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Porque (não) ler best sellers na escola

                                                          AQUINO, Cássia Regina Motta de1
                                                               COENGA, Rosemar Eurico2


                        “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas.
                                                       Os livros só mudam as pessoas”.
                                                                       (Mário Quintana)


Resumo

O presente artigo discorre sobre a leitura de best sellers na escola, refletindo
sobre a realidade atual dos jovens leitores e analisando a posição dos
professores em relação à essa prática cada vez mais disseminada entre
crianças e adolescentes. São apresentados argumentos que defendem e
condenam o intenso envolvimento dos jovens com a chamada literatura de
massa, e a partir disso, tenta-se apreender motivos para incentivar o contato
entre alunos e best sellers na escola. A atuação mediadora do professor seria
fundamental para tornar essas leituras mais ricas e proveitosas, que devem
funcionar, de preferência, como ponte para despertar o interesse dos alunos
por obras clássicas nacionais e estrangeiras.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura, escola, best sellers, literatura infanto-juvenil,
literatura de massa, valor estético, professor mediador.


1. O JOVEM E A LEITURA
           Durante a vida escolar, na maioria dos casos, a leitura não é guiada pelo
prazer. Pensando no vestibular, as aulas de literatura são voltadas para os
grandes clássicos e autores consagrados. Por um lado, isso não deve ser
mudado nem criticado, pois ingressar em uma boa universidade é uma meta
louvável e faz parte dos planos da grande maioria dos alunos. Por outro lado,
estes raramente se identificam com as obras estudadas e, por isso, a leitura
obrigatória pode se tornar uma atividade mecânica, chata e desprovida de
sentido.
           Sabe-se que nem sempre uma identificação profunda com a obra é
possível, nem mesmo para leitores mais maduros, pois isso depende da leitura
de mundo de cada um e até mesmo da personalidade. Mas quanto maior a
bagagem cultural do leitor, maiores serão as chances de identificação. As
1
    Graduanda em Letras (Português/Inglês) pelo Centro Universitário de Várzea Grande em Mato Grosso.
2
    Professor orientador, Doutor em Teoria Literária pela Universidade de Brasília.

                                                                                                        1
estórias narradas em obras clássicas frequentemente acontecem em épocas
diferentes, as personagens pensam e agem de acordo com suas determinadas
épocas e isso pode estabelecer uma distância impercorrível entre uma
verdadeira apreciação da obra e um leitor menos experiente.
              Mas existem maneiras de encurtar essa distância. Pode-se
considerar que os aspectos mais próximos da realidade de qualquer leitor
presentes nas obras são os temas universais. Não importa onde nem quando
os fatos ocorrem dentro de estória, se as personagens se apaixonam, se
odeiam, se admiram, se invejam, sentem coragem ou medo, estes sentimentos
são atemporais e facilmente compreendidos por leitores de qualquer idade e de
qualquer lugar do mundo.
         Estes aspectos, entretanto, podem estar escondidos atrás de uma
linguagem mais culta e rebuscada, que não faz parte do dia-a-dia do jovem
leitor. Enfatizar e discutir os temas universais em sala pode ser uma boa
estratégia para encurtar distâncias, ajudando o aluno a se identificar com a
obra.


2. A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO


        Para que um leitor sinta prazer, é necessário que ele se identifique de
alguma forma com a leitura. Sem essa identificação, a assimilação de qualquer
conteúdo estudado fica prejudicada. É o que defende o teórico Henri Wallon e
seus seguidores, como, por exemplo, Heloysa Dantas, da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo (USP), estudiosa da obra de Wallon
há 20 anos.
        "A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos
cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que
ajudam o ser humano a se conhecer", (2008, p. 2) explica Heloysa. Sendo
assim, uma boa maneira de despertar o interesse do aluno para uma leitura,
seria explicitar as emoções vividas pelas personagens na estória, que
geralmente se encaixam nos temas universais já citados anteriormente.
        Os estudos de Henri Wallon, nos mostram que só armazenamos
informações que nos despertam emoções. Em outras palavras, podemos dizer

                                                                              2
que aprende-se com mais facilidade o que se gosta. O desafio é, portanto,
fazer com que o aluno goste das obras clássicas estudadas na escola, fazer
com que ele se identifique com as situações vividas pelas personagens, apesar
de existirem em épocas pouco ou muito distintas da sua.
      A identificação com os best sellers infanto-juvenis de hoje é instantânea
porque o público alvo deles é justamente o leitor jovem. As personagens destes
livros em sua maioria ainda estão na escola, se apaixonando pela primeira vez,
tentando descobrir quem são e do que gostam. Qual jovem não se identificaria
com isso? Eles gostam de ler sobre as mesmas alegrias e dificuldades que
enxergam em seu dia-a-dia, pois estão em uma fase de auto-afirmação.
      Mas não é impossível relacionar situações presentes na literatura de
massa com situações narradas nos clássicos. Até o mercado editorial percebeu
que isso pode dar certo. Prova disso é a reedição do clássico inglês O Morro
dos Ventos Uivantes, de Emily Brönte, após a obra ter sido mencionada pelos
personagens principais da série Crepúsculo. A intensa e trágica estória de
amor de Brönte foi lida e apreciada pelos mesmo leitores da saga infanto-
juvenil, que enxergaram semelhanças e conseguiram se identificar com uma
obra muito diferente da realidade atual e dos best sellers que tanto gostam.
      Como coloca Daiane da Silva Lourenço (2010, p. 3), para os alunos,
best sellers podem ser um “ponto de partida para discussões que os levarão a
se interessar por leituras que exijam mais deles e, por conseguinte, contribuam
de maneira mais significativa para sua formação como ser humano.”
      Um outro tipo de identificação, tão importante quanto a do aluno com os
livros, também será abordada no próximo tópico.


