O documento discute diferentes tipos de animais peçonhentos e não peçonhentos no Brasil, incluindo suas características e causas mais comuns de acidentes. Serpentes peçonhentas como jararacas, surucucus e cascavéis são responsáveis pela maioria dos acidentes ofídicos, com jararacas respondendo por quase 90% dos casos. O documento também fornece detalhes sobre a identificação e classificação de serpentes peçonhentas e não peçonhentas.
2. Os animais venenosos são animais que possuem
veneno, mas não possuem mecanismo de inoculação,
provocando envenenamento passivo por contato
(taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão
(peixe baiacu).
Animais peçonhentos são aqueles que produzem
substância tóxica (veneno) e apresentam um aparelho
especializado para inoculação desta substância.
Possuem glândulas que se comunicam com dentes
ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno
passa ativamente.
4. Dentre os acidentes por animais peçonhentos, o
ofidismo é o principal deles, pela sua
freqüência e gravidade. Ocorre em todas as
regiões e estados brasileiros e é um importante
problema de saúde, quando não se institui a
soroterapia de forma precoce e adequada.
5. São cerca de 2.930 espécies de serpentes
estudadas no mundo.
Sendo 250 do Brasil, com 2 famílias de
serpentes peçonhentas com 70 espécies.
Fam. Viperidae: Bothrops, Crotalus, Lachesis.
Fam. Elapidae: Micrurus
6. Serpentes Peçonhentas do Brasil
Distribuição Geográfica
Bothrops
Lachesis
(jararaca, jararacuçu, urutu,
(surucucu-pico-de-jaca)
cotiara, caiçaca)
Micrurus Crotalus
(corais-verdadeiras). (cascavel)
8. Ofídio Peçonhento e Não Peçonhento
Não Peçonhentas Não Peçonhentas
Coral - Micrurus
Bothrops, Lachesis, Crotalus
9. Classificação das principais serpentes causadores de
acidentes ofídicos no Brasil
Áglifas: sem presas inoculadoras
de veneno.
Boa constrictor
(jibóia)
10. Classificação das principais serpentes causadores de
acidentes ofídicos no Brasil
Áglifas: sem presas inoculadoras
de veneno
Eunectes murinus
(Sucuri)
11. Proteróglifas
Classificação das principais serpentes
causadores de acidentes ofídicos no Brasil
Opistóglifas
Tipo de presas Família Espécies Nome popular
Philodryas Cobra
olfersii verde
Opistóglifas Colubridae Philodryas Jararacussu
patagoniensis dourado
Clelia Muçurana
plumbea
Proteróglifas Elapidae Micrurus spp Corais
verdadeiras
12. Solenóglifas
Classificação das principais serpentes
causadores de acidentes ofídicos no Brasil
Tipo de Família Espécies Nome popular
presas
Bothrops jararaca Jararaca
B. jararacussu Jararacussu
Solenóglifas Viperidae B. alternatus Urutu
Crotalus durissus Cascavel
Lachesis muta Surucucu
13.
14. Diferenciação entre ofídios venenosos e não venenosos. As
diferenças não são válidas para as cobras corais
Diferenciação Família Viperidae Não venenosas
Formato da cabeça Triangular Arredondada
Fosseta lacrimal Presente Ausente
Olhos Pupilas elípticas Pupilas arredondadas
Escamas da cabeça Presentes Ausentes
Presas inoculadoras Presentes Ausentes
Cauda Mais curta. Término abrupto. Mais longa e afilada nos
Chocalho na cascavel machos
15. Identificação ofídio Peçonhento
Cauda de jararaca (Bothrops)
Aspecto uniforme, liso ao tato
Cauda de surucucu (Lachesis)
Aspecto eriçado na parte ventral
Fosseta loreal ou lacrimal
Cauda de cascavel (Crotalus)
Observar o guiso, ou chocalho
16. Serpentes Peçonhentas no Brasil
Viperidae
Bothrops – jararaca
Lachesis – surucucu
Crotalus – cascavel Fosseta loreal ou lacrimal
Elapidae
Micrurus - coral
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26. A serpente é peçonhenta?
