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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Fahrenheit Barbosa Amarante

A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro
Preto/MG (2012)

Ouro Preto
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Fahrenheit Barbosa Amarante

A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro
Preto/MG(2012)

Monografia apresentada ao Curso de
Turismo da Universidade Federal de
Ouro Preto, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Turismo

Orientador: Prof. Dr. Bruno Pereira
Bedim
Co-Orientador: Prof. MSc Ricardo
Eustáquio Fonseca Filho

Ouro Preto
2012
Fahrenheit Barbosa Amarante

A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro
Preto/MG (2012)

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________________
Professor Dr. Bruno Pereira Bedim
Universidade Federal de Ouro Preto

_______________________________________________
Professor Ms. Ricardo Eustáquio Fonseca Filho
Universidade Federal de Ouro Preto

_______________________________________________
Professor Marcos Knupp
Universidade Federal de Ouro Preto

Ouro Preto, 12 de novembro de 2012
Iniciei a minha graduação me
dedicando aos esforços dos meus
pais. Assim, termino a mesma
dedicando este trabalho a eles, sem
a confiança e o empenho deles eu
não estaria aqui, ao meu irmão
Kelvin e a minha filha Ana Luiza
que juntos formam o meu orgulho
e dedicação. Muito obrigada, esta
conquista também é de vocês!
AGRADECIMENTOS

Foram os anos mais proveitosos da minha vida. O curso superior foi um sonho que se encerra
agora. Agradeço a todos que de certa forma me auxiliaram durante todo este percurso na(s)
Universidade(s). Muito obrigada a UFJF pela primeira parte do meu curso e a UFOP pelas
grandes chances que me deu para me graduar como Bacharel em Turismo.
A minha família foi crucial nesta conquista, em especial aos meus pais, meu irmão, Vó
Oswaldina e Tia Luciene por sempre confiarem em mim e me darem suporte ao meu ensino.
Aos amigos de Pedra do Anta, Viçosa (em especial Telma, Elaine, Daniella, Jaque, Rody,
Eduardo e Rodrigo C.); de Juiz de Fora (As Biras – Rariane, Thalia, Thais, Ludimila, Júlia,
Camila, Carol B, Thati Lelis, Fabi e Caio) e aos amigos de Ouro Preto (Diadema, Anne, Lara,
Mayra, Natália, Phillipe, Léo). A amizade de vocês foi fundamental para mim!
Á querida República Belladona, por ter sido meu lar durante a minha graduação. Obrigada pela
amizade: Nádia, Luciana, Tássia, Cyntia, Paula, Lívia.
Às empresas juniores: Rumos (UFJF) e Completur Jr (UFOP) pela oportunidade de aprendizado e
experiência gratificante e inesquecível. O movimento MEJ vai estar comigo para sempre!
Ao projeto Sentidos Urbanos: Patrimônio e Cidadania, que me proporcionou uma vivência
diferenciada em Ouro Preto e a enxergar a cidade “com outros olhos”. Agradeço a Simone e ao
Professor Juca pela excelente oportunidade.
Ao DETUR e aos professores Leandro (pela grande disposição em ajudar nós alunos), Bruno
Bedim e Ricardo pela orientação e co-orientação deste trabalho.
A todo o desenvolvimento deste trabalho se deve à professora Kerley Santos, se não fosse a
dedicação, paciência, vontade de ajudar e a confiança eu não teria chegado até aqui. Esta
conquista também é sua!
Às repúblicas amigas TX, MB pela amizade e admiração pelo sistema republicano de Ouro Preto
Em especial á república Xeque-Mate, além da amizade, por ter permitido e realização deste
trabalho. Muito obrigada!
“Ah...Ouro Preto!!Dizem que é a cidade da
perdição.. É porque nela você faz aquilo que
vai contar para seus netos,bisnetos e tataranetos
um dia!! {...}
(Autor desconhecido)
RESUMO
O Brasil, dentre outras coisas, é reconhecido pela sua cultura, sendo o carnaval uma das
manifestações culturais mais populares. Cidades históricas como Ouro Preto (MG) possuem um
carnaval universitário em moradias estudantis (repúblicas). Estas repúblicas são parte de uma
cultura universitária categorizada como única no país, sendo influência de Portugal. Esse tipo de
moradia é um traço característico ou peculiar dessa cidade: suas regras e tradições tornam-se
mais um atrativo. Graças à isso é frequente o recebimento de hóspedes, principalmente durante o
carnaval, com hospitalidade e pacotes especialmente preparados para o recebimento deste
publico, Estes pacotes oferecem não somente a acomodação, mas também alimentação, bebidas,
festas e o cenário do carnaval de rua de Ouro Preto com seus famosos blocos caricatos, bandas de
marchinhas, além do movimento grande nas ruas do centro histórico durante esta festividade.
Além dessa prática realizada com intuito de obter lucratividade, estabelecem-se relações de
hospitalidade, mesmo que seja com fundo comercial, com os turistas que as frequentam. Faz-se
importante pensar no contexto em que o carnaval de Ouro Preto ocorreu no ano de 2012 mesmo
com a ameaça de fracasso do carnaval por causa das chuvas de janeiro que de certa forma lesou
algumas partes da cidade. A mídia teve um papel crucial para retomar o ânimo dos turistas para
participarem do carnaval de Ouro Preto. Este estudo foi pautado no pressuposto da importância e
representatividade da realização do carnaval das repúblicas estudantis de Ouro Preto, diante do
cenário em que as mesmas se inserem além das formas de hospitalidade estabelecidas pela
relação turista versus anfitrião, tendo como estudo de caso a República Xeque-Mate.

Palavras-chave: Repúblicas estudantis, Hospitalidade, Carnaval e Ouro Preto.
ABSTRACT

This paper discusses the organization of the carnival in the city of Ouro Preto in the universe of
the fraternities, being the Xeque Mate Fraternity the study place, during the carnival of 2012,
emphasizing the hospitality accorded residents with tourists. The Cultural Heritage of humanity
city receives thousands of tourists every year, with an average expected Carnival in 2012 by
40,000 revelers, contributing to the increased flow of people throughout the city, contributing to
the success of the celebration. This type of housing is a characteristic feature of this city, with its
curiosities, traditions become another attraction, where it often receiving guests, especially during
Carnival, where this hospitality is prepared to receive this public, by confections packages that
not only offer accommodation such as eating, drinking, partying and carnival street scene of Ouro
Preto with his famous caricatures blocks, marching bands, besides the big move in the streets of
the historic center during this festival. Even with the threat of failure carnival because of the rain
that in January somehow damaged some parts of the city, the media had a crucial role to regain
the

enthusiasm

of

tourists

to

participate

in

the

carnival

Keywords: Fraternities/Sororities, Hospitality, Carnival, Ouro Preto.

of

Ouro

Preto.
LISTA DE GRÁFICOS

Figura 1. Gráfico 1 “Motivação da Viagem”
Figura 2. Grágico 2 “Forma de Agrupamento”
Figura 3. Gráfico 3 “Principal Transporte Utilizado na Viagem”
Figura 4. Gráfico 4 “Estados de Origem”
Figura 5. Gráfico 5 “ Cidade de Origem dos Turistas”
Figura 6. Gráfico 6 “Idade dos Visitantes”
Figura 7. Gráfico 7 “Comparativo de Hospedagem: Idade”
Figura 8. Gráfico 8 “Gênero”
Figura 9: Gráfico 9 “ Estado Civil”
Figura 10. Gráfico 10 “Renda Familiar em Salários Mínimos”
Figura 11. Gráfico 11 “Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal”
Figura 12. Gráfico 12 “Como ficou sabendo do Carnaval de Ouro Preto”
Figura 13. Gráfico 13 “Número de Vezes no Carnaval de Ouro Preto”
Figura 14. Gráfico 14 “Onde se Hospedaram”
Figura 15. Gráfico 15 “Grau de Escolaridade”
Figura 16. Gráfico 16 “Comparativo Hospedagem: Escolaridade”
Figura 17. Gráfico 17 “Pacotes das Repúblicas”
Figura 18. Gráfico 18 “Itens Oferecidos nos Pacotes das Repúblicas”
Figura 19. Gráfico 19 “Números de Pernoites na Cidade”
Figura 20. Gráfico 20 “Comparativo de Hospedagem:Média de Permanência (Pernoites)”
Figura 21. Gráfico 21 “Comparativo Hospedagem: Público Relativo Recebido”
Figura 22. Gráfico 22 “Avaliação de Serviços/Equipamentos (Nota Média)
Figura 23. Gráfico 23 “Reclamações”
Figura 34. Gráfico 24 “Escolha da República Xeque Mate”
Figura 36. Gráfico 25: “Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro,
2012)”
Figura 38. Gráfico 26 “Motivo da escolha da república”
Figura 39. Gráfico 27 “Diferencial da República Xeque Mate”
Figura 40. Gráfico 28 “ Relação turistas/moradores na Xeque-Mate”
Figura 41. Gráfico 29 “Infraestrutura da casa”
Figura 42. Gráfico 30 “Formas de alojamento”
Figura 43. Gráfico 31 “Qualidade da alimentação oferecida”
Figura 45.Gráfico 32 – Conforto nas acomodações
Figura 47. Gráfico 33 – Retorno ao carnaval da República Xeque-Mate
Figura 48. Gráfico 34 – Como soube do carnaval de Ouro Preto
Figura 49. Gráfico 35 – Opinião em relação às festas
Figura 51. Gráfico 36 – o que mais chamou a atenção no carnaval
Figura 52. Gráfico 37 – Faixa etária dos turistas da República Xeque-Mate

LISTA DE TABELAS

Figura 24. Tabela 1 “Nomes de blocos e escolas de samba: Você consegue lembrar nomes de
blocos e escolas de samba tradicionais da cidade? (máximo 3). Nomes mais lembrados”
LISTA DE FIGURAS

Figura 25. “Cartaz do carnaval de Ouro Preto (Adriana Carneiro, 2012)”
Figura 26: Bandeira da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 27: Localização da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 28: Turistas na varanda (área externa) da casa (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 29: Turistas acomodados em um dos quartos da República (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 30: Turistas almoçando na República (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 31: Festa no interior da República (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 32: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012)
Figura 33: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012)
Figura 35: Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 37: Fachada e placa da República (Kerollyne Daniele, 2012)
Figura 44: A alimentação oferecida na República (Kerollyne Daniele, 2012)
Figura 46: A acomodação na República (Adriana Carneiro, 2012)
Figura 50: Festa no interior da República (Kerollyne Daniele, 2012)
LISTA DE ABREVIATURAS

A&B – Alimentos e Bebidas
DETUR – Departamento de Turismo
ENUT – Escola de Nutrição
ICEB – Instituto de Ciências Exatas e Biológicas
IFAC – Instituto de filosofia, Artes e Cultura.
PMOP – Prefeitura Municipal de Ouro Preto
SECTUR-OP – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Ouro Preto
SETUR/MG – Secretaria Estadual de Turismo de Minas Gerais
UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto
UNESCO – Organização das Nações unidas para a Educação, para a Ciência e para a Cultura
UPA – República Unidos por Acaso
SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................14
Objetivos .........................................................................................................................................16

1.2
1.2.1

Objetivo Geral ..............................................................................................................................16

1.2.2

Objetivos Específicos ...................................................................................................................16

1.3

Justificativas ...................................................................................................................................17

1.4

Delimitações ....................................................................................................................................19

1.5

Metodologia ....................................................................................................................................19

1.6

Hipóteses .........................................................................................................................................20

2

HOSPITALIDADE E O CONTEXTO DO CARNAVAL DE OURO PRETO (MG) ................22

2.1

Aspectos teóricos da Hospitalidade...............................................................................................22

2.2

Um breve histórico sobre o Carnaval ...........................................................................................27

2.2.1

Origem do Carnaval .....................................................................................................................27

2.2.2

O Carnaval em Ouro Preto ...........................................................................................................31

3

O UNIVERSO DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS E SUA ORGANIZAÇÃO ..........................64

3.1

As Repúblicas Estudantis de Ouro Preto .....................................................................................64

3.2

A República Xeque-Mate...............................................................................................................68

3.3

O Carnaval de 2012 na República Xeque-Mate ..........................................................................71

4

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................106

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................109
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .........................................................................................................112
APÊNDICES .............................................................................................................................................113
APÊNDICE 1 – Questionário Hóspedes.................................................................................................113
ANEXOS ...................................................................................................................................................115
INTRODUÇÃO

O presente trabalho reside em ressaltar a conceituação do tema hospitalidade e suas
especificidades, principalmente relacionadas com a forma que esta é realizada nas repúblicas de
Ouro Preto durante o carnaval. Sendo essas moradias, um traço marcante da cidade, com suas
organizações, costumes e curiosidades dividem opiniões que as visualizam de maneira
hospitaleira ou hostil.
De acordo com Delgado (2012, p.46) “Atualmente, o carnaval constitui uma das imagens mais
relacionadas ao Brasil, e é considerado por muitos brasileiros não só como a festa mais
representativa da identidade brasileira, mas também como a maior festa do mundo,
principalmente quando se faz referência ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e São
Paulo”.
O carnaval no Brasil de modo geral, além de ser uma festa popular, em que as pessoas se
preparam todos os anos para a participação da mesma, representa meios de geração de renda
porque se interage aos setores de hospedagem, A&B, entretenimento, lazer, entre outros
segmentos, gerando renda e proporcionando divertimento ao público.
Para Rosa (1999) “A festa (Carnaval) é discutida também através do enfoque da civilização, da
urbanização, do capitalismo, analisam-na sob a perspectiva da indústria cultural, ou seja, a festa
enquanto mercadoria, sendo o turismo e a festa vistos como produtos econômicos”. Desta forma,
poderíamos refletir que além de ser uma manifestação folclórica, envolta de alegria, ela tem
cunho econômico o que impulsiona e dinamiza a celebração, tornando-se peça importante na
geração de renda durante este período.
Ouro Preto, uma cidade de reconhecimento internacional abriga além de um patrimônio muito
importante histórico - cultural, tem uma tradição secular: cultura das repúblicas estudantis, que se
dividem em particulares e federais. As repúblicas antecedem a criação da própria Universidade
Federal de Ouro Preto – UFOP -, em 1969. No site da UFOP1 encontramos a listagem das
repúblicas (federais e particulares) de Ouro Preto e Mariana que giram em torno de 440.
1

Disponível em: <http://www..ufop.br>. Acesso em: 15 ago. 2012.
14
Estas moradias de Ouro Preto são únicas no Brasil, no que diz respeito ao regimento interno
independente e autônomo em relação à Universidade. Nenhuma outra cidade universitária tem as
características de moradias estudantis ouro-pretanas. As repúbicas federais são casas mantidas
pela UFOP; e as particulares, mantidas por seus próprios moradores. Elas são hierarquicamente
estruturadas de acordo com o tempo que cada um mora na república. Todas as repúblicas têm
“vida” independente dos moradores, pois elas continuam existindo mesmo após a formatura dos
universitários.
Para tanto, em relação a criação destas moradias, temos que:
“A institucionalização das repúblicas ocorre no período em que a ideologia
desenvolvimentista é a predominante. A Escola de Minas de Ouro Preto é
reconhecidamente um foco nacionalista e seus ex-alunos eram absorvidos
principalmente
pelo
serviço
público,
que
"tendiam
a
considerar-se
servidores
públicos responsáveis pela condução do país pela rota do progresso"
(Schwartzman, 2001 apud JESUS 2009, p.7)

A hospitalidade tem um importante elemento, que é relação anfitrião x hóspede que nada mais é
do que um relacionamento de trocas entre ambas as partes, em que pode ocorrer com sucesso ou
não. Deste modo, é interessante analisar esta relação durante o carnaval entre os anfitriões e os
forasteiros. O que é i relevante pensar que toda relação tem duas óticas.
Dentro dos domínios da hospitalidade, não podemos situar a república em somente um, muito
pelo contrário, além de pertencer ao espaço privado, essa moradia também pertence ao espaço
comercial, porque há um interesse econômico embutido nessa hospitalidade. Ao falar desse
estabelecimento de moradia, ele é encaixado inicialmente no domínio privado ou doméstico, “do
ponto de vista histórico, o ato de receber em casa é o mais típico da hospitalidade e o que envolve
maior complexidade do ponto de vista de ritos e significados” (CAMARGO, 2004, p. 52).
Mesmo pensando no quesito financeiro, os moradores se preocupam em oferecer serviços
satisfatórios, fazendo uma boa tática e demonstração de hospitalidade, satisfazendo as
necessidades físicas e psicológicas dos mesmos, tentando agradá-las ao máximo, além de garantir
uma acomodação, alimentação para cada um deles.

15
O papel da mídia. foi contraditório no ano de 2012, ora pelos desmoronamentos ocorridos em
janeiro/2012 na cidade, afetando vários pontos, inclusive o terminal rodoviário,

ela

insistentemente divulgou essa noticia, causando preocupação para os órgão responsáveis pelo
fomento e execução do carnaval como a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, além das repúblicas
que dependem dessa festa para levantar fundos. Ao mesmo passo que o veículo comunicativo
através de propagandas divulgava o carnaval das cidades históricas, além da boa visibilidade que
Ouro Preto obteve saindo na divulgação de uma das cidades de destaque do carnaval de uma
marca de cerveja.
Fazendo elo entre carnaval, república e hospitalidade, para Dencker (2001, p.118) “A
hospitalidade no plano individual, por ocasião de recebimento dos foliões, é um dia de exceção, é
o momento em que o morador se desliga do cotidiano, se enfeita, em que o espaço banalizado
pela vida-de-todo-dia se transforma „num lugar de festa‟”.

Mesmo sendo estas repúblicas

sinônimo de festas, elas utilizam das práticas usuais em seus meios e elaboram, aperfeiçoam o
produto para ser comercializado: a festa de carnaval.
Através da abordagem realizada, será possível compreender o funcionamento dessas moradias,
suas relações, a opinião dos turistas em se hospedarem nelas durante o carnaval. É de suma
importância a realização de observações entre as partes integrantes (moradores das repúblicas e
turistas), analisando a maneira que a hospitalidade ocorre.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral
Discutir a hospitalidade e a organização da república Xeque-Mate no carnaval em Ouro
Preto.

1.2.2 Objetivos Específicos
16


Conhecer melhor o universo das repúblicas estudantis de Ouro Preto.



Analisar as relações existentes entre os moradores e os turistas durante o carnaval.



Mostrar como é o funcionamento e organização durante o período do carnaval na
cidade, com enfoque nas repúblicas.

1.3 Justificativas
A escola literária barroca no Brasil pode ser representada na cidade de Ouro Preto localizada na
região central do estado de Minas Gerais. Possui suntuosas construções o que tende a atrair um
elevado número de turistas além dos anos. Ainda sobre a cidade, temos que:

Há de se lembrar que Ouro Preto não é uma cidade comum como às demais, mas uma
cidade que tem vida própria e por si mesma conta a sua história de quase 200 anos de
vida. A cidade foi tombada como patrimônio histórico no ano de 1933, no primeiro
governo de Getúlio Vargas, quando ele declara Ouro Preto Cidade Monumento Nacional
e em 1980 “Patrimônios Cultural da Humanidade” declarado pela UNESCO,portanto
carrega em si sua essência de uma cidade patrimonial, seja, pelas igrejas com seu estilo
Barroco, seja pela história de seus inconfidentes ou mesmo por si própria.
(JESUS, 2007, p.4)

O carnaval é considerado a mais tradicional festa brasileira, O Brasil por ser um país que possui
uma heterogeneidade de culturas, tende a ter uma gama de tradições diferenciadas em cada
região. Da mesma forma, o carnaval no país, tem as suas particularidades, o que faz com que as
decisões de como celebrar a época do carnaval se torne cada vez mais difícil. Exemplos clássicos
de carnavais em alguns estados no país giram em torno dos estados do Rio de Janeiro e de São
Paulo, onde existem os tradicionais desfiles de escolas de samba, e também os grandes blocos de
rua, no estado da Bahia, predomina-se um carnaval de rua, onde ocorre a presença de cantores da
região em trios elétricos; no estado de Pernambuco a alegria gira em torno dos bonecos caricatos
e também do carnaval de rua. .Já no estado de Minas Gerais, os carnavais que ganham mais
destaque são os das cidades históricas como Diamantina, Tiradentes, Sabará, Ouro Preto, além de
outras cidades que possuem um famoso carnaval de rua como Alfenas.

17
Em Ouro Preto, que será o foco desse trabalho, predomina o tradicional desfile de blocos, o
“carnaval de rua” e também ocorre o carnaval de república, que é restrito e ocorre dentro destas
moradias. Ao se falar em república, é importante pensar que:

Para Rosa (1999, p.22)
Por ter algumas das escolas mais antigas do Brasil, a Universidade possui valores que
remetem: tradição, principalmente as suas repúblicas para onde os ex-alunos sempre
voltam, promovendo festas e outras atividades. Aliás, as repúblicas recebem
frequentemente hóspedes e turistas concorrendo com a rede hoteleira.

A cidade ouropretana recebe todos os anos, uma gama de estudantes que se estabelecem em
repúblicas para estudar na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Repúblicas as quais que
se dividem em federais (ligadas diretamente à UFOP) e as particulares (casas alugadas pelos
próprios alunos). A UFOP foi fundada na união das Escolas de Farmácia (1839) e Escola de
Minas (1876), mas foi em 21 de agosto de 1969 que a universidade tornou-se legitimamente uma
instituição.

Para Magnani (1984 apud ROSA 1999): “Nestas casas, que são uma das singularidades da
cidade, são famosas por festas, boates e hospedagem. Formam uma rede de sociabilidade. As
pessoas visitam-nas, hospedam-se nelas e retornam trazendo amigos”. Por hora, acaba se
tornando um dos maiores atrativos para os jovens turistas, onde são oferecidos além da
acomodação e alimentação, festas, diversões, para que o hóspede sinta satisfeito em relação à sua
estada durante o carnaval nestas habitações e que queira voltar sempre.

Dessa forma, faz-se importante e interessante adentrar no “mundo” das repúblicas para entender
o porquê desta competição com a rede hoteleira durante o carnaval, que significa o maior evento
da cidade.

18
Além do empenho na organização da PMOP, setor privado para a realização do carnaval durante
todos os anos, é importante entender como as habitações estudantis se planejam para o
recebimento de grande evento na cidade, além de concorrerem com a rede hoteleira, são muitas
repúblicas que realizam este tipo de evento, havendo competição entre as mesmas, fazendo com
que cada uma se organize melhor afim de atrair mais turistas para o seu evento.

É um fator curioso entender o funcionamento destas casas, além de identificar a relação de
hospitalidade formada entre os turistas e os estudantes. Como esses turistas são tratados pelos
moradores das repúblicas que “fazem carnaval”.

1.4 Delimitações

O objeto a ser estudado nesse trabalho é a forma de hospitalidade e organização inerentes às
repúblicas de Ouro Preto durante o período do carnaval.
Para tanto, é necessário que se delimite o objeto, fechando-se na proposta do estudo dessas
práticas analisando de acordo como se dá a organização das mesmas para a realização das
festividades carnavalescas, englobando a relação com os turistas e a hospitalidade aos mesmos.

1.5 Metodologia

A metodologia adotada para a realização desse trabalho se pauta no embasamento teórico, a partir
do levantamento bibliográfico da literatura do tema hospitalidade. O tema das repúblicas, de
hospitalidade e de carnaval será consultado em trabalhos acadêmicos, monografias, artigos, teses,
sites, entrevistas, entre outros meios. Vale ressaltar que o método adotado para esta pesquisa foi
uma análise de qualitativa, sendo a pesquisa de teor exploratório.

19
Para melhor entendimento da organização das repúblicas durante o carnaval, foram realizadas
visitas à república Xeque-Mate com intuito de obter as informações necessárias para o trabalho,
sendo realizadas entrevistas com os moradores, analisando as etapas do pré, trans e pós-evento
(carnaval). Conforme previamente solicitado e combinado entre a pesquisadora e estudantes da
república seus nomes não seriam revelados.

No mês de março de 2012 foi realizada uma entrevista na moradia supracitada com alguns
moradores da mesma, em que foi seguido um questionário para entrevista. A entrevista foi
concedida por dois moradores, sendo esta gravada e transcrita fielmente. Para ocultar a identidade
dos mesmos, foi adotada a identificação sendo como MORADOR 1, MORADOR 2.

Bem como, se deu a realização de pesquisa, via questionários online, com alguns turistas que se
hospedaram na República Xeque-Mate durante o carnaval de 2012. Para tanto, ficou estabelecido
que as identidades fossem mantidas em sigilo, sendo os mesmos identificados como TURISTA 1,
TURISTA 2, TURISTA 3... O número de questionários respondidos foi de 30 durante mês de
maio de 2012 e enviados para o email da pesquisadora.

1.6 Hipóteses

Levando- se em consideração o ambiente da cidade de Ouro Preto, mais especificamente as
repúblicas estudantis, percebemos a complexidade das relações sociais realizadas nesse universo,
que é cercado de admiração e repudiação.

Sabe-se que as repúblicas são alvo de críticas, devido à alguns exageros que ocorrem durante as
festas internas: som muito alto, estudantes deixando o entorno do local da festa demasiadamente
sujo, acúmulo de lixo, pessoas muito alcoolizadas, entre outros. Em contrapartida são referências

20
em hospitalidade quando visto pela ótica dos turistas2 que frequentam esses locais. Há ainda a
relação de afeto entre os moradores e ex-moradores que com o tempo ganham força de laços
familiares, fato que é admirado pela família e amigos dos alunos. Muitas vezes pais de estudantes
se manifestam contrários às normas e costumes da república durante os primeiros meses no qual
seu filho passa na mesma, para anos depois exaltar esta mesma política 3. Pode-se pensar na
hipótese que relação entre turistas e repúblicas se torne um atrativo turístico, levando em
consideração que os turistas não procuram essas moradias pelas acomodações e sim pelo fato de
serem as repúblicas e pelas festas que oferecem.

2
3

Os turistas que frequentam Ouro Preto durante o período de carnaval

De açodo com TEODORO (2003) O calouro escolhe uma republica e se tiver vaga mora nela. A partir daí, ele se
torna o “bixo” e deve seguir as instruções dos republicanos mais velhos. Ele é um “faz-tudo” na casa, sempre
obedecendo a hierarquia. Geralmente mora no pior quarto, passa por uma série de trotes, sendo muitas vezes sendo
tirado daí o apelido que possui sentido pejorativo, apontando falha, fraqueza do aluno. Todos dentro da republica são
chamados pelos apelidos, porém ele deve saber o nome completo de todos os moradores. Após este período, o
“bixo”vira semi-bixo, delegando funções ao bixo e subindo na hierarquia, ate que se forme e se torne um ex-aluno,
elevando-se a mais alta hierarquia da casa. Cf. Fazendo Festa, criando histórias e contando estória(s): o Doze em
Ouro Preto, MG. Dissertação de Mestrado em Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Federal de Minas Gerais. FAFICH/UFMG: Belo Horizonte, 2003. Disponível em:
<http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/1989/1/tese.pdf>. Acesso em 21 de Março de 2012.
21
1

HOSPITALIDADE E O CONTEXTO DO CARNAVAL DE OURO PRETO (MG)

1.1 Aspectos teóricos da Hospitalidade

A forma em que a hospitalidade acontece em nossas vidas é tão frequente, que ás vezes nem
percebemos que tais atos são “hospitaleiros”. Desde o receber uma visita em casa, recepcionar
alguém em um hotel, receber pessoas para comer e beber, chegar a uma cidade e ser acolhido, até
visitar e ser recebido no meio virtual. Tudo isto implica em hospitalidade.

Não é raro atrelarmos a ideia de hospitalidade à de hospedagem. Não podemos dizer que este é
um conceito errôneo, mesmo porque a hospitalidade é oriunda da hospedagem. “O início das
civilizações a hospitalidade se restringia em apenas conceder abrigo e alimentação a quem estava
longe de seu domicílio” (DALPIAZ, 2009, s.p).

Segundo Lúcio Grinover, “Hospitalidade é fundamentalmente o ato de acolher e prestar serviço a
alguém que por algum motivo esteja fora o seu local de domicílio” (2002)4. Este conceito de
hospitalidade é de uma forma bastante “geral”, porque esse tema em questão é muito mais
complexo e não se limita apenas a hospedagem ou algo semelhante, não está englobando os
diferentes âmbitos de hospitalidade, o que se torna uma definição bem superficial.

Para Dalpiaz (2009. s.p) “Na Antiguidade surgem, na Grécia e em Roma, as Tavernas e
estalagens como uma necessidade para abrigar os viajantes. Nasce assim a primeira ideia de
hospitalidade.” O que mostra a íntima ligação entre hospedagem e hospitalidade.”.

4

AMARANTE, F.B.“A hospitalidade na República Indignação de Ouro Preto - MG”: Instituto de Ciências
Humanas da UFJF. Juiz de Fora, 2007. 20p. Não publicado.

22
Em sua origem, a hospitalidade designava o ato de acolher pessoas de forma gratuita, como uma
atitude caridosa. Após a Revolução Industrial, o surgimento do capitalismo, a urbanização, o
desenvolvimento científico e tecnológico e a ampliação do poder aquisitivo, surgem mudanças na
forma de hospitalidade.

Analisando a formação da palavra hospitalidade, ela é de origem latina hospitalitas-atis
e traduz-se como: ato de acolher, hospedar; a qualidade do hospitaleiro; boa acolhida;
recepção; tratamento afável, cortês, amabilidade; gentileza. A palavra hospes-itus
significa hóspede, forasteiro, que recebe ou é acolhido de forma hospitaleira, o indivíduo
que se acomoda ou se acolhe provisoriamente em casa alheia, hotel ou outro meio de
hospedagem; estranho (DENCKER, 2001, p. 98-99).

De acordo com a cultura anglo-saxônica a hospitalidade significa oferecer hospedagem acrescida
de alimentação. Já nos dicionários usuais, a hospitalidade significa: hospedar quem está longe de
sua residência, oferecendo-lhe cama, comida e segurança. Encontramos assim no Oxford English
Dictionary o significado da hospitalidade é a “recepção e o entretenimento de hóspedes,
visitantes e estrangeiros”. No Dicionário Online de Português a hospitalidade é definida como
“ação de acolher em casa por caridade ou cortesia: dar hospitalidade”.
Ainda sobre o conceito de hospitalidade em tempos contemporâneos, Dalpiaz (2009, s.p) a define
como:
Atualmente o termo hospitalidade é muito amplo e engloba desde os bens tangíveis
como, hotéis, pousadas, resorts, campings, meios de transportes, entre outros, até os
intangíveis que são os serviços prestados e que proporcionam o bem estar físico e
psíquico do visitante.

Com as definições supracitadas, podemos perceber que este conceito possui certa amplitude,
porém nas primeiras conceituações a hospitalidade está envolvida com hospedagem, alimentação
e ao domicílio. Vale ressaltar, que a mesma possui diversos eixos, o que excluem o fato dela se
aplicar somente em residências (âmbito privado/doméstico), englobando também os âmbitos:
comercial, público e virtual.

23
Categorizando a hospitalidade como prática cultural, pode-se dividi-la em algumas instâncias que
formam a sua “base”. Existem diversas formas de sua ocorrência. Os espaços onde ela ocorre são
dividas em quatro grupos ou domínios:

Domínio Social: cenários sociais em que a hospitalidade e seus atos ocorrem junto com as forças
sociais sobre a produção e consumo de alimentos, bebidas e acomodações. Acontece geralmente
em lugares públicos, onde há o trato com forasteiros, mutualidade, status e prestígio. Podemos até
citar um exemplo de uma cidade hospitaleira que quer dizer, ela tem uma boa estrutura para
atender as pessoas.

Domínio Privado ou Doméstico: considera a oferta da trindade5 no lar. Principais elementos:
anfitrião e hóspede. Está geralmente vinculado aos domicílios, onde as necessidades fisiológicas
e psicológicas têm a intenção de serem satisfatórias. Há uma interação entre as partes. O cenário
doméstico da oferta de hospitalidade pode ser o foro para o inter-relacionamento entre os
aspectos doméstico e social.

Domínio Comercial: oferta da hospitalidade enquanto atividade econômica e inclui setores
públicos e privados. Existe a obtenção de superávit, serviços que têm por finalidade visando o
lucro, existem limitações tanto ao produtor quanto ao mercado.
Seguindo os interesses dos autores, a proposta foi direcionar a hospitalidade dentro da
perspectiva que é oferecida dentro do lar particular, porém com intuito comercial. Assim:
O termo “comercial” é usado precisamente para transmitir a idéia de uma atividade
“considerada com referência ao lucro” (Longman, 1992, p.322) A introdução de
motivações comerciais para a provisão de hospitalidade dentro de um ambiente que
também é refúgio, um local de autenticidade, onde cada um pode ser ele mesmo, que
também é um terreno para relações patriarcais, é especialmente fascinante, suscitando
questões importantes sobre a natureza da hospitalidade (LASHLEY e MORRISON,

2004, p. 153-154).
5

A trindade do turismo diz respeito aos atos de comer- beber -hospedar. No âmbito da trindade da hospitalidade,
temos os atos de dar- receber - retribuir. apud Amarante (não publicado)
24
Existe a hospitalidade comercializada dentro de casa em que os donos dividem o espaço com os
visitantes, onde o grau de integração da visita com a família e suas atividades são fatores que
regem o funcionamento desta relação. Um exemplo típico é o famoso bed and breakfast, onde a
família divide o seu espaço com o hóspede em troca financeira.
Lashley & Morrison (2004, 164) Apud Dann e Cohen (1991, p.163) “se referem às interações
menos autênticas como hospitalidade comercializada, que descreve a troca social e a motivação
do lucro, muitas vezes mascarados atrás de uma fachada amizade ou até mesmo servilismo”. Isso
nos leva a pensar que a hospitalidade realizada dentro de um lar, com o intuito comercial, traz
uma motivação pautada no lucro, onde os bons serviços e a forma “hospitaleira” de recepção,
amizade se ofuscam no desejo de ganho de dinheiro.

Com o passar do tempo, a hospitalidade desenvolveu os atos que englobam o acolhimento de
estranhos, sendo oferecido de acordo com as necessidades do hóspede e as posses do anfitrião:
alimento, pão, bebida, leito podendo ser oferecidos juntos ou separadamente. No contexto atual,
esse “oferecimento” tem sido realizado mediante ao pagamento.

Este caso se aplica às questões das repúblicas estudantis de Ouro Preto durante o ano,
especificamente durante o carnaval, que é o interesse do estudo. Elas oferecem a acomodação,
alimentação, bebidas, além do divertimento mediante ao pagamento do “pacote‟ para passarem o
período desta festa. Desta forma, Lashley e Morrison (2004, p. 54) evidenciam como ocorre esse
acolhimento dos turistas pelos estudantes:
Como afirma Jean-Anthelme Brillat-Savarin, gourmet e escritor de gastronomia do
século XVIII: “Receber um convidado torna [o anfitrião] responsável por sua felicidade,
enquanto a visita estiver debaixo de seu teto”(Brillat-Savarin,1970,p.14) Se esta é uma
essência do anfitrião, diz respeito a algo mais do que alimentos, bebidas e abrigo:
significa que ele deve procurar alegrar um hóspede infeliz, divertir um outro entediado,
cuidar um terceiro adoentado.

Podemos pensar que este tipo de moradia durante o carnaval oferecem muito mais do que simples
hospedagem, alimentação, mas sim convidam-no ao entrar numa atmosfera onde o divertimento
25
se torna o principal foco, em que os moradores se comprometem a “cuidar”do bem-estar, alegria
e satisfação do visitante.

Domínio Virtual: muitas vezes esta instância está vinculada às três anteriores, ela apresenta
características que estabelecem relação, onde emissor de uma mensagem torna-se um anfitrião e
o receptor em hóspede. Ela engloba sites da internet, de cidades, órgãos, indivíduos, etc. Se torna
tão expressivo que é difícil não levar em consideração estes aspectos na hospitalidade futura.
Para tanto, na atualidade o que vem ganhando destaque e muita importância é este âmbito da
hospitalidade, explicado por Dencker:
[...] a inclusão da hospitalidade virtual. Sites na Internet de empresas, cidades, órgãos
públicos, indivíduos, etc, mostram uma tendência de tal forma ascensional que é difícil
imaginar o futuro da hospitalidade sem uma consideração desse campo virtual. ( 2001,
p.18)

Como fora dito que a hospitalidade virtual está vinculada aos domínios privado, público e
comercial, podemos pensar que os próprios estabelecimentos, cidades, que praticam tal atividade
fisicamente, possuem os seus websites, redes sociais, além dos demais recursos multimídia, onde
mostram sua infraestrutura, diferencial dos locais, atenção ao cliente via virtual, além de
venderem a imagem de hospitalidade, o que pode ser um grande atrativo do cliente para a escolha
do determinado local.

Estas descrições dos domínios da hospitalidade partiram do pressuposto de análise do eixo social.
Todavia, há o eixo cultural que Dencker (2001, p. 15-16) classifica da seguinte maneira:

1- Recepcionar ou receber pessoas – nada representa melhor a hospitalidade que o ato de
acolher pessoas que batem à porta; a hospitalidade, antes de se tornar um gesto da vida
social, constitui um ritual da vida privada.
2- Hospedar: ainda que a noção de hospitalidade não envolva necessariamente o ato de
proporcionar pousada ou abrigo aos visitantes, não há como deixar de incluir nessa
categoria o calor humano dedicado a alguém sob a forma da oferta de um teto ou ao
menos um afeto, de segurança, ainda que por alguns momentos.
26
3- Alimentar: em algumas culturas, a oferta de alimento delimita e concretiza o ato de
hospitalidade, ainda que esse alimento seja simbólico, sob a forma de um copo com água
ou do pão que se reparte em algumas culturas.
4- Entreter: ainda que todos os dicionários restrinjam a noção de hospitalidade ao leito e
alimento, é óbvio que receber pessoas implica entretê-las de alguma forma e, por algum
tempo, proporcionar-lhes momentos agradáveis e marcantes do momento vivido.

A hospitalidade se pauta nas relações das pessoas, o que pode variar o meio em que elas ocorrem,
sendo no contexto público, doméstico, comercial e virtual. Devemos levar em consideração que
estes âmbitos possuem ligação, mas “funcionam” bem sem o outro.

A hospitalidade está inserida em diversos atos do nosso cotidiano. Inclui o leito, alimentação, o
“bem-receber” seja em casa, hotel ou cidade. Para tanto, ligamos a primeira ideia de
hospitalidade ao conceito doméstico, assim Lashley e Morrison (2004. p. 14) dizem que: “O
cenário doméstico da oferta de hospitalidade pode ser o foro para o inter-relacionamento entre os
aspectos doméstico e social”.

A hospedagem, apesar de não envolver necessariamente a hospitalidade como prática única, ela
se concretiza através das relações de receber e ser recebido. A alimentação, além de representar
uma necessidade fisiológica humana extremamente importante, ela delimita e concretiza o ato da
hospitalidade.

1.2 Um breve histórico sobre o Carnaval

1.2.1

Origem do Carnaval

O Brasil é intitulado pelo mundo, como sendo o “país do carnaval” isso se deve ao potencial
carnavalesco que o país possui, bem como a presença marcante da alegria na população ao seu
27
universo de cores, festas, o que torna-se um grande referencial e característica do país neste
aspecto.

Para RUSSO ([S.P])6.“Hoje o carnaval transformou-se em forte atração turística.

Podemos dizer que o carnaval é, hoje, a maior festa folclórica brasileira”.

Diante de toda a representatividade do carnaval, Tramonte afirma que:
O carnaval é uma vivência cotidiana para o brasileiro. Em todas as classes sociais, em
todos os momentos históricos do último século, anualmente, repete-se sempre o rito do
carnaval. Justamente por ser tão próximo e tão cotidiano o carnaval apresenta o tamanho
do fascínio: faz parte de identidade, família, memória, nosso presente e, certamente, terá
lugar no futuro do povo brasileiro. No Brasil, ele ganha presença destacada como traço
maior da identidade cultural do país. “O país do carnaval”, entretanto apresenta uma
essência sob a capa de aparência pública do desfile. (2003, p 86)

O carnaval se manifesta plenamente no Brasil, mas ele não é “prata da casa” brasileira. Cardoso
([s.p]) afirma que “em vários países esta celebração é realizada, porém cada uma com sua
peculiaridade como em Veneza (Itália), Basiléia (Suíça), Nice e Paris (França), Colônia
(Alemanha), Nova Orleans (Estados Unidos) e Oruru (Bolívia)”.

Em relação à origem do carnaval, encontram-se várias controvérsias. Sob uma ótica, Russo
explana sobre o residente assunto:
Alguns historiadores associam o começo das festas carnavalescas aos cultos feitos pelos
antigos para louvar boas colheitas agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem
que seu início teria acontecido mais tarde, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao
Touro Apis, com danças, festas e pessoas mascaradas. Há quem atribua o início do
carnaval aos gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao
Deus Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga com seus bacanais, saturnais e
lupercais em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã.
(RUSSO, [s.p])

6

Disponível em: UM POUCO DA HISTÓRIA DO CARNAVAL
< http://ilove.terra.com.br/lili/palavrasesentimentos/carnaval_mensagem.asp>
28
Apesar dessa controvérsia de sua origem, o carnaval se caracteriza por festas, divertimentos
públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas. O carnaval no Brasil recria-se
continuamente, não sendo esta prática uma manifestação folclórica que se repete sempre.
Existem algumas linhas sobre a origem da palavra Carnaval. Ela pode ter vindo de carne vale
(adeus carne) ou de carne levamen (supressão da carne), fazendo alusão ao período anterior ao
da quaresma, tempo em que implica em reflexão espiritual e abdicação de alguns alimentos.
Como também ela pode ter vindo de currus navalis, onde menciona carro naval, existiam
cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco na Grécia e Roma no início da
primavera.
O carnaval chegou ao Brasil através dos portugueses por volta de 1723, era conhecido como
Entrudo, caracterizava-se com brincadeiras e festejos carnavalescos. Ainda para RUSSO ([s.p])
“Muitos atribuem o início do nosso carnaval à celebração feita pelo povo para comemorar a
chegada da Família Real. As pessoas saíam comemorando pelas ruas com música, usando
máscaras e fantasias.”.
Segundo Delgado (2012, p.41) “o carnaval brasileiro, surge a princípio como uma representação
adaptada dos festejos carnavalescos de Paris e do entrudo português (ou mela-mela como é
chamado por muitos folcloristas no Brasil), nem por isso o festejo carnavalesco deixa de ser uma
representação „original‟ da identidade brasileira”.
Conforme Tramonte (2003) “[...] em vários lugares do Brasil, as formas carnavalescas vão
adquirindo contorno e importância como reflexos do momento histórico em que se inserem”.
Desta forma, Delgado complementa este pensamento com:

Vale salientar que nos primórdios do festejo havia dois tipos de carnaval, aquele
associado às elites que foi substanciosamente influenciado pelas festividades de Paris e
Veneza, os chamados bailes de máscaras, realizados em espaços fechados, cuja
iniciativa de acordo com Moraes Filho (2002, p.41) foi da cantora Delmastro; e aquele
relacionado ao povo, que ocorria ao ar livre (na rua), cuja origem remota ao entrudo e ao
mela-mela, ou mesmo a pequenos grupos de mascarados errantes. (2012, p.43)

29
Estes dois tipos de carnavais foram intitulados por Nogueira (2008 apud Delgado 2012, p.43)
como Grande Carnaval (das elites) e Pequeno Carnaval (do povo), os mesmos tiveram a junção
com a finalidade de criar e consolidar um elemento que representasse a identidade nacional. Esta
aglutinação deu-se de forma quase que por intermédio de uma negociação entre a elite e o povo.

A partir do século XX, a organização da nova festa carnavalesca (união dos dois carnavais) se
deu com a imposição de regras que se tornavam cada vez mais estruturadas por parte do poder
público, havendo um policiamento presente nos locais onde ocorriam as festas, os lugares eram
pré-definidos como também os roteiros dos grupos carnavalescos.
O carnaval foi se enfeitando mais, ganhando a presença dos carros alegóricos, a grande novidade
foi o Zé Pereira (tocador de bumbu) no Rio de Janeiro, havendo assim o surgimento das escolas
de samba, desfiles, bailes de carnaval em clubes. Tudo isso foi se diversificando para a atual face
do carnaval brasileiro, onde as alegorias e a harmonia evidenciam o nosso folclore mais
representativo e conhecido.
As músicas que embalavam o carnaval eram as marchinhas carnavalescas. Com o decorrer do
tempo, as diversidades musicais começaram a aparecer, além dos ritmos regionais caracterizarem
os seus carnavais. Tomando por exemplo, no nordeste brasileiro manteve-se o carnaval de rua, o
qual é embalado por frevo e maracatu nas cidades de Recife e Olinda, em Salvador há a presença
de trios elétricos ao som de muito axé music. Já Rio de Janeiro e São Paulo são os desfiles são
caracterizados pelas escolas de samba. Através disso cada região comemora seu carnaval de seu
modo, com sua característica peculiar, porém é uma festa marcante quem em todo canto do país
se apresenta de alguma forma.7
O carnaval no Brasil pode ser interpretado como um componente importante, entendido como um
ritual de cunho nacional, o que completa a formação da identidade brasileira. Este evento pode

7

Disponível em: HISTÓRIA DO CARNAVAL < http://www.suapesquisa.com/carnaval/>. Acesso em:

30
ser analisado como algo que pára ou modifica as atividades das pessoas pelo fato de ser carnaval.
Diante destes pressupostos, Bruhns (2000, p.92 apud Delgado, 2012, p. 44):
Os brasileiros vêem no Brasil o país do carnaval. As datas dos compromissos, muitas
vezes, são modificadas (adiantadas ou atrasadas) em razão da proximidade dessa data.
Durante quatro dias, o país „estaciona para pular‟ ou acompanhar os festejos, os quais
recebem grande divulgação dos meios de comunicação de massa. É quase impossível
não se contagiar quando „tudo é carnaval‟.

Diante de todas estas questões levantadas, percebemos o quão o carnaval se faz importante no
contexto nacional. São milhares de turistas, reais e cores. Segundo autoridades locais8, a
festa injeta mais de R$ 2 bilhões por ano. Salvador recebe 500 mil turistas durante cinco dias de
festa; o Rio, 850 mil; Recife, 690 mil. Além disso, o carnaval do Rio ganhou o título de maior do
mundo e o recifense Galo da Madrugada, o de maior bloco do mundo, no Guinness Book. E
apesar do roteiro básico Rio-Salvador-Recife, outras cidades também movimentam o setor com
uma das principais festas brasileiras, como Ouro Preto (MG), Olinda (PE), São Luís (MA) e
Manaus (AM), apesar dos números menores.

1.2.2

O Carnaval em Ouro Preto

O turismo em Ouro Preto se destaca pela sua grande importância, mobilizando interesses
políticos e administrativos. Consegue atingir de maneira direta e/ou indiretamente a maioria dos
autóctones, sendo eles privilegiados economicamente por esta atividade como guias turísticos,
feirantes, comerciantes, desde pessoas que estão em contato direto com os turistas nas ruas,
festas, comemorações e etc. Rosa (1999)
Para Dias (2006 apud Delgado, 2012, p.39) A utilização dos eventos, ou acontecimentos
programados segundo pelo turismo surge como um dinamizador do fluxo turístico e como
instrumento de combate a sazonalidade nos destinos, a „apropriação‟ de eventos culturais pelo
turismo possibilita a agregação de valor ao produto turístico que passa a refletir parte da
identidade local ao turista.
8

CARNAVAL 2012. Disponível em:< http://topicos.estadao.com.br/carnaval-2012>. Acesso em:
31
Segundo Rosa (1999) “A cidade é um „bem patrimonial‟, associando-se ao passado histórico e
artístico. A festa carnavalesca é antiga. No Brasil, até meados do século XIX, caracterizava-se
como Carnaval de famílias. Do final desse século ás primeiras décadas do século XX, Carnaval
burguês. Para Simson (1981 apud Rosa 1999). “A partir deste momento, o que predomina é o
Carnaval popular”.
A organização da festividade em Ouro Preto era realizada pelo poder publico, além dos
presidentes de clubes e comissões das ruas mais frequentadas no carnaval (ruas do Centro
Histórico) usavam de requerimentos para apoio da Prefeitura Municipal da cidade, para conseguir
mais condições financeiras e de infraestrutura para a celebração.
Há relatos (no blog Patrimônio Imaterial)9 do século XIX e XX sobre a incidência do carnaval
em Ouro Preto. São documentos que mostram o pedido de organizadores para a realização da
mesma. Sobre a trajetória do carnaval na cidade, Rosa (1999) mostra que:

O Carnaval está entre as maiores tradições da cidade, desde os velhos tempos do
Entrudo. Foram os empregados do Palácio dos Governadores da Província de Minas que
criaram o Clube dos Lacaios, há quase um século e meio, dando a Ouro Preto o
inconfundível Zé Pereira que, entre clarinadas e batuques, é o bloco mais antigo do
Brasil, (...) Tudo é Carnaval, ou melhor, tudo volta a ser o Grande Carnaval de Ouro
Preto.

Em Ouro Preto o carnaval é reconhecido por inúmeros motivos, sendo os blocos organizados
pelas repúblicas de estudantes da cidade um grande atrativo de publico que perdura por quatro
dias. Atualmente, a festa conta com cerca de 30 blocos, com média de dois mil participantes
cada. (SECTUR/MG). Para atender este público, conta-se com a infraestrutura como opção de
hospedagem: os hotéis, pousadas, repúblicas estudantis, as quais, há anos, recebem pessoas não
somente no carnaval, como em outras festividades, como na Festa de 21 de abril, Festival de
Inverno, Festa do Doze, como meios de angariar fundos para a casa.
9

PATRIMÔNIO IMATERIAL OURO PRETO. Disponível em
<http://www.patrimonioimaterialop.blogspot.com.br/search/label/Carnaval%20em%20Ouro%20Preto%202012>

32
Estas moradias, além de cobrarem um preço menor por este serviço, elas podem oferecer todo
clima de festa característico do meio estudantil da cidade. Além do mais, o carnaval das
repúblicas conta com a presença de blocos que dinamizam a relação entre a casa e a rua. “Os
blocos saem das sedes, da casa - a república - desfilam e voltam, encerrando-se em casa
novamente”. (ROSA, 1999, p. 65)
O carnaval de Ouro Preto é abordado nas redes sociais, indicado por terceiros, na mídia e etc. A
festa chama atenção pelo fato de ser em uma cidade mundialmente conhecida, portadora de uma
cultura incomensurável, além de exibir uma das comemorações mais marcantes do carnaval em
Minas Gerais e no Brasil, no qual blocos caricatos e os compostos por micareteiros10 como o
Bloco do Caixão, por exemplo, seguem nas ruas históricas mais reconhecidas da cidade ao som
de bandas de “batuque”.
O carnaval das repúblicas caracteriza-se por alojar turistas/amigos em suas dependências ou casas
de apoio, disponibilizando uma programação pré-estabelecida, por volta de cinco dias de festas,
incluindo alimentação, hospedagem e participação de blocos. A organização do carnaval conta
com um apoio entre os órgãos público (Prefeitura Municipal de Ouro Preto, Governo de Minas,
Circuito do Ouro), privado (rede hoteleira, patrocinadores como a Skol® em 2012) e a sociedade
(com os blocos, entre eles o Zé Pereira)
De acordo com Malta (2008, p.122) “No carnaval de Ouro Preto o público que tem acesso às
repúblicas é menos seleto, pois com a adesão dos blocos de carnaval as fronteiras cotidianas se
descerram e criam um espaço público menos excludente e mais interativo entre ouro-pretanos e
repúblicos”.
No dia 2 de abril de 2012, a SECTUR apresentou um estudo realizado durante o carnaval de
Ouro Preto de 2012 (17 a 21/02/12), com o intuito de traçar o perfil do mesmo. Esta pesquisa
evidenciou a grande dimensão do evento, arrecadando cerca de 12 milhões de reais, além de
traçar o perfil dos consumidores desta festa. Foram analisados os aspectos como: forma de
10

Micareta [Brasil] Festa popular carnavalesca que acontece fora da época do Carnaval. Porém as pessoas que
participam
do
carnaval
também
são
considerados
micareteiros.
Disponível
em:
<
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=micareta>
33
agrupamento de viagem, avaliação geral, gênero, estado de origem, faixa etária, avaliação de
segurança, estado civil, reclamações, renda familiar em salários mínimos, taxa de retorno, meio
de hospedagem e outros.
Interpretando os resultados, poderíamos definir perfil do turista do carnaval de Ouro Preto da
seguinte forma:

Gráfico 1 – Motivação da viagem

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

A grande maioria das pessoas que chegam em Ouro Preto no período do carnaval é por
motivação de participar da festa, porém não é única. Há pessoas que vem com intuito de
aproveitar o feriado, fazer turismo histórico/cultural, visitar parentes entre outros. Isto evidencia
como o carnaval torna-se um fator que impulsiona o aumento do fluxo de turistas na cidade,
34
mesmo esta recebendo turista o ano inteiro com outros objetivos, o carnaval sem dúvida é o
grande atrativo neste período.

Gráfico 2 – Forma de agrupamento

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

De acordo com o gráfico 2, nota-se que a maioria dos turistas se agruparam entre 3 e 5 pessoas
sendo 62% do total. Em seguida, agrupando-se em 2 pessoas obteve 21%, e entre um número
maior de 6 a 15 pessoas com 11%. Sozinho 4% e pessoas 2%. Percebemos então que os turistas
se agrupam em um número de pessoas mais reduzido, isto levando em consideração aos meios de
transporte utilizados influenciam de forma decisiva. Os turistas vêm para a cidade
majoritariamente em grupos, variando apenas o número de pessoas, porém é nítida que muito
pouco turista vai para este tipo de celebração sozinho.

35
Gráfico 3- Principal Transporte Utilizado na Viagem

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

O meio de locomoção mais usado pelos turistas com destino a Para chegar em Ouro Preto para o
carnaval, a maior parcela usam o meio de transporte rodoviário: o carro a maioria dos turistas
vem de carro, em seguida de ônibus. Contextualizando este item com as cidades de origem
podemos traçar uma relação. Ora, se a maioria dos turistas vem de cidades vizinhas torna-se mais
viável e barato locomover –se de carro ou ônibus. Para aqueles que moram no Rio de Janeiro ou
São Paulo costumam utilizar ônibus de linha ou fretados para ficar menos custoso e comportar
um número maior de pessoas. O avião é também meio de transporte utilizado, porém em menor
escala por ser ainda um meio de transporte mais oneroso e o deslocamento do aeroporto de
Confins até em Ouro Preto ser mais atribulado.
36
Gráfico 4 – Estados de Origem

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

É nítido que O público majoritário recebido em Ouro Preto é proveniente do Estado de Minas
Gerais, computando com mais da metade dos entrevistados. Em seguida os estados do Rio de
Janeiro e São Paulo somam com 16% e 15% respectivamente. Apesar de outras cidades históricas
ou não terem famoso carnavais como por exemplo Diamantina, muitas pessoas optam por Ouro
Preto. Os turistas vindos do Rio de Janeiro tem significativa participação no carnaval,
provenientes de São Paulo. Mesmo estas cidades tendo dois dos mais famosos carnavais do
mundo com desfiles de Escolas de Samba, além de carnaval de rua, tomam como preferência
participar de um carnaval na cidade de Ouro Preto até pelo perfil estudantil intrínseco.

37
Gráfico 5 – Cidades de Origem dos Turistas

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Conforme apontado no gráfico anterior, a maioria dos turistas que participaram do carnaval são
oriundos do estado de Minas Gerais. Ao analisarmos com afinco as cidades que estas pessoas
originam-se que a maioria vem da capital, em seguida do interior de Minas Gerais. Analisando a
terceira posição decorre a cidade do Rio de Janeiro e em quarta a de São Paulo e seus respectivos
interiores. Estima-se que na maioria ser proveniente de Belo Horizonte devido a proximidade
entre as cidades (cerca de 98 km), o que facilita o deslocamento. As demais cidades de Minas
poderiam ser levadas em consideração também pela distância, como também a facilidade de se
chegar em Ouro Preto. Rio de Janeiro e São Paulo são cidades mais distantes, possuem uma
38
motivação diferente com aspecto diferenciado,, mas comparando a distância da cidade
ouropretana com Diamantina acaba que a primeira é muito mais próxima em relação da segunda.

Gráfico 6 – Idade dos visitantes

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Podemos visualizar a situação descrita no gráfico acima a faixa etária predominante no carnaval
de Ouro Preto é de jovens, a partir de 18 a 31 anos. Desta forma, podemos pressupor que o
carnaval como ocorre na cidade é mais atrativo para o público jovem, o que não exclui a
participação dos demais públicos. As atrações do carnaval incluem programação para todas as

39
faixas etárias, mas as festas dentro das repúblicas, seus blocos e demais atividades englobam
majoritariamente o público mais jovem.

Gráfico 7– Comparativo de Hospedagem: Idade

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

No quesito hospedagem, quando fazemos uma análise sobre a comparação de público que se
hospeda em hotéis/pousadas e em repúblicas a mesma faixa etária predominante no carnaval de
um modo geral está inserida também em maior parte se hospedando em república: entre 18 a 31
anos. Acima de 31 anos, esta diferença é perceptível onde os hotéis/pousadas são os meios de
40
hospedagem preferidos, onde podemos pensar que os jovens estão mais dispostos à intensa
programação oferecida nas repúblicas com “24 horas de festa”, já as pessoas a partir de 32 anos
têm preferência e pré disposição por acomodações onde ofereçam segurança, conforto,
tranquilidade, não deixando de participar da festa.

Gráfico 8 - Gênero

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Podemos concluir que a maioria do público que esteve presente no carnaval de Ouro Preto em
2012 foi o de mulheres, mesmo a diferença sendo insignificante, o sexo feminino ficou com a
maior participação. De acordo com o IBGE (2010), a proporção da população brasileira é de 100
41
mulheres para 95,9 homens11. Contabilizando a maioria mulheres, é comum perceber que elas
vão ser o maio número em determinadas pesquisas quantitativas.

Gráfico 9 – Estado Civil

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

De um modo geral a festa carnaval é sinônimo de muitas paqueras, agitações. Para tanto, o maior
público indiscutível no carnaval de Ouro Preto conta com de solteiros. Isto decodifica como as
repúblicas, blocos ficam cheios destas pessoas têm intuito de aproveitar o período sem
11

O Censo 2010 mostra também que existem 95,9 homens para cada 100 mulheres no Brasil em 2010, ou seja,
existem mais 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Disponível em: <
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,brasil-tem-39-milhoes-de-mulheres-a-mais-que-homens-e-23-milcentenarios,646919,0.htm>.
42
preocupações. Logicamente, não podemos descartar os outros estados civis, mas estes
provavelmente devem ficar hospedados em casas de parentes/amigos, hotéis/pousadas ou casas
alugadas, porque o ambiente das repúblicas em pleno carnaval não é propício para as pessoas
casadas, por exemplo.

Gráfico 10 – Renda familiar em salários mínimos

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

43
O fator econômico influencia diretamente na escolha do destino de sua viagem. Para o carnaval
não é diferente. Isto implica na escolha de meios de hospedagem que está disposto a pagar,
pacotes de repúblicas, gastos extras, meio de transporte utilizados, entre outros. É evidente que a
maioria das pessoas possuem renda que vão de 2 a 10 salários mínimos, como também há um
número considerável de pessoas com renda acima de 10 salários mínimos. O público recebido
poderia ser enquadrado em classes econômicas B e C.

Gráfico 11 – Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal (S.M)

Comparativo Hospedagem: Renda Familiar
Mensal (S.M)
hotel/pousada

36
32

república

35

28
18

20
13

8

5

4

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR
acima de 20
– OP 2012)

de 10 a 20

de 05 a 10

de 02 a 05

até 02

Ao realizar a comparação de renda familiar distribuídas entre os meios de hospedagem hoteleiros
e com as repúblicas, poderíamos chegar a seguinte análise: Quanto maior a renda mensal familiar
mais pessoas se hospedam em hotéis/pousadas, levando-se em consideração que estes meios são
mais caros, além desta época utilizarem das tarifas de alta temporada e não incluírem as demais
44
despesas já oferecidas nas repúblicas. Pelo mesmo fato, as pessoas com menor renda optam pelos
pacotes das republicas porque os gastos extras são poucos, compensando muito mais.

Gráfico 12- Como ficou sabendo do Carnaval de Ouro Preto

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Atualmente as notícias se espalham muito rápido, devido aos veículos de comunicação,
principalmente as mídias sócias que ganham um destaque inquestionável na disseminação de
45
notícias, ideias e etc. Mediante ao carnaval da cidade a maioria das pessoas serem informadas dos
mesmos através de parentes/amigos/terceiros, o que não descarta que esta informação tenha sido
vista por internet, televisão, entre outros. A tradição do carnaval ouropretano também é um fato
consolidado, fazendo com que as pessoas saibam nem que seja superficialmente sobre a
existência do mesmo. Resumidamente, a mídia é um fator de suma importância para a
disseminação de noticias sobre o carnaval, variando apenas como a forma/ a maneira esta noticia
é passada.

Gráfico 13 – Número de vezes no carnaval de Ouro Preto

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

46
O número de vezes que as pessoas frequentaram o carnaval foi um fator que comprovou a
maioria dos entrevistados estavam na festa pela 1 vez. Vimos que à medida que os anos vão
passando, vai reduzindo o número de reincidentes. Pode-se prever que isto pode ocorrer devido a
vários fatores como: não satisfação, interesses novos de conhecer outros carnavais famosos como
o de Diamantina que pensamos em ser um forte concorrente do carnaval de Ouro Preto, se há
falta de incentivo e divulgação da cidade.

Gráfico 14 – Onde se hospedaram

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)
47
Os meios de hospedagem mais utilizados durante o período do carnaval de 2012 em Ouro Preto
se divide em três itens com a maior incidência: as repúblicas com a maioria dos entrevistados, em
seguida as casas de parentes/amigos e em terceiro hotel/pousada. Um fator interessante é que no
primeiro momento poderíamos pensar que os concorrentes mais fortes da rede hoteleira seriam os
hotéis, mas percebemos que casa de parentes/amigos tem uma porcentagem expressiva e mostra
que as repúblicas são responsáveis “sozinhas”por uma maior ocupação na rede hoteleira.

Gráfico 15 – Grau de Escolaridade

48
Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Para o quesito Grau de escolaridade foi evidenciado que a maioria dos frequentadores do
carnaval possui o nível superior sendo uma maior parte predominam com o superior completo e
incompleto. Em seguida tem-se o grau de ensino médio completo. Sendo Ouro Preto uma cidade
universitária, poderia também este fator contribuir para a grande participação deste grupo nas
festas, pensando que esta divulgação poderia ser feita a partir dos próprios universitários que
residem em Ouro Preto para universitários de outras instituições, sendo um chamariz para a
participação do carnaval.

Gráfico 16 – Comparativo Hospedagem: Escolaridade

49
Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Novamente abordando a metodologia do comparativo de Hospedagem, quando analisado o grau
de escolaridade diagnosticamos que a maioria dos turistas que hospedam-se em repúblicas são
realmente universitários porque se enquadram no quesito superior incompleto. Diante dos outros
quesitos a maior parcela de pessoas podemos perceber que se hospedam em pousadas e hotéis.
Sendo assim, pode-se pressupor que quanto maior (conforme a escolaridade é maior
proporcionalmente os interesses são diferenciados) a instrução com mais idade a pessoa fica e
consequentemente busca conforto, segurança, tranquilidade, diferente dos universitários que
querem ficar na farra e não se preocupam com estas questões supracitadas.

50
Gráfico 17 – Preços dos pacotes das repúblicas

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

As repúblicas prestam os serviços do carnaval e organizam em pacotes. Existem vários perfis e
preços de pacotes. A maioria deles varia de R$ 501,00 a R$900,00. O que vai sofrer alteração em
relação de um pacote e outro além das repúblicas ser diferentes, vai ser o que cada república
oferece época em que os mesmo adquirem o pacote. Lembrando que há diferença entre preços
para pacotes masculino e feminino e que o último costuma ser mais barato.

51
Gráfico 18 – Itens oferecidos nos pacotes das repúblicas

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Após notar as variações de preços dos pacotes, pode-se compreender melhor o que eles oferecem
e entender os preços. Grande parcela das repúblicas oferecem festas, café da manhã, almoço e
bebidas, as demais oferecem festas, bebidas e algum tipo de alimentação almoço ou café da
manhã. De acordo com esses serviços é que variam os preços, podendo diagnosticar que quanto
mais caro o pacote, Mais recheado será o mesmo.

52
Gráfico 19 – Número de pernoites na cidade

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

O carnaval no calendário oficial é de quatro dias (sábado a terça), todavia em Ouro Preto e em
outras cidades as comemorações se iniciam antes na quinta ou sexta-feira. O número de pernoites
na cidade para a maioria dos entrevistados foi de 4 a 5 noites. Para os demais foram de 3 a
menos. Os fatores que podem justificar que muitas pessoas não ficam mais dias pelo fato de
trabalho, escolas, poucas folgas, ou mesmo distância porque tem de chegar em sua cidade que é
longe na terça ou quarta por exemplo.

53
Gráfico 19 – Comparativo de Hospedagem: média de permanência (pernoites)

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)
Através de uma comparação da quantidade de pernoites entre hóspedes de hotéis/pousadas e
repúblicas, aqueles que hospedam-se na segunda permanecem na cidade em média de 4,3
pernoites. Há uma relação entre o fator idade, além dos fatores externos como trabalho, estudo
que já foram mencionados anteriormente, Os hotéis/pousadas também montam pacotes para este
período, porém tem um preço mais elevado e inclui poucos serviços. Se pensarmos em
compromisso, como o maior público das repúblicas é jovem, possuem mais disponibilidade para
um maior tempo no carnaval.

54
Gráfico 20 – Comparativo Hospedagem: Público relativo recebido

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Ponderando os itens avaliados no Comparativo de Hospedagem eis que o público relativo entre
os hotéis/pousadas e as repúblicas nota-se que a grande maioria das pessoas se direcionam ás
moradias estudantis. Novamente seria necessário relacionar a escolaridade, faixa etária e renda,
em que estes quesitos apontam para o público jovem, universitários e com renda média, fatores
estes que determinam na decisiva escolha do meio de hospedagem que vão permanecer durante o
carnaval de Ouro Preto.
55
.

Gráfico 21 – Avaliação de Serviços/Equipamentos (nota média)

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

A partir da avaliação dos serviços/equipamentos oferecidos aos turistas durante o carnaval,
observa-se uma série de fatores.a cidade foi bem avaliada no no quesito segurança, geralmente o
carnaval é considerado seguro, possui uma programação que atende a todas as idades, a
56
alimentação e hospedagem possuem bastante opções, mas precisam precisa-se investir na
qualidade, a infraestrutura é um fator que deve ser levado em consideração pelo fato da cidade
não comportar tanta gente nesse período, além de desencadear problemas como falta de água,
acúmulo de lixo, odores desagradáveis entre outros fatores, que implicam na visibilidade dos
turistas na imagem perante a cidade. De acordo com o que precisa melhorar segundo os
entrevistados seriam as informações turísticas que deveria ser muito eficiente nesta época, além
do trânsito ser complicado e e não funcional, a locomoção torna-se conturbada.

Gráfico 22 – Reclamações

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)

Perante as reclamações listadas pelos entrevistados, o que mais chama atenção seriam os
banheiros, o que implica na infraestrutura são poucos comparados ao número de pessoas
57
recebidas, as filas são longas, além de ficarem muito sujos, impossibilitando o prolongado uso. da
ordem do inabitável A falta de lixeiras na cidade é outro fator que deve ser observado, sem estes
conjunto de fatores indispensáveis bem dispostos as pessoas tendem a jogar todo o lixo no chão,
tornando assim

a cidade fique muito suja, interferindo atrapalhando o cortejo dos blocos,

movimentação das pessoas e consequentemente discriminando deixando a imagem da cidade
ruim. Atrelado com a questão do trânsito, a falta de estacionamento é avaliada de maneira ruim,
porque há pouco espaço para os veículos podendo ate imaginar que mais pessoas não retornam
para a cidade com os próprios veículos pela falta de lugar para deixá-los.

