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A busca pelo conforto e o estudo das fibras biodegradáveis

             The search for comfort and the study of biodegradable fibers


Bárbara Maria Gama Guimarães, Karina Mitie Takamune, Raquel Seawright Alonso,
    Júlia Baruque Ramos, José Jorge Boueri Filho, Regina Aparecida Sanches
                  Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH)
                           Universidade de São Paulo (USP)
                                   São Paulo, Brasil
   raquel.alonso@usp.br, karina.takamune@usp.br, barbara.guimaraes@usp.br,
             jbaruque@usp.br, jjboueri@usp.br, regina.sanches@usp.br
Abstract


To designate a comfortable and high-quality product of clothing, there is a need to select
the materials, like the raw fiber, yarn and fabrics. There is a growing concern in textile
industry about the environment, and especially, about the comfort for costumers. Results
obtained of studies with biodegradables fibers resulted of soy, corn, bamboo and cotton
organic posses several characteristic that can become a bet in sustainable development.
Keywords: 1.Comfort 2. Clothing 3. Biodegradable Fibers.


Resumo
Para designar um produto de qualidade e conforto para o vestuário, há a necessidade de
selecionar materiais como fibras, fios e tecidos. Há uma crescente preocupação na
indústria têxtil com o ambiente e, especialmente, sobre o conforto para os consumidores.
Os resultados obtidos através de estudos com fibras biodegradáveis de soja, milho,
bambu e algodão orgânico demonstraram diversas características que podem tornar-lás
uma aposta no desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: 1. Conforto 2. Vestuário 3. Fibras Biodegradáveis


Introdução


     A Indústria Têxtil sempre foi uma atividade econômica de grande relevância desde
os primórdios da civilização, fazendo parte do desenvolvimento econômico e social dos
povos. De acordo com (FILGUEIRAS, 2008) desde que estudiosos passaram a explorar,
investigar e divulgar sabe-se que o homem utiliza as fibras para, no princípio, atender às
necessidades básicas de proteção, pudor e/ou estética, mas com o passar do tempo a
utilização das fibras se tornou tão abrangente que ultrapassou essas funções iniciais,
assim, fibras têxteis são todos e quaisquer materiais fibrosos passíveis de serem fiados
ou tecidos.
     A procura de um modo de vida sustentável torna-se cada vez mais importante para
o mundo atual e ainda mais para as futuras gerações. Para (SACHS, 2004) “a
sustentabilidade no tempo das civilizações humanas vai depender da sua capacidade de
se submeter aos preceitos de prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza”.
     Atualmente, com a crescente preocupação com a consciência ambiental, são
necessários cada vez mais estudos na área de desenvolvimento sustentável, incluindo o
setor têxtil, pois este é um dos que mais poluem o ambiente.