3. BEST SELLERS: LER OU NÃO LER, EIS A QUESTÃO


        Best sellers são muito criticados no mundo todo. O crítico literário mais
conhecido, e também o mais ferrenho, é o americano Harold Bloom (2003).
Para ele, Harry Potter, por exemplo, não passa de uma “bruxaria barata
reduzida a aventura. É prejudicial ao leitor. Não tem densidade. A escrita é
horrível.” Bloom acha que o fênomeno Harry Potter é efêmero e os livros
acabarão em poeira.

                                                                               3
Ele diz ainda que :
                     Sempre houve, na história da literatura ocidental, livros que são
                     muito populares, entre adultos e crianças, mas 30 ou 40 anos
                     depois ninguém se lembra quais são... Viram pó. Eu não estarei
                     por aqui em 30 anos para ver, mas Harry Potter já terá
                     desaparecido. Mas Shakespeare e Lewis Carroll ainda estarão
                     por aqui. (BLOOM, 2003, p. 1)
       Harold Bloom pode até parecer pretensioso em suas críticas, mas sua
perspectiva é válida e sua intenção a melhor. Porém, se olharmos para as
crianças e adolescentes de hoje, salvo exceções, que nasceram e foram
criados na era digital, elas não se encaixam nos padrões de Bloom e seus
seguidores, e portanto, dificilmente corresponderão às suas expectativas sem
que professores atuem como mediadores da leitura na escola.
       Paz entende que “O fast-book é um produto do nosso tempo. Assim
como seu similar alimentício, devorar de vez em quando uma produção ‘pronta
para ser consumida’ não faz mal à saúde.” (2004, p. 2) Diz ainda que “esse tipo
de narrativa tende a constituir-se em 'campeão de vendas' porque se configura
uma poderosa estimuladora de leitura, isto é, tem o poder de mobilizar o olhar
e estimular a imaginação do leitor consumidor.” (2004, p. 2) Sendo assim, a
leitura de best sellers pode funcionar como uma ferramenta eficaz para que os
alunos criem o hábito de ler. Porque “o simples ato de dedicar-se à leitura é,
em si só, uma etapa a ser vencida, em um contexto cultural onde atividades
mais sedutoras ao olhar se impõem brutalmente sobre nós.” (PAZ, 2004, p. 1)
       Na sociedade atual, inúmeras atividades infanto-juvenis são mais
sedutoras que a leitura. Esse é um outro aspecto importante a ser considerado,
o poder de concentração dos jovens hoje. Acostumados a uma linguagem
muita sucinta e rápida de controles remotos, computadores, celulares, etc,
parar para ler um romance de centenas de páginas, por mais interessante que
ele seja, já é um grande desafio. Augusto Cury discute em seu livro Pais
Brilhantes, Professores Fascinantes a Síndrome do Pensamento Acelerado –
SPA. Qual a porcentagem de crianças ou adolescentes que não desenvolve a
SPA hoje? É a mesma porcentagem de crianças ou adolescentes que não tem
muito contato com televisão e diversos outros dispositivos eletrônicos que
desestimulam o raciocínio crítico e prejudicam o poder de concentração, ou
seja, uma minoria.

                                                                                    4
A leitura de best sellers infanto juvenis na escola, deve ter o intuito de
aproximar o aluno da palavra escrita, através de estórias pelas quais ele se
interessa mais facilmente. A literatura de massa com elemento fantástico, em
especial, é devorada por muitos leitores jovens, e pode ser uma ferramenta na
criação do hábito da leitura, atividade que por si só melhora a leitura de mundo
e aumenta a bagagem cultural de qualquer pessoa.
        Seguindo este raciocínio, quanto mais o aluno lê, mais ele está apto
para assimilar e apreciar suas leituras. O professor deve, portanto, incentivar e
valorizar essa prática, mostrando aos alunos que os livros que eles gostam não
merecem ser desprezados. Ao fazê-lo, cria-se uma identificação não só com a
obra, mas também com o docente, que pode ser considerado um dos maiores
responsáveis pelo bom relacionamento entre o aluno e a leitura na escola,
quando atua como um mediador.
        É na identificação entre aluno e professor que nos concentraremos
agora. Os jovens adoram ler Harry Potter, Crepúsculo, Gossip Girl, Percy
Jackson e outros livros do gênero. Eles realmente se identificam com essas
obras. Quando chegam à escola e ouvem seus professores dizendo o quanto
estes livros são ruins, pobres, mal escritos, etc, se sentem inferiorizados e isso
distancia o aluno do professor. É compreensível. Quando alguém menospreza
seus gostos, indiretamente te menospreza também, e ninguém gosta de ser
menosprezado, principalmente pessoas que ainda se sentem inseguras com
relação à própria personalidade, como a maioria dos jovens em idade escolar.
        O professor deve se sensibilizar com isso. E pode até aprender a
apreciar uma leitura mais leve e despretensiosa com seus alunos. Mencionar
personagens e passagens de seus livros preferidos nas aulas de literatura ou
até mesmo em avaliações, sem menosprezo, deixará os alunos mais à vontade
e criará um ambiente mais favorável para a aprendizagem.
        Juliana Loyola (2011), do curso de Letras e da pós-graduação em
Literatura e Crítica Literária da PUC-SP , acredita que “Se o professor entender
por que determinado livro é um fenômeno entre os alunos, talvez ele possa, a
partir disso, mediar outras leituras que despertem a mesma natureza de
interesse.” Para ela, best sellers “dialogam com o jovem, ou porque mimetizam
a velocidade da TV e da tela de cinema, ou porque abordam temas do universo

