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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A importância do desenvolvimento da competência leitora para a
formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II
Claudinei Camolesi
Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi
Co-Orientadora: Sidnei Fernando de Souza Nascimento
SÃO CARLOS
2014
2
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A importância do desenvolvimento da competência leitora para a
formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II
Claudinei Camolesi
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade Aberta do Brasil – Universidade
Federal de São Carlos – Curso de Licenciatura
em Pedagogia como uma das atividades
avaliativas da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso II.
Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi
Co-Orientadora: Sidnei Fernando de Souza Nascimento
SÃO CARLOS
2014
3
Universidade Federal de São Carlos
Licenciatura em Pedagoga a Distância
SEad_UAB_UFSCar
PARECER 1
Assunto: Parecer do Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia
Parecerista: Tutora Eliane Mahl
Aluno: Claudinei Camolesi
Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi
Data: 22/12/2014
Nota: 75
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do aluno Claudinei Camolesi intitulado
“A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos
escritores no Ensino Fundamental II” atende todos os critérios estipulados para a sua
avaliação, pois o mesmo é composto por capa, folha de rosto, dedicatória, agradecimentos,
resumo, sumário, introdução, três capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão
dos dados, considerações finais e referências bibliográficas, porém esta não é a ordem
utilizada pelo aluno. Sugiro que o mesmo observe qual é a sequência correta de um TCC,
principalmente no que diz respeito aos elementos pré-textuais e organize adequadamente o
seu trabalho para que assim todos os itens estejam de acordo com as normas científicas
estipuladas para a elaboração do TCC na disciplina de TCC II do Curso de Pedagogia a
distância da UFSCar1
. Ressalta-se que no TCC do aluno Claudinei está faltando apenas a
epígrafe, que não é uma exigência em TCCs, mas é preciso organizar a sequência correta
dos elementos pré-textuais.
Quanto ao título está muito bem elaborado, instigando o leitor. Além disso, reflete
ao que consta em todo o TCC. Na introdução não constam as questões de pesquisa, mas
consta a justificativa, os objetivos e a metodologia utilizada como é recomendado na
1
Convém ressaltar que em um modelo de TCC que foi enviado aos alunos na disciplina de TCC II o
resumo vem antes dos elementos pré-textuais (dedicatória, agradecimentos, epígrafe), porém está ordem é
incorreta. O resumo sempre deve vir depois dos elementos pré-textuais. Então, a ordem correta de elaboração
de um TCC é capa, folha de rosto, agradecimentos, dedicatória, epígrafe, resumo, sumário, introdução,
capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão dos dados, considerações finais e referências
bibliográficas.
4
disciplina de TCC II e em função disso o aluno-pesquisador está de parabéns, porém faz-se
necessário que o aluno cite quais são as questões que nortearam os objetivos da pesquisa.
Em se tratando dos objetivos, observei que no primeiro parágrafo da introdução já
consta um objetivo da pesquisa (o estudo do processo de construção da competência leitora
para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II), e no quarto parágrafo
constam outros objetivos (criar reflexões e práticas pedagógicas para auxiliar os
professores do Ensino Fundamental II sobre a importância da utilização de estratégias que
possam desenvolver a competência leitora em seus alunos, os tornando, assim, escritores
competentes e reflexivos sobre a necessidade da aquisição dessas competências e
habilidades para o prosseguimento da sua vida escolar).
Acredito ser de fundamental importância detalhar e destacar qual o objetivo geral e
os objetivos específicos do TCC, pois mesmo que estes objetivos citados pelo aluno
tenham relação eles são totalmente diferentes e, não estão em evidência, ou seja, não está
claro quais os objetivos da pesquisa. Isso acontece tanto na introdução quanto no resumo e
nas considerações finais do TCC. Sugiro que o aluno observe com cautela isso, mesmo
porque o título da pesquisa, as questões de pesquisa, os seus objetivos, o seu referencial
teórico e as considerações finais precisam estar sempre interligados e relacionados.
Os capítulos do referencial teórico estão muito bem desenvolvidos, detalhando a
contextualização histórica no Brasil sobre a leitura no cotidiano escolar, descrevendo no
capítulo II os conceitos que embasam a leitura e a escrita na escola e, consequentemente,
os seus efeitos na formação crítica do aluno e, ainda, apresentando no capítulo III as
categorias de análise sobre a formação do escritor competente através da aquisição de
habilidades leitoras, evidenciando que um dos caminhos facilitadores para a aquisição
dessas competências está no trabalho com diversos gêneros textuais, os quais farão com
que o aluno conheça várias estruturas de textos e a sua utilização social no seu cotidiano.
Destaco que ao realizar a leitura do referencial teórico observei que o aluno
Claudinei procurou, na maioria das vezes, não realizar ―cópias‖ dos pensares dos teóricos
por ele utilizados, sempre citando os autores das obras. O aluno está de parabéns por isso.
As considerações finais possibilitam o entendimento do caminho percorrido pelo
aluno-pesquisador, o qual destacou que proporcionar ao aluno do Ensino Fundamental II o
gosto pela leitura é um grande desafio que aflige a maioria dos profissionais de todos os
níveis educacionais. Isso, talvez, ocorra por uma má formação na base escolar, por uma
falta de acompanhamento familiar, por um direcionamento ineficaz por parte do professor,
ou seja, por diversos fatores que nem sempre são fáceis de explicar. No entanto, a busca
por caminhos que levem à procura de respostas é necessária e só poderão ser alcançadas
através do conhecimento embasadas em pesquisas conceituais e por iniciativas práticas
efetivadas no dia a dia escolar. Está é uma maravilhosa reflexão apresentada pelo aluno-
pesquisador. Muito bem!
Assim, acredito que o TCC está muito bem escrito, coeso, coerente e fluente,
seguindo as normas da ABNT, faltando apenas conferir algumas normas acadêmicas
propostas pela ABNT, pois em seu TCC o layout da página e os espaçamentos estão
diferentes do que é proposto pela ABNT, nas referências bibliográficas o espaçamento
deve ser simples e alinhado a esquerda, a fonte da paginação está diferente da fonte
5
do texto, conferir se todas as referências bibliográficas citadas no texto constam no
item estipulado para isso e assim por diante.
Ressalto, ainda, a relação da temática com a futura prática docente do pesquisador,
permitindo afirmar que o mesmo com certeza adotará uma postura de professor-
pesquisador após a realização deste TCC. Parabenizo pela escolha da temática abordada, a
qual é essencial para que os professores proporcionem a formação de leitores e escritores
cada vez mais críticos, questionadores e conscientes das condições e situações sociais em
que estão inseridos.
Frente às explanações anteriores, considera-se que o trabalho apresentado
atende aos critérios estabelecidos para a sua avaliação, apresentando grande
relevância social e educacional. Desta forma, atribuo nota setenta e cinco (75) ao
mesmo e parabenizo o pesquisador Claudinei pelo trabalho e espero que o mesmo
contribua com sua evolução enquanto aluno-pesquisador-professor. Parabéns
Claudinei!
São Carlos, 22 de dezembro de 2014.
Eliane Mahl
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Licenciatura em Pedagoga a Distância
SEad_UAB_UFSCar
PARECER 2
Assunto: Parecer do Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia
Parecerista: Tutor Sidnei Fernando de Souza Nascimento
Aluno: Claudinei Camolesi
Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi
Data: 22/12/2014
Nota: 80
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do aluno Claudinei Camolesi intitulado
“A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos
escritores no Ensino Fundamental II”atende todos os critérios estipulados para a sua
avaliação, pois o mesmo é composto por capa, folha de rosto, dedicatória, agradecimentos,
resumo, sumário, introdução, três capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão
dos dados, considerações finais e referências bibliográficas, porém esta não é a ordem
utilizada pelo aluno. Sugiro que o mesmo observe qual é a sequência correta de um TCC,
principalmente no que diz respeito aos elementos pré-textuais e organize adequadamente o
seu trabalho para que assim todos os itens estejam de acordo com as normas científicas
estipuladas para a elaboração do TCC na disciplina de TCC II do Curso de Pedagogia a
distância da UFSCar2
. Ressalta-se que no TCC do aluno Claudinei está faltando apenas a
epígrafe, que não é uma exigência em TCCs, mas é preciso organizar a sequência correta
dos elementos pré-textuais.
Quanto ao título está muito bem elaborado, provocando positivamente o leitor.
Além disso, reflete ao que consta em todo o TCC. Na introdução não aparece às questões
de pesquisa defendidas pelo autor, mas estão inseridas a justificativa, os objetivos e a
metodologia. Nesse sentido, você está de parabéns.
Em se tratando dos objetivos, observei que no primeiro parágrafo da introdução já
aparece um objetivo da pesquisa (o estudo do processo de construção da competência
2
Convém ressaltar que em um modelo de TCC que foi enviado aos alunos na disciplina de TCC II o
resumo vem antes dos elementos pré-textuais (dedicatória, agradecimentos, epígrafe), porém está ordem é
incorreta. O resumo sempre deve vir depois dos elementos pré-textuais. Então, a ordem correta de elaboração
de um TCC é capa, folha de rosto, agradecimentos, dedicatória, epígrafe, resumo, sumário, introdução,
capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão dos dados, considerações finais e referências
bibliográficas.
7
leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II), e no quarto
parágrafo estão postos outros objetivos (criar reflexões e práticas pedagógicas para auxiliar
os professores do Ensino Fundamental II sobre a importância da utilização de estratégias
que possam desenvolver a competência leitora em seus alunos, os tornando, assim,
escritores competentes e reflexivos sobre a necessidade da aquisição dessas competências e
habilidades para o prosseguimento da sua vida escolar).
Sugiro que o aluno responda sobre quais são as questões que nortearam os objetivos
de pesquisa. Além disso, o título da pesquisa, as questões de pesquisa, os seus objetivos, o
seu referencial teórico e as considerações finais necessitam estarem sempre interligados e
relacionados ao longo do texto. ok?
Os capítulos do referencial teórico estão muito bem desenvolvidos, detalhando a
contextualização histórica no Brasil sobre a leitura no cotidiano escolar, descrevendo no
capítulo II os conceitos que embasam a leitura e a escrita na escola e, consequentemente,
os seus efeitos na formação crítica do aluno e, ainda, apresentando no capítulo III as
categorias de análise sobre a formação do escritor competente através da aquisição de
habilidades leitoras, evidenciando que um dos caminhos facilitadores para a aquisição
dessas competências está no trabalho com diversos gêneros textuais, os quais farão com
que o aluno conheça várias estruturas de textos e a sua utilização social no seu cotidiano.
As considerações finais indicam o entendimento do caminho traçado pelo
professor-pesquisador, o qual se dirigiu ao aluno do Ensino Fundamental II o gosto pela
leitura é um grande desafio que aflige a maioria dos profissionais de todos os níveis
educacionais.
Isso, talvez, ocorra por uma má formação na base escolar, por falta de
acompanhamento familiar ou até por dificuldades dos docentes em lidar com metodologias
em sala de aula que não sejam ―tradicionais‖. O aluno fez uma bela reflexão no seu TCC,
parabéns Claudinei.
Ressalto, ainda, a relação da temática com a futura prática docente do pesquisador,
permitindo afirmar que o mesmo com certeza adotará uma postura de professor-
pesquisador após a realização deste TCC. Parabenizo pela escolha da temática abordada, a
qual é essencial para que os professores proporcionem a formação de leitores e escritores
cada vez mais críticos, questionadores e conscientes das condições e situações sociais em
que estão inseridos.
Frente às explanações anteriores, considera-se que o trabalho apresentado
atende aos critérios estabelecidos para a sua avaliação, apresentando grande
relevância social e educacional. Desta forma, atribuo nota oitenta (80) ao mesmo e
parabenizo o pesquisador Claudinei pelo trabalho e espero que o mesmo contribua
com sua evolução enquanto aluno-pesquisador-professor. Parabéns Claudinei!
São Carlos, 22 de dezembro de 2014.
Sidnei Fernando de Souza Nascimento
8
RESUMO
Esse trabalho apresenta uma reflexão sobre a relevância do desenvolvimento da
competência leitora como sendo um fator que possibilita o desenvolvimento cognitivo
do aluno e da sua inserção social nas sociedades letradas. Os contextos escolares e
familiares que trabalham essa competência ajudam o aluno a desenvolver também outra
competência que é a escritora. Muitos autores têm observado que os estudantes
apresentam mais facilidade para a leitura do que para a produção textual. Sendo assim,
esse trabalho objetivou o levantamento de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto,
na qual se buscou referências que explicitassem no que as competências desenvolvidas
por meio da leitura auxiliam o aluno a produzir textos que estão de acordo com aquilo
que se espera de um indivíduo letrado que está num momento importante da sua
formação, que é o Ensino Fundamental II. Atualmente muitas pesquisas mostram que as
crianças e jovens estão lendo cada vez menos e com isso deixam de desenvolverem
outras competências cognitivas, no caso, a escritora. Pensando nisso se observa a
importância dessa investigação com base na hipótese de que saber ler, ou seja, atribuir
significados ao que lemos, é de extrema importância à realidade social letrada em que
vivemos. Vê-se que a leitura é uma competência indispensável ao desenvolvimento
pleno de uma pessoa e que poderá torná-la de fato uma cidadã, quer dizer, um ser capaz
de interferir no ambiente em que vive e trabalha. Com esse levantamento bibliográfico
procurou-se fazer um paralelo entre o ato de ler e a ação de escrever com competência,
essa investigação será limitada aos alunos que possuem na sua proposta curricular a
produção de vários gêneros textuais com uma grande diversidade de temas. Espera-se
que o Trabalho de Conclusão de Curso seja um referencial aos professores de Língua
Portuguesa no seu dia a dia e que ele possa sanar algumas dúvidas referentes à
construção de competências.
PALAVRAS CHAVE: Competência leitora - Competência escritora – Letramento -
Ensino Fundamental II – Gêneros textuais
9
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que estiveram presentes nessa longa jornada que foi a
realização desse Curso de Pedagogia, pois sem o apoio e compreensão daqueles que nos
cercam e nos orientam seria muito difícil se chegar a essa fase final. Por muitos
momentos há a necessidade de se tomar algumas decisões que nem sempre nos
aproxima de pessoas que amamos, mas quando se colhe os frutos de uma formação
acadêmica percebe-se que valeu a pena cada segundo de estudo.
10
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha querida mãe que no seu jeito simples sempre
esteve presente para me ajudar naquilo que era preciso.
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 9
Capítulo 1 – Leitura no dia a dia escolar: contextualização histórica no Brasil nas
últimas décadas............................................................................................................. 13
1.1 Momentos distintos da formação leitora..........................................................
14
Capítulo 2 – Os conceitos que dão embasamento à importância e à necessidade da
leitura e da escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na vida do aluno...... 18
2.1 A leitura e a sua importância para a formação crítica do aluno....................... 20
2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – Língua Portuguesa) – uma
dimensão oficial sobre o papel da leitura e escrita na escola................................. 22
Capítulo 3 – A análise de dados na formação da competência escritora......................... 26
3.1 A formação do escritor competente através da aquisição de habilidades
leitoras..............................................................................................................................
27
3.2 Os diversos gêneros textuais como suporte para a formação do aluno
escritor.............................................................................................................................. 30
3.3 A Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica eficiente para
a construção da competência escritora............................................................................. 35
CONSIDERAÇÕES..FINAIS.......................................................................................... 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 40
12
1 INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como objetivo o estudo
do processo de construção da competência leitora para a formação de alunos escritores
no Ensino Fundamental II. O interesse pelo assunto já vem de longa data, desde quando
eu realizei um curso pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo intitulado
―Melhor Gestão – Melhor Ensino (MGME) – Aprofundamento de Conteúdos e
Metodologias - Língua Portuguesa‖ no qual foi discutido com profundidade a
importância da leitura e o estudo de gêneros para a construção de competências diversas
nos alunos dos 6º ao 9º anos, entre os conteúdos estudados se deu uma grande
importância para a formação da competência leitora centrada na leitura não literária e
nos textos literários e na competência escritora centrada nos processos de escrita e
reescrita.
Isso fomentou o interesse em saber mais sobre o assunto, e para isso, comecei a
realizar algumas leituras sobre o tema, me surpreendi ao descobrir que existe um grande
número de títulos que refletem os conceitos e as metodologias sobre o assunto.
Observa-se que vários autores nas últimas décadas estão empenhados em
construir uma vasta pesquisa sobre o tema ―competência leitora‖, no entanto é
necessário num primeiro momento um estudo mais aprofundado sobre o que é leitura,
as suas respectivas etapas e a sua fundamentação teórica para que num segundo
momento possamos inferir e compreender a sua importância e a sua influência na
formação de alunos escritores, principalmente no Ensino Fundamental II em que se
constata que existe uma grande dificuldade para a construção de textos que estejam de
acordo com aquilo que se espera de alunos que estão numa fase intermediária da sua
formação.
Objetiva-se com esse trabalho, criar reflexões e práticas pedagógicas para
auxiliar os professores do Ensino Fundamental II sobre a importância da utilização de
estratégias que possam desenvolver a competência leitora em seus alunos, os tornando,
assim, escritores competentes e reflexivos sobre a necessidade da aquisição dessas
competências e habilidades para o prosseguimento da sua vida escolar.
Para que o trabalho tenha um embasamento teórico numa primeira etapa será
realizada uma pesquisa bibliografia na obra ―O que é leitura?” da escritora e
pesquisadora Maria Helena Martins que desenvolve um trabalho voltado para a
13
formação de leitores. Esse enfoque inicial é de grande relevância, pois direcionará esse
trabalho de pesquisa para a importância da leitura nas bases escolares em que o
desenvolvimento intelectual e físico do aluno está aberto para novas descobertas e
saberes.
É importante ressaltar que a partir do momento que exista um direcionamento
correto para o ato de ler nas nossas crianças e jovens, possivelmente, se estará
construindo futuros escritores, porém é importante também destacar que alguns terão
maior facilidade e competência para a construção de textos do que outros, independente
do direcionamento.
Outra observação importante sobre o desenvolvimento de tais competências está
ligada diretamente ao papel das entidades educacionais e dos educadores em realizar
essa inserção ao universo da leitura de modo intenso e eficaz, pois nem sempre ela é
efetivada nos lares pelos pais, que também, na grande maioria, não tem esse hábito
desenvolvido. Somente com esse trabalho escolar voltado para a inserção das crianças e
jovens a esse universo que poderá se criar o querer aprender e a vontade de se ler nos
alunos.
Uma nova contribuição que será determinante para que possamos entender quais
estratégias os educadores podem utilizar para que os alunos entendam e codifiquem
aquilo que estão lendo para uma futura produção textual, é o trabalho realizado pela
autora Isabel Solé, principalmente na sua obra intitulada ―Estratégias de Leitura‖. A
escritora tem como objetivo ajudar os educadores e os profissionais da educação a
promover a utilização de estratégias leitoras que permitam uma interpretação e uma
compreensão melhor dos textos escritos.
É notória a dificuldade de compreensão e decodificação dos alunos quando se
deparam com um texto, os professores de todas as áreas sempre que possível ressaltam
que os alunos leem, porém nem sempre conseguem entender a mensagem – o campo de
significação - do texto. Com uma pesquisa bibliográfica nos trabalhos dessa escritora
poderemos observar que a construção da compreensão textual está ligada entre outras
situações aos conhecimentos prévios do leitor e os objetivos que essa sequência de
palavras tem para quem as leem, sendo que a leitura passa a ser um processo que se
estabelece entre o leitor e o texto. Tendo essa ação de ler como um direcionador para se
compreender algo que irá se materializar e se decodificar naquilo que o leitor/aluno
compreende, ou seja, aquilo que se aproxima do seu universo.
