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QUEERFUNKCARIOCA
            um olhar sobre o netdoc
  Cuceta, a cultura queer de Solange To Aberta

               SOUZA, cláudio manoel duarte de
o netvídeo
•   O netdocumentário Cuceta, a cultura queer de Solange To
    Aberta, de Cláudio Manoel, retrata as idéias do duo musical
    Solange Tô Aberta, que interconecta o gênero musical Funk
    Carioca e com a Teoria/Filosofia Queer, elegendo um debate
    em torno do uso e padronização do corpo modelado
    socialmente.

•   Low-produção, com iphone e handycam, em dois turnos de
    gravação e um turno de edição.

•   Produção focada em redes telemáticas, selo CC em copyleft,
    curta duração (13’).

•   Cuceta (vimeo.com/11001192) tem o propósito de livre
    circulação tanto em suportes em redes digitais, bem como em
    festivais geolocalizados.
•   O netdoc traz depoimentos dos artistas Paulo
    Belzebitchy e Pedro Costa e imagens de suas
    performances.

•   Cuceta quer, a partir do gênero musical funk carioca e
    do discurso das letras e idéias de Solang tô Aberta,
    estabelecer um diálogo sobre música popular, corpo
    e sexualidade.
funkcarioca em si

•   O Funk Carioca, como gênero musical, tem sua
    origem no Brasil, como uma das expansão dos Bailes
    Funk nas favelas do Rio de Janeiro, nos anos 80 e 90.

•   Suas bases musicais estão referenciadas no gênero
    eletrônico americano Miami Bass e no Free Style (da
    cena Hip Hop também americana), alimentando a
    rede musical baseada em Mestres de Cerimônia
    (MCs ), Sistemas de Som e Djs.
•   MCs cantam sobre as bases do electro dos djs,
    construídos a partir de samples, beats, loops,
    produzidas em grooves boxes e/ou softwares.

•   É uma das mais ricas cenas da Música Eletrônica
    Global Periférica pela 1 - apropriação das tecnologias
    de produção sonora e estabelecimento de um 2 -
    mercado de produção/circulação/consumo fora da
    indústria fonográfica das mejors.

•   (funkmelody, no entanto, tornou-se um sub-gênero
    vendável)
caracterizando
                       funkcarioca




•   1 – a (quase) totalidade de artistas masculinos;

•   2 - letras com temáticas sexuais e drogas
    (principalmente no subgênero “funk proibidão”);

•   3 - o discurso machista sobre a mulher, como a fonte
    de prazer/sexo, da vagabunda, da cachorra, do cio em
    permanência;
•   4 – estabelecimento de rede de consumo e manutenção da
    cena fora do circuito da indústria fonográfica mainstream,
    com autonomia na tríade produção/circulação/consumo;

•   5 – livre circulação de cópias de cds como instrumento de
    difusão das músicas/artistas (portifólios) e não como
    suporte de venda/mercado;

•   6 – “desatenção” à propriedade intelectual como
    pressuposto para os direitos mercadológicos do autor -
    esse mercado se baseia em loops e beats reapropriados,
    coletivos. A “autoria” está inscrita na música que faz
    sucesso.
•   7 – os shows/performances são os espaços
    mercadológicos de manutenção da cena para
    reconhecimento da autoria, produção/circulação e
    consumo.
...as “cachorras” continuam existindo, mas...
resignificação

•   As mulheres/artistas funkeiras resignificaram o
    discurso do funk proibidão.

•   Agentes produtoras da cena - como as artistas Tati
    Quebra-Barraco e Deise Tigrona - desmontam a
    dominação e a supremacia masculina no Funk
    Carioca;

•   Revidam!, nas letras de suas músicas, contra o
    discurso machista dos mesmos.
•   Mais que isso: devolvendo na mesma moeda a eleição
    do corpo masculino como (mero) objeto de desejo.

•   Elas agora não só comem os machões, mas gozam e
    desprezam aqueles que só têm blablabá para suas
    vaginas agora poderosas.

•   No funk carioca proibidão, essa disputa de gênero -
    amistoso e provocativo ao mesmo tempo - é um dos
    alicerces presentes nas narrativas nas letras.