Tabela 1 – Nomes de blocos e escolas de samba: Você consegue lembrar nomes de blocos e
escolas de samba tradicionais da cidade? (máximo 3). Nomes mais lembrados
Posição

Nome

Percentual que foi lembrado

01

Caixão

38,1%

02

Praia

18,9%

03

Cabrobró

10,0%

04

Bandalheira

3,2%

05

Vermelho e Branco

3,0%

06

Forca

2,9%

07

Zé Pereira

2,7%

08

Ouro Pirô

2,4%

09

Chapado

2,1%

10

Kalango Doido

2,0%

11

Mesclado

2,0%

12

Pirata

2,0%
58
13

Diretoria

1,1%

14

Ladera

1,1%

15

Balanço da cobra

0,9%

16

Baú da Xita

0,9%

17

Candongueiros

0,9%

18

O Monstro

0,9%

19

Lajes

0,8%

20

Bloco da Barra

0,6%

21

Chifrudo

0,5%

22

Inconfidência Mineira

0,5%

23

Bloco do Peru

0,3%

24

Escola de Samba Imperial

0,3%

25

Escola São Cristovão

0,3%

26

Deus é bom a beça

0,3%

27

Bloco do Mato

0,3%

28

Vai quem quer

0,3%

29

69

0,2%

30

Os Joãos

0,2%

31

Bloco 1800

0,2%

32

Hospício

0,2%

33

Liga para Rádio

0,2%

34

Quebraê

0,2%

Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP
2012)
59
Analisando esta tabela, percebemos que os blocos mais lembrados pelos questionados foram os
de repúblicas com o bloco do caixão, da praia e cabrobó em seguida de outros blocos que
também tem relação com república. Desta forma, ao comprar pacote de determinadas repúblicas,
o turista adquiri também o ingresso para a participação dos blocos, cujo está embutido no valor
pago . Eles já têm os dias programados e geralmente são durante o dia quando as repúblicas não
tem festa.

Diante dos resultados supracitados, podemos fazer uma análise e traçar o perfil do turista do
carnaval de Ouro Preto da seguinte forma:
Este turista agrupa-se em grupos menores, utilizando o carro como principal veículo de
transporte, a maioria são solteiros com predominância do sexo feminino. O modo de ter
conhecimento do carnaval foi por intermédio de amigos/parentes. O público que se hospeda em
hotel e republica se diferem nos seguintes aspectos:

O público majoritário que fica no hotel está na faixa etária de 32 a 40 anos, com renda média
mensal de 10 a 20 salários com a escolaridade de superior completo. Enquanto o público de
república encontra-se na faixa de 18 a 31 anos, renda média mensal de 05 a 10 salários e com
escolaridade predominante no superior incompleto. Comparando o número de pernoites entre
meios hoteleiros e extra hoteleiros a taxa de pernoites é maior para as republicas.

Os pacotes do carnaval oferecidos nas republicas a maioria deles estão na média de R$ 701 a R$
900,00 reais, sendo que grande parte destes incluem tudo: café da manhã, hospedagem, almoço,
festas, blocos e bebidas.

A maioria destes turistas são de Minas Gerais e suas cidades do interior, seguidos de Rio de
Janeiro e São Paulo em menor proporção. Os quesitos mais bem avaliados foram segurança e
60
programação e os piores foram trânsito e decoração, além dos banheiros e falta de lixeiras na
cidade.

A partir deste perfil traçado, ele será utilizado no próximo capítulo dentro do carnaval na
Republica Xeque-Mate.

Figura 1: Cartaz do carnaval de Ouro Preto (Adriana Carneiro, 2012)

61
Mediante ao importante papel do carnaval na cidade de Ouro Preto, faz-se importante considerar
que este evento é um grande atrativo turístico na cidade. Assim Dias (2004, p.95) enfatiza:

O evento não pode ser visto como fenômeno isolado dentro do processo turístico. É
necessária uma política de eventos inserida no planejamento turístico das cidades,
envolvendo órgãos governamentais, empresas de bens de serviços que trabalhem juntos
e integrados em um planejamento estratégico, para que a sociedade participe e se
beneficie dos resultados sociais e econômicos decorrentes. Dessa forma, a política de
eventos deve mobilizar os valores sociais autênticos da localidade, a fim de que estes
sejam sustentáveis e permanentes.

Entretanto, o carnaval a ser estudado neste trabalho, caracteriza-se de como a comemoração
acontece no interior das moradias estudantis da cidade. Geralmente, este carnaval que também
interage com o carnaval das marchinhas, bandas, blocos, coloca o “povo” na rua com as
festividades diurnas, deixando as atividades noturnas para as festas temáticas nas repúblicas.

1.1 Universidade Federal de Ouro Preto –UFOP

A ideia de se ter uma Universidade em Ouro Preto, antiga Vila Rica se deu na época da colônia
no movimento da “Inconfidência Mineira” (1789). Vila Rica chegou a ser a cidade mais rica e
mais importante do Brasil, durante o auge da mineração na capitania de Minas Gerais.

Foi durante o Império que surgiram as primeiras escolas profissionais: a Escola de Farmácia
(1839), Escola de Minas (1876) e a Escola livre de Direito (1892), sendo as duas primeiras
pioneiras nas áreas científicas, enfatizando a imagem de cultura significativa da cidade.

Com a transferência da capital para Belo Horizonte, a Escola de Direito foi transferida para a
mesma, as outras duas ficaram em Ouro Preto, apesar de discussões sobre possíveis
transferências. Entre 1930 a 1960 a Escola de Minas esteve vinculada á Universidade do Brasil
62
(atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Escola de Farmácia era estadual, sendo
federalizada em 1950.

A manutenção destas escolas manteve-se importante, segundo Jesus (2009 p.6) “Mesmo distantes
dos novos centros econômicos e de poder, todavia, estas duas instituições sobreviveram,
contando com o peso do significado de Ouro Preto, como cidade palco de passagens”.

A partir da década de 60 houve uma intensa criação de universidades publicas no Brasil, onde a
burguesia transnacional delegou ao Estado a tarefa de preparar a mão de obra para emprego, afim
do país acumular capital e se desenvolver economicamente, pensamento marcado pela ditadura.

Dia 21 de agosto de 1969 o General Presidente Costa e Silva assinou o Decreto-Lei de
criação da Universidade Federal de Ouro Preto, a qual passava a ser integrada pela
Escola de Farmácia, de Minas e o Instituto de Ciências Humanas de Mariana, este até
então pertencente à Universidade Católica de Minas Gerais. Um estudo fora realizado,
levantando as questões de que a fundação da UFOP auxiliou na salvação destas escolas e
de certa forma e também através dos ex-alunos junto ao ministro da educação da época
para o não fechamento das instalações da mesma. Após alguns anos foram criados o
Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB), a Escola de Nutrição (ENUT), o
Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC), e outros. (JESUS, 2009, p.6)

A Universidade Federal de Ouro Preto tem hoje aproximadamente 8.377, dos quais 4.466 são
alunos que estudam na cidade de Ouro Preto, 720 em Mariana, 259, em João Monlevade, que dá
num total de 5.445 só nessa região, sem contar com os alunos que fazem o Cead, que é o ensino à
distância, que contam com mais 2.932 (UFOP, 2012). – ATUALIZAR DADOS

63
2

O UNIVERSO DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS E SUA ORGANIZAÇÃO

2.1

As Repúblicas Estudantis de Ouro Preto

De acordo com Machado (2007b, apud MALTA, 2010, p.48-49) a origem do termo no Brasil,
especificamente em Ouro Preto, se refere ã influência de Coimbra. Primeiramente, a moradia
estudantil era conhecida como Casa dos Estudantes. As relações existentes entre as repúblicas
ouro-pretanas e coimbrãs se apresentam de forma sociossimbólica de forma que a formação das
mesmas em Portugal se deu no período monárquico, em contrapartida no Brasil elas ocorreram
no início do século XX enquanto a monarquia aos poucos cedia lugar ao sistema republicano.

Com a mudança da capital de Minas Gerais para Belo Horizonte, houve uma grande oferta de
imóveis desocupados em Ouro Preto (o que proporcionou uma locação, a baixo custo para os
estudantes) devido ao grande fluxo de migração para a nova capital. Muitos destes domicílios
foram cedidos ou ocupados por estudantes, pois as famílias preferiam deixar os seus sobrados nas
mãos dos estudantes do que outras pessoas estranhas ocuparem seus imóveis ou eles serem
destruídos, pelo ao menos os estudantes cuidariam melhor dos casarões.

Ao decorrer dos anos houve uma série de reivindicações em que os estudantes pediam a compra
de casas para abertura de novas repúblicas para atender um maior número de acadêmicos. Após
muitas lutas foram conseguidas melhorias para eles. A compra das republicas foi oficialmente
estabelecida a partir de 1953, com o auxilio de instituições que auxiliavam os alunos como a
Fundação Gorceix e a Casa do Estudante da Escola de Minas. Assim, seria possível que houvesse
o aumento do número de estudantes que pudessem ser atendidos de forma permanente para
estudarem.

Ainda para Machado (2003, apud MALTA), temos a cronologia das repúblicas ouro-pretanas:
64
Em Ouro Preto a partir da década de 40, houve a fundação da Casa dos Estudantes
(1964) e mais tarde foi fundada a Casa dos Estudantes de Ouro Preto da Escola de Minas
( 1953), ocorreu a construção de casas para estudantes e a compra de antigas casas que
abrigaram várias repúblicas , a exemplo da Canaan, Sparta, Pureza, Reino de Baco e
Formigueiro. A UFOP assume a responsabilidade pelas casas somente em 1975, visto
que as repúblicas tiveram dificuldades em relação `manutenção. (2010, p.64)

.
De acordo com Machado (2001) “As repúblicas de Ouro Preto são únicas no Brasil. Nenhuma
outra cidade universitária tem as características de moradias estudantis ouro-pretanas e só em
Coimbra (Portugal) que se tem notícia de algo parecido”. As moradias estudantis dividem-se em
dois tipos: as federais, casas instaladas em imóveis da UNIÃO que giram em torno de 72, elas
estão localizadas entre o centro histórico e o campus da UFOP – Morro do Cruzeiro. Nestas casas
os estudantes não pagam o aluguel, em contrapartida são responsáveis pelas despesas de luz,
telefone, TV a cabo, “cumadre” (secretária doméstica das republicas) e demais serviços
contratados.

As particulares que estão dispostas em varias partes da cidade, são mantidas por seus próprios
moradores, dividindo entre eles as despesas similares as republicas federais, porém com o
acréscimo do pagamento do aluguel. O número das repúblicas particulares é aproximadamente
300. Tanto as repúblicas particulares e federais são organizadas em masculinas e femininas,
porém existe a República Arte & Manha que é mista, sabe-se de algumas moradias estudantis
particulares que são mistas, mas são poucas e não oficiais.

A organização dessas habitações caracteriza-se por princípios como a autogestão, autonomia e
cooperação. Os estudantes possuem uma autossuficiência em relação à universidade. Elas são
hierarquicamente estruturadas de acordo com o tempo que cada uma mora na república, sendo o
“decano” o mais velho da casa que de certa forma conduz o restante dos moradores. Todas as
repúblicas têm “vida” independente dos moradores, pois elas continuam existindo mesmo após a
formatura dos universitários.
65
Todas as repúblicas possuem um nome. Aliás, o universitário em Ouro Preto, muitas vezes é
conhecido pela sua república e não pelo seu curso, como nas demais universidades, o que torna
um fator ainda mais interessante, onde sua identidade é tida a partir do local onde você mora, sua
republica. Analisando o fenômeno das republicas em Ouro Preto, para Jesus (2009, p.8):

Pode-se aventar a hipótese de que a "REPÚBLICA", res pública, coisa pública fenômeno típico de Ouro Preto - é um espaço onde podem acontecer processos variados
de aprendizagem, que vão desde aquisição de sociabilidade, passando por solidariedade,
capacidade de subordinação às regras de grupo, capacidade de renúncia a certos
interesses individuais para lograr adequar-se a ordenamentos hierárquicos coletivos.
Embora não tenham sido criados com propósitos pedagógicos, elas existem em função
de uma instituição pedagógica.

Para Machado (2000) “a republica „é um lugar de grande aprendizado, um dos poucos lugares na
vida universitária que permitem um debate e vivencia cultural, e onde o individualismo é
reduzido e os projetos coletivos estimulados”. Ele ainda ressalta que os estudantes são carregados
de inúmeros sentimentos e atitudes, onde dentro da republica aprendem o real conceito de
cidadania, envolvendo a participação, diálogo, busca do consenso, respeito pelo outro e pela
diferença.

Já para Teodoro (2003, p. 37) o emprego da palavra republica tem um sentido diferente: “O nome
“republica” vem do fato de que a Escola de Minas foi fundada no tempo do Império e muitos dos
seus alunos eram republicanos e, consequentemente, defensores dos ideais republicanos”.

Geralmente nas repúblicas os calouros, conhecidos como bixos, têm de cumprir um estágio,
chamado de batalha, para serem aceitos definitivamente como moradores das casas. Essa é a
época do calouro conhecer os moradores da república, estes também conhecerem o candidato a
morador e avaliar o seu processo de adaptação. A escolha deve ser unânime. Durante esta
batalhar era comum o aluno ser submetido aos trotes. Essa batalha varia muito do perfil de cada
republica, na maioria das vezes nas republicas federais elas estão mais presentes e rígidas, não
66
descartando as mesmas nas particulares, que costumam ser mais “leves”. Acrescentando mais
sobre a vida republicana, Teodoro expõe que:

O modo de vida em republicas exige muito dos seus membros, já que eles tem de
colocar os valores do grupo acima dos interesses pessoais. É claro que há espaço para
que as individualidades possam manifestar-se, desde que não prejudiquem ou coloquem
em risco as relações entre os estudantes, as ações cotidianas e a distribuição de funções.
(2003, p.39)

No contexto em que a hospitalidade republicana se enquadra, um dos fatores que chama
muita atenção é a questão do trote. Para entender como o mesmo ocorre nesse tipo de moradia
estudantil, esboçaremos a etimologia do “trote” que possui correspondentes em vários idiomas:

Trote (espanhol), trotto (italiano), trot (francês), trot (inglês) e trotten (alemão), em todos
esses idiomas e também em português o termo trote se refere à certa forma de se
movimentar os cavalos, uma andadura que se situa entre o passo e o galope. 12

É preciso saber que o trote não é uma andadura habitual do cavalo, mas algo que lhe é imposto (muitas
vezes a base de chicotadas e esporadas). Da mesma forma, os calouros são vistos pelos moradores
como alguém que deve “aprender a trotar”, ou seja, eles devem seguir as tradições e respeitar a
hierarquia vigente dentro da republica. Para isso é feito, em suma, os trotes físicos e psicológicos, para
“ensinarem” os calouros.

O trote na história iniciou-se nas primeiras universidades da Europa na Idade Média, havia o hábito de
separar os veteranos dos calouros impedindo que assistissem às aulas no interior de suas respectivas
salas, sendo permitida apenas a prática destas em seus vestíbulos, de onde veio o termo vestibulando
para designar estes novatos. Para identificar o calouro, estes tinham suas cabeças raspadas e, muitas

12

AMARANTE, F.B; DUARTE, S; PEREIRA, V; RIBEIRO, G. “Trote: forma de hospitalidade no curso de
Turismo da UFJF”. Juiz de Fora: Instituto de Ciências Humanas da UFJF, 2006. 10p. Não publicado.

67
vezes, suas roupas eram queimadas. No século XIX, os estudantes brasileiros que fizeram parte do
processo educativo de Portugal trouxeram o trote para o Brasil.

Diante do número crescente da taxa de evasão das republicas federais, o Ministério Público
entrou com um processo de intervenção na conduta dessas moradias. Listou diversos itens que
deveriam ser proibidos, como por exemplo, fazer o cabelo (escrever o nome da republica no
cabelo), usar placa (que possuía o apelido do calouro e sua republica), vento, entre alguns outros
elementos que compunham o processo de batalha, além de exigir a confecção do estatuto dessas
republicas. Cabe salientar que as autogestões dessas casas estariam sendo ameaçadas se as
mesmas não seguissem a conduta estipulada pelo Ministério Público.

Há uma dualidade em relação às republicas. Ora, por uma vertente elas representam um conjunto
de praticas culturais centenárias, papel de destaque na localidade. Elas conseguem influenciar e
serem influenciadas pela cidade. Por outro viés, essas moradias se tornaram sinônimo de grandes
festas e uma imagem Boemia a Ouro Preto. Além de tudo, as repúblicas são singulares, repletas
de tradições, além da relação ex-aluno – república/moradores, o que torna algo inexoravelmente
fascinante e único.

Mesmo dentro de grandes polêmicas na questão das repúblicas, seria importante salientar que as
mesmas possuem um papel muito representativo não só no contexto da UFOP, como na cidade de
Ouro Preto, integra a cultura que já é tão rica e vasta. A relação da república, hospitalidade e
carnaval serão abordados nos próximos itens.

2.2

A República Xeque-Mate

68
A data atribuída à fundação da república é de 19 de abril de 1982, porém em 1999 descobriu-se
que sua real fundação foi em março de 1981. Ela foi criada por três estudantes: Renzo Vieira
Lessa (“Mequinho”), Carlos Ângelo Nunes (“Jacaré”) e Benedito Silvestre (“Bené”).

O primeiro nome da moradia foi “República Socialista Xeque Mate” porque Renzo foi campeão
brasileiro e bicampeão mineiro de xadrez, mas com o tempo a republica ficou como apenas
Xeque Mate. Sua primeira sede na rua Antônio de Paula Ribas, no bairro Água Limpa. Alguns
dos integrantes da republica participaram da fundação da República UPA, mas depois voltaram.

Existia pressão familiar para a venda do imóvel em que a moradia se encontrava para que a
república não ficasse ali, porém Dona Alice resistiu e manteve a mesma no local. E Dona Nadir
era conhecida como a “mãe” dos xequemateanos durante várias gerações.

A república por treze anos (1984-1997) só admitia alunos do curso de farmácia Durante o período
de 1984 a 1997, durante este período existiam muitas festas na cozinha da casa e uma delas quase
destruiu a construção. Em 1995 com próprios recursos conseguiram reformar a casa e elegeu o
hino da Republica Xeque-Mate “A Filha da Chiquita Bacana” de Caetano Veloso.

Em 4 de janeiro de 1997 devido às fortes chuvas houve represamento e desmoronamento da rua
Padre Rolim, levou a destruição da maioria das casas da rua Antônio de Paula Ribas, tendo a
Republica Xeque-Mate perda total. Com este ocorrido, os estudantes mudaram para a rua Dr.
Albino Sartori n 246 na Vila São José. Após reconstrução física os alunos buscaram uma sede
mais satisfatória passando pela rua Dr. Cláudio de Lima n° 30 (de maio de 1997 a novembro de
1998), rua Direita n° 179 ( de novembro de 1998 a novembro de 1999) e hoje está instalada á rua
Paraná n°12. A sede atual da República Xeque-Mate permitiu a esta a sua grande divulgação e
reconhecimento, bem mais acentuados do que em outras épocas, com a realização de sucesso de
inúmeras festas dentre outros eventos importantes promovidos.
69
Hoje a republica conta com 12 moradores, com a faixa etária entre 18 a 28 anos, com moradores
oriundos de varias cidades como Viçosa, Timóteo, Belo Horizonte, Vila Nova, Taquaritinga, São
Paulo, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Jaboticabal, Monte Alto e Capitólio. O tempo de
permanência dos moradores varia de 6 anos. O numero de ex-alunos é de 41 e homenageados são
11.

Para ser um morador da Republica Xeque-Mate, o bixo passa pelo processo de batalha já
mencionado, onde tem de cumprir certas obrigações em prol da casa. Passando por este período
de avaliação, ocorre a sua escolha, tornando-se mais um xequemateano.

Figura 2: Bandeira da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012)

70
2.3

O Carnaval de 2012 na República Xeque-Mate

O carnaval além de ser uma festividade muito comemorada no Brasil manifesta-se de modo
folclórico, de modo que se concretiza a cultura diversificada brasileira. Em Ouro Preto não
poderia ser diferente, sobretudo com sua particularidade do carnaval das republicas, tema este
que será abordado neste item.

O carnaval de 2012 aconteceu de 18 a 21/02 (data do calendário), porém na republica Xeque
Mate iniciou-se na quinta-feira dia 16/02. O slogan do carnaval desta república era “ CarnaXeque
6 dias for loko”! Para que ocorresse a realização do carnaval, os xequemateanos iniciaram este
trabalho há muitos meses antes do grande acontecimento.

No momento em que o carnaval do ano acaba alguns meses em junho/julho já se inicia as
discussões sobre o carnaval do ano seguinte, realizando a escolha da programação, divulgação,
divisão das tarefas entre os moradores, para que os resultados sejam alcançados, inclusive o do
lucro. Os pacotes começam a ser vendidos a partir de setembro/outubro.

A importância de realizar uma boa festa deve ser pensada a partir do momento em que a
programação é planejada, levando-se em consideração que o produto carnaval se encaixa no
quesito evento, sendo este intangível, obedecendo simplesmente as expectativas e satisfações de
seus consumidores, para tanto ele deve ser bem administrado, porque senão não terá chance
frente ao mercado competitivo. Por outro lado, Schiffman e Kanuk (2000, p. 123) destacam que
“uma vez que serviços intangíveis, a imagem se torna um fator-chave na diferenciação de um
serviço da concorrência”. (DENCKER, p 127)

71
Dessa maneira, deve-se pensar que o público deve ser surpreendido, dar a ele mais do que esta
acostumado a esperar. Isso é extremamente importante, Dias (2002, p.92) completa: Essa
consideração é importante, tanto no que se refere á criatividade do produto quanto á seleção de
mercado, política de preços ou estratégias de comunicação e marketing, que fazem política de
preços ou estratégias de comunicação e marketing, que fazem parte do plano de identificação e
divulgação do evento. (DIAS, 2002, p. 92)

Antes que a programação e os demais detalhes sejam definidos, faz-se primeiro a divisão das
tarefas por grupos. Estas tarefas incluem vários aspectos e se mantém mesmo quando o carnaval
esta acontecendo. Dividem-se em grupos de hospedagem, compras e etc. Depois disso, abre-se
espaço para as atrações do próximo carnaval. O morador A afirma:
a programação do carnaval se da desta maneira: “Discutido em reunião, as pessoas vão
sugerindo de festas que foram ou ficaram sabendo que aconteceram e que deram certo e
tentamos implantar no carnaval. Festa do sinal alguém viu la em Viçosa, gostou e
implantamos aqui. Se a festa não atender a expectativa, não será mais repetida.”
(MORADOR A, Ouro Preto, 22 mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante)

Depois de viabilizarem as atrações, formou-se a programação do carnaval de 2012, que foi a
seguinte. (extraída do site da república)13
“Prepare-se para viver 144 horas de experiências únicas cheias de novas sensações e
fantasias!!!
A República localizada no coração do carnaval de Ouro Preto oferece:
- Tradicional Duelo Brahma X Skol, estupidamente geladas!
- Bebidas Diferenciadas (Steinhagen, Ice, Rum, Jurupinga, Vodka com Energético,
Cachaça Mineira, Refrigerante e Água)
- Boate 24 horas ligada com mega estrutura!
- Festas Temáticas e Tradicionais Blocos de Ouro Preto!
- Café da Manhã e Almoço
PROGRAMAÇÃO:
-Sexta-Feira Chegando e Bebendo!
Recepção calorosa dos foliões com muita bebida e boate no talo!!!
-Sábado agora é pra valer!!!
Café da Manhã, Bloco do Caixão, o melhor bloco de Ouro Preto!! Depois caldo para
renovar as energias, Festa do Semáforo com Banda de Axé!!!
-Domingo vai ser longo!!!