Fibras têxteis com baixo impacto ambiental utilizadas no vestuário
     Em busca de uma perspectiva ecológica alguns novos materiais já foram
desenvolvidos com o intuito de diminuir os danos causados, como a produção de fibras
ecológicas (CHAVAN, 2004).
     As principais fibras, com apelo ecológico, usadas na fabricação de têxteis são:
algodão orgânico, liocel, soja, milho, fibra da viscose da celulose do bambu e fibras
obtidas a partir da reciclagem de polietileno tereftalado (PET).
     O algodão responde por aproximadamente 80% das fibras utilizadas nas fiações
brasileiras: na tecelagem, 65% dos tecidos são produzidos a partir de fios de algodão,
enquanto na Europa gira em torno de 50% (OLIVEIRA, 1995 apud ALVES, 2006). A
adoção do algodão orgânico seria bastante impactante, pois sua cultura é a que mais
polui e mais mata agricultores no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial
da Saúde, no mundo existem entre 500 mil a dois milhões de vítimas de intoxicações
agroquímicas, e um terço delas é de cultivadores de algodão (SCHULTE, 2007). A fibra
totaliza 3% das terras cultiváveis no planeta, mas contabiliza 25% dos agrotóxicos
consumidos no mundo (ZANESCO, 2008). Para que o algodão seja considerado
orgânico, ele necessita ser certificado, isso garante que ele foi cultivado dentro de um
conjunto mínimo de normas, no Brasil a entidade habilitada internacionalmente para
conceder certificação para produtos orgânicos é o IBD – Associação de Certificação
Instituto Biodinâmico.
Além do algodão orgânico, existe outra fibra que tem baixo impacto ambiental como
o liocel, nome genérico para uma fibra de celulose regenerada obtida por fiação da polpa
de madeira dissolvida em um solvente orgânico, é fabricado por um processo de
dissolvimento direto com N-metil morfolina-N-óxido sendo este facilmente recuperado e
reciclado (CHAVAN, 2004).
     Outra opção viável é produção de fibras a partir da reciclagem do Polietileno
Tereftalato (PET), sua utilização, na indústria têxtil, para fabricação de tecidos para
diversos fins cresce a uma taxa média de aproximadamente 24% ao ano desde 1998. A
fibra de poliéster tem propriedades que reduzem a tendência a amassar do tecido
confeccionado, possui elevada resistência à umidade e aos agentes químicos, é não-
alérgica e apresenta elevada resistência à tração. Adicionada ao algodão, gera aumento
da resistência do fio, o que leva a um aumento na velocidade do processo têxtil e, por
consequência, a uma maior produtividade (VEZZÁ, 2006).
     A fibra derivada da soja é conhecida como “fibra têxtil verde” por sua matéria-prima
é renovável. Através de bioengenharia da pasta residual obtida pela extração do óleo de
soja que se retira o polímero para a produção da SPF (Soybean Protein Fibre)
(FALCETTA, 2003). Por ser uma fibra protéica regenerada, não é considerada de origem
vegetal natural e sim, artificial, ainda assim sua produção não contamina o meio
ambiente, pois após a retirada das proteínas os resíduos da pasta servem como ração
para os animais.
     A fibra PLA (Poliláctico), extraída do milho, também pode ser considerada uma fibra
sintética, pois é obtida através da polimerização do ácido láctico do milho, seu
lançamento oficial se deu em janeiro de 2003, onde passou a ser chamado de INGEO
(VALLE et al, 2004). O processo de desenvolvimento dessa fibra, assim como a SPF,
não polui o meio ambiente, pois não são utilizados produtos químicos à base de petróleo,
é considerada uma fibra biodegradável, uma vez que ao fim de sua vida útil se
decompõe facilmente sem causar danos.
     A fibra do bambu proporciona várias características ao vestuário, tais como:
transpiração (quatro vezes mais que o algodão), frieza excepcionais (secção transversal
da fibra que é repleta de micro-furos e micovilosidades), capacidade termodinâmica
(gelada no verão e mais quente no inverno), grande flexibilidade, não amassa, não forma
pilings, a malha de bambu é suave, fluida e não cola na pele, possui propriedades
bacteriostáticas naturalmente (comprovaram a diminuição de 75% no crescimento
bacteriano comparado ao algodão), desodorantes do bambu são naturais da própria
fibra, boa higroscopicidade, permeabilidade, anti-raio ultravioleta (a incidência de Raios
UV na fibra de bambu é de 0.6 enquanto no algodão é de 250, o que mostra que o
bambu tem a capacidade de proteger 417 vezes mais), o tecido é liso, macio como a
seda, favorece a cor dos tecidos, forte função de evacuar suor, biodegradável, secagem
rápida, confortável, alta durabilidade, fibra com poder regulador de temperatura. Contêm
vários tipos de aminoácidos que fazem bem a pele, como a celulose e a pectina que
hidratam a pele e recupera a aparência cansada. Ajuda na microcirculação. É resistente
a eletricidade estática. Estas são ótimas características ao que tange conforto adquirido
no vestuário (BAMBRO TEX, 2008).
     Para o campo da moda, é um desafio conceber novos produtos para o vestuário de
acordo com um princípio sustentável, já que possui ciclos de vida curtos e seu apelo ao
consumismo torna-se um entrave a tal princípio. Para o setor têxtil torna-se também um
desafio, pois sua cadeia de produção é um processo poluente e que gera muitos
resíduos.
     Todas essas iniciativas de utilização de fibras ecologicamente corretas vão além
dos impactos sociais e crescimento econômico, visto que o mercado é crescente,
acarretam ainda impactos sociais através do favorecimento para os pequenos
produtores, assim como para as cooperativas de coleta de recicláveis.


