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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA
CONTRIBUIÇÃO À DISCUSSÃO DA PROPOSTA
PEDAGÓGICA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO
Cencita Maria Pereira
RESUMO
Em educação busca-se, cada vez mais, conhecer métodos e práticas
educativas que sejam mais adequadas à realidade cultural e que
atendam ao nível de subjetividade de jovens e adultos. Nesse sentido, o
presente artigo objetiva pesquisar as linhas de ações desenvolvidas pelo
Departamento de Jovens e Adultos (EJA) do Paraná, no período de 2003
a 2006, no que se refere à proposta pedagógica atualmente vigente.
Alia-se ao acima exposto, o que determina o Parecer nº 11/00 da
CEB/CNE ao enfatizar que a educação de jovens e adultos objetiva criar
situações de ensino-aprendizagem adequados às necessidades desse
alunado, assegurando-lhes oportunidades apropriadas. Deste modo,
será possível após pesquisas, verificar os possíveis avanços e
retrocessos que ocorreram no seu processo de implementação, com
destaque para a estrutura da organização dos tempos e espaços
previstos para a aprendizagem dos alunos.
PALAVRAS-CHAVE:
Metodologia de ensino, Educação de Jovens e Adultos, organização
tempo e espaço escolar.
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como enfoque a Educação de Jovens e
Adultos (EJA) no Estado do Paraná, ou seja, examinar, estudar,
aprofundar as condições de oferta dessa modalidade de ensino os
métodos de ensino-aprendizagem, cujo entorno social considera jovens,
adultos e idosos, desenvolvendo suas capacidades, enriquecendo seus
conhecimentos e melhorando suas competências ou as orientando a fim
de atender suas próprias necessidades e as da sociedade.
A educação de Adultos compreende a educação formal e permanente, a
educação não formal e toda a gama de oportunidades de educação
informal e ocasional existentes em uma sociedade educativa e
multicultural, na qual se reconhecem os enfoques baseados na prática.
(Art. 3ª da Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos).
O interesse pelo estudo surgiu a partir das novas linhas de ações
desenvolvidas pelo Departamento de Jovens e Adultos (DEJA) no
Paraná, implantadas a partir de 2005, modificando o que vinha sendo
feito até então.
Os cursos de escolarização de Jovens e adultos ofertados pela
DEJA-SEED, até 2005 estavam organizados na forma presencial e semi-
presencial, sendo os semi presenciais ofertados exclusivamente pelos
Centros de Educação de Jovens e Adultos – CEEBJA – no Ensino
Fundamental – fase I e II. No Ensino Médio eram ofertados com
matrícula por disciplina e estruturados em momentos presenciais e não
presenciais. Da carga total do curso, 30% era utilizada na forma
presencial e 70% na forma não presencial.
Atualmente a proposta contempla 100% da carga horária total do curso
na forma presencial (1.200 ou 1.440 h/a). A matrícula dos educandos
pode ser feita a qualquer tempo, tanto na organização que prevê
atendimento coletivo como a que atende os alunos na forma
individualizada.
Desse modo questiona-se a oferta, somente, na forma presencial.
Essa oferta atende as expectativas e necessidades de formação
pretendidas pelos alunos da EJA?
Partindo-se do pressuposto de que a oferta com momentos não
presenciais o aluno tem tempo/espaço para complementar sua
aprendizagem, exercitar seu autodidatismo, a auto independência
intelectual, participando da construção do seu saber, contando sempre
que necessário com a orientação de professores disponíveis para este
fim , para orientá-lo em todas as suas dúvidas de aprendizagem.
Outro ponto relevante refere-se ao tempo diferenciado do
currículo da EJA em relação ao tempo do currículo regular, o que não
significa que o conteúdo seja trabalhado de forma precarizada ou
aligeirada e sim, que o conteúdo seja abordado integralmente, porém
levando-se em consideração os saberes adquiridos na história de vida
dos educandos e que, além disso, o aluno adulto tem maior clareza do
porquê e do para quê estudar, o que certamente colabora para aumento
de sua motivação.
Este estudo tem por finalidade contribuir para repensar as
práticas pedagógicas vigentes, reforçando os princípios adotados pelo
DEJA, ao dizer que essas linhas de ação fazem parte de um processo
dialógico, tendo a prática pedagógica dos educadores e seus processo
de formação permanente como espaços fundamentais de reflexão,
reescrita e atualização do documento, no intiuito de construir uma
educação de qualidade para todos.
Também pretende, na medida em que analisa profundamente a
proposta atual, servir de subsídio a um repensar dessa escolha,
relacionando-a aos objetivos da EJA previstos na legislação.
1- PERFIL DOS EDUCANDOS DA EJA
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação
Básica que se propõe a atender a um público ao qual foi negado o
direito à educação durante a infância e/ou adolescência, seja pela falta
de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino, ou pelas suas
condições sócio-econômicas desfavoráveis.
Para que se considere a EJA como uma modalidade educativa
inscrita no campo do direito, faz-se necessário superar uma concepção
dita compensatória, cujos principais fundamentos são a de recuperação
de um tempo de escolaridade perdido no passado e também a idéia de
que o tempo apropriado para o aprendizado é a infância e a
adolescência. Nesta perspectiva, é preciso buscar uma concepção mais
ampla das dimensões tempo/espaço de aprendizagem, na qual
educadores e educandos estabeleçam uma relação mais dinâmica com o
entorno social e com as suas principais questões, considerando que a
juventude e a vida adulta são também tempos de aprendizagens. Os
artigos 1o e 2o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -
LDBEN - de 1996, fundamentam essa concepção enfatizando a
educação como direito que se afirma independente do limite de idade.
Para que possamos estabelecer com clareza a parcela da
população a ser atendida pela modalidade EJA, é fundamental refletir
sobre o seu público, suas características e especificidades. Tal reflexão
servirá de base para a elaboração de processos pedagógicos específicos
para esse público. São homens e mulheres, trabalhadores/as
empregados/as e desempregados/as ou em busca do primeiro emprego;
filhos, pais e mães; moradores urbanos de periferias, favelas e vilas.
São sujeitos sociais e culturalmente marginalizados nas esferas
socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e
aos bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais
ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura. Vivem no mundo
urbano, industrializado, burocratizado e escolarizado, em geral
trabalhando em ocupações não qualificadas. Portanto, trazem a marca
da exclusão social, mas são sujeitos do tempo presente e do tempo
futuro, formados pelas memórias que os constituem enquanto seres
temporais. São, ainda, excluídos do sistema de ensino, e apresentam em
geral um tempo maior de escolaridade devido a repetências
acumuladas e interrupções na vida escolar. Muitos nunca foram à
escola ou dela tiveram que se afastar, quando crianças, em função da
entrada precoce no mercado de trabalho, ou mesmo por falta de
escolas.