Sim
Qual o gênero da cobra?
Crotalus - cascavel
27. Peçonhenta ou não peçonhenta? Peçonhenta
Qual o gênero? Bothrops
Bothrops atrox
31. As corais verdadeiras são causa rara de acidentes pois
os hábitos dessas serpentes não propiciam a ocorrência
de acidentes.
32. As surucucus são serpentes que habitam matas fechadas
sendo portanto encontradas principalmente na
Amazônia e, mais raramente, na Mata Atlântica.
33. As jararacas respondem por quase 90% dos
acidentes ofídicos registrados, sendo encontradas em
todo o país.
34. Já as cascavéis preferem ambientes secos e abertos, não
sendo comuns nas áreas onde as surucucus
predominam.
35. AÇÃO PROTEOLÍTICA - também denominada de necrosante, decorre da ação
citotóxica direta nos tecidos por frações proteolíticas do veneno. Pode haver lise das
paredes vasculares.
Caracteriza-se pela destruição das proteínas do organismo. Provoca, no local da
mordida, intensa reação que se reconhece pela dor, edema firme (inchaço duro),
equimose (manchas), rubor (avermelhamento), bolhas hemorrágicas (ou não), que
pode se seguir de necrose que atinge pele, músculos e tendões. As enzimas
proteolíticas podem, pela agressão às proteínas, induzir a liberação de substâncias
vasoativas, tais como bradicinina e histamina, substâncias estas que, nos
envenenamentos graves, podem levar à morte.
36. AÇÃO COAGULANTE - substâncias que, através da mordida, penetram na
circulação sanguínea, ativam o fibrinogênio e consequentemente a cascata de
coagulação, com isso há deposição de microcoágulos principalmente nos pulmões.
Assim, o restante do sangue fica incoagulável por falta do fibrinogênio, sem que
necessariamente haja hemorragia. Esta aparece quando as paredes dos vasos
sanguíneos menores são lesadas pela ação proteolítica.
37. AÇÃO NEUROTÓXICA - Nos acidentes causados por CROTALUS,
clinicamente há ptose palpebral (queda de pálpebra) e diplopia (visão
dupla) poucas horas após o acidente. Já nos indivíduos mordidos por
MICRURUS, além dos sintomas descritos acima, superpõe-se mialgia
generalizada (dores nos músculos), mal estar geral, sialorréia (salivação
abundante), e dificuldade de deglutição. A insuficiência respiratória é a
causa de óbito nos pacientes deste grupo.
AÇÃO HEMOLÍTICA - a atividade hemolítica (destruição das células
vermelhas do sangue) se expressa sob a forma de hemoglobinúria (urinar
sangue). Este quadro evolui, quando não convenientemente tratado, para
insuficiência renal aguda, causa principal de óbito nos pacientes. As
alterações urinárias devido à hemólise não aparecem nas primeiras
horas, surgindo entre 12 e 24 horas após o acidente.
39. É o nome comum
dos répteis escamados pertencentes ao
gênero Bothrops da família Viperidae.
São serpentes peçonhentas,
encontradas nas Américas Central e
do Sul, sendo importantes causadoras
de acidentes com altas taxas
de morbidade e mortalidade. As
diferentes espécies apresentam grande
variabilidade, principalmente nos
padrões de coloração e tamanho, ação
da peçonha, dentre outras
características. Atualmente 32 espécies
são reconhecidas, mas é consenso
dentre os pesquisadores que
a taxonomia e sistemática deste grupo
está mal resolvida, de modo que novas
espécies têm sido descritas.
40. Dor
Edema
Ações do veneno Bothrops Eritema
Calor
Bolhas
Abscessos
Necrose
Incoagulabilidade sanguínea
Proteolítico Aumento do Tempo de Coagulação (TC)
Coagulante Sangramentos no local da picada
Sangramentos sistêmicos
Hemorrágico (gengivorragia, epistaxes, hematêmese,
hemoptise, hematúria, metrorragia,
equimoses e etc.)