Conforto nos artigos têxteis
     Outro fator de grande importância, além da problemática ambiental, é o conforto.
Estudos de mercado demonstram que o consumidor atual considera o conforto como um
dos mais importantes atributos de tomada de decisão na compra de uma peça de
vestuário (VALLE, 2004).
     Frente a essa necessidade, a engenharia têxtil trabalha em prol de pesquisas que
aliem qualidade, sustentabilidade, funcionalidade e conforto.
     Relacionar as propriedades das fibras com a funcionalidade do fio é uma maneira
eficaz de se obter roupas com tecnologia e melhor desempenho (GASI, 2008). Assim, ao
realizar a combinação das propriedades de diversos tipos de fibras, contribui-se para a
obtenção de produtos adequados a determinados usos e situações, como por exemplo, a
prática esportiva.
     A roupa esportiva atende a necessidades do atleta quanto à proteção, conforto,
segurança, performance (TECNICOURO, 2004). Desta forma, observa-se a importância
que o vestuário reflete nas práticas esportivas, para que o atleta tenha uma melhor
desenvoltura e conforto ao se movimentar.
     Têm-se procurado desenvolver a cada época mais produtos têxteis com
características que dêem maior rendimento ao atleta, já que as características de
conforto na roupa podem interferir no resultado final, influenciando entre o desejado e o
obtido. A junção entre a ciência e a tecnologia segundo (BRAMEL, 2005) proporciona o
lançamento de artigos com propriedades superiores às dos produtos já existentes no
mercado.
     Com (HALASOVÁ, 2005), o conforto é um dos aspectos de maior interferência no
desempenho desportivo. Destarte, a palavra chave é conforto, elo entre as propriedades
e o rendimento do utilizador.


Materiais e Métodos
        O trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisas bibliográficas em livros,
revistas, artigos científicos e sites especializados na área têxtil.
        Serão produzidos tecidos de malha com fios 100% de “fibra de bambu”, algodão
orgânico, algodão orgânico colorido, liocel, PET, fibra de milho, soja e mistos, bem como
realizar ensaios físicos nessas malhas para verificar as características do produto final.


Resultados e Discussão
       A utilização do algodão orgânico pode reduzir os impactos ambientais que seu
cultivo acarreta e danos à saúde de seus agricultores. As atividades relacionadas a ele
estão crescendo a nível mundial. O liocel pode ser considerado ainda mais favorável ao
meio ambiente porque os produtos químicos utilizados no processo de fabricação põem
menos carga sobre o ambiente em relação ao algodão convencional (CHAVAN, 2004). E
em relação à redução do resíduo sólido urbano, a reciclagem de PET surge como uma
prática sustentável que pode alavancar novos empreendimentos, traduzindo-se em
geração de emprego e renda para diversos níveis da pirâmide social (VEZZÁ, 2006).
       A “fibra de bambu” apresenta propriedades intrínsecas que resultam num grande
conforto aos atletas quando combinadas com outras fibras. Além disso, a fibra é
renovável e 100% biodegradável (ALVES, 2006), fazendo com que reduza o impacto
ambiental causado pela indústria têxtil.
     Fibras de soja e milho possuem características ideais ao segmento esportivo, o fio
produzido através da fibra derivada da soja possui capacidade maior que o algodão de
absorver e transportar umidade ao meio ambiente, resistência aos raios UV muito
superior à fibra de viscose seda e algodão. Fios derivados da SPF promovem maior
conforto ao vestuário, podendo tornar-se como uma “segunda pele”. Misturas realizadas
com essa fibra também demonstraram excelentes resultados, fios de SPF com cashmere
resultaram em fios brilhosos e com toque macio semelhante ao de fibra natural, ao
misturá-la com sintéticas os fios obtiveram maior capacidade de absorção de umidade e
permeabilidade, resultando em um maior conforto no tecido e conservação da maciez da
fibra SPF, já com o algodão o tecido resultante apresentou melhor toque e leveza,
ventilação e resistência às bactérias, maior conforto, excelente na fabricação de
camisetas t-shirts e roupas esportivas (FALCETTA, 2003). O fio constituído de PLA
demonstra uma melhor capacidade de absorção e recuperação elástica do que todos os
fios sintéticos mais conhecidos atualmente, retardador de chamas, resistência à
proliferação de bactérias, baixa toxidade, propriedade hipoalérgica, fácil manutenção
(easy care). O tecido criado a partir do INGEO pode ser brilhante e fino como a seda ou
espesso como o jeans (ALVES & RUTHSCHILLING, 2008).
      Misturar fibras sintéticas ou artificiais tem sido utilizado em grande escala pela
indústria têxtil (FILGUEIRAS, 2008). Com isso, a ciência dos materiais, as tecnologias de
transformação e a integração com a tecnologia da informação possibilitam a criação de
produtos e materiais com as características e propriedades necessárias e essenciais ao
conforto do consumidor. Especialmente, na prática de esportes, essa integração se torna
imprescindível, de forma que a qualidade ergonômica no que tange conforto esportivo
poder-se-á realizar através das fibras aqui apresentadas.


Conclusão
     Atualmente, o estudo de fibras biodegradáveis se torna importante para incentivar
sua presença no mercado e consequentemente promover um desenvolvimento por meio
da sustentabilidade. Grande parte dos consumidores preocupados com essa temática
corrobora, que a qualidade do produto pode ser de grande relevância, e das
características importantes referentes ao requisito podendo citar o conforto. O estudo é
capaz de promover a diferenciação no mercado para marcas com a mesma
preocupação; desenvolvimento sustentável.
     A aliança entre as necessidades do homem e artigos têxteis que ofereçam menores
agressões ao meio ambiente atinge níveis que vão além de um produto de marketing ou
de um conceito “politicamente correto” apenas, pode realmente ajudar a mudar a
situação presente, outrossim, influenciar na construção de um futuro melhor.




Agradecimentos
        Agradeço à Reitoria da Universidade de São Paulo e à Pró-reitoria de Graduação
pela bolsa concedida para desenvolvimento deste projeto, através do programa Ensinar
com Pesquisa.


Referências
ALVES, G. J. S. & RUTHSCHILLING, E. A. Vestuário convencional: Aplicação e
comercialização de eco-têxteis. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
ALVES S. J.Gabriela da. Desenvolvimento sustentável na indústria têxtil: Estudo de
propriedades e características de malhas produzidas com fibras biodegradáveis. XXII
Congresso Nacional de Técnicos Têxteis – VIII Fenatêxtil, Recife - Brasil, 2006.
BAMBRO TEX. Experience the Unparalleled Advantages of Bamboo Fiber and Bamboo
Yarn – China Bamboo Textile Co. www.bambrotex.com. Acesso em 2/11/2008.
BRAMEL, S. Key trends in sportswear design. In: SHISHOO, R. Textiles in sport.
Flórida: Woodhead Publishing Limited, 2005.
CHAVAN, R. B. Eco-fibres and eco-friendly textiles. Department of Textile Technology,
Indian Institute of Technology, 2004.
FALCETTA, E. J. Nova geração de fios sintéticos. Revista Textília, nº. 48, 2003.
FILGUEIRAS Araguacy et al. A Importância das fibras e fios no design de têxteis
destinados à prática desportiva. 15.1 Rev. da Associação Estudos em Design. PUC-Rio,
Rio de Janeiro - Brasil, 2008.
GASI, Fernando et al. Avaliação da eficácia de materiais Têxteis no desempenho
esportivo. Revista Química Têxtil nº 91/ Junho 2008. São Paulo, Brasil.
HALASOVÁ, A. H. Transport phenomenon at barier textiles used for Sport clothing. In 4th
CENTRAL EUROPEAN CONFERENCE 2005. Czeck Republic, 2005.
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento sustentável: desafio do século XXI. Ambient. soc.,
Jul/Dez.    2004,     vol.7,     no.2,   p.214-216.   ISSN     1414-753X.      Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414753X2004000200016&script=sci_arttext.
Acesso em: 5/11/2008
SCHULTE N.K; LOPEZ, L.D. Sustentabilidade ambiental no produto de moda. In: I
Encontro de Sustentabilidade em Projeto do Vale do Itajaí. Abr. 2007.
VALLE, M.C.G et al. Uma nova geração de fibras: um estudo sobre a busca pelo conforto
e redução dos impactos ambientais. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciências Humanas.
Seropédica, RJ, EDUR, v. 26, n. 1-2, jan.- dez., 2004.
VEZZÁ C.S.B; COTAIT, P.L.A. Produção de fibras para produção de tecidos a partir da
reciclagem        de         PET.         2006.          8p.      Disponível      em:
www.poli.usp.br/d/pme2599/2006/Artigos/Art_TCC_054_2006.pdf. Acesso em: 6/11/2008
TECNOCOURO. Conforto uma exigência global. Tecnocouro 201, Vol. 25, nº 6. Agosto
2004.
ZANESCO, A. C. Com que roupa? Vida simples. São Paulo: Abril, ed.64, mar. 2008.

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Estudo sobre fibras biodegradáveis e conforto no vestuário

  • 1. A busca pelo conforto e o estudo das fibras biodegradáveis The search for comfort and the study of biodegradable fibers Bárbara Maria Gama Guimarães, Karina Mitie Takamune, Raquel Seawright Alonso, Júlia Baruque Ramos, José Jorge Boueri Filho, Regina Aparecida Sanches Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) Universidade de São Paulo (USP) São Paulo, Brasil raquel.alonso@usp.br, karina.takamune@usp.br, barbara.guimaraes@usp.br, jbaruque@usp.br, jjboueri@usp.br, regina.sanches@usp.br Abstract To designate a comfortable and high-quality product of clothing, there is a need to select the materials, like the raw fiber, yarn and fabrics. There is a growing concern in textile industry about the environment, and especially, about the comfort for costumers. Results obtained of studies with biodegradables fibers resulted of soy, corn, bamboo and cotton organic posses several characteristic that can become a bet in sustainable development. Keywords: 1.Comfort 2. Clothing 3. Biodegradable Fibers. Resumo Para designar um produto de qualidade e conforto para o vestuário, há a necessidade de selecionar materiais como fibras, fios e tecidos. Há uma crescente preocupação na indústria têxtil com o ambiente e, especialmente, sobre o conforto para os consumidores. Os resultados obtidos através de estudos com fibras biodegradáveis de soja, milho, bambu e algodão orgânico demonstraram diversas características que podem tornar-lás uma aposta no desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: 1. Conforto 2. Vestuário 3. Fibras Biodegradáveis Introdução A Indústria Têxtil sempre foi uma atividade econômica de grande relevância desde os primórdios da civilização, fazendo parte do desenvolvimento econômico e social dos povos. De acordo com (FILGUEIRAS, 2008) desde que estudiosos passaram a explorar,
  • 2. investigar e divulgar sabe-se que o homem utiliza as fibras para, no princípio, atender às necessidades básicas de proteção, pudor e/ou estética, mas com o passar do tempo a utilização das fibras se tornou tão abrangente que ultrapassou essas funções iniciais, assim, fibras têxteis são todos e quaisquer materiais fibrosos passíveis de serem fiados ou tecidos. A procura de um modo de vida sustentável torna-se cada vez mais importante para o mundo atual e ainda mais para as futuras gerações. Para (SACHS, 2004) “a sustentabilidade no tempo das civilizações humanas vai depender da sua capacidade de se submeter aos preceitos de prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza”. Atualmente, com a crescente preocupação com a consciência ambiental, são necessários cada vez mais estudos na área de desenvolvimento sustentável, incluindo o setor têxtil, pois este é um dos que mais poluem o ambiente. Fibras têxteis com baixo impacto ambiental utilizadas no vestuário Em busca de uma perspectiva ecológica alguns novos materiais já foram desenvolvidos com o intuito de diminuir os danos causados, como a produção de fibras ecológicas (CHAVAN, 2004). As principais fibras, com apelo ecológico, usadas na fabricação de têxteis são: algodão orgânico, liocel, soja, milho, fibra da viscose da celulose do bambu e fibras obtidas a partir da reciclagem de polietileno tereftalado (PET). O algodão responde por aproximadamente 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras: na tecelagem, 65% dos tecidos são produzidos a partir de fios de algodão, enquanto na Europa gira em torno de 50% (OLIVEIRA, 1995 apud ALVES, 2006). A adoção do algodão orgânico seria bastante impactante, pois sua cultura é a que mais polui e mais mata agricultores no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, no mundo existem entre 500 mil a dois milhões de vítimas de intoxicações agroquímicas, e um terço delas é de cultivadores de algodão (SCHULTE, 2007). A fibra totaliza 3% das terras cultiváveis no planeta, mas contabiliza 25% dos agrotóxicos consumidos no mundo (ZANESCO, 2008). Para que o algodão seja considerado orgânico, ele necessita ser certificado, isso garante que ele foi cultivado dentro de um conjunto mínimo de normas, no Brasil a entidade habilitada internacionalmente para conceder certificação para produtos orgânicos é o IBD – Associação de Certificação Instituto Biodinâmico.
