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O QUEIJO E OS VERMES Carlo Ginzburg Chamava-se Domenico Scandella, conhecido por Menochio. Nascera em 1532 (quando do primeiro processo declarou ter 52 anos), em Montereale, uma pequena aldeia nas colinas de Friuli, a 25 quilômetros de Pordenone, bem protegida pelas montanhas. [...] Era casado e tinha sete filhos; outros quatro haviam morrido. Declarou o cônego Giambattista Maro, vigário-geral do inquisidor de Aquiléia e Concórdia, que sua atividade era “de moleiro, carpinteiro, marceneiro, pedreiro e outras coisas”. Mas era principalmