Este documento apresenta um resumo das principais teorias de aprendizagem - Behaviorismo, Cognitivismo, Construtivismo - e introduz a teoria do Conectivismo proposta por George Siemens e Stephen Downes. O Conectivismo defende que a aprendizagem ocorre através da formação de conexões em redes e é facilitada pelas tecnologias digitais.
UFF - NTEM - Informática Educativa I - tarefa semana 2 - Antonio José ANcon215
Conectivismo
1. 1
Conectivismo
Ana Sofia Castilho, Carolina Correia, Firmino Alves, Henrique Macedo e Jorge Martins
Mestrado de Comunicação Multimédia - Multimédia e Gestão do Conhecimento
Universidade de Aveiro
Resumo – Conectivismo. Nova tese criada por o interesse pelo tema e a certeza de que é possível criar
George Siemens e Stephen Downes, intitulada uma ciência que o estude” (Santana, 2007): Behaviorismo
como a teoria de aprendizagem da era digital. Clássico, Behaviorismo Filosófico, Behaviorismo
Ambos creem que existe uma nova forma de Metodológico e Behaviorismo Radical.
aquisição e partilha de conhecimento em rede, no
qual apelidaram de Conectivismo. Zuriff considera que existem três argumentos principais a
Com o presente trabalho pretendemos expor em favor da teoria behaviorista (Graham, 2010):
que consiste esta nova permissível teoria de • Epistémica: os factos que permite dizer, pelo menos
aprendizagem, compará-la com as teorias quando se trata de uma terceira pessoa, que uma dada
tradicionais - Behaviorismo, Cognitivismo e pessoa ou animal está num certo estado mental ou que
Construtivismo, em que contextos se inserem, e possui certa crença, são baseados nos comportamentos
por fim onde pode ser identificada, apresentando- observáveis (Graham, 2010).
se para o efeito alguns exemplos práticos. • A crença de que existem procedimentos mentais inatos é
Siemens e Downes realizaram um estudo às rejeitada e substituída pela de que todos os
limitações das teorias de aprendizagem existentes, comportamentos são aprendidos através do
para explicar o efeito que a tecnologia provoca na condicionamento.
forma como vivemos, como comunicamos e como • Os estados mentais são em si próprios comportamentos,
aprendemos (Wilder, 2010). Afirmam que o logo não são explicação para comportamentos externos,
processo de aprendizagem está em mudança, pois não são considerados estímulos. Este argumento não é
com o progresso tecnológico é possível partilhar consistente entre os vários behavioristas (Graham, 2010).
informação e dialogar com indivíduos que não
estejam na mesma área geográfica muito mais
facilmente, e que nenhuma das teorias existentes II. Cognitivismo
se encaixa com a realidade.
O cognitivismo tem as suas bases nos modelos de Pavlov
Palavras Chave – Conectivismo, Conhecimento, e de Hull, com Neisser como teórico principal através da
George Siemens, Aprendizagem em rede, Stephen sua teoria de sistemas e Von Neumann como criador do
Downes. modelo de processamento da informação para
computadores (Porto Editora, 2003-2012).
Nesta teoria, o objeto de estudo é subjetivo – conteúdos
mentais – e uma das principais tarefas é a construção de
INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DE APRENDIZAGEM modelos matemáticos em diferentes campos de
investigação (inteligência artificial, memória semântica,
I. Behaviorismo
estilos cognitivos de personalidade, ...)
O objetivo é de “compreender as capacidades, os
O behaviorismo, por vezes designado por processos, estratégias e representações mentais básicos
comportamentalismo, é um conjunto de teorias
subjacentes ao comportamento inteligente apresentado
psicológicas que têm o comportamento como objeto de
pelas pessoas no desempenho de tarefas” complicadas
estudo da psicologia; o comportamento é definido através
(Porto Editora, 2003-2012).
da análise de respostas a estímulos.