  • 3. Além do algodão orgânico, existe outra fibra que tem baixo impacto ambiental como o liocel, nome genérico para uma fibra de celulose regenerada obtida por fiação da polpa de madeira dissolvida em um solvente orgânico, é fabricado por um processo de dissolvimento direto com N-metil morfolina-N-óxido sendo este facilmente recuperado e reciclado (CHAVAN, 2004). Outra opção viável é produção de fibras a partir da reciclagem do Polietileno Tereftalato (PET), sua utilização, na indústria têxtil, para fabricação de tecidos para diversos fins cresce a uma taxa média de aproximadamente 24% ao ano desde 1998. A fibra de poliéster tem propriedades que reduzem a tendência a amassar do tecido confeccionado, possui elevada resistência à umidade e aos agentes químicos, é não- alérgica e apresenta elevada resistência à tração. Adicionada ao algodão, gera aumento da resistência do fio, o que leva a um aumento na velocidade do processo têxtil e, por consequência, a uma maior produtividade (VEZZÁ, 2006). A fibra derivada da soja é conhecida como “fibra têxtil verde” por sua matéria-prima é renovável. Através de bioengenharia da pasta residual obtida pela extração do óleo de soja que se retira o polímero para a produção da SPF (Soybean Protein Fibre) (FALCETTA, 2003). Por ser uma fibra protéica regenerada, não é considerada de origem vegetal natural e sim, artificial, ainda assim sua produção não contamina o meio ambiente, pois após a retirada das proteínas os resíduos da pasta servem como ração para os animais. A fibra PLA (Poliláctico), extraída do milho, também pode ser considerada uma fibra sintética, pois é obtida através da polimerização do ácido láctico do milho, seu lançamento oficial se deu em janeiro de 2003, onde passou a ser chamado de INGEO (VALLE et al, 2004). O processo de desenvolvimento dessa fibra, assim como a SPF, não polui o meio ambiente, pois não são utilizados produtos químicos à base de petróleo, é considerada uma fibra biodegradável, uma vez que ao fim de sua vida útil se decompõe facilmente sem causar danos. A fibra do bambu proporciona várias características ao vestuário, tais como: transpiração (quatro vezes mais que o algodão), frieza excepcionais (secção transversal da fibra que é repleta de micro-furos e micovilosidades), capacidade termodinâmica (gelada no verão e mais quente no inverno), grande flexibilidade, não amassa, não forma pilings, a malha de bambu é suave, fluida e não cola na pele, possui propriedades bacteriostáticas naturalmente (comprovaram a diminuição de 75% no crescimento bacteriano comparado ao algodão), desodorantes do bambu são naturais da própria
  • 4. fibra, boa higroscopicidade, permeabilidade, anti-raio ultravioleta (a incidência de Raios UV na fibra de bambu é de 0.6 enquanto no algodão é de 250, o que mostra que o bambu tem a capacidade de proteger 417 vezes mais), o tecido é liso, macio como a seda, favorece a cor dos tecidos, forte função de evacuar suor, biodegradável, secagem rápida, confortável, alta durabilidade, fibra com poder regulador de temperatura. Contêm vários tipos de aminoácidos que fazem bem a pele, como a celulose e a pectina que hidratam a pele e recupera a aparência cansada. Ajuda na microcirculação. É resistente a eletricidade estática. Estas são ótimas características ao que tange conforto adquirido no vestuário (BAMBRO TEX, 2008). Para o campo da moda, é um desafio conceber novos produtos para o vestuário de acordo com um princípio sustentável, já que possui ciclos de vida curtos e seu apelo ao consumismo torna-se um entrave a tal princípio. Para o setor têxtil torna-se também um desafio, pois sua cadeia de produção é um processo poluente e que gera muitos resíduos. Todas essas iniciativas de utilização de fibras ecologicamente corretas vão além dos impactos sociais e crescimento econômico, visto que o mercado é crescente, acarretam ainda impactos sociais através do favorecimento para os pequenos produtores, assim como para as cooperativas de coleta de recicláveis. Conforto nos artigos têxteis Outro fator de grande importância, além da problemática