•   O factual (acontecimentos da vida na “comunidade”,
    principalmente) e a disputa entre gêneros são os
    elementos criativos nessas letras
...solange nem é macho nem é cachorra - ou é!
novo ruído na batida
•   O duo Solange Tô Aberta (STA), dentro dessa lógica
    de reapropriação da batida do Funk Carioca, traz uma
    nova perspectiva para o gênero

•   Além de dar visibilidade ao conceito Camp (fechação/
    afetação) em suas performances

•   Discursa contra o machismo sob a ótica da Teoria
    Queer.

•   Os artistas de STA querem ir além do discurso
    “machista ou feminista”.
associações
•   Além do conceito

•   Camp (fechação, cena gay, negra, periférica, ny),
    principalmente a do gênero dramatic, o STB conecta-se
    com o temas

•   queer e com a cena

•   homo hop/rap (que, igualmente, reverte o discurso da
    cena hip hop americana, usando de todos os elementos do
    hiphop, mas com tema gay - demarcatório dentro dessa
    cena).
gênero como construção

•   Defendem que o corpo não precisa ter formato
    polarizado em gêneros socialmente construídos,
    feminimo/masculino/gay/hetero;

•   Mas que, - a partir da decisão de seu próprio dono –
    elegê-lo livre, com trânsito livre entre os gêneros
política

•   A sexualidade é o tema central da estética de STA

•   A performance é show: os cantores exibem seus
    corpos masculinos androgenizados por acessórios
    femininos e vice-versa - um corpo em formato
    (portanto, indefinido).

•   Nas letras sobre sexo, machismo, corpo: um diálogo
    direto com o conceito do “proibidão” inicial;
•   Além dos beats e loops, a resignificação trazida pelo
    STB foca o corpo como corpo queer, sem modelagem
    social - eis sua política para um outro funk carioca -
    um funk carioca queer.

•   Titica no Kuduro angolano. HomoHop no Hip Hop
    americano.

•   O vídeo Cuceta faz o esforço para documentar a
    música do STA como provocação a um novo olhar
    sobre o corpo social.
• ok - podemos ver o vídeo?
Cuceta palestra
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                   CUCETA
              a cultura queer de
              Solange To Aberta