Sangramentos no local da picada
Sangramentos sistêmicos
(gengivorragia, epistaxes,
hematêmese, hemoptise, hematúria,
metrorragia, equimoses e etc.)
41. Fisiopatologia da peçonha ofídica e a sua correlação com os
achados clínicos. O gênero Bothrops
Proteolítica Ação direta nos tecidos mionecrose, liponecrose, lise das paredes
ou vasculares edema, calor, rubor, dor intensa no local da picada.
citotóxica Hipotensão e choque nos casos graves. Evolutivamente bolhas,
equimoses, necrose; infecção secundária
Transforma fibrinogênio em fibrina (tipo trombina). Ativação do fator X e
Coagulante da protombina. Pode haver consumo de fatores, plaquetas, CID e
microtrombos na rede capilar manifestações hemorrágicas:
gengivorragias, equimoses, hematúria, hematêmese, melena....
Alteração do tempo de coagulação até a incoagubilidade
Hemorrágica ou Lesões do endotélio vascular locais ou sistêmicas, favorecendo as
Vasculotóxica manifestações hemorrágicas
Outras Lesão renal. Choque...
42. Marca das 2 presas inoculadoras. Notar o edema e a
tonalidade equimótica no dorso do pé. Bothrops
43. Notar as marcas das presas inoculadoras com discreto
sangramento. Edema no local da picada (Bothrops)
44. Acidente por Bothrops. Notar a necrose e edema no
local da picada. Ação proteolítica ou citotóxica
45. As marcas das 2 presas inoculadoras de veneno.
Notar a mão edemaciada
46. Acidente ofídico por Bothrops alternatus. Lesões no local da
picada de natureza proteolítica.
51. Serpentes de grande porte, como o
nome indígena representa surucucu
grande serpente.
Apresentam cabeça triangular,
fosseta loreal e cauda com escamas
arrepiadas e presa inoculadora de
veneno. Com duas subespécies, é a
maior serpente peçonhenta das
Américas.
São poucos os relatos de acidente
onde o animal causador foi trazido
para identificação. Existem
semelhanças nos quadros clínicos
entre os acidentes laquético e Lachesis muta rhombeata
botrópico, com possibilidade de
confusão diagnóstica entre eles.
52. Incoagulabilidade sanguínea
Aumento do Tempo de Coagulação (TC)
Sangramentos no local da picada
Ações do veneno Lachesis Sangramentos sistêmicos
(gengivorragia, epistaxes,
hematêmese, hemoptise, hematúria,
metrorragia, equimoses e etc.)
Dor
Cólica abdominal, Proteolítico Edema
Vômitos Eritema
Diarréia, Coagulante
Calor
Bradicardia Hemorrágico Bolhas
Hipotensão Neurotóxico Abscessos
Necrose
Estimulo do nervo
vago
Sangramentos no local da picada
Sangramentos sistêmicos
(gengivorragia, epistaxes,
hematêmese, hemoptise, hematúria,
metrorragia, equimoses e etc.)
53. Fisiopatologia da peçonha ofídica e a sua correlação com os
achados clínicos. O gênero Lachesis
As ações proteolítica, coagulante e vasculotóxica são semelhantes ao
Bothrops. Tem ação neurotóxica discreta: manifestações vagais e
diarréia
Lachesis
muta
54. A cascavel é uma serpente inconfundível pela
presença do chocalho ou gizo na extremidade
da cauda, coloração geral é olivácea.
Habita campos abertos de cerrados, áreas
pedregosas, secas e quentes.
O número de segmentos que compõe o
chocalho determina o número de trocas de
peles realizadas.
Cada vez que o animal muda de pele, o que
ocorre de 2 a 4 vezes por ano, ele acrescenta
um novo anel no chocalho.
Alimenta-se de roedores e pequenas aves em
geral.
