Este documento analisa e compara dois desfiles de moda, um do designer brasileiro Samuel Cirnansck e outro da designer londrina Alberta Ferretti. Ambos os desfiles apresentaram silhuetas retangulares e pouca variação nos penteados e maquiagem das modelos. Apesar de serem realizados em locais diferentes, os desfiles não trouxeram nada realmente novo e inovador, servindo apenas como espetáculos de marketing que imitam um ao outro sem criatividade.
1. CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
Programa de Pós-graduação em Criação de Imagem e Styling de Moda
Paper
“Análise de desfile”
Cauê Braga Chianca
São Paulo, Janeiro de 2014
2. Buscar-se-á neste paper analisar e discutir dois desfiles de moda, sendo um deles
o da Designer londrina Alberta Ferretti e outro do designer brasileiro Samuel Cirnansck.
Apesar de o desfile não passar de uma mera campanha publicitária, é por vezes
demasiadamente romanceado de modo que o estilista é tido como um grande criador,
inovador e etc. Entretanto não seria muito aqui apontar que a moda contemporânea não
passa da reinvencionice, uma forma de reconsagrar aquilo que há muito foi consagrado
inexistindo, portanto, qualquer criação. Talvez isso dê pelo medo de que o mercado não
aceitará grandes mudanças em produtos, ou simplesmente pela impossibilidade técnica
que os designer têm em efetivamente criar, de forma que se apropriam de discursos de
outras artes para retrata-las em suas coleções.
Os desfiles têm sido cada vez mais performances disneylândicas do que
propriamente uma apresentação de criações. Diferente do marketing, que assume
claramente seu papel no mercado e no âmbito acadêmico, que é o de fidelizar o
consumidor e gerar vendas, os operadores da moda covardemente ignoram essa posição
a fim de transparecer o domínio de um conteúdo que, via de regra, é sempre ausente
neste tipo de atividade.
Posto isso, far-se-á aqui a análise do designer Samuel, quando do seu desfile de
verão 2014.
Segundo o designer ele teria se inspirado por: “Da Indonésia, a febre das flores;
da Holanda, o perfume das flores”.
3. É possível notar que neste desfile existe a predominância das cores amarela,
dourado e branca. Além disso há, também, predominante a forma da silhueta retangular,
conforme pode-se verificar na imagem abaixo.
4. No Brasil, nota-se, que os desfiles seguem a mesma padronagem nas modelos de
uma marca, assim como nos desfiles de outros designer. Não é possível ter a percepção
de grandes diferenças de hair e make, o que representa o retrato da moda nacional, a
qual não se reinventa, apesar dos parecer dos apedeutos que se intitulam especialistas na
área e se utilizam de sua penetração midiática para PRODUZIR notícias e, como um
aparelho ideológico, imbuir a percepção destorcida naqueles que acompanham as
publicações de seu veículo.
Já no caso da designer Alberta
5. Neste desfile é evidente a predominância da forma de silhueta retangular e
triângulos, com a predominância do branco e cores vermelhas.
Na diferente do outro desfile aqui apresentado, esse não tem grandes variações
de hair e make, sendo que as modelos são apresentadas com o cabelo preso, ou curto, e
a maquiagem com cores naturais, possivelmente por se tratar de uma coleção de trajes
de verão.
Apesar da passarela ser em formato curvilíneo, não se identificou nada diferente
do formato que predomina os desfiles do mundo.
Assim, conclui-se que independentemente do espaço-tempo em que estes shows
são armados, não passam de mais do mesmo. Sobretudo no momento do presente onde
grandes crises assolam muitos países e, inclusive, as classes que consomem luxo,
deixando o espetáculo cada vez mais simples.
Como Imanuel Kant elucidava já no século 18, a explicar que a moda é: “Forma
de imitação baseada na vaidade, porquanto ninguém quer parecer inferior aos outros,
mesmo nas coisas que não tem utilidade alguma”.