São, ainda, excluídos do sistema de ensino, e apresentam em
geral um tempo maior de escolaridade devido a repetências
acumuladas e interrupções na vida escolar. Muitos nunca foram à
escola ou dela tiveram que se afastar, quando crianças, em função da
entrada precoce no mercado de trabalho, ou mesmo por falta de
escolas. “Jovens e adultos que quando retornam à escola o fazem
guiados pelo desejo de melhorar de vida ou por exigências ligadas ao
mundo do trabalho. São sujeitos de direitos, trabalhadores que
participam concretamente da garantia de sobrevivência do grupo
familiar ao qual pertencem" (BRASIL/MEC-2000).
Assim, considerar a heterogeneidade desse público, quais seus
interesses, suas identidades, suas preocupações, necessidades,
expectativas em relação à escola, suas habilidades, enfim, suas
vivências, torna-se de suma importância para a construção de uma
proposta pedagógica. Para tanto é fundamental perceber quem é esse
sujeito com o qual convivemos cotidianamente, para que os conteúdos a
serem trabalhados façam sentido, tenham significado e, sobretudo,
sejam elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o pelo
domínio de conhecimentos que o habilite para uma intervenção
significativa na sua realidade.
ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA EJA
A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil,está ligada à
história da educação popular em geral, sendo considerada como parte
integrante da problemática mais ampla da educação popular. Desta
forma é pertinente a explanação feita logo no início do 3º Capítulo do
Parecer CNE/CEB nº 11/2000, referindo-se as leis como resultado de
conflitos históricos-sociais que expressam a multiplicidade das forças
sociais não apenas como decisões de legisladores específicos. Ou seja,
as mudanças nas leis, no decorrer da história da educação, quer sejam
de maneira a contribuir para um avanço quer para retroceder em
pontos importantes, devem ser compreendidas conforme os conflitos
sociais de cada período histórico. Os “movimentos educativos”, como
tão bem coloca PAIVA (1983), “refletem basicamente as condições
sociais, econômicas e políticas dessa sociedade”.
Conforme expõe PAIVA
...no Brasil,devemos levar em consideração a precária formação
cultural do profissional de nossas elites, bem como seu
acompanhante preferido: a pretensão intelectual. A educação, por
isso mesmo, sofreu especialmente em virtude de carência de
quadros técnicos, da tradição dos pareceres surgidos de fora do
campo especializado e do seu próprio caráter de prática social, que
ajudaram a difundir a idéia de que, sobre ela, todos são igualmente
capazes de opinar e decidir (1983, p .24)
Os fatores que contribuíram para as várias modificações de
perspectivas que a educação popular, e conseqüentemente a EJA,
sofreu desde o início, são bastante complexos, portanto será dado maior
ênfase às últimas décadas do século XX, aproximando-se das mudanças
mais atuais.
Sobre as modificações e reformas educacionais que ocorreram nas
últimas décadas do século XX, é interessante lembrar o que cita o
Parecer CEB nº 11/2000, “...é no interior de reformas autoritárias,
como foi o caso das Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, e desta
modernização conservadora que o ensino supletivo terá suas bases
legais específicas (BRASIL, 2000, p. 13).
É com a lei 5692/1971 (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação) que se encontra a primeira tentativa de articular
sistematicamente as experiências de Educação de Adultos e Ensino
Fundamental e Médio. Nessa mesma Lei, o ensino supletivo ganha um
capítulo próprio (Capítulo IV) com cinco artigos. Os cursos seriam
organizados dentro dos sistemas estaduais e poderiam acontecer por
correspondência, à distância ou por outros meios adequados; os exames
seriam feitos em estabelecimentos oficiais e reconhecidos; as entidades
particulares que recebiam auxílio ou subvenções do Poder Público
deveriam colaborar, promovendo cursos e outras atividades educativo-
culturais para adolescentes e adultos do ensino supletivo.
Na década de 80 o processo de abertura política, embora lento,
refletiu de maneira direta na organização de atividades no campo
educacional. É o período em que houve uma grande movimentação em
busca de mudanças sociais, inclusive na educação.
Foi a partir desse período que se iniciaram a “sistematização das
pedagogias de natureza dialética”, com nomes como Moacir Gadotti
(Pedagogia Dialética), José Carlos Libâneo (Pedagogia Crítico-Social
dos Conteúdos) e Dermeval Saviani (Pedagogia Histórico Crítica) entre
outros, que segundo CASÉRIO (2003, p. 32-33),“começam a dar
respostas em termos teóricos, e vão orientar a militância política das
associações, mas com atuação política na construção da educação
brasileira”.
É nesse cenário da segunda metade da década de 80 – com a
retomada da participação popular e, mais enfaticamente, com o fim do
período ditatorial e com a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso
Nacional – que é aprovada, pela Assembléia Constituinte, a Constituição
Federal de l988.
Esse movimento Constituinte assinala, no âmbito
educacional, a possibilidade de realização das mudanças necessárias à
educação brasileira, com vistas a ampliar o dever do estado com a
educação básica para toda a população, incluindo, num mesmo nível de
importância, tanto a educação das crianças e adolescentes, como a dos
que apresentam uma defasagem série/idade e, também, das pessoas
jovens e adultas que não tiveram acesso à escolarização. Além disso, a
Constituição apresentava, como meta, o prazo de dez anos após sua
promulgação para que o país conquistasse a universalização do ensino
fundamental e superasse as barreiras impostas pelo analfabetismo.
Na Constituição Federal de 1988, vale ressaltar ainda que,
no capítulo referente à educação, Capítulo III – Da educação, da cultura
e do desporto, destaca nos artigos 205 a 212 a educação como direito
de todos, com igualdade de acesso permanência gratuita da população
nas unidades escolares e com conteúdos mínimos fixados
nacionalmente, garantindo-se um padrão de qualidade, com o ensino
fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para jovens e adultos que
a ele não tiveram acesso anteriormente, propondo, ainda, a ampliação
dessa gratuidade ao ensino médio.
Em relação ao financiamento, esta Constituição define que
as verbas públicas deveriam se destinar, prioritariamente à educação
pública e, a partir da necessidade do estabelecimento de políticas
educacionais, possibilita uma reforma nessa Carta, o que vai ocorrer
com a Emenda Constitucional nº 14/96, que cria o Fundo de
Desenvolvimento e Manutenção do Ensino Fundamental e Valorização
do Magistério – FUNDEF. Este Fundo, ao redistribuir os recursos da
educação, reduz o investimento da União e exclui a Educação Infantil, a
Educação de Jovens e Adultos e o Ensino Médio, além de incentivar um
processo de municipalização ao transferir as dotações orçamentárias
para os municípios.
Considerando-se a educação de jovens e adultos, segmento
central para este trabalho, vale ressaltar que no momento da aprovação
da Constituição de 1988, a responsável pela política de erradicação do
analfabetismo, em nível federal, é a Fundação Educar. Atuando
especificamente na área da educação de jovens e adultos,a Fundação
EDUCAR pretendia, a médio ou a longo prazo, erradicar ou reduzir
significativamente o analfabetismo, através da inclusão da população
analfabeta nas redes oficiais de ensino, orientando-se a partir do
modelo administrativo da antiga Fundação MOBRAL.