                                                                                5
dele. O problema é quando o leitor só tem contato com esse tipo de livro".
(LOYOLA, 2011)
        O próximo tópico aborda com mais profundidade esse problema.


4. VALOR ESTÉTICO DA LEITURA LITERÁRIA


      Eliane H. Paz (2004, p. 14) lembra que “para um texto ser considerado
literário, ele deveria principalmente ser original e requerer esforço da parte de
quem o lê.” O aluno precisa entender que, neste caso, esforço não deve ser
sinônimo de sofrimento, mas de um processo natural no qual pular etapas
apenas prejudicaria o resultado.
      Como coloca Vera Bastazin, professora e doutora em Literatura e Crítica
Literária no curso de pós-graduação da PUC de São Paulo:
                    Vivenciar a leitura do literário não é função que se cumpre da
                    noite para o dia; ao contrário, é parceria que se realiza em
                    processo, cultivando o gosto pela busca de alternativas no ato
                    de construir a percepção e o próprio conhecimento como objetos
                    sempre inconclusos. Conhecer significa interferir na realidade,
                    crescer e transformar-se com ela. (2010, p. 1)
      Rejane Pivetta de Oliveira e Tatiana Matzenbacher (2007), apontam
ainda que a “experiência estética leva o leitor ao desprendimento das
limitações   da   vida   cotidiana,   à   renovação    de   sua    percepção     e,
conseqüentemente, a uma transformação social.”
      Antonieta Mírian de Oliveira Carneiro Silva e Maria Inez Matoso Silveira
(2011, p. 4), complementam bem este raciocínio ao lembrar que “no exercício
da literatura, podemos ser outros, podemos viver como os outros, podemos
romper os limites do tempo e do espaço de nossa experiência e, ainda sim,
sermos nós mesmos.”
      Diante do que foi exposto, fica claro como o foco exclusivo na literatura
trivial não é capaz de desenvolver todo o potencial intelectual dos jovens. Ainda
em Silva e Silveira, vemos que:
                    A ausência da leitura literária, enquanto objeto de ensino com
                    propósito de fomentar o exercício de reflexão e de formação de
                    consciência crítica, tem deixado lacunas e seqüelas na formação
                    do leitor; este cada vez mais, lê menos; compreende menos e
                    mais se distancia da leitura literária. (2011, p. 9)



                                                                                 6
Esse distanciamento impossibilita a literatura de exercer sua função
social. Silva e Silveira ilustram essa ideia ao dizer que
                     A leitura literária, numa proposta de letramento, tem a função de
                     ajudar ao aluno , e também ao professor, a ler melhor a si
                     mesmo, aos outros a ao mundo através das conexões texto-
                     leitor (relações com as experiências de vida do aluno/leitor),
                     texto-texto (intertextualidade - relações com outros textos) e
                     texto-mundo (relações estabelecidas entre o texto lido e os
                     acontecimentos globais). (2011, p. 9)


5. VALOR DE MERCADO X VALOR LITERÁRIO


       Vimos que professor e aluno podem estar inseridos em um mesmo
processo dentro do ambiente escolar e, sendo assim, uma convivência
harmoniosa entre eles se faz necessária para uma aprendizagem mais
significativa. Abordaremos agora, valores de mercado e valores literários, outro
ponto polêmico que permeia a questão dos hábitos de leitura de crianças e
adolescentes.
       Eliane H. Paz nos diz que:
                     A literatura trivial passou a ser caracterizada por sua
                     repetitividade e condescendência para com o leitor. Produto de
                     uma indústria que fabrica objetos em série e, por esse motivo,
                     despojada de valor artístico, tudo o que essa narrativa teria para
                     oferecer ao seu público é mais do mesmo, e a encorajar
                     somente uma visão passiva, superficial e acrítica do mundo.
                     (2004, p. 8)
       Ao contrário da literatura clássica, como já foi dito. Eliane (2004, p. 2)
acrescenta ainda que “o ‘valor de mercado’ e o ‘valor literário’ são categorias
diferentes. E respeitar essa diferença é primordial para que possamos
desenvolver nosso senso crítico.”
       Diante de tudo que foi exposto ao longo deste trabalho, é possível
afirmar que a a promoção da identificação entre professor e aluno nas aulas de
literatura dará um resultado mais positivo do que menosprezar as preferências
dos alunos, até porque, como aponta Eliane H. Paz:
                     Nos vemos em meio a uma discussão em torno do valor de
                     mercado versus o valor literário que em nada contribui para a
                     questão fundamental: a de que não é a existência da literatura
                     trivial que gera pessoas sem senso crítico, mas sim uma má
                     formação educacional, familiar e cidadã. (2004, p. 5)



                                                                                     7
Eliane toca, finalmente, no ponto mais importante dessa discussão: não
é com relação a leitura ou a existência de best sellers que precisamos nos
revoltar. Mas sim, com a educação de baixa qualidade à qual a maioria da
população tem acesso no Brasil. Uma educação que de tão frágil, precisa
apelar até para best sellers da literatura estrangeira na tentativa de envolver os
alunos e garantir níveis de aprendizado mais satisfatórios. Mas que assim seja,
se preciso for, pois a educação é o melhor caminho, se não for o único, para a
construção de uma sociedade mais capaz de melhorar sua própria realidade.


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


       Para concluir, proponho uma analogia. É do conhecimento de todos que
qualquer relacionamento começa pela fase da conquista. Em outras palavras,
quando duas pessoas estão se conhecendo, escolhem demonstrar seus traços
mais amigáveis e atraentes. Se for preciso, porque o relacionamento dos
jovens com a leitura não pode começar assim também? Todo começo deve ser
fácil, leve, guiado por paixão e inocência.
       Um relacionamento nunca começa focado nas dificuldades. Pelo
contrário, começa focado nos prazeres mais simples. Somente quando laços
firmes são estabelecidos, é que as pessoas se sentem mais seguras para
expôr traços mais complexos, já que estes são vistos como obstáculos a serem
superados.
       A relação do jovem com os livros pode seguir este mesmo raciocínio.
Best sellers seriam apenas um primeiro passo na caminhada da criação do
hábito da leitura. Eles se apresentam como uma poderosa ferramenta que
inserida dentro de uma estratégia educacional, atrai o jovem para que o
professor possa guiá-lo a leituras mais profundas e significativas no campo da
estética literária.
       Como coloca Eliane H. Paz:
                      Investir e incentivar a literatura de entretenimento como uma
                      primeira etapa que prepare o leitor médio para textos mais
                      significativos é uma alternativa interessante e mais produtiva do
                      que fazer da leitura um dever, uma obrigação que só acaba por
                      afastá-lo e privá-lo do prazer de fruir suas próprias descobertas
                      literárias. (2004, p. 2)

                                                                                     8
É necessário explicar ao jovem que best sellers são, de fato, mais fáceis
de ler. Mas é muito importante que não enxerguem uma leitura mais densa,
mais elaborada, como “chata.” Pois isso os privaria dos prazeres que só os
clássicos podem proporcionar. E é natural que não percebam isso de imediato,
pois o que se busca na leitura de um clássico é justamento o oposto do
imediato, isso deve ficar claro.
        O jovem precisa se conscientizar de que sua capacidade de apreciar
narrativas mais lentas vem sendo prejudicada pelo estilo de vida atual.
Preservar e desenvolver essa capacidade deve meta não só do professor, mas
deles mesmos. Pois cada vez mais a sociedade se ocupa com atividades que
não exigem o menor senso crítico das pessoas.
        A literatura clássica teria, portanto, o papel e o poder de interromper
esse ciclo que empobrece o intelecto dos jovens. A boa notícia é que ela está
ao alcance de todos, seja através da internet, de bibliotecas públicas ou
mesmo de livrarias, onde encontramos edições de obras clássicas a preços
bastante acessíveis. E os jovens a buscarão se o caminho lhes for mostrado,
pois são capazes de entender sua importância, e como consequência,
apreciarão essas obras genuinamente.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BASTAZIN, Vera. Leitura literária: a escola e a isenção do prazer e da
obrigação. Revista Pré-Univesp, edição 4 – Leitura. 2010.


OLIVEIRA, Rejane Pivetta de; MATZENBACHER, Tatiana. A experiência
estética da leitura. Revista Entrelinhas, ano IV, n. 2, jul/dez 2007.


PAZ, Eliane H.. Massa de Qualidade. Trabalho apresentado no I Seminário
Brasileiro sobre Livro e História Editorial, Rio de Janeiro, Brasil, novembro,
2004.

SILVA, Antonieta Mírian de Oliveira Carneiro; SILVEIRA, Maria Inez Matoso.
Leitura para fruição e letramento literário: desafios e possibilidades na

                                                                               9
formação de leitores. Trabalho apresentado no VI Encontro de Pesquisa em
Educação, Alagoas, Brasil, Setembro, 2011.


BLOOM,     Harold.      Revista   Época,      entrevista.     2003.       Disponível   em
<http://www.revista.agulha.nom.br/hbloom.html#infantil>,                 acesso        em
20/11/2011.