14
Ainda seguindo essa linha de levantamento bibliográfico, que visa entender a
influência da leitura na formação de escritores, se fará uma breve análise de um artigo
de Roxane Rojo - Letramento e capacidades de leitura para a cidadania (2002) – nessa
pesquisa se dará uma atenção aos procedimentos, estratégias e capacidades de leitura,
com esses conceitos o educador terá subsídios para o direcionamento adequado da
leitura em sala de aula, pois os professores também apresentam dúvidas e dificuldades
para um direcionamento correto de conteúdos e de estratégias eficazes no dia a dia em
sala de aula em que o ato de ler deve ser realizado de maneira contextualizada. Com
esse estudo mais aprofundado nas contribuições da autora se deseja que muitas dúvidas
ligadas ao desenvolvimento da competência leitora sejam sanadas.
Depois de um levantamento teórico sobre a história da leitura (MARTINS,
1997); as estratégias de leitura que podem ser utilizadas pelos educadores (SOLÉ, 1998)
e sobre o procedimento, estratégias e capacidade de leitura (ROJO, 2002), nós
passaremos a focar a pesquisa bibliográfica nos fatores que levam um aluno do Ensino
Fundamental II a desenvolver a sua competência escritora. Para isso analisaremos, num
primeiro momento, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua
Portuguesa, que determina como se trabalhar os gêneros textuais e quais os parâmetros
para a formação de um aluno escritor e o paralelo entre ler e escrever.
E por fim, faremos um levantamento da obra da autora LERNER (2002) ―Ler e
escrever na Escola - O real, o possível e o necessário‖, também outros autores ajudarão
a buscar as respostas para o que seja um leitor competente e a importância do trabalho
como os gêneros textuais e com as Sequências Didáticas, entre eles estão: LEAL
(2003), DOLZ E SCHNEUWLY (2004), ALMEIDA (2000), BAKTHTIN (1979) e
GERALDI (1993).
No entanto, durante o levantamento bibliográfico se dará uma abertura para
outros autores e suas obras que auxiliem no desenvolvimento de reflexões que estejam
de acordo com o que se espera para a construção de competências em alunos
conscientes da importância da leitura para a formação de escritores.
Este trabalho, além desta introdução, está estruturado em três capítulos, mais as
considerações finais. No primeiro capítulo ―Leitura no dia a dia escolar:
contextualização histórica no Brasil nas últimas décadas‖, explicitamos como a
competência leitora era ensinada de forma tradicionalista no Brasil e como ela é vista na
15
atualidade em que se valoriza a sua contextualização com textos de grande circulação –
há também uma análise dos momentos distintos da leitura no país.
O segundo capítulo intitulado ―Os conceitos que dão embasamento à
importância e à necessidade da leitura e da escrita na escola e, consequentemente, os
seus efeitos na vida do aluno‖ abarca numa primeira parte a importância de um trabalho
consciente da competência leitora e o professor como direcionador das diversas etapas
da aquisição do conhecimento do aluno. Num segundo momento se discute ―A leitura e
a sua importância para a formação crítica do aluno‖, há um levantamento de conceitos
sobre o aluno reflexivo e inteirado com o seu meio e, por fim, num terceiro momento
―Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – Língua Portuguesa) – uma dimensão
oficial sobre o papel da leitura e escrita na escola‖, se dá uma atenção ao que os
documentos oficiais rezam sobre a leitura e a escrita na escola.
O terceiro capítulo ―A análise de dados na formação da competência escritora‖
foi divido em três etapas. Neste estudo buscamos primeiro entender ―A formação do
escritor competente através da aquisição de habilidades leitoras” através de diversas
contribuições procurou-se chegar à resposta do que seja um escritor competente. Logo
após, com o subtítulo ―Os diversos gêneros textuais como suporte para a formação do
aluno escritor‖ faz-se um estudo sobre a importância dos gêneros textuais na formação
do aluno e, por fim, ―A Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica
eficiente para a construção da competência escritora” se enumera o que a SD
(Sequência Didática) pode contribuir assim como os gêneros textuais para a construção
do conhecimento do alunado.
O trabalho é finalizado com as Considerações Finais, na qual se fará uma
retomada breve do que foi abordado durante os Capítulos, refletindo sobre a questão de
pesquisa que nós nos propomos a analisar.
16
Capítulo 1 – Leitura no dia a dia escolar: contextualização histórica no Brasil nas
últimas décadas
Observando a importância do entendimento do campo que se pretende abordar
nesse trabalho, percebe-se que seja necessária a busca do conhecimento do seu contexto
no Brasil nos últimos anos, pois esse processo de formação leitora foi se construindo de
maneira teórica através dos diversos estudos acadêmicos que focaram a sua importância
através de uma relação dialógica entre o aluno e o mundo que o cerca.
Para que haja uma compreensão a respeito dessa transformação leitora que se
liberta de uma base tradicionalista para se instaurar uma base reflexiva no leitor, é
preciso entender como os procedimentos leitores e os seus objetivos se constituíram
num instrumento importante para se estabelecer uma relação que tem como princípio
uma leitura que não cultua apenas a decodificação do texto. Com isso foi se criando
condições necessárias de se produzir uma leitura e uma escrita que estivesse de acordo
com os gêneros textuais que são utilizados diariamente por nossos jovens no seu contato
com o mundo.
Para compreender como essa relação e a construção da competência leitora e
escritora se fundamentam no aluno do Ensino Fundamental II, é primordial
entendermos como o ato de ler foi evoluindo até os dias atuais. Para que isso seja
possível, haverá a necessidade do estudo de alguns autores de primazia importância.
Com os conceitos apresentados será possível visualizar o percurso histórico e conceitual
do tema em estudo, entre as contribuições podemos destacar Albuquerque (2008),
Barbosa e Souza (2006), Freire (1982), Isabel Solé (1998), (PCNS – 5ª a 8ª série –
Língua Portuguesa – 1998), entre outros.
Num primeiro momento, se constata que no Brasil o processo de leitura se
construiu e permeou através de um ensino voltado para o educador como o detentor da
aprendizagem, aquilo que ficou conhecido como ensino tradicional. Num outro
momento, passou a ser construído um paralelo no qual as práticas ligadas à leitura de
textos de diversos gêneros se atrelaram as relações humanas inserindo novas dimensões
contextuais, sendo que o advento tecnológico é o que mais contribuiu com esse novo
processo leitor.
Através dessa interação, em tempo real, com o mundo, novos gêneros textuais
passaram a fazer parte do cotidiano dos nossos jovens e com isso houve a necessidade
17
da construção de um novo olhar para a competência leitora e, consequentemente, isso
passou a influenciar na formação do que podemos chamar de alunos escritores
eficientes.
1.1 Momentos distintos da formação leitora
Durante muito tempo, o processo de escolarização no Brasil teve suas bases
fundamentadas em paradigmas de cunho tradicional. Com isso a competência leitora era
vista como algo autônomo e automático sem relação com os conhecimentos prévios do
aluno e sem a necessidade de se juntar a essa ação situações reflexivas.
Segundo BARBOSA e SOUSA (2006, p.14), ―a prática pedagógica do ensino da
leitura concedeu a primazia à decodificação de signos‖. A partir do momento que se
prioriza apenas um ensino estático, no qual aluno é podado de construir sentido ao se
deparar com um texto, confere-se a esse discente um papel passivo enquanto leitor e ser
social. Esse processo de estagnação fazia com que a leitura não assumisse um papel de
colocar o aluno diante de gêneros que ele se deparava no seu dia a dia.
Sobre essa visão reducionista sobre o ato leitor e uma leitura que priorizava
apenas a decodificação de palavras, BARBOZA; SOUZA (2006, p.15) discorrem: ―o
texto nada mais é que um depósito de informações, e a leitura é o ato de o leitor ler as
palavras para extrair as mensagens‖. Vemos que essa colocação dos autores resume uma
tendência tradicionalista e de submissão do aluno a um sistema que não o via como o
centro da aprendizagem – um protagonista – a sua posição era de um receptor de
conteúdos e de textos que visavam, apenas, à resolução de questões que muitas vezes
eram direcionadas exclusivamente para localização de respostas explícitas.
Esse processo de decodificação e localização de respostas esteve presente por
muito tempo nas nossas instituições de ensino, Angela Kleiman (1993 apud
MENEGASSI; CALCIOLARI, 2002, p. 82), ressalta que:
As práticas de leitura como decodificação não modificam em nada a
visão de mundo do leitor, pois se trata apenas de automatismos de
identificação e pareamento das palavras do texto com as palavras
idênticas em uma pergunta ou comentário.
Essa tendência que tinha a decodificação das palavras no texto como ―ideal‖ se
estendeu por muitas décadas. Até que em meados da década de 1980, novos estudos
18
foram realizados, nos quais os trabalhos acadêmicos apontavam para a construção de
um novo olhar conceitual e metodológico que focaria para uma nova forma de se
conhecer o ensino da literatura e da escrita.
Observa-se que essa produção voltada para uma melhor compreensão do ato de
ler tem recebido diversas obras da literatura acadêmica de outros países e também tem
havido um incentivo por parte dos órgãos acadêmicos para que esse foco seja
desenvolvido nos cursos de graduação e pós-graduação. Assim, a leitura passou a ser
vista como algo mais voltado para uma contextualização textual que priorizem as
escolhas e as necessidades do leitor e para que se estabeleça um paralelo naquilo que se
lê em consonância com situações que se aproximem de maneira mais efetiva daquilo
que é vivenciado em situações reais.
Com isso, a linguagem (leitura) deixava de ser vista como mero conteúdo
escolar e passava a ser entendida como um processo de interlocução. Segundo
SANTOS, (2002, p.30-31):
A aprendizagem da leitura e da escrita deveria ocorrer em condições
concretas de produção textual. Desloca-se o eixo do ensino voltado
para a memorização de regras da gramática de prestígio e
nomenclaturas.
Esse processo apontado por SANTOS (2002) coloca o leitor como um sujeito
ativo, fazendo com que haja uma maior interação e uma construção mais efetiva do
conhecimento.
Isabel Solé (1998) evidencia que para ocorrer essa construção do conhecimento
há a necessidade de um acúmulo de experiências, o respeito ao conhecimento prévio do
aluno e principalmente que a leitura seja visto como um processo construído em virtude
da elaboração de esquemas prévios. Segundo a autora: ―A leitura é um processo no qual
o leitor é um sujeito ativo que processa o texto e lhe proporciona seus conhecimentos,
experiências e esquemas prévios‖ (SOLÉ, 1998, p. 18). Ainda segundo a autora: ―ler
não é decodificar, mas para ler é preciso saber decodificar‖ (SOLÉ, 1998, p. 52), nesse
trecho a autora defende que o ensino do código é importante, porém deve se trabalhar
contextos significativos para o aluno e não situações que fogem do que a criança ou
jovem vivencia no seu dia a dia.
Essa condição concreta de produção textual está ligada a que Freire nomeia
como leitura do mundo, ou seja, esse engajamento leitor cria no aluno condições
19
necessárias para que ele entenda de forma coerente aquilo que se lê e passe a refletir
sobre a leitura como uma relação dialógica que se estabelece entre ele e o mundo. Freire
(1992) salienta o papel da leitura na vida do leitor:
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão
do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre o texto e o seu contexto. (FREIRE, 1992, p. 09)
Paulo Freire deixa claro no seu texto ―A importância do ato de ler‖ que não se
deve apenas decodificar as palavras de um texto, é necessário analisar as ―entrelinhas‖.
E para fazer essa leitura é importante trazê-la para o nosso mundo, entender o sentido
utilizado no texto para compreender a ideia do autor.
Percebe-se que a partir dessa nova maneira de se trabalhar a leitura, se
evidenciou diversas situações antagônicas entre o leitor decodificador de palavras de um
texto e aquele que lê nas entrelinhas e com isso ele passa a refletir sobre a sua posição
no mundo. Com essas novas concepções pedagógicas os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs – 5ª a 8ª série) passou a direcionar diretrizes que contemplassem a
formação da competência leitora e escritora dentro do âmbito escolar. Eis alguns dos
conceitos e determinações que norteiam a competência leitora e os seus agentes:
―A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção de significados do texto, dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o leitor, de tudo o que se sabe
sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de
escrita: decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se
de uma atividade que implica necessariamente, compreensão na qual
os sentimentos começam a ser construídos antes da leitura
propriamente dita, qualquer leitor experiente que consegue analisar
sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos
procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente envolve uma
série de outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e
verificação, sem os quais não é possível rapidez e fluência‖ (PCNs,
1998, p. 41)
Outro aspecto destacado pelos PCNs é que a escola ―deve organizar-se em torno
de uma política de formação de leitores. Todo professor, não apenas o de Língua
Portuguesa, é também professor de leitura‖ (PCNs, 1998, p. 42).
Sendo assim, para formar um leitor competente faz-se necessário compreender o
que lê e que saiba posicionar-se na busca de informações implícitas, que se ancoram nos
20
dados não fornecidos pelo autor. Para isso, esse leitor precisa de práticas constantes de
leitura de textos diversos que circulam socialmente.
Observamos que diferentemente daquela visão tecnicista e tradicional anterior a
década de 1980, atualmente as concepções de leitura visa uma interação entre leitor e
texto, e que quase todo o ato leitor tenha uma função crítica e social, isso dá a quem lê o
direito à opção, a um posicionamento próprio da realidade.
Percebe-se que essa necessidade de efetivação da competência leitora e escritora
tanto desejada pelos educadores faz parte de um processo que vem sendo construído
através das diversas contribuições acadêmicas que vem se materializando durante várias
décadas no nosso país, porém há a necessidade de um estudo constante para colocar em
prática, em sala de aulas, esses estudos.
21
Capítulo 2 – Os conceitos que dão embasamento à importância e à necessidade da
leitura e da escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na vida do aluno
A partir do momento que se criou um novo olhar dentro das nossas escolas para
a competência leitora e escritora, passou a se construir uma nova ferramenta pedagógica
de interlocução entre aquilo que o aluno lê e escreve.
Nas instituições de ensino, os profissionais ligados diretamente com a
linguagem passaram a enxergar na leitura e na escrita, instrumentos de socialização e de
uma construção cognitiva da aprendizagem. Nesse processo o aluno passou a
desenvolver certas competências e habilidades que proporcionaram a ele, entender de
maneira mais clara e ativa a sua posição na sociedade, e com isso, se construiu nele a
necessidade de uma participação mais efetiva em situações ligadas ao entendimento de
mundo através da leitura e escrita.
Essa interação mais ativa com a sociedade contemporânea tem os seus
fundamentos embasados a partir do momento em que se aceita esse ato de ler e escrever
como algo maior do que apenas ser alfabetizado. Quando o aluno passa a fazer uso da
leitura e da escrita, ele se transforma e cria um vínculo com os diversos aspectos que
estão diretamente ligados ao seu meio social, à cultura em que ele está inserido, a sua
construção cognitiva, a sua construção linguística, entre outros. Soares (2001) ressalta a
importância do aprender a ler e escrever como algo maior e que fará uma grande
diferença na vida de quem possui essas competências e habilidades:
―Em outras palavras: do ponto de vista individual, o aprender a ler e
escrever – alfabetizar-se, deixar de ser analfabeto, tornar-se
alfabetizado, adquirir a ‗tecnologia‘ do ler e escrever e envolver-se
nas práticas sociais de leitura e de escrita – tem conseqüências sobre o
indivíduo, e altera seu estado ou condição em aspectos sociais,
psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, lingüísticos e até mesmo
econômicos; do ponto de vista social, a introdução da escrita em um
grupo até então ágrafo tem sobre esse grupo efeitos de natureza social,
cultural, política, econômica, lingüística.‖ (SOARES, 2001, p. 17)
Assim como Soares (2001), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de
Língua Portuguesa se observa o quanto o domínio dessas competências podem fazer a
diferença na formação do aluno como um ser ―antenado‖ e inteirado com o mundo,
também é destacado o papel da escola e do professor como responsáveis por essa
formação do aluno e a sua constituição social:
22
―O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de
plena participação social, pois é por meio dela que o homem se
comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de
vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento.
Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização
social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de
garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos
necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de
todos‖. (BRASIL, 1997, p. 23)
Através desses conceitos se nota a importância do professor enquanto
direcionador da construção da competência leitora e escritora e a escola como a
instituição que tem o papel de proporcionar ao aluno a oportunidade do conhecimento
de situações novas de aprendizagem que passarão a fazer parte da sua vida dentro e fora
da escola. Silva (2002) deixa claro o quanto o professor é um diferencial para a
efetivação da leitura escolar.
[...] para o ensino e a dinamização da leitura escolar, o trabalho do
professor merece maior atenção. Isso porque, sem um professor que,
além de se posicionar como um leitor assíduo, crítico e competente,
entenda realmente a complexidade do ato de ler, as demais condições
para a produção da leitura perderão em validade, potência e efeito.
(SILVA, 2002, p. 22).
Segundo o autor, para que se entenda e se ensine a leitura, é necessário que o
professor seja também um leitor assíduo, crítico e competente, pois só assim, ele
conseguirá entender quais direcionamentos devem ser realizados. O aluno, geralmente,
vê nas pessoas mais velhas que o cerca - como seus pais e professores – exemplos a
serem seguidos, então cabe a esses profissionais e responsáveis, a construção de
situações positivas que possam servir de modelos a essas crianças e jovens.
Outro aspecto importante sobre esse processo leitor, é que não compete somente
à escola o papel de incentivar a leitura, mas a todos que se sentem envolvidos no
processo de formação de cidadãos autônomos, reflexivos, críticos e criativos.
Certamente, quando se trabalha com a literatura infantil ou textos diversos – tanto na
escola como no lar do aluno – esse processo leitor passa a ser visto como um recurso
pedagógico que dará as bases para a criação do hábito leitor e de conscientização na
criança e no jovem. Isso porque a partir da prática leitora, como sugerem os PCN's,
pode-se:
Ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada;
estimular o desejo de outras leituras; possibilitar a vivência de
emoções, o exercício da fantasia e da imaginação; permitir a
23
compreensão do funcionamento comunicativo da escrita: escreve-se
para ser lido; expandir o conhecimento a respeito da própria leitura;
aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares — condição para a
leitura fluente e para a produção de textos; possibilitar produções
orais, escritas e outras linguagens; informar como escrever e sugerir
sobre o que escrever; ensinar a estudar; possibilitar ao leitor
compreender a relação que existe entre a fala e a escrita; favorecer a
aquisição de velocidade na leitura; favorecer a estabilização de formas
ortográficas. (PCN's, 2000, p. 64-65)
É notório que a construção da competência leitora e escritora abrangem diversos
aspectos de inserção social e cultural e que a partir a aquisição dela, estaremos
formando cidadãos críticos e atuantes.
2.1 A leitura e a sua importância para a formação crítica do aluno
O ato de ler está muito ligado ao universo no qual o sujeito está inserido. Ler
foge um pouco de padrões e trabalha diversos aspectos que estão diretamente ligados ao
universo de quem se propõe a compreender aquilo que o cerca. Enfim, ler requer além
de competências básicas como o saber decodificar as informações, até outras mais
complexas como um diálogo que se estabelece entre o leitor e o que está sendo
informado. Segundo Martins (1994, p. 30-31):
Seria preciso, então, considerar a leitura como um processo de
compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por
meio de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere tanto a algo
escrito quanto a outros tipos de expressão do fazer humano,
caracterizando-se também como acontecimento histórico e
estabelecendo uma relação igualmente histórica entre o leitor e o que é
lido. [...] As inúmeras concepções vigentes de leitura, grosso modo,
podem ser sintetizadas em duas caracterizações:
1 - Como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por
meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento
estímulo-resposta;
2 - Como um processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica
envolve componentes sensoriais, emocionais, intelectuais,
fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e
políticos.