• vimeo.com/11001192
• claudiomanoel@gmail.com

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  • 1. QUEERFUNKCARIOCA um olhar sobre o netdoc Cuceta, a cultura queer de Solange To Aberta SOUZA, cláudio manoel duarte de
  • 2. o netvídeo • O netdocumentário Cuceta, a cultura queer de Solange To Aberta, de Cláudio Manoel, retrata as idéias do duo musical Solange Tô Aberta, que interconecta o gênero musical Funk Carioca e com a Teoria/Filosofia Queer, elegendo um debate em torno do uso e padronização do corpo modelado socialmente. • Low-produção, com iphone e handycam, em dois turnos de gravação e um turno de edição. • Produção focada em redes telemáticas, selo CC em copyleft, curta duração (13’). • Cuceta (vimeo.com/11001192) tem o propósito de livre circulação tanto em suportes em redes digitais, bem como em festivais geolocalizados.
  • 3. O netdoc traz depoimentos dos artistas Paulo Belzebitchy e Pedro Costa e imagens de suas performances. • Cuceta quer, a partir do gênero musical funk carioca e do discurso das letras e idéias de Solang tô Aberta, estabelecer um diálogo sobre música popular, corpo e sexualidade.
  • 4. funkcarioca em si • O Funk Carioca, como gênero musical, tem sua origem no Brasil, como uma das expansão dos Bailes Funk nas favelas do Rio de Janeiro, nos anos 80 e 90. • Suas bases musicais estão referenciadas no gênero eletrônico americano Miami Bass e no Free Style (da cena Hip Hop também americana), alimentando a rede musical baseada em Mestres de Cerimônia (MCs ), Sistemas de Som e Djs.
  • 5. MCs cantam sobre as bases do electro dos djs, construídos a partir de samples, beats, loops, produzidas em grooves boxes e/ou softwares. • É uma das mais ricas cenas da Música Eletrônica Global Periférica pela 1 - apropriação das tecnologias de produção sonora e estabelecimento de um 2 - mercado de produção/circulação/consumo fora da indústria fonográfica das mejors. • (funkmelody, no entanto, tornou-se um sub-gênero vendável)
  • 6. caracterizando funkcarioca • 1 – a (quase) totalidade de artistas masculinos; • 2 - letras com temáticas sexuais e drogas (principalmente no subgênero “funk proibidão”); • 3 - o discurso machista sobre a mulher, como a fonte de prazer/sexo, da vagabunda, da cachorra, do cio em permanência;
  • 7. 4 – estabelecimento de rede de consumo e manutenção da cena fora do circuito da indústria fonográfica mainstream, com autonomia na tríade produção/circulação/consumo; • 5 – livre circulação de cópias de cds como instrumento de difusão das músicas/artistas (portifólios) e não como suporte de venda/mercado; • 6 – “desatenção” à propriedade intelectual como pressuposto para os direitos mercadológicos do autor - esse mercado se baseia em loops e beats reapropriados, coletivos. A “autoria” está inscrita na música que faz sucesso.
  • 8. 7 – os shows/performances são os espaços mercadológicos de manutenção da cena para reconhecimento da autoria, produção/circulação e consumo.
  • 10. resignificação • As mulheres/artistas funkeiras resignificaram o discurso do funk proibidão. • Agentes produtoras da cena - como as artistas Tati Quebra-Barraco e Deise Tigrona - desmontam a dominação e a supremacia masculina no Funk Carioca; • Revidam!, nas letras de suas músicas, contra o discurso machista dos mesmos.
  • 11. Mais que isso: devolvendo na mesma moeda a eleição do corpo masculino como (mero) objeto de desejo. • Elas agora não só comem os machões, mas gozam e desprezam aqueles que só têm blablabá para suas vaginas agora poderosas. • No funk carioca proibidão, essa disputa de gênero - amistoso e provocativo ao mesmo tempo - é um dos alicerces presentes nas narrativas nas letras. • O factual (acontecimentos da vida na “comunidade”, principalmente) e a disputa entre gêneros são os elementos criativos nessas letras
  • 12. ...solange nem é macho nem é cachorra - ou é!
  • 13. novo ruído na batida • O duo Solange Tô Aberta (STA), dentro dessa lógica de reapropriação da batida do Funk Carioca, traz uma nova perspectiva para o gênero • Além de dar visibilidade ao conceito Camp (fechação/ afetação) em suas performances • Discursa contra o machismo sob a ótica da Teoria Queer. • Os artistas de STA querem ir além do discurso “machista ou feminista”.
  • 14. associações • Além do conceito • Camp (fechação, cena gay, negra, periférica, ny), principalmente a do gênero dramatic, o STB conecta-se com o temas • queer e com a cena • homo hop/rap (que, igualmente, reverte o discurso da cena hip hop americana, usando de todos os elementos do hiphop, mas com tema gay - demarcatório dentro dessa cena).
  • 15. gênero como construção • Defendem que o corpo não precisa ter formato polarizado em gêneros socialmente construídos, feminimo/masculino/gay/hetero; • Mas que, - a partir da decisão de seu próprio dono – elegê-lo livre, com trânsito livre entre os gêneros
  • 16. política • A sexualidade é o tema central da estética de STA • A performance é show: os cantores exibem seus corpos masculinos androgenizados por acessórios femininos e vice-versa - um corpo em formato (portanto, indefinido). • Nas letras sobre sexo, machismo, corpo: um diálogo direto com o conceito do “proibidão” inicial;
  • 17. Além dos beats e loops, a resignificação trazida pelo STB foca o corpo como corpo queer, sem modelagem social - eis sua política para um outro funk carioca - um funk carioca queer. • Titica no Kuduro angolano. HomoHop no Hip Hop americano. • O vídeo Cuceta faz o esforço para documentar a música do STA como provocação a um novo olhar sobre o corpo social.
  • 18. • ok - podemos ver o vídeo?
  • 20. free download CUCETA a cultura queer de Solange To Aberta • vimeo.com/11001192 • claudiomanoel@gmail.com