Desafios na restauração em larga escala: as experiências da Campanha Y Ikatu Xingu
1. Desafios na restauração em larga escala: as
experiências da Campanha Y Ikatu Xingu
VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais
Simpósio Desafios técnicos para o uso de sistemas agroflorestais na recuperação de áreas alteradas
José Nicola M. N. da Costa
Instituto Socioambiental – Programa Xingu
Belém, novembro de 2011
2. Bacia do Xingu
51,1 milhões de
hectares
Área da Bacia do Xingu no Pará:
33,4 milhões de hectares
Área da Bacia do Xingu no Mato Grosso:
17,7 milhões de hectares
3.
4. EcossistemasMato Grosso
da Bacia do rio Xingu no
onde estão as Nascentes
Floresta úmida
Floresta Estacional
Perenifólia (Mata de
Transição)
Formações com
influência fluvial,
(varjões e matas de
brejo e alagáveis)
Cerrado
5. Diversidade Socioambiental
na região do Xingu
18 povos indígenas (14 vivem
Migrantes vieram entre
no Parque Indígena do e 1990
os anos 1970 Xingu)
9. Desmatamento
Bacia do Rio Xingu no Mato Grosso
2007
1994
5.870.348
2.427.454 de hectares
desmatados ou 13,65% da
33% da
Bacia no Mato Grosso
10. Situação das
APPs no
Xingu
2.188.139,5 ha
Apps mapeadas
255.000 ha de APPs
desmatadas (2009)
11. Uma campanha de Responsabilidade
Socioambiental compartilhada
ESTADO BRASILEIRO
ÍNDIOS + ONGS + PESQUISADORES +
MUNICIPALIDADES + AGRICULTORES FAMILIARES +
????
MÉDIOS E GRANDES PRODUTORES
12. 1 ° DESAFIO: COMO INCENTIVAR
A RESTAURAÇÃO (APP´S E RL) ?
Base teórica Restauração Formação e
experimentada florestal educação
Articulação
Viabilidade e parcerias
Política
Audiência
Comunicação
cultura florestal e
agroflorestal
13. 2 ° DESAFIO: QUAL TÉCNICA
UTILIZAR CONSIDERANDO OS
ASPECTOS SOCIAIS,
ECOLÓGICOS E ECÔNOMICOS?
ÁREAS DEGRADADAS EXTENSAS
Restauração LONGAS DISTÂNCIAS/ ESTRADAS
PRECÁRIAS
AUSÊNCIA DE VIVEIROS
PRESENÇA DE EXTENSOS REMANESCENTES DE
FLORESTA E CERRADO
14. 1) Isolamento
cerca e aceiro
2) Condução da Regeneração Natural
roçada seletiva, adubação
3) Enriquecimento
com sementes e/ou mudas
15. 4) Transferência de folhiço do
chão da mata
5) Ilhas de Vegetação
6) Plantio direto de
sementes (manual ou
mecanizado): Sistema
Agroflorestal - SAF
16. 7) Plantio de mudas
Resultado dos testes: Plantio
direto de sementes – Sistemas
Agroflorestais
17. Primeiros resultados
Técnica Ind/m2 (média) Ind/ha (média)
Semeadura direta - 6 meses após 1,7 17000
plantio
28%
Semeadura direta - 1 a 2 anos após de 0,48 4781
plantio
Regeneração natural 0,34 3458
(4 anos isoladas)
Plantio de mudas (3m x 2m) 0,165 1650
18. Custos do plantio mecanizado por hectare
ITEM Unidade Custo Quantidade/ Total
unitário ha
Cerca Km R$ 5000,00 0,4 R$ 2000,00
Sementes de adubo verde Kg R$ 3,50 33 Kg R$ 115,00
Sementes de espécies nativas Kg R$ 20,00 40 kg R$ 800,00
Trator (preparo do solo) Hora/máquina R$150,00 3h R$ 450,00
Trator (plantio e incorporação Hora/máquina R$150,00 1h R$ 150,00
das sementes)
TOTAL (sem cerca) lavoura R$ 1515,00
TOTAL (com cerca) pecuária R$ 3515,00
19. 2400 hectares em
processo de
restauração em 19
municípios dentro e 3
fora da bacia do Xingu
21. 4° DESAFIO: ORGANIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO DA REDE. 300 coletores, 11 núcleos, 12 subnúcleos, 10
assentamentos, 6 comunidades indígenas, 25
organizações, 16 municípios
NÚCLEOS COLETORES
ELO OU
ARTICULADOR
CASA DE
SEMENTE
ELO OU
ARTICULADOR
COMERCIALIZAÇÃO
COMÉRCIO ASSISTÊNCIA SEMENTES IMPLEMENTA ÇÃO
WEB TÉCNICA EM GERAL DE ÁREAS
22. Quem são os coletores e elos da Rede de Sementes do Xingu?
Os grupos coletores:
Coletores urbanos;
Agricultores familiares;
Comunidades indígenas.