BLOOM,        Harold.     Folha.com,         entrevista.      2003.     Disponível     em
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u30244.shtml>, acesso em
18/11/2011.


Revista Educar Para Crescer. Literatura. 2011. Três dicas para incentivar
jovens        a         lerem           os       clássicos.           Disponível       em
<http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/incentivar-jovens-leitura-
484060.shtml>, acesso em 20/11/2011.


Revista Nova Escola, Especial Grandes Pensadores. 2008. Henri Wallon, o
educador                    integral.                      Disponível                  em
<http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/educador-integral-
423298.shtml?page=1>, acesso em 15/11/2011.




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  • 1. Porque (não) ler best sellers na escola AQUINO, Cássia Regina Motta de1 COENGA, Rosemar Eurico2 “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. (Mário Quintana) Resumo O presente artigo discorre sobre a leitura de best sellers na escola, refletindo sobre a realidade atual dos jovens leitores e analisando a posição dos professores em relação à essa prática cada vez mais disseminada entre crianças e adolescentes. São apresentados argumentos que defendem e condenam o intenso envolvimento dos jovens com a chamada literatura de massa, e a partir disso, tenta-se apreender motivos para incentivar o contato entre alunos e best sellers na escola. A atuação mediadora do professor seria fundamental para tornar essas leituras mais ricas e proveitosas, que devem funcionar, de preferência, como ponte para despertar o interesse dos alunos por obras clássicas nacionais e estrangeiras. PALAVRAS-CHAVE: Leitura, escola, best sellers, literatura infanto-juvenil, literatura de massa, valor estético, professor mediador. 1. O JOVEM E A LEITURA Durante a vida escolar, na maioria dos casos, a leitura não é guiada pelo prazer. Pensando no vestibular, as aulas de literatura são voltadas para os grandes clássicos e autores consagrados. Por um lado, isso não deve ser mudado nem criticado, pois ingressar em uma boa universidade é uma meta louvável e faz parte dos planos da grande maioria dos alunos. Por outro lado, estes raramente se identificam com as obras estudadas e, por isso, a leitura obrigatória pode se tornar uma atividade mecânica, chata e desprovida de sentido. Sabe-se que nem sempre uma identificação profunda com a obra é possível, nem mesmo para leitores mais maduros, pois isso depende da leitura de mundo de cada um e até mesmo da personalidade. Mas quanto maior a bagagem cultural do leitor, maiores serão as chances de identificação. As 1 Graduanda em Letras (Português/Inglês) pelo Centro Universitário de Várzea Grande em Mato Grosso. 2 Professor orientador, Doutor em Teoria Literária pela Universidade de Brasília. 1
  • 2. estórias narradas em obras clássicas frequentemente acontecem em épocas diferentes, as personagens pensam e agem de acordo com suas determinadas épocas e isso pode estabelecer uma distância impercorrível entre uma verdadeira apreciação da obra e um leitor menos experiente. Mas existem maneiras de encurtar essa distância. Pode-se considerar que os aspectos mais próximos da realidade de qualquer leitor presentes nas obras são os temas universais. Não importa onde nem quando os fatos ocorrem dentro de estória, se as personagens se apaixonam, se odeiam, se admiram, se invejam, sentem coragem ou medo, estes sentimentos são atemporais e facilmente compreendidos por leitores de qualquer idade e de qualquer lugar do mundo. Estes aspectos, entretanto, podem estar escondidos atrás de uma linguagem mais culta e rebuscada, que não faz parte do dia-a-dia do jovem leitor. Enfatizar e discutir os temas universais em sala pode ser uma boa estratégia para encurtar distâncias, ajudando o aluno a se identificar com a obra. 2. A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO Para que um leitor sinta prazer, é necessário que ele se identifique de alguma forma com a leitura. Sem essa identificação, a assimilação de qualquer conteúdo estudado fica prejudicada. É o que defende o teórico Henri Wallon e seus seguidores, como, por exemplo, Heloysa Dantas, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), estudiosa da obra de Wallon há 20 anos. "A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer", (2008, p. 2) explica Heloysa. Sendo assim, uma boa maneira de despertar o interesse do aluno para uma leitura, seria explicitar as emoções vividas pelas personagens na estória, que geralmente se encaixam nos temas universais já citados anteriormente. Os estudos de Henri Wallon, nos mostram que só armazenamos informações que nos despertam emoções. Em outras palavras, podemos dizer 2
