectiva, se configura as percepção de um perigo ou de uma ameaça questões norteadoras de nossa reflexão nesse potencial que pode ter origens diversas trabalho: quais as áreas de vulnerabilidade Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 493
  • 7. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 sócio-ambiental e os riscos ambientais a que dialético, considerando uma abordagem estão sujeitos os moradores ribeirinhos do histórica, partindo da concepção de Riacho da Prata na cidade de Lajedo-PE? periodização proposta por Milton Santos, Quando teve início e como se intensificou tendo como referência a análise dos sistemas essa problemática? técnicos. Também se desenvolveu uma Com o desdobramento dessas questões, pesquisa documental e bibliográfica para se buscamos refletir acerca da produção do obter embasamento teórico, e para o espaço urbano em bacias hidrográficas, e a desenvolvimento da capacidade de pensar a partir desse recorte analítico do espaço urbano realidade da cidade e a problemática em empiricizar por meio do uso e ocupação questão. Por fim, realizou-se uma pesquisa irregular das margens do Riacho da Prata, das qualitativa na área objeto de estudo, uma práticas sócio-espaciais dos citadinos que observação in loco, para mediar o diálogo moram nesse ambiente fluvial, para identificar entre teoria e empiria, pensamento e as áreas de vulnerabilidade e os riscos realidade, onde se fez uma análise das práticas ambientais. Mas, também nos posicionamos sócio-espaciais e do uso e ocupação das na tentativa de analisar como se deu essa margens do rio, entrevistas com moradores problemática, assim como sua intensificação mais antigos da cidade, e também com ao longo do tempo. pessoas que moram nas margens do Riacho da Para tanto, este trabalho tece inicialmente Prata, os quais as inundações tornaram-se uma argumentação teórica e conceitual parte do cotidiano. Além disso, se realizou um concernentes ao tema e as questões que o registro fotográfico para apresentar à norteiam. Em seguida, discute-se problemática. analiticamente as características e os aspectos locacionais do Riacho da Prata, na cidade de 2.1 A atual problemática do Riacho da Prata Lajedo-PE, enfocando a situação atual da O Riacho da Prata (Figura 1) é um rio problemática em sua trajetória urbana. Por intermitente que se situa no município de fim, faz-se a abordagem histórica que permite Lajedo-PE, o qual está localizado na compreender a apropriação social do Riacho mesorregião do Agreste de Pernambuco, se da Prata na constituição do espaço urbano de apresentando a uma distância de Lajedo. aproximadamente 192 Km da capital pernambucana, Recife. A nascente do Riacho 2. Material e Métodos da Prata localiza-se no Sítio Prata 2, e Para operacionalizar o estudo do desemboca no Riacho Doce no espaço urbano espaço urbano de Lajedo e a problemática do de Lajedo. Na cidade, o rio passa nas Riacho da Prata, utilizou-se um viés crítico imediações do Bairro Poço, ulteriormente Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 494
  • 8. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 chega a Favela do Açude (localidade) e corta desaguar no Riacho Doce nas proximidades as principais ruas do centro da cidade, em da comunidade dos Caldeirões (localidade). alguns momentos coberto por concreto, até Figura 1. Localização do Riacho da Prata no município de Lajedo. Fonte: Diagnóstico do Plano Diretor de Lajedo (2002), adaptado. No Bairro Poço o Riacho da Prata casas (de baixo padrão), que situam-se passa ao lado de algumas moradias, mas não próximo ao Riacho da Prata, ou melhor, em há riscos de enchentes, já que se encontram sua margem direita, algumas inclusive se distantes do leito do rio. Ulteriormente o rio localizam praticamente dentro do rio, a segue para a Favela do Açude (Figura 2), que poucos metros do leito do Riacho da Prata. é uma ocupação irregular constituída por três Como pode se observar na Figura 3. ruas, onde se encontram cerca de 50 pequenas Figura 2. Favela do Açude Figura 3. Favela do Açude e o Riacho da Prata Fonte: Julio César Félix (2012). Fonte: Julio César Félix (2012). Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 495
