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Pr´tica 1: Medidas e Desvios
        a
0.1      Introdu¸ao
                c˜
        O objetivo de uma ciˆncia ´ entender o mundo no qual vivemos, em rela¸˜o a algum
                              e    e                                             ca
aspecto bem determinado. Para isto n˜o basta a simples observa¸˜o. Poder´
                                        a                         ca         ıamos fazer uma
analogia entre a natureza e um jogo, ambos com regras complexas e desconhecidas. Cabe,
ent˜o, aos pesquisadores descobrirem estas regras, ou leis da natureza. Para descobrir
   a
tais leis, atrav´s da pesquisa experimental, faz-se necess´ria uma combina¸˜o de observa¸˜o,
                e                                         a                ca            ca
racioc´ınio e experimenta¸˜o, que s˜o as etapas do M´todo Cient´
                           ca       a                  e             ıfico de trabalho.
       O M´todo Cient´
            e           ıfico pode ser resumido, de forma simples, `s seguintes etapas:
                                                                   a

   i. o primeiro passo ´ a observa¸˜o;
                       e          ca
  ii. realiza-se um conjunto de experiˆncias com o objetivo de isolar o fenˆmeno que se quer
                                      e                                    o
      estudar. Com isso, pode-se observ´-lo in´meras vezes, identificando (separadamente)
                                         a     u
      os fatores que s˜o respons´veis ou que, de algum modo, interferem no fenˆmeno;
                      a         a                                               o
                                                         ´
 iii. nesta etapa surgem as hip´teses de trabalho. E neste momento que, com base nas
                                 o
      observa¸˜es, o pesquisador tenta inferir as leis que regem o fenˆmeno em estudo, ou as
             co                                                       o
      “regras do jogo”. O pesquisador precisa fazer abstra¸˜es, eliminando de sua pesquisa
                                                             co
      aqueles fatores n˜o essenciais, de modo a simplificar o problema;
                       a
  iv. finalmente, as hip´teses elaboradas s˜o testadas com novos experimentos. Uma boa
                        o                   a
      teoria deve apresentar as seguintes caracter´
                                                  ısticas:
       a) ser capaz de explicar um grande n´mero de fenˆmenos com o menor n´mero
                                            u           o                     u
          poss´ de leis f´
               ıvel      ısicas;
       b) ter o poder de previs˜o de novos fenˆmenos, os quais possam ser observados
                                 a            o
          (testados).

      No estudo de um fenˆmeno f´
                            o      ısico ´, portanto, fundamental a realiza¸˜o de medidas. A
                                          e                                ca
medida de grandezas f´ ısicas nos permite obter informa¸˜es acerca de como estas podem, ou
                                                          co
n˜o, estar correlacionadas, caracterizando o fenˆmeno que se quer estudar.
 a                                                o
      ´
      E importante que, qualquer medi¸˜o que fazemos de uma grandez f´
                                         ca                                 ısica ser´ sujeita a
                                                                                     a
erros de v´rias fontes. Uma classifica¸˜o de erros poss´ os divide em trˆs tipos:
          a                            ca                ıvel               e
(1) precis˜o do instrumento de medi¸˜o:
          a                            ca
(2) erro humano:
(3) erro sistem´tico.
                a
      Nesta experiˆncia a preocupa¸˜o principal ´ com os erros (ou desvios) causados pela
                   e                 ca             e
precis˜o finita do instrumento de medi¸˜o. Qualquer instrumento de medi¸˜o tem associ-
      a                                   ca                                    ca
ado com ele uma precis˜o. Por exemplo, se estamos utilizando uma r´gua graduada em
                          a                                                e
mil´
   ımetros (ou seja, com precis˜o de mil´
                                 a          ımetros), como mostra a figura 1, para medir um
comprimento provavelmente a melhor que podemos esperar ´ saber o comprimento para o
                                                              e
mil´
   ımetro mais pr´ximo.
                   o



                                               0
Figura 1: Medida de comprimento usando uma r´gua graduada em mil´
                                                  e                   ımetros.