Grupos que a principal motivação é o convívio social, preocupação
com a biodiversidade e restauração etc;
Grupos em “situação confortável”: fácil logística de recolhimento,
ótimo conhecimento técnico e ou locais de coleta já definidos;
Grupos confortáveis com a situação: esperam as iniciativas dos
técnicos das instituições como, por exemplo, o contato de pedidos e/ou
não há o desafio e arrojo em arriscar algumas situações;
23. Quem são os coletores e elos da Rede de Sementes do Xingu?
Os grupos coletores:
Coletores urbanos;
Agricultores familiares;
Comunidades indígenas.
Grupos em fase de consolidação: novos coletores, assumindo a
gestão e organização das sementes;
Grupo com forte participação feminina no seu funcionamento;
Grupos que já apostam economicamente nas sementes e arriscam
situações. Em alguns desses grupos existem pessoas empreendedoras
com negócios associados a sementes (viveiros, restauração, polpas etc);
28. Propostas para o futuro 5° DESAFIO: O FUTURO DA
REDE DE SEMENTES.
ORGANOGRAMA:
6 funcionários
Conselho
Consultivo
Diretor Executivo
Depto. Depto. de
Comercial Assistência Administrativo
Técnica
Gerente Atendimento: Técnico Técnico Contábil/Financeiro
Comercial Compra(*) e Venda
300
Instituição coletores
Repasse de % lucros
da empresa para a Instituição Continuidade do trabalho
Socioambiental
29. 4 funcionários
Conselho
Consultivo
Diretor Executivo
Depto.
Comercial Administrativo
Gerente Atendimento: Contábil/Financeiro
Comercial Compra(*) e Venda
300
Instituição coletores
Repasse de % lucros
da empresa para a instituição Continuidade do trabalho
Socioambiental Assistência Técnica
(*) A relação de compra será entre a Empresa e a Casa de Sementes. A instituição caberá a continuidade
do trabalho de organização e capacitação dos fornecedores com recursos repassados pela empresa.
30. EXEMPLO DE QUADRO SOCIETÁRIO DA EMPRESA
Empresa
Sócios Sócios
majoritários minoritários
17% 17% 17% 7% 7% 7% 7% 7% 7% 7%
51% 49%
Número razoável de sócios contribui para que a decisão não fique na mão de poucos.
Sócios minoritários participam de decisões importantes, tal como: aprovação de valores
acima de R$50mil (*).
Decisões operacionais podem ser tomadas de forma mais dinâmica pelos sócios majoritários
(*) inclusão de cláusula sobre a necessidade do aval de 75% dos sócios, e não apenas os 51% dos sócios
majoritários
31. PREPARAÇÃO DA MUVUCA
30 kg de feijão de porco (2 a 3 sementes/m2)
1 kg de crotalária (6 sementes/m2) 6 ° DESAFIO: GARANTIR A
VIABILIDADE DOS LOTES DE
1 kg de feijão guandu (1 semente/ m2) PODEMOS DIMINUIR ESSA
SEMENTES!!!!
DENSIDADE???
