1. 1765 -1805
Elmano
Sadino
Manuel Maria Barbosa du Bocage
2. Vida & Obra
Obra e vida de Bocage estão tão
ligadas que pode-se entender a vida
desse excepcional poeta por meio de
sua obra e vice-versa.
Um fato indiscutível sobre Bocage é
a imagem de obsceno que o
acompanha ao longo da história, mas
essa fama trata-se de uma injustiça,
pois Bocage foi um dos mais sérios e
complexos poetas de toda a nossa
história literária.
Bocage publicou apenas as Rimas
(1791-1804), em três volumes. Seus
versos eróticos e burlescos circulam
até hoje em edições clandestinas. Casa onde nasceu
Bocage
3. SONETO NAPOLEÔNICO
Tendo o terrível Bonaparte à vista,
Novo Aníbal, que esfalfa a voz da Fama,
"Ó capados heróis!" (aos seus exclama
Purpúreo fanfarrão, papal sacrista):
"O progresso estorvai da atroz conquista
Que da filosofia o mal derrama?..."
Disse, e em férvido tom saúda, e chama,
Santos surdos, varões por sacra lista:
Deles em vão rogando um pio arrojo,
Convulso o corpo, as faces amarelas,
Cede triste vitória, que faz nojo! O pensamento irreverente e liberal de Bocage
fez com que o poeta fosse preso após a
divulgação da "Epístola a Marília" (ou
O rápido francês vai-lhe às canelas; "Pavorosa Ilusão da Eternidade“) e deste soneto
Dá, fere, mata: ficam-lhe em despojo dedicado a Napoleão, obras essas, consideradas
uma ameaça a segurança do Estado e da Igreja.
Relíquias, bulas, merdas, bagatelas.
4. Trema a superstição; lágrimas, preces,
Epístola a Marília Votos, suspiros arquejando espalhe,
Coza as faces co'a terra, os peitos fira,
Vergonhosa piedade, inútil vênia
Pavorosa ilusão de Eternidade,
Espere às plantas de impostor sagrado,
Terror dos vivos, cárcere dos mortos;
Que ora os infernos abre, ora os ferrolha:
D'almas vãs sonho vão, chamado inferno;
Que às leis, que às propensões da natureza
Sistema de política opressora,
Eternas, imutáveis, necessária,
Freio que a mão dos déspotas, dos bonzos
Chama espantosos, voluntários crimes;
Forjou para a boçal credulidade;
(...)
Dogma funesto, que o remorso arraigas
Ah! Bárbaro impostor, monstro sedento
Nos ternos corações, e a paz lhe arrancas:
De crimes, de ais, de lágrimas, de estragos,
Dogma funesto, detestável crença,
Serena o frenesi, reprime as garras,
Que envenena delícias inocentes!
E a torrente de horrores, que derramas,
Tais como aquelas que o céu fingem:
Para fundar o império dos tiranos,
Fúrias, Cerastes, Dragos, Centimanos,
Para deixar-lhe o feio, o duro exemplo
Perpétua escuridão, perpétua chama,
De oprimir seus iguais com férreo jugo.
Incompatíveis produções do engano,
Não profanes, sacrílego, não manches
Do sempiterno horror horrível quadro,
Da eterna divindade o nome augusto!
(Só terrível aos olhos da ignorância)
Esse, de quem te ostentas tão válido,
Não, não me assombram tuas negras cores,
É Deus de teu furor, Deus do teu gênio,
Dos homens o pincel, e a mão conheço:
Deus criado por ti, Deus necessário
Trema de ouvir sacrílego ameaço
Aos tiranos da terra, aos que te imitam,
Quem d'um Deus quando quer faz um
E àqueles, que não crêem que Deus existe.
tirano:
(. . .)
5. as
múltiplas
faces
Autógrafo de Bocage, existente na Biblioteca Municipal de Évora.
7. Inspiração
Em seus poemas surgem os nomes de
Marília, Ritália, Márcia, Gertrúria etc.
Há quem diga que todas elas são
mulheres por quem o poeta enamorou-se.
As duas primeiras, correspondem a
Maria Margarida Rita Constâncio Alves,
que alguns estudiosos apontam como a
maior paixão do poeta.