                                                     e                         ´
      No exemplo acima, sabemos que a medida ´ entre 1,3 e 1,4 cm. E razo´vel, ent˜o,  a         a
escrever que, qualquer que seja o comprimento “correto”, esse comprimento ´ 1, 35 ± 0, 05
                                                                                    e
cm. Esse express˜o abrange um intervalo de valores entre 1,3 e 1,4 cm, com 1, 35 cm sendo
                  a
o que podemos chamar a melhor estimativa do comprimento.
      Os bons fabricantes de instrumentos de medida tomam o cuidado de n˜o marcar mais
                                                                                  a
subdivis˜es do que a precis˜o do instrumento permite. Por isso, podemos considerar, em
         o                   a
geral, que o desvio (ou erro) introduzido pelo instrumento numa leitura ´ de aproximada-
                                                                                e
mente metade da menor divis˜o da escala do instrumento. A este desvio d´-se o nome
                                 a                                                    a
de desvio avaliado ou erro absoluto. Uma unica medida deve ent˜o ser expressa como
                                                  ´                        a
(melhor estimativa ± desvio avaliado) unidade.
      Erros e Algorismos Significativos
      Um erro absoluto deve apresentar um unico algarismo significativo. O motivo ´ que,
                                               ´                                             e
se esse algarismo significativo j´ joga duvida sobre o d´
                                  a                         ıgito correspondente na medida, o
pr´ximo algarismo do erro faz com que o pr´ximo d´
  o                                           o        ıgito da medida possa assumir qualquer
valor. Esse digitos, ent˜o, n˜o contˆm informa¸˜o util e podem (devem) ser ignorados.
                        a    a        e          ca ´
      Assim nunca devemos escrever que uma medida ´ 13, 56±0, 24 unidades. Arredondamos
                                                         e
o erro para um algarismo significativo (no caso 0, 24 → 0, 2) e arredondamos o d´      ıgito na casa
correspondente da medida (o primeiro depois da v´    ırgula) escrevendo o resultado da medi¸˜o  ca
como 13, 6 ± 0, 2 unidades.
      Arredondamento
      Sempre arredonda para o d´   ıgito mais pr´ximo. Leve em considera¸˜o todos os d´
                                                o                            ca               ıgitos
subseq¨entes. Se vocˆ tem que arredondar um 5 (seguido somente por zeros), arredonde
       u               e
para o d´ıgito par mais pr´ximo.
                          o
      Exemplos de arredondamento para a primeira casa decimal.
12, 43 → 12, 4
12, 47 → 12, 5
12, 349999 → 12, 3
12, 350001 → 12, 4
12, 350000 → 12, 4
      Opera¸oes com erros e desvios
              c˜
Soma e Subtra¸ao com Erros:
                  c˜
Consideramos duas medidas, x com um erro absoluto, ∆x e y com seu erro absoluto ∆y.
Queremos considerar o intervalo de valores poss´  ıveis da soma “x + y”. N˜o ´ dificil ver que o
                                                                             a e
maior valor poss´ da soma ´ x + y + ∆x + ∆y e o menor valor poss´ ´ x + y − ∆x − ∆y.
                 ıvel          e                                         ıvel e
Podemos dizer que o resultado da soma, levando em conta os erros, ´     e

                                      x + y ± (∆x + ∆y),

ou seja o erro absoluto da soma ´ a soma dos erros absolutos de suas componentes.
                                e

                                                 1
Da mesma maneira, o menor valor poss´ da diferenc,a ´ x − y − ∆x − ∆y e o maior
                                         ıvel             e
x − y + ∆x + ∆y. Outra vez podemos escrever o resultado com