13

Disponível em: <http://www.xequemate.org>. Acesso em: 10 fev 2012.
72
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Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro Preto

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Fahrenheit Barbosa Amarante A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro Preto/MG (2012) Ouro Preto 2012
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Fahrenheit Barbosa Amarante A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro Preto/MG(2012) Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Turismo Orientador: Prof. Dr. Bruno Pereira Bedim Co-Orientador: Prof. MSc Ricardo Eustáquio Fonseca Filho Ouro Preto 2012
  • 3. Fahrenheit Barbosa Amarante A Operacionalização das Repúblicas Estudantis no Carnaval de Ouro Preto/MG (2012) COMISSÃO EXAMINADORA: _______________________________________________ Professor Dr. Bruno Pereira Bedim Universidade Federal de Ouro Preto _______________________________________________ Professor Ms. Ricardo Eustáquio Fonseca Filho Universidade Federal de Ouro Preto _______________________________________________ Professor Marcos Knupp Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto, 12 de novembro de 2012
  • 4. Iniciei a minha graduação me dedicando aos esforços dos meus pais. Assim, termino a mesma dedicando este trabalho a eles, sem a confiança e o empenho deles eu não estaria aqui, ao meu irmão Kelvin e a minha filha Ana Luiza que juntos formam o meu orgulho e dedicação. Muito obrigada, esta conquista também é de vocês!
  • 5. AGRADECIMENTOS Foram os anos mais proveitosos da minha vida. O curso superior foi um sonho que se encerra agora. Agradeço a todos que de certa forma me auxiliaram durante todo este percurso na(s) Universidade(s). Muito obrigada a UFJF pela primeira parte do meu curso e a UFOP pelas grandes chances que me deu para me graduar como Bacharel em Turismo. A minha família foi crucial nesta conquista, em especial aos meus pais, meu irmão, Vó Oswaldina e Tia Luciene por sempre confiarem em mim e me darem suporte ao meu ensino. Aos amigos de Pedra do Anta, Viçosa (em especial Telma, Elaine, Daniella, Jaque, Rody, Eduardo e Rodrigo C.); de Juiz de Fora (As Biras – Rariane, Thalia, Thais, Ludimila, Júlia, Camila, Carol B, Thati Lelis, Fabi e Caio) e aos amigos de Ouro Preto (Diadema, Anne, Lara, Mayra, Natália, Phillipe, Léo). A amizade de vocês foi fundamental para mim! Á querida República Belladona, por ter sido meu lar durante a minha graduação. Obrigada pela amizade: Nádia, Luciana, Tássia, Cyntia, Paula, Lívia. Às empresas juniores: Rumos (UFJF) e Completur Jr (UFOP) pela oportunidade de aprendizado e experiência gratificante e inesquecível. O movimento MEJ vai estar comigo para sempre! Ao projeto Sentidos Urbanos: Patrimônio e Cidadania, que me proporcionou uma vivência diferenciada em Ouro Preto e a enxergar a cidade “com outros olhos”. Agradeço a Simone e ao Professor Juca pela excelente oportunidade. Ao DETUR e aos professores Leandro (pela grande disposição em ajudar nós alunos), Bruno Bedim e Ricardo pela orientação e co-orientação deste trabalho. A todo o desenvolvimento deste trabalho se deve à professora Kerley Santos, se não fosse a dedicação, paciência, vontade de ajudar e a confiança eu não teria chegado até aqui. Esta conquista também é sua! Às repúblicas amigas TX, MB pela amizade e admiração pelo sistema republicano de Ouro Preto Em especial á república Xeque-Mate, além da amizade, por ter permitido e realização deste trabalho. Muito obrigada!
  • 6. “Ah...Ouro Preto!!Dizem que é a cidade da perdição.. É porque nela você faz aquilo que vai contar para seus netos,bisnetos e tataranetos um dia!! {...} (Autor desconhecido)
  • 7. RESUMO O Brasil, dentre outras coisas, é reconhecido pela sua cultura, sendo o carnaval uma das manifestações culturais mais populares. Cidades históricas como Ouro Preto (MG) possuem um carnaval universitário em moradias estudantis (repúblicas). Estas repúblicas são parte de uma cultura universitária categorizada como única no país, sendo influência de Portugal. Esse tipo de moradia é um traço característico ou peculiar dessa cidade: suas regras e tradições tornam-se mais um atrativo. Graças à isso é frequente o recebimento de hóspedes, principalmente durante o carnaval, com hospitalidade e pacotes especialmente preparados para o recebimento deste publico, Estes pacotes oferecem não somente a acomodação, mas também alimentação, bebidas, festas e o cenário do carnaval de rua de Ouro Preto com seus famosos blocos caricatos, bandas de marchinhas, além do movimento grande nas ruas do centro histórico durante esta festividade. Além dessa prática realizada com intuito de obter lucratividade, estabelecem-se relações de hospitalidade, mesmo que seja com fundo comercial, com os turistas que as frequentam. Faz-se importante pensar no contexto em que o carnaval de Ouro Preto ocorreu no ano de 2012 mesmo com a ameaça de fracasso do carnaval por causa das chuvas de janeiro que de certa forma lesou algumas partes da cidade. A mídia teve um papel crucial para retomar o ânimo dos turistas para participarem do carnaval de Ouro Preto. Este estudo foi pautado no pressuposto da importância e representatividade da realização do carnaval das repúblicas estudantis de Ouro Preto, diante do cenário em que as mesmas se inserem além das formas de hospitalidade estabelecidas pela relação turista versus anfitrião, tendo como estudo de caso a República Xeque-Mate. Palavras-chave: Repúblicas estudantis, Hospitalidade, Carnaval e Ouro Preto.
  • 8. ABSTRACT This paper discusses the organization of the carnival in the city of Ouro Preto in the universe of the fraternities, being the Xeque Mate Fraternity the study place, during the carnival of 2012, emphasizing the hospitality accorded residents with tourists. The Cultural Heritage of humanity city receives thousands of tourists every year, with an average expected Carnival in 2012 by 40,000 revelers, contributing to the increased flow of people throughout the city, contributing to the success of the celebration. This type of housing is a characteristic feature of this city, with its curiosities, traditions become another attraction, where it often receiving guests, especially during Carnival, where this hospitality is prepared to receive this public, by confections packages that not only offer accommodation such as eating, drinking, partying and carnival street scene of Ouro Preto with his famous caricatures blocks, marching bands, besides the big move in the streets of the historic center during this festival. Even with the threat of failure carnival because of the rain that in January somehow damaged some parts of the city, the media had a crucial role to regain the enthusiasm of tourists to participate in the carnival Keywords: Fraternities/Sororities, Hospitality, Carnival, Ouro Preto. of Ouro Preto.
  • 9. LISTA DE GRÁFICOS Figura 1. Gráfico 1 “Motivação da Viagem” Figura 2. Grágico 2 “Forma de Agrupamento” Figura 3. Gráfico 3 “Principal Transporte Utilizado na Viagem” Figura 4. Gráfico 4 “Estados de Origem” Figura 5. Gráfico 5 “ Cidade de Origem dos Turistas” Figura 6. Gráfico 6 “Idade dos Visitantes” Figura 7. Gráfico 7 “Comparativo de Hospedagem: Idade” Figura 8. Gráfico 8 “Gênero” Figura 9: Gráfico 9 “ Estado Civil” Figura 10. Gráfico 10 “Renda Familiar em Salários Mínimos” Figura 11. Gráfico 11 “Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal” Figura 12. Gráfico 12 “Como ficou sabendo do Carnaval de Ouro Preto” Figura 13. Gráfico 13 “Número de Vezes no Carnaval de Ouro Preto” Figura 14. Gráfico 14 “Onde se Hospedaram” Figura 15. Gráfico 15 “Grau de Escolaridade” Figura 16. Gráfico 16 “Comparativo Hospedagem: Escolaridade” Figura 17. Gráfico 17 “Pacotes das Repúblicas” Figura 18. Gráfico 18 “Itens Oferecidos nos Pacotes das Repúblicas” Figura 19. Gráfico 19 “Números de Pernoites na Cidade” Figura 20. Gráfico 20 “Comparativo de Hospedagem:Média de Permanência (Pernoites)” Figura 21. Gráfico 21 “Comparativo Hospedagem: Público Relativo Recebido” Figura 22. Gráfico 22 “Avaliação de Serviços/Equipamentos (Nota Média) Figura 23. Gráfico 23 “Reclamações” Figura 34. Gráfico 24 “Escolha da República Xeque Mate” Figura 36. Gráfico 25: “Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro, 2012)” Figura 38. Gráfico 26 “Motivo da escolha da república”
  • 10. Figura 39. Gráfico 27 “Diferencial da República Xeque Mate” Figura 40. Gráfico 28 “ Relação turistas/moradores na Xeque-Mate” Figura 41. Gráfico 29 “Infraestrutura da casa” Figura 42. Gráfico 30 “Formas de alojamento” Figura 43. Gráfico 31 “Qualidade da alimentação oferecida” Figura 45.Gráfico 32 – Conforto nas acomodações Figura 47. Gráfico 33 – Retorno ao carnaval da República Xeque-Mate Figura 48. Gráfico 34 – Como soube do carnaval de Ouro Preto Figura 49. Gráfico 35 – Opinião em relação às festas Figura 51. Gráfico 36 – o que mais chamou a atenção no carnaval Figura 52. Gráfico 37 – Faixa etária dos turistas da República Xeque-Mate LISTA DE TABELAS Figura 24. Tabela 1 “Nomes de blocos e escolas de samba: Você consegue lembrar nomes de blocos e escolas de samba tradicionais da cidade? (máximo 3). Nomes mais lembrados”
  • 11. LISTA DE FIGURAS Figura 25. “Cartaz do carnaval de Ouro Preto (Adriana Carneiro, 2012)” Figura 26: Bandeira da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012) Figura 27: Localização da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012) Figura 28: Turistas na varanda (área externa) da casa (Adriana Carneiro, 2012) Figura 29: Turistas acomodados em um dos quartos da República (Adriana Carneiro, 2012) Figura 30: Turistas almoçando na República (Adriana Carneiro, 2012) Figura 31: Festa no interior da República (Adriana Carneiro, 2012) Figura 32: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012) Figura 33: Publicidade de marca de Cerveja (“Operação Skol Folia”.) (SKOL, 2012) Figura 35: Localização da República Xeque-Mate , Rua Paraná. (Adriana Carneiro, 2012) Figura 37: Fachada e placa da República (Kerollyne Daniele, 2012) Figura 44: A alimentação oferecida na República (Kerollyne Daniele, 2012) Figura 46: A acomodação na República (Adriana Carneiro, 2012) Figura 50: Festa no interior da República (Kerollyne Daniele, 2012)
  • 12. LISTA DE ABREVIATURAS A&B – Alimentos e Bebidas DETUR – Departamento de Turismo ENUT – Escola de Nutrição ICEB – Instituto de Ciências Exatas e Biológicas IFAC – Instituto de filosofia, Artes e Cultura. PMOP – Prefeitura Municipal de Ouro Preto SECTUR-OP – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Ouro Preto SETUR/MG – Secretaria Estadual de Turismo de Minas Gerais UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto UNESCO – Organização das Nações unidas para a Educação, para a Ciência e para a Cultura UPA – República Unidos por Acaso
  • 13. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................14 Objetivos .........................................................................................................................................16 1.2 1.2.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................................16 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................................16 1.3 Justificativas ...................................................................................................................................17 1.4 Delimitações ....................................................................................................................................19 1.5 Metodologia ....................................................................................................................................19 1.6 Hipóteses .........................................................................................................................................20 2 HOSPITALIDADE E O CONTEXTO DO CARNAVAL DE OURO PRETO (MG) ................22 2.1 Aspectos teóricos da Hospitalidade...............................................................................................22 2.2 Um breve histórico sobre o Carnaval ...........................................................................................27 2.2.1 Origem do Carnaval .....................................................................................................................27 2.2.2 O Carnaval em Ouro Preto ...........................................................................................................31 3 O UNIVERSO DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS E SUA ORGANIZAÇÃO ..........................64 3.1 As Repúblicas Estudantis de Ouro Preto .....................................................................................64 3.2 A República Xeque-Mate...............................................................................................................68 3.3 O Carnaval de 2012 na República Xeque-Mate ..........................................................................71 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................106 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................109 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .........................................................................................................112 APÊNDICES .............................................................................................................................................113 APÊNDICE 1 – Questionário Hóspedes.................................................................................................113 ANEXOS ...................................................................................................................................................115
  • 14. INTRODUÇÃO O presente trabalho reside em ressaltar a conceituação do tema hospitalidade e suas especificidades, principalmente relacionadas com a forma que esta é realizada nas repúblicas de Ouro Preto durante o carnaval. Sendo essas moradias, um traço marcante da cidade, com suas organizações, costumes e curiosidades dividem opiniões que as visualizam de maneira hospitaleira ou hostil. De acordo com Delgado (2012, p.46) “Atualmente, o carnaval constitui uma das imagens mais relacionadas ao Brasil, e é considerado por muitos brasileiros não só como a festa mais representativa da identidade brasileira, mas também como a maior festa do mundo, principalmente quando se faz referência ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo”. O carnaval no Brasil de modo geral, além de ser uma festa popular, em que as pessoas se preparam todos os anos para a participação da mesma, representa meios de geração de renda porque se interage aos setores de hospedagem, A&B, entretenimento, lazer, entre outros segmentos, gerando renda e proporcionando divertimento ao público. Para Rosa (1999) “A festa (Carnaval) é discutida também através do enfoque da civilização, da urbanização, do capitalismo, analisam-na sob a perspectiva da indústria cultural, ou seja, a festa enquanto mercadoria, sendo o turismo e a festa vistos como produtos econômicos”. Desta forma, poderíamos refletir que além de ser uma manifestação folclórica, envolta de alegria, ela tem cunho econômico o que impulsiona e dinamiza a celebração, tornando-se peça importante na geração de renda durante este período. Ouro Preto, uma cidade de reconhecimento internacional abriga além de um patrimônio muito importante histórico - cultural, tem uma tradição secular: cultura das repúblicas estudantis, que se dividem em particulares e federais. As repúblicas antecedem a criação da própria Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP -, em 1969. No site da UFOP1 encontramos a listagem das repúblicas (federais e particulares) de Ouro Preto e Mariana que giram em torno de 440. 1 Disponível em: <http://www..ufop.br>. Acesso em: 15 ago. 2012. 14
  • 15. Estas moradias de Ouro Preto são únicas no Brasil, no que diz respeito ao regimento interno independente e autônomo em relação à Universidade. Nenhuma outra cidade universitária tem as características de moradias estudantis ouro-pretanas. As repúbicas federais são casas mantidas pela UFOP; e as particulares, mantidas por seus próprios moradores. Elas são hierarquicamente estruturadas de acordo com o tempo que cada um mora na república. Todas as repúblicas têm “vida” independente dos moradores, pois elas continuam existindo mesmo após a formatura dos universitários. Para tanto, em relação a criação destas moradias, temos que: “A institucionalização das repúblicas ocorre no período em que a ideologia desenvolvimentista é a predominante. A Escola de Minas de Ouro Preto é reconhecidamente um foco nacionalista e seus ex-alunos eram absorvidos principalmente pelo serviço público, que "tendiam a considerar-se servidores públicos responsáveis pela condução do país pela rota do progresso" (Schwartzman, 2001 apud JESUS 2009, p.7) A hospitalidade tem um importante elemento, que é relação anfitrião x hóspede que nada mais é do que um relacionamento de trocas entre ambas as partes, em que pode ocorrer com sucesso ou não. Deste modo, é interessante analisar esta relação durante o carnaval entre os anfitriões e os forasteiros. O que é i relevante pensar que toda relação tem duas óticas. Dentro dos domínios da hospitalidade, não podemos situar a república em somente um, muito pelo contrário, além de pertencer ao espaço privado, essa moradia também pertence ao espaço comercial, porque há um interesse econômico embutido nessa hospitalidade. Ao falar desse estabelecimento de moradia, ele é encaixado inicialmente no domínio privado ou doméstico, “do ponto de vista histórico, o ato de receber em casa é o mais típico da hospitalidade e o que envolve maior complexidade do ponto de vista de ritos e significados” (CAMARGO, 2004, p. 52). Mesmo pensando no quesito financeiro, os moradores se preocupam em oferecer serviços satisfatórios, fazendo uma boa tática e demonstração de hospitalidade, satisfazendo as necessidades físicas e psicológicas dos mesmos, tentando agradá-las ao máximo, além de garantir uma acomodação, alimentação para cada um deles. 15
  • 16. O papel da mídia. foi contraditório no ano de 2012, ora pelos desmoronamentos ocorridos em janeiro/2012 na cidade, afetando vários pontos, inclusive o terminal rodoviário, ela insistentemente divulgou essa noticia, causando preocupação para os órgão responsáveis pelo fomento e execução do carnaval como a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, além das repúblicas que dependem dessa festa para levantar fundos. Ao mesmo passo que o veículo comunicativo através de propagandas divulgava o carnaval das cidades históricas, além da boa visibilidade que Ouro Preto obteve saindo na divulgação de uma das cidades de destaque do carnaval de uma marca de cerveja. Fazendo elo entre carnaval, república e hospitalidade, para Dencker (2001, p.118) “A hospitalidade no plano individual, por ocasião de recebimento dos foliões, é um dia de exceção, é o momento em que o morador se desliga do cotidiano, se enfeita, em que o espaço banalizado pela vida-de-todo-dia se transforma „num lugar de festa‟”. Mesmo sendo estas repúblicas sinônimo de festas, elas utilizam das práticas usuais em seus meios e elaboram, aperfeiçoam o produto para ser comercializado: a festa de carnaval. Através da abordagem realizada, será possível compreender o funcionamento dessas moradias, suas relações, a opinião dos turistas em se hospedarem nelas durante o carnaval. É de suma importância a realização de observações entre as partes integrantes (moradores das repúblicas e turistas), analisando a maneira que a hospitalidade ocorre. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Discutir a hospitalidade e a organização da república Xeque-Mate no carnaval em Ouro Preto. 1.2.2 Objetivos Específicos 16
  • 17.  Conhecer melhor o universo das repúblicas estudantis de Ouro Preto.  Analisar as relações existentes entre os moradores e os turistas durante o carnaval.  Mostrar como é o funcionamento e organização durante o período do carnaval na cidade, com enfoque nas repúblicas. 1.3 Justificativas A escola literária barroca no Brasil pode ser representada na cidade de Ouro Preto localizada na região central do estado de Minas Gerais. Possui suntuosas construções o que tende a atrair um elevado número de turistas além dos anos. Ainda sobre a cidade, temos que: Há de se lembrar que Ouro Preto não é uma cidade comum como às demais, mas uma cidade que tem vida própria e por si mesma conta a sua história de quase 200 anos de vida. A cidade foi tombada como patrimônio histórico no ano de 1933, no primeiro governo de Getúlio Vargas, quando ele declara Ouro Preto Cidade Monumento Nacional e em 1980 “Patrimônios Cultural da Humanidade” declarado pela UNESCO,portanto carrega em si sua essência de uma cidade patrimonial, seja, pelas igrejas com seu estilo Barroco, seja pela história de seus inconfidentes ou mesmo por si própria. (JESUS, 2007, p.4) O carnaval é considerado a mais tradicional festa brasileira, O Brasil por ser um país que possui uma heterogeneidade de culturas, tende a ter uma gama de tradições diferenciadas em cada região. Da mesma forma, o carnaval no país, tem as suas particularidades, o que faz com que as decisões de como celebrar a época do carnaval se torne cada vez mais difícil. Exemplos clássicos de carnavais em alguns estados no país giram em torno dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde existem os tradicionais desfiles de escolas de samba, e também os grandes blocos de rua, no estado da Bahia, predomina-se um carnaval de rua, onde ocorre a presença de cantores da região em trios elétricos; no estado de Pernambuco a alegria gira em torno dos bonecos caricatos e também do carnaval de rua. .Já no estado de Minas Gerais, os carnavais que ganham mais destaque são os das cidades históricas como Diamantina, Tiradentes, Sabará, Ouro Preto, além de outras cidades que possuem um famoso carnaval de rua como Alfenas. 17
  • 18. Em Ouro Preto, que será o foco desse trabalho, predomina o tradicional desfile de blocos, o “carnaval de rua” e também ocorre o carnaval de república, que é restrito e ocorre dentro destas moradias. Ao se falar em república, é importante pensar que: Para Rosa (1999, p.22) Por ter algumas das escolas mais antigas do Brasil, a Universidade possui valores que remetem: tradição, principalmente as suas repúblicas para onde os ex-alunos sempre voltam, promovendo festas e outras atividades. Aliás, as repúblicas recebem frequentemente hóspedes e turistas concorrendo com a rede hoteleira. A cidade ouropretana recebe todos os anos, uma gama de estudantes que se estabelecem em repúblicas para estudar na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Repúblicas as quais que se dividem em federais (ligadas diretamente à UFOP) e as particulares (casas alugadas pelos próprios alunos). A UFOP foi fundada na união das Escolas de Farmácia (1839) e Escola de Minas (1876), mas foi em 21 de agosto de 1969 que a universidade tornou-se legitimamente uma instituição. Para Magnani (1984 apud ROSA 1999): “Nestas casas, que são uma das singularidades da cidade, são famosas por festas, boates e hospedagem. Formam uma rede de sociabilidade. As pessoas visitam-nas, hospedam-se nelas e retornam trazendo amigos”. Por hora, acaba se tornando um dos maiores atrativos para os jovens turistas, onde são oferecidos além da acomodação e alimentação, festas, diversões, para que o hóspede sinta satisfeito em relação à sua estada durante o carnaval nestas habitações e que queira voltar sempre. Dessa forma, faz-se importante e interessante adentrar no “mundo” das repúblicas para entender o porquê desta competição com a rede hoteleira durante o carnaval, que significa o maior evento da cidade. 18