Conforme HADDAD, DI PEIRRÔ :
Se em muitos sentidos a Fundação EDUCAR representou a
continuidade do MOBRAL, deve-se computar como mudanças
significativas a sua subordinação à estrutura do MEC e a
transformação em órgão de fomento e apoio técnico, ao invés de
instituição de execução direta. Houve uma descentralização das
suas atividades, apoiando técnica e financeiramente iniciativas
de educação básica de jovens e adultos conduzidas por
prefeituras municipais ou instituições da sociedade civil (1994, p.
54)
Juntamente com o MEC, a EDUCAR organiza para o ano de
1990 o Ano Internacional de Alfabetização. A Comissão formada para a
organização deste ano comemorativo fora instituída pelo então
presidente da república, José Sarney, através do decreto nº 97.219/88.
Essa mesma comissão seria desarticulada dois anos depois com a
extinção, pelo governo Collor, da Fundação EDUCAR, através da
medida Provisória nº 251. Esse processo reforça a imagem já
construída na política brasileira e que se constituía como um temor: de
que interferências políticas acabam com projetos existentes
A década de 90 é marcada, então, por uma tendência a
difundir, junto a população brasileira, a concepção de que a luta pelos
interesses individuais precisa se sobrepor à coletividade. Diante disso,
são as novas formas de organização do capital, sintonizadas com todo o
processo de reestruturação das forças produtivas e com a divisão
internacional do trabalho, que dão a tônica às relações estabelecidas
nos aspectos sociais, econômicos, políticos e educacionais da sociedade
brasileira. É esse redimensionamento da organização da sociedade que
baliza o governo Collor, centrado nos princípios do neoliberalismo.
Apesar do governo Collor se iniciar em 1990, cabe salientar
que as discussões da construção do projeto político-pedagógico da lei
de Diretrizes e Bases da Educação nacional – LDB – com a comunidade
organizada vinham sendo realizadas desde 1988. Após oito anos de
tramitação e passando por quatro relatores, foi aprovada em dezembro
de l996, a lei nº 9394, já no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Após oito anos de tramitação no Congresso Nacional, em
fevereiro de 1996, o Plenário do Senado aprova a última versão da LDB.
Embora o título da seção que trata da educação de jovens e adultos no
texto da nova LDB, Lei 9394/96 - seja Educação de Jovens e Adultos,
diferentemente do título da Lei nº 5692/71 que era Ensino Supletivo, o
conteúdo de ambas as leis muda muito pouco, tendo em vista a ênfase
nos cursos e exames supletivos.
No artigo nº 37 ,Parágrafo 2º da Lei 9394/96, embora esteja
previsto “o poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e
complementares entre si”, estas ações não são tão explicitadas na lei.
É importante considerar que o projeto educacional
apresentado e defendido pelo governo Collor priorizava investir na
educação de crianças, desprestigiando, conseqüentemente, a educação
das pessoas jovens e adultos. É nesse sentido que, José Goldemberg,
terceiro Ministro da Educação do governo Collor declara que os adultos
já conquistaram seu patamar na sociedade – seja em condições de
emprego ou de subemprego – ao considerar que é fundamental investir
na alfabetização dos mais jovens e no ensino fundamental das crianças,
conforme transcrevemos:
O adulto analfabeto já encontrou seu lugar na sociedade. Pode não
ser um bom lugar, mas é o seu lugar. Vai ser pedreiro, vigia de
prédio, lixeiro ou seguir outras profissões que não exijam
alfabetização. Alfabetizar o adulto não vai mudar muito sua posição
dentro da sociedade e pode até perturbar. Vamos concentrar os
nossos recursos em alfabetizar a população jovem. Fazemos isso
agora, em dez anos desaparece o analfabetismo (Jornal do
Comércio, p.7, 12/03/ 91).
Neste período é importante considerar a significativa
influência dos organismos internacionais nos planos político e
econômico, a propagação do discurso da qualidade total em educação, a
exigência de inserção da educação nos paradigmas da modernidade.
Segundo GENTILI
Na América Latina (em especial nos casos argentino, brasileiro e
chileno) o discurso da qualidade referente ao campo educacional
começou a desenvolver-se em fins da década de 80 como contra face
do discurso da democratização(...) esta operação foi possível – em
parte – devido ao fato dos discursos hegemônico sobre a qualidade
terem assumido o conteúdo que este conceito produz no campo
produtivo, imprimindo aos debates e às propostas políticas do setor
um claro sentido mercantil de conseqüências dualizadoras e
antidemocráticas (1995, p.115)
No que se refere à Educação de Jovens e Adultos, notamos
que, mais uma vez, a descontinuidade nas políticas deixa registrado o
receituário dos organismos internacionais para a educação, atrelando-a
ao mercado e transferindo-a para a esfera privada.
Em 1991, diante do agravamento da crise do governo Collor
no plano político, no cenário educacional tenta-se restabelecer um
programa de alfabetização que contemple a redução do analfabetismo.
Essa iniciativa se configura pelo programa Minha Gente e do Plano
Nacional de Alfabetização e Cidadania, que tinha por objetivo reduzir
em 70% o número de analfabetos no Brasil, universalizar o acesso ao
ensino fundamental e viabilizar a participação do MEC no Programa
Brasileiro de Qualidade. No entanto, de maneira geral, esses
documentos não passaram de um projeto de intenções.
Em 1992 , já no governo de Itamar Franco, tenta-se reverter
a imagem negativa deixada pelo governo anterior, inclusive no que se
refere a educação de jovens e adultos, sendo estabelecidas algumas
comissões com a tarefa de discutir a política educacional de jovens e
adultos no Plano Decenal de Educação para Todos,no Projeto de Lei
LDB e na construção de um documento específico da área, em 1994.
Em relação à educação de jovens e adultos o Plano Decenal,
conforme considera DI PIERRÔ
Reconhece a importância da educação básica para
jovens e adultos e coloca metas ambiciosas de
atendimento prioritário à população de 15 a 29 anos;
propõe-se alfabetizar 3,7 dos 17,5 milhões de
analfabetos e prover escolaridade básica a 4,6 dos 18,8
milhões de jovens e adultos de quatro anos de estudos
(1992, p. 27).
Já em 2003, no governo Lula, por meio do Ministério da
Educação – MEC, elegeu como prioridades ações para democratizar o
acesso à educação em todos os níveis, por meio da continuidade do
programa Brasil Alfabetizado, e da formulação de legislações visando à
implantação de uma reforma universitária e a criação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB.
O Programa Brasil Alfabetizado apresenta avanços em
relação às campanhas e programas de alfabetização promovidos no País
desde a década de 1940 e especificamente em relação ao Alfabetização
Solidária, única iniciativa do governo federal entre 1998 e 2002.