  • 9. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 A comunidade da Favela do Açude não é feita porta a porta, os moradores situa-se em uma área de vulnerabilidade, pois precisam se deslocar para um determinado é susceptível a ocorrência de enchentes local para depositar o lixo. No entanto, nem periódicas. Além das enchentes, a população todos seguem esse roteiro, o que “justifica” convive em meio ao odor exalado pelas águas muito lixo nas imediações (que é queimado pútridas do rio, aos ratos e insetos, ao solo e a pelos moradores) da Favela do Açude e no água contaminada. Portanto, os riscos não se Riacho da Prata. Já o abastecimento de água é manifestam apenas através das enchentes, irregular, ocorre quinzenalmente (às vezes pois a relação moradores/riacho materializa com atraso). E os outros dois segmentos do alguns riscos, que podem causar danos à saneamento básico, que são o esgotamento saúde física e psicológica (desconforto sanitário e a drenagem de águas pluviais ainda emocional), podendo ocasionar aos indivíduos não fazem parte da realidade dessas pessoas. doenças como diarréia infecciosa, cólera, Por esse motivo, os efluentes domésticos são hepatite, esquistossomose, leptospirose, e lançados no rio. E as águas pluviais são também gerar prejuízos materiais, haja vista drenadas para o Riacho da Prata. que a água invade as moradias, destruindo O Riacho da Prata segue sua trajetória seus bens. Nesse meio insalubre os moradores urbana para o centro da cidade, onde passa desenvolvem várias práticas sócio-espaciais, pelas seguintes ruas, avenidas e praças: Rua algumas delas degradam o Riacho da Prata, Sales Brasil, Av. Presidente Vargas, Rua do mas vale ressaltar que não é do rio que os Socorro (Praça Simpliciano Cardoso), Praça moradores retiram sustento, haja vista que Manoel Ferreira, Av. Agamenon Magalhães e poucos são os peixes que sobrevivem em Av. Major Capitu. Esse é um setor uso meio à tamanha poluição. É também através residencial de poder aquisitivo relativamente das práticas que os moradores correm o risco alto, comercial (supermercados, padarias, de contraírem alguma doença, são as farmácias, oficinas, dentre outros), e de seguintes práticas: despejo de lixo no rio e no equipamentos coletivos (escolas e entorno, coletam lixo para reciclar, criação de laboratórios). É uma área ocupada por casas animais e crianças brincando nas margens do de médio padrão, de menor vulnerabilidade, riacho. pois os risco não se manifestam através do Além disso, os moradores da Favela contato com a água ou solo contaminado, já do Açude são muito carentes de infra- que o rio se apresenta coberto, para drenar os estrutura básica, como o saneamento básico, efluentes domésticos e depositar lixo. Além pois só são contemplados com a coleta de disso, os riscos ambientais se tornam mais lixo, e água encanada. Mesmo assim, a coleta perceptíveis e perigosos em alguns trechos de lixo, que é feita duas vezes por semana, desse percurso pelo rio se encontrar coberto Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 496
  • 10. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 por concreto e/ou calçamento (Figura 4), o Observe no Mapa 1 a localização desses que dificulta a drenagem das águas pluviais, e trechos do curso do rio e das áreas da cidade facilita o acúmulo de lixo (Figura 5) e, por susceptíveis a enchentes. conseguinte, a ocorrência de enchentes. Figura 4. Cobertura no Riacho da Prata Figura 5. Lixo jogado no Riacho da Prata Fonte: Julio César Félix (2011). Fonte: Julio César Félix (2011). Os Caldeirões é uma localidade do Riacho da Prata ganham “robustez”, podendo centro da cidade que se constutui por cerca de assim provocar mortes, e danos materiais e a 80 moradias localizadas irregularmente as saúde dos moradores. Há também o margens do Riacho da Prata e do Riacho desconforto psicológico causado pelo odor Doce. Algumas casas se encontram exalado pelos rios, e o medo de ser vítima de praticamente dentro do rio (Figura 6). Trata- uma enchente. De acordo com Silva, J. C. e se de uma comunidade pobre, muito carente Santos, A. (2010, p. 68) “[...] dias chuvosos de infra-estrutura básica. Além disso, os na cidade de Lajedo são dias de insegurança moradores desenvolvem algumas práticas para os citadinos da comunidade ribeirinha sócio-espaciais que comprometem o rio ou dos Caldeirões”. Poucos metros depois dos que podem prejudicar a saúde dos mesmos, Caldeirões o rio desemboca no Riacho Doce, são elas: despejo de lixo, criação de animais, como pode se observar no Mapa 1 e na Figura crianças brincando nas margens do rio. 7. Através dessas práticas sócio-espaciais, os moradores correm o risco de contrair algumas doenças em contanto com solo ou água contaminada, como verminoses, diarréia, leptospirose, hepatite, dentre outras. Além dessas implicações, há também a probabilidade de acontecer enchentes em dias de chuvas torrenciais, pois as águas do Figura 6. Caldeirões e o Riacho da Prata Fonte: Julio César Félix (2010). Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 497
  • 11. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 Mapa 1. Áreas de enchentes na cidade de Lajedo – PE. Fonte: Arquivo do autor (2010), adaptado. do rio da Prata na cidade de Lajedo, em seu perímetro urbano, fez-se uso da periodização dos sistemas técnicos proposta por Milton Santos, cuja mesma possibilita compreender a forma como diferentes usos da técnica ao longo do tempo explicam as diferentes configurações territoriais dos lugares. Sendo assim, a partir do evento da emancipação Figura 7. Riacho da Prata e o Riacho Doce Fonte: Julio César Félix (2010), adaptada. política do município de Lajedo se estabeleceu três períodos técnicos que 3. O Processo de Configuração Territorial possibilitam apreender o processo de da Cidade de Lajedo e a Problemática do configuração territorial deste município e Riacho da Prata refletir criticamente sobre as origens e o No intuito de apreender a problemática desenvolvimento da problemática urbana do Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 498
  • 12. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 rio da Prata. 3.1 Da emancipação política à ampliação das instalações da rede de energia elétrica O primeiro período tem início em 1948, quando da emancipação política do município e se estende até os anos de 1960. Quando da emancipação o Riacho da Prata apresentava suas margens preservadas, água Figura 8. Esquema da Formação do Núcleo limpa, peixes, tanto que a população citadina Urbano de Lajedo aproveitava suas potencialidades como Fonte: Diagnóstico do Plano Diretor de Lajedo (2002), adaptada. recurso hídrico, de pesca e lazer. O mesmo se encontrava relativamente distante do Mais tarde, na década de 1950, o aglomerado urbano (Figura 8), que na época comércio paulatinamente vai ganhando força não passava de poucas casas, existia apenas no núcleo urbano, principalmente armazéns dois quadros de rua, que formavam o que é onde se comercializava cereais, e surge alguns hoje a Praça Santo Antônio, pois até a década equipamentos coletivos, como a energia de 1950 a população do município, segundo o elétrica (apenas no centro da cidade), uma IBGE não ultrapassava os 2.186, haja vista maternidade, o Açougue Público, a Sede do que a principal atividade econômica era a IBGE, o coreto, o prédio dos Correios e agropecuária, estando à configuração Telégrafos, a Primeira Prefeitura de Lajedo, a territorial do município marcada por pequenas Rádio Difusora “A voz do Agreste”. e/ou grandes propriedades de terras onde, Paralelamente vai surgindo as primeiras casas sobretudo, se cultivava mandioca, milho, no entorno do Riacho da Prata, mas havia algodão, mamona e o fumo. O modo de vida poucas casas nas suas margens. Conforme das pessoas era marcado fortemente pelos Silva, A. (1995, p.25) “Subia-se para o traços do período técnico, perceptíveis pela Socorro por uma ruazinha acidentada de utilização de técnicas elementares, como por poucas casas, cortada por um pequeno exemplo, a enxada, o lampião, pois não havia riacho”. O riacho que Silva A. se refere é o energia elétrica, as carroças de burro e carros Riacho da Prata, suas palavras evidenciam de boi, dentre outras, o trabalho era braçal, e que o mesmo ainda possuía aspectos de rio, já as atividades predominantemente primárias. que hoje muitos são os citadinos que o Por esses aspectos, neste período o Riacho da representam como esgoto, devido a sua Prata possuía as suas particularidades de rio, e degradação evidente. Em outras palavras, a era representado como tal, pois este era cidade de Lajedo não passava de um pequeno artificializado lentamente. aglomerado, mas já se inicia a apropriação Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 499