20 a 40 kg de nativas (15 a 30 sementes/m2)
Quebra de dormência
Misturar as sementes com terra ou areia
Homogeneização da mistura, atuando como
veículo para dispersão das sementes
Não pode estar completamente seca,
nem muito úmida
32. Espécies mais indicadas para semeadura direta que estão sendo utilizadas nos plantios de
restauração das APPs na bacia do Xingu
Família Espécie Nome regional
Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão aroeira verdadeira
Anacardiaceae Anacardium humile A. St.-Hil. caju
Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. guaritá
Anacardiaceae Anacardium nanum A. St.-Hil. caju do cerrado
Apocynaceae Himatanthus obovatus (Müll. Arg.) Woodson leiteiro do cerrado
Apocynaceae Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson leiteiro da mata
Apocynaceae Aspidosperma tomentosum Mart. peroba do cerrado
Apocynaceae Aspidosperma sp. Mart. & Zucc. peroba da mata
Bignoniaceae Jacaranda micrantha Cham. carobinha
Bignoniaceae Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. ipê amarelo do cerrado
Bignoniacee Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson ipê amarelo da mata
Bixaceae Bixa orellana L. urucum
Caryocaceae Caryocar sp.L. pequi-dos-índios-do-xingu
Combretaceae Terminalia glabrescens Mart. capitão do campo
Combretaceae Buchenavia tomentosa Eichler mirindiba do cerrado
Combretaceae Buchenavia capitata (Vahl) Eichler mirindiba da mata
Euphorbiaceae Mabea fistulifera Mart. mamoninha
Fabaceae Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne jatobá da mata
33. Família Espécie Nome regional
Fabaceae Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong tamboril
Fabaceae Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan angico vermelho
Fabaceae Sclerolobium paniculatum Vogel carvoeiro
Fabaceae Dipteryx alata Vogel baru
Fabaceae Bauhinia sp L. pata de vaca
Fabaceae Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr. garapa
Fabaceae Tamarindus indica L. tamarindo
Fabaceae Copaifera langsdorffii Desf. copaíba
Fabaceae Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth. favela
Fabaceae Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke pinho cuiabano
Malpighiaceae Byrsonima sp Rich. ex Kunth murici
Malvaceae Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna paineira barriguda
Malvaceae Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns paina do cerrado
Rubiaceae Genipa americana L. genipapo
Sapindaceae Magonia pubescens A. St.-Hil. tingui
Simaroubaceae Simarouba versicolor A. St.-Hil. morcegueira do cerrado
Simaroubaceae Simarouba amara Aubl. morcegueira da mata
Solanaceae Solanum lycocarpum A. St.-Hil. lobeira da mata
Solanaceae Solanum granuloso-leprosum Dunal lobeira do cerrado
Malvaceae Sterculia chicha A. St.-Hil. ex Turpin xixá
44. OUTROS DESAFIOS:
- Qual a densidade ideal de sementes de adubação verde, especialmente o
feijão guandu?
- Podemos diminuir a densidade e riqueza de sementes de espécies nativas
por hectare?
- Como trabalhar com as sementes recalcitrantes? (armazenamento,
beneficiamento e plantio)
- Qual o melhor manejo dessas áreas pós-plantio ( herbicida, controle manual,
sobrepastejo)? plantio das sementes resulta numa paisagem “caótica” e
não organizada como um plantio de mudas, o manejo é mais difícil.
-Manejo das nativas (lobeira, mamoninha) em alta densidade?
- Desenvolvimento de implementos adaptados para o plantio de sementes de
espécies nativas
45. - Qual será o impacto da instrução normativa na rede de sementes?
- Cobrança de ICMS para sementes arbóreas em MT
- Estrutura comercial ainda insuficiente para atender a crescente demanda.
- Como respeitar a individualidade de cada grupo coletor na nova estruturação da
rede? (estruturação diferenciada).
- Sementes das mesmas espécies estão apresentando percentagem de emergência
diferentes dependendo do local de origem. Qual o gargalo?
- Algumas espécies apresentam boa emergência no viveiro e no plantio não. O que
está acontecendo? Profundidade do plantio?
- Quanto tempo após o plantio as sementes ainda estão viáveis?
46. - Existe diferença na germinação de algumas espécies dependendo do tipo de solo
a ser realizado o plantio?
- Dificuldade no armazenamento de algumas sementes até a época de plantio (3 a
6 meses).
-Como atuam as substâncias (folha de nim e eucalypto, açafrão, cinza, fumo bravo,
casca de angico etc) no armazenamento de sementes? Como elas atuam?
- Protocolos de análises de sementes que possam ser realizados nas casas de
sementes.
- Fornecimento de sementes instável: fatores climáticos, fogo, animação de alguns
grupos etc
- Parte das sementes são obtidas em áreas de terceiros,
47. Oportunidades
- Estágios e desenvolvimento de pesquisas em ecologia da restauração e
restauração ecológica – vasto campo experimental em parceria com fazendas da
região
- Pesquisas com tecnologia de sementes (identificação, coleta, beneficiamento e
armazenamento e transporte) e a cadeia produtiva das sementes
- Fortalecimento institucional e profissional;
- Milhares de hectares para restaurar;
- Processo de adequação ambiental: após o CAR vem o PRAD e depois o plantio
(adequação no chão);
- Porta de entrada para a valorização da cultura florestal em uma região de
monocultura de grãos.