Inicialmente, deve-se valorizar o fato de ser um programa de iniciativa
de governo, ao contrário do programa anterior, que punha na mão da
sociedade civil a responsabilidade por um direito que só pode ser
realizado pela ação efetiva do Estado. Porém, os recursos destinados
são insuficientes para atingir a meta anunciada. Entidades, ONGs e a
sociedade também realizaram projetos de alfabetização.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
(Fundeb), também deve substituir o Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef), implantado
a partir de 1998 com o objetivo de financiar apenas o ensino
fundamental para as pessoas de 7 a 14 anos, excluindo todos os demais
níveis e modalidades da educação básica, como o ensino infantil e
médio, e a educação de jovens e adultos.
Com a criação do Fundeb, a previsão é de que sejam atendidos
mais de 47 milhões de estudantes, matriculados na educação infantil,
no ensino fundamental e médio das redes municipais e estaduais, em
todas as modalidades de ensino (educação de jovens e adultos,
educação especial, educação indígena, educação profissional e
educação do campo).
A Emenda Constitucional Nº 53 , aprovada em 06 de dezembro
de 2006, aprovou o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação e
tem por objetivo proporcionar a elevação e uma nova distribuição dos
investimentos em educação.
Com as modificações que o Fundeb oferece, este novo Fundo atenderá
não só o Ensino Fundamental [6/7 a 14 anos], como também a
Educação Infantil [0 a 5/6 anos], o Ensino Médio [15 a 17 anos] e a
Educação de Jovens e Adultos, esta destinada àqueles que ainda não
têm escolarização.
O Fundef, tinha a perspectiva de investir e proporcionar a
unversalização do atendimento apenas quanto ao Ensino Fundamental
nas modalidades regular e especial, ao passo que o Fundeb vai
proporcionar a garantia da Educação Básica a todos os brasileiros, da
creche ao final do Ensino Médio, inclusive àqueles que não tiveram
acesso à educação em sua infância.
PROPOSTA PEDAGÓGICO-CURRICULAR EJA
No Estado do Paraná, no que se refere a EJA, as diretrizes
político-pedagógicas desenvolvidas pelo Departamento de Educação de
Jovens e Adultos, segundo os princípios assumidos pela Secretaria de
Estado da Educação do Paraná, na Gestão 2003-2006 são, em linhas
gerais, a implementação da EJA como política pública e gratuita, a
oferta de alfabetização e da continuidade de escolarização na medida
necessária para atender ao seu público nos espaços e demandas
específicas, o atendimento ao perfil dos educandos jovens, adultos e
idosos, a qualidade pedagógica de suas escolas, o estabelecimento de
critérios isonômicos, públicos e transparentes para o funcionamento de
todas as escolas de EJA.
Conforme relatório disponível no site www.deja.pr.gov.br , há a
apresentação em tópicos distintos das linhas de ação, estas, na prática,
são inseparáveis. Este site foi disponibilizado para todas as escolas
estaduais da EJA, para estudos.
A referência para a construção dessas Diretrizes foram os
educandos jovens, adultos e idosos, enquanto sujeitos de conhecimento
e aprendizagem, sua história e condição sócio-econômica, sua posição
nas relações de poder, sua diversidade étnico-racial, territorial, e
cultural, dentre outras. Estas Diretrizes, possibilitaram a constituição
do novo currículo da Educação de Jovens e Adultos nas escolas de EJA
do Paraná.
Porém, precisa de constante reavaliação, para que possa ser
comprovada sua eficiência.
Os cursos de escolarização de jovens e adultos ofertados pela
SEED/DEJA
até 2005 se organizavam nas formas presencial e semipresencial. Esta
organização curricular encontra-se em cessação gradativa, ensino
fundamental - fase I e fase II e do ensino médio, com matrícula por
disciplina.
A proposta pedagógico-curricular de EJA, vigente a partir de
2006, contempla cem por cento da carga horária total na forma
presencial (1200h ou 1440h/a), com avaliação no processo. A matrícula
dos(as) educandos(as) é feita por disciplina e pode se dar a qualquer
tempo, na organização coletiva e/ou individual. A organização coletiva
destina-se, preferencialmente, àqueles que têm a possibilidade de
freqüentar com regularidade as aulas, a partir de um cronograma pré-
estabelecido.
A organização individual destina-se, preferencialmente, àqueles
que não tem possibilidade de freqüentar com regularidade as aulas,
como por exemplo, um caminhoneiro ou um trabalhador que troca de
turno ou um trabalhador rural que necessita, para voltar a estudar,
conciliar os ciclos de plantio e de colheita com a escolarização.
Com relação aos conteúdos cabe destacar que concebemos como
estruturantes na modalidade EJA os mesmos da modalidade regular,
nos níveis fundamental e médio, porém com encaminhamento
metodológico diferenciado, considerando as especificidades dos(as)
educandos(as) da EJA, ou seja, o tempo curricular, ainda que diferente
daquele estabelecido para o ensino regular, contempla o mesmo
conteúdo. Isso se deve ao fato de que o público adulto possui uma
bagagem cultural e de conhecimentos adquiridos em outras instâncias
sociais, uma vez que a escola não é o único espaço de produção e
socialização de saberes. Assim, é possível tratar do mesmo conteúdo de
formas e em tempos diferenciados, tendo em vista as experiências e
trajetórias de vida dos educandos da EJA.
É fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual lidamos
para que os conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham
significado, sejam elementos concretos na sua formação,
instrumentalizando-o para uma intervenção significativa na sua
realidade, desta forma essas mudanças nas diretrizes curriculares
devem ser avaliadas pelos alunos e professores para que tenhamos uma
noção se as mesmas estão contribuindo ou impedindo a escolarização
aos educandos da EJA.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por isso a escolarização de Jovens e Adultos não pode ser
feita de cima para baixo, nem de fora para dentro, com regras pré-
estabelecidas partindo de gabinetes, com base principalmente em
repasse de verbas. É preciso refletir sobre as necessidades desses
educandos com relação a aprendizagem e também com relação ao
tempo escolar, sugerindo propostas que ampliem as condições de
permanências desses alunos no processo ensino-aprendizagem e que
não simplesmente os excluam novamente. Após a intervenção que
ocorrerá no âmbito escolar do CEEBJA de Rio Negro (Pr), haverá dados
suficientes para a análise desta metodologia, determinando o que vem
ocorrendo de positivo e de negativo dentro da Proposta.
REFERÊNCIAS
CASERIO, Vera Mariza Regino. A Administração da educação de
adultos em Bauru (1985-1988): relato de uma experiência Piracicaba:
1996. 162 f. BBE. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de
Pós-Graduação em Educação, Universidade Metodista de Piracicaba.
Orientador: João dos Reis Silva Júnior.
GENTILI, Pablo, A Falsificação do Consenso: simulacro e imposição
na reforma educacional do neoliberalismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1988.