  • 3. que aprende-se com mais facilidade o que se gosta. O desafio é, portanto, fazer com que o aluno goste das obras clássicas estudadas na escola, fazer com que ele se identifique com as situações vividas pelas personagens, apesar de existirem em épocas pouco ou muito distintas da sua. A identificação com os best sellers infanto-juvenis de hoje é instantânea porque o público alvo deles é justamente o leitor jovem. As personagens destes livros em sua maioria ainda estão na escola, se apaixonando pela primeira vez, tentando descobrir quem são e do que gostam. Qual jovem não se identificaria com isso? Eles gostam de ler sobre as mesmas alegrias e dificuldades que enxergam em seu dia-a-dia, pois estão em uma fase de auto-afirmação. Mas não é impossível relacionar situações presentes na literatura de massa com situações narradas nos clássicos. Até o mercado editorial percebeu que isso pode dar certo. Prova disso é a reedição do clássico inglês O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brönte, após a obra ter sido mencionada pelos personagens principais da série Crepúsculo. A intensa e trágica estória de amor de Brönte foi lida e apreciada pelos mesmo leitores da saga infanto- juvenil, que enxergaram semelhanças e conseguiram se identificar com uma obra muito diferente da realidade atual e dos best sellers que tanto gostam. Como coloca Daiane da Silva Lourenço (2010, p. 3), para os alunos, best sellers podem ser um “ponto de partida para discussões que os levarão a se interessar por leituras que exijam mais deles e, por conseguinte, contribuam de maneira mais significativa para sua formação como ser humano.” Um outro tipo de identificação, tão importante quanto a do aluno com os livros, também será abordada no próximo tópico. 3. BEST SELLERS: LER OU NÃO LER, EIS A QUESTÃO Best sellers são muito criticados no mundo todo. O crítico literário mais conhecido, e também o mais ferrenho, é o americano Harold Bloom (2003). Para ele, Harry Potter, por exemplo, não passa de uma “bruxaria barata reduzida a aventura. É prejudicial ao leitor. Não tem densidade. A escrita é horrível.” Bloom acha que o fênomeno Harry Potter é efêmero e os livros acabarão em poeira. 3
  • 4. Ele diz ainda que : Sempre houve, na história da literatura ocidental, livros que são muito populares, entre adultos e crianças, mas 30 ou 40 anos depois ninguém se lembra quais são... Viram pó. Eu não estarei por aqui em 30 anos para ver, mas Harry Potter já terá desaparecido. Mas Shakespeare e Lewis Carroll ainda estarão por aqui. (BLOOM, 2003, p. 1) Harold Bloom pode até parecer pretensioso em suas críticas, mas sua perspectiva é válida e sua intenção a melhor. Porém, se olharmos para as crianças e adolescentes de hoje, salvo exceções, que nasceram e foram criados na era digital, elas não se encaixam nos padrões de Bloom e seus seguidores, e portanto, dificilmente corresponderão às suas expectativas sem que professores atuem como mediadores da leitura na escola. Paz entende que “O fast-book é um produto do nosso tempo. Assim como seu similar alimentício, devorar de vez em quando uma produção ‘pronta para ser consumida’ não faz mal à saúde.” (2004, p. 2) Diz ainda que “esse tipo de narrativa tende a constituir-se em 'campeão de vendas' porque se configura uma poderosa estimuladora de leitura, isto é, tem o poder de mobilizar o olhar e estimular a imaginação do leitor consumidor.” (2004, p. 2) Sendo assim, a leitura de best sellers pode funcionar como uma ferramenta eficaz para que os alunos criem o hábito de ler. Porque “o simples ato de dedicar-se à leitura é, em si só, uma etapa a ser vencida, em um contexto cultural onde atividades mais sedutoras ao olhar se impõem brutalmente sobre nós.” (PAZ, 2004, p. 1) Na sociedade atual, inúmeras atividades infanto-juvenis são mais sedutoras que a leitura. Esse é um outro aspecto importante a ser considerado, o poder de concentração dos jovens hoje. Acostumados a uma linguagem muita sucinta e rápida de controles remotos, computadores, celulares, etc, parar para ler um romance de centenas de páginas, por mais interessante que ele seja, já é um grande desafio. Augusto Cury discute em seu livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes a Síndrome do Pensamento Acelerado – SPA. Qual a porcentagem de crianças ou adolescentes que não desenvolve a SPA hoje? É a mesma porcentagem de crianças ou adolescentes que não tem muito contato com televisão e diversos outros dispositivos eletrônicos que desestimulam o raciocínio crítico e prejudicam o poder de concentração, ou seja, uma minoria. 4
  • 5. A leitura de best sellers infanto juvenis na escola, deve ter o intuito de aproximar o aluno da palavra escrita, através de estórias pelas quais ele se interessa mais facilmente. A literatura de massa com elemento fantástico, em especial, é devorada por muitos leitores jovens, e pode ser uma ferramenta na criação do hábito da leitura, atividade que por si só melhora a leitura de mundo e aumenta a bagagem cultural de qualquer pessoa. Seguindo este raciocínio, quanto mais o aluno lê, mais ele está apto para assimilar e apreciar suas leituras. O professor deve, portanto, incentivar e valorizar essa prática, mostrando aos alunos que os livros que eles gostam não merecem ser desprezados. Ao fazê-lo, cria-se uma identificação não só com a obra, mas também com o docente, que pode ser considerado um dos maiores responsáveis pelo bom relacionamento entre o aluno e a leitura na escola, quando atua como um mediador. É na identificação entre aluno e professor que nos concentraremos agora. Os jovens adoram ler Harry Potter, Crepúsculo, Gossip