                                    x − y ± (∆x + ∆y),

que abrange todos os valores da diferen¸a consistentes com os erros em x e y.
                                       c
      Devemos lembrar que, ao escrever o resultado de nosso c´lculo, o erro absoluto final s´
                                                             a                             o
deve conter um algarismo significativo, sendo arredondado se for necess´rio. A posi¸˜o do
                                                                         a           ca
ultimo algarismo significativo da resposta (antes ou depois da v´
´                                                              ırgula) deve ser a mesma do
algarismo significativo no erro.
      Exemplo
Uma balan¸a de padaria tem precis˜o de 6g (ou seja o peso real ´ o peso marcado ±6 g).
           c                        a                             e
Nessa balan¸a um bolo “pesa” 306g e uma torta “pesa” 420g. Quais os pesos poss´
             c                                                                     ıveis dos
dois juntos?
      Bem, sabemos que o peso da bola pode ser qualquer valor entre 300g e 312g. Chamando
o peso do bolo x,
                                      x = (306 ± 6) g
Da mesma maneira, o peso da torta, y, ´
                                      e

                                      y = (420 ± 6) g.

Portanto os dois juntos podem pesar

                           (306 + 420) ± (6 + 6) = 726 g ± 12 g.

Mas nosso erro s´ deve ter um algarismo significativo. Portanto o erro que deve ser apre-
                 o
sentado com ±10 g. Assim o algarismo significativo do erro ´ o segundo antes da virgula.
                                                              e
Assim o ultimo algarismo significativo do resultado tamb´m deveria ser o segundo antes da
          ´                                              e
v´ırgula. Olhando a nosso c´lculo temos que arredondar 726 para 730. Finalmente o resultado
                           a
´ apresentado como
e
                                        730 g ± 10 g.
      Erros relativos e percentuais
      `
      As vezes ´ util ter uma no¸˜o de qu˜o grande ´ nosso erro em rela¸˜o ` medida. Um
               e´               ca       a          e                   ca a
erro de ±1 m pode ser grande quando estamos medindo o comprimento de uma sala, mas
seria considerado um muito pequeno na distˆncia entre Rio e S˜o Paulo. Assim temos o
                                             a                   a
conceito de erro relativo de uma grandeza, que ´ simplesmente o raz˜o entre o erro absoluto
                                               e                   a
na medida dividido por seu valor. Destacamos que, outra vez, nos erros relativos devem
constar somente um algarismo significativo. Assim o erro relativo no peso do bolo acima ´ e
                                  6
                                     = 0, 0196 . . . = 0, 02.
                                 306
O erro percentual ´ simplesmente o erro relativo vezes 100%. Assim o erro percentual no
                   e
peso do bolo ´ 0, 02 × 100% = ±2%.
             e
     Multiplica¸ao e Divis˜o com Erros
                  c˜         a
     Muitas vezes precisaremos calcular o produto de duas (ou mais) grandezas, cada uma
com seu pr´prio erro. A regra simples de somar os erros absolutos n˜o funciona neste caso.
          o                                                        a

                                              2
Por´m existe uma regra parecida e simples de decorar, que rapidamente fornece o erro correto
   e
na maioria dos casos.
     O erro RELATIVO de um produto (ou divis˜o) ´ igual ` soma dos erros
                                                          a e          a
RELATIVOS das suas componentes.
     Esta regra funciona com boa precis˜o quando os erros relativos das componentes s˜o
                                         a                                                a
“pequenos”. Podemos ver porque ao elaborar o produto de x + ∆x com y + ∆y.

           (x + ∆x)(y + ∆y) = xy + y∆x + x∆y + ∆x∆y = xy + erro absoluto.