HADDAD, Sérgio. A educação de pessoas jovens e adultas e a nova
LDB. In
HADDAD, Sérgio & DI PIERRO, Maria Clara. Diretrizes de Política
Nacional de Educação de Jovens e Adultos. Consolidação de
documentos 1985/1994. São Paulo, agosto 1994. (mimeo)
KUENZER, A. Z. . Competência como Práxis: os dilemas da relação
entre teoria e prática na educação dos trabalhadores. Boletim técnico
do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30, p. 81-93. 2004.
BRASIL , lei de diretrizes e bases da educação nacional: texto
aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto da CD/com
comentários de Demerval Saviani. São Paulo:Cortez, 1990.
PIERRO, Maria Clara Di. Educação de Jovens e Adultos no Brasil:
questões face às políticas públicas recentes. Brasília:INEP/MEC, 1992.
PAIVA, Jane (orgs.). Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro:
DP&A, 2004.
PAIVA, V. P. Educação Popular e Educação de Adultos. 2. ed. São
Paulo : Loyola, 1983.

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Educação de jovens e adultos: uma proposta pedagógica

  • 1. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA CONTRIBUIÇÃO À DISCUSSÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO Cencita Maria Pereira RESUMO Em educação busca-se, cada vez mais, conhecer métodos e práticas educativas que sejam mais adequadas à realidade cultural e que atendam ao nível de subjetividade de jovens e adultos. Nesse sentido, o presente artigo objetiva pesquisar as linhas de ações desenvolvidas pelo Departamento de Jovens e Adultos (EJA) do Paraná, no período de 2003 a 2006, no que se refere à proposta pedagógica atualmente vigente. Alia-se ao acima exposto, o que determina o Parecer nº 11/00 da CEB/CNE ao enfatizar que a educação de jovens e adultos objetiva criar situações de ensino-aprendizagem adequados às necessidades desse alunado, assegurando-lhes oportunidades apropriadas. Deste modo, será possível após pesquisas, verificar os possíveis avanços e retrocessos que ocorreram no seu processo de implementação, com destaque para a estrutura da organização dos tempos e espaços previstos para a aprendizagem dos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Metodologia de ensino, Educação de Jovens e Adultos, organização tempo e espaço escolar.
  • 2. INTRODUÇÃO O presente estudo tem como enfoque a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Estado do Paraná, ou seja, examinar, estudar, aprofundar as condições de oferta dessa modalidade de ensino os métodos de ensino-aprendizagem, cujo entorno social considera jovens, adultos e idosos, desenvolvendo suas capacidades, enriquecendo seus conhecimentos e melhorando suas competências ou as orientando a fim de atender suas próprias necessidades e as da sociedade. A educação de Adultos compreende a educação formal e permanente, a educação não formal e toda a gama de oportunidades de educação informal e ocasional existentes em uma sociedade educativa e multicultural, na qual se reconhecem os enfoques baseados na prática. (Art. 3ª da Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos). O interesse pelo estudo surgiu a partir das novas linhas de ações desenvolvidas pelo Departamento de Jovens e Adultos (DEJA) no Paraná, implantadas a partir de 2005, modificando o que vinha sendo feito até então. Os cursos de escolarização de Jovens e adultos ofertados pela DEJA-SEED, até 2005 estavam organizados na forma presencial e semi- presencial, sendo os semi presenciais ofertados exclusivamente pelos Centros de Educação de Jovens e Adultos – CEEBJA – no Ensino Fundamental – fase I e II. No Ensino Médio eram ofertados com matrícula por disciplina e estruturados em momentos presenciais e não presenciais. Da carga total do curso, 30% era utilizada na forma presencial e 70% na forma não presencial. Atualmente a proposta contempla 100% da carga horária total do curso na forma presencial (1.200 ou 1.440 h/a). A matrícula dos educandos pode ser feita a qualquer tempo, tanto na organização que prevê atendimento coletivo como a que atende os alunos na forma individualizada.
  • 3. Desse modo questiona-se a oferta, somente, na forma presencial. Essa oferta atende as expectativas e necessidades de formação pretendidas pelos alunos da EJA? Partindo-se do pressuposto de que a oferta com momentos não presenciais o aluno tem tempo/espaço para complementar sua aprendizagem, exercitar seu autodidatismo, a auto independência intelectual, participando da construção do seu saber, contando sempre que necessário com a orientação de professores disponíveis para este fim , para orientá-lo em todas as suas dúvidas de aprendizagem. Outro ponto relevante refere-se ao tempo diferenciado do currículo da EJA em relação ao tempo do currículo regular, o que não significa que o conteúdo seja trabalhado de forma precarizada ou aligeirada e sim, que o conteúdo seja abordado integralmente, porém levando-se em consideração os saberes adquiridos na história de vida dos educandos e que, além disso, o aluno adulto tem maior clareza do porquê e do para quê estudar, o que certamente colabora para aumento de sua motivação. Este estudo tem por finalidade contribuir para repensar as práticas pedagógicas vigentes, reforçando os princípios adotados pelo DEJA, ao dizer que essas linhas de ação fazem parte de um processo dialógico, tendo a prática pedagógica dos educadores e seus processo de formação permanente como espaços fundamentais de reflexão, reescrita e atualização do documento, no intiuito de construir uma educação de qualidade para todos. Também pretende, na medida em que analisa profundamente a proposta atual, servir de subsídio a um repensar dessa escolha, relacionando-a aos objetivos da EJA previstos na legislação. 1- PERFIL DOS EDUCANDOS DA EJA
  • 4. A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação Básica que se propõe a atender a um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância e/ou adolescência, seja pela falta de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino, ou pelas suas condições sócio-econômicas desfavoráveis. Para que se considere a EJA como uma modalidade educativa inscrita no campo do direito, faz-se necessário superar uma concepção dita compensatória, cujos principais fundamentos são a de recuperação de um tempo de escolaridade perdido no passado e também a idéia de que o tempo apropriado para o aprendizado é a infância e a adolescência. Nesta perspectiva, é preciso buscar uma concepção mais ampla das dimensões tempo/espaço de aprendizagem, na qual educadores e educandos estabeleçam uma relação mais dinâmica com o entorno social e com as suas principais questões, considerando que a juventude e a vida adulta são também tempos de aprendizagens. Os artigos 1o e 2o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN - de 1996, fundamentam essa concepção enfatizando a educação como direito que se afirma independente do limite de idade. Para que possamos estabelecer com clareza a parcela da população a ser atendida pela modalidade EJA, é fundamental refletir sobre o seu público, suas características e especificidades. Tal reflexão servirá de base para a elaboração de processos pedagógicos específicos para esse público. São homens e mulheres, trabalhadores/as empregados/as e desempregados/as ou em busca do primeiro emprego; filhos, pais e mães; moradores urbanos de periferias, favelas e vilas. São sujeitos sociais e culturalmente marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura. Vivem no mundo urbano, industrializado, burocratizado e escolarizado, em geral trabalhando em ocupações não qualificadas. Portanto, trazem a marca
  • 5. da exclusão social, mas são sujeitos do tempo presente e do tempo futuro, formados pelas memórias que os constituem enquanto seres temporais. São, ainda, excluídos do sistema de ensino, e apresentam em geral um tempo maior de escolaridade devido a repetências acumuladas e interrupções na vida escolar. Muitos nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar, quando crianças, em função da entrada precoce no mercado de trabalho, ou mesmo por falta de escolas. São, ainda, excluídos do sistema de ensino, e apresentam em geral um tempo maior de escolaridade devido a repetências acumuladas e interrupções na vida escolar. Muitos nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar, quando crianças, em função da entrada precoce no mercado de trabalho, ou mesmo por falta de escolas. “Jovens e adultos que quando retornam à escola o fazem guiados pelo desejo de melhorar de vida ou por exigências ligadas ao mundo do trabalho. São sujeitos de direitos, trabalhadores que participam concretamente da garantia de sobrevivência do grupo familiar ao qual pertencem" (BRASIL/MEC-2000). Assim, considerar a heterogeneidade desse público, quais seus interesses, suas identidades, suas preocupações, necessidades, expectativas em relação à escola, suas habilidades, enfim, suas vivências, torna-se de suma importância para a construção de uma proposta pedagógica. Para tanto é fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual convivemos cotidianamente, para que os conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham significado e, sobretudo, sejam elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o pelo domínio de conhecimentos que o habilite para uma intervenção significativa na sua realidade.