  • 13. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 social urbana das margens do rio para uso Nesse sentido, houve um crescimento residencial, o que significa o início da urbano arbitrário na direção das margens do problemática. Riacho da Prata (Figura 10), graças à falta de Na década de 1960, intensifica-se o um planejamento urbano que leva-se em conta processo de artificialização do Riacho da as particularidades do rio. Assim, intensifica- Prata, isto é, a negação do ambiente fluvial, se a problemática do Riacho da Prata, que de suas margens que passa a ser o lugar não passa a ser negado pelos esgotos e pelo mais da vegetação ciliar, mas sim do urbano, concreto. E ao mesmo tempo surgem os riscos para uso residencial e comercial. E as suas para a população que habita em suas margens. águas, já não são mais límpidas, pois o rio se Segundo um morador da cidade de Lajedo, foi torna gradativamente receptáculo de esgoto, na década de 1960 que ocorreu a primeira pois foi exatamente neste momento, enchente. especificamente em 1965, que o poder Este riacho que passa na Praça público, faz algumas benfeitorias na cidade Simpliciano Cardoso na década de que alavancou a expansão do urbano para o sessenta também colocou uma cheia que invadiu o armazém do Sr. Pedro Felipe Riacho da Prata, pois se construiu obras de que negociava na compra de algodão e mamona para a usina de Farelo infra-estrutura como, bueiras, esgotos e Limoeiro, o qual teve um prejuízo muito pontes. Segundo Silva, A. P. (2008, p.43), grande. O empresário Otaviano, dono da Fábrica de Limoeiro foi quem deu “Criou pontes no Riacho da Prata, melhorou a cobertura aos prejuízos causados pela cheia. estrutura do grupo Dom Expedito Lopes, dando-lhe capacidade para receber um maior número de alunos”. A Escola Dom Expedito Lopes foi construída nas margens do Riacho da Prata. Observe na Figura 9 o prédio da escola em questão em 1960, e o atual onde funciona a Escola Pe. Antônio Barbosa, a menos de cinco metros do rio. Figura 10. O Riacho da Prata e a cidade de Lajedo em 1960. Fonte: Arquivo de Andreildo Batista. Essa realidade técnica se manifesta na cidade de Lajedo se estende até a década de 1960, quando ocorre a ampliação da rede de Figura 9. Antigo Grupo Escolar Dom energia elétrica para os outros bairros da Expedito Lopes. Atual Escola Pe. Antônio Barbosa cidade, e parte do campo. Esse fato possibilita Fonte: Dias, P. (2011), Lajedo: uma emocionante conquista de lutas, conquistas e glórias. ulteriormente a consolidação de um conjunto Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 500
  • 14. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 de objetos técnicos que até então se dito anteriormente, nas margens do Riacho da encontravam isolados, formando um sistema. Prata, já haviam moradias e se despejava E assim, dando início ao período técnico. esgotos. Esse processo de degradação do rio, se intensifica quando ocorre mudanças 3.2 Da ampliação da rede de energia elétrica estruturais no âmbito técnico e político. No 1968 a chegada da internet 2000 campo técnico, ocorre à disponibilização da O período técnico ou meio técnico é eletricidade para outros setores da cidade, marcado pela mecanização do planeta, a surgem novos objetos técnicos e sistemas de natureza passa a sofrer alterações mais engenharia, tais como, televisão, rodovias, intensas. De acordo com Santos (2008), esse veículos a motor, bancos, posto de gasolina, e período inicia-se no século XVIII e se estende serviços básicos como água encanada, por até meados do século XX. No Brasil o exemplo, foi construída a BR-423 e mais período começa no século XIX e se prolonga tarde a PE-170 e a PE-180. até meados do século XX. Esse período Concomitantemente, no âmbito político, impactou profundas transformações técnicas, Lajedo é marcado por um período de sobretudo nos processos produtivos em nível transição política, já que até então as econômico e social, reorganizando assim a lideranças políticas do município não tinha dinâmica social. oposição, a qual surge e assume no final da Em Lajedo, o período técnico teve década a gestão do município. início em 1968 graças ampliação