As grandes áreas de investigação do cognitivo ou
Consideram-se os filósofos russos Vladimir Mikhailovich
psicologia cognitiva são a perceção, memória,
Bechterev e Ivan Petrovich Pavlov os pais desta teoria
representação do conhecimento, linguagem e pensamento
(Wikipédia, 2012). Bechterev foi o primeiro a propor uma
(Wikipedia, 2011).
área da psicologia em que a pesquisa se baseasse no
estudo do comportamento, enquanto Pavlov propôs o
modelo de comportamento condicionado conhecido como III. Construtivismo
reflexo condicionado (conceituado através das
experiências com cães). Teoria que considera que nada está terminado, em
Existem vários tipos distintos de teorias behavioristas especial que o conhecimento não é dado nunca como
criadas ao longo das décadas, que apenas “têm em comum terminado. Este é constituído pela interação do individuo
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2. 2
“com o meio físico e social, com o simbolismo humano, A teoria do Conectivismo surgiu para responder às
com o mundo das relações sociais” (Becker, 2009). necessidades que o panorama da aprendizagem do século
O conhecimento é construído através das experiências e XXI trouxe, geradas pelo desenvolvimento tecnológico,
não numa “bagagem” hereditária, considerando que antes transformações económicas, sociais e culturais. Vem
de qualquer ação não existe consciência ou conhecimento colmatar as insuficiências que Siemens verifica nas
(Becker, 2009). anteriores teorias de aprendizagem — Behaviorismo,
Segundo Piaget, "as relações entre o sujeito e o seu meio Cognitivismo ou Construtivismo, já abordados no secção
consistem numa interação radical, de modo tal que a anterior — pois estas enquadram-se num tempo em que a
consciência não começa pelo conhecimento dos objetos aprendizagem não beneficiava do tremendo impacto
nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado tecnológico que testemunhamos atualmente.
indiferenciado; e é desse estado que derivam dois As teorias mencionadas não previam as inúmeras
movimentos complementares, um de incorporação das possibilidades de ambientes sociais subjacentes ao
coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias processo de aprendizagem, como a importância da
coisas" (Piaget, 1959). aprendizagem informal, ou a variedade de formas e meios
de aprendizagem disponibilizados pelas novas tecnologias
– comunidades de práticas, redes pessoais ou tarefas
IV. O Conectivismo em comparação com as teorias ligadas ao desempenho de uma profissão, que se
de aprendizagem clássicas desenvolvem continuamente.
Siemens descreve o conectivismo como a integração de
O Behaviorismo foi a primeira teoria de aprendizagem a princípios explorados pelo caos, a rede, e a complexidade
aparecer no início do século XX, com um enfoque no e as teorias que se organizam por si só (Siemens, 2004). A
comportamento passível de observação. A aprendizagem sua visão assenta em vários pilares:
baseada em respostas a estímulos e na memorização de A aprendizagem é um processo que permite conectar nós
experiências diversas vezes repetidas (quanto mais especializados ou fontes de informação.
repetições mais “impregnada” a memória no indivíduo). A aprendizagem pode residir em dispositivos não-
Quase a par com o Behaviorismo, surge o Construtivismo, humanos.
teoria que concebe a aprendizagem como um ato social, A capacidade de aumentar o conhecimento é mais
constituído por cada indivíduo, que é influenciado pela importante do que aquilo que se sabe num determinado
participação e empenho social do mesmo e que tem as momento.
experiências passadas como ponto importante, adaptadas A aprendizagem e o conhecimento apoiam-se numa
sobre um ponto de vista do contexto atual. diversidade de opiniões.