  • 19. Além do empenho na organização da PMOP, setor privado para a realização do carnaval durante todos os anos, é importante entender como as habitações estudantis se planejam para o recebimento de grande evento na cidade, além de concorrerem com a rede hoteleira, são muitas repúblicas que realizam este tipo de evento, havendo competição entre as mesmas, fazendo com que cada uma se organize melhor afim de atrair mais turistas para o seu evento. É um fator curioso entender o funcionamento destas casas, além de identificar a relação de hospitalidade formada entre os turistas e os estudantes. Como esses turistas são tratados pelos moradores das repúblicas que “fazem carnaval”. 1.4 Delimitações O objeto a ser estudado nesse trabalho é a forma de hospitalidade e organização inerentes às repúblicas de Ouro Preto durante o período do carnaval. Para tanto, é necessário que se delimite o objeto, fechando-se na proposta do estudo dessas práticas analisando de acordo como se dá a organização das mesmas para a realização das festividades carnavalescas, englobando a relação com os turistas e a hospitalidade aos mesmos. 1.5 Metodologia A metodologia adotada para a realização desse trabalho se pauta no embasamento teórico, a partir do levantamento bibliográfico da literatura do tema hospitalidade. O tema das repúblicas, de hospitalidade e de carnaval será consultado em trabalhos acadêmicos, monografias, artigos, teses, sites, entrevistas, entre outros meios. Vale ressaltar que o método adotado para esta pesquisa foi uma análise de qualitativa, sendo a pesquisa de teor exploratório. 19
  • 20. Para melhor entendimento da organização das repúblicas durante o carnaval, foram realizadas visitas à república Xeque-Mate com intuito de obter as informações necessárias para o trabalho, sendo realizadas entrevistas com os moradores, analisando as etapas do pré, trans e pós-evento (carnaval). Conforme previamente solicitado e combinado entre a pesquisadora e estudantes da república seus nomes não seriam revelados. No mês de março de 2012 foi realizada uma entrevista na moradia supracitada com alguns moradores da mesma, em que foi seguido um questionário para entrevista. A entrevista foi concedida por dois moradores, sendo esta gravada e transcrita fielmente. Para ocultar a identidade dos mesmos, foi adotada a identificação sendo como MORADOR 1, MORADOR 2. Bem como, se deu a realização de pesquisa, via questionários online, com alguns turistas que se hospedaram na República Xeque-Mate durante o carnaval de 2012. Para tanto, ficou estabelecido que as identidades fossem mantidas em sigilo, sendo os mesmos identificados como TURISTA 1, TURISTA 2, TURISTA 3... O número de questionários respondidos foi de 30 durante mês de maio de 2012 e enviados para o email da pesquisadora. 1.6 Hipóteses Levando- se em consideração o ambiente da cidade de Ouro Preto, mais especificamente as repúblicas estudantis, percebemos a complexidade das relações sociais realizadas nesse universo, que é cercado de admiração e repudiação. Sabe-se que as repúblicas são alvo de críticas, devido à alguns exageros que ocorrem durante as festas internas: som muito alto, estudantes deixando o entorno do local da festa demasiadamente sujo, acúmulo de lixo, pessoas muito alcoolizadas, entre outros. Em contrapartida são referências 20
  • 21. em hospitalidade quando visto pela ótica dos turistas2 que frequentam esses locais. Há ainda a relação de afeto entre os moradores e ex-moradores que com o tempo ganham força de laços familiares, fato que é admirado pela família e amigos dos alunos. Muitas vezes pais de estudantes se manifestam contrários às normas e costumes da república durante os primeiros meses no qual seu filho passa na mesma, para anos depois exaltar esta mesma política 3. Pode-se pensar na hipótese que relação entre turistas e repúblicas se torne um atrativo turístico, levando em consideração que os turistas não procuram essas moradias pelas acomodações e sim pelo fato de serem as repúblicas e pelas festas que oferecem. 2 3 Os turistas que frequentam Ouro Preto durante o período de carnaval De açodo com TEODORO (2003) O calouro escolhe uma republica e se tiver vaga mora nela. A partir daí, ele se torna o “bixo” e deve seguir as instruções dos republicanos mais velhos. Ele é um “faz-tudo” na casa, sempre obedecendo a hierarquia. Geralmente mora no pior quarto, passa por uma série de trotes, sendo muitas vezes sendo tirado daí o apelido que possui sentido pejorativo, apontando falha, fraqueza do aluno. Todos dentro da republica são chamados pelos apelidos, porém ele deve saber o nome completo de todos os moradores. Após este período, o “bixo”vira semi-bixo, delegando funções ao bixo e subindo na hierarquia, ate que se forme e se torne um ex-aluno, elevando-se a mais alta hierarquia da casa. Cf. Fazendo Festa, criando histórias e contando estória(s): o Doze em Ouro Preto, MG. Dissertação de Mestrado em Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. FAFICH/UFMG: Belo Horizonte, 2003. Disponível em: <http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/1989/1/tese.pdf>. Acesso em 21 de Março de 2012. 21
  • 22. 1 HOSPITALIDADE E O CONTEXTO DO CARNAVAL DE OURO PRETO (MG) 1.1 Aspectos teóricos da Hospitalidade A forma em que a hospitalidade acontece em nossas vidas é tão frequente, que ás vezes nem percebemos que tais atos são “hospitaleiros”. Desde o receber uma visita em casa, recepcionar alguém em um hotel, receber pessoas para comer e beber, chegar a uma cidade e ser acolhido, até visitar e ser recebido no meio virtual. Tudo isto implica em hospitalidade. Não é raro atrelarmos a ideia de hospitalidade à de hospedagem. Não podemos dizer que este é um conceito errôneo, mesmo porque a hospitalidade é oriunda da hospedagem. “O início das civilizações a hospitalidade se restringia em apenas conceder abrigo e alimentação a quem estava longe de seu domicílio” (DALPIAZ, 2009, s.p). Segundo Lúcio Grinover, “Hospitalidade é fundamentalmente o ato de acolher e prestar serviço a alguém que por algum motivo esteja fora o seu local de domicílio” (2002)4. Este conceito de hospitalidade é de uma forma bastante “geral”, porque esse tema em questão é muito mais complexo e não se limita apenas a hospedagem ou algo semelhante, não está englobando os diferentes âmbitos de hospitalidade, o que se torna uma definição bem superficial. Para Dalpiaz (2009. s.p) “Na Antiguidade surgem, na Grécia e em Roma, as Tavernas e estalagens como uma necessidade para abrigar os viajantes. Nasce assim a primeira ideia de hospitalidade.” O que mostra a íntima ligação entre hospedagem e hospitalidade.”. 4 AMARANTE, F.B.“A hospitalidade na República Indignação de Ouro Preto - MG”: Instituto de Ciências Humanas da UFJF. Juiz de Fora, 2007. 20p. Não publicado. 22
  • 23. Em sua origem, a hospitalidade designava o ato de acolher pessoas de forma gratuita, como uma atitude caridosa. Após a Revolução Industrial, o surgimento do capitalismo, a urbanização, o desenvolvimento científico e tecnológico e a ampliação do poder aquisitivo, surgem mudanças na forma de hospitalidade. Analisando a formação da palavra hospitalidade, ela é de origem latina hospitalitas-atis e traduz-se como: ato de acolher, hospedar; a qualidade do hospitaleiro; boa acolhida; recepção; tratamento afável, cortês, amabilidade; gentileza. A palavra hospes-itus significa hóspede, forasteiro, que recebe ou é acolhido de forma hospitaleira, o indivíduo que se acomoda ou se acolhe provisoriamente em casa alheia, hotel ou outro meio de hospedagem; estranho (DENCKER, 2001, p. 98-99). De acordo com a cultura anglo-saxônica a hospitalidade significa oferecer hospedagem acrescida de alimentação. Já nos dicionários usuais, a hospitalidade significa: hospedar quem está longe de sua residência, oferecendo-lhe cama, comida e segurança. Encontramos assim no Oxford English Dictionary o significado da hospitalidade é a “recepção e o entretenimento de hóspedes, visitantes e estrangeiros”. No Dicionário Online de Português a hospitalidade é definida como “ação de acolher em casa por caridade ou cortesia: dar hospitalidade”. Ainda sobre o conceito de hospitalidade em tempos contemporâneos, Dalpiaz (2009, s.p) a define como: Atualmente o termo hospitalidade é muito amplo e engloba desde os bens tangíveis como, hotéis, pousadas, resorts, campings, meios de transportes, entre outros, até os intangíveis que são os serviços prestados e que proporcionam o bem estar físico e psíquico do visitante. Com as definições supracitadas, podemos perceber que este conceito possui certa amplitude, porém nas primeiras conceituações a hospitalidade está envolvida com hospedagem, alimentação e ao domicílio. Vale ressaltar, que a mesma possui diversos eixos, o que excluem o fato dela se aplicar somente em residências (âmbito privado/doméstico), englobando também os âmbitos: comercial, público e virtual. 23
  • 24. Categorizando a hospitalidade como prática cultural, pode-se dividi-la em algumas instâncias que formam a sua “base”. Existem diversas formas de sua ocorrência. Os espaços onde ela ocorre são dividas em quatro grupos ou domínios: Domínio Social: cenários sociais em que a hospitalidade e seus atos ocorrem junto com as forças sociais sobre a produção e consumo de alimentos, bebidas e acomodações. Acontece geralmente em lugares públicos, onde há o trato com forasteiros, mutualidade, status e prestígio. Podemos até citar um exemplo de uma cidade hospitaleira que quer dizer, ela tem uma boa estrutura para atender as pessoas. Domínio Privado ou Doméstico: considera a oferta da trindade5 no lar. Principais elementos: anfitrião e hóspede. Está geralmente vinculado aos domicílios, onde as necessidades fisiológicas e psicológicas têm a intenção de serem satisfatórias. Há uma interação entre as partes. O cenário doméstico da oferta de hospitalidade pode ser o foro para o inter-relacionamento entre os aspectos doméstico e social. Domínio Comercial: oferta da hospitalidade enquanto atividade econômica e inclui setores públicos e privados. Existe a obtenção de superávit, serviços que têm por finalidade visando o lucro, existem limitações tanto ao produtor quanto ao mercado. Seguindo os interesses dos autores, a proposta foi direcionar a hospitalidade dentro da perspectiva que é oferecida dentro do lar particular, porém com intuito comercial. Assim: O termo “comercial” é usado precisamente para transmitir a idéia de uma atividade “considerada com referência ao lucro” (Longman, 1992, p.322) A introdução de motivações comerciais para a provisão de hospitalidade dentro de um ambiente que também é refúgio, um local de autenticidade, onde cada um pode ser ele mesmo, que também é um terreno para relações patriarcais, é especialmente fascinante, suscitando questões importantes sobre a natureza da hospitalidade (LASHLEY e MORRISON, 2004, p. 153-154). 5 A trindade do turismo diz respeito aos atos de comer- beber -hospedar. No âmbito da trindade da hospitalidade, temos os atos de dar- receber - retribuir. apud Amarante (não publicado) 24
  • 25. Existe a hospitalidade comercializada dentro de casa em que os donos dividem o espaço com os visitantes, onde o grau de integração da visita com a família e suas atividades são fatores que regem o funcionamento desta relação. Um exemplo típico é o famoso bed and breakfast, onde a família divide o seu espaço com o hóspede em troca financeira. Lashley & Morrison (2004, 164) Apud Dann e Cohen (1991, p.163) “se referem às interações menos autênticas como hospitalidade comercializada, que descreve a troca social e a motivação do lucro, muitas vezes mascarados atrás de uma fachada amizade ou até mesmo servilismo”. Isso nos leva a pensar que a hospitalidade realizada dentro de um lar, com o intuito comercial, traz uma motivação pautada no lucro, onde os bons serviços e a forma “hospitaleira” de recepção, amizade se ofuscam no desejo de ganho de dinheiro. Com o passar do tempo, a hospitalidade desenvolveu os atos que englobam o acolhimento de estranhos, sendo oferecido de acordo com as necessidades do hóspede e as posses do anfitrião: alimento, pão, bebida, leito podendo ser oferecidos juntos ou separadamente. No contexto atual, esse “oferecimento” tem sido realizado mediante ao pagamento. Este caso se aplica às questões das repúblicas estudantis de Ouro Preto durante o ano, especificamente durante o carnaval, que é o interesse do estudo. Elas oferecem a acomodação, alimentação, bebidas, além do divertimento mediante ao pagamento do “pacote‟ para passarem o período desta festa. Desta forma, Lashley e Morrison (2004, p. 54) evidenciam como ocorre esse acolhimento dos turistas pelos estudantes: Como afirma Jean-Anthelme Brillat-Savarin, gourmet e escritor de gastronomia do século XVIII: “Receber um convidado torna [o anfitrião] responsável por sua felicidade, enquanto a visita estiver debaixo de seu teto”(Brillat-Savarin,1970,p.14) Se esta é uma essência do anfitrião, diz respeito a algo mais do que alimentos, bebidas e abrigo: significa que ele deve procurar alegrar um hóspede infeliz, divertir um outro entediado, cuidar um terceiro adoentado. Podemos pensar que este tipo de moradia durante o carnaval oferecem muito mais do que simples hospedagem, alimentação, mas sim convidam-no ao entrar numa atmosfera onde o divertimento 25
  • 26. se torna o principal foco, em que os moradores se comprometem a “cuidar”do bem-estar, alegria e satisfação do visitante. Domínio Virtual: muitas vezes esta instância está vinculada às três anteriores, ela apresenta características que estabelecem relação, onde emissor de uma mensagem torna-se um anfitrião e o receptor em hóspede. Ela engloba sites da internet, de cidades, órgãos, indivíduos, etc. Se torna tão expressivo que é difícil não levar em consideração estes aspectos na hospitalidade futura. Para tanto, na atualidade o que vem ganhando destaque e muita importância é este âmbito da hospitalidade, explicado por Dencker: [...] a inclusão da hospitalidade virtual. Sites na Internet de empresas, cidades, órgãos públicos, indivíduos, etc, mostram uma tendência de tal forma ascensional que é difícil imaginar o futuro da hospitalidade sem uma consideração desse campo virtual. ( 2001, p.18) Como fora dito que a hospitalidade virtual está vinculada aos domínios privado, público e comercial, podemos pensar que os próprios estabelecimentos, cidades, que praticam tal atividade fisicamente, possuem os seus websites, redes sociais, além dos demais recursos multimídia, onde mostram sua infraestrutura, diferencial dos locais, atenção ao cliente via virtual, além de venderem a imagem de hospitalidade, o que pode ser um grande atrativo do cliente para a escolha do determinado local. Estas descrições dos domínios da hospitalidade partiram do pressuposto de análise do eixo social. Todavia, há o eixo cultural que Dencker (2001, p. 15-16) classifica da seguinte maneira: 1- Recepcionar ou receber pessoas – nada representa melhor a hospitalidade que o ato de acolher pessoas que batem à porta; a hospitalidade, antes de se tornar um gesto da vida social, constitui um ritual da vida privada. 2- Hospedar: ainda que a noção de hospitalidade não envolva necessariamente o ato de proporcionar pousada ou abrigo aos visitantes, não há como deixar de incluir nessa categoria o calor humano dedicado a alguém sob a forma da oferta de um teto ou ao menos um afeto, de segurança, ainda que por alguns momentos. 26
  • 27. 3- Alimentar: em algumas culturas, a oferta de alimento delimita e concretiza o ato de hospitalidade, ainda que esse alimento seja simbólico, sob a forma de um copo com água ou do pão que se reparte em algumas culturas. 4- Entreter: ainda que todos os dicionários restrinjam a noção de hospitalidade ao leito e alimento, é óbvio que receber pessoas implica entretê-las de alguma forma e, por algum tempo, proporcionar-lhes momentos agradáveis e marcantes do momento vivido. A hospitalidade se pauta nas relações das pessoas, o que pode variar o meio em que elas ocorrem, sendo no contexto público, doméstico, comercial e virtual. Devemos levar em consideração que estes âmbitos possuem ligação, mas “funcionam” bem sem o outro. A hospitalidade está inserida em diversos atos do nosso cotidiano. Inclui o leito, alimentação, o “bem-receber” seja em casa, hotel ou cidade. Para tanto, ligamos a primeira ideia de hospitalidade ao conceito doméstico, assim Lashley e Morrison (2004. p. 14) dizem que: “O cenário doméstico da oferta de hospitalidade pode ser o foro para o inter-relacionamento entre os aspectos doméstico e social”. A hospedagem, apesar de não envolver necessariamente a hospitalidade como prática única, ela se concretiza através das relações de receber e ser recebido. A alimentação, além de representar uma necessidade fisiológica humana extremamente importante, ela delimita e concretiza o ato da hospitalidade. 1.2 Um breve histórico sobre o Carnaval 1.2.1 Origem do Carnaval O Brasil é intitulado pelo mundo, como sendo o “país do carnaval” isso se deve ao potencial carnavalesco que o país possui, bem como a presença marcante da alegria na população ao seu 27
  • 28. universo de cores, festas, o que torna-se um grande referencial e característica do país neste aspecto. Para RUSSO ([S.P])6.“Hoje o carnaval transformou-se em forte atração turística. Podemos dizer que o carnaval é, hoje, a maior festa folclórica brasileira”. Diante de toda a representatividade do carnaval, Tramonte afirma que: O carnaval é uma vivência cotidiana para o brasileiro. Em todas as classes sociais, em todos os momentos históricos do último século, anualmente, repete-se sempre o rito do carnaval. Justamente por ser tão próximo e tão cotidiano o carnaval apresenta o tamanho do fascínio: faz parte de identidade, família, memória, nosso presente e, certamente, terá lugar no futuro do povo brasileiro. No Brasil, ele ganha presença destacada como traço maior da identidade cultural do país. “O país do carnaval”, entretanto apresenta uma essência sob a capa de aparência pública do desfile. (2003, p 86) O carnaval se manifesta plenamente no Brasil, mas ele não é “prata da casa” brasileira. Cardoso ([s.p]) afirma que “em vários países esta celebração é realizada, porém cada uma com sua peculiaridade como em Veneza (Itália), Basiléia (Suíça), Nice e Paris (França), Colônia (Alemanha), Nova Orleans (Estados Unidos) e Oruru (Bolívia)”. Em relação à origem do carnaval, encontram-se várias controvérsias. Sob uma ótica, Russo explana sobre o residente assunto: Alguns historiadores associam o começo das festas carnavalescas aos cultos feitos pelos antigos para louvar boas colheitas agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem que seu início teria acontecido mais tarde, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis, com danças, festas e pessoas mascaradas. Há quem atribua o início do carnaval aos gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao Deus Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga com seus bacanais, saturnais e lupercais em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã. (RUSSO, [s.p]) 6 Disponível em: UM POUCO DA HISTÓRIA DO CARNAVAL < http://ilove.terra.com.br/lili/palavrasesentimentos/carnaval_mensagem.asp> 28
  • 29. Apesar dessa controvérsia de sua origem, o carnaval se caracteriza por festas, divertimentos públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas. O carnaval no Brasil recria-se continuamente, não sendo esta prática uma manifestação folclórica que se repete sempre. Existem algumas linhas sobre a origem da palavra Carnaval. Ela pode ter vindo de carne vale (adeus carne) ou de carne levamen (supressão da carne), fazendo alusão ao período anterior ao da quaresma, tempo em que implica em reflexão espiritual e abdicação de alguns alimentos. Como também ela pode ter vindo de currus navalis, onde menciona carro naval, existiam cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco na Grécia e Roma no início da primavera. O carnaval chegou ao Brasil através dos portugueses por volta de 1723, era conhecido como Entrudo, caracterizava-se com brincadeiras e festejos carnavalescos. Ainda para RUSSO ([s.p]) “Muitos atribuem o início do nosso carnaval à celebração feita pelo povo para comemorar a chegada da Família Real. As pessoas saíam comemorando pelas ruas com música, usando máscaras e fantasias.”. Segundo Delgado (2012, p.41) “o carnaval brasileiro, surge a princípio como uma representação adaptada dos festejos carnavalescos de Paris e do entrudo português (ou mela-mela como é chamado por muitos folcloristas no Brasil), nem por isso o festejo carnavalesco deixa de ser uma representação „original‟ da identidade brasileira”. Conforme Tramonte (2003) “[...] em vários lugares do Brasil, as formas carnavalescas vão adquirindo contorno e importância como reflexos do momento histórico em que se inserem”. Desta forma, Delgado complementa este pensamento com: Vale salientar que nos primórdios do festejo havia dois tipos de carnaval, aquele associado às elites que foi substanciosamente influenciado pelas festividades de Paris e Veneza, os chamados bailes de máscaras, realizados em espaços fechados, cuja iniciativa de acordo com Moraes Filho (2002, p.41) foi da cantora Delmastro; e aquele relacionado ao povo, que ocorria ao ar livre (na rua), cuja origem remota ao entrudo e ao mela-mela, ou mesmo a pequenos grupos de mascarados errantes. (2012, p.43) 29
  • 30. Estes dois tipos de carnavais foram intitulados por Nogueira (2008 apud Delgado 2012, p.43) como Grande Carnaval (das elites) e Pequeno Carnaval (do povo), os mesmos tiveram a junção com a finalidade de criar e consolidar um elemento que representasse a identidade nacional. Esta aglutinação deu-se de forma quase que por intermédio de uma negociação entre a elite e o povo. A partir do século XX, a organização da nova festa carnavalesca (união dos dois carnavais) se deu com a imposição de regras que se tornavam cada vez mais estruturadas por parte do poder público, havendo um policiamento presente nos locais onde ocorriam as festas, os lugares eram pré-definidos como também os roteiros dos grupos carnavalescos. O carnaval foi se enfeitando mais, ganhando a presença dos carros alegóricos, a grande novidade foi o Zé Pereira (tocador de bumbu) no Rio de Janeiro, havendo assim o surgimento das escolas de samba, desfiles, bailes de carnaval em clubes. Tudo isso foi se diversificando para a atual face do carnaval brasileiro, onde as alegorias e a harmonia evidenciam o nosso folclore mais representativo e conhecido. As músicas que embalavam o carnaval eram as marchinhas carnavalescas. Com o decorrer do tempo, as diversidades musicais começaram a aparecer, além dos ritmos regionais caracterizarem os seus carnavais. Tomando por exemplo, no nordeste brasileiro manteve-se o carnaval de rua, o qual é embalado por frevo e maracatu nas cidades de Recife e Olinda, em Salvador há a presença de trios elétricos ao som de muito axé music. Já Rio de Janeiro e São Paulo são os desfiles são caracterizados pelas escolas de samba. Através disso cada região comemora seu carnaval de seu modo, com sua característica peculiar, porém é uma festa marcante quem em todo canto do país se apresenta de alguma forma.7 O carnaval no Brasil pode ser interpretado como um componente importante, entendido como um ritual de cunho nacional, o que completa a formação da identidade brasileira. Este evento pode 7 Disponível em: HISTÓRIA DO CARNAVAL < http://www.suapesquisa.com/carnaval/>. Acesso em: 30