Ora o erro relativo no produto ´ a raz˜o entre o erro absoluto e o valor do produto, xy, ou
                                  e    a
seja
                                 y∆x + x∆y + ∆x∆y       ∆x ∆y ∆x ∆y
                 erro relativo =                     =      +     +         .
                                         xy              x     y      x y
Podemos indentificar os trˆs termos dessa soma como
                             e
1) o erro relativo em x,
2) o erro relativo em y,
3) o produto dos erros relativo em x e y.
      Se os erros relativos das componentes x e y s˜o pequenos, digamos 0,1 e 0,1 respecti-
                                                   a
vamente o produto desses erros ´ s´ 0,01 e desprez´
                                  e o             ıvel. E olha que erros de 10% n˜o s˜o t˜o
                                                                                 a a a
pequenos assim!
      Exemplo Medimos o comprimento, c, e a profundidade, p, de uma mesa com um
metro btendo os valores

                       c = (1, 51 ± 0, 02) m,       d = (0, 76 ± 0, 02) m.

Qual ´ a melhor estimativa da ´rea da mesa, e o erro nesse valor?
      e                         a
      A melhor estimativa da ´rea ´ simplesmente o produto cp ou seja 1, 1476 m2 . Este
                                a    e
valor ainda precisa ser ajustado para levar em conta os erros de medi¸˜o. O erro relativo em
                                                                     ca
c ´ 0, 02/1, 51 = 0, 013245033 e em p ´ 0, 026315789. Portanto a soma dos erros relativos ´
  e                                    e                                                   e
0, 039560823. O erro (absoluto) no produto ´, portanto,
                                             e

                            0, 039560823 × 1, 1476 = 0, 0454 m2 .

Antes de apresentar nosso resultado na sua forma definitiva, arredondamos o erro para um
algarismo significativo 0, 0454 → 0, 05. J´ que o erro est´ no segunda casa ap´s a v´
                                         a               a                   o     ırgula,
arredondamos o produto para concordar 1, 1476 → 1, 15 e apresentamos a ´rea como
                                                                         a

                                  A = 1, 15 m2 ± 0, 05 m2 .


Experiˆncia 1: Precis˜o de Instrumentos
      e              a
       Consideremos, por enquanto, a grandeza de comprimento e a sua medi¸˜o. Medir
                                                                          ca
um determinado comprimento significa compar´-lo com outro, escolhido previamente como
                                              a
padr˜o (de medida). Este processo ´ comum a qualquer medi¸˜o. Assim, toda medida
     a                              e                          ca
pressup˜e uma unidade b´sica a ser escolhida, sendo portanto arbitr´ria.
        o               a                                          a
      Podemos escolher qualquer cromprimento (desde que n˜o mude) como sendo uma
                                                             a
unidade padr˜o de medida para a grandeza (comprimento).
             a

                                                3
1. Tome como unidade de medida a tiras de cartolina distribu´
                                                            ıda. Escolha um nome para
   sua unidade de medida.

2. Me¸a o comprimento, a largura e o diagonal da superf´ superior de sua bancada
      c                                                ıcie
   usando esta tira como instrumento de medida.

3. Quais s˜o sua melhores estimativas das dimens˜es da bancada em termos da sua
          a                                        o
   unidade de comprimento, e quais s˜o os erros (absolutos) associados?
                                    a

4. Calcule o perimetro e a ´rea da superf´ da bancada, em termos a unidade de com-
                           a             ıcie
   primento utilizada, bem com os erros absolutos das duas grandezas, usando as regras
   acima.

5. Defina agora subm´ltiplos da sua unidade de comprimento, dividindo-a em 10 partes
                        u
   iguais (utilize 11 pautas da folha de caderno). Cada peda¸o corresponder´ a um d´cimo
                                                            c              a       e
   da unidade original.

6. Me¸a novamente o comprimento, largura e diagonal da sua bancada. Expresse os
      c
   resultados (com erros) em termos da unidade de medida e de d´cimos desta. Compare
                                                                   e
   a precis˜o deste resultado com a precis˜o do resultado do item (4). Calcule o perimetro
           a                              a
   e a ´rea da superf´ da bancada, com erros absolutos. Compare os erros absolutos e
       a              ıcie
   relativos com os obtidos no item (4).