Conforme a autora, o ato de ler passa a ser mais do que palavras organizadas em
um texto, essa competência sempre irá depender do que a pessoa já traz consigo, das
experiências adquiridas ao longo da sua vida. Aqui observamos que são apresentadas
duas situações distintas, aquelas ligadas com a leitura mecanicista (do condicionamento
24
estímulo-resposta) e a que dá um significado mais abrangente (através dos sentidos, da
posição política e cultural) e que aproxima o aluno do texto. A partir dessas
particularidades que se estabelecem através leitura é que se formará uma visão crítica no
aluno.
É importante ressaltar que todos esses direcionamentos leitores têm na figura do
professor, um profissional que direcionará o aluno a interpretar e a entender aquilo que
ele decodifica no texto, também fará com que ele passe a enxergar as mensagens
implícitas nas entrelinhas que se não houver um preparo adequado podem passar
despercebidas para um leitor pouco atento. Com isso haverá uma relação da mensagem
com aquilo que o aluno vivencia e se respeitará o seu conhecimento prévio, tornando
assim a leitura mais agradável e prazerosa.
Percebe-se que um direcionamento correto é necessário, pois o educador é
aquele profissional que fará com que desperte no aluno o gosto pelo ato de ler e isso é
fundamental para a construção da competência leitora e futuramente ou de maneira
concomitante para a construção da competência escritora com consciência e
criatividade.
A partir desse olhar mais atento e desse novo direcionamento que foge apenas da
decodificação de palavras, os professores passaram a compreender melhor a função da
leitura em suas diferentes modalidades que podem ser realizadas para pura apreciação
de uma obra, para atribuir sentido e localizar informações explícitas e implícitas num
texto, para se interar de alguma informação importante, para efetivar uma pesquisa, para
estabelecer uma comparação com outras leituras, etc.
Em virtude disso, o que vem ocorrendo dentro da sala de aula é que a leitura está
se tornando uma atividade central, ocorre diariamente e, com isso, os professores têm
mostrado aos seus alunos a sua importância e a sua necessidade. Sobre a compreensão
da leitura e adaptação de textos a realidade do aluno, Solé (1998) dá a seguinte
contribuição:
As estratégias de compreensão em leitura – procedimentos que
tendem à obtenção de uma meta e que permitem fazer avançar a ação
do leitor, embora não possam ser prescritas totalmente – não estão
sujeitas de forma exclusiva a um tipo de conteúdo ou a um tipo de
texto, podendo adaptar-se a diferentes situações de leitura. (SOLÉ,
1998, p. 97)
Observa-se que o direcionamento do professor é de extrema importância nesse
processo de construção da competência leitora e escritora no aluno, que deve trabalhar
25
com uma diversidade substancial de gêneros textuais, pois somente com o
conhecimento de diversos tipos de textos é que o aluno conseguirá aproximar aquilo que
ele lê de situações reais vividas no seu dia a dia. Ainda sobre a importância da
contextualização da leitura e das estratégias de compreensão do texto, Rojo (2002, p.02)
ressalta:
Mas ser letrado e ler na vida e na cidadania é escapar da literalidade
dos textos e interpretá-los, colocando-os em relação com outros textos
e discursos, de maneira situada na realidade social; é discutir com os
textos, replicando e avaliando posições e ideologias que constituem
seus sentidos; é, enfim, trazer o texto para a vida e colocá-lo em
relação com ela. Mais que isso, as práticas de leitura na vida são muito
variadas e dependentes de contexto, cada um deles exigindo certas
capacidades leitoras e não outras.
Percebe-se que a autora dá grande importância a capacidade do aluno em
construir significados naquilo que está lendo e com isso ele passa a transportar de forma
gradual essa aprendizagem para situações pontuais e reais.
A partir dessas contribuições teóricas, o que se observa é que todas estão dando
significativa importância ao papel do educador na construção de estratégias e
competências leitoras e que só com um método voltado de aproximação da leitura com
aquilo que aluno conhece é que se conseguirá alcançar resultados positivos na formação
do cidadão crítico.
2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – Língua Portuguesa) – uma
dimensão oficial sobre o papel da leitura e escrita na escola
Os PCNs de Língua Portuguesa (5ª a 8ª série) rezam que os textos produzidos
pelos alunos refletem o seu domínio em relação à utilização da língua materna, também
são termômetros daquilo que ainda o aluno precisa dominar. A leitura nesse processo
tem uma grande importância, pois através das práticas de escuta e leitura podem-se
constituir competências para que haja a produção de textos que estejam de acordo com
formação de um aluno escritor.
O texto produzido pelo aluno, seja oral ou escrito, permite identificar
os recursos lingüísticos que ele já domina e os que precisa aprender a
dominar, indicando quais conteúdos precisam ser tematizados,
articulando-se às práticas de escuta e leitura e de análise lingüística.
(PCN – Língua Portuguesa - 5ª a 8ª série, 1998, p.39)
26
Os PCNs (Língua Portuguesa - 1ª a 4ª série) ressaltam que a competência leitora
e a competência escritora devem caminhar juntas, e se faz uma observação muito
importante: ―alguém que lê muito, não é automaticamente, alguém que escreve bem‖.
Observa-se que quando se trabalha a competência leitora, se tem como primeiro
objetivo formar leitores que sejam também capazes de produzirem bons textos, porém,
isso não deve ser encarado como uma regra, pois a produção textual demanda de
diversas habilidades e capacidades cognitivas que somente com o ato de se ler, talvez
não seja capaz de saná-las.
Através desses direcionamentos dos PCNs, é possível construir um olhar sobre a
importância da escola na formação de leitores e escritores. Observamos que além do
desenvolvimento cognitivo do aluno a escola também tem uma função social e é sobre
essa necessidade da formação do cidadão que Paulo Freire (1994, p. 98), dá a sua
contribuição: ―a leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta
implica a continuidade da leitura daquele‖. Vemos aqui que o autor através desse trecho
ressalta que o texto e mundo se confundem: a leitura e/ou a escrita do texto pode
decifrar o mundo. Sendo assim, temos o ambiente escolar como um agregador que deve
proporcionar ao aluno opções, possibilidades e prazeres de leitura e escrita de textos.
Lerner (2002, p. 17-18) discorre sobre a necessidade de se implantar a leitura e a
escrita nas escolas, ela afirma que:
O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que
recorrem aos textos buscando resposta para os problemas que
necessitam resolver, tratando de encontrar informação para
compreender melhor algum aspecto do mundo que é o objeto de suas
preocupações, buscando argumentos para defender uma posição com a
qual estão comprometidos, ou para combater outra que considera
perigosa ou injusta, desejando conhecer outros modos de vida,
identificar-se com outros autores e personagens ou se diferenciar
deles, viver outras aventuras, inteirar-se de outras histórias, descobrir
outras formas de utilizar a linguagem para criar novos sentidos... O
necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que
produzem seus próprios textos para mostrar suas idéias, para informar
sobre fatos que os destinatários necessitam ou devem conhecer, para
incitar seus leitores a empreender ações que consideram valiosas, para
convencê-los da validade dos pontos de vista ou das propostas que
tentam promover, para protestar ou reclamar, para compartilhar com
os demais uma bela frase ou um bom escrito, para intrigar ou fazer
rir... O necessário é fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita
sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos
poderosos que permitem repensar o mundo e reorganizar o próprio
27
pensamento, onde interpretar e produzir textos sejam direitos que é
legítimo exercer e responsabilidades que é necessário assumir.
A autora ressalta a importância da escola na formação de leitores, mas não um
simples leitor, objetiva-se formar alunos que procuram nos textos situações que irão
direcionar a sua formação intelectual e crítica. A partir do momento que a leitura ganhe
contextos que chamem a atenção do aluno e façam com que ele passe a refletir sobre a
importância do desenvolvimento dessa competência, ele verá o ato de ler como uma
ferramenta de manifestação e de formação necessária para a sua inserção social.
Ainda segundo a autora, a escola e os profissionais da educação têm um papel
fundamental para que os alunos criem um senso crítico e passem a ver a escrita como
um objeto de ensino, chegando assim, a produção de textos competentes e autônomos:
O desafio é formar leitores que saberão escolher o material escrito
adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e
não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro.
O desafio é conseguir que os alunos cheguem a ser produtores de
língua escrita, conscientes da pertinência e da importância de emitir
certo tipo de mensagem em determinado tipo de situação social, em
vez de se treinar unicamente como copistas que reproduzem – sem um
propósito próprio – o escrito por outros, ou como receptores de
ditados cuja finalidade – também estranha – se reduz à avaliação por
parte do professor. O desafio é conseguir que a escrita deixe de ser na
escola somente um objeto de avaliação, para se constituir realmente
num objeto de ensino chegar a leitores e produtores de textos
competentes e autônomos (LERNER, 2002, p. 27-28).
Sabemos que em virtude da correria do dia a dia, os profissionais de língua
portuguesa nem sempre conseguem direcionar a sua aula para trabalhar aspectos
relevantes a formação desse ato crítico de escolhas textuais, principalmente com alunos
do Ensino Fundamental II, porém essa base deve ser trabalhada, pois a partir do
momento que o aluno compreenda o que lê, ele vai criando subsídios necessários para
escrever também aquilo que lhe cause prazer ou que ele compreenda que seja necessário
para a construção de um texto que irá ser valorizado e apreciado pelos seus colegas e
professores.
Uma questão interessante para reflexão seria: ―Por que trabalhar essa leitura
crítica no Ensino Fundamental II e não apenas no Ensino Médio em que o aluno já tem
certa maturidade?‖. Talvez a resposta esteja embasada no seguinte raciocínio: é
importante que essa formação leitora tenha as suas bases em textos que trazem certa
ludicidade, como um conto, uma fábula, uma crônica, entre outros, é também necessário
28
compreender que não são apenas os textos dissertativos que apresentam situações
controversas e, por isso, são os únicos que podem ser opinativos e reflexivos.
Percebemos que esse trabalho com a leitura deve ter as suas bases desde cedo na
formação do aluno, pois somente assim, ele passará a construir competências que serão
direcionadas em diversas ações escolares, inclusive na formação crítica e na escrita.
29
Capítulo 3 – A análise de dados na formação da competência escritora
Em relação à metodologia desenvolvida no trabalho, ela foi construída através
de um estudo qualitativo de cunho bibliográfico, em que se utilizaram pesquisas
baseadas em livros, em teses e em periódicos relacionados com o objetivo de se
responder a questão de pesquisa: A importância do desenvolvimento da competência
leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II.
A pesquisa foi dividida em três partes para uma melhor fundamentação teórica:
na primeira, além de uma breve contextualização histórica, também se pesquisou os
aspectos relacionados à formação da competência leitora nos alunos e o papel do
professor nesse processo, as principais obras que deram esse suporte para esse primeiro
momento foram MARTINS (1994); SOLÉ (1998) e ROJO (2002), entre outros.
Na segunda parte, se pesquisou o que se espera de um aluno com a competência
escritora no Ensino Fundamental II, ou seja, a formação do aluno escritor, sendo que os
objetos de pesquisa foram o PCNs – Língua Portuguesa – de 5ª a 8ª série (1998) e o de
1ª a 4ª série (1997). Nela procurou-se realizar um levantamento de conceitos
diretamente ligados à importância dada a leitura dentro do ambiente escolar, fazendo
com que essa competência passe a ser uma ferramenta eficaz para a aquisição de
conhecimentos sobre os diversos assuntos que fazem parte do mundo social e cultural
do aluno. Outra ênfase está ligada a importância do direcionamento correto, através do
professor, para que o aluno consiga desenvolver a capacidade e a habilidade leitora, e
assim, passe a ser um leitor eficiente que conseguirá produzir os seus próprios textos.
E por fim, na terceira parte trabalharam-se três aspectos para estabelecer
conceitos que deem conta de se refletir sobre a questão de pesquisa: 1- a importância do
escreverem textos de acordo com o que se espera de um aluno escritor competente do
Ensino Fundamental II, 2- a utilização dos gêneros textuais trabalhados nessa fase de
escolarização e 3- a Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica para
que o professor atinja os objetivos para fazer com que os alunos escrevam os seus
próprios textos através de uma metodologia construída em etapas. As obras de apoio
foram ALMEIDA (2000); LERNER (2002); BAKHTIN (1979); LEAL (2003), entre
outros.
Nesses apontamentos sobre a utilização de tais ferramentas pedagógicas
(gêneros textuais e SD), se procurou alicerçar a reflexão ao objetivo central que é a
30
elaboração de conceitos que deem conta de um aprofundamento maior na questão
levantada no início desse trabalho. Para isso, o objetivo foi apontar possíveis
intervenções, como também, fazer um levantamento em diversas obras que tratam da
importância da escrita no Ensino Fundamental II.
Para que o trabalho contemplasse todas as etapas de maneira satisfatória foi
necessária uma leitura intensiva de autores que escreveram sobre o assunto e
desenvolveram conceitos relevantes através de pesquisas, sendo que esses autores são
conhecidos e respeitados no âmbito acadêmico, suas contribuições deram a base para a
efetivação desse trabalho bibliográfico.
3.1 A formação do escritor competente através da aquisição de habilidades
leitoras
Primeiramente, é necessário refletir sobre o conceito de escritor competente. A
escola tem com uma das suas missões a de proporcionar no aluno diversas maneiras de
aquisição do ato leitor, sendo que essa construção do conhecimento se refletirá na
competência ligada à escrita de textos úteis no dia a dia desse aluno. Para que isso
ocorra, vê-se a necessidade de se implantar de forma ativa e em conjunto essas duas
ações - a leitura como base de conhecimento e a escrita como fruto dessa aquisição e
uma ferramenta de reflexão e interação com o mundo.
Observamos que a leitura e a escrita se complementam, a partir do momento que
se estabelece uma sintonia daquilo que se lê com aquilo que está em sua volta, passa-se
a obter um suporte para aquilo que se escreve. Essas duas competências proporcionará a
construção de uma escrita viva e ativa, na qual o escrever passará a fazer parte da
necessidade de formação de um aluno que vê nessas competências uma oportunidade de
se manifestar e intensificar a sua participação sociocultural.
A partir dessas colocações, constata-se que ler e escrever passa a se constituir
em instrumentos poderosos de reflexão que fará com que o aluno reorganize o seu
pensamento, tendo na produção textual uma ferramenta na qual se estabelecerão os seus
direitos e a necessidade de assumir responsabilidades diante do contexto no qual ele está
inserido, ou seja, a leitura e a escrita, assumem um papel maior do que serem apenas
considerados instrumentos cognitivos, é uma maneira de interação e reflexão sobre a
vida em sociedade.
31
Ainda a respeito dessa complementação da leitura e da escrita, os PCNs
ressaltam que: ―[...] são práticas que permitem ao aluno construir seu conhecimento
sobre os diferentes gêneros, sobre os procedimentos mais adequados para lê-los e
escrevê-los e sobre as circunstâncias do uso da escrita.‖ (PCN. Séries iniciais, p.38)
Porém a formação desse aluno consciente e competente na produção de textos
está ligada diretamente a uma mudança na concepção do ensino da leitura e da escrita
na escola. A leitura e a escrita por muito tempo foi encarada como algo que deveria ser
absorvida de forma automática e estática, havia uma privação de uma construção da
aprendizagem ativa e consciente. Muitas vezes o aluno era obrigado a absorver textos e
transcrevê-los de maneira descontextualizada com aquilo que ele vivenciava no seu
âmbito sociocultural. No entanto, com um trabalho intensivo é possível conseguir com
que os alunos cheguem a serem produtores de língua escrita, mas com a consciência da
importância de tal ação, e não de forma automática sem que haja previamente o
estabelecimento de objetivos.
Outra observação importante é que a escrita deixe de ser apenas uma ferramenta
excludente na qual o professor a utilize apenas como um objeto pontual de avaliação. É
preciso dimensionar essa competência para algo mais produtivo que se objetive na
construção de um objeto de ensino, agregador de conhecimentos e um meio em que se
possa refletir a própria aprendizagem. Com isso, se chegará a leitores e a produtores de
textos competentes e autônomos que realizarão essa tarefa pedagógica com
determinação e prazer.
Sabemos que estabelecer essas metas não é uma missão fácil, principalmente
com alunos que estão numa fase intermediária da aprendizagem. No entanto, a partir de
um trabalho voltado para um ensino que tenha o aluno como o protagonista e o
construtor ativo do seu conhecimento, será possível fundamentar uma mudança de
paradigmas que passará a priorizar a formação consciente dos estudantes que
estabelecerão como meta na sua produção de textos a construção de uma ferramenta
discursiva que fará a diferença naqueles que serão os seus leitores, ou seja, os
apreciadores dos seus textos.
Ainda sobre essa conscientização escritora voltada para a formação do aluno,
LEAL (2003, p. 54-55), enfatiza sobre a importância de reflexão no momento da escrita,
e a valorização por parte do professor daquilo que foi produzido:
32
Para que se escreve? Uma das respostas possíveis é: para ser lido e
compreendido. Reconhecemos, de antemão, que os alunos, quando
produzem os seus textos, em qualquer momento de sua vida escolar,
esperam uma resposta ao que produziram. [...] Portanto, o aprendiz (o
aluno), na escola, ao dar lugar à compreensão responsiva ativa do
outro (o professor), espera dele algum retorno, não um retorno
qualquer, mas algo capaz de permitir uma dialogia, entendendo-a
como um momento de produção de sentido, de dizeres e de trocas
significativas.
A partir desses conceitos estabelecidos sobre a importância e a necessidade de
um olhar consciente tanto por parte de quem produz o texto (alunos) como de quem
direciona as atividades (professores) em relação ao porquê escrever e qual seria o
resultado esperado dessa atividade, fica evidente que deve existir dentro de um
ambiente escolar (sala de aula) uma relação dialógica entre o professor e o aluno. Não é
possível direcionar e realizar uma atividade e não se refletir sobre os resultados. O aluno
espera do seu professor um ―feedback‖ daquilo que construiu. Somente com essa
relação dialógica estabelecida é que se poderão obter os resultados esperados tanto por
quem ensina como por quem aprende.
Depois dessa breve reflexão sobre a necessidade de uma conscientização
escritora, sobre a importância da aquisição de recursos leitores e de um direcionamento
correto da atividade escritora por parte dos educadores, já se torna possível fundamentar
alguns conceitos sobre o que venha a ser um escritor competente.
O escritor competente é aquele que na sua produção textual conhece as
possibilidades que estão postas sócio e culturalmente durante a realização dessa tarefa, é
o portador da capacidade de selecionar o gênero textual (discurso) adequado para que o
seu texto tenha sentido e seja convincente para o seu leitor, ou seja, é um observador
atendo do seu meio social e cultural. É, ainda, um escritor competente, aquele que seja
capaz de recorrer, com sucesso, a outros textos quando se necessita utilizar fontes
escritas para a sua própria produção.
Quanto a essa seleção do gênero textual pelo escritor, ela passa a ser de extrema
importância, pois determinam quais são as intenções de tal produção e os seus objetivos
tendo em vista quem irá se deparar com a produção escrita.
Vemos que a missão do professor dentro do Ensino Fundamental II não é fácil,
pois sabemos que um grande desafio da escola é formar alunos leitores e escritores
competentes, capazes de usar a leitura e a escrita em diferentes circunstâncias e
33
contextos. Observamos que um dos caminhos que pode ser um facilitador para a
aquisição dessas competências, está no trabalho com diversos gêneros textuais que farão
com que o aluno conheça várias estruturas de textos e a sua utilização social no dia a dia
e, com isso, ele consiga construir competências e habilidades diversas que lhe darão
uma base sólida em momentos de produção escrita e que farão parte do seu universo
enquanto um escritor competente e um leitor ativo e inteirado com aquilo que o cerca.
3.2 Os diversos gêneros textuais como suporte para a formação do aluno
escritor
Através do agrupamento dos gêneros possibilita-se aos professores trabalharem
diversos tipos de textos tendo em vista os domínios sociais de comunicação e as
capacidades de linguagem que possuem.