Girl, Percy Jackson e outros livros do gênero. Eles realmente se identificam com essas obras. Quando chegam à escola e ouvem seus professores dizendo o quanto estes livros são ruins, pobres, mal escritos, etc, se sentem inferiorizados e isso distancia o aluno do professor. É compreensível. Quando alguém menospreza seus gostos, indiretamente te menospreza também, e ninguém gosta de ser menosprezado, principalmente pessoas que ainda se sentem inseguras com relação à própria personalidade, como a maioria dos jovens em idade escolar. O professor deve se sensibilizar com isso. E pode até aprender a apreciar uma leitura mais leve e despretensiosa com seus alunos. Mencionar personagens e passagens de seus livros preferidos nas aulas de literatura ou até mesmo em avaliações, sem menosprezo, deixará os alunos mais à vontade e criará um ambiente mais favorável para a aprendizagem. Juliana Loyola (2011), do curso de Letras e da pós-graduação em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP , acredita que “Se o professor entender por que determinado livro é um fenômeno entre os alunos, talvez ele possa, a partir disso, mediar outras leituras que despertem a mesma natureza de interesse.” Para ela, best sellers “dialogam com o jovem, ou porque mimetizam a velocidade da TV e da tela de cinema, ou porque abordam temas do universo 5
  • 6. dele. O problema é quando o leitor só tem contato com esse tipo de livro". (LOYOLA, 2011) O próximo tópico aborda com mais profundidade esse problema. 4. VALOR ESTÉTICO DA LEITURA LITERÁRIA Eliane H. Paz (2004, p. 14) lembra que “para um texto ser considerado literário, ele deveria principalmente ser original e requerer esforço da parte de quem o lê.” O aluno precisa entender que, neste caso, esforço não deve ser sinônimo de sofrimento, mas de um processo natural no qual pular etapas apenas prejudicaria o resultado. Como coloca Vera Bastazin, professora e doutora em Literatura e Crítica Literária no curso de pós-graduação da PUC de São Paulo: Vivenciar a leitura do literário não é função que se cumpre da noite para o dia; ao contrário, é parceria que se realiza em processo, cultivando o gosto pela busca de alternativas no ato de construir a percepção e o próprio conhecimento como objetos sempre inconclusos. Conhecer significa interferir na realidade, crescer e transformar-se com ela. (2010, p. 1) Rejane Pivetta de Oliveira e Tatiana Matzenbacher (2007), apontam ainda que a “experiência estética leva o leitor ao desprendimento das limitações da vida cotidiana, à renovação de sua percepção e, conseqüentemente, a uma transformação social.” Antonieta Mírian de Oliveira Carneiro Silva e Maria Inez Matoso Silveira (2011, p. 4), complementam bem este raciocínio ao lembrar que “no exercício da literatura, podemos ser outros, podemos viver como os outros, podemos romper os limites do tempo e do espaço de nossa experiência e, ainda sim, sermos nós mesmos.” Diante do que foi exposto, fica claro como o foco exclusivo na literatura trivial não é capaz de desenvolver todo o potencial intelectual dos jovens. Ainda em Silva e Silveira, vemos que: A ausência da leitura literária, enquanto objeto de ensino com propósito de fomentar o exercício de reflexão e de formação de consciência crítica, tem deixado lacunas e seqüelas na formação do leitor; este cada vez mais, lê menos; compreende menos e mais se distancia da leitura literária. (2011, p. 9) 6
  • 7. Esse distanciamento impossibilita a literatura de exercer sua função social. Silva e Silveira ilustram essa ideia ao dizer que A leitura literária, numa proposta de letramento, tem a função de ajudar ao aluno , e também ao professor, a ler melhor a si mesmo, aos outros a ao mundo através das conexões texto- leitor (relações com as experiências de vida do aluno/leitor), texto-texto (intertextualidade - relações com outros textos) e texto-mundo (relações estabelecidas entre o texto lido e os acontecimentos globais). (2011, p. 9) 5. VALOR DE MERCADO X VALOR LITERÁRIO Vimos que professor e aluno podem estar inseridos em um mesmo processo dentro do ambiente escolar e, sendo assim, uma convivência harmoniosa entre eles se faz necessária para uma aprendizagem mais significativa. Abordaremos agora, valores de mercado e valores literários, outro ponto polêmico que permeia a questão dos hábitos de leitura de crianças e adolescentes. Eliane H. Paz nos diz que: A literatura trivial passou a ser caracterizada por sua repetitividade e condescendência para com o leitor. Produto de uma indústria que fabrica objetos em série e, por esse motivo, despojada de valor artístico, tudo o que essa narrativa teria para oferecer ao seu público é mais do mesmo, e a encorajar somente uma visão passiva, superficial e acrítica do mundo. (2004, p. 8) Ao contrário da literatura clássica, como já foi dito. Eliane (2004, p. 2) acrescenta ainda que “o ‘valor de mercado’ e o ‘valor literário’ são categorias diferentes. E respeitar essa diferença é primordial para que possamos desenvolver nosso senso crítico.” Diante de tudo que foi exposto ao longo deste trabalho, é possível afirmar que a a promoção da identificação entre professor e aluno nas aulas de literatura dará um resultado mais positivo do que menosprezar as preferências dos alunos, até porque, como aponta Eliane H. Paz: Nos vemos em meio a uma discussão em torno do valor de mercado versus o valor literário que em nada contribui para a questão fundamental: a de que não é a existência da literatura trivial que gera pessoas sem senso crítico, mas sim uma má formação educacional, familiar e cidadã. (2004, p. 5) 7