  • 31. ser analisado como algo que pára ou modifica as atividades das pessoas pelo fato de ser carnaval. Diante destes pressupostos, Bruhns (2000, p.92 apud Delgado, 2012, p. 44): Os brasileiros vêem no Brasil o país do carnaval. As datas dos compromissos, muitas vezes, são modificadas (adiantadas ou atrasadas) em razão da proximidade dessa data. Durante quatro dias, o país „estaciona para pular‟ ou acompanhar os festejos, os quais recebem grande divulgação dos meios de comunicação de massa. É quase impossível não se contagiar quando „tudo é carnaval‟. Diante de todas estas questões levantadas, percebemos o quão o carnaval se faz importante no contexto nacional. São milhares de turistas, reais e cores. Segundo autoridades locais8, a festa injeta mais de R$ 2 bilhões por ano. Salvador recebe 500 mil turistas durante cinco dias de festa; o Rio, 850 mil; Recife, 690 mil. Além disso, o carnaval do Rio ganhou o título de maior do mundo e o recifense Galo da Madrugada, o de maior bloco do mundo, no Guinness Book. E apesar do roteiro básico Rio-Salvador-Recife, outras cidades também movimentam o setor com uma das principais festas brasileiras, como Ouro Preto (MG), Olinda (PE), São Luís (MA) e Manaus (AM), apesar dos números menores. 1.2.2 O Carnaval em Ouro Preto O turismo em Ouro Preto se destaca pela sua grande importância, mobilizando interesses políticos e administrativos. Consegue atingir de maneira direta e/ou indiretamente a maioria dos autóctones, sendo eles privilegiados economicamente por esta atividade como guias turísticos, feirantes, comerciantes, desde pessoas que estão em contato direto com os turistas nas ruas, festas, comemorações e etc. Rosa (1999) Para Dias (2006 apud Delgado, 2012, p.39) A utilização dos eventos, ou acontecimentos programados segundo pelo turismo surge como um dinamizador do fluxo turístico e como instrumento de combate a sazonalidade nos destinos, a „apropriação‟ de eventos culturais pelo turismo possibilita a agregação de valor ao produto turístico que passa a refletir parte da identidade local ao turista. 8 CARNAVAL 2012. Disponível em:< http://topicos.estadao.com.br/carnaval-2012>. Acesso em: 31
  • 32. Segundo Rosa (1999) “A cidade é um „bem patrimonial‟, associando-se ao passado histórico e artístico. A festa carnavalesca é antiga. No Brasil, até meados do século XIX, caracterizava-se como Carnaval de famílias. Do final desse século ás primeiras décadas do século XX, Carnaval burguês. Para Simson (1981 apud Rosa 1999). “A partir deste momento, o que predomina é o Carnaval popular”. A organização da festividade em Ouro Preto era realizada pelo poder publico, além dos presidentes de clubes e comissões das ruas mais frequentadas no carnaval (ruas do Centro Histórico) usavam de requerimentos para apoio da Prefeitura Municipal da cidade, para conseguir mais condições financeiras e de infraestrutura para a celebração. Há relatos (no blog Patrimônio Imaterial)9 do século XIX e XX sobre a incidência do carnaval em Ouro Preto. São documentos que mostram o pedido de organizadores para a realização da mesma. Sobre a trajetória do carnaval na cidade, Rosa (1999) mostra que: O Carnaval está entre as maiores tradições da cidade, desde os velhos tempos do Entrudo. Foram os empregados do Palácio dos Governadores da Província de Minas que criaram o Clube dos Lacaios, há quase um século e meio, dando a Ouro Preto o inconfundível Zé Pereira que, entre clarinadas e batuques, é o bloco mais antigo do Brasil, (...) Tudo é Carnaval, ou melhor, tudo volta a ser o Grande Carnaval de Ouro Preto. Em Ouro Preto o carnaval é reconhecido por inúmeros motivos, sendo os blocos organizados pelas repúblicas de estudantes da cidade um grande atrativo de publico que perdura por quatro dias. Atualmente, a festa conta com cerca de 30 blocos, com média de dois mil participantes cada. (SECTUR/MG). Para atender este público, conta-se com a infraestrutura como opção de hospedagem: os hotéis, pousadas, repúblicas estudantis, as quais, há anos, recebem pessoas não somente no carnaval, como em outras festividades, como na Festa de 21 de abril, Festival de Inverno, Festa do Doze, como meios de angariar fundos para a casa. 9 PATRIMÔNIO IMATERIAL OURO PRETO. Disponível em <http://www.patrimonioimaterialop.blogspot.com.br/search/label/Carnaval%20em%20Ouro%20Preto%202012> 32
  • 33. Estas moradias, além de cobrarem um preço menor por este serviço, elas podem oferecer todo clima de festa característico do meio estudantil da cidade. Além do mais, o carnaval das repúblicas conta com a presença de blocos que dinamizam a relação entre a casa e a rua. “Os blocos saem das sedes, da casa - a república - desfilam e voltam, encerrando-se em casa novamente”. (ROSA, 1999, p. 65) O carnaval de Ouro Preto é abordado nas redes sociais, indicado por terceiros, na mídia e etc. A festa chama atenção pelo fato de ser em uma cidade mundialmente conhecida, portadora de uma cultura incomensurável, além de exibir uma das comemorações mais marcantes do carnaval em Minas Gerais e no Brasil, no qual blocos caricatos e os compostos por micareteiros10 como o Bloco do Caixão, por exemplo, seguem nas ruas históricas mais reconhecidas da cidade ao som de bandas de “batuque”. O carnaval das repúblicas caracteriza-se por alojar turistas/amigos em suas dependências ou casas de apoio, disponibilizando uma programação pré-estabelecida, por volta de cinco dias de festas, incluindo alimentação, hospedagem e participação de blocos. A organização do carnaval conta com um apoio entre os órgãos público (Prefeitura Municipal de Ouro Preto, Governo de Minas, Circuito do Ouro), privado (rede hoteleira, patrocinadores como a Skol® em 2012) e a sociedade (com os blocos, entre eles o Zé Pereira) De acordo com Malta (2008, p.122) “No carnaval de Ouro Preto o público que tem acesso às repúblicas é menos seleto, pois com a adesão dos blocos de carnaval as fronteiras cotidianas se descerram e criam um espaço público menos excludente e mais interativo entre ouro-pretanos e repúblicos”. No dia 2 de abril de 2012, a SECTUR apresentou um estudo realizado durante o carnaval de Ouro Preto de 2012 (17 a 21/02/12), com o intuito de traçar o perfil do mesmo. Esta pesquisa evidenciou a grande dimensão do evento, arrecadando cerca de 12 milhões de reais, além de traçar o perfil dos consumidores desta festa. Foram analisados os aspectos como: forma de 10 Micareta [Brasil] Festa popular carnavalesca que acontece fora da época do Carnaval. Porém as pessoas que participam do carnaval também são considerados micareteiros. Disponível em: < http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=micareta> 33
  • 34. agrupamento de viagem, avaliação geral, gênero, estado de origem, faixa etária, avaliação de segurança, estado civil, reclamações, renda familiar em salários mínimos, taxa de retorno, meio de hospedagem e outros. Interpretando os resultados, poderíamos definir perfil do turista do carnaval de Ouro Preto da seguinte forma: Gráfico 1 – Motivação da viagem Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) A grande maioria das pessoas que chegam em Ouro Preto no período do carnaval é por motivação de participar da festa, porém não é única. Há pessoas que vem com intuito de aproveitar o feriado, fazer turismo histórico/cultural, visitar parentes entre outros. Isto evidencia como o carnaval torna-se um fator que impulsiona o aumento do fluxo de turistas na cidade, 34
  • 35. mesmo esta recebendo turista o ano inteiro com outros objetivos, o carnaval sem dúvida é o grande atrativo neste período. Gráfico 2 – Forma de agrupamento Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) De acordo com o gráfico 2, nota-se que a maioria dos turistas se agruparam entre 3 e 5 pessoas sendo 62% do total. Em seguida, agrupando-se em 2 pessoas obteve 21%, e entre um número maior de 6 a 15 pessoas com 11%. Sozinho 4% e pessoas 2%. Percebemos então que os turistas se agrupam em um número de pessoas mais reduzido, isto levando em consideração aos meios de transporte utilizados influenciam de forma decisiva. Os turistas vêm para a cidade majoritariamente em grupos, variando apenas o número de pessoas, porém é nítida que muito pouco turista vai para este tipo de celebração sozinho. 35
  • 36. Gráfico 3- Principal Transporte Utilizado na Viagem Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) O meio de locomoção mais usado pelos turistas com destino a Para chegar em Ouro Preto para o carnaval, a maior parcela usam o meio de transporte rodoviário: o carro a maioria dos turistas vem de carro, em seguida de ônibus. Contextualizando este item com as cidades de origem podemos traçar uma relação. Ora, se a maioria dos turistas vem de cidades vizinhas torna-se mais viável e barato locomover –se de carro ou ônibus. Para aqueles que moram no Rio de Janeiro ou São Paulo costumam utilizar ônibus de linha ou fretados para ficar menos custoso e comportar um número maior de pessoas. O avião é também meio de transporte utilizado, porém em menor escala por ser ainda um meio de transporte mais oneroso e o deslocamento do aeroporto de Confins até em Ouro Preto ser mais atribulado. 36
  • 37. Gráfico 4 – Estados de Origem Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) É nítido que O público majoritário recebido em Ouro Preto é proveniente do Estado de Minas Gerais, computando com mais da metade dos entrevistados. Em seguida os estados do Rio de Janeiro e São Paulo somam com 16% e 15% respectivamente. Apesar de outras cidades históricas ou não terem famoso carnavais como por exemplo Diamantina, muitas pessoas optam por Ouro Preto. Os turistas vindos do Rio de Janeiro tem significativa participação no carnaval, provenientes de São Paulo. Mesmo estas cidades tendo dois dos mais famosos carnavais do mundo com desfiles de Escolas de Samba, além de carnaval de rua, tomam como preferência participar de um carnaval na cidade de Ouro Preto até pelo perfil estudantil intrínseco. 37
  • 38. Gráfico 5 – Cidades de Origem dos Turistas Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Conforme apontado no gráfico anterior, a maioria dos turistas que participaram do carnaval são oriundos do estado de Minas Gerais. Ao analisarmos com afinco as cidades que estas pessoas originam-se que a maioria vem da capital, em seguida do interior de Minas Gerais. Analisando a terceira posição decorre a cidade do Rio de Janeiro e em quarta a de São Paulo e seus respectivos interiores. Estima-se que na maioria ser proveniente de Belo Horizonte devido a proximidade entre as cidades (cerca de 98 km), o que facilita o deslocamento. As demais cidades de Minas poderiam ser levadas em consideração também pela distância, como também a facilidade de se chegar em Ouro Preto. Rio de Janeiro e São Paulo são cidades mais distantes, possuem uma 38
  • 39. motivação diferente com aspecto diferenciado,, mas comparando a distância da cidade ouropretana com Diamantina acaba que a primeira é muito mais próxima em relação da segunda. Gráfico 6 – Idade dos visitantes Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Podemos visualizar a situação descrita no gráfico acima a faixa etária predominante no carnaval de Ouro Preto é de jovens, a partir de 18 a 31 anos. Desta forma, podemos pressupor que o carnaval como ocorre na cidade é mais atrativo para o público jovem, o que não exclui a participação dos demais públicos. As atrações do carnaval incluem programação para todas as 39
  • 40. faixas etárias, mas as festas dentro das repúblicas, seus blocos e demais atividades englobam majoritariamente o público mais jovem. Gráfico 7– Comparativo de Hospedagem: Idade Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) No quesito hospedagem, quando fazemos uma análise sobre a comparação de público que se hospeda em hotéis/pousadas e em repúblicas a mesma faixa etária predominante no carnaval de um modo geral está inserida também em maior parte se hospedando em república: entre 18 a 31 anos. Acima de 31 anos, esta diferença é perceptível onde os hotéis/pousadas são os meios de 40
  • 41. hospedagem preferidos, onde podemos pensar que os jovens estão mais dispostos à intensa programação oferecida nas repúblicas com “24 horas de festa”, já as pessoas a partir de 32 anos têm preferência e pré disposição por acomodações onde ofereçam segurança, conforto, tranquilidade, não deixando de participar da festa. Gráfico 8 - Gênero Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Podemos concluir que a maioria do público que esteve presente no carnaval de Ouro Preto em 2012 foi o de mulheres, mesmo a diferença sendo insignificante, o sexo feminino ficou com a maior participação. De acordo com o IBGE (2010), a proporção da população brasileira é de 100 41
  • 42. mulheres para 95,9 homens11. Contabilizando a maioria mulheres, é comum perceber que elas vão ser o maio número em determinadas pesquisas quantitativas. Gráfico 9 – Estado Civil Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) De um modo geral a festa carnaval é sinônimo de muitas paqueras, agitações. Para tanto, o maior público indiscutível no carnaval de Ouro Preto conta com de solteiros. Isto decodifica como as repúblicas, blocos ficam cheios destas pessoas têm intuito de aproveitar o período sem 11 O Censo 2010 mostra também que existem 95,9 homens para cada 100 mulheres no Brasil em 2010, ou seja, existem mais 3,9 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Disponível em: < http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,brasil-tem-39-milhoes-de-mulheres-a-mais-que-homens-e-23-milcentenarios,646919,0.htm>. 42
  • 43. preocupações. Logicamente, não podemos descartar os outros estados civis, mas estes provavelmente devem ficar hospedados em casas de parentes/amigos, hotéis/pousadas ou casas alugadas, porque o ambiente das repúblicas em pleno carnaval não é propício para as pessoas casadas, por exemplo. Gráfico 10 – Renda familiar em salários mínimos Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) 43
  • 44. O fator econômico influencia diretamente na escolha do destino de sua viagem. Para o carnaval não é diferente. Isto implica na escolha de meios de hospedagem que está disposto a pagar, pacotes de repúblicas, gastos extras, meio de transporte utilizados, entre outros. É evidente que a maioria das pessoas possuem renda que vão de 2 a 10 salários mínimos, como também há um número considerável de pessoas com renda acima de 10 salários mínimos. O público recebido poderia ser enquadrado em classes econômicas B e C. Gráfico 11 – Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal (S.M) Comparativo Hospedagem: Renda Familiar Mensal (S.M) hotel/pousada 36 32 república 35 28 18 20 13 8 5 4 Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR acima de 20 – OP 2012) de 10 a 20 de 05 a 10 de 02 a 05 até 02 Ao realizar a comparação de renda familiar distribuídas entre os meios de hospedagem hoteleiros e com as repúblicas, poderíamos chegar a seguinte análise: Quanto maior a renda mensal familiar mais pessoas se hospedam em hotéis/pousadas, levando-se em consideração que estes meios são mais caros, além desta época utilizarem das tarifas de alta temporada e não incluírem as demais 44
  • 45. despesas já oferecidas nas repúblicas. Pelo mesmo fato, as pessoas com menor renda optam pelos pacotes das republicas porque os gastos extras são poucos, compensando muito mais. Gráfico 12- Como ficou sabendo do Carnaval de Ouro Preto Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Atualmente as notícias se espalham muito rápido, devido aos veículos de comunicação, principalmente as mídias sócias que ganham um destaque inquestionável na disseminação de 45
  • 46. notícias, ideias e etc. Mediante ao carnaval da cidade a maioria das pessoas serem informadas dos mesmos através de parentes/amigos/terceiros, o que não descarta que esta informação tenha sido vista por internet, televisão, entre outros. A tradição do carnaval ouropretano também é um fato consolidado, fazendo com que as pessoas saibam nem que seja superficialmente sobre a existência do mesmo. Resumidamente, a mídia é um fator de suma importância para a disseminação de noticias sobre o carnaval, variando apenas como a forma/ a maneira esta noticia é passada. Gráfico 13 – Número de vezes no carnaval de Ouro Preto Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) 46
  • 47. O número de vezes que as pessoas frequentaram o carnaval foi um fator que comprovou a maioria dos entrevistados estavam na festa pela 1 vez. Vimos que à medida que os anos vão passando, vai reduzindo o número de reincidentes. Pode-se prever que isto pode ocorrer devido a vários fatores como: não satisfação, interesses novos de conhecer outros carnavais famosos como o de Diamantina que pensamos em ser um forte concorrente do carnaval de Ouro Preto, se há falta de incentivo e divulgação da cidade. Gráfico 14 – Onde se hospedaram Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) 47
  • 48. Os meios de hospedagem mais utilizados durante o período do carnaval de 2012 em Ouro Preto se divide em três itens com a maior incidência: as repúblicas com a maioria dos entrevistados, em seguida as casas de parentes/amigos e em terceiro hotel/pousada. Um fator interessante é que no primeiro momento poderíamos pensar que os concorrentes mais fortes da rede hoteleira seriam os hotéis, mas percebemos que casa de parentes/amigos tem uma porcentagem expressiva e mostra que as repúblicas são responsáveis “sozinhas”por uma maior ocupação na rede hoteleira. Gráfico 15 – Grau de Escolaridade 48
  • 49. Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Para o quesito Grau de escolaridade foi evidenciado que a maioria dos frequentadores do carnaval possui o nível superior sendo uma maior parte predominam com o superior completo e incompleto. Em seguida tem-se o grau de ensino médio completo. Sendo Ouro Preto uma cidade universitária, poderia também este fator contribuir para a grande participação deste grupo nas festas, pensando que esta divulgação poderia ser feita a partir dos próprios universitários que residem em Ouro Preto para universitários de outras instituições, sendo um chamariz para a participação do carnaval. Gráfico 16 – Comparativo Hospedagem: Escolaridade 49
  • 50. Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Novamente abordando a metodologia do comparativo de Hospedagem, quando analisado o grau de escolaridade diagnosticamos que a maioria dos turistas que hospedam-se em repúblicas são realmente universitários porque se enquadram no quesito superior incompleto. Diante dos outros quesitos a maior parcela de pessoas podemos perceber que se hospedam em pousadas e hotéis. Sendo assim, pode-se pressupor que quanto maior (conforme a escolaridade é maior proporcionalmente os interesses são diferenciados) a instrução com mais idade a pessoa fica e consequentemente busca conforto, segurança, tranquilidade, diferente dos universitários que querem ficar na farra e não se preocupam com estas questões supracitadas. 50
  • 51. Gráfico 17 – Preços dos pacotes das repúblicas Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) As repúblicas prestam os serviços do carnaval e organizam em pacotes. Existem vários perfis e preços de pacotes. A maioria deles varia de R$ 501,00 a R$900,00. O que vai sofrer alteração em relação de um pacote e outro além das repúblicas ser diferentes, vai ser o que cada república oferece época em que os mesmo adquirem o pacote. Lembrando que há diferença entre preços para pacotes masculino e feminino e que o último costuma ser mais barato. 51
  • 52. Gráfico 18 – Itens oferecidos nos pacotes das repúblicas Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Após notar as variações de preços dos pacotes, pode-se compreender melhor o que eles oferecem e entender os preços. Grande parcela das repúblicas oferecem festas, café da manhã, almoço e bebidas, as demais oferecem festas, bebidas e algum tipo de alimentação almoço ou café da manhã. De acordo com esses serviços é que variam os preços, podendo diagnosticar que quanto mais caro o pacote, Mais recheado será o mesmo. 52
  • 53. Gráfico 19 – Número de pernoites na cidade Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) O carnaval no calendário oficial é de quatro dias (sábado a terça), todavia em Ouro Preto e em outras cidades as comemorações se iniciam antes na quinta ou sexta-feira. O número de pernoites na cidade para a maioria dos entrevistados foi de 4 a 5 noites. Para os demais foram de 3 a menos. Os fatores que podem justificar que muitas pessoas não ficam mais dias pelo fato de trabalho, escolas, poucas folgas, ou mesmo distância porque tem de chegar em sua cidade que é longe na terça ou quarta por exemplo. 53
  • 54. Gráfico 19 – Comparativo de Hospedagem: média de permanência (pernoites) Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Através de uma comparação da quantidade de pernoites entre hóspedes de hotéis/pousadas e repúblicas, aqueles que hospedam-se na segunda permanecem na cidade em média de 4,3 pernoites. Há uma relação entre o fator idade, além dos fatores externos como trabalho, estudo que já foram mencionados anteriormente, Os hotéis/pousadas também montam pacotes para este período, porém tem um preço mais elevado e inclui poucos serviços. Se pensarmos em compromisso, como o maior público das repúblicas é jovem, possuem mais disponibilidade para um maior tempo no carnaval. 54
  • 55. Gráfico 20 – Comparativo Hospedagem: Público relativo recebido Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Ponderando os itens avaliados no Comparativo de Hospedagem eis que o público relativo entre os hotéis/pousadas e as repúblicas nota-se que a grande maioria das pessoas se direcionam ás moradias estudantis. Novamente seria necessário relacionar a escolaridade, faixa etária e renda, em que estes quesitos apontam para o público jovem, universitários e com renda média, fatores estes que determinam na decisiva escolha do meio de hospedagem que vão permanecer durante o carnaval de Ouro Preto. 55
  • 56. . Gráfico 21 – Avaliação de Serviços/Equipamentos (nota média) Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) A partir da avaliação dos serviços/equipamentos oferecidos aos turistas durante o carnaval, observa-se uma série de fatores.a cidade foi bem avaliada no no quesito segurança, geralmente o carnaval é considerado seguro, possui uma programação que atende a todas as idades, a 56
  • 57. alimentação e hospedagem possuem bastante opções, mas precisam precisa-se investir na qualidade, a infraestrutura é um fator que deve ser levado em consideração pelo fato da cidade não comportar tanta gente nesse período, além de desencadear problemas como falta de água, acúmulo de lixo, odores desagradáveis entre outros fatores, que implicam na visibilidade dos turistas na imagem perante a cidade. De acordo com o que precisa melhorar segundo os entrevistados seriam as informações turísticas que deveria ser muito eficiente nesta época, além do trânsito ser complicado e e não funcional, a locomoção torna-se conturbada. Gráfico 22 – Reclamações Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) Perante as reclamações listadas pelos entrevistados, o que mais chama atenção seriam os banheiros, o que implica na infraestrutura são poucos comparados ao número de pessoas 57
