Com nota baixa, brasil aparece em 38º lugar em ranking de ensino geral - zero hora
1. 4/4/2014 Com nota baixa, Brasil aparece em 38º lugar em ranking de ensino - Geral - Zero Hora
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Zero Hora
Quadro-negro 02/04/2014 | 05h31
Com nota baixa, Brasil aparece em 38º lugar em
ranking de ensino
Pesquisa foi feita com 85 mil estudantes de 15 anos, em 44 países, e questionou capacidade de resolução de
questões práticas e cotidianas
Diante de questões como escolher o trajeto mais curto em uma linha de metrô ou regular um aparelho eletrônico seguindo certas
instruções, os brasileiros tiveram um dos piores desempenhos entre 85 mil jovens de 44 países.
O questionário aplicado a estudantes de 15 anos, para avaliar sua capacidade de solucionar problemas concretos, pôs o Brasil na 38ª
colocação, conforme divulgou nesta terça-feira a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
As questões do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) exigem que o estudante acione determinados processos cognitivos e
correspondem a diferentes níveis de complexidade, classificados de 1 a 6. A média dos brasileiros foi de 428 pontos, bem abaixo dos
asiáticos que lideram o ranking – Cingapura (562 pontos), Coreia do Sul (561) e Japão (552).
Nos países que ficaram nas primeiras posições, 11% dos estudantes responderam corretamente às perguntas de nível 5 e 6 – as mais
complexas. No Brasil, o percentual foi de 2%.
A professora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Diuali Fagundes Jost sintetiza
a explicação para o fraco desempenho dos alunos em uma frase:
– Não são as escolas que ensinam, mas os alunos que aprendem.
Para ela, as instituições brasileiras focam mais a abordagem dos conteúdos do que a troca de conhecimentos e a construção do aprendizado.
Assim, o aluno precisa ser motivado a aprender: quem foi ensinado simplesmente cristalizou – às vezes, decorou – um conhecimento,
enquanto quem efetivamente interagiu e foi instigado a buscar respostas acostumou-se a achar soluções pelo próprio esforço.
O fraco desempenho não preocupa o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico
Soares. Para ele, o resultado é um indicador de que a política educacional do país está no caminho certo. Como exemplo, Soares cita o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas questões envolvem situações cotidianas, sinalizando para a necessidade de uma formação
escolar voltada para a vida:
– Na América Latina, só o Chile está à frente do Brasil. Nas perguntas de nível 5 e 6, que são as da inovação, a diferença entre o Brasil e os
Heloisa Aruth Sturm e Taís Seibt
heloisa.sturm@zerohora.com.br e tais.seibt@zerohora.com.br
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países mais consolidados é a menor em todas as edições do Pisa. Isso nos mostra que a educação está caminhando.
A avaliação é aplicada desde 2000, de três em três anos, para medir a proficiência de estudantes em leitura, matemática e ciências. Esta foi
a primeira vez que o teste mediu a capacidade dos alunos de solucionar problemas. Os resultados nas outras áreas do conhecimento haviam
sido divulgados em dezembro de 2013 e colocam o Brasil em 58º lugar dentre 65 países – em 2009, o país ocupava a 54ª posição.
Segundo a OCDE, alunos que se dão bem em matemática, leitura e ciências tendem a mostrar maior rendimento na solução dos problemas,
porque estão mais bem equipados para desenvolver representações mentais coerentes, planejar de forma focalizada e mostrar flexibilidade
para incorporar informações.
Por que fomos mal?
O foco brasileiro está em apresentar conteúdos e não em trocar conhecimentos para construir o aprendizado.
Professores trabalham mais com conceitos como certo e errado, em vez de avaliar a forma como o aluno chegou ao resultado.
Como melhorar?
Investir no desenvolvimento de habilidades não cognitivas, como motivação e perseverança.
Desafiar o aluno com problemas que requerem tempo de reflexão, em vez de uma resposta imediata, motivando-o a buscar soluções
pelo seu próprio esforço.
Errar é importante
O resultado da avaliação mostra a necessidade de se repensar algumas práticas adotadas em sala de aula. Deve-se dar mais ênfase ao
desenvolvimento das habilidades não cognitivas e à chamada avaliação formativa, quando o professor comenta com os alunos suas
fortalezas e debilidades, focando o processo de aprendizagem.
Não se trata simplesmente de verificar se o aluno sabe ou não sabe, se está certo ou errado, mas como ele chega às respostas. No Pisa, os
estudantes que informaram que recebem avaliações formativas reportaram níveis altos de perseverança e abertura para a resolução de
problemas.
O erro, inclusive, deve ser considerado no processo de aprendizagem, segundo Flavio Comim, professor de Economia da UFRGS, um dos
coordenadores do projeto Círculo da Matemática no Brasil.
– Quando um aluno diz uma coisa errada, e o professor passa para a próxima resposta sem considerar aquilo que foi dito, ele perdeu aquele
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aluno no raciocínio que estava tentando construir. O erro é importante do ponto de vista da inclusão. Ele tem de aparecer no quadro-negro
também.
O resultado mostra ainda a importância de o aluno se dedicar a problemas sem solução imediata. No Japão, um dos países com melhores
notas, todos os estudantes têm a chance de se engajar em estudos profundos. Os professores trabalham com a ideia de que tempo de
projeto é tempo de aprendizado.
Mas é preciso considerar o contexto em que os estudantes vivem, segundo Elisabete Zardo Búrigo, coordenadora do Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Matemática na UFRGS, já que algumas questões do exame mostram situações cotidianas com as quais a maioria
dos brasileiros não está familiarizada.
Para a especialista, os testes de múltipla escolha são limitados, e seria preciso criar instrumentos de avaliação nos quais os alunos possam
mostrar a forma como pensam.
Ranking
Posição - país - pontuação
1º Cingapura 562 pontos
2º Coreia do Sul 561
3º Japão 552
4º China/Macau 540
5º China/Hong Kong 540
6º China/Xangai 536
7º China/Taipé 534
8º Canadá 526
9º Austrália 523
10º Finlândia 523
11º Reino Unido 517
12º Estônia 515
13º França 511
14º Holanda 511
15º Itália 510
16º Rep. Tcheca 509
17º Alemanha 509
18º Estados Unidos 508
19º Bélgica 508
20º Áustria 506
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ZERO HORA
21º Noruega 503
22º Irlanda 498
23º Dinamarca 497
24º Portugal 494
25º Suécia 491
26º Rússia 489
27º Eslováquia 483
28º Polônia 481
29º Espanha 477
30º Eslovênia 476
31º Sérvia 473
32º Croácia 466
33º Hungria 459
34º Turquia 454
35º Israel 454
36º Chile 448
37º Chipre 445
38º Brasil 428
39º Malásia 422
40º Em. Árabes 411
41º Montenegro 407
42º Uruguai 403
43º Bulgária 402
44º Colômbia 399
Fonte: OECD - Pisa 2012