  • 6. ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA EJA A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil,está ligada à história da educação popular em geral, sendo considerada como parte integrante da problemática mais ampla da educação popular. Desta forma é pertinente a explanação feita logo no início do 3º Capítulo do Parecer CNE/CEB nº 11/2000, referindo-se as leis como resultado de conflitos históricos-sociais que expressam a multiplicidade das forças sociais não apenas como decisões de legisladores específicos. Ou seja, as mudanças nas leis, no decorrer da história da educação, quer sejam de maneira a contribuir para um avanço quer para retroceder em pontos importantes, devem ser compreendidas conforme os conflitos sociais de cada período histórico. Os “movimentos educativos”, como tão bem coloca PAIVA (1983), “refletem basicamente as condições sociais, econômicas e políticas dessa sociedade”. Conforme expõe PAIVA ...no Brasil,devemos levar em consideração a precária formação cultural do profissional de nossas elites, bem como seu acompanhante preferido: a pretensão intelectual. A educação, por isso mesmo, sofreu especialmente em virtude de carência de quadros técnicos, da tradição dos pareceres surgidos de fora do campo especializado e do seu próprio caráter de prática social, que ajudaram a difundir a idéia de que, sobre ela, todos são igualmente capazes de opinar e decidir (1983, p .24) Os fatores que contribuíram para as várias modificações de perspectivas que a educação popular, e conseqüentemente a EJA, sofreu desde o início, são bastante complexos, portanto será dado maior ênfase às últimas décadas do século XX, aproximando-se das mudanças mais atuais. Sobre as modificações e reformas educacionais que ocorreram nas últimas décadas do século XX, é interessante lembrar o que cita o Parecer CEB nº 11/2000, “...é no interior de reformas autoritárias, como foi o caso das Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, e desta
  • 7. modernização conservadora que o ensino supletivo terá suas bases legais específicas (BRASIL, 2000, p. 13). É com a lei 5692/1971 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que se encontra a primeira tentativa de articular sistematicamente as experiências de Educação de Adultos e Ensino Fundamental e Médio. Nessa mesma Lei, o ensino supletivo ganha um capítulo próprio (Capítulo IV) com cinco artigos. Os cursos seriam organizados dentro dos sistemas estaduais e poderiam acontecer por correspondência, à distância ou por outros meios adequados; os exames seriam feitos em estabelecimentos oficiais e reconhecidos; as entidades particulares que recebiam auxílio ou subvenções do Poder Público deveriam colaborar, promovendo cursos e outras atividades educativo- culturais para adolescentes e adultos do ensino supletivo. Na década de 80 o processo de abertura política, embora lento, refletiu de maneira direta na organização de atividades no campo educacional. É o período em que houve uma grande movimentação em busca de mudanças sociais, inclusive na educação. Foi a partir desse período que se iniciaram a “sistematização das pedagogias de natureza dialética”, com nomes como Moacir Gadotti (Pedagogia Dialética), José Carlos Libâneo (Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos) e Dermeval Saviani (Pedagogia Histórico Crítica) entre outros, que segundo CASÉRIO (2003, p. 32-33),“começam a dar respostas em termos teóricos, e vão orientar a militância política das associações, mas com atuação política na construção da educação brasileira”. É nesse cenário da segunda metade da década de 80 – com a retomada da participação popular e, mais enfaticamente, com o fim do período ditatorial e com a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso
  • 8. Nacional – que é aprovada, pela Assembléia Constituinte, a Constituição Federal de l988. Esse movimento Constituinte assinala, no âmbito educacional, a possibilidade de realização das mudanças necessárias à educação brasileira, com vistas a ampliar o dever do estado com a educação básica para toda a população, incluindo, num mesmo nível de importância, tanto a educação das crianças e adolescentes, como a dos que apresentam uma defasagem série/idade e, também, das pessoas jovens e adultas que não tiveram acesso à escolarização. Além disso, a Constituição apresentava, como meta, o prazo de dez anos após sua promulgação para que o país conquistasse a universalização do ensino fundamental e superasse as barreiras impostas pelo analfabetismo. Na Constituição Federal de 1988, vale ressaltar ainda que, no capítulo referente à educação, Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto, destaca nos artigos 205 a 212 a educação como direito de todos, com igualdade de acesso permanência gratuita da população nas unidades escolares e com conteúdos mínimos fixados nacionalmente, garantindo-se um padrão de qualidade, com o ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para jovens e adultos que a ele não tiveram acesso anteriormente, propondo, ainda, a ampliação dessa gratuidade ao ensino médio. Em relação ao financiamento, esta Constituição define que as verbas públicas deveriam se destinar, prioritariamente à educação pública e, a partir da necessidade do estabelecimento de políticas educacionais, possibilita uma reforma nessa Carta, o que vai ocorrer com a Emenda Constitucional nº 14/96, que cria o Fundo de Desenvolvimento e Manutenção do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – FUNDEF. Este Fundo, ao redistribuir os recursos da educação, reduz o investimento da União e exclui a Educação Infantil, a
  • 9. Educação de Jovens e Adultos e o Ensino Médio, além de incentivar um processo de municipalização ao transferir as dotações orçamentárias para os municípios. Considerando-se a educação de jovens e adultos, segmento central para este trabalho, vale ressaltar que no momento da aprovação da Constituição de 1988, a responsável pela política de erradicação do analfabetismo, em nível federal, é a Fundação Educar. Atuando especificamente na área da educação de jovens e adultos,a Fundação EDUCAR pretendia, a médio ou a longo prazo, erradicar ou reduzir significativamente o analfabetismo, através da inclusão da população analfabeta nas redes oficiais de ensino, orientando-se a partir do modelo administrativo da antiga Fundação MOBRAL. Conforme HADDAD, DI PEIRRÔ : Se em muitos sentidos a Fundação EDUCAR representou a continuidade do MOBRAL, deve-se computar como mudanças significativas a sua subordinação à estrutura do MEC e a transformação em órgão de fomento e apoio técnico, ao invés de instituição de execução direta. Houve uma descentralização das suas atividades, apoiando técnica e financeiramente iniciativas de educação básica de jovens e adultos conduzidas por prefeituras municipais ou instituições da sociedade civil (1994, p. 54) Juntamente com o MEC, a EDUCAR organiza para o ano de 1990 o Ano Internacional de Alfabetização. A Comissão formada para a organização deste ano comemorativo fora instituída pelo então presidente da república, José Sarney, através do decreto nº 97.219/88. Essa mesma comissão seria desarticulada dois anos depois com a extinção, pelo governo Collor, da Fundação EDUCAR, através da medida Provisória nº 251. Esse processo reforça a imagem já construída na política brasileira e que se constituía como um temor: de que interferências políticas acabam com projetos existentes