Por volta de meio do século, surge um descontentamento Nutrir e manter conexões é fundamental para facilitar a
generalizado para com o Behaviorismo que leva a criação aprendizagem.
do Cognitivismo, uma teoria de aprendizagem que O ato de tomar decisões revela-se, por si só, um processo
aparece no seguimento da Teoria dos Sistemas, as de aprendizagem
ciências da computação, a cibernética, as Teorias de
Informação e a robótica (Cognitivismo - Visão Histórica). Também Stephen Downes contribuiu para a
Assim, a aprendizagem é vista como uma tarefa fundamentação desta nova teoria. Um contributo
estruturada, quase computacional, que é influenciada por importante prendeu-se com a adição da definição de
experiências prévias e que assenta na recuperação de conhecimento distribuído, ou conectivo, aos
informação armazenada. Os raciocínios são objetivos, conhecimentos já considerados — qualitativo e
claros e focados na resolução de problemas. quantitativo. Na opinião deste autor, o Conectivismo
No século XXI, surge a (ainda não aceite como) teoria do baseia-se na distribuição de conhecimento por uma rede
Conectivismo que considera a aprendizagem um ato de conexões, onde o foco da aprendizagem está na
social que acontece em rede, através do reconhecimento e habilidade de construir e conectar essas ligações.
interpretação de padrões e que é tecnologicamente (Downes, 2007)
potenciado. Assim, existem inúmeras formas de
conhecimento numa rede composta por diversos nós em No conectivismo não existe uma noção de construção ou
constante mudança (ver Tabela 1, que se encontra em transferência de conhecimento, este não é adquirido
anexo). fisicamente, com base na linguagem e lógica. Segundo
Downes, na prática, o ensino caracteriza-se pela
modelação e demonstração, enquanto que a
aprendizagem, baseia-se na prática e na reflexão
CONECTIVISMO – CONCEITO
(Downes, 2007).
Conectivismo é a teoria de aprendizagem que George
Siemens e Stephen Downes propõem como sendo a mais Assim, a teoria conectivista da aprendizagem, distingue-
se, de acordo com Siemens, por cinco elementos-base:
adaptada à realidade da Era Digital, onde a tecnologia tem
grande influência na forma como vivemos, comunicamos
1. O conectivismo é a aplicação de princípios das
e aprendemos.
redes para definir tanto o conhecimento como o processo
de aprendizagem. O conhecimento define-se como um
padrão particular de relações e a aprendizagem como a
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3. 3
criação de novas conexões e padrões, por um lado, e a A rápida evolução tecnológica permitiu desenvolver
capacidade de as manobrar nesse mesmo meio. novas e diferentes estruturas educacionais, novas formas
2. O conectivismo aborda os princípios de de absorção de conhecimento. As redes dão a
aprendizagem a vários níveis, como possibilidade das pessoas usufruírem de todo o conteúdo e
biológico/neurológico, conceptual e social. de novas ligações que permitam a aprendizagem
3. O conectivismo, centra a tecnologia na colaborativa.
distribuição de cognição e conhecimento. O conhecimento
reside nas conexões que formamos, com outras pessoas ou Contudo, Stephen Downes e George Siemens sugerem
fontes de informação não-humanas, como bases de que o Conectivismo tem de ser limitado apenas ao
dados. conhecimento online. A forma de aprender online é um
4. O contexto — O conectivismo, reconhece a marco importante nesta teoria, mas deve ser possível a sua
natureza fluida do conhecimento e as suas aplicação noutros contextos que ajudem na aprendizagem,
ligações/conexões, com base no contexto. nas relações presentes no nosso quotidiano, e que tenha
5. No conectivismo, o fluxo rápido e a abundância resultados na forma de como aprendemos e como
de informação, eleva os conceitos defendidos por outras compreendemos (Kop & Hill, 2008).
teorias de aprendizagem — Compreensão, coerência,
interpretação (sensemaking), significado (meaning) —a
um nível critico de importância.
Em suma, a teoria da aprendizagem, dita como da era O CONECTIVISMO – EVIDÊNCIAS DE APLICAÇÃO
digital, baseia-se no conhecimento distribuído em redes PRÁTICA
construídas por conexões, sobre várias áreas, e
consequentemente, a aprendizagem consiste na
descodificação da informação captada nesses conjuntos e I. Sistemas de gestão de aprendizagem
ligações. Neste não se quantifica a transferência ou
criação de conhecimento, mas sim as práticas que A internet trouxe mais-valias em todas as áreas e no
desenvolvemos na busca de conhecimento. (Downes, ensino não foi exceção. A revolução no ensino demorou a
2007) aparecer, mas entretanto chegou com as ferramentas dos
Sistemas de Gestão de Aprendizagem, também
conhecidas por e-learning.