  • 58. recebidas, as filas são longas, além de ficarem muito sujos, impossibilitando o prolongado uso. da ordem do inabitável A falta de lixeiras na cidade é outro fator que deve ser observado, sem estes conjunto de fatores indispensáveis bem dispostos as pessoas tendem a jogar todo o lixo no chão, tornando assim a cidade fique muito suja, interferindo atrapalhando o cortejo dos blocos, movimentação das pessoas e consequentemente discriminando deixando a imagem da cidade ruim. Atrelado com a questão do trânsito, a falta de estacionamento é avaliada de maneira ruim, porque há pouco espaço para os veículos podendo ate imaginar que mais pessoas não retornam para a cidade com os próprios veículos pela falta de lugar para deixá-los. Tabela 1 – Nomes de blocos e escolas de samba: Você consegue lembrar nomes de blocos e escolas de samba tradicionais da cidade? (máximo 3). Nomes mais lembrados Posição Nome Percentual que foi lembrado 01 Caixão 38,1% 02 Praia 18,9% 03 Cabrobró 10,0% 04 Bandalheira 3,2% 05 Vermelho e Branco 3,0% 06 Forca 2,9% 07 Zé Pereira 2,7% 08 Ouro Pirô 2,4% 09 Chapado 2,1% 10 Kalango Doido 2,0% 11 Mesclado 2,0% 12 Pirata 2,0% 58
  • 59. 13 Diretoria 1,1% 14 Ladera 1,1% 15 Balanço da cobra 0,9% 16 Baú da Xita 0,9% 17 Candongueiros 0,9% 18 O Monstro 0,9% 19 Lajes 0,8% 20 Bloco da Barra 0,6% 21 Chifrudo 0,5% 22 Inconfidência Mineira 0,5% 23 Bloco do Peru 0,3% 24 Escola de Samba Imperial 0,3% 25 Escola São Cristovão 0,3% 26 Deus é bom a beça 0,3% 27 Bloco do Mato 0,3% 28 Vai quem quer 0,3% 29 69 0,2% 30 Os Joãos 0,2% 31 Bloco 1800 0,2% 32 Hospício 0,2% 33 Liga para Rádio 0,2% 34 Quebraê 0,2% Fonte: Pesquisa Demanda Turística do Carnaval de Ouro Preto- Perfil do Turista (SECTUR – OP 2012) 59
  • 60. Analisando esta tabela, percebemos que os blocos mais lembrados pelos questionados foram os de repúblicas com o bloco do caixão, da praia e cabrobó em seguida de outros blocos que também tem relação com república. Desta forma, ao comprar pacote de determinadas repúblicas, o turista adquiri também o ingresso para a participação dos blocos, cujo está embutido no valor pago . Eles já têm os dias programados e geralmente são durante o dia quando as repúblicas não tem festa. Diante dos resultados supracitados, podemos fazer uma análise e traçar o perfil do turista do carnaval de Ouro Preto da seguinte forma: Este turista agrupa-se em grupos menores, utilizando o carro como principal veículo de transporte, a maioria são solteiros com predominância do sexo feminino. O modo de ter conhecimento do carnaval foi por intermédio de amigos/parentes. O público que se hospeda em hotel e republica se diferem nos seguintes aspectos: O público majoritário que fica no hotel está na faixa etária de 32 a 40 anos, com renda média mensal de 10 a 20 salários com a escolaridade de superior completo. Enquanto o público de república encontra-se na faixa de 18 a 31 anos, renda média mensal de 05 a 10 salários e com escolaridade predominante no superior incompleto. Comparando o número de pernoites entre meios hoteleiros e extra hoteleiros a taxa de pernoites é maior para as republicas. Os pacotes do carnaval oferecidos nas republicas a maioria deles estão na média de R$ 701 a R$ 900,00 reais, sendo que grande parte destes incluem tudo: café da manhã, hospedagem, almoço, festas, blocos e bebidas. A maioria destes turistas são de Minas Gerais e suas cidades do interior, seguidos de Rio de Janeiro e São Paulo em menor proporção. Os quesitos mais bem avaliados foram segurança e 60
  • 61. programação e os piores foram trânsito e decoração, além dos banheiros e falta de lixeiras na cidade. A partir deste perfil traçado, ele será utilizado no próximo capítulo dentro do carnaval na Republica Xeque-Mate. Figura 1: Cartaz do carnaval de Ouro Preto (Adriana Carneiro, 2012) 61
  • 62. Mediante ao importante papel do carnaval na cidade de Ouro Preto, faz-se importante considerar que este evento é um grande atrativo turístico na cidade. Assim Dias (2004, p.95) enfatiza: O evento não pode ser visto como fenômeno isolado dentro do processo turístico. É necessária uma política de eventos inserida no planejamento turístico das cidades, envolvendo órgãos governamentais, empresas de bens de serviços que trabalhem juntos e integrados em um planejamento estratégico, para que a sociedade participe e se beneficie dos resultados sociais e econômicos decorrentes. Dessa forma, a política de eventos deve mobilizar os valores sociais autênticos da localidade, a fim de que estes sejam sustentáveis e permanentes. Entretanto, o carnaval a ser estudado neste trabalho, caracteriza-se de como a comemoração acontece no interior das moradias estudantis da cidade. Geralmente, este carnaval que também interage com o carnaval das marchinhas, bandas, blocos, coloca o “povo” na rua com as festividades diurnas, deixando as atividades noturnas para as festas temáticas nas repúblicas. 1.1 Universidade Federal de Ouro Preto –UFOP A ideia de se ter uma Universidade em Ouro Preto, antiga Vila Rica se deu na época da colônia no movimento da “Inconfidência Mineira” (1789). Vila Rica chegou a ser a cidade mais rica e mais importante do Brasil, durante o auge da mineração na capitania de Minas Gerais. Foi durante o Império que surgiram as primeiras escolas profissionais: a Escola de Farmácia (1839), Escola de Minas (1876) e a Escola livre de Direito (1892), sendo as duas primeiras pioneiras nas áreas científicas, enfatizando a imagem de cultura significativa da cidade. Com a transferência da capital para Belo Horizonte, a Escola de Direito foi transferida para a mesma, as outras duas ficaram em Ouro Preto, apesar de discussões sobre possíveis transferências. Entre 1930 a 1960 a Escola de Minas esteve vinculada á Universidade do Brasil 62
  • 63. (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Escola de Farmácia era estadual, sendo federalizada em 1950. A manutenção destas escolas manteve-se importante, segundo Jesus (2009 p.6) “Mesmo distantes dos novos centros econômicos e de poder, todavia, estas duas instituições sobreviveram, contando com o peso do significado de Ouro Preto, como cidade palco de passagens”. A partir da década de 60 houve uma intensa criação de universidades publicas no Brasil, onde a burguesia transnacional delegou ao Estado a tarefa de preparar a mão de obra para emprego, afim do país acumular capital e se desenvolver economicamente, pensamento marcado pela ditadura. Dia 21 de agosto de 1969 o General Presidente Costa e Silva assinou o Decreto-Lei de criação da Universidade Federal de Ouro Preto, a qual passava a ser integrada pela Escola de Farmácia, de Minas e o Instituto de Ciências Humanas de Mariana, este até então pertencente à Universidade Católica de Minas Gerais. Um estudo fora realizado, levantando as questões de que a fundação da UFOP auxiliou na salvação destas escolas e de certa forma e também através dos ex-alunos junto ao ministro da educação da época para o não fechamento das instalações da mesma. Após alguns anos foram criados o Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB), a Escola de Nutrição (ENUT), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC), e outros. (JESUS, 2009, p.6) A Universidade Federal de Ouro Preto tem hoje aproximadamente 8.377, dos quais 4.466 são alunos que estudam na cidade de Ouro Preto, 720 em Mariana, 259, em João Monlevade, que dá num total de 5.445 só nessa região, sem contar com os alunos que fazem o Cead, que é o ensino à distância, que contam com mais 2.932 (UFOP, 2012). – ATUALIZAR DADOS 63
  • 64. 2 O UNIVERSO DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS E SUA ORGANIZAÇÃO 2.1 As Repúblicas Estudantis de Ouro Preto De acordo com Machado (2007b, apud MALTA, 2010, p.48-49) a origem do termo no Brasil, especificamente em Ouro Preto, se refere ã influência de Coimbra. Primeiramente, a moradia estudantil era conhecida como Casa dos Estudantes. As relações existentes entre as repúblicas ouro-pretanas e coimbrãs se apresentam de forma sociossimbólica de forma que a formação das mesmas em Portugal se deu no período monárquico, em contrapartida no Brasil elas ocorreram no início do século XX enquanto a monarquia aos poucos cedia lugar ao sistema republicano. Com a mudança da capital de Minas Gerais para Belo Horizonte, houve uma grande oferta de imóveis desocupados em Ouro Preto (o que proporcionou uma locação, a baixo custo para os estudantes) devido ao grande fluxo de migração para a nova capital. Muitos destes domicílios foram cedidos ou ocupados por estudantes, pois as famílias preferiam deixar os seus sobrados nas mãos dos estudantes do que outras pessoas estranhas ocuparem seus imóveis ou eles serem destruídos, pelo ao menos os estudantes cuidariam melhor dos casarões. Ao decorrer dos anos houve uma série de reivindicações em que os estudantes pediam a compra de casas para abertura de novas repúblicas para atender um maior número de acadêmicos. Após muitas lutas foram conseguidas melhorias para eles. A compra das republicas foi oficialmente estabelecida a partir de 1953, com o auxilio de instituições que auxiliavam os alunos como a Fundação Gorceix e a Casa do Estudante da Escola de Minas. Assim, seria possível que houvesse o aumento do número de estudantes que pudessem ser atendidos de forma permanente para estudarem. Ainda para Machado (2003, apud MALTA), temos a cronologia das repúblicas ouro-pretanas: 64
  • 65. Em Ouro Preto a partir da década de 40, houve a fundação da Casa dos Estudantes (1964) e mais tarde foi fundada a Casa dos Estudantes de Ouro Preto da Escola de Minas ( 1953), ocorreu a construção de casas para estudantes e a compra de antigas casas que abrigaram várias repúblicas , a exemplo da Canaan, Sparta, Pureza, Reino de Baco e Formigueiro. A UFOP assume a responsabilidade pelas casas somente em 1975, visto que as repúblicas tiveram dificuldades em relação `manutenção. (2010, p.64) . De acordo com Machado (2001) “As repúblicas de Ouro Preto são únicas no Brasil. Nenhuma outra cidade universitária tem as características de moradias estudantis ouro-pretanas e só em Coimbra (Portugal) que se tem notícia de algo parecido”. As moradias estudantis dividem-se em dois tipos: as federais, casas instaladas em imóveis da UNIÃO que giram em torno de 72, elas estão localizadas entre o centro histórico e o campus da UFOP – Morro do Cruzeiro. Nestas casas os estudantes não pagam o aluguel, em contrapartida são responsáveis pelas despesas de luz, telefone, TV a cabo, “cumadre” (secretária doméstica das republicas) e demais serviços contratados. As particulares que estão dispostas em varias partes da cidade, são mantidas por seus próprios moradores, dividindo entre eles as despesas similares as republicas federais, porém com o acréscimo do pagamento do aluguel. O número das repúblicas particulares é aproximadamente 300. Tanto as repúblicas particulares e federais são organizadas em masculinas e femininas, porém existe a República Arte & Manha que é mista, sabe-se de algumas moradias estudantis particulares que são mistas, mas são poucas e não oficiais. A organização dessas habitações caracteriza-se por princípios como a autogestão, autonomia e cooperação. Os estudantes possuem uma autossuficiência em relação à universidade. Elas são hierarquicamente estruturadas de acordo com o tempo que cada uma mora na república, sendo o “decano” o mais velho da casa que de certa forma conduz o restante dos moradores. Todas as repúblicas têm “vida” independente dos moradores, pois elas continuam existindo mesmo após a formatura dos universitários. 65
  • 66. Todas as repúblicas possuem um nome. Aliás, o universitário em Ouro Preto, muitas vezes é conhecido pela sua república e não pelo seu curso, como nas demais universidades, o que torna um fator ainda mais interessante, onde sua identidade é tida a partir do local onde você mora, sua republica. Analisando o fenômeno das republicas em Ouro Preto, para Jesus (2009, p.8): Pode-se aventar a hipótese de que a "REPÚBLICA", res pública, coisa pública fenômeno típico de Ouro Preto - é um espaço onde podem acontecer processos variados de aprendizagem, que vão desde aquisição de sociabilidade, passando por solidariedade, capacidade de subordinação às regras de grupo, capacidade de renúncia a certos interesses individuais para lograr adequar-se a ordenamentos hierárquicos coletivos. Embora não tenham sido criados com propósitos pedagógicos, elas existem em função de uma instituição pedagógica. Para Machado (2000) “a republica „é um lugar de grande aprendizado, um dos poucos lugares na vida universitária que permitem um debate e vivencia cultural, e onde o individualismo é reduzido e os projetos coletivos estimulados”. Ele ainda ressalta que os estudantes são carregados de inúmeros sentimentos e atitudes, onde dentro da republica aprendem o real conceito de cidadania, envolvendo a participação, diálogo, busca do consenso, respeito pelo outro e pela diferença. Já para Teodoro (2003, p. 37) o emprego da palavra republica tem um sentido diferente: “O nome “republica” vem do fato de que a Escola de Minas foi fundada no tempo do Império e muitos dos seus alunos eram republicanos e, consequentemente, defensores dos ideais republicanos”. Geralmente nas repúblicas os calouros, conhecidos como bixos, têm de cumprir um estágio, chamado de batalha, para serem aceitos definitivamente como moradores das casas. Essa é a época do calouro conhecer os moradores da república, estes também conhecerem o candidato a morador e avaliar o seu processo de adaptação. A escolha deve ser unânime. Durante esta batalhar era comum o aluno ser submetido aos trotes. Essa batalha varia muito do perfil de cada republica, na maioria das vezes nas republicas federais elas estão mais presentes e rígidas, não 66
  • 67. descartando as mesmas nas particulares, que costumam ser mais “leves”. Acrescentando mais sobre a vida republicana, Teodoro expõe que: O modo de vida em republicas exige muito dos seus membros, já que eles tem de colocar os valores do grupo acima dos interesses pessoais. É claro que há espaço para que as individualidades possam manifestar-se, desde que não prejudiquem ou coloquem em risco as relações entre os estudantes, as ações cotidianas e a distribuição de funções. (2003, p.39) No contexto em que a hospitalidade republicana se enquadra, um dos fatores que chama muita atenção é a questão do trote. Para entender como o mesmo ocorre nesse tipo de moradia estudantil, esboçaremos a etimologia do “trote” que possui correspondentes em vários idiomas: Trote (espanhol), trotto (italiano), trot (francês), trot (inglês) e trotten (alemão), em todos esses idiomas e também em português o termo trote se refere à certa forma de se movimentar os cavalos, uma andadura que se situa entre o passo e o galope. 12 É preciso saber que o trote não é uma andadura habitual do cavalo, mas algo que lhe é imposto (muitas vezes a base de chicotadas e esporadas). Da mesma forma, os calouros são vistos pelos moradores como alguém que deve “aprender a trotar”, ou seja, eles devem seguir as tradições e respeitar a hierarquia vigente dentro da republica. Para isso é feito, em suma, os trotes físicos e psicológicos, para “ensinarem” os calouros. O trote na história iniciou-se nas primeiras universidades da Europa na Idade Média, havia o hábito de separar os veteranos dos calouros impedindo que assistissem às aulas no interior de suas respectivas salas, sendo permitida apenas a prática destas em seus vestíbulos, de onde veio o termo vestibulando para designar estes novatos. Para identificar o calouro, estes tinham suas cabeças raspadas e, muitas 12 AMARANTE, F.B; DUARTE, S; PEREIRA, V; RIBEIRO, G. “Trote: forma de hospitalidade no curso de Turismo da UFJF”. Juiz de Fora: Instituto de Ciências Humanas da UFJF, 2006. 10p. Não publicado. 67
  • 68. vezes, suas roupas eram queimadas. No século XIX, os estudantes brasileiros que fizeram parte do processo educativo de Portugal trouxeram o trote para o Brasil. Diante do número crescente da taxa de evasão das republicas federais, o Ministério Público entrou com um processo de intervenção na conduta dessas moradias. Listou diversos itens que deveriam ser proibidos, como por exemplo, fazer o cabelo (escrever o nome da republica no cabelo), usar placa (que possuía o apelido do calouro e sua republica), vento, entre alguns outros elementos que compunham o processo de batalha, além de exigir a confecção do estatuto dessas republicas. Cabe salientar que as autogestões dessas casas estariam sendo ameaçadas se as mesmas não seguissem a conduta estipulada pelo Ministério Público. Há uma dualidade em relação às republicas. Ora, por uma vertente elas representam um conjunto de praticas culturais centenárias, papel de destaque na localidade. Elas conseguem influenciar e serem influenciadas pela cidade. Por outro viés, essas moradias se tornaram sinônimo de grandes festas e uma imagem Boemia a Ouro Preto. Além de tudo, as repúblicas são singulares, repletas de tradições, além da relação ex-aluno – república/moradores, o que torna algo inexoravelmente fascinante e único. Mesmo dentro de grandes polêmicas na questão das repúblicas, seria importante salientar que as mesmas possuem um papel muito representativo não só no contexto da UFOP, como na cidade de Ouro Preto, integra a cultura que já é tão rica e vasta. A relação da república, hospitalidade e carnaval serão abordados nos próximos itens. 2.2 A República Xeque-Mate 68
  • 69. A data atribuída à fundação da república é de 19 de abril de 1982, porém em 1999 descobriu-se que sua real fundação foi em março de 1981. Ela foi criada por três estudantes: Renzo Vieira Lessa (“Mequinho”), Carlos Ângelo Nunes (“Jacaré”) e Benedito Silvestre (“Bené”). O primeiro nome da moradia foi “República Socialista Xeque Mate” porque Renzo foi campeão brasileiro e bicampeão mineiro de xadrez, mas com o tempo a republica ficou como apenas Xeque Mate. Sua primeira sede na rua Antônio de Paula Ribas, no bairro Água Limpa. Alguns dos integrantes da republica participaram da fundação da República UPA, mas depois voltaram. Existia pressão familiar para a venda do imóvel em que a moradia se encontrava para que a república não ficasse ali, porém Dona Alice resistiu e manteve a mesma no local. E Dona Nadir era conhecida como a “mãe” dos xequemateanos durante várias gerações. A república por treze anos (1984-1997) só admitia alunos do curso de farmácia Durante o período de 1984 a 1997, durante este período existiam muitas festas na cozinha da casa e uma delas quase destruiu a construção. Em 1995 com próprios recursos conseguiram reformar a casa e elegeu o hino da Republica Xeque-Mate “A Filha da Chiquita Bacana” de Caetano Veloso. Em 4 de janeiro de 1997 devido às fortes chuvas houve represamento e desmoronamento da rua Padre Rolim, levou a destruição da maioria das casas da rua Antônio de Paula Ribas, tendo a Republica Xeque-Mate perda total. Com este ocorrido, os estudantes mudaram para a rua Dr. Albino Sartori n 246 na Vila São José. Após reconstrução física os alunos buscaram uma sede mais satisfatória passando pela rua Dr. Cláudio de Lima n° 30 (de maio de 1997 a novembro de 1998), rua Direita n° 179 ( de novembro de 1998 a novembro de 1999) e hoje está instalada á rua Paraná n°12. A sede atual da República Xeque-Mate permitiu a esta a sua grande divulgação e reconhecimento, bem mais acentuados do que em outras épocas, com a realização de sucesso de inúmeras festas dentre outros eventos importantes promovidos. 69
  • 70. Hoje a republica conta com 12 moradores, com a faixa etária entre 18 a 28 anos, com moradores oriundos de varias cidades como Viçosa, Timóteo, Belo Horizonte, Vila Nova, Taquaritinga, São Paulo, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Jaboticabal, Monte Alto e Capitólio. O tempo de permanência dos moradores varia de 6 anos. O numero de ex-alunos é de 41 e homenageados são 11. Para ser um morador da Republica Xeque-Mate, o bixo passa pelo processo de batalha já mencionado, onde tem de cumprir certas obrigações em prol da casa. Passando por este período de avaliação, ocorre a sua escolha, tornando-se mais um xequemateano. Figura 2: Bandeira da República Xeque-Mate (Adriana Carneiro, 2012) 70
  • 71. 2.3 O Carnaval de 2012 na República Xeque-Mate O carnaval além de ser uma festividade muito comemorada no Brasil manifesta-se de modo folclórico, de modo que se concretiza a cultura diversificada brasileira. Em Ouro Preto não poderia ser diferente, sobretudo com sua particularidade do carnaval das republicas, tema este que será abordado neste item. O carnaval de 2012 aconteceu de 18 a 21/02 (data do calendário), porém na republica Xeque Mate iniciou-se na quinta-feira dia 16/02. O slogan do carnaval desta república era “ CarnaXeque 6 dias for loko”! Para que ocorresse a realização do carnaval, os xequemateanos iniciaram este trabalho há muitos meses antes do grande acontecimento. No momento em que o carnaval do ano acaba alguns meses em junho/julho já se inicia as discussões sobre o carnaval do ano seguinte, realizando a escolha da programação, divulgação, divisão das tarefas entre os moradores, para que os resultados sejam alcançados, inclusive o do lucro. Os pacotes começam a ser vendidos a partir de setembro/outubro. A importância de realizar uma boa festa deve ser pensada a partir do momento em que a programação é planejada, levando-se em consideração que o produto carnaval se encaixa no quesito evento, sendo este intangível, obedecendo simplesmente as expectativas e satisfações de seus consumidores, para tanto ele deve ser bem administrado, porque senão não terá chance frente ao mercado competitivo. Por outro lado, Schiffman e Kanuk (2000, p. 123) destacam que “uma vez que serviços intangíveis, a imagem se torna um fator-chave na diferenciação de um serviço da concorrência”. (DENCKER, p 127) 71
  • 72. Dessa maneira, deve-se pensar que o público deve ser surpreendido, dar a ele mais do que esta acostumado a esperar. Isso é extremamente importante, Dias (2002, p.92) completa: Essa consideração é importante, tanto no que se refere á criatividade do produto quanto á seleção de mercado, política de preços ou estratégias de comunicação e marketing, que fazem política de preços ou estratégias de comunicação e marketing, que fazem parte do plano de identificação e divulgação do evento. (DIAS, 2002, p. 92) Antes que a programação e os demais detalhes sejam definidos, faz-se primeiro a divisão das tarefas por grupos. Estas tarefas incluem vários aspectos e se mantém mesmo quando o carnaval esta acontecendo. Dividem-se em grupos de hospedagem, compras e etc. Depois disso, abre-se espaço para as atrações do próximo carnaval. O morador A afirma: a programação do carnaval se da desta maneira: “Discutido em reunião, as pessoas vão sugerindo de festas que foram ou ficaram sabendo que aconteceram e que deram certo e tentamos implantar no carnaval. Festa do sinal alguém viu la em Viçosa, gostou e implantamos aqui. Se a festa não atender a expectativa, não será mais repetida.” (MORADOR A, Ouro Preto, 22 mar.2012, Entrevista concedida a Fahrenheit Amarante) Depois de viabilizarem as atrações, formou-se a programação do carnaval de 2012, que foi a seguinte. (extraída do site da república)13 “Prepare-se para viver 144 horas de experiências únicas cheias de novas sensações e fantasias!!! A República localizada no coração do carnaval de Ouro Preto oferece: - Tradicional Duelo Brahma X Skol, estupidamente geladas! - Bebidas Diferenciadas (Steinhagen, Ice, Rum, Jurupinga, Vodka com Energético, Cachaça Mineira, Refrigerante e Água) - Boate 24 horas ligada com mega estrutura! - Festas Temáticas e Tradicionais Blocos de Ouro Preto! - Café da Manhã e Almoço PROGRAMAÇÃO: -Sexta-Feira Chegando e Bebendo! Recepção calorosa dos foliões com muita bebida e boate no talo!!! -Sábado agora é pra valer!!! Café da Manhã, Bloco do Caixão, o melhor bloco de Ouro Preto!! Depois caldo para renovar as energias, Festa do Semáforo com Banda de Axé!!! -Domingo vai ser longo!!! 13 Disponível em: <http://www.xequemate.org>. Acesso em: 10 fev 2012. 72