Márcia é um anagrana de Maria
Vicencia.
Gertrúria é Gertrudes Homem de
Noronha (filha do governador da Torre
de Outão em Setúbal, por quem o poeta
enamorou-se logo cedo).
Devido a quantidade de versos dedicados
a Gertrúria, tudo leva a crer que tenha
sido ela o grande amor do poeta.
8. 1 - Olhar de frente
2 - Que cometeu sacrilégio, ato de
Bocage e Camões impiedade, de profanação
3 Referência ao episódio do Gigante
Adamastor, de Os Lusíadas.
Representa o cabo das tormentas
Camões, grande Camões, quão semelhante (Sul da África), limite do mar
conhecido por Vasco da Gama.
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! 4 - Escarneço, zombo
Igual causa no fez perdendo o Tejo
Arrostar (1) co sacrílego (2) gigante: (3)
Como tu, junto ao Ganges sussurrante
Da penúria cruel no horror me vejo: Nesse soneto Bocage invoca Camões,
comparando as suas desventuras com as
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, dele. As semelhanças entre os dois são
Também carpindo estou, saudoso amante: muitas: Ambos cruzaram o cabo da Boa
Esperança, eram boêmios, briguentos,
Ludibrio (4) , como tu, da sorte dura tiveram muitos amores e morreram quase
na miséria. No último terceto do poema,
Meu fim demando ao Céu, pela certeza Bocage, como era de costume no período
De que só terei paz na sepultura: Neoclássico, admite que Camões é o seu
modelo. No entanto, ele lamenta o fato de
se equiparar ao "grande Camões" "Nos
Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!... transes da ventura" e não no dom de fazer
Se te imito nos transes da ventura, versos.
Não te imito nos dons da Natureza.
9. Elmano Sadino
Anagrama de Relativo ao rio Sado,
que corta a cidade de
MANUEL Setúbal, onde o escritor
nasceu.
Em 1786 foi enviado, tal qual seu herói Camões, para a Índia (Goa e Damão) e, também
como Camões, desiludiu-se com o Oriente. Depois, por vontade própria e à revelia de seus
superiores, dirigiu-se a Macau, voltando a Portugal em 1790. Ingressou então na Nova
Arcádia — uma academia literária com vagas vocações igualitárias e libertárias —, usando
o pseudônimo de Elmano Sadino. Contudo, de temperamento forte e violento, desentendeu-
se com seus pares, e suas sátiras a respeito deles levou à sua expulsão do grupo. Seguiu-se
uma longa guerra de versos que envolveu a maior parte dos poetas lisboetas.
10. 1 - Mediano, medíocre, médio
2 - De rosto, de cara
Bocage , por ele mesmo 3 - (no sentido de) morar
4 - Brancas como neve
5 - Divindades, venerações
*- Versos corrigidos na edição
Magro, de olhos azuis, carão moreno, de 1804
Bem servido de pés, meão(1) na altura,
Esse soneto é
Triste de facha,(2) o mesmo de figura, considerado o
Nariz alto no meio, e não pequeno: Autorretrato do poeta.
Ele foi corrigido, pelo
Incapaz de assistir (3) num só terreno, próprio Bocage, na
Mais propenso ao furor do que à ternura; edição de 1804.
Bebendo em níveas (4) mãos por taça escura Nesse soneto o poeta vê
De zelos infernais letal veneno: com humor e cinismo
as suas desventuras.
Devoto incensador de mil deidades (5) Percebe-se toda a
(Digo, de moças mil) num só momento, instabilidade do poeta,
Inimigo de hipócritas, e frades:* tanto no sentido físico,
quanto no moral.
Eis Bocage, em quem luz algum talento; Ele é incapaz de assistir
Saíram dele mesmo estas verdades (morar) "num só
Num dia em que se achou cagando ao vento.* terreno".
11. Bocage, o idealista
Portugal, na época de Bocage,
era um império em ruínas,
imerso no atraso, na
decadência econômica e na
libertinagem cortesã, feita às
custas da miséria de servos e
operários.