CONECTIVISMO - CONTEXTO
Estes não são mais que aplicações web, ferramentas que
correm num servidor e que podem ser acedidas pelo
professor e pelos estudantes através de um browser.
I. Como o Conectivismo se relaciona com as novas
tecnologias Através deste sistema apenas os alunos inscritos na
disciplina têm acesso aos materiais, oferecendo um
“More than anything else, being an educated person
conjunto de opções que elevam os métodos de ensino a
means being able to see connections so as to be able to
outro nível.
make sense of the world and act within it in creative
Começando pelos materiais de apoio, estas plataformas
ways” William Cronon.
disponibilizam simples formulários para o upload de
documentos que os estudantes podem não só consultar
Os avanços na educação têm de reconhecer as alterações e
como fazer o download dos mesmos. Além disso, é
as necessidades requeridas pela sociedade, têm que
possível criar fóruns ou chats, estimulando a discussão e
considerar e repensar em novas formas de aprendizagem e
criando-se um espaço onde facilmente são respondidas
conhecimento.
Com todas as condições que a Web 2.0 e os avanços questões. O professor pode inserir quizzes para ajudar os
tecnológicos oferecem, os professores têm agora estudantes a compreender a matéria, pode fornecer prazos
para a entrega de trabalhos, passado os quais, torna-se
diferentes meios para interagir com os alunos e lidar com
impossível ao aluno fazer o upload do seu trabalho,
o conteúdo em diferentes formas apresentando-se assim
podendo ainda limitar as permissões dos estudantes em
esta teoria de aprendizagem contexto educativo. Este
relação à visualização das notas, fazendo com que o aluno
conceito, relaciona a conexão e a adaptação do
x apenas tenha acesso à sua nota (Cole & Foster, 2008).
conhecimento de forma colaborativa na rede.
Siemens defende que esta teoria reflete que o
O aparecimento destes sistemas possibilitou o ensino
conhecimento está distribuído em toda a rede, o ato de
online, no entanto, não existe dúvida que o melhor ensino
aprender está adquirir novas formas, em diversas redes,
é aquele que continua a ter contato pessoal entre professor
em variadas ligações que temos e que tendem a criação de
novos padrões (Siemens, 2008). e alunos, e ao mesmo tempo utiliza estas ferramentas. De
Quando falamos de conectivismo o seu contexto mais facto, e pegando no exemplo dos fóruns, existem
estudantes tímidos que possivelmente não se sentem tão à
apropriado é o ensino, visto que as pessoas aprendem em
vontade em expressar a sua opinião numa sala cheia de
grupo, reagrupando-se áreas, grupos, temáticas
colegas, e aqui nestes fóruns online, conseguem
semelhantes de interesses que permitem interação,
facilmente dar a sua opinião ou tirar alguma dúvida.
partilha, discussão e pensamento colaborativo.
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II. O Moodle
O Moodle é um dos muitos sistemas de e-learning criado
por Martin Dougiamas, um educador e investigador na
área da ciência da computação dedicado aos Sistemas de
Gestão de Aprendizagem na Universidade de Perth,
Austrália (Cole & Foster, 2008) e atualmente utilizado em
218 países (Moodle, 2001).
Entre instituições ou individuais, o Moodle é usado por
Universidades, Escolas Básicas ou Secundárias,
Departamentos do Governo, Organizações de saúde ou
militares, companhias aéreas e de petróleo bem como na
educação especial.
Este sistema possui a mais-valia de ser open source, e por
isso, pode ser adaptado consoante as necessidades. Basta
fazer download gratuito em www.moodle.org (Cole &
Foster, 2008). Pode ser instalado em qualquer
computador, seja o Sistema Operativo Windows, Mac ou
Linux e em quantos servidores desejar.
O nome pelo qual é conhecido é um acrónimo de
“Modular Object-Oriented Dynamic Learning
FIGURA 2 - Sites com mais utilizadores e cursos no Moodle
Environment”. Mas além disso é uma palavra que
descreve a preguiça em fazer alguma coisa, em como
seria melhor fazer ao gosto de cada um. O nome Moodle Estes dados vêm como espécie de curiosidade, dando uma
tem a ver como foi desenvolvido e com a forma como o ideia das instituições que estão a utilizar o Moodle de uma
ensino pode ser realizado online (Moodle, 2001). forma mais plena.
III. Estatísticas
O caráter livre do Moodle faz com que nenhuma
instituição seja obrigada a informar o está a utilizar. No
entanto, alguns escolheram registar os seus sites e é esse
número que é apresentado no gráfico em baixo.
FIGURA 1 – Sites registados no moodle
Como se pode ler no gráfico 66,244 é o número de sites
registados, oriundos de 218 países. E estes são apenas
aqueles que se podem afirmar com certeza. Os números
acabam por falar por si, mostrando a enorme quantidade
de cursos, professores e alunos que utilizam o Moodle. Figura 3 - Top 10 dos países por registo no Moodle
Para uma maior compreensão dos sites com mais
utilizadores ou com mais cursos, incluímos os dois
seguintes gráficos. Em termos de países, o gráfico Top 10 Countries by
Registrations deixa bem claro que é nos Estados Unidos
da América que existem mais sites registados, logo
seguido pela vizinha Espanha. Portugal aparece em
sétimo na lista com 2,110 sites registados.
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IV. Funcionalidades vantagens que poderão existir numa aprendizagem
adotada ao conectivismo e alguns exemplos práticos.
Sendo um Sistema de Gestão de Aprendizagem e
oferecendo as ferramentas já referidas anteriormente, Em suma, tudo se desencadeia quando Siemens e
podem ser configuradas cerca de 20 atividades diferentes, Downes, teóricos da aprendizagem e blogueres, se
entre elas encontramos os fóruns, quizzes, áreas de apercebem que os seus blogs lhes permitiam obter
disponibilização de material e de avaliação. conexões com o resto do mundo. Conexões essas que lhes
O acesso ao site pode ser feito através de um login ou abriam novas portas de aprendizagem (Schwier, 2008).
pode ser assinado automaticamente a partir de outro Depararam-se que as teorias tradicionais de aprendizagem
sistema. Estas opções são definidas pelo administrador, a já não se encaixavam com a realidade e com a forma
mesma pessoa que atribuiu as nomeações de ‘estudante’ como os indivíduos aprendem. Ainda assim, admitem que
ou professor’ (Moodle, 2001). todas as suas reflexões têm uma herança das teorias
Este é um sistema direcionado para a educação, podendo anteriores, embora com o conectivismo seja possível a
ser organizado por semana ou tópico. Além disso, aplicação de princípios de rede ao processo de
enquanto outros sistemas incentivam a disponibilização aprendizagem. Siemens e Downes dão sempre grande
de material estático, no Moodle podem ser partilhados não ênfase à conexão e à rede, ao contrário do que acontece
só documentos de texto como apresentações, vídeos, etc. no Construtivismo de Jean Piaget e Lev Vygotshy.
O objetivo passa pela partilha de ideias e pela construção
do conhecimento (Cole & Foster, 2008). Siemens (2006) refere que a aprendizagem é uma
A comunidade de utilizadores e developers é tão grande atividade constante nas nossas vidas, é contínua,
que torna-se simples aceder a tutoriais, tirar dúvidas ou permanente e fluída e a tecnologia potencia-a cada vez
aprender dicas que melhorem a utilização da plataforma. mais, ligando os indivíduos e conectado diversas áreas.