55. Parestesia local Ação do veneno Crotalus
fácies miastênica
Ação pré-sinaptica inibe
a liberaçãoda Ach.
Bloqueio neuromuscular
Mialgia generalizada Neurotóxico
Colúria (avermelhada a escura) Miotóxico
Oligúria / anúria (IRA)
Coagulante
Incoagulabilidade sanguínea
Aumento do Tempo de Coagulação (TC)
Sangramentos no local da picada
Sangramentos sistêmicos
(gengivorragia, epistaxes,
hematêmese, hemoptise, hematúria,
metrorragia, equimoses e etc.)
56. Fisiopatologia da peçonha ofídica e a sua correlação com os
achados clínicos. O gênero Crotalus
Rabdomiólise liberação de mioglobina e enzimas
Miotóxica musculares. Dores musculares generalizadas, urina
escura, discreto edema no local da picada,
mioglobinúria, podendo evoluir para I renal aguda
Bloqueio da junção neuromuscular, inibindo a
Neurotóxica liberação de acetilcolina na pré-sinapse. Ptose
palpebral, diplopia, oftalmoplegias, fasciculações
musculares, face neurotóxica
Coagulante Aumento do tempo de coagulação nos casos mais
graves
Outras hepatotóxica; nefrotóxica
59. Este grupo é formado pelas corais
verdadeiras. É importante lembrar
que as corais não possuem fosseta
loreal.
Em virtude de apresentarem dentes
pequenos e fixos, seus inoculadores
de veneno, e habitarem,
preferencialmente, buracos, os
acidentes são raros, porém mais
graves do que os causados pelos
demais ofídios, devido a sua
potencial evolução para o bloqueio
neuromuscular, paralisia
respiratória e óbito.
A prevalência de acidentes por
Micrurus é baixíssima,
representando menos de 0,5% do
total de acidentes ofídicos.
60. Ação do veneno Micrurus
Parestesia local
Fácies miastênica
Neurotóxico
Ação pré e pós-sinaptica inibe
a liberaçãoda e fixação da Ach.
Bloqueio neuromuscular
61. Exemplar de Micrurus coralinus (coral verdadeira). Principais
ações do veneno elapídico
O veneno da coral é exclusivamente neurotóxico
Competem com a acetilcolina na junção neuromuscular (pós-sináptica)
Atuam bloqueando a liberação de acetilcolina (pré-sinapse)
63. Exemplar de Micrurus spp (coral verdadeira )
Paciente com facies neurotóxico típico
O veneno das corais atua rapidamente. Não há reação no local da
picada. Não há alterações da coagulação. Não há miotoxicidade.
Face neurotóxica. Paralisias progressivas. Disfagia. Insuficiência
respiratória aguda
64. Acidente por coral; facies neurotóxico. Micrurus frontalis com
a sua trinca de aneis negros intercalados por aneis vermelhos
65. Exames recomendados nos acidentes ofídicos e os objetivos
Hemograma completo. Plaquetometria. Hemossedimentação
Avaliação da coagulação: tempo de protombina, tempo parcial de
tromboplastina, fibrinogênio, produtos de degradação da fibrina
Tempo de coagulação
Elementos anormais e sedimento urinário. Hematúria. Mioglobinúria
Uréia e creatinina.