Um dos papéis fundamentais da escola é a de preparar o aluno para o
estabelecimento de uma interação plena com a sociedade, em especial com a letrada.
Através do letramento o jovem consegue exercer a sua condição enquanto cidadão e
passa a ter consciência da sua posição sociocultural.
Nesse ponto a construção da aprendizagem ligada à produção textual o auxilia a
ser valorizado e ―aceito‖ enquanto sujeito, uma vez que por meio de enunciados escritos
é que se constrói uma interação em seu meio, se expõe o seu posicionamento e se age
com o mundo. GERALDI (1993, p. 135) considera a produção de textos ―como ponto
de partida de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua [pois] é no texto que a
língua se revela em sua totalidade‖.
No Ensino Fundamental II, por se considerar a produção de textos uma
competência de extrema importância para a formação do aluno, o foco principal do
ensino está ligado à leitura e à escrita, as suas bases estão fundamentadas basicamente
na teoria de gêneros textuais, no qual o desenvolvimento desse conhecimento dará um
suporte para que os alunos saibam adaptar suas atividades aos eventos sociais
comunicativos, ou seja, o trabalho com gêneros textuais diversos propicia aos alunos
um conhecimento amplo de diversos textos e o seu uso nas mais diversas situações
sociais.
É importante apresentar ao aluno essa possibilidade de construção cognitiva,
pois por se tratar de uma fase intermediaria da aprendizagem, o aluno é convidado a
34
descobrir novos tipos de textos que se diferenciam em relação a sua estrutura, a sua
aplicabilidade e a sua construção semântica.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) essa importância dada ao
conhecimento de diversos gêneros está ligada diretamente com aquilo que o aluno
encontra na vida diária, com padrões sociocomunicativos característicos, definidos por
composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos variados. Ainda sobre este
propósito, Dell‟Isola (2007, p.12) afirma:
Como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa (PCNLP) é imprescindível o investimento no trabalho com
gêneros textuais em sala de aula, pois os alunos devem ser capazes de
ler textos de diferentes gêneros ―combinando estratégias de decifração
com estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação‖.
Quanto a essa necessidade de descoberta de diferentes tipos de textos e como
resultado o estabelecimento de uma interatividade com o mundo, os PCNs ressaltam a
importância que o ensino de língua portuguesa propicia aos indivíduos envolvidos nos
processos de ensino a aprendizagem, o conhecimento necessário para se interagir
produtivamente com seus pares em diferentes atividades discursivas, com isso ele
aponta a importância do domínio ativo do discurso que:
no processo de ensino e aprendizagem dos diferentes ciclos do ensino
fundamental espera-se que o aluno amplie o domínio ativo do discurso
nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas instâncias
públicas de uso da linguagem, de modo a possibilitar sua inserção
efetiva no mundo da escrita, ampliando suas possibilidades de
participação social no exercício da cidadania (PCN-EF, 1999, p. 32).
Ainda segundo os PCNs: Todo texto se organiza dentro de determinado gênero
em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos
discursos, as quais geram usos sociais que os determinam (PCN-EF, 1999, p. 21).
Observa-se que os PCNs de língua portuguesa determinam que todos os textos
trabalhados oralmente e produzidos através da produção escrita dos alunos estão
alicerçados em gêneros textuais diversos e cada um possui um valor comunicativo nos
quais os estudantes poderão estabelecer uma integração maior com a sociedade letrada.
Isso proporcionará com que eles exerçam um papel de protagonistas no qual se valoriza
essa interação do ser humano com o seu meio, haverá também um uso correto dos
textos em diversas situações práticas.
35
Ainda sobre essa importância integradora, segundo Dolz e Schneuwly (2004), os
gêneros têm se tornado um instrumento que possibilita exercer uma ação linguística
sobre a realidade, com isso o aluno terá através da leitura e da sua produção textual uma
maior interação com situações de letramento e uma aquisição maior de competências e
habilidades. Os autores apresentam os seguintes agrupamentos de gêneros:
Quadro 01: Aspectos tipológicos
Domínios sociais de
comunicação
Capacidades de linguagem
dominantes
Exemplos de gêneros orais e
escritos
Cultura literária ficcional NARRAR
Mimeses da ação através da
criação de intriga.
Conto maravilhoso
Fábula
Lenda
Narrativa de aventura
Narrativa de ficção científica
Narrativa de enigma
Novela fantástica
Conto parodiado
Documentação e
memorização de ações
humanas
RELATAR
Representação pelo discurso
de experiências vividas,
situadas no tempo.
Relato de experiência vivida
Relato de viagem
Testemunho
Curriculum Vitae
Notícia
Reportagem
Crônica esportiva
Ensaio biográfico
Discussão de problemas
sociais controversos
ARGUMENTAR
Sustentação, refutação e
negociação de tomadas de
posição.
Texto de opinião
Diálogo argumentativo
Carta do leitor
Carta de reclamação
Deliberação informal
Debate regrado
Discurso de defesa (adv.)
Discurso de acusação (adv.)
Transmissão e construção de
saberes
EXPOR
Apresentação textual de
diferentes formas dos saberes.
Seminário
Conferência
Artigo ou verbete de
enciclopédia
Entrevista de especialista
Tomada de notas
Resumo de textos expositivos
ou explicativos
Relatório científico
Relato de experiência
científica
Instruções e prescrições DESCREVER AÇÕES
Regulação mútua de
comportamentos.
Instrução de montagem
Receita
Regulamento
Regras de jogo
Instruções de uso
Instruções
(DOLZ E SCHNEUWLY, 2004, p. 121)
36
Através do agrupamento dos gêneros possibilita-se aos professores trabalharem
diversos gêneros tendo em vista os domínios sociais de comunicação e as capacidades
de linguagem que possuem. É importante durante todo o Ensino Fundamental
apresentar ao aluno as diversas possibilidades de se escrever conforme a necessidade de
cada situação, somente assim, se estabelecerá objetivos claros e reais.
Quando se fala em gêneros textuais também não podemos se esquecer de
envolver Bakhtin, que, em sua época, realizou relevante estudo sobre os gêneros
discursivos que, até os dias atuais, são utilizados com determinadores de pesquisas. Para
ele:
a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque
são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e
porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de
gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se
desenvolve e se complexifica um determinado campo (BAKHTIN,
([1979], 2003, p.262).
O autor atribui um valor inesgotável ao trabalho com esse tipo de ferramenta
pedagógica ligada à atividade humana que passa a ser importante na interação daquilo
que o aluno escreve com o que ele observa e utiliza no seu dia a dia, pois sempre um
texto estará ligado a uma ação ou atividade existente ou que ainda irá se firmar como
uma nova modalidade textual.
A partir do momento que o professor apresenta ao aluno a necessidade de se
conhecer e de se colocar em prática aquilo que é preciso para uma produção textual
competente e que esteja condizente com o que se espera de um cidadão letrado, tem-se
nos gêneros textuais um suporte pedagógico importante para esse educador. Isso porque
ao se trabalhar com os mais diversos tipos de textos oportuniza ao aluno uma atividade
e um trabalho ativo com situações reais, isso vem facilitar de forma significativa os
objetivos da formação escritora do aluno. MARCUSCHI (2002, p. 35) ressalta essa
interatividade com o trabalho com gêneros textuais em ―uma oportunidade de se lidar
com a linguagem em seus mais diversos usos autênticos no dia a dia‖.
Esses ―usos autênticos do dia a dia‖ citado por Marcuschi (2002) é de extrema
importância, pois a partir do momento que o aluno entenda quais são os objetivos e o
porquê de tal proposta de produção, ele conseguirá entender o que o seu leitor espera
encontrar no seu texto.
37
Essa contextualização com o mundo e com aquilo que o aluno vivencia
proporciona a quebra de barreiras e a resposta a diversos questionamentos do porquê
escrever e de se respeitar as estruturas textuais pré determinadas em determinado
gênero. Esse trabalho é uma ferramenta eficaz que garante um novo olhar de interesse
para a construção da aprendizagem em alunos do Ensino Fundamental II que nem
sempre veem na escrita algo prazeroso, fácil e importante para a sua formação enquanto
produtores de seus próprios textos.
Ainda segundo BAKHTIN ([1979], 2003), além dessa importante atividade na
formação escritora através dos gêneros textuais, a comunicação ou a fala se dá através
desse processo, sendo que nem sempre o falante se dá conta disto. O que se observa
com esta afirmação é que há um vasto campo de gêneros orais e escritos usados, de
acordo com a intencionalidade comunicativa. Aqui vemos que o falante deve dominar
os gêneros para que ele possa se comunicar em qualquer situação na qual ele se
encontrar, principalmente em situações com interlocutores diversos e através de temas
que estejam ligados ao cotidiano, ao social e a cultura. Cabe ao falante escolher o
gênero que melhor lhe dará suporte para uma comunicação eficaz e com propriedade.
Para Bakhtin:
É preciso dominar bem os gêneros para empregá-los livremente [...]
Quanto melhor dominamos os gêneros tanto mais livremente os
empregamos, tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a
nossa individualidade (onde isso é possível e necessário), refletimos
de modo mais flexível e sutil a situação singular da comunicação; em
suma, realizamos de modo mais acabado o nosso livre projeto de
discurso (BAKHTIN, [1979], 2003, p.285).
É notória a premissa de que aqueles professores que conseguem despertar e
efetivar nos seus alunos essa aproximação do mundo escrito e oral, através de gêneros
textuais diversos, com o mundo real, possivelmente, eles estarão construindo nesses
jovens o querer aprender e - o mais importante - farão com que eles enxerguem e
reflitam a importância da procura do conhecimento para elaboração de um bom texto
que seja valorizado pelo o seu professor, pelos os seus leitores e por ele mesmo.
Sendo assim, a construção da aprendizagem nas escolas por meio de um trabalho
com gêneros textuais, fornece ao aluno os conhecimentos linguísticos e textuais
necessários para atuar reflexivamente em diferentes atividades comunicativas, uma vez
que os alunos estariam praticando a sua escrita e refletindo em sala de aula com base em
38
textos originais que veiculam na sociedade. Com isso, a escola estará cumprindo o seu
papel de formadora de leitores e escritores que estejam de acordo com aquilo que se
espera na formação de seres sociais, ativos e letrados.
3.3 A Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica eficiente
para a construção da competência escritora
Assim como o estudo dos gêneros textuais, o trabalho em sala de aula com a
Sequência Didática é um caminho eficiente para o professor desenvolver nos alunos os
meios eficazes para a construção da competência escritora de uma maneira sólida e
reflexiva.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Portuguesa de
3º e 4º ciclos (Brasil, 1998), é através de um estudo voltado para o diagnóstico daquilo
que o aluno já sabe e das suas capacidades é que se é capaz de identificar quais são as
estratégias e instrumentos pedagógicos mais adequados para o desenvolvimento das
diversas competências e habilidades nos alunos.
Sendo assim, é importante que o professor reflita sobre quais são os objetivos
didáticos que se deseja alcançar, após essa reflexão e planejamento ele estará apto para
realizar as intervenções necessárias para que haja um melhor desenvolvimento dos
conhecimentos escritores nos alunos. Uma ferramenta pedagógica eficaz para esse
planejamento é o trabalho com a Sequência Didática na elaboração de textos. Segundo
Almeida (2000), a Sequência Didática trata-se:
segundo Dolz e Schneuwly (1996), de um conjunto de aulas
destinadas a ajudar os aprendizes a desenvolverem seus saberes
práticos relativos à expressão escrita e oral. Para esses, uma sequência
didática consiste em elaborar um projeto de apropriação das
dimensões constitutivas de um gênero textual, que são como
instrumentos que permitem agir em situações de comunicação
diversas. (ALMEIDA, 2000, p. 134)
Esse trabalho de sequenciar ações ajudará o aluno e o educador a construir e a
reconstruir determinados objetivos. Sendo que, a Sequência Didática é uma ferramenta
de reflexão na qual as ações podem ser repensadas e reelaboradas conforme a
necessidade de aprendizagem. Isso vem facilitar o trabalho com diversos gêneros e,
consequentemente, auxilia na competência escritora em médio e longo prazo.
39
Esse projeto (SD) é um processo direcionador de ações que deve ser construído
de maneira conjunta na qual o aluno e o professor direcionam os objetivos que serão
alcançados. A partir dessa relação dialógica será possível estabelecer uma reflexão
sobre a efetiva necessidade de replanejamento e criará uma consciência voltada para a
necessidade de o aluno ser o protagonista da sua aprendizagem e o detentor de
competências e habilidades voltadas para a elaboração de textos significativos e com
certo valor linguístico.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve por objetivo investigar os procedimentos realizados com a
competência leitora para um desenvolvimento mais positivo da competência escritora
nos alunos do Ensino Fundamental II, sendo que nessa fase de escolarização se constata
certa dificuldade no desenvolvimento de tais práticas. No entanto, quando há um
direcionamento correto da leitura e se cria no aluno uma vontade de sempre querer
descobrir situações novas, percebe-se que o seu desenvolvimento é mais satisfatório no
momento em que ele se depara para ser o produtor do seu próprio texto.
A pesquisa apresentou como primeiros objetivos específicos, uma
contextualização da leitura no Brasil nas últimas décadas, para isso fez-se um estudo da
leitura como um procedimento baseada em situações tradicionalistas, no qual os alunos
tinham como objetivo apenas a decodificação automática de diversos textos que nem
sempre retratavam situações vivenciadas por eles no cotidiano, ou seja, o importante era
criar na criança e no jovem apenas competências ligadas à decodificação das palavras,
sem um direcionamento interpretativo e crítico/reflexivo para a compreensão de
situações reais que estejam ligadas aos momentos sociais e culturais do leitor. Outro
estudo estava voltado para leitura como uma interação com a realidade, é o que
―teoricamente‖ encontramos atualmente nas nossas escolas.
Esse primeiro momento de historicidade cumpriu com o seu papel de
estabelecimento de contrastes entre como era trabalhada a leitura antes e como ela é
trabalhada hoje. Esse novo paradigma ocorreu pelo interesse e estudos que vêm se
devolvendo no campo acadêmico nas últimas décadas.
Outro momento importante desse estudo bibliográfico foi o estabelecimento de
conceitos sobre a valorização da leitura e da escrita na escola, pois através dessas duas
competências se constrói uma ligação direta na maneira como o aluno passa a olhar para
aquilo que o cerca, desenvolve-se assim uma criticidade que estabelecerá momentos de
reflexão sobre o seu posicionamento sócio/cultural. Sendo que nesse capítulo houve um
destaque sobre a importância do profissional da educação nesse processo de aquisição,
pois o professor, assim como o aluno, também por muitas vezes necessita do
estabelecimento de objetivos e da descoberta de situações inovadoras que o auxiliará a
direcionar de maneira correta a aprendizagem do seu aluno, principalmente no que se
diz respeito às competências e habilidades ligadas à leitura e à escrita.
41
Ainda sobre esse destaque dado ao papel do professor, é importante ressaltar que
todos esses direcionamentos leitores têm na figura desse profissional alguém que
direcionará o aluno a interpretar e a entender aquilo que ele decodifica no texto.
Na última parte do trabalho de investigação bibliográfica, procurou-se explorar
conceitos práticos para a formação do escritor competente. No início houve uma busca
através de trabalhos de pesquisas e de documentos oficiais como os PCNs de Língua
Portuguesa sobre o que é um escritor competente, no qual se chegou a algumas
conclusões que a formação desse aluno consciente e competente na produção de textos
está ligada diretamente a uma mudança na concepção do ensino da leitura e da escrita
escolar.
Depois de uma intensiva pesquisa bibliográfica se chegou a alguns conceitos que
estabelecem que o escritor competente é aquele que ao produzir um texto conhece as
possibilidades que estão postas sócio e culturalmente durante a realização dessa tarefa.
É o portador da capacidade de selecionar o gênero textual (discurso) adequado para que
o seu texto tenha sentido e seja convincente para o seu leitor, ou seja, é um observador
atento do seu meio social e cultural. É, ainda, um escritor competente, aquele que seja
capaz de recorrer, com sucesso, a outros textos quando se necessita utilizar fontes
escritas para a sua própria produção.
Ainda nesse capítulo se estabeleceu a importância do estudo sistemático dos
gêneros textuais como uma ferramenta leitora e escritora que aproxima o aluno a
situações contextualizadas que ele encontra em diversas situações na qual ele se depara
no seu dia a dia, entre as principais nós podemos destacar a leitura de uma notícia, o
escrever ou receber um bilhete, a construção e a leitura de crônicas, entre outras.
Percebe-se que essa aproximação do texto com o real ajuda a desenvolver no aluno uma
reflexão sobre o porquê das competências e habilidades trabalhadas nesses estudos de
gêneros que abrangem os diversos tipos de textos e a sua função social.
E por fim, se discorreu sobre a Sequência Didática (SD) como uma maneira de
criar no aluno a oportunidade de se conhecer o como é possível refletir ao longo de um
projeto leitor e escritor. Ainda sobre essa ferramenta pedagógica é necessário tê-la como
um processo no qual o aluno passe a refletir junto com o seu professor quais são as
melhores maneiras de se alcançar um resultado satisfatório que foi objetivado no início
do projeto. Cria-se, então, um objeto reflexivo que colocará o aluno como protagonista
da construção da sua aprendizagem.
42
Depois de todas essas etapas, observa-se que a questão levantada no início desse
trabalho ―A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação
de alunos escritores no Ensino Fundamental II”, conseguiu-se alicerçar novos subsídios
reflexivos que auxiliarão os professores a direcionarem o seu trabalho em sala de aula
através de um novo olhar, no qual algumas questões foram respondidas. Porém, há
muito, ainda, o que se pesquisar, pois, todos nós sabemos que criar no aluno o gosto
pela leitura é um grande desafio que ―atormenta‖ os profissionais de todos os níveis
educacionais. Isso talvez ocorra por uma má formação na base escolar, por uma falta de
acompanhamento familiar, por um direcionamento errado do educador, ou seja, por
diversos fatores que nem sempre são fáceis de explicação.
Por todas essas dificuldades da aquisição da competência leitora, vemos que,
cada vez mais, os alunos apresentam graves dificuldades de colocar no papel aquilo que
se espera de um aluno do Ensino Fundamental II, no entanto a busca por caminhos que
levem à procura de respostas é necessária e só poderão ser alcançadas através do
conhecimento embasadas em pesquisas conceituais e por iniciativas práticas efetivadas
no dia a dia escolar.
Desse modo, dentro dos limites a que esta pesquisa se restringiu, espera-se que
ela tenha colaborado para uma compreensão mais ampla do processo de ensino e
aprendizagem da leitura e da escrita. É fundamental que os educadores tenham
consciência da importância de se possibilitar uma prática de ensino baseada em uma
concepção interacionista de ensino, uma vez que se promove o desenvolvimento de um
aluno crítico, capaz de ler e produzir ativamente. Além disso, espera-se que as análises e
as reflexões apresentadas contribuam no momento de elaboração das aulas, fazendo
com que o professor reflita sobre o que será ensinado.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALBUQUERQUE, E. B. C.; MORAIS, A. G.; FERREIRA, A. T. B. As práticas
cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista Brasileira de
Educação, v. 13, p. 252-264, 2008.
ALMEIDA, C. L. Os PCNs e a formação pré-serviço: uma experiência de
transposição didática no ensino superior. In: ROJO, R. (Org.). A Prática de
linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. Campinas: Mercado de Letras,
2000, p. 127-147.
BARBOSA, M. L. F. F.; SOUZA, I. P. Práticas de leitura no Ensino
Fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, (1979).
2003.4ª Ed.
BEZERRA, M. A. Ensino de Língua Portuguesa e contextos teórico-
metodológicos. In:DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A.
(orgs.). Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola, 2010.