da rede de energia elétrica e se estende até o ano 2000. Quando houve a ampliação da rede de eletricidade o Riacho da Prata passava por um processo de artificialização, engendrado pela retirada de vegetação ciliar e ocupação irregular de suas margens, pelas pontes construídas nele e pelo despejo de efluentes doméstico. Mesmo assim, o Riacho da Prata ainda era representado pela população como Figura 11. Malha urbana de Lajedo no ano de rio, pois ainda eram perceptíveis os seus 1970 Fonte: Arquivo do autor. aspectos físico-naturais, embora a população já não aproveitasse as suas potencialidades. Os novos objetos e estruturas técnicas, Na década seguinte, em 1970, a cidade e a vontade política da nova administração do de Lajedo não passava de um pequeno município incentivam o crescimento urbano, aglomerado urbano (Figura 11), mas como pois permitiram a aceleração da Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 501
  • 15. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 materialização das formas, e por conseguinte logo houve um crescimento urbano da produção do espaço urbano. Como pode-se desordenado que afetou diretamente o Riacho observar na Figura 12, a utilização da da Prata, além das obras referentes ao máquina patrol trabalhando para a construção esgotamento sanitário, que destinavam os do Ceala (Centro de Abastecimento de efluentes domésticos no rio. Observe a Lajedo), é importante destacar que para dinâmica da população de Lajedo nesse construção do prédio do Ceala existia na área período na Tabela 1. um prostíbulo, e nos arredores barracos os moravam pessoas, que foram deslocadas pelo poder público para outro lugar, nas margens do Riacho da Prata, surge aí a Favela do Açude. A partir do exposto na tabela, percebe- se que na década de 1970 a maior parcela da população lajedense residia no campo, um total de 14.134. Enquanto, na cidade se concentrava apenas 7.344, sua taxa de urbanização não passava de 34,193. No entanto, uma década depois, em 1980, esse Figura 12. Máquina Patrol iniciando a quadro começa a se modificar, a população construção do Ceala rural não diminui, pelo contrário tem um Fonte: Dias, P. (2011), Lajedo: uma emocionante aumento pouco significativo, em conquista de lutas, conquistas e glórias. compensação há um aumento expressivo no Essas metamorfoses significaram processo de urbanização, que passa a ser de muito para a população da cidade de Lajedo, 43,446, a população urbana quase se iguala a no entanto essa nova organização sócio- população rural. Sendo assim, existe uma espacial significa a intensificação das correlação entre aparecimento de novas perversidades do processo de apropriação estruturas técnicas, as mudanças políticas, social urbana do Riacho da Prata, isto é, do ocorridas na década de 1970 e a dinâmica seu processo de negação, haja vista que essa populacional. nova realidade promoveu a aceleração da Impulsionado pelas mudanças urbanização, pois a cidade passa a oferecer estruturais no Brasil, Lajedo vai aos poucos se mais serviços, mercadorias e oportunidades, (re)organizando, adentrando em outro período Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 502
  • 16. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 histórico. E um de seus aspectos iniciais é a densificação necessária para o funcionamento chegada de uma nova atividade econômica, a do técnico-científico-informacional, no ano indústria. “A criação do distrito foi em 1987, 2000, quando chega à internet a cidade, um pela Lei Municipal n 718/87, contendo 16 dos motores do período atual. lotes, com indústrias predominantemente do setor moveleiro” (Diagnóstico do Plano 3.3 Da informatização da cidade a partir de Diretor de Lajedo. 2002, p.52). 