Era o reinado de
D. Maria I – “ a Louca”
(só oficialmente reconhecida
como louca em 1795)
12. Bocage, o idealista
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Por que (triste de mim)! por que não raia
Já na esfera de Lísia(1) a tua aurora? Neste soneto percebe-se a
defesa dos ideais liberais e a
Da santa redenção é vinda a hora crítica ao Despotismo
A esta parte do mundo, que desmaia: opressor. Por isso, o poema
Oh! Venha... Oh! Venha, e trêmulo descaia torna-se uma espécie de canto
Despotismo feroz, que nos devora! à liberdade, com a função de
acordar Portugal, uma terra
que ainda está adormecida.
Eia! Acode ao mortal, que frio e mudo
Temos o uso de iniciais
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo: maiúsculas para personificar
ideias abstratas.
Movam nossos grilhões tua piedade;
(1) esfera lísia - o contexto indica que se
Nosso nume tu és, e glória, e tudo, refere a Portugal
Mãe do gênio e prazer, oh Liberdade!
13. Bocage, o irônico
Lembrou-se no Brasil bruxa insolente
Esse soneto, de tom irônico, foi
De amar ao pobre mundo estranha peta; (1) dedicado a Domingos Caldas
Procura um mono (2), que infernal careta Barbosa, presidente da Nova
Arcádia. Nele, Bocage compara
Lhe faz de longe, e lhe arreganha o dente: Caldas a um demônio que, para iludir
os portugueses, disfarça seus
Pilhando-o por mercê do Averno (3) ardente, guinchos em canções. Esse demônio,
por ser descendente da rainha Ginga,
Conserva-lhe as feições na face preta; adversária dos portugueses durante a
Corta-lhe a cauda, veste-o de roupeta, época da colonização, é um inimigo
do povo português.
E os guinchos(4) lhe converte em voz de gente:
Deixa-lhes os calos, deixa-lhe a catinga;
Eis entre os Lusos o animal sem rabo 1 - Mentira
2 - Designação geral para os macacos
Prole(5) se aclama da rainha Ginga: (6) 3 - Inferno
4 - Som agudo e inarticulado do homem e de alguns
animais
5 - Geração, progênie, descendente
Dos versistas se diz modelo e cabo; 6 - Rainha Ginga, da angola.
7 - Deus Grego-romano, o mais belo dos deuses
A sua alta ciência é a mandinga,
O seu benigno Apolo (7) é o Diabo.
14. Vida & Obra
Após a prisão nos cárceres da
Inquisição, Bocage se reconcilia com
os princípios religiosos e com os
companheiros da Nova Arcádia, a
quem ironizou. Esse novo Bocage é
considerado por muitos estudiosos
como um poeta menor que o
primeiro. Isso se dá porque o Bocage
que ficou na memória do povo é o
poeta boêmio, satírico e erótico, que
fazia uma poesia que rompia com os
padrões neoclássicos e que
popularizou-se de tal modo que
chegou ao Brasil e ainda permanece
vivo em um imenso anedotário, de
bom e mal gosto, que lhe é
“atribuído”. "Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."
15. Bocage desbocado e libertino
Esse disforme, e rígido porraz SONETO DO
Do semblante me faz perder a cor:
MEMBRO MONSTRUOSO
E assombrado d'espanto, e de terror
Dar mais de cinco passos para trás:
A espada do membrudo Ferrabrás
De certo não metia mais horror:
Esse membro é capaz até de pôr
A amotinada Europa toda em paz.
o soneto transcrito foi tirado “duma
edição paulistana (1969), dentre as
Creio que nas fodais recreações
inúmeras cópias que circulam, mais
Não te hão de a rija máquina sofrer ou menos clandestinamente, do
Os mais corridos, sórdidos cações: livro POESIAS ERÓTICAS,
BURLESCAS E SATÍRICAS [...]”
De Vênus não desfrutas o prazer:
Que esse monstro, que alojas nos calções, (São Paulo, janeiro de 2002.
É porra de mostrar, não de foder. GLAUCO MATTOSO*)
16. O poeta da transição
Por ser um poeta de faces múltiplas a obra
literária de Bocage não pode ser
simplesmente incluída no gênero literário
do Neoclassicismo ou Arcadismo.