BRASIL. - Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de
Educação Fundamental. – Brasília: 144p. Língua portuguesa: Ensino de primeira à
quarta série. I. MEC/SEF, 1997.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
língua portuguesa - 5ª a 8ª série. Brasília, 1998.
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernand. Gêneros orais e escritos na escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. 278 p. (Tradução e organização: Roxane Rojo;
Glaís Sales Cordeiro).
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler, em três artigos que se completam. São
Paulo: Cortez, 1994.
GERALDI, J.W. Portos de passagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
LAJOLO, Marisa. Tecendo a leitura. Leitura: Teoria e Prática. Campinas, Ano 3, n.º
3, p. 3-6, jul. 1984.
________. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 4. ed. São Paulo: Ática,
1999.
LEAL, Leiva F. V. ―A formação do produtor de texto escrito na escola: uma análise das
relações entre os processos interlocutivos e os processos de ensino‖. In: ROCHA, Gladys
e VAL, Maria da Graça Costa (orgs.). Reflexões sobre as práticas escolares de produção
de texto – o sujeito-autor. Belo Horizonte: Autêntica/CEALE/FaE/UFMG, 2003.
44
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola - o real, o possível e o necessário. Porto
Alegre (RS): Editora Artmed; 2002.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO,
A.; MACHADO, A.; BEZERRA, M. (org.). Gêneros Textuais e Ensino. 2. ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, p. 19-36, 2005.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura? – 3ª Ed – São Paulo: Brasiliense, 1994.
ROJO, Roxane H. R. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. SP:
2002.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. A produção da leitura na escola: Pesquisas x Propostas.
2. ed. São Paulo: Editora Àtica, 2002.
SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2ª edição. Belo Horizonte,
Autêntica, 2001.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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Trabalho de Conclusão de Curso 2014 UFSCar - Claudinei Camolesi

  • 1. 1 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II Claudinei Camolesi Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi Co-Orientadora: Sidnei Fernando de Souza Nascimento SÃO CARLOS 2014
  • 2. 2 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II Claudinei Camolesi Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Aberta do Brasil – Universidade Federal de São Carlos – Curso de Licenciatura em Pedagogia como uma das atividades avaliativas da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi Co-Orientadora: Sidnei Fernando de Souza Nascimento SÃO CARLOS 2014
  • 3. 3 Universidade Federal de São Carlos Licenciatura em Pedagoga a Distância SEad_UAB_UFSCar PARECER 1 Assunto: Parecer do Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia Parecerista: Tutora Eliane Mahl Aluno: Claudinei Camolesi Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi Data: 22/12/2014 Nota: 75 O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do aluno Claudinei Camolesi intitulado “A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II” atende todos os critérios estipulados para a sua avaliação, pois o mesmo é composto por capa, folha de rosto, dedicatória, agradecimentos, resumo, sumário, introdução, três capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão dos dados, considerações finais e referências bibliográficas, porém esta não é a ordem utilizada pelo aluno. Sugiro que o mesmo observe qual é a sequência correta de um TCC, principalmente no que diz respeito aos elementos pré-textuais e organize adequadamente o seu trabalho para que assim todos os itens estejam de acordo com as normas científicas estipuladas para a elaboração do TCC na disciplina de TCC II do Curso de Pedagogia a distância da UFSCar1 . Ressalta-se que no TCC do aluno Claudinei está faltando apenas a epígrafe, que não é uma exigência em TCCs, mas é preciso organizar a sequência correta dos elementos pré-textuais. Quanto ao título está muito bem elaborado, instigando o leitor. Além disso, reflete ao que consta em todo o TCC. Na introdução não constam as questões de pesquisa, mas consta a justificativa, os objetivos e a metodologia utilizada como é recomendado na 1 Convém ressaltar que em um modelo de TCC que foi enviado aos alunos na disciplina de TCC II o resumo vem antes dos elementos pré-textuais (dedicatória, agradecimentos, epígrafe), porém está ordem é incorreta. O resumo sempre deve vir depois dos elementos pré-textuais. Então, a ordem correta de elaboração de um TCC é capa, folha de rosto, agradecimentos, dedicatória, epígrafe, resumo, sumário, introdução, capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão dos dados, considerações finais e referências bibliográficas.
  • 4. 4 disciplina de TCC II e em função disso o aluno-pesquisador está de parabéns, porém faz-se necessário que o aluno cite quais são as questões que nortearam os objetivos da pesquisa. Em se tratando dos objetivos, observei que no primeiro parágrafo da introdução já consta um objetivo da pesquisa (o estudo do processo de construção da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II), e no quarto parágrafo constam outros objetivos (criar reflexões e práticas pedagógicas para auxiliar os professores do Ensino Fundamental II sobre a importância da utilização de estratégias que possam desenvolver a competência leitora em seus alunos, os tornando, assim, escritores competentes e reflexivos sobre a necessidade da aquisição dessas competências e habilidades para o prosseguimento da sua vida escolar). Acredito ser de fundamental importância detalhar e destacar qual o objetivo geral e os objetivos específicos do TCC, pois mesmo que estes objetivos citados pelo aluno tenham relação eles são totalmente diferentes e, não estão em evidência, ou seja, não está claro quais os objetivos da pesquisa. Isso acontece tanto na introdução quanto no resumo e nas considerações finais do TCC. Sugiro que o aluno observe com cautela isso, mesmo porque o título da pesquisa, as questões de pesquisa, os seus objetivos, o seu referencial teórico e as considerações finais precisam estar sempre interligados e relacionados. Os capítulos do referencial teórico estão muito bem desenvolvidos, detalhando a contextualização histórica no Brasil sobre a leitura no cotidiano escolar, descrevendo no capítulo II os conceitos que embasam a leitura e a escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na formação crítica do aluno e, ainda, apresentando no capítulo III as categorias de análise sobre a formação do escritor competente através da aquisição de habilidades leitoras, evidenciando que um dos caminhos facilitadores para a aquisição dessas competências está no trabalho com diversos gêneros textuais, os quais farão com que o aluno conheça várias estruturas de textos e a sua utilização social no seu cotidiano. Destaco que ao realizar a leitura do referencial teórico observei que o aluno Claudinei procurou, na maioria das vezes, não realizar ―cópias‖ dos pensares dos teóricos por ele utilizados, sempre citando os autores das obras. O aluno está de parabéns por isso. As considerações finais possibilitam o entendimento do caminho percorrido pelo aluno-pesquisador, o qual destacou que proporcionar ao aluno do Ensino Fundamental II o gosto pela leitura é um grande desafio que aflige a maioria dos profissionais de todos os níveis educacionais. Isso, talvez, ocorra por uma má formação na base escolar, por uma falta de acompanhamento familiar, por um direcionamento ineficaz por parte do professor, ou seja, por diversos fatores que nem sempre são fáceis de explicar. No entanto, a busca por caminhos que levem à procura de respostas é necessária e só poderão ser alcançadas através do conhecimento embasadas em pesquisas conceituais e por iniciativas práticas efetivadas no dia a dia escolar. Está é uma maravilhosa reflexão apresentada pelo aluno- pesquisador. Muito bem! Assim, acredito que o TCC está muito bem escrito, coeso, coerente e fluente, seguindo as normas da ABNT, faltando apenas conferir algumas normas acadêmicas propostas pela ABNT, pois em seu TCC o layout da página e os espaçamentos estão diferentes do que é proposto pela ABNT, nas referências bibliográficas o espaçamento deve ser simples e alinhado a esquerda, a fonte da paginação está diferente da fonte
  • 5. 5 do texto, conferir se todas as referências bibliográficas citadas no texto constam no item estipulado para isso e assim por diante. Ressalto, ainda, a relação da temática com a futura prática docente do pesquisador, permitindo afirmar que o mesmo com certeza adotará uma postura de professor- pesquisador após a realização deste TCC. Parabenizo pela escolha da temática abordada, a qual é essencial para que os professores proporcionem a formação de leitores e escritores cada vez mais críticos, questionadores e conscientes das condições e situações sociais em que estão inseridos. Frente às explanações anteriores, considera-se que o trabalho apresentado atende aos critérios estabelecidos para a sua avaliação, apresentando grande relevância social e educacional. Desta forma, atribuo nota setenta e cinco (75) ao mesmo e parabenizo o pesquisador Claudinei pelo trabalho e espero que o mesmo contribua com sua evolução enquanto aluno-pesquisador-professor. Parabéns Claudinei! São Carlos, 22 de dezembro de 2014. Eliane Mahl
  • 6. 6 Licenciatura em Pedagoga a Distância SEad_UAB_UFSCar PARECER 2 Assunto: Parecer do Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia Parecerista: Tutor Sidnei Fernando de Souza Nascimento Aluno: Claudinei Camolesi Orientadora: Profa. Juliana Guedes dos Santos Marconi Data: 22/12/2014 Nota: 80 O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do aluno Claudinei Camolesi intitulado “A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II”atende todos os critérios estipulados para a sua avaliação, pois o mesmo é composto por capa, folha de rosto, dedicatória, agradecimentos, resumo, sumário, introdução, três capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão dos dados, considerações finais e referências bibliográficas, porém esta não é a ordem utilizada pelo aluno. Sugiro que o mesmo observe qual é a sequência correta de um TCC, principalmente no que diz respeito aos elementos pré-textuais e organize adequadamente o seu trabalho para que assim todos os itens estejam de acordo com as normas científicas estipuladas para a elaboração do TCC na disciplina de TCC II do Curso de Pedagogia a distância da UFSCar2 . Ressalta-se que no TCC do aluno Claudinei está faltando apenas a epígrafe, que não é uma exigência em TCCs, mas é preciso organizar a sequência correta dos elementos pré-textuais. Quanto ao título está muito bem elaborado, provocando positivamente o leitor. Além disso, reflete ao que consta em todo o TCC. Na introdução não aparece às questões de pesquisa defendidas pelo autor, mas estão inseridas a justificativa, os objetivos e a metodologia. Nesse sentido, você está de parabéns. Em se tratando dos objetivos, observei que no primeiro parágrafo da introdução já aparece um objetivo da pesquisa (o estudo do processo de construção da competência 2 Convém ressaltar que em um modelo de TCC que foi enviado aos alunos na disciplina de TCC II o resumo vem antes dos elementos pré-textuais (dedicatória, agradecimentos, epígrafe), porém está ordem é incorreta. O resumo sempre deve vir depois dos elementos pré-textuais. Então, a ordem correta de elaboração de um TCC é capa, folha de rosto, agradecimentos, dedicatória, epígrafe, resumo, sumário, introdução, capítulos com fundamentação teórica, análise e discussão dos dados, considerações finais e referências bibliográficas.
  • 7. 7 leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II), e no quarto parágrafo estão postos outros objetivos (criar reflexões e práticas pedagógicas para auxiliar os professores do Ensino Fundamental II sobre a importância da utilização de estratégias que possam desenvolver a competência leitora em seus alunos, os tornando, assim, escritores competentes e reflexivos sobre a necessidade da aquisição dessas competências e habilidades para o prosseguimento da sua vida escolar). Sugiro que o aluno responda sobre quais são as questões que nortearam os objetivos de pesquisa. Além disso, o título da pesquisa, as questões de pesquisa, os seus objetivos, o seu referencial teórico e as considerações finais necessitam estarem sempre interligados e relacionados ao longo do texto. ok? Os capítulos do referencial teórico estão muito bem desenvolvidos, detalhando a contextualização histórica no Brasil sobre a leitura no cotidiano escolar, descrevendo no capítulo II os conceitos que embasam a leitura e a escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na formação crítica do aluno e, ainda, apresentando no capítulo III as categorias de análise sobre a formação do escritor competente através da aquisição de habilidades leitoras, evidenciando que um dos caminhos facilitadores para a aquisição dessas competências está no trabalho com diversos gêneros textuais, os quais farão com que o aluno conheça várias estruturas de textos e a sua utilização social no seu cotidiano. As considerações finais indicam o entendimento do caminho traçado pelo professor-pesquisador, o qual se dirigiu ao aluno do Ensino Fundamental II o gosto pela leitura é um grande desafio que aflige a maioria dos profissionais de todos os níveis educacionais. Isso, talvez, ocorra por uma má formação na base escolar, por falta de acompanhamento familiar ou até por dificuldades dos docentes em lidar com metodologias em sala de aula que não sejam ―tradicionais‖. O aluno fez uma bela reflexão no seu TCC, parabéns Claudinei. Ressalto, ainda, a relação da temática com a futura prática docente do pesquisador, permitindo afirmar que o mesmo com certeza adotará uma postura de professor- pesquisador após a realização deste TCC. Parabenizo pela escolha da temática abordada, a qual é essencial para que os professores proporcionem a formação de leitores e escritores cada vez mais críticos, questionadores e conscientes das condições e situações sociais em que estão inseridos. Frente às explanações anteriores, considera-se que o trabalho apresentado atende aos critérios estabelecidos para a sua avaliação, apresentando grande relevância social e educacional. Desta forma, atribuo nota oitenta (80) ao mesmo e parabenizo o pesquisador Claudinei pelo trabalho e espero que o mesmo contribua com sua evolução enquanto aluno-pesquisador-professor. Parabéns Claudinei! São Carlos, 22 de dezembro de 2014. Sidnei Fernando de Souza Nascimento
  • 8. 8 RESUMO Esse trabalho apresenta uma reflexão sobre a relevância do desenvolvimento da competência leitora como sendo um fator que possibilita o desenvolvimento cognitivo do aluno e da sua inserção social nas sociedades letradas. Os contextos escolares e familiares que trabalham essa competência ajudam o aluno a desenvolver também outra competência que é a escritora. Muitos autores têm observado que os estudantes apresentam mais facilidade para a leitura do que para a produção textual. Sendo assim, esse trabalho objetivou o levantamento de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto, na qual se buscou referências que explicitassem no que as competências desenvolvidas por meio da leitura auxiliam o aluno a produzir textos que estão de acordo com aquilo que se espera de um indivíduo letrado que está num momento importante da sua formação, que é o Ensino Fundamental II. Atualmente muitas pesquisas mostram que as crianças e jovens estão lendo cada vez menos e com isso deixam de desenvolverem outras competências cognitivas, no caso, a escritora. Pensando nisso se observa a importância dessa investigação com base na hipótese de que saber ler, ou seja, atribuir significados ao que lemos, é de extrema importância à realidade social letrada em que vivemos. Vê-se que a leitura é uma competência indispensável ao desenvolvimento pleno de uma pessoa e que poderá torná-la de fato uma cidadã, quer dizer, um ser capaz de interferir no ambiente em que vive e trabalha. Com esse levantamento bibliográfico procurou-se fazer um paralelo entre o ato de ler e a ação de escrever com competência, essa investigação será limitada aos alunos que possuem na sua proposta curricular a produção de vários gêneros textuais com uma grande diversidade de temas. Espera-se que o Trabalho de Conclusão de Curso seja um referencial aos professores de Língua Portuguesa no seu dia a dia e que ele possa sanar algumas dúvidas referentes à construção de competências. PALAVRAS CHAVE: Competência leitora - Competência escritora – Letramento - Ensino Fundamental II – Gêneros textuais
  • 9. 9 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que estiveram presentes nessa longa jornada que foi a realização desse Curso de Pedagogia, pois sem o apoio e compreensão daqueles que nos cercam e nos orientam seria muito difícil se chegar a essa fase final. Por muitos momentos há a necessidade de se tomar algumas decisões que nem sempre nos aproxima de pessoas que amamos, mas quando se colhe os frutos de uma formação acadêmica percebe-se que valeu a pena cada segundo de estudo.
  • 10. 10 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a minha querida mãe que no seu jeito simples sempre esteve presente para me ajudar naquilo que era preciso.
  • 11. 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................. 9 Capítulo 1 – Leitura no dia a dia escolar: contextualização histórica no Brasil nas últimas décadas............................................................................................................. 13 1.1 Momentos distintos da formação leitora.......................................................... 14 Capítulo 2 – Os conceitos que dão embasamento à importância e à necessidade da leitura e da escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na vida do aluno...... 18 2.1 A leitura e a sua importância para a formação crítica do aluno....................... 20 2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – Língua Portuguesa) – uma dimensão oficial sobre o papel da leitura e escrita na escola................................. 22 Capítulo 3 – A análise de dados na formação da competência escritora......................... 26 3.1 A formação do escritor competente através da aquisição de habilidades leitoras.............................................................................................................................. 27 3.2 Os diversos gêneros textuais como suporte para a formação do aluno escritor.............................................................................................................................. 30 3.3 A Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica eficiente para a construção da competência escritora............................................................................. 35 CONSIDERAÇÕES..FINAIS.......................................................................................... 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 40
  • 12. 12 1 INTRODUÇÃO O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como objetivo o estudo do processo de construção da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II. O interesse pelo assunto já vem de longa data, desde quando eu realizei um curso pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo intitulado ―Melhor Gestão – Melhor Ensino (MGME) – Aprofundamento de Conteúdos e Metodologias - Língua Portuguesa‖ no qual foi discutido com profundidade a importância da leitura e o estudo de gêneros para a construção de competências diversas nos alunos dos 6º ao 9º anos, entre os conteúdos estudados se deu uma grande importância para a formação da competência leitora centrada na leitura não literária e nos textos literários e na competência escritora centrada nos processos de escrita e reescrita. Isso fomentou o interesse em saber mais sobre o assunto, e para isso, comecei a realizar algumas leituras sobre o tema, me surpreendi ao descobrir que existe um grande número de títulos que refletem os conceitos e as metodologias sobre o assunto. Observa-se que vários autores nas últimas décadas estão empenhados em construir uma vasta pesquisa sobre o tema ―competência leitora‖, no entanto é necessário num primeiro momento um estudo mais aprofundado sobre o que é leitura, as suas respectivas etapas e a sua fundamentação teórica para que num segundo momento possamos inferir e compreender a sua importância e a sua influência na formação de alunos escritores, principalmente no Ensino Fundamental II em que se constata que existe uma grande dificuldade para a construção de textos que estejam de acordo com aquilo que se espera de alunos que estão numa fase intermediária da sua formação. Objetiva-se com esse trabalho, criar reflexões e práticas pedagógicas para auxiliar os professores do Ensino Fundamental II sobre a importância da utilização de estratégias que possam desenvolver a competência leitora em seus alunos, os tornando, assim, escritores competentes e reflexivos sobre a necessidade da aquisição dessas competências e habilidades para o prosseguimento da sua vida escolar. Para que o trabalho tenha um embasamento teórico numa primeira etapa será realizada uma pesquisa bibliografia na obra ―O que é leitura?” da escritora e pesquisadora Maria Helena Martins que desenvolve um trabalho voltado para a
  • 13. 13 formação de leitores. Esse enfoque inicial é de grande relevância, pois direcionará esse trabalho de pesquisa para a importância da leitura nas bases escolares em que o desenvolvimento intelectual e físico do aluno está aberto para novas descobertas e saberes. É importante ressaltar que a partir do momento que exista um direcionamento correto para o ato de ler nas nossas crianças e jovens, possivelmente, se estará construindo futuros escritores, porém é importante também destacar que alguns terão maior facilidade e competência para a construção de textos do que outros, independente do direcionamento. Outra observação importante sobre o desenvolvimento de tais competências está ligada diretamente ao papel das entidades educacionais e dos educadores em realizar essa inserção ao universo da leitura de modo intenso e eficaz, pois nem sempre ela é efetivada nos lares pelos pais, que também, na grande maioria, não tem esse hábito desenvolvido. Somente com esse trabalho escolar voltado para a inserção das crianças e jovens a esse universo que poderá se criar o querer aprender e a vontade de se ler nos alunos. Uma nova contribuição que será determinante para que possamos entender quais estratégias os educadores podem utilizar para que os alunos entendam e codifiquem aquilo que estão lendo para uma futura produção textual, é o trabalho realizado pela autora Isabel Solé, principalmente na sua obra intitulada ―Estratégias de Leitura‖. A escritora tem como objetivo ajudar os educadores e os profissionais da educação a promover a utilização de estratégias leitoras que permitam uma interpretação e uma compreensão melhor dos textos escritos. É notória a dificuldade de compreensão e decodificação dos alunos quando se deparam com um texto, os professores de todas as áreas sempre que possível ressaltam que os alunos leem, porém nem sempre conseguem entender a mensagem – o campo de significação - do texto. Com uma pesquisa bibliográfica nos trabalhos dessa escritora poderemos observar que a construção da compreensão textual está ligada entre outras situações aos conhecimentos prévios do leitor e os objetivos que essa sequência de palavras tem para quem as leem, sendo que a leitura passa a ser um processo que se estabelece entre o leitor e o texto. Tendo essa ação de ler como um direcionador para se compreender algo que irá se materializar e se decodificar naquilo que o leitor/aluno compreende, ou seja, aquilo que se aproxima do seu universo.