  • 8. Eliane toca, finalmente, no ponto mais importante dessa discussão: não é com relação a leitura ou a existência de best sellers que precisamos nos revoltar. Mas sim, com a educação de baixa qualidade à qual a maioria da população tem acesso no Brasil. Uma educação que de tão frágil, precisa apelar até para best sellers da literatura estrangeira na tentativa de envolver os alunos e garantir níveis de aprendizado mais satisfatórios. Mas que assim seja, se preciso for, pois a educação é o melhor caminho, se não for o único, para a construção de uma sociedade mais capaz de melhorar sua própria realidade. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para concluir, proponho uma analogia. É do conhecimento de todos que qualquer relacionamento começa pela fase da conquista. Em outras palavras, quando duas pessoas estão se conhecendo, escolhem demonstrar seus traços mais amigáveis e atraentes. Se for preciso, porque o relacionamento dos jovens com a leitura não pode começar assim também? Todo começo deve ser fácil, leve, guiado por paixão e inocência. Um relacionamento nunca começa focado nas dificuldades. Pelo contrário, começa focado nos prazeres mais simples. Somente quando laços firmes são estabelecidos, é que as pessoas se sentem mais seguras para expôr traços mais complexos, já que estes são vistos como obstáculos a serem superados. A relação do jovem com os livros pode seguir este mesmo raciocínio. Best sellers seriam apenas um primeiro passo na caminhada da criação do hábito da leitura. Eles se apresentam como uma poderosa ferramenta que inserida dentro de uma estratégia educacional, atrai o jovem para que o professor possa guiá-lo a leituras mais profundas e significativas no campo da estética literária. Como coloca Eliane H. Paz: Investir e incentivar a literatura de entretenimento como uma primeira etapa que prepare o leitor médio para textos mais significativos é uma alternativa interessante e mais produtiva do que fazer da leitura um dever, uma obrigação que só acaba por afastá-lo e privá-lo do prazer de fruir suas próprias descobertas literárias. (2004, p. 2) 8
  • 9. É necessário explicar ao jovem que best sellers são, de fato, mais fáceis de ler. Mas é muito importante que não enxerguem uma leitura mais densa, mais elaborada, como “chata.” Pois isso os privaria dos prazeres que só os clássicos podem proporcionar. E é natural que não percebam isso de imediato, pois o que se busca na leitura de um clássico é justamento o oposto do imediato, isso deve ficar claro. O jovem precisa se conscientizar de que sua capacidade de apreciar narrativas mais lentas vem sendo prejudicada pelo estilo de vida atual. Preservar e desenvolver essa capacidade deve meta não só do professor, mas deles mesmos. Pois cada vez mais a sociedade se ocupa com atividades que não exigem o menor senso crítico das pessoas. A literatura clássica teria, portanto, o papel e o poder de interromper esse ciclo que empobrece o intelecto dos jovens. A boa notícia é que ela está ao alcance de todos, seja através da internet, de bibliotecas públicas ou mesmo de livrarias, onde encontramos edições de obras clássicas a preços bastante acessíveis. E os jovens a buscarão se o caminho lhes for mostrado, pois são capazes de entender sua importância, e como consequência, apreciarão essas obras genuinamente. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTAZIN, Vera. Leitura literária: a escola e a isenção do prazer e da obrigação. Revista Pré-Univesp, edição 4 – Leitura. 2010. OLIVEIRA, Rejane Pivetta de; MATZENBACHER, Tatiana. A experiência estética da leitura. Revista Entrelinhas, ano IV, n. 2, jul/dez 2007. PAZ, Eliane H.. Massa de Qualidade. Trabalho apresentado no I Seminário Brasileiro sobre Livro e História Editorial, Rio de Janeiro, Brasil, novembro, 2004. SILVA, Antonieta Mírian de Oliveira Carneiro; SILVEIRA, Maria Inez Matoso. Leitura para fruição e letramento literário: desafios e possibilidades na 9
  • 10. formação de leitores. Trabalho apresentado no VI Encontro de Pesquisa em Educação, Alagoas, Brasil, Setembro, 2011. BLOOM, Harold. Revista Época, entrevista. 2003. Disponível em <http://www.revista.agulha.nom.br/hbloom.html#infantil>, acesso em 20/11/2011. BLOOM, Harold. Folha.com, entrevista. 2003. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u30244.shtml>, acesso em 18/11/2011. Revista Educar Para Crescer. Literatura. 2011. Três dicas para incentivar jovens a lerem os clássicos. Disponível em <http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/incentivar-jovens-leitura- 484060.shtml>, acesso em 20/11/2011. Revista Nova Escola, Especial Grandes Pensadores. 2008. Henri Wallon, o educador integral. Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/educador-integral- 423298.shtml?page=1>, acesso em 15/11/2011. 10