Eletrólitos, cálcio, fósforo, ácido úrico, gasometria, Ph, em casos de IRA
CPK, LDH, AST, ALT, aldolase e bilirrubinas
Métodos de imagem na área afetada pelo Lachesis ou Bothrops
ELISA para detecção de veneno e diferenciação de Lachesis e Bothrops
66. Definição de gravidade para prognóstico e cálculo da dose de
soro anti-botrópico (MS)
Manifestações Leves Moderados Graves
Dor, edema e Ausentes ou Evidentes Intensas
equimose no local discretas
Hemorragia grave Ausentes Ausentes Presentes
choque ou anúria
Tempo de Normal ou Normal ou Em geral
coagulação aumentado aumentado alterado
Soroterapia número 2a4 4a8 12
de ampolas EV
67. Definição de gravidade para prognóstico e cálculo da dose de
soro anti-laquético
Manifestações Moderados Graves
Dor, edema e equimose no Evidentes Intensas
local Nercrose local
Hemorragia grave Presente Intensa
choque ou anúria Choque
hipovolêmico
Tempo de coagulação Normal ou Em geral
aumentado alterado
Soroterapia número de 10 20
ampolas EV
72. Gravidade do acidente por Crotalus
(sinais/sintomas)
Moderada
Sem dor e edema local Grave
Parestesia local
Leve Sem dor e edema local
Fácies miastênica Parestesia local
Sem dor e edema local
discreta ou evidente Fácies miastênica
Parestesia local
de instalação precoce Evidente
Fácies miastênica
Mialgia discreta Mialgia
ausente ou discreta,
Cólúria ausente Fraqueza muscular
de aparecimento tardio
ou pouco evidente Colúria
Mialgia ausente ou
TC normal Oligúria ou anúria
discreta
ou alterado IRA
TC normal
10 ampolas TC normal ou alterado
ou alterado
5 ampolas 20 ampolas
74. Gravidade do acidente por Micrurus
Grave
Sem dor e edema
Parestesia local
Fraqueza muscular progressiva
Dificuldade de deambular
Fácies miastênica
Dificuldade de deglutir
Insuficiência respiratória
de instalação precoce
10 ampolas
76. Medidas gerais.
Conduta no atendimento fora do hospital
Remover a vítima do território da serpente.
Paciente deve ficar aquecido, em repouso e o mais tranqüilo possível
Imobilizar a área lesada em posição funcional e abaixo do coração
O ferimento deve ser limpo. Não colocar “remédios” populares
Tentar identificar a serpente sem riscos para o paciente ou o seu
acompanhante. Foto digital se possível a uma distância segura
Transportar o paciente para o hospital o mais rápido possível
A questão da bandagem nas serpentes da família Elapidae
77. Tratamento dos acidentes ofídicos. Medidas gerais.
Conduta no atendimento fora do hospital de acordo com o
Instituto Butantan de São Paulo
78. Medidas não recomendadas em acidentes ofídicos
“Remédios” caseiros. “Ervas”.
Cortes. Multipunturas. Sucção oral
Sucção mecânica com aparelhos
Choque elétrico. Crioterapia
Não usar torniquetes
Nada de bebidas alcoólicas ou drogas .
Não manipular a serpente diretamente. Elas mantém o reflexo de
picar mesmo após a morte aparente
80. Tratamento dos acidentes ofídicos. O uso do soro-antiofídico
(SAO)
O SAO deve ser específico contra o ofídio causador do acidente
As associações de SAO usam-se em poucas situações especiais
Sempre que possível o SAO deve ser prescrito EV em dose única
As doses são as mesmas em crianças ou adultos
Os testes intradérmicos não são realizados na maioria dos centros,
pois retardam o uso do soro, só detectam reações do tipo Ig E, com
muitos resultados falso positivos (33 %) e falso negativos (10 a 36
%), além de não detectarem as reações
anafilactóides e poderem causar reações
no próprio teste.
81. O uso do soro-antiofídico (SAO)
O uso do SAO, em muitos centros, é antecedido da administração de
antagonistas do H1 (prometazina ou maleato de dextroclorofeniramina),
do H2 (cimetidina ou ranitidina) e corticóides.
O uso de SAO EV implica em:
Garantir um bom acesso venoso. Supervisão médica durante a infusão
Material para tratar eventual angiodema de glote (entubação)
Fazer a pré-medicação 10 a 15 minutos antes do soro
Ter à mão adrenalina 1:1000, anti-histamínicos, corticóides, oxigênio,
broncodilatadores e soro fisiológico
O SAF pode ser diluído em SF ou SG a 5%, na proporção 1:2 a 1:5, e
ser feito mais lentamente EV.