  • 14. 14 Ainda seguindo essa linha de levantamento bibliográfico, que visa entender a influência da leitura na formação de escritores, se fará uma breve análise de um artigo de Roxane Rojo - Letramento e capacidades de leitura para a cidadania (2002) – nessa pesquisa se dará uma atenção aos procedimentos, estratégias e capacidades de leitura, com esses conceitos o educador terá subsídios para o direcionamento adequado da leitura em sala de aula, pois os professores também apresentam dúvidas e dificuldades para um direcionamento correto de conteúdos e de estratégias eficazes no dia a dia em sala de aula em que o ato de ler deve ser realizado de maneira contextualizada. Com esse estudo mais aprofundado nas contribuições da autora se deseja que muitas dúvidas ligadas ao desenvolvimento da competência leitora sejam sanadas. Depois de um levantamento teórico sobre a história da leitura (MARTINS, 1997); as estratégias de leitura que podem ser utilizadas pelos educadores (SOLÉ, 1998) e sobre o procedimento, estratégias e capacidade de leitura (ROJO, 2002), nós passaremos a focar a pesquisa bibliográfica nos fatores que levam um aluno do Ensino Fundamental II a desenvolver a sua competência escritora. Para isso analisaremos, num primeiro momento, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Portuguesa, que determina como se trabalhar os gêneros textuais e quais os parâmetros para a formação de um aluno escritor e o paralelo entre ler e escrever. E por fim, faremos um levantamento da obra da autora LERNER (2002) ―Ler e escrever na Escola - O real, o possível e o necessário‖, também outros autores ajudarão a buscar as respostas para o que seja um leitor competente e a importância do trabalho como os gêneros textuais e com as Sequências Didáticas, entre eles estão: LEAL (2003), DOLZ E SCHNEUWLY (2004), ALMEIDA (2000), BAKTHTIN (1979) e GERALDI (1993). No entanto, durante o levantamento bibliográfico se dará uma abertura para outros autores e suas obras que auxiliem no desenvolvimento de reflexões que estejam de acordo com o que se espera para a construção de competências em alunos conscientes da importância da leitura para a formação de escritores. Este trabalho, além desta introdução, está estruturado em três capítulos, mais as considerações finais. No primeiro capítulo ―Leitura no dia a dia escolar: contextualização histórica no Brasil nas últimas décadas‖, explicitamos como a competência leitora era ensinada de forma tradicionalista no Brasil e como ela é vista na
  • 15. 15 atualidade em que se valoriza a sua contextualização com textos de grande circulação – há também uma análise dos momentos distintos da leitura no país. O segundo capítulo intitulado ―Os conceitos que dão embasamento à importância e à necessidade da leitura e da escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na vida do aluno‖ abarca numa primeira parte a importância de um trabalho consciente da competência leitora e o professor como direcionador das diversas etapas da aquisição do conhecimento do aluno. Num segundo momento se discute ―A leitura e a sua importância para a formação crítica do aluno‖, há um levantamento de conceitos sobre o aluno reflexivo e inteirado com o seu meio e, por fim, num terceiro momento ―Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – Língua Portuguesa) – uma dimensão oficial sobre o papel da leitura e escrita na escola‖, se dá uma atenção ao que os documentos oficiais rezam sobre a leitura e a escrita na escola. O terceiro capítulo ―A análise de dados na formação da competência escritora‖ foi divido em três etapas. Neste estudo buscamos primeiro entender ―A formação do escritor competente através da aquisição de habilidades leitoras” através de diversas contribuições procurou-se chegar à resposta do que seja um escritor competente. Logo após, com o subtítulo ―Os diversos gêneros textuais como suporte para a formação do aluno escritor‖ faz-se um estudo sobre a importância dos gêneros textuais na formação do aluno e, por fim, ―A Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica eficiente para a construção da competência escritora” se enumera o que a SD (Sequência Didática) pode contribuir assim como os gêneros textuais para a construção do conhecimento do alunado. O trabalho é finalizado com as Considerações Finais, na qual se fará uma retomada breve do que foi abordado durante os Capítulos, refletindo sobre a questão de pesquisa que nós nos propomos a analisar.
  • 16. 16 Capítulo 1 – Leitura no dia a dia escolar: contextualização histórica no Brasil nas últimas décadas Observando a importância do entendimento do campo que se pretende abordar nesse trabalho, percebe-se que seja necessária a busca do conhecimento do seu contexto no Brasil nos últimos anos, pois esse processo de formação leitora foi se construindo de maneira teórica através dos diversos estudos acadêmicos que focaram a sua importância através de uma relação dialógica entre o aluno e o mundo que o cerca. Para que haja uma compreensão a respeito dessa transformação leitora que se liberta de uma base tradicionalista para se instaurar uma base reflexiva no leitor, é preciso entender como os procedimentos leitores e os seus objetivos se constituíram num instrumento importante para se estabelecer uma relação que tem como princípio uma leitura que não cultua apenas a decodificação do texto. Com isso foi se criando condições necessárias de se produzir uma leitura e uma escrita que estivesse de acordo com os gêneros textuais que são utilizados diariamente por nossos jovens no seu contato com o mundo. Para compreender como essa relação e a construção da competência leitora e escritora se fundamentam no aluno do Ensino Fundamental II, é primordial entendermos como o ato de ler foi evoluindo até os dias atuais. Para que isso seja possível, haverá a necessidade do estudo de alguns autores de primazia importância. Com os conceitos apresentados será possível visualizar o percurso histórico e conceitual do tema em estudo, entre as contribuições podemos destacar Albuquerque (2008), Barbosa e Souza (2006), Freire (1982), Isabel Solé (1998), (PCNS – 5ª a 8ª série – Língua Portuguesa – 1998), entre outros. Num primeiro momento, se constata que no Brasil o processo de leitura se construiu e permeou através de um ensino voltado para o educador como o detentor da aprendizagem, aquilo que ficou conhecido como ensino tradicional. Num outro momento, passou a ser construído um paralelo no qual as práticas ligadas à leitura de textos de diversos gêneros se atrelaram as relações humanas inserindo novas dimensões contextuais, sendo que o advento tecnológico é o que mais contribuiu com esse novo processo leitor. Através dessa interação, em tempo real, com o mundo, novos gêneros textuais passaram a fazer parte do cotidiano dos nossos jovens e com isso houve a necessidade
  • 17. 17 da construção de um novo olhar para a competência leitora e, consequentemente, isso passou a influenciar na formação do que podemos chamar de alunos escritores eficientes. 1.1 Momentos distintos da formação leitora Durante muito tempo, o processo de escolarização no Brasil teve suas bases fundamentadas em paradigmas de cunho tradicional. Com isso a competência leitora era vista como algo autônomo e automático sem relação com os conhecimentos prévios do aluno e sem a necessidade de se juntar a essa ação situações reflexivas. Segundo BARBOSA e SOUSA (2006, p.14), ―a prática pedagógica do ensino da leitura concedeu a primazia à decodificação de signos‖. A partir do momento que se prioriza apenas um ensino estático, no qual aluno é podado de construir sentido ao se deparar com um texto, confere-se a esse discente um papel passivo enquanto leitor e ser social. Esse processo de estagnação fazia com que a leitura não assumisse um papel de colocar o aluno diante de gêneros que ele se deparava no seu dia a dia. Sobre essa visão reducionista sobre o ato leitor e uma leitura que priorizava apenas a decodificação de palavras, BARBOZA; SOUZA (2006, p.15) discorrem: ―o texto nada mais é que um depósito de informações, e a leitura é o ato de o leitor ler as palavras para extrair as mensagens‖. Vemos que essa colocação dos autores resume uma tendência tradicionalista e de submissão do aluno a um sistema que não o via como o centro da aprendizagem – um protagonista – a sua posição era de um receptor de conteúdos e de textos que visavam, apenas, à resolução de questões que muitas vezes eram direcionadas exclusivamente para localização de respostas explícitas. Esse processo de decodificação e localização de respostas esteve presente por muito tempo nas nossas instituições de ensino, Angela Kleiman (1993 apud MENEGASSI; CALCIOLARI, 2002, p. 82), ressalta que: As práticas de leitura como decodificação não modificam em nada a visão de mundo do leitor, pois se trata apenas de automatismos de identificação e pareamento das palavras do texto com as palavras idênticas em uma pergunta ou comentário. Essa tendência que tinha a decodificação das palavras no texto como ―ideal‖ se estendeu por muitas décadas. Até que em meados da década de 1980, novos estudos
  • 18. 18 foram realizados, nos quais os trabalhos acadêmicos apontavam para a construção de um novo olhar conceitual e metodológico que focaria para uma nova forma de se conhecer o ensino da literatura e da escrita. Observa-se que essa produção voltada para uma melhor compreensão do ato de ler tem recebido diversas obras da literatura acadêmica de outros países e também tem havido um incentivo por parte dos órgãos acadêmicos para que esse foco seja desenvolvido nos cursos de graduação e pós-graduação. Assim, a leitura passou a ser vista como algo mais voltado para uma contextualização textual que priorizem as escolhas e as necessidades do leitor e para que se estabeleça um paralelo naquilo que se lê em consonância com situações que se aproximem de maneira mais efetiva daquilo que é vivenciado em situações reais. Com isso, a linguagem (leitura) deixava de ser vista como mero conteúdo escolar e passava a ser entendida como um processo de interlocução. Segundo SANTOS, (2002, p.30-31): A aprendizagem da leitura e da escrita deveria ocorrer em condições concretas de produção textual. Desloca-se o eixo do ensino voltado para a memorização de regras da gramática de prestígio e nomenclaturas. Esse processo apontado por SANTOS (2002) coloca o leitor como um sujeito ativo, fazendo com que haja uma maior interação e uma construção mais efetiva do conhecimento. Isabel Solé (1998) evidencia que para ocorrer essa construção do conhecimento há a necessidade de um acúmulo de experiências, o respeito ao conhecimento prévio do aluno e principalmente que a leitura seja visto como um processo construído em virtude da elaboração de esquemas prévios. Segundo a autora: ―A leitura é um processo no qual o leitor é um sujeito ativo que processa o texto e lhe proporciona seus conhecimentos, experiências e esquemas prévios‖ (SOLÉ, 1998, p. 18). Ainda segundo a autora: ―ler não é decodificar, mas para ler é preciso saber decodificar‖ (SOLÉ, 1998, p. 52), nesse trecho a autora defende que o ensino do código é importante, porém deve se trabalhar contextos significativos para o aluno e não situações que fogem do que a criança ou jovem vivencia no seu dia a dia. Essa condição concreta de produção textual está ligada a que Freire nomeia como leitura do mundo, ou seja, esse engajamento leitor cria no aluno condições
  • 19. 19 necessárias para que ele entenda de forma coerente aquilo que se lê e passe a refletir sobre a leitura como uma relação dialógica que se estabelece entre ele e o mundo. Freire (1992) salienta o papel da leitura na vida do leitor: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o seu contexto. (FREIRE, 1992, p. 09) Paulo Freire deixa claro no seu texto ―A importância do ato de ler‖ que não se deve apenas decodificar as palavras de um texto, é necessário analisar as ―entrelinhas‖. E para fazer essa leitura é importante trazê-la para o nosso mundo, entender o sentido utilizado no texto para compreender a ideia do autor. Percebe-se que a partir dessa nova maneira de se trabalhar a leitura, se evidenciou diversas situações antagônicas entre o leitor decodificador de palavras de um texto e aquele que lê nas entrelinhas e com isso ele passa a refletir sobre a sua posição no mundo. Com essas novas concepções pedagógicas os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – 5ª a 8ª série) passou a direcionar diretrizes que contemplassem a formação da competência leitora e escritora dentro do âmbito escolar. Eis alguns dos conceitos e determinações que norteiam a competência leitora e os seus agentes: ―A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção de significados do texto, dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o leitor, de tudo o que se sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita: decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica necessariamente, compreensão na qual os sentimentos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita, qualquer leitor experiente que consegue analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e verificação, sem os quais não é possível rapidez e fluência‖ (PCNs, 1998, p. 41) Outro aspecto destacado pelos PCNs é que a escola ―deve organizar-se em torno de uma política de formação de leitores. Todo professor, não apenas o de Língua Portuguesa, é também professor de leitura‖ (PCNs, 1998, p. 42). Sendo assim, para formar um leitor competente faz-se necessário compreender o que lê e que saiba posicionar-se na busca de informações implícitas, que se ancoram nos
  • 20. 20 dados não fornecidos pelo autor. Para isso, esse leitor precisa de práticas constantes de leitura de textos diversos que circulam socialmente. Observamos que diferentemente daquela visão tecnicista e tradicional anterior a década de 1980, atualmente as concepções de leitura visa uma interação entre leitor e texto, e que quase todo o ato leitor tenha uma função crítica e social, isso dá a quem lê o direito à opção, a um posicionamento próprio da realidade. Percebe-se que essa necessidade de efetivação da competência leitora e escritora tanto desejada pelos educadores faz parte de um processo que vem sendo construído através das diversas contribuições acadêmicas que vem se materializando durante várias décadas no nosso país, porém há a necessidade de um estudo constante para colocar em prática, em sala de aulas, esses estudos.