7. Calcule o valor esperado para o diagonal usando o comprimento, a largura e o teorema
   de Pitagoras. O resultado ´ igual ao valor que vocˆ mediu? Sen˜o, como explicar os
                              e                       e           a
   valores diferentes?

8. Se vocˆ dividisse cada d´cimo da sua unidade de comprimento em mais 10 partes iguais
         e                 e
   e usasse esse novo instrumento de medida para medir o comprimento da bancada, com
   quantos algarismos vocˆ expressaria a sua medida? E a ´rea da superf´ da bancada,
                           e                              a            ıcie
   quantos algarismos seriam necess´rios para express´-la?
                                    a                a

9. Se voce registrasse essas medidas num relat´rio que informa¸˜es deveriam ser inclu´
                                              o               co                     ıdas
   para que, no futuro, outra pessoa pudesse conhecer as dimens˜es da superf´ de sua
                                                                 o            ıcie
   bancada apenas lendo este relat´rio?
                                   o




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  • 1. Pr´tica 1: Medidas e Desvios a 0.1 Introdu¸ao c˜ O objetivo de uma ciˆncia ´ entender o mundo no qual vivemos, em rela¸˜o a algum e e ca aspecto bem determinado. Para isto n˜o basta a simples observa¸˜o. Poder´ a ca ıamos fazer uma analogia entre a natureza e um jogo, ambos com regras complexas e desconhecidas. Cabe, ent˜o, aos pesquisadores descobrirem estas regras, ou leis da natureza. Para descobrir a tais leis, atrav´s da pesquisa experimental, faz-se necess´ria uma combina¸˜o de observa¸˜o, e a ca ca racioc´ınio e experimenta¸˜o, que s˜o as etapas do M´todo Cient´ ca a e ıfico de trabalho. O M´todo Cient´ e ıfico pode ser resumido, de forma simples, `s seguintes etapas: a i. o primeiro passo ´ a observa¸˜o; e ca ii. realiza-se um conjunto de experiˆncias com o objetivo de isolar o fenˆmeno que se quer e o estudar. Com isso, pode-se observ´-lo in´meras vezes, identificando (separadamente) a u os fatores que s˜o respons´veis ou que, de algum modo, interferem no fenˆmeno; a a o ´ iii. nesta etapa surgem as hip´teses de trabalho. E neste momento que, com base nas o observa¸˜es, o pesquisador tenta inferir as leis que regem o fenˆmeno em estudo, ou as co o “regras do jogo”. O pesquisador precisa fazer abstra¸˜es, eliminando de sua pesquisa co aqueles fatores n˜o essenciais, de modo a simplificar o problema; a iv. finalmente, as hip´teses elaboradas s˜o testadas com novos experimentos. Uma boa o a teoria deve apresentar as seguintes caracter´ ısticas: a) ser capaz de explicar um grande n´mero de fenˆmenos com o menor n´mero u o u poss´ de leis f´ ıvel ısicas; b) ter o poder de previs˜o de novos fenˆmenos, os quais possam ser observados a o (testados). No estudo de um fenˆmeno f´ o ısico ´, portanto, fundamental a realiza¸˜o de medidas. A e ca medida de grandezas f´ ısicas nos permite obter informa¸˜es acerca de como estas podem, ou co n˜o, estar correlacionadas, caracterizando o fenˆmeno que se quer estudar. a o ´ E importante que, qualquer medi¸˜o que fazemos de uma grandez f´ ca ısica ser´ sujeita a a erros de