82. O uso do soro-antiofídico (SAO). Os produtos disponiveis
SAB: Soro antibotrópico
SABL: Soro antibotrópico + antilaquético
SABC: Soro antibotrópico + anticrotálico
SAC: Soro anticrotálico
SAL: Soro antilaquético
SAE: Soro antielapídico
83. O uso do soro-antiofídico (SAO) Dosagem em função da
gravidade (manual do MS)
Gênero da Leve Moderado Grave SAO SAO
serpente indicado alternativo
Bothrops 2a4 4a8 12 Anti- SABL ou
ampolas ampolas ampolas botrópico SABC
Lachesis 10 20 Anti- SABL
ampolas ampolas laquético
Crotalus 5 10 20 Anti- SABC
ampolas ampolas ampolas Crotálico
Micrurus 10 Anti-
ampolas elapídico
84. Tratamento do acidente botrópico. Medidas gerais
Limpeza e assepsia do local da picada
Acompanhamento, com cirurgião se necessário, da evolução das lesões.
Debridamento do material necrótico. Cirurgia plástica.
Profilaxia antibiótica discutível. A maioria dos autores prefere acompanhar
e tratar se houver infecção secundária
Profilaxia do tétano de acordo com a história vacinal do paciente
Analgesia. Evitar os anti-inflamatórios
Vigiar o aparecimento de complicações no curto e no médio prazo
Outras medidas conforme o caso
85. Tratamento dos acidentes ofídicos. Principais complicações
dos acidentes botrópicos
Síndrome compartimental: compressão do feixe vásculo-nervoso
Infecção bacteriana secundária. Abscessos
Gram negativos, anaeróbios e cocos gram positivos
Necrose no local. Necrose de extremidades
Choque Hemorragias
Insuficiência renal aguda
Necrose intensa após desbridamento (Marcelo et al) Hemorragia cerebral (Otero et al)
86. Medidas complementares para o acidente crotálico
Hidratação adequada para prevenir o surgimento da I renal aguda
Se necessário induzir diurese osmótica com o uso de manitol
Diuréticos de alça se houver oligúria
Manter a urina com ph acima de 6,5. Uso de bicarbonato se necessário
Monitorizar a função renal
Acompanhar o surgimento de complicações neurológicas e IRA
Raramente há significado clínico com a alteração da coagulação
87. Medidas complementares para os acidentes elapídico e
laquético
As medidas complementares para o acidente laquético e suas
complicações são as mesmas citadas para o acidente botrópico
No acidente elapídico é fundamental manter o paciente
adequadamente ventilado. Oxigênio, máscara e se necessário
ventilação mecânica
O paciente deve ser transferido para um centro onde haja
possibilidade de ventilação mecânica, se for necessária
O uso de anticolinesterásicos pode minorar a neurotoxicidade do
veneno elapídico. As drogas mais citadas tem sido a neostigmina e o
cloridrato de edrofônio
88. Profilaxia dos acidentes ofídicos
Botas de cano alto evitam quase 80 % dos acidentes ofídicos
Se não houver botas, perneiras, calças de brim, sapatos, são medidas
simples que também diminuem os acidentes
Luvas nas atividades de risco evitam cerca de 15 % dos acidentes
Os ofídios costumam se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos,
como tocas abandonadas de outros animais e cupinzeiros
Manter o terreno em volta da casa limpo, sem frestas nas portas
Onde há ratos há cobras. Evitar o acúmulo de lixo. Armazenar
alimentos de forma adequada para não atrair roedores e os ofídeos
Respeitar o equilíbrio ecológico onde os concorrentes dos ofídios
mantém o equilíbrio
89. Uma cobra asiática desenvolveu o que
poderíamos chamar de "veneno terceirizado":
no lugar de produzir sua própria peçonha, ela
aproveita a existente nos sapos que devora e a
utiliza contra seus próprios inimigos quando
necessário.
O truque foi flagrado por pesquisadores
americanos e japoneses que estudam
a Rhabdophis tigrinus, espécie comum em várias
ilhas do Japão.