  • 10. A década de 90 é marcada, então, por uma tendência a difundir, junto a população brasileira, a concepção de que a luta pelos interesses individuais precisa se sobrepor à coletividade. Diante disso, são as novas formas de organização do capital, sintonizadas com todo o processo de reestruturação das forças produtivas e com a divisão internacional do trabalho, que dão a tônica às relações estabelecidas nos aspectos sociais, econômicos, políticos e educacionais da sociedade brasileira. É esse redimensionamento da organização da sociedade que baliza o governo Collor, centrado nos princípios do neoliberalismo. Apesar do governo Collor se iniciar em 1990, cabe salientar que as discussões da construção do projeto político-pedagógico da lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional – LDB – com a comunidade organizada vinham sendo realizadas desde 1988. Após oito anos de tramitação e passando por quatro relatores, foi aprovada em dezembro de l996, a lei nº 9394, já no governo de Fernando Henrique Cardoso. Após oito anos de tramitação no Congresso Nacional, em fevereiro de 1996, o Plenário do Senado aprova a última versão da LDB. Embora o título da seção que trata da educação de jovens e adultos no texto da nova LDB, Lei 9394/96 - seja Educação de Jovens e Adultos, diferentemente do título da Lei nº 5692/71 que era Ensino Supletivo, o conteúdo de ambas as leis muda muito pouco, tendo em vista a ênfase nos cursos e exames supletivos. No artigo nº 37 ,Parágrafo 2º da Lei 9394/96, embora esteja previsto “o poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si”, estas ações não são tão explicitadas na lei. É importante considerar que o projeto educacional apresentado e defendido pelo governo Collor priorizava investir na
  • 11. educação de crianças, desprestigiando, conseqüentemente, a educação das pessoas jovens e adultos. É nesse sentido que, José Goldemberg, terceiro Ministro da Educação do governo Collor declara que os adultos já conquistaram seu patamar na sociedade – seja em condições de emprego ou de subemprego – ao considerar que é fundamental investir na alfabetização dos mais jovens e no ensino fundamental das crianças, conforme transcrevemos: O adulto analfabeto já encontrou seu lugar na sociedade. Pode não ser um bom lugar, mas é o seu lugar. Vai ser pedreiro, vigia de prédio, lixeiro ou seguir outras profissões que não exijam alfabetização. Alfabetizar o adulto não vai mudar muito sua posição dentro da sociedade e pode até perturbar. Vamos concentrar os nossos recursos em alfabetizar a população jovem. Fazemos isso agora, em dez anos desaparece o analfabetismo (Jornal do Comércio, p.7, 12/03/ 91). Neste período é importante considerar a significativa influência dos organismos internacionais nos planos político e econômico, a propagação do discurso da qualidade total em educação, a exigência de inserção da educação nos paradigmas da modernidade. Segundo GENTILI Na América Latina (em especial nos casos argentino, brasileiro e chileno) o discurso da qualidade referente ao campo educacional começou a desenvolver-se em fins da década de 80 como contra face do discurso da democratização(...) esta operação foi possível – em parte – devido ao fato dos discursos hegemônico sobre a qualidade terem assumido o conteúdo que este conceito produz no campo produtivo, imprimindo aos debates e às propostas políticas do setor um claro sentido mercantil de conseqüências dualizadoras e antidemocráticas (1995, p.115) No que se refere à Educação de Jovens e Adultos, notamos que, mais uma vez, a descontinuidade nas políticas deixa registrado o
  • 12. receituário dos organismos internacionais para a educação, atrelando-a ao mercado e transferindo-a para a esfera privada. Em 1991, diante do agravamento da crise do governo Collor no plano político, no cenário educacional tenta-se restabelecer um programa de alfabetização que contemple a redução do analfabetismo. Essa iniciativa se configura pelo programa Minha Gente e do Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania, que tinha por objetivo reduzir em 70% o número de analfabetos no Brasil, universalizar o acesso ao ensino fundamental e viabilizar a participação do MEC no Programa Brasileiro de Qualidade. No entanto, de maneira geral, esses documentos não passaram de um projeto de intenções. Em 1992 , já no governo de Itamar Franco, tenta-se reverter a imagem negativa deixada pelo governo anterior, inclusive no que se refere a educação de jovens e adultos, sendo estabelecidas algumas comissões com a tarefa de discutir a política educacional de jovens e adultos no Plano Decenal de Educação para Todos,no Projeto de Lei LDB e na construção de um documento específico da área, em 1994. Em relação à educação de jovens e adultos o Plano Decenal, conforme considera DI PIERRÔ Reconhece a importância da educação básica para jovens e adultos e coloca metas ambiciosas de atendimento prioritário à população de 15 a 29 anos; propõe-se alfabetizar 3,7 dos 17,5 milhões de analfabetos e prover escolaridade básica a 4,6 dos 18,8 milhões de jovens e adultos de quatro anos de estudos (1992, p. 27). Já em 2003, no governo Lula, por meio do Ministério da Educação – MEC, elegeu como prioridades ações para democratizar o acesso à educação em todos os níveis, por meio da continuidade do programa Brasil Alfabetizado, e da formulação de legislações visando à
  • 13. implantação de uma reforma universitária e a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB. O Programa Brasil Alfabetizado apresenta avanços em relação às campanhas e programas de alfabetização promovidos no País desde a década de 1940 e especificamente em relação ao Alfabetização Solidária, única iniciativa do governo federal entre 1998 e 2002. Inicialmente, deve-se valorizar o fato de ser um programa de iniciativa de governo, ao contrário do programa anterior, que punha na mão da sociedade civil a responsabilidade por um direito que só pode ser realizado pela ação efetiva do Estado. Porém, os recursos destinados são insuficientes para atingir a meta anunciada. Entidades, ONGs e a sociedade também realizaram projetos de alfabetização. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), também deve substituir o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef), implantado a partir de 1998 com o objetivo de financiar apenas o ensino fundamental para as pessoas de 7 a 14 anos, excluindo todos os demais níveis e modalidades da educação básica, como o ensino infantil e médio, e a educação de jovens e adultos. Com a criação do Fundeb, a previsão é de que sejam atendidos mais de 47 milhões de estudantes, matriculados na educação infantil, no ensino fundamental e médio das redes municipais e estaduais, em todas as modalidades de ensino (educação de jovens e adultos, educação especial, educação indígena, educação profissional e educação do campo). A Emenda Constitucional Nº 53 , aprovada em 06 de dezembro de 2006, aprovou o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação e