v´rias fontes. Uma classifica¸˜o de erros poss´ os divide em trˆs tipos: a ca ıvel e (1) precis˜o do instrumento de medi¸˜o: a ca (2) erro humano: (3) erro sistem´tico. a Nesta experiˆncia a preocupa¸˜o principal ´ com os erros (ou desvios) causados pela e ca e precis˜o finita do instrumento de medi¸˜o. Qualquer instrumento de medi¸˜o tem associ- a ca ca ado com ele uma precis˜o. Por exemplo, se estamos utilizando uma r´gua graduada em a e mil´ ımetros (ou seja, com precis˜o de mil´ a ımetros), como mostra a figura 1, para medir um comprimento provavelmente a melhor que podemos esperar ´ saber o comprimento para o e mil´ ımetro mais pr´ximo. o 0
  • 2. Figura 1: Medida de comprimento usando uma r´gua graduada em mil´ e ımetros. e ´ No exemplo acima, sabemos que a medida ´ entre 1,3 e 1,4 cm. E razo´vel, ent˜o, a a escrever que, qualquer que seja o comprimento “correto”, esse comprimento ´ 1, 35 ± 0, 05 e cm. Esse express˜o abrange um intervalo de valores entre 1,3 e 1,4 cm, com 1, 35 cm sendo a o que podemos chamar a melhor estimativa do comprimento. Os bons fabricantes de instrumentos de medida tomam o cuidado de n˜o marcar mais a subdivis˜es do que a precis˜o do instrumento permite. Por isso, podemos considerar, em o a geral, que o desvio (ou erro) introduzido pelo instrumento numa leitura ´ de aproximada- e mente metade da menor divis˜o da escala do instrumento. A este desvio d´-se o nome a a de desvio avaliado ou erro absoluto. Uma unica medida deve ent˜o ser expressa como ´ a (melhor estimativa ± desvio avaliado) unidade. Erros e Algorismos Significativos Um erro absoluto deve apresentar um unico algarismo significativo. O motivo ´ que, ´ e se esse algarismo significativo j´ joga duvida sobre o d´ a ıgito correspondente na medida, o pr´ximo algarismo do erro faz com que o pr´ximo d´ o o ıgito da medida possa assumir qualquer valor. Esse digitos, ent˜o, n˜o contˆm informa¸˜o util e podem (devem) ser ignorados. a a e ca ´ Assim nunca devemos escrever que uma medida ´ 13, 56±0, 24 unidades. Arredondamos e o erro para um algarismo significativo (no caso 0, 24 → 0, 2) e arredondamos o d´ ıgito na casa correspondente da medida (o primeiro depois da v´ ırgula) escrevendo o resultado da medi¸˜o ca como 13, 6 ± 0, 2 unidades. Arredondamento Sempre arredonda para o d´ ıgito mais pr´ximo. Leve em considera¸˜o todos os d´ o ca ıgitos subseq¨entes. Se vocˆ tem que arredondar um 5 (seguido somente por zeros), arredonde u e para o d´ıgito par mais pr´ximo. o Exemplos de arredondamento para a primeira casa decimal. 12, 43 → 12, 4 12, 47 → 12, 5 12, 349999 → 12, 3 12, 350001 → 12, 4 12, 350000 → 12, 4 Opera¸oes com erros e desvios c˜ Soma e Subtra¸ao com Erros: c˜ Consideramos duas medidas, x com um erro absoluto, ∆x e y com seu erro absoluto ∆y. Queremos considerar o intervalo de valores poss´ ıveis da soma “x + y”. N˜o ´ dificil ver que o a e maior valor poss´ da soma ´ x + y + ∆x + ∆y e o menor valor poss´ ´ x + y − ∆x − ∆y. ıvel e ıvel e Podemos dizer que o resultado da soma, levando em conta os erros, ´ e x + y ± (∆x + ∆y), ou seja o erro absoluto da soma ´ a soma dos erros absolutos de suas componentes. e 1