ambiental, é o conforto. Estudos de mercado demonstram que o consumidor atual considera o conforto como um dos mais importantes atributos de tomada de decisão na compra de uma peça de vestuário (VALLE, 2004). Frente a essa necessidade, a engenharia têxtil trabalha em prol de pesquisas que aliem qualidade, sustentabilidade, funcionalidade e conforto. Relacionar as propriedades das fibras com a funcionalidade do fio é uma maneira eficaz de se obter roupas com tecnologia e melhor desempenho (GASI, 2008). Assim, ao realizar a combinação das propriedades de diversos tipos de fibras, contribui-se para a obtenção de produtos adequados a determinados usos e situações, como por exemplo, a prática esportiva. A roupa esportiva atende a necessidades do atleta quanto à proteção, conforto, segurança, performance (TECNICOURO, 2004). Desta forma, observa-se a importância
  • 5. que o vestuário reflete nas práticas esportivas, para que o atleta tenha uma melhor desenvoltura e conforto ao se movimentar. Têm-se procurado desenvolver a cada época mais produtos têxteis com características que dêem maior rendimento ao atleta, já que as características de conforto na roupa podem interferir no resultado final, influenciando entre o desejado e o obtido. A junção entre a ciência e a tecnologia segundo (BRAMEL, 2005) proporciona o lançamento de artigos com propriedades superiores às dos produtos já existentes no mercado. Com (HALASOVÁ, 2005), o conforto é um dos aspectos de maior interferência no desempenho desportivo. Destarte, a palavra chave é conforto, elo entre as propriedades e o rendimento do utilizador. Materiais e Métodos O trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisas bibliográficas em livros, revistas, artigos científicos e sites especializados na área têxtil. Serão produzidos tecidos de malha com fios 100% de “fibra de bambu”, algodão orgânico, algodão orgânico colorido, liocel, PET, fibra de milho, soja e mistos, bem como realizar ensaios físicos nessas malhas para verificar as características do produto final. Resultados e Discussão A utilização do algodão orgânico pode reduzir os impactos ambientais que seu cultivo acarreta e danos à saúde de seus agricultores. As atividades relacionadas a ele estão crescendo a nível mundial. O liocel pode ser considerado ainda mais favorável ao meio ambiente porque os produtos químicos utilizados no processo de fabricação põem menos carga sobre o ambiente em relação ao algodão convencional (CHAVAN, 2004). E em relação à redução do resíduo sólido urbano, a reciclagem de PET surge como uma prática sustentável que pode alavancar novos empreendimentos, traduzindo-se em geração de emprego e renda para diversos níveis da pirâmide social (VEZZÁ, 2006). A “fibra de bambu” apresenta propriedades intrínsecas que resultam num grande conforto aos atletas quando combinadas com outras fibras. Além disso, a fibra é renovável e 100% biodegradável (ALVES, 2006), fazendo com que reduza o impacto ambiental causado pela indústria têxtil. Fibras de soja e milho possuem características ideais ao segmento esportivo, o fio produzido através da fibra derivada da soja possui capacidade maior que o algodão de
  • 6. absorver e transportar umidade ao meio ambiente, resistência aos raios UV muito superior à fibra de viscose seda e algodão. Fios derivados da SPF promovem maior conforto ao vestuário, podendo tornar-se como uma “segunda pele”. Misturas realizadas com essa fibra também demonstraram excelentes resultados, fios de SPF com cashmere resultaram em fios brilhosos e com toque macio semelhante ao de fibra natural, ao misturá-la com sintéticas os fios obtiveram maior capacidade de absorção de umidade e permeabilidade, resultando em um maior conforto no tecido e conservação da maciez da fibra SPF, já com o algodão o tecido resultante apresentou melhor toque e leveza, ventilação e resistência às bactérias, maior conforto, excelente na fabricação de camisetas t-shirts e roupas esportivas (FALCETTA, 2003). O fio constituído de PLA demonstra uma melhor capacidade de absorção e recuperação elástica do que todos os fios sintéticos mais conhecidos atualmente, retardador de chamas, resistência à proliferação de bactérias, baixa toxidade, propriedade