A facilidade e a eficiência deste sistema tem vindo a Conexões essas que determinam o fluxo do
revolucionar o e-learning ao mesmo tempo que conhecimento.
complementa um curso presencial. Um dos casos de Assim, é referido que o conhecimento é distribuído
sucesso é o da British Open University. Em 2009 foi através de uma rede de conexões e que a aprendizagem
realizado um estudo tendo como base a utilização do consiste na habilidade do aprendiz em conseguir construir
Moodle nesta escola e chegou-se à conclusão que não e atravessar essas redes (Downes, 2007), em contraste
existia um sistema tão funcional como este. A plataforma com o Construtivismo, onde o individuo constrói o seu
tornou-se numa ótima ferramenta de trabalho, onde próprio conhecimento (Santos, 2012).
facilmente eram discutidas ideias (Kehrer, 2009).
Sendo desde o início um tema controverso, muitas têm
V. MOOC sido as críticas efetuadas pelos demais teóricos. Alguns
afirmam que a inovação na educação por vezes não passa
Os Massive Open Online Course são um tipo de curso e- da reprodução de velhos métodos, desenvolvidos agora
learning por norma gratuito, desenvolvido por George com novas ferramentas, mas onde nada de substancial se
Siemens e Stephen Downes, onde os participantes e os altera, ao qual Siemens e Downes em resposta, afirmam
materiais estão distribuídos. O curso é obrigatoriamente que as suas ideias têm obrigatoriamente que ter uma
aberto a qualquer individuo, não tendo por norma herança das teorias anteriores.
qualquer tipo de pré-requisito, funcionado melhor, quanto
maior for o número de participantes. O MOOC foi criado Plon Verhagen, um dos maiores críticos ao Conectivismo,
tendo como base as ‘leis’ do Conectivismo, sendo estes considera não existir nada de novo neste e afirma até que
uma forma de conectar os instrutores com os participantes é ‘filosofar sem fundamento’, onde a ‘suposta’ teoria não
e vice-versa (Wikipedia, 2012). passa de um ponto de vista pedagógico (Koop & Hill,
Assim, os MOOC são a mais recente forma de 2008). Em resposta, Siemens escreve o artigo
desenvolvimento de cursos online, tendo como base os “Connectivism: Learning Theory or Pastime of the Self-
Sistemas de Gestão de Aprendizagem, já expostos Amused?” onde fundamenta a sua teoria, percorrendo
anteriormente. Os cursos online já disponibilizados distintas áreas.
encontram-se em mooc.ca.
Também Bill Kerr critica o Conectivismo, expondo que as
teorias tradicionais existentes já respondem de uma forma
REFLEXÃO CRÍTICA
satisfatória ao contexto atual, apenas nos encontramos
numa era tecnológica e conectada (Koop & Hill, 2008).
Ao longo do presente trabalho foi exposto o conceito em
torno do termo conectivismo, ou como também é referido Afirma ainda, que todo o contexto dos ambientes de
por Siemens e Downes, “network learning”, efetuada conhecimento foi contabilizado na teoria de Vygotsky –
Construtivismo Social, tal como o Construtivismo de
uma comparação com as restantes teorias tradicionais, isto
Papert e Clark, com as suas comunidades de prática, tendo
é, em que contexto é possível observar a teoria,
estas teorias surgido muito antes das ideias de Siemens e
nomeadamente, a sua relação intrínseca com a tecnologia,
Downes (Koop & Hill, 2008).
o conhecimento distribuído, a aprendizagem em rede, as
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6. 6
Este é sem dúvida um tema controverso, onde diariamente Kehrer, A. (2009, 16 November, 2009). Simply the Best: Case Study for
são expostas novas criticas, positivas e negativas. Moodle at Open University. Retrieved 21/03/2012 from
<http://www.linuxpromagazine.com/Online/News/Simply-the-Best-
Case-Study-for-Moodle-at-Open-University>
De facto, é necessário concordar com Siemens e Downes, Kop, R., & Hill, A. (2008). Connectivism: Learning theory of the future
or vestige of the past? (Vol. 9).
que as teorias tradicionais já não se encaixam
inteiramente à realidade da aprendizagem atual. A Wikipedia. (2011, 11 01). Psicologia Cognitiva. Retrieved 20/03/2012
necessidade de um modelo que se adapte à era digital é from <http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cognitiva>.
uma realidade, mas será o Conectivismo a resposta?