  • 21. 21 Capítulo 2 – Os conceitos que dão embasamento à importância e à necessidade da leitura e da escrita na escola e, consequentemente, os seus efeitos na vida do aluno A partir do momento que se criou um novo olhar dentro das nossas escolas para a competência leitora e escritora, passou a se construir uma nova ferramenta pedagógica de interlocução entre aquilo que o aluno lê e escreve. Nas instituições de ensino, os profissionais ligados diretamente com a linguagem passaram a enxergar na leitura e na escrita, instrumentos de socialização e de uma construção cognitiva da aprendizagem. Nesse processo o aluno passou a desenvolver certas competências e habilidades que proporcionaram a ele, entender de maneira mais clara e ativa a sua posição na sociedade, e com isso, se construiu nele a necessidade de uma participação mais efetiva em situações ligadas ao entendimento de mundo através da leitura e escrita. Essa interação mais ativa com a sociedade contemporânea tem os seus fundamentos embasados a partir do momento em que se aceita esse ato de ler e escrever como algo maior do que apenas ser alfabetizado. Quando o aluno passa a fazer uso da leitura e da escrita, ele se transforma e cria um vínculo com os diversos aspectos que estão diretamente ligados ao seu meio social, à cultura em que ele está inserido, a sua construção cognitiva, a sua construção linguística, entre outros. Soares (2001) ressalta a importância do aprender a ler e escrever como algo maior e que fará uma grande diferença na vida de quem possui essas competências e habilidades: ―Em outras palavras: do ponto de vista individual, o aprender a ler e escrever – alfabetizar-se, deixar de ser analfabeto, tornar-se alfabetizado, adquirir a ‗tecnologia‘ do ler e escrever e envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita – tem conseqüências sobre o indivíduo, e altera seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, lingüísticos e até mesmo econômicos; do ponto de vista social, a introdução da escrita em um grupo até então ágrafo tem sobre esse grupo efeitos de natureza social, cultural, política, econômica, lingüística.‖ (SOARES, 2001, p. 17) Assim como Soares (2001), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Portuguesa se observa o quanto o domínio dessas competências podem fazer a diferença na formação do aluno como um ser ―antenado‖ e inteirado com o mundo, também é destacado o papel da escola e do professor como responsáveis por essa formação do aluno e a sua constituição social:
  • 22. 22 ―O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos‖. (BRASIL, 1997, p. 23) Através desses conceitos se nota a importância do professor enquanto direcionador da construção da competência leitora e escritora e a escola como a instituição que tem o papel de proporcionar ao aluno a oportunidade do conhecimento de situações novas de aprendizagem que passarão a fazer parte da sua vida dentro e fora da escola. Silva (2002) deixa claro o quanto o professor é um diferencial para a efetivação da leitura escolar. [...] para o ensino e a dinamização da leitura escolar, o trabalho do professor merece maior atenção. Isso porque, sem um professor que, além de se posicionar como um leitor assíduo, crítico e competente, entenda realmente a complexidade do ato de ler, as demais condições para a produção da leitura perderão em validade, potência e efeito. (SILVA, 2002, p. 22). Segundo o autor, para que se entenda e se ensine a leitura, é necessário que o professor seja também um leitor assíduo, crítico e competente, pois só assim, ele conseguirá entender quais direcionamentos devem ser realizados. O aluno, geralmente, vê nas pessoas mais velhas que o cerca - como seus pais e professores – exemplos a serem seguidos, então cabe a esses profissionais e responsáveis, a construção de situações positivas que possam servir de modelos a essas crianças e jovens. Outro aspecto importante sobre esse processo leitor, é que não compete somente à escola o papel de incentivar a leitura, mas a todos que se sentem envolvidos no processo de formação de cidadãos autônomos, reflexivos, críticos e criativos. Certamente, quando se trabalha com a literatura infantil ou textos diversos – tanto na escola como no lar do aluno – esse processo leitor passa a ser visto como um recurso pedagógico que dará as bases para a criação do hábito leitor e de conscientização na criança e no jovem. Isso porque a partir da prática leitora, como sugerem os PCN's, pode-se: Ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada; estimular o desejo de outras leituras; possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia e da imaginação; permitir a
  • 23. 23 compreensão do funcionamento comunicativo da escrita: escreve-se para ser lido; expandir o conhecimento a respeito da própria leitura; aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares — condição para a leitura fluente e para a produção de textos; possibilitar produções orais, escritas e outras linguagens; informar como escrever e sugerir sobre o que escrever; ensinar a estudar; possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a fala e a escrita; favorecer a aquisição de velocidade na leitura; favorecer a estabilização de formas ortográficas. (PCN's, 2000, p. 64-65) É notório que a construção da competência leitora e escritora abrangem diversos aspectos de inserção social e cultural e que a partir a aquisição dela, estaremos formando cidadãos críticos e atuantes. 2.1 A leitura e a sua importância para a formação crítica do aluno O ato de ler está muito ligado ao universo no qual o sujeito está inserido. Ler foge um pouco de padrões e trabalha diversos aspectos que estão diretamente ligados ao universo de quem se propõe a compreender aquilo que o cerca. Enfim, ler requer além de competências básicas como o saber decodificar as informações, até outras mais complexas como um diálogo que se estabelece entre o leitor e o que está sendo informado. Segundo Martins (1994, p. 30-31): Seria preciso, então, considerar a leitura como um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressão do fazer humano, caracterizando-se também como acontecimento histórico e estabelecendo uma relação igualmente histórica entre o leitor e o que é lido. [...] As inúmeras concepções vigentes de leitura, grosso modo, podem ser sintetizadas em duas caracterizações: 1 - Como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta; 2 - Como um processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos. Conforme a autora, o ato de ler passa a ser mais do que palavras organizadas em um texto, essa competência sempre irá depender do que a pessoa já traz consigo, das experiências adquiridas ao longo da sua vida. Aqui observamos que são apresentadas duas situações distintas, aquelas ligadas com a leitura mecanicista (do condicionamento
  • 24. 24 estímulo-resposta) e a que dá um significado mais abrangente (através dos sentidos, da posição política e cultural) e que aproxima o aluno do texto. A partir dessas particularidades que se estabelecem através leitura é que se formará uma visão crítica no aluno. É importante ressaltar que todos esses direcionamentos leitores têm na figura do professor, um profissional que direcionará o aluno a interpretar e a entender aquilo que ele decodifica no texto, também fará com que ele passe a enxergar as mensagens implícitas nas entrelinhas que se não houver um preparo adequado podem passar despercebidas para um leitor pouco atento. Com isso haverá uma relação da mensagem com aquilo que o aluno vivencia e se respeitará o seu conhecimento prévio, tornando assim a leitura mais agradável e prazerosa. Percebe-se que um direcionamento correto é necessário, pois o educador é aquele profissional que fará com que desperte no aluno o gosto pelo ato de ler e isso é fundamental para a construção da competência leitora e futuramente ou de maneira concomitante para a construção da competência escritora com consciência e criatividade. A partir desse olhar mais atento e desse novo direcionamento que foge apenas da decodificação de palavras, os professores passaram a compreender melhor a função da leitura em suas diferentes modalidades que podem ser realizadas para pura apreciação de uma obra, para atribuir sentido e localizar informações explícitas e implícitas num texto, para se interar de alguma informação importante, para efetivar uma pesquisa, para estabelecer uma comparação com outras leituras, etc. Em virtude disso, o que vem ocorrendo dentro da sala de aula é que a leitura está se tornando uma atividade central, ocorre diariamente e, com isso, os professores têm mostrado aos seus alunos a sua importância e a sua necessidade. Sobre a compreensão da leitura e adaptação de textos a realidade do aluno, Solé (1998) dá a seguinte contribuição: As estratégias de compreensão em leitura – procedimentos que tendem à obtenção de uma meta e que permitem fazer avançar a ação do leitor, embora não possam ser prescritas totalmente – não estão sujeitas de forma exclusiva a um tipo de conteúdo ou a um tipo de texto, podendo adaptar-se a diferentes situações de leitura. (SOLÉ, 1998, p. 97) Observa-se que o direcionamento do professor é de extrema importância nesse processo de construção da competência leitora e escritora no aluno, que deve trabalhar
  • 25. 25 com uma diversidade substancial de gêneros textuais, pois somente com o conhecimento de diversos tipos de textos é que o aluno conseguirá aproximar aquilo que ele lê de situações reais vividas no seu dia a dia. Ainda sobre a importância da contextualização da leitura e das estratégias de compreensão do texto, Rojo (2002, p.02) ressalta: Mas ser letrado e ler na vida e na cidadania é escapar da literalidade dos textos e interpretá-los, colocando-os em relação com outros textos e discursos, de maneira situada na realidade social; é discutir com os textos, replicando e avaliando posições e ideologias que constituem seus sentidos; é, enfim, trazer o texto para a vida e colocá-lo em relação com ela. Mais que isso, as práticas de leitura na vida são muito variadas e dependentes de contexto, cada um deles exigindo certas capacidades leitoras e não outras. Percebe-se que a autora dá grande importância a capacidade do aluno em construir significados naquilo que está lendo e com isso ele passa a transportar de forma gradual essa aprendizagem para situações pontuais e reais. A partir dessas contribuições teóricas, o que se observa é que todas estão dando significativa importância ao papel do educador na construção de estratégias e competências leitoras e que só com um método voltado de aproximação da leitura com aquilo que aluno conhece é que se conseguirá alcançar resultados positivos na formação do cidadão crítico. 2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – Língua Portuguesa) – uma dimensão oficial sobre o papel da leitura e escrita na escola Os PCNs de Língua Portuguesa (5ª a 8ª série) rezam que os textos produzidos pelos alunos refletem o seu domínio em relação à utilização da língua materna, também são termômetros daquilo que ainda o aluno precisa dominar. A leitura nesse processo tem uma grande importância, pois através das práticas de escuta e leitura podem-se constituir competências para que haja a produção de textos que estejam de acordo com formação de um aluno escritor. O texto produzido pelo aluno, seja oral ou escrito, permite identificar os recursos lingüísticos que ele já domina e os que precisa aprender a dominar, indicando quais conteúdos precisam ser tematizados, articulando-se às práticas de escuta e leitura e de análise lingüística. (PCN – Língua Portuguesa - 5ª a 8ª série, 1998, p.39)
  • 26. 26 Os PCNs (Língua Portuguesa - 1ª a 4ª série) ressaltam que a competência leitora e a competência escritora devem caminhar juntas, e se faz uma observação muito importante: ―alguém que lê muito, não é automaticamente, alguém que escreve bem‖. Observa-se que quando se trabalha a competência leitora, se tem como primeiro objetivo formar leitores que sejam também capazes de produzirem bons textos, porém, isso não deve ser encarado como uma regra, pois a produção textual demanda de diversas habilidades e capacidades cognitivas que somente com o ato de se ler, talvez não seja capaz de saná-las. Através desses direcionamentos dos PCNs, é possível construir um olhar sobre a importância da escola na formação de leitores e escritores. Observamos que além do desenvolvimento cognitivo do aluno a escola também tem uma função social e é sobre essa necessidade da formação do cidadão que Paulo Freire (1994, p. 98), dá a sua contribuição: ―a leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele‖. Vemos aqui que o autor através desse trecho ressalta que o texto e mundo se confundem: a leitura e/ou a escrita do texto pode decifrar o mundo. Sendo assim, temos o ambiente escolar como um agregador que deve proporcionar ao aluno opções, possibilidades e prazeres de leitura e escrita de textos. Lerner (2002, p. 17-18) discorre sobre a necessidade de se implantar a leitura e a escrita nas escolas, ela afirma que: O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que recorrem aos textos buscando resposta para os problemas que necessitam resolver, tratando de encontrar informação para compreender melhor algum aspecto do mundo que é o objeto de suas preocupações, buscando argumentos para defender uma posição com a qual estão comprometidos, ou para combater outra que considera perigosa ou injusta, desejando conhecer outros modos de vida, identificar-se com outros autores e personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar-se de outras histórias, descobrir outras formas de utilizar a linguagem para criar novos sentidos... O necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que produzem seus próprios textos para mostrar suas idéias, para informar sobre fatos que os destinatários necessitam ou devem conhecer, para incitar seus leitores a empreender ações que consideram valiosas, para convencê-los da validade dos pontos de vista ou das propostas que tentam promover, para protestar ou reclamar, para compartilhar com os demais uma bela frase ou um bom escrito, para intrigar ou fazer rir... O necessário é fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos poderosos que permitem repensar o mundo e reorganizar o próprio
  • 27. 27 pensamento, onde interpretar e produzir textos sejam direitos que é legítimo exercer e responsabilidades que é necessário assumir. A autora ressalta a importância da escola na formação de leitores, mas não um simples leitor, objetiva-se formar alunos que procuram nos textos situações que irão direcionar a sua formação intelectual e crítica. A partir do momento que a leitura ganhe contextos que chamem a atenção do aluno e façam com que ele passe a refletir sobre a importância do desenvolvimento dessa competência, ele verá o ato de ler como uma ferramenta de manifestação e de formação necessária para a sua inserção social. Ainda segundo a autora, a escola e os profissionais da educação têm um papel fundamental para que os alunos criem um senso crítico e passem a ver a escrita como um objeto de ensino, chegando assim, a produção de textos competentes e autônomos: O desafio é formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro. O desafio é conseguir que os alunos cheguem a ser produtores de língua escrita, conscientes da pertinência e da importância de emitir certo tipo de mensagem em determinado tipo de situação social, em vez de se treinar unicamente como copistas que reproduzem – sem um propósito próprio – o escrito por outros, ou como receptores de ditados cuja finalidade – também estranha – se reduz à avaliação por parte do professor. O desafio é conseguir que a escrita deixe de ser na escola somente um objeto de avaliação, para se constituir realmente num objeto de ensino chegar a leitores e produtores de textos competentes e autônomos (LERNER, 2002, p. 27-28). Sabemos que em virtude da correria do dia a dia, os profissionais de língua portuguesa nem sempre conseguem direcionar a sua aula para trabalhar aspectos relevantes a formação desse ato crítico de escolhas textuais, principalmente com alunos do Ensino Fundamental II, porém essa base deve ser trabalhada, pois a partir do momento que o aluno compreenda o que lê, ele vai criando subsídios necessários para escrever também aquilo que lhe cause prazer ou que ele compreenda que seja necessário para a construção de um texto que irá ser valorizado e apreciado pelos seus colegas e professores. Uma questão interessante para reflexão seria: ―Por que trabalhar essa leitura crítica no Ensino Fundamental II e não apenas no Ensino Médio em que o aluno já tem certa maturidade?‖. Talvez a resposta esteja embasada no seguinte raciocínio: é importante que essa formação leitora tenha as suas bases em textos que trazem certa ludicidade, como um conto, uma fábula, uma crônica, entre outros, é também necessário
  • 28. 28 compreender que não são apenas os textos dissertativos que apresentam situações controversas e, por isso, são os únicos que podem ser opinativos e reflexivos. Percebemos que esse trabalho com a leitura deve ter as suas bases desde cedo na formação do aluno, pois somente assim, ele passará a construir competências que serão direcionadas em diversas ações escolares, inclusive na formação crítica e na escrita.
  • 29. 29 Capítulo 3 – A análise de dados na formação da competência escritora Em relação à metodologia desenvolvida no trabalho, ela foi construída através de um estudo qualitativo de cunho bibliográfico, em que se utilizaram pesquisas baseadas em livros, em teses e em periódicos relacionados com o objetivo de se responder a questão de pesquisa: A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II. A pesquisa foi dividida em três partes para uma melhor fundamentação teórica: na primeira, além de uma breve contextualização histórica, também se pesquisou os aspectos relacionados à formação da competência leitora nos alunos e o papel do professor nesse processo, as principais obras que deram esse suporte para esse primeiro momento foram MARTINS (1994); SOLÉ (1998) e ROJO (2002), entre outros. Na segunda parte, se pesquisou o que se espera de um aluno com a competência escritora no Ensino Fundamental II, ou seja, a formação do aluno escritor, sendo que os objetos de pesquisa foram o PCNs – Língua Portuguesa – de 5ª a 8ª série (1998) e o de 1ª a 4ª série (1997). Nela procurou-se realizar um levantamento de conceitos diretamente ligados à importância dada a leitura dentro do ambiente escolar, fazendo com que essa competência passe a ser uma ferramenta eficaz para a aquisição de conhecimentos sobre os diversos assuntos que fazem parte do mundo social e cultural do aluno. Outra ênfase está ligada a importância do direcionamento correto, através do professor, para que o aluno consiga desenvolver a capacidade e a habilidade leitora, e assim, passe a ser um leitor eficiente que conseguirá produzir os seus próprios textos. E por fim, na terceira parte trabalharam-se três aspectos para estabelecer conceitos que deem conta de se refletir sobre a questão de pesquisa: 1- a importância do escreverem textos de acordo com o que se espera de um aluno escritor competente do Ensino Fundamental II, 2- a utilização dos gêneros textuais trabalhados nessa fase de escolarização e 3- a Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica para que o professor atinja os objetivos para fazer com que os alunos escrevam os seus próprios textos através de uma metodologia construída em etapas. As obras de apoio foram ALMEIDA (2000); LERNER (2002); BAKHTIN (1979); LEAL (2003), entre outros. Nesses apontamentos sobre a utilização de tais ferramentas pedagógicas (gêneros textuais e SD), se procurou alicerçar a reflexão ao objetivo central que é a
  • 30. 30 elaboração de conceitos que deem conta de um aprofundamento maior na questão levantada no início desse trabalho. Para isso, o objetivo foi apontar possíveis intervenções, como também, fazer um levantamento em diversas obras que tratam da importância da escrita no Ensino Fundamental II. Para que o trabalho contemplasse todas as etapas de maneira satisfatória foi necessária uma leitura intensiva de autores que escreveram sobre o assunto e desenvolveram conceitos relevantes através de pesquisas, sendo que esses autores são conhecidos e respeitados no âmbito acadêmico, suas contribuições deram a base para a efetivação desse trabalho bibliográfico. 3.1 A formação do escritor competente através da aquisição de habilidades leitoras Primeiramente, é necessário refletir sobre o conceito de escritor competente. A escola tem com uma das suas missões a de proporcionar no aluno diversas maneiras de aquisição do ato leitor, sendo que essa construção do conhecimento se refletirá na competência ligada à escrita de textos úteis no dia a dia desse aluno. Para que isso ocorra, vê-se a necessidade de se implantar de forma ativa e em conjunto essas duas ações - a leitura como base de conhecimento e a escrita como fruto dessa aquisição e uma ferramenta de reflexão e interação com o mundo. Observamos que a leitura e a escrita se complementam, a partir do momento que se estabelece uma sintonia daquilo que se lê com aquilo que está em sua volta, passa-se a obter um suporte para aquilo que se escreve. Essas duas competências proporcionará a construção de uma escrita viva e ativa, na qual o escrever passará a fazer parte da necessidade de formação de um aluno que vê nessas competências uma oportunidade de se manifestar e intensificar a sua participação sociocultural. A partir dessas colocações, constata-se que ler e escrever passa a se constituir em instrumentos poderosos de reflexão que fará com que o aluno reorganize o seu pensamento, tendo na produção textual uma ferramenta na qual se estabelecerão os seus direitos e a necessidade de assumir responsabilidades diante do contexto no qual ele está inserido, ou seja, a leitura e a escrita, assumem um papel maior do que serem apenas considerados instrumentos cognitivos, é uma maneira de interação e reflexão sobre a vida em sociedade.
  • 31. 31 Ainda a respeito dessa complementação da leitura e da escrita, os PCNs ressaltam que: ―[...] são práticas que permitem ao aluno construir seu conhecimento sobre os diferentes gêneros, sobre os procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-los e sobre as circunstâncias do uso da escrita.‖ (PCN. Séries iniciais, p.38) Porém a formação desse aluno consciente e competente na produção de textos está ligada diretamente a uma mudança na concepção do ensino da leitura e da escrita na escola. A leitura e a escrita por muito tempo foi encarada como algo que deveria ser absorvida de forma automática e estática, havia uma privação de uma construção da aprendizagem ativa e consciente. Muitas vezes o aluno era obrigado a absorver textos e transcrevê-los de maneira descontextualizada com aquilo que ele vivenciava no seu âmbito sociocultural. No entanto, com um trabalho intensivo é possível conseguir com que os alunos cheguem a serem produtores de língua escrita, mas com a consciência da importância de tal ação, e não de forma automática sem que haja previamente o estabelecimento de objetivos. Outra observação importante é que a escrita deixe de ser apenas uma ferramenta excludente na qual o professor a utilize apenas como um objeto pontual de avaliação. É preciso dimensionar essa competência para algo mais produtivo que se objetive na construção de um objeto de ensino, agregador de conhecimentos e um meio em que se possa refletir a própria aprendizagem. Com isso, se chegará a leitores e a produtores de textos competentes e autônomos que realizarão essa tarefa pedagógica com determinação e prazer. Sabemos que estabelecer essas metas não é uma missão fácil, principalmente com alunos que estão numa fase intermediária da aprendizagem. No entanto, a partir de um trabalho voltado para um ensino que tenha o aluno como o protagonista e o construtor ativo do seu conhecimento, será possível fundamentar uma mudança de paradigmas que passará a priorizar a formação consciente dos estudantes que estabelecerão como meta na sua produção de textos a construção de uma ferramenta discursiva que fará a diferença naqueles que serão os seus leitores, ou seja, os apreciadores dos seus textos. Ainda sobre essa conscientização escritora voltada para a formação do aluno, LEAL (2003, p. 54-55), enfatiza sobre a importância de reflexão no momento da escrita, e a valorização por parte do professor daquilo que foi produzido:
  • 32. 32 Para que se escreve? Uma das respostas possíveis é: para ser lido e compreendido. Reconhecemos, de antemão, que os alunos, quando produzem os seus textos, em qualquer momento de sua vida escolar, esperam uma resposta ao que produziram. [...] Portanto, o aprendiz (o aluno), na escola, ao dar lugar à compreensão responsiva ativa do outro (o professor), espera dele algum retorno, não um retorno qualquer, mas algo capaz de permitir uma dialogia, entendendo-a como um momento de produção de sentido, de dizeres e de trocas significativas. A partir desses conceitos estabelecidos sobre a importância e a necessidade de um olhar consciente tanto por parte de quem produz o texto (alunos) como de quem direciona as atividades (professores) em relação ao porquê escrever e qual seria o resultado esperado dessa atividade, fica evidente que deve existir dentro de um ambiente escolar (sala de aula) uma relação dialógica entre o professor e o aluno. Não é possível direcionar e realizar uma atividade e não se refletir sobre os resultados. O aluno espera do seu professor um ―feedback‖ daquilo que construiu. Somente com essa relação dialógica estabelecida é que se poderão obter os resultados esperados tanto por quem ensina como por quem aprende. Depois dessa breve reflexão sobre a necessidade de uma conscientização escritora, sobre a importância da aquisição de recursos leitores e de um direcionamento correto da atividade escritora por parte dos educadores, já se torna possível fundamentar alguns conceitos sobre o que venha a ser um escritor competente. O escritor competente é aquele que na sua produção textual conhece as possibilidades que estão postas sócio e culturalmente durante a realização dessa tarefa, é o portador da capacidade de selecionar o gênero textual (discurso) adequado para que o seu texto tenha sentido e seja convincente para o seu leitor, ou seja, é um observador atendo do seu meio social e cultural. É, ainda, um escritor competente, aquele que seja capaz de recorrer, com sucesso, a outros textos quando se necessita utilizar fontes escritas para a sua própria produção. Quanto a essa seleção do gênero textual pelo escritor, ela passa a ser de extrema importância, pois determinam quais são as intenções de tal produção e os seus objetivos tendo em vista quem irá se deparar com a produção escrita. Vemos que a missão do professor dentro do Ensino Fundamental II não é fácil, pois sabemos que um grande desafio da escola é formar alunos leitores e escritores competentes, capazes de usar a leitura e a escrita em diferentes circunstâncias e
  • 33. 33 contextos. Observamos que um dos caminhos que pode ser um facilitador para a aquisição dessas competências, está no trabalho com diversos gêneros textuais que farão com que o aluno conheça várias estruturas de textos e a sua utilização social no dia a dia e, com isso, ele consiga construir competências e habilidades diversas que lhe darão uma base sólida em momentos de produção escrita e que farão parte do seu universo enquanto um escritor competente e um leitor ativo e inteirado com aquilo que o cerca. 3.2 Os diversos gêneros textuais como suporte para a formação do aluno escritor Através do agrupamento dos gêneros possibilita-se aos professores trabalharem diversos tipos de textos tendo em vista os domínios sociais de comunicação e as capacidades de linguagem que possuem. Um dos papéis fundamentais da escola é a de preparar o aluno para o estabelecimento de uma interação plena com a sociedade, em especial com a letrada. Através do letramento o jovem consegue exercer a sua condição enquanto cidadão e passa a ter consciência da sua posição sociocultural. Nesse ponto a construção da aprendizagem ligada à produção textual o auxilia a ser valorizado e ―aceito‖ enquanto sujeito, uma vez que por meio de enunciados escritos é que se constrói uma interação em seu meio, se expõe o seu posicionamento e se age com o mundo. GERALDI (1993, p. 135) considera a produção de textos ―como ponto de partida de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua [pois] é no texto que a língua se revela em sua totalidade‖. No Ensino Fundamental II, por se considerar a produção de textos uma competência de extrema importância para a formação do aluno, o foco principal do ensino está ligado à leitura e à escrita, as suas bases estão fundamentadas basicamente na teoria de gêneros textuais, no qual o desenvolvimento desse conhecimento dará um suporte para que os alunos saibam adaptar suas atividades aos eventos sociais comunicativos, ou seja, o trabalho com gêneros textuais diversos propicia aos alunos um conhecimento amplo de diversos textos e o seu uso nas mais diversas situações sociais. É importante apresentar ao aluno essa possibilidade de construção cognitiva, pois por se tratar de uma fase intermediaria da aprendizagem, o aluno é convidado a
  • 34. 34 descobrir novos tipos de textos que se diferenciam em relação a sua estrutura, a sua aplicabilidade e a sua construção semântica. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) essa importância dada ao conhecimento de diversos gêneros está ligada diretamente com aquilo que o aluno encontra na vida diária, com padrões sociocomunicativos característicos, definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos variados. Ainda sobre este propósito, Dell‟Isola (2007, p.12) afirma: Como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCNLP) é imprescindível o investimento no trabalho com gêneros textuais em sala de aula, pois os alunos devem ser capazes de ler textos de diferentes gêneros ―combinando estratégias de decifração com estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação‖. Quanto a essa necessidade de descoberta de diferentes tipos de textos e como resultado o estabelecimento de uma interatividade com o mundo, os PCNs ressaltam a importância que o ensino de língua portuguesa propicia aos indivíduos envolvidos nos processos de ensino a aprendizagem, o conhecimento necessário para se interagir produtivamente com seus pares em diferentes atividades discursivas, com isso ele aponta a importância do domínio ativo do discurso que: no processo de ensino e aprendizagem dos diferentes ciclos do ensino fundamental espera-se que o aluno amplie o domínio ativo do discurso nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da linguagem, de modo a possibilitar sua inserção efetiva no mundo da escrita, ampliando suas possibilidades de participação social no exercício da cidadania (PCN-EF, 1999, p. 32). Ainda segundo os PCNs: Todo texto se organiza dentro de determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, as quais geram usos sociais que os determinam (PCN-EF, 1999, p. 21). Observa-se que os PCNs de língua portuguesa determinam que todos os textos trabalhados oralmente e produzidos através da produção escrita dos alunos estão alicerçados em gêneros textuais diversos e cada um possui um valor comunicativo nos quais os estudantes poderão estabelecer uma integração maior com a sociedade letrada. Isso proporcionará com que eles exerçam um papel de protagonistas no qual se valoriza essa interação do ser humano com o seu meio, haverá também um uso correto dos textos em diversas situações práticas.