hipoalérgica, fácil manutenção (easy care). O tecido criado a partir do INGEO pode ser brilhante e fino como a seda ou espesso como o jeans (ALVES & RUTHSCHILLING, 2008). Misturar fibras sintéticas ou artificiais tem sido utilizado em grande escala pela indústria têxtil (FILGUEIRAS, 2008). Com isso, a ciência dos materiais, as tecnologias de transformação e a integração com a tecnologia da informação possibilitam a criação de produtos e materiais com as características e propriedades necessárias e essenciais ao conforto do consumidor. Especialmente, na prática de esportes, essa integração se torna imprescindível, de forma que a qualidade ergonômica no que tange conforto esportivo poder-se-á realizar através das fibras aqui apresentadas. Conclusão Atualmente, o estudo de fibras biodegradáveis se torna importante para incentivar sua presença no mercado e consequentemente promover um desenvolvimento por meio da sustentabilidade. Grande parte dos consumidores preocupados com essa temática corrobora, que a qualidade do produto pode ser de grande relevância, e das características importantes referentes ao requisito podendo citar o conforto. O estudo é capaz de promover a diferenciação no mercado para marcas com a mesma preocupação; desenvolvimento sustentável. A aliança entre as necessidades do homem e artigos têxteis que ofereçam menores agressões ao meio ambiente atinge níveis que vão além de um produto de marketing ou
  • 7. de um conceito “politicamente correto” apenas, pode realmente ajudar a mudar a situação presente, outrossim, influenciar na construção de um futuro melhor. Agradecimentos Agradeço à Reitoria da Universidade de São Paulo e à Pró-reitoria de Graduação pela bolsa concedida para desenvolvimento deste projeto, através do programa Ensinar com Pesquisa. Referências ALVES, G. J. S. & RUTHSCHILLING, E. A. Vestuário convencional: Aplicação e comercialização de eco-têxteis. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. ALVES S. J.Gabriela da. Desenvolvimento sustentável na indústria têxtil: Estudo de propriedades e características de malhas produzidas com fibras biodegradáveis. XXII Congresso Nacional de Técnicos Têxteis – VIII Fenatêxtil, Recife - Brasil, 2006. BAMBRO TEX. Experience the Unparalleled Advantages of Bamboo Fiber and Bamboo Yarn – China Bamboo Textile Co. www.bambrotex.com. Acesso em 2/11/2008. BRAMEL, S. Key trends in sportswear design. In: SHISHOO, R. Textiles in sport. Flórida: Woodhead Publishing Limited, 2005. CHAVAN, R. B. Eco-fibres and eco-friendly textiles. Department of Textile Technology, Indian Institute of Technology, 2004. FALCETTA, E. J. Nova geração de fios sintéticos. Revista Textília, nº. 48, 2003. FILGUEIRAS Araguacy et al. A Importância das fibras e fios no design de têxteis destinados à prática desportiva. 15.1 Rev. da Associação Estudos em Design. PUC-Rio, Rio de Janeiro - Brasil, 2008. GASI, Fernando et al. Avaliação da eficácia de materiais Têxteis no desempenho esportivo. Revista Química Têxtil nº 91/ Junho 2008. São Paulo, Brasil. HALASOVÁ, A. H. Transport phenomenon at barier textiles used for Sport clothing. In 4th CENTRAL EUROPEAN CONFERENCE 2005. Czeck Republic, 2005. SACHS, Ignacy. Desenvolvimento sustentável: desafio do século XXI. Ambient. soc., Jul/Dez. 2004, vol.7, no.2, p.214-216. ISSN 1414-753X. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414753X2004000200016&script=sci_arttext. Acesso em: 5/11/2008
  • 8. SCHULTE N.K; LOPEZ, L.D. Sustentabilidade ambiental no produto de moda. In: I Encontro de Sustentabilidade em Projeto do Vale do Itajaí. Abr. 2007. VALLE, M.C.G et al. Uma nova geração de fibras: um estudo sobre a busca pelo conforto e redução dos impactos ambientais. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciências Humanas. Seropédica, RJ, EDUR, v. 26, n. 1-2, jan.- dez., 2004. VEZZÁ C.S.B; COTAIT, P.L.A. Produção de fibras para produção de tecidos a partir da reciclagem de PET. 2006. 8p. Disponível em: www.poli.usp.br/d/pme2599/2006/Artigos/Art_TCC_054_2006.pdf. Acesso em: 6/11/2008 TECNOCOURO. Conforto uma exigência global. Tecnocouro 201, Vol. 25, nº 6. Agosto 2004. ZANESCO, A. C. Com que roupa? Vida simples. São Paulo: Abril, ed.64, mar. 2008.