  • 14. tem por objetivo proporcionar a elevação e uma nova distribuição dos investimentos em educação. Com as modificações que o Fundeb oferece, este novo Fundo atenderá não só o Ensino Fundamental [6/7 a 14 anos], como também a Educação Infantil [0 a 5/6 anos], o Ensino Médio [15 a 17 anos] e a Educação de Jovens e Adultos, esta destinada àqueles que ainda não têm escolarização. O Fundef, tinha a perspectiva de investir e proporcionar a unversalização do atendimento apenas quanto ao Ensino Fundamental nas modalidades regular e especial, ao passo que o Fundeb vai proporcionar a garantia da Educação Básica a todos os brasileiros, da creche ao final do Ensino Médio, inclusive àqueles que não tiveram acesso à educação em sua infância. PROPOSTA PEDAGÓGICO-CURRICULAR EJA No Estado do Paraná, no que se refere a EJA, as diretrizes político-pedagógicas desenvolvidas pelo Departamento de Educação de Jovens e Adultos, segundo os princípios assumidos pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, na Gestão 2003-2006 são, em linhas gerais, a implementação da EJA como política pública e gratuita, a oferta de alfabetização e da continuidade de escolarização na medida necessária para atender ao seu público nos espaços e demandas específicas, o atendimento ao perfil dos educandos jovens, adultos e idosos, a qualidade pedagógica de suas escolas, o estabelecimento de critérios isonômicos, públicos e transparentes para o funcionamento de todas as escolas de EJA. Conforme relatório disponível no site www.deja.pr.gov.br , há a apresentação em tópicos distintos das linhas de ação, estas, na prática,
  • 15. são inseparáveis. Este site foi disponibilizado para todas as escolas estaduais da EJA, para estudos. A referência para a construção dessas Diretrizes foram os educandos jovens, adultos e idosos, enquanto sujeitos de conhecimento e aprendizagem, sua história e condição sócio-econômica, sua posição nas relações de poder, sua diversidade étnico-racial, territorial, e cultural, dentre outras. Estas Diretrizes, possibilitaram a constituição do novo currículo da Educação de Jovens e Adultos nas escolas de EJA do Paraná. Porém, precisa de constante reavaliação, para que possa ser comprovada sua eficiência. Os cursos de escolarização de jovens e adultos ofertados pela SEED/DEJA até 2005 se organizavam nas formas presencial e semipresencial. Esta organização curricular encontra-se em cessação gradativa, ensino fundamental - fase I e fase II e do ensino médio, com matrícula por disciplina. A proposta pedagógico-curricular de EJA, vigente a partir de 2006, contempla cem por cento da carga horária total na forma presencial (1200h ou 1440h/a), com avaliação no processo. A matrícula dos(as) educandos(as) é feita por disciplina e pode se dar a qualquer tempo, na organização coletiva e/ou individual. A organização coletiva destina-se, preferencialmente, àqueles que têm a possibilidade de freqüentar com regularidade as aulas, a partir de um cronograma pré- estabelecido. A organização individual destina-se, preferencialmente, àqueles que não tem possibilidade de freqüentar com regularidade as aulas, como por exemplo, um caminhoneiro ou um trabalhador que troca de turno ou um trabalhador rural que necessita, para voltar a estudar, conciliar os ciclos de plantio e de colheita com a escolarização.
  • 16. Com relação aos conteúdos cabe destacar que concebemos como estruturantes na modalidade EJA os mesmos da modalidade regular, nos níveis fundamental e médio, porém com encaminhamento metodológico diferenciado, considerando as especificidades dos(as) educandos(as) da EJA, ou seja, o tempo curricular, ainda que diferente daquele estabelecido para o ensino regular, contempla o mesmo conteúdo. Isso se deve ao fato de que o público adulto possui uma bagagem cultural e de conhecimentos adquiridos em outras instâncias sociais, uma vez que a escola não é o único espaço de produção e socialização de saberes. Assim, é possível tratar do mesmo conteúdo de formas e em tempos diferenciados, tendo em vista as experiências e trajetórias de vida dos educandos da EJA. É fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual lidamos para que os conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham significado, sejam elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o para uma intervenção significativa na sua realidade, desta forma essas mudanças nas diretrizes curriculares devem ser avaliadas pelos alunos e professores para que tenhamos uma noção se as mesmas estão contribuindo ou impedindo a escolarização aos educandos da EJA. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por isso a escolarização de Jovens e Adultos não pode ser feita de cima para baixo, nem de fora para dentro, com regras pré- estabelecidas partindo de gabinetes, com base principalmente em repasse de verbas. É preciso refletir sobre as necessidades desses educandos com relação a aprendizagem e também com relação ao
  • 17. tempo escolar, sugerindo propostas que ampliem as condições de permanências desses alunos no processo ensino-aprendizagem e que não simplesmente os excluam novamente. Após a intervenção que ocorrerá no âmbito escolar do CEEBJA de Rio Negro (Pr), haverá dados suficientes para a análise desta metodologia, determinando o que vem ocorrendo de positivo e de negativo dentro da Proposta. REFERÊNCIAS CASERIO, Vera Mariza Regino. A Administração da educação de adultos em Bauru (1985-1988): relato de uma experiência Piracicaba: 1996. 162 f. BBE. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Metodista de Piracicaba. Orientador: João dos Reis Silva Júnior. GENTILI, Pablo, A Falsificação do Consenso: simulacro e imposição na reforma educacional do neoliberalismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1988. HADDAD, Sérgio. A educação de pessoas jovens e adultas e a nova LDB. In HADDAD, Sérgio & DI PIERRO, Maria Clara. Diretrizes de Política Nacional de Educação de Jovens e Adultos. Consolidação de documentos 1985/1994. São Paulo, agosto 1994. (mimeo) KUENZER, A. Z. . Competência como Práxis: os dilemas da relação entre teoria e prática na educação dos trabalhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30, p. 81-93. 2004. BRASIL , lei de diretrizes e bases da educação nacional: texto aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto da CD/com comentários de Demerval Saviani. São Paulo:Cortez, 1990. PIERRO, Maria Clara Di. Educação de Jovens e Adultos no Brasil: questões face às políticas públicas recentes. Brasília:INEP/MEC, 1992.
  • 18. PAIVA, Jane (orgs.). Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. PAIVA, V. P. Educação Popular e Educação de Adultos. 2. ed. São Paulo : Loyola, 1983.