  • 35. 35 Ainda sobre essa importância integradora, segundo Dolz e Schneuwly (2004), os gêneros têm se tornado um instrumento que possibilita exercer uma ação linguística sobre a realidade, com isso o aluno terá através da leitura e da sua produção textual uma maior interação com situações de letramento e uma aquisição maior de competências e habilidades. Os autores apresentam os seguintes agrupamentos de gêneros: Quadro 01: Aspectos tipológicos Domínios sociais de comunicação Capacidades de linguagem dominantes Exemplos de gêneros orais e escritos Cultura literária ficcional NARRAR Mimeses da ação através da criação de intriga. Conto maravilhoso Fábula Lenda Narrativa de aventura Narrativa de ficção científica Narrativa de enigma Novela fantástica Conto parodiado Documentação e memorização de ações humanas RELATAR Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. Relato de experiência vivida Relato de viagem Testemunho Curriculum Vitae Notícia Reportagem Crônica esportiva Ensaio biográfico Discussão de problemas sociais controversos ARGUMENTAR Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição. Texto de opinião Diálogo argumentativo Carta do leitor Carta de reclamação Deliberação informal Debate regrado Discurso de defesa (adv.) Discurso de acusação (adv.) Transmissão e construção de saberes EXPOR Apresentação textual de diferentes formas dos saberes. Seminário Conferência Artigo ou verbete de enciclopédia Entrevista de especialista Tomada de notas Resumo de textos expositivos ou explicativos Relatório científico Relato de experiência científica Instruções e prescrições DESCREVER AÇÕES Regulação mútua de comportamentos. Instrução de montagem Receita Regulamento Regras de jogo Instruções de uso Instruções (DOLZ E SCHNEUWLY, 2004, p. 121)
  • 36. 36 Através do agrupamento dos gêneros possibilita-se aos professores trabalharem diversos gêneros tendo em vista os domínios sociais de comunicação e as capacidades de linguagem que possuem. É importante durante todo o Ensino Fundamental apresentar ao aluno as diversas possibilidades de se escrever conforme a necessidade de cada situação, somente assim, se estabelecerá objetivos claros e reais. Quando se fala em gêneros textuais também não podemos se esquecer de envolver Bakhtin, que, em sua época, realizou relevante estudo sobre os gêneros discursivos que, até os dias atuais, são utilizados com determinadores de pesquisas. Para ele: a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo (BAKHTIN, ([1979], 2003, p.262). O autor atribui um valor inesgotável ao trabalho com esse tipo de ferramenta pedagógica ligada à atividade humana que passa a ser importante na interação daquilo que o aluno escreve com o que ele observa e utiliza no seu dia a dia, pois sempre um texto estará ligado a uma ação ou atividade existente ou que ainda irá se firmar como uma nova modalidade textual. A partir do momento que o professor apresenta ao aluno a necessidade de se conhecer e de se colocar em prática aquilo que é preciso para uma produção textual competente e que esteja condizente com o que se espera de um cidadão letrado, tem-se nos gêneros textuais um suporte pedagógico importante para esse educador. Isso porque ao se trabalhar com os mais diversos tipos de textos oportuniza ao aluno uma atividade e um trabalho ativo com situações reais, isso vem facilitar de forma significativa os objetivos da formação escritora do aluno. MARCUSCHI (2002, p. 35) ressalta essa interatividade com o trabalho com gêneros textuais em ―uma oportunidade de se lidar com a linguagem em seus mais diversos usos autênticos no dia a dia‖. Esses ―usos autênticos do dia a dia‖ citado por Marcuschi (2002) é de extrema importância, pois a partir do momento que o aluno entenda quais são os objetivos e o porquê de tal proposta de produção, ele conseguirá entender o que o seu leitor espera encontrar no seu texto.
  • 37. 37 Essa contextualização com o mundo e com aquilo que o aluno vivencia proporciona a quebra de barreiras e a resposta a diversos questionamentos do porquê escrever e de se respeitar as estruturas textuais pré determinadas em determinado gênero. Esse trabalho é uma ferramenta eficaz que garante um novo olhar de interesse para a construção da aprendizagem em alunos do Ensino Fundamental II que nem sempre veem na escrita algo prazeroso, fácil e importante para a sua formação enquanto produtores de seus próprios textos. Ainda segundo BAKHTIN ([1979], 2003), além dessa importante atividade na formação escritora através dos gêneros textuais, a comunicação ou a fala se dá através desse processo, sendo que nem sempre o falante se dá conta disto. O que se observa com esta afirmação é que há um vasto campo de gêneros orais e escritos usados, de acordo com a intencionalidade comunicativa. Aqui vemos que o falante deve dominar os gêneros para que ele possa se comunicar em qualquer situação na qual ele se encontrar, principalmente em situações com interlocutores diversos e através de temas que estejam ligados ao cotidiano, ao social e a cultura. Cabe ao falante escolher o gênero que melhor lhe dará suporte para uma comunicação eficaz e com propriedade. Para Bakhtin: É preciso dominar bem os gêneros para empregá-los livremente [...] Quanto melhor dominamos os gêneros tanto mais livremente os empregamos, tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a nossa individualidade (onde isso é possível e necessário), refletimos de modo mais flexível e sutil a situação singular da comunicação; em suma, realizamos de modo mais acabado o nosso livre projeto de discurso (BAKHTIN, [1979], 2003, p.285). É notória a premissa de que aqueles professores que conseguem despertar e efetivar nos seus alunos essa aproximação do mundo escrito e oral, através de gêneros textuais diversos, com o mundo real, possivelmente, eles estarão construindo nesses jovens o querer aprender e - o mais importante - farão com que eles enxerguem e reflitam a importância da procura do conhecimento para elaboração de um bom texto que seja valorizado pelo o seu professor, pelos os seus leitores e por ele mesmo. Sendo assim, a construção da aprendizagem nas escolas por meio de um trabalho com gêneros textuais, fornece ao aluno os conhecimentos linguísticos e textuais necessários para atuar reflexivamente em diferentes atividades comunicativas, uma vez que os alunos estariam praticando a sua escrita e refletindo em sala de aula com base em
  • 38. 38 textos originais que veiculam na sociedade. Com isso, a escola estará cumprindo o seu papel de formadora de leitores e escritores que estejam de acordo com aquilo que se espera na formação de seres sociais, ativos e letrados. 3.3 A Sequência Didática (SD) como uma ferramenta pedagógica eficiente para a construção da competência escritora Assim como o estudo dos gêneros textuais, o trabalho em sala de aula com a Sequência Didática é um caminho eficiente para o professor desenvolver nos alunos os meios eficazes para a construção da competência escritora de uma maneira sólida e reflexiva. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Portuguesa de 3º e 4º ciclos (Brasil, 1998), é através de um estudo voltado para o diagnóstico daquilo que o aluno já sabe e das suas capacidades é que se é capaz de identificar quais são as estratégias e instrumentos pedagógicos mais adequados para o desenvolvimento das diversas competências e habilidades nos alunos. Sendo assim, é importante que o professor reflita sobre quais são os objetivos didáticos que se deseja alcançar, após essa reflexão e planejamento ele estará apto para realizar as intervenções necessárias para que haja um melhor desenvolvimento dos conhecimentos escritores nos alunos. Uma ferramenta pedagógica eficaz para esse planejamento é o trabalho com a Sequência Didática na elaboração de textos. Segundo Almeida (2000), a Sequência Didática trata-se: segundo Dolz e Schneuwly (1996), de um conjunto de aulas destinadas a ajudar os aprendizes a desenvolverem seus saberes práticos relativos à expressão escrita e oral. Para esses, uma sequência didática consiste em elaborar um projeto de apropriação das dimensões constitutivas de um gênero textual, que são como instrumentos que permitem agir em situações de comunicação diversas. (ALMEIDA, 2000, p. 134) Esse trabalho de sequenciar ações ajudará o aluno e o educador a construir e a reconstruir determinados objetivos. Sendo que, a Sequência Didática é uma ferramenta de reflexão na qual as ações podem ser repensadas e reelaboradas conforme a necessidade de aprendizagem. Isso vem facilitar o trabalho com diversos gêneros e, consequentemente, auxilia na competência escritora em médio e longo prazo.
  • 39. 39 Esse projeto (SD) é um processo direcionador de ações que deve ser construído de maneira conjunta na qual o aluno e o professor direcionam os objetivos que serão alcançados. A partir dessa relação dialógica será possível estabelecer uma reflexão sobre a efetiva necessidade de replanejamento e criará uma consciência voltada para a necessidade de o aluno ser o protagonista da sua aprendizagem e o detentor de competências e habilidades voltadas para a elaboração de textos significativos e com certo valor linguístico.
  • 40. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve por objetivo investigar os procedimentos realizados com a competência leitora para um desenvolvimento mais positivo da competência escritora nos alunos do Ensino Fundamental II, sendo que nessa fase de escolarização se constata certa dificuldade no desenvolvimento de tais práticas. No entanto, quando há um direcionamento correto da leitura e se cria no aluno uma vontade de sempre querer descobrir situações novas, percebe-se que o seu desenvolvimento é mais satisfatório no momento em que ele se depara para ser o produtor do seu próprio texto. A pesquisa apresentou como primeiros objetivos específicos, uma contextualização da leitura no Brasil nas últimas décadas, para isso fez-se um estudo da leitura como um procedimento baseada em situações tradicionalistas, no qual os alunos tinham como objetivo apenas a decodificação automática de diversos textos que nem sempre retratavam situações vivenciadas por eles no cotidiano, ou seja, o importante era criar na criança e no jovem apenas competências ligadas à decodificação das palavras, sem um direcionamento interpretativo e crítico/reflexivo para a compreensão de situações reais que estejam ligadas aos momentos sociais e culturais do leitor. Outro estudo estava voltado para leitura como uma interação com a realidade, é o que ―teoricamente‖ encontramos atualmente nas nossas escolas. Esse primeiro momento de historicidade cumpriu com o seu papel de estabelecimento de contrastes entre como era trabalhada a leitura antes e como ela é trabalhada hoje. Esse novo paradigma ocorreu pelo interesse e estudos que vêm se devolvendo no campo acadêmico nas últimas décadas. Outro momento importante desse estudo bibliográfico foi o estabelecimento de conceitos sobre a valorização da leitura e da escrita na escola, pois através dessas duas competências se constrói uma ligação direta na maneira como o aluno passa a olhar para aquilo que o cerca, desenvolve-se assim uma criticidade que estabelecerá momentos de reflexão sobre o seu posicionamento sócio/cultural. Sendo que nesse capítulo houve um destaque sobre a importância do profissional da educação nesse processo de aquisição, pois o professor, assim como o aluno, também por muitas vezes necessita do estabelecimento de objetivos e da descoberta de situações inovadoras que o auxiliará a direcionar de maneira correta a aprendizagem do seu aluno, principalmente no que se diz respeito às competências e habilidades ligadas à leitura e à escrita.
  • 41. 41 Ainda sobre esse destaque dado ao papel do professor, é importante ressaltar que todos esses direcionamentos leitores têm na figura desse profissional alguém que direcionará o aluno a interpretar e a entender aquilo que ele decodifica no texto. Na última parte do trabalho de investigação bibliográfica, procurou-se explorar conceitos práticos para a formação do escritor competente. No início houve uma busca através de trabalhos de pesquisas e de documentos oficiais como os PCNs de Língua Portuguesa sobre o que é um escritor competente, no qual se chegou a algumas conclusões que a formação desse aluno consciente e competente na produção de textos está ligada diretamente a uma mudança na concepção do ensino da leitura e da escrita escolar. Depois de uma intensiva pesquisa bibliográfica se chegou a alguns conceitos que estabelecem que o escritor competente é aquele que ao produzir um texto conhece as possibilidades que estão postas sócio e culturalmente durante a realização dessa tarefa. É o portador da capacidade de selecionar o gênero textual (discurso) adequado para que o seu texto tenha sentido e seja convincente para o seu leitor, ou seja, é um observador atento do seu meio social e cultural. É, ainda, um escritor competente, aquele que seja capaz de recorrer, com sucesso, a outros textos quando se necessita utilizar fontes escritas para a sua própria produção. Ainda nesse capítulo se estabeleceu a importância do estudo sistemático dos gêneros textuais como uma ferramenta leitora e escritora que aproxima o aluno a situações contextualizadas que ele encontra em diversas situações na qual ele se depara no seu dia a dia, entre as principais nós podemos destacar a leitura de uma notícia, o escrever ou receber um bilhete, a construção e a leitura de crônicas, entre outras. Percebe-se que essa aproximação do texto com o real ajuda a desenvolver no aluno uma reflexão sobre o porquê das competências e habilidades trabalhadas nesses estudos de gêneros que abrangem os diversos tipos de textos e a sua função social. E por fim, se discorreu sobre a Sequência Didática (SD) como uma maneira de criar no aluno a oportunidade de se conhecer o como é possível refletir ao longo de um projeto leitor e escritor. Ainda sobre essa ferramenta pedagógica é necessário tê-la como um processo no qual o aluno passe a refletir junto com o seu professor quais são as melhores maneiras de se alcançar um resultado satisfatório que foi objetivado no início do projeto. Cria-se, então, um objeto reflexivo que colocará o aluno como protagonista da construção da sua aprendizagem.
  • 42. 42 Depois de todas essas etapas, observa-se que a questão levantada no início desse trabalho ―A importância do desenvolvimento da competência leitora para a formação de alunos escritores no Ensino Fundamental II”, conseguiu-se alicerçar novos subsídios reflexivos que auxiliarão os professores a direcionarem o seu trabalho em sala de aula através de um novo olhar, no qual algumas questões foram respondidas. Porém, há muito, ainda, o que se pesquisar, pois, todos nós sabemos que criar no aluno o gosto pela leitura é um grande desafio que ―atormenta‖ os profissionais de todos os níveis educacionais. Isso talvez ocorra por uma má formação na base escolar, por uma falta de acompanhamento familiar, por um direcionamento errado do educador, ou seja, por diversos fatores que nem sempre são fáceis de explicação. Por todas essas dificuldades da aquisição da competência leitora, vemos que, cada vez mais, os alunos apresentam graves dificuldades de colocar no papel aquilo que se espera de um aluno do Ensino Fundamental II, no entanto a busca por caminhos que levem à procura de respostas é necessária e só poderão ser alcançadas através do conhecimento embasadas em pesquisas conceituais e por iniciativas práticas efetivadas no dia a dia escolar. Desse modo, dentro dos limites a que esta pesquisa se restringiu, espera-se que ela tenha colaborado para uma compreensão mais ampla do processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita. É fundamental que os educadores tenham consciência da importância de se possibilitar uma prática de ensino baseada em uma concepção interacionista de ensino, uma vez que se promove o desenvolvimento de um aluno crítico, capaz de ler e produzir ativamente. Além disso, espera-se que as análises e as reflexões apresentadas contribuam no momento de elaboração das aulas, fazendo com que o professor reflita sobre o que será ensinado.
  • 43. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALBUQUERQUE, E. B. C.; MORAIS, A. G.; FERREIRA, A. T. B. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista Brasileira de Educação, v. 13, p. 252-264, 2008. ALMEIDA, C. L. Os PCNs e a formação pré-serviço: uma experiência de transposição didática no ensino superior. In: ROJO, R. (Org.). A Prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. Campinas: Mercado de Letras, 2000, p. 127-147. BARBOSA, M. L. F. F.; SOUZA, I. P. Práticas de leitura no Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, (1979). 2003.4ª Ed. BEZERRA, M. A. Ensino de Língua Portuguesa e contextos teórico- metodológicos. In:DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (orgs.). Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola, 2010. BRASIL. - Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: 144p. Língua portuguesa: Ensino de primeira à quarta série. I. MEC/SEF, 1997. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa - 5ª a 8ª série. Brasília, 1998. DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernand. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. 278 p. (Tradução e organização: Roxane Rojo; Glaís Sales Cordeiro). FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler, em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1994. GERALDI, J.W. Portos de passagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993. LAJOLO, Marisa. Tecendo a leitura. Leitura: Teoria e Prática. Campinas, Ano 3, n.º 3, p. 3-6, jul. 1984. ________. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 4. ed. São Paulo: Ática, 1999. LEAL, Leiva F. V. ―A formação do produtor de texto escrito na escola: uma análise das relações entre os processos interlocutivos e os processos de ensino‖. In: ROCHA, Gladys e VAL, Maria da Graça Costa (orgs.). Reflexões sobre as práticas escolares de produção de texto – o sujeito-autor. Belo Horizonte: Autêntica/CEALE/FaE/UFMG, 2003.
  • 44. 44 LERNER, Delia. Ler e escrever na escola - o real, o possível e o necessário. Porto Alegre (RS): Editora Artmed; 2002. MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.; MACHADO, A.; BEZERRA, M. (org.). Gêneros Textuais e Ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, p. 19-36, 2005. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura? – 3ª Ed – São Paulo: Brasiliense, 1994. ROJO, Roxane H. R. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. SP: 2002. SILVA, Ezequiel Theodoro da. A produção da leitura na escola: Pesquisas x Propostas. 2. ed. São Paulo: Editora Àtica, 2002. SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2ª edição. Belo Horizonte, Autêntica, 2001. SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.