Wikipedia. (2012, 02 12). Behaviorismo. Retrieved 19/03/2012 from
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Behaviorismo>.
Acima de tudo, encontramo-nos numa era de mudanças.
Desde o surgimento da web 2.0 em 2004, a facilidade de Wikipedia (2012). MOOC. Retrieved 22/03/2012 from
nos comunicarmos e interagirmos com o resto do mundo é <http://en.wikipedia.org/wiki/Massive_open_online_course>.
cada vez mais simples e espontânea, onde a procura da
Siemens, George (2008). What is the unique idea in Connectivism?
informação através de wikis, redes sociais, podcasts, é um elearnspace. Retrieved 22/03/2012 from
ato cada vez mais comum, o que influência cada vez mais, <http://www.connectivism.ca/?p=116>
o próprio aprendiz e a aprendizagem em rede,
Downes, Stephen (2007). What Connectivism Is. Half an Hour.
estimulando a novas formas de aprendizagem,
Retrieved 22/03/2012 from
comunicação e de conecção com o mundo. <http://halfanhour.blogspot.com/2007/02/what-connectivism-is.html>
Assim, o aparecimento de uma nova teoria da Siemens, George (2004). Connectivism: A Learning Theory for the
Digital Age. elearnspace. Retrtieved 22/03/2012 from
aprendizagem é inevitável, apenas permanece a dúvida se
<http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>
o conectivismo será a resposta.
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Cole, J., & Foster, H. (2008). Using Moodle (2 ed.): O’Reilly.
Downes, S. (2007). Msg. 30, Re: What Connectivism Is. Connectivism
Conference: University of Manitoba. Retrieved 22/03/12 from
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Edition) <http://plato.stanford.edu/entries/behaviorism/>.
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Siemens, G. (2008). Learning and Knowing in Networks: Changing
roles for Educators and Designers. Paper presented at the ITFORUM
for Discussion.
Wilder, M. (2010). Introduction to Connectivism. Retrieved 19/03/2012
from <http://www.slideshare.net/m1ch43lw1ld3r/connectivism2>
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7. 7
ANEXO
TABELA 1 – Conectivismo e as teorias de aprendizagem clássica
Como ocorre a Fatores de O papel da Como ocorre a A teoria em
aprendizagem? influência memória transferência? síntese
A memória é o
inculcar
Natureza da (hardwiring) de
Enfoque no Aprendizagem
recompensa, experiências Estímulo,
Behaviorismo comportamento baseada em
punição, repetidas – onde resposta
observável tarefas
estímulos a recompensa e
a punição são
mais influentes
Esquemas Duplicação dos
Codificação, Raciocínio,
(schema) constructos de
Estruturada, armazenamento, objetivos claros,
Cognitivismo existentes, conhecimento
computacional recuperação resolução de
experiencias de quem sabe
(retrieval) problemas
prévias (“knower”)
Conhecimento
Social, sentido Empenhamento
prévio
construído por (engagement), Social, vaga
Construtivismo remisturado Socialização
cada aprendente participação, (“mal definida”)
para o contexto
(pessoal) social, cultural
atual
Distribuído Aprendizagem
numa rede, Padrões complexa,
social, adaptativos, núcleo que
Conexão
tecnologicament Diversidade da representativos muda
Conectivismo (adição) com
e potenciado, rede do estado atual, rapidamente,
nós (nodes)
reconhecer e existente nas diversas fontes
interpretar redes de
padrões conhecimento
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