Além disso, apesar de Bocage dominar a
técnica do verso, o assunto de sua poesia
vai muito além das convenções literárias da
época.
Essa transgressão às normas faz de Bocage
um poeta de transição
17. Transição para o Romantismo
Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei do Amor se força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitingas:(1)
Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura, Nesse soneto temos traços do Arcadismo e
Deixa-me apreciar minha loucura, também do Romantismo. Marília está em
Importuna Razão, não me persigas. outros laços, que pode ser entendido como
outros braços. Essa visão real, essa
"Importuna Razão" persegue o eu-lírico, que,
É teu fim, teu projeto encher de pejo(2) aos invés de lhe dar ouvidos, prefere apreciar
Esta alma, frágil vítima daquela sua loucura. A Razão, personificada pelo uso
Que, injusta e vária, noutros laços vejo: de iniciais maiúsculas, pede para que o eu-
lírico fuja de sua amada, porém, seu desejo
"É carpir, delirar, morrer por ela.". Nota-se
Queres que fuja de Marília bela, claramente que nesse poema existe um
Que a maldiga, a desdenhe; e meu desejo conflito entre a razão árcade e a emoção
É carpir,(3) delirar, morrer por ela. tipicamente Romântica.
18. Bocage, o pré -romântico sua poesia sem sombra
de dúvidas, anuncia os
primeiros valores do
Romantismo em
Oh retrato da morte, oh Noite amiga Portugal
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto, 1 - piedoso
2 - espécie de coruja
De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Nesse soneto percebe-se claramente os traços
prê-românticos de Bocage. A morte se faz
Dá-lhes pio(1) agasalho no teu manto; presente, confunde-se com a noite e é amiga
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto do eu-lírico; mais que isso, ela é a "Calada
Dorme a cruel, que a delirar me obriga: testemunha" do seu pranto. Além disso,
surgem fantasmas e mochos, figuras
noturnas, que como ele são inimigos da
E vós, oh cortesãos da escuridade, claridade. Claridade essa que não deve ser
Fantasmas vagos, mochos(2) piadores, vista simplesmente como luz, mas sim como
Inimigos, como eu, da claridade! a luz do conhecimento e da razão, que se
opõe a noite, ou seja, a incerteza, aos
mistérios da alma. No entanto, esse clima
Em bandos acudi aos meus clamores; Romântico, que envolve o eu-lírico, não
Quero a vossa medonha sociedade, chega até a mulher amada, que dorme
Quero fartar meu coração de horrores. tranqüilamente.
19. Bocage, o eterno
O poema a seguir foi escrito pouco antes
da morte do poeta. Nele vemos um eu-
lírico arrependido da sua vida
desgarrada e reconciliado a vida religiosa.
Esse talvez seja um dos sonetos mais
famosos de Bocage. Ele é o exemplo
perfeito do termo
prê-romântico porque as emoções são
contraídas, ou seja, estão presas a rigidez
do verso perfeito e a forma fixa de
soneto.
20. Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento;
Musa!...Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino(1) fui...A Santidade Manchei!...
Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade.
1-Pedro Aretino famoso escritor
satírico italiano que dosa
desregramento, malevolência
com humor
22. Bocage http://www.ruiserodio.com/discografia.html
multimídia
Sonetos recitados e
acompanhados por piano.
40 sonetos de Bocage ditos por
José Luis Nobre, música de Rui
Serodio e capa de Vasco San
Payo.
23. Filme
Sinopse
Um filme poema, com prólogo, três contos e um
epílogo. Não é a biografia do poeta português
Manuel Maria Barbosa Du Bocage (1765-1805),
mas sim uma recriação totalmente moderna de sua
poesia para sempre viva e de sua vida para sempre
poesia. O filme propõe visões inspiradas na vida e
obra do poeta português Manoel Maria Barbosa
Du Bocage
(http://filmow.com/bocage-o-triunfo-do-amor-t19314/)
25. 1.Sobre a obra de Bocage é correto afirmar que:
a) pode ser colocada como ponto máximo da poesia romântica portuguesa
b) seus sonetos contêm o mais alto sopro de seu talento lírico, sendo considerado um
dos maiores sonetistas da língua.