2000 até o período atual Mas, a indústria só vai ganhar força de Esse terceiro período, o técnico- atuação na economia de Lajedo, por volta da científico-informacioanl, iniciou-se após a II década de 1990, mas vale salientar que neste Guerra Mundial, com a difusão do sistema momento a produção industrial de Lajedo capitalista atingindo praticamente a metade ainda utilizava maquinário cientificamente dos países do planeta. Esse período se moderno. No entanto, é quando a indústria caracteriza pelo uso intensivo da ciência e dos móveis tubulares despontou como fonte tecnologia, que estão impregnados tanto nos de renda e geração de empregos da cidade, objetos, e a condição necessária para a simultaneamente, constatou-se que em 1991, emergência desse novo momento é a houve uma inversão na distribuição da informação. Para Santos e Silveira (2011) população na cidade e no campo, pois da esse novo contexto só teve início no Brasil em população total de 29.708, desses 17.993 1970, graças ao avanço exponencial dos moravam no espaço urbano, o equivalente a transportes e das telecomunicações. Esse uma taxa de urbanização 60.546 (Tabela 1). A avanço nos sistemas de engenharia é, na cidade passa crescer exponencialmente em verdade, um reflexo da política econômica várias direções, inclusive se apropriando do adotada pelo governo federal, isto é, dos Riacho da Prata, e modificando grande parte investimentos em infra-estrututa para otimizar do uso residencial para comercial, a partir de a produção e fluidez desta no território, então a cidade chega ao atual patamar de condições necessárias para a instalação da ocupação irregular das margens do Riacho da ideologia do consumo, e para se alavancar o Prata, por isso assoreado e poluído, e passa a crescimento na economia brasileira. De ser visto não como rio, mas sim como um acordo com Scarlato (2011, p.335), “O pequeno filete de águas pútridas, como esgoto avanço nos transportes, juntamente com as a céu-aberto cheio de lixo. comunicações, favoreceu assim a dispersão A chegada da indústria é um marco geográfica das indústrias, sem prejuízo do histórico para a cidade, pois é o início de um poder de controle das matrizes sobre novo momento, entretanto, só adentrar em subsidiárias”. Assim, paralelamente ao outro período, isto é, só vai haver uma equipamento técnico do território brasileiro, Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 503
  • 17. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 ocorre o fortalecimento da indústria Lajedo na década de 1990, mas sua (metalúrgicas e siderúrgicas), e também a popularização também se deu por volta do modernização da agricultura, a mecanização ano 2002. do campo. É na década de 1990, que o Além disso, o período técnico- território brasileiro, ganha novas feições no científico-informacional colocou o Brasil em que se refere aos sistemas técnicos, quando um novo patamar de urbanização, tanto que, ocorre a informatização e com a chegada dos em 1980, houve um aumento exponencial na telefones móveis. Esta revolução no campo da urbanização brasileira. É quando a população cibernética interliga os territórios, os lugares citadina de todas as regiões brasileiras supera se tornam globais. a população rural. E no ano 2000, a população Como dito, esses dispositivos técnicos urbana ultrapassa 80%. Esse percentual de permitiram o dispersão geográfica das 80%, constatado no ano 2000, está indústrias, fazendo com que em 2000, Lajedo correlacionado com a maior densificação de passasse por uma reforma em sua sistemas de engenharia e de objetos técnicos configuração territorial, graças à no território, por exemplo, a construção de informatização e aos novos objetos técnicos rodovias. E a cidade de Lajedo acompanha no ramo das telecomunicações. A partir de esse ritmo de crescimento urbano, seguido da então, surgem mais bancos na cidade, há um artificialização dos objetos naturais, como é o crescimento comercial relativamente grande, caso do Riacho da Prata. Em 1991, a taxa de mas indústria não comanda a economia urbanização de Lajedo alcança o patamar de lajedense, pois as poucas que se encontram 60%. E recentemente, em 2010, atinge 70%, o em Lajedo atualmente são de pequeno e equivalente a 26.391 citadinos. Durante esse médio porte. Já no que tange a processo de urbanização, ocorreu um informatização de Lajedo, esse processo crescimento urbano que não considerou o inicia-se por volta de 1992. Em 1994, surgem Riacho da Prata, pois não se criou leis para às primeiras escolas de informática, e lojas de organizar o espaço urbano. Desta forma, o manutenção em Lajedo, o que favoreceu a período-técnico-científico informacional popularização da tecnologia. Nessa época engendrou uma nova lógica de organização da devido aos preços, os computadores ainda não cidade de Lajedo, e essa remodelagem não eram acessíveis às pessoas, só às empresas. levou em conta o Riacho da Prata, que Tornaram-se mais acessíveis por volta do ano atualmente se encontra, canalizado, coberto e 2000, momento em que chega a internet na ocupado pelos citadinos, para uso residencial cidade por meio das seguintes empresas: IG, e comercial, e também em situação crítica no Oxente.net, e Hotlink. Já no que se refere aos que se refere à poluição, já que hoje não passa telefones móveis, estes também chegam a de um receptáculo de esgoto e lixo, e por Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 504
  • 18. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 esses aspectos não é representado como rio. Observe a situação atual do Riacho da Prata na figura 13. De acordo com Diagnóstico do Plano Diretor de Lajedo (2002), o espaço urbano de Lajedo vem sendo construído, ao longo do tempo, sem legislação para tratar especificamente do ordenamento do território. Sendo assim, o Riacho da Prata teve suas margens ocupadas arbitrariamente para uso residencial e comercial, e por isso, hoje o Riacho da Prata não passa de um receptáculo de esgotos, o que leva muitos lajedenses a não considerá-lo como rio. Entretanto, em dias de Figura 14. Periodização da Expansão do chuvas torrenciais o riacho evidencia sua espaço de urbano de Lajedo. vitalidade através do aumento de sua vazão, Fonte: Julio César Félix (2012). causando inundações em alguns logradouros, 4. Considerações Finais a última grande enchente ocorreu em 2004. Constatou-se que as margens do Essa problemática ambiental urbana, se Riacho da Prata são áreas de vulnerabilidade engendrou desde a emancipação política de sócio-ambiental, pois os moradores estão Lajedo, com o crescimento urbano, e esse sujeitos a riscos que se materializam através quadro foi sendo intensificado ao longo do da possibilidade de acontecer inundações, processo histórico dos períodos técnicos, e/ou dos moradores contraírem alguma atingindo o atual patamar de ocupação doença por estarem localizados em uma área irregular as margens do Riacho da Prata desde insalubre, onde a água e o solo são o período técnico, conforme a Figura 14. contaminados. Assim, os riscos podem se manifestar através das práticas sócio-espaciais desenvolvidas pelos moradores as margens do rio, bem como pela ocorrência de enchentes, que podem provocar mortes, danos à saúde física e psicológica, e prejuízos materiais. Ainda no que tange a vulnerabilidade, se constatou que os moradores da Favela do Figura 13. Desabamento da Praça construída Açude e dos Caldeirões são mais vulneráveis sobre o Riacho da Prata. aos riscos, tanto pela precariedade de infra- Fonte: Julio César Félix (2012). estrutura básica, como pela menor Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 505
  • 19. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 incapacidade de se proteger de um evento eficaz, e também do crescimento desigual da catastrófico, como uma inundação. cidade, que os segregou espacialmente para Essa realidade é o resultado da um lugar inadequado para habitação, acumulação de tempos, pois a ocupação agudizando assim a qualidade de vida desses irregular das margens do Riacho da Prata data citadinos. Assim, para os citadinos que da emancipação política do município. Neste residem nas margens do Riacho da Prata, uma momento havia poucas moradias próximas ao gota d’água que cai do céu significa o pior rio, que tinha suas potencialidades dos pesadelos. aproveitadas pela população citadina, a qual era muito pequena. A partir daí a 5. Agradecimentos problemática vai se intensificando, Agradecemos a Universidade de inicialmente com a construção de esgotos, Pernambuco pelo apoio ao desenvolvimento calçamento e pontes no rio. Em seguida, no desta pesquisa. período técnico, há um acelerado processo de urbanização, que alavanca um crescimento 6. Referências urbano vertiginoso e desordenado, e durante Almeida, L. Q.; Carvalho, P. F. A negação essa dinâmica o Riacho da Prata foi negado, dos rios urbanos numa metrópole brasileira, pois houve um aumento exponencial nas XII Encuentro de Geógrafos de América moradias as suas margens, além de pontes, Latina, 2009. Disponível em: bueiras, calçamentos e praças que foram http://egal2009.easyplanners.info/area07/7006 construídas sobre o riacho, além de ter se _Almeida_Lutiane_Queiroz_de.pdf. Acesso tornado a receptáculo esgoto e lixo. E por em: 26 de Agosto de 2009. isso, não é considerado como rio por muito Britto, A. Silva, V. A. (2006). Viver às lajedenses. No terceiro momento, no período margens dos rios: uma análise da situação dos técnico-científico-informacional, ocorre um moradores da favela Parque Unidos de Acari. processo de artificialização do rio, marcado In: COSTA, L. M. S. A. (Org.) Rios e pelo uso residencial e comercial de suas paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio margens, e pelo intenso despejo de esgoto e de Janeiro: Viana & Mosley – PROURB. lixo no seu leito. Por fim, pode-se dizer que as pessoas Carlos, Ana Fani. (2008). (Re)Produção do que moram as margens do Riacho da Prata Espaço Urbano. São Paulo: Editora não moram corretamente, já que habitam uma Universitária de São Paulo. área de risco, e pela carência de infra- estrutura básica. Esses moradores são o Corrêa, Roberto. (2007). Região e reflexo da falta de um planejamento urbano organização espacial. 8. ed. São Paulo: Ática. Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 506
  • 20. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 ________________. (2012). Espaço: um 87 f.. Monografia (Licenciatura em conceito chave da Geografia. In: Castro, I. E. Geografia) – Faculdade de Ciências, Gomes, P. C. Corrêa, R. L. (Orgs.) Geografia: Educação e Tecnologia de Garanhuns, conceitos e temas. 15. ed. Rio de Janeiro, Universidade de Pernambuco, Garanhuns. Bertrand Brasil. Santos, Clélio C. dos. (2002). Estudo de DIAGNÓSTICO DO PLANO DIRETOR DE Práticas Sócio-espaciais a partir de um LAJEDO. Consultran Transportes, Conjunto Habitacional do BNH: reflexões Consultoria Ltda, outubro, 2002. acerca de práticas cotidianas atuais no Condomínio Residencial Ignêz Andreazza - Dias, P. H. (2011). Lajedo: uma emocionante (CRIAZZA) em Recife - PE. 138 f. história de lutas, conquistas e glórias. Lajedo. Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Federal de Pernambuco, Recife- Gonçalves, Carlos Walter. (2010). Os PE. (des)caminhos do meio ambiente. 14. ed. São Paulo. Contexto. Santos, Milton. (1988). Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teórico e Loboda, C. R. (2009). Espaço público e metodológicos da geografia. Hucitec. São práticas socioespaciais: uma articulação Paulo. necessária para análise dos diferentes usos da cidade. Caderno Prudentino de Geografia, v.1, _______________. (2008). Técnica, Espaço, n. 31, p. 32-54. Tempo: Globalização e Meio Técnico- científico Informacional. 5. ed. São Paulo: Marandola Jr., E.; Hogan, D.J. (jul./dez., Edusp. 2004). Natural hazards: o estudo geográfico _______________. (2009). A Urbanização dos riscos e perigos. In: Ambiente & Brasileira. 5. ed. São Paulo. Edusp. Sociedade. Campinas, v. 7, n.2, p. 95-109. Santos, Milton; Silveira, Maria Laura. (2011). Rodrigues, Arlete M. (2003). Moradia nas O Brasil: território e sociedade no início do cidades brasileiras. 10. ed. São Paulo: século XXI. 15. ed. Rio de Janeiro: Record. Contexto. Scarlato, Francisco. (2011). O espaço Santos, Anderson. Silva, Julio César. (2010). industrial brasileiro. In: ROSS, Jurandir Problemática ambiental dos rios urbanos: a (org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: ocupação irregular das margens do Riacho Edusp. Doce e suas implicações na qualidade de vida da população da cidade, Lajedo – PE. (2010). Silva, Ana Paula. (2008). Lajedo (PE): de Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 507
  • 21. Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2012) 488-508 distrito a cidade – uma narrativa sobre os 60 Veyret, Y. (2007). Introdução. In: Veyret, anos de sua vida política. Olinda, Livro Yvette (Org.). Os riscos: o homem como Rápido. agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto. Silva, Antônio. (1995). Lembranças da primavera: memórias. Lajedo: Ed. Do autor. Veyret, Y.; Richemond, N. (2007). Definições e vulnerabilidades de risco. In: Veyret, Yvette Souza, Marcelo L. (2011). ABC do (Org.). Os riscos: o homem como agressor e desenvolvimento urbano. 6. ed. Rio de vítima do meio ambiente. São Paulo: Janeiro: Bertrand Brasil. Contexto. Silva, J. C. F.; Santos, C. C. 508