  • 3. Da mesma maneira, o menor valor poss´ da diferenc,a ´ x − y − ∆x − ∆y e o maior ıvel e x − y + ∆x + ∆y. Outra vez podemos escrever o resultado com x − y ± (∆x + ∆y), que abrange todos os valores da diferen¸a consistentes com os erros em x e y. c Devemos lembrar que, ao escrever o resultado de nosso c´lculo, o erro absoluto final s´ a o deve conter um algarismo significativo, sendo arredondado se for necess´rio. A posi¸˜o do a ca ultimo algarismo significativo da resposta (antes ou depois da v´ ´ ırgula) deve ser a mesma do algarismo significativo no erro. Exemplo Uma balan¸a de padaria tem precis˜o de 6g (ou seja o peso real ´ o peso marcado ±6 g). c a e Nessa balan¸a um bolo “pesa” 306g e uma torta “pesa” 420g. Quais os pesos poss´ c ıveis dos dois juntos? Bem, sabemos que o peso da bola pode ser qualquer valor entre 300g e 312g. Chamando o peso do bolo x, x = (306 ± 6) g Da mesma maneira, o peso da torta, y, ´ e y = (420 ± 6) g. Portanto os dois juntos podem pesar (306 + 420) ± (6 + 6) = 726 g ± 12 g. Mas nosso erro s´ deve ter um algarismo significativo. Portanto o erro que deve ser apre- o sentado com ±10 g. Assim o algarismo significativo do erro ´ o segundo antes da virgula. e Assim o ultimo algarismo significativo do resultado tamb´m deveria ser o segundo antes da ´ e v´ırgula. Olhando a nosso c´lculo temos que arredondar 726 para 730. Finalmente o resultado a ´ apresentado como e 730 g ± 10 g. Erros relativos e percentuais ` As vezes ´ util ter uma no¸˜o de qu˜o grande ´ nosso erro em rela¸˜o ` medida. Um e´ ca a e ca a erro de ±1 m pode ser grande quando estamos medindo o comprimento de uma sala, mas seria considerado um muito pequeno na distˆncia entre Rio e S˜o Paulo. Assim temos o a a conceito de erro relativo de uma grandeza, que ´ simplesmente o raz˜o entre o erro absoluto e a na medida dividido por seu valor. Destacamos que, outra vez, nos erros relativos devem constar somente um algarismo significativo. Assim o erro relativo no peso do bolo acima ´ e 6 = 0, 0196 . . . = 0, 02. 306 O erro percentual ´ simplesmente o erro relativo vezes 100%. Assim o erro percentual no e peso do bolo ´ 0, 02 × 100% = ±2%. e Multiplica¸ao e Divis˜o com Erros c˜ a Muitas vezes precisaremos calcular o produto de duas (ou mais) grandezas, cada uma com seu pr´prio erro. A regra simples de somar os erros absolutos n˜o funciona neste caso. o a 2
  • 4. Por´m existe uma regra parecida e simples de decorar, que rapidamente fornece o erro correto e na maioria dos casos. O erro RELATIVO de um produto (ou divis˜o) ´ igual ` soma dos erros a e a RELATIVOS das suas componentes. Esta regra funciona com boa precis˜o quando os erros relativos das componentes s˜o a a “pequenos”. Podemos ver porque ao elaborar o produto de x + ∆x com y + ∆y. (x + ∆x)(y + ∆y) = xy + y∆x + x∆y + ∆x∆y = xy + erro absoluto. Ora o erro relativo no produto ´ a raz˜o entre o erro absoluto e o valor do produto, xy, ou e a seja y∆x + x∆y + ∆x∆y ∆x ∆y ∆x ∆y erro relativo = = + + . xy x y x y Podemos indentificar os trˆs termos dessa soma como e 1) o erro relativo em x, 2) o erro relativo em y, 3) o produto dos erros relativo em x e y. Se os erros relativos das componentes x e y s˜o pequenos, digamos 0,1 e 0,1 respecti- a vamente o produto desses erros ´ s´ 0,01 e desprez´ e o ıvel. E olha que erros de 10% n˜o s˜o t˜o a a a pequenos assim! Exemplo Medimos o comprimento, c, e a