c) não supera regras e as coerções literárias ligadas ao movimento árcade.
d) a sátira ocupa o lugar de maior importância em seu desenvolvimento
26. 2. Sobre Bocage assinale a informação incorreta:
a) A capacidade de representar o traço caricatural e ridículo de situações e pessoas,
aliada à versificação fluente e precisa, à linguagem próxima da oralidade, fazem-nos rir,
até nas passagens vulgares, mesmo quando discordamos da visão distorcida e
encobertamente moralista.
b) Além de produzir poesia culta, foi poeta popular e exímio improvisador.
c) Os alvos privilegiados de sua sátira foram os mulatos e os mestiços das colônias
orientais. É contra eles que mostra a presunção de superioridade do branco europeu,
o racismo e o preconceito.
d) Sob a linguagem grosseira, mas sempre divertida, com que representa situações
escabrosas, revela-se, muitas vezes, um moralismo bastante convencional, machista
e preconceituoso
e) A sátira bocagiana é superior à sua produção lírica, além de ser muito mais popular,
autêntica e original.
27. 3. Leia com atenção o texto de Manuel Maria Barbosa du Bocage, a seguir:
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura, Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Urdidos pela mão da Desventura, Da sátira mordaz o furor louco,
Pela baça Tristeza envenenados: De maldizente voz a tirania:
Vêde a luz, não busqueis,desesperados, Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
No mudo esquecimento a sepultura; Que não pode cantar com melodia
Se os ditosos vos lerem sem ternura, Um peito, de gemer cansado e rouco.
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:
Sobre esse soneto, é correto afirmar:
a) o amor é apresentado de maneira controlada, de acordo com os princípios do racionalismo e equilíbrio que
orientavam a criação poética do Arcadismo.
b) o texto demonstra que Bocage, apesar de pertencer à Arcádia Lusitana, ultrapassa os limites do Arcadismo e
antecipa características da inspiração poética do Romantismo.
c) o poeta se identifica com os bem-aventurados e solicita a piedade do leitor para com os seus versos.
d) a emoção interfere na elaboração artística.
e) sabe-se que Bocage foi um árcade rebelde; pertenceu à Nova Arcádia, mas foi expulso dela. O soneto em
questão apresenta características formais neoclássicas e, quanto ao conteúdo, antecipa o sentimentalismo
romântico..
28. 04.De Bocage pode-se dizer que:
a) escreveu contos eróticos
b) é o expoente máximo da poesia portuguesa do século XVIII
c) representa a poesia parnasiana em Portugal
d) foi grande cultor do soneto barroco
05.Assinale a incorreta sobre Bocage
a) A tensão entre o racionalismo neoclássico e o individualismo pré-romântico é um dos eixos
temáticos de sua obra
b) À semelhança de Gregório de Matos, notabilizou-se como poeta satírico e como poeta lírico.
c) A lírica bocageana evoluiu do Arcadismo convencional para o egocentrismo pré-romântico
d) Foi fundador da Escola Arcádia Lusitana, em 1756, e pertenceu à Nova Arcádia, mas rompeu com
as duas agremiações.
29. 06. Bocage foi:
a) um poeta pré-romântico
b) o poeta mais representativo do Arcadismo em Portugal
c) o poeta mais representativo do Arcadismo no Brasil
d) o escritor-chave para a compreensão do movimento barroco
07. Bocage só não escreveu:
a) poesia lírica reflexiva
b) poesia lírica bucólica
c) poesia épica
d) poesia satírica e obscena
30. 08.Sobre Bocage é incorreto afirmar que:
a) em sua obra lírica, o Arcadismo interessou apenas como postura, aparência, pois, no
fundo, o poeta foi um pré-romântico.
b) como poeta satírico, ironizou contemporâneos seus, o clero, a nobreza decadente
c) como abriu mão totalmente dos valores neoclássicos, desprezou o apuro formal, o
bucolismo e a postura pastoril.
d) o subjetivismo, a confidência de sua vida interior, a confissão foram elementos
frequentes em sua obra lírica.