profundidade, p, de uma mesa com um metro btendo os valores c = (1, 51 ± 0, 02) m, d = (0, 76 ± 0, 02) m. Qual ´ a melhor estimativa da ´rea da mesa, e o erro nesse valor? e a A melhor estimativa da ´rea ´ simplesmente o produto cp ou seja 1, 1476 m2 . Este a e valor ainda precisa ser ajustado para levar em conta os erros de medi¸˜o. O erro relativo em ca c ´ 0, 02/1, 51 = 0, 013245033 e em p ´ 0, 026315789. Portanto a soma dos erros relativos ´ e e e 0, 039560823. O erro (absoluto) no produto ´, portanto, e 0, 039560823 × 1, 1476 = 0, 0454 m2 . Antes de apresentar nosso resultado na sua forma definitiva, arredondamos o erro para um algarismo significativo 0, 0454 → 0, 05. J´ que o erro est´ no segunda casa ap´s a v´ a a o ırgula, arredondamos o produto para concordar 1, 1476 → 1, 15 e apresentamos a ´rea como a A = 1, 15 m2 ± 0, 05 m2 . Experiˆncia 1: Precis˜o de Instrumentos e a Consideremos, por enquanto, a grandeza de comprimento e a sua medi¸˜o. Medir ca um determinado comprimento significa compar´-lo com outro, escolhido previamente como a padr˜o (de medida). Este processo ´ comum a qualquer medi¸˜o. Assim, toda medida a e ca pressup˜e uma unidade b´sica a ser escolhida, sendo portanto arbitr´ria. o a a Podemos escolher qualquer cromprimento (desde que n˜o mude) como sendo uma a unidade padr˜o de medida para a grandeza (comprimento). a 3
  • 5. 1. Tome como unidade de medida a tiras de cartolina distribu´ ıda. Escolha um nome para sua unidade de medida. 2. Me¸a o comprimento, a largura e o diagonal da superf´ superior de sua bancada c ıcie usando esta tira como instrumento de medida. 3. Quais s˜o sua melhores estimativas das dimens˜es da bancada em termos da sua a o unidade de comprimento, e quais s˜o os erros (absolutos) associados? a 4. Calcule o perimetro e a ´rea da superf´ da bancada, em termos a unidade de com- a ıcie primento utilizada, bem com os erros absolutos das duas grandezas, usando as regras acima. 5. Defina agora subm´ltiplos da sua unidade de comprimento, dividindo-a em 10 partes u iguais (utilize 11 pautas da folha de caderno). Cada peda¸o corresponder´ a um d´cimo c a e da unidade original. 6. Me¸a novamente o comprimento, largura e diagonal da sua bancada. Expresse os c resultados (com erros) em termos da unidade de medida e de d´cimos desta. Compare e a precis˜o deste resultado com a precis˜o do resultado do item (4). Calcule o perimetro a a e a ´rea da superf´ da bancada, com erros absolutos. Compare os erros absolutos e a ıcie relativos com os obtidos no item (4). 7. Calcule o valor esperado para o diagonal usando o comprimento, a largura e o teorema de Pitagoras. O resultado ´ igual ao valor que vocˆ mediu? Sen˜o, como explicar os e e a valores diferentes? 8. Se vocˆ dividisse cada d´cimo da sua unidade de comprimento em mais 10 partes iguais e e e usasse esse novo instrumento de medida para medir o comprimento da bancada, com quantos algarismos vocˆ expressaria a sua medida? E a ´rea da superf´ da bancada, e a ıcie quantos algarismos seriam necess´rios para express´-la? a a 9. Se voce registrasse essas medidas num relat´rio que informa¸˜es deveriam ser inclu´ o co ıdas para que, no futuro, outra pessoa pudesse conhecer as dimens˜es da superf´ de sua o ıcie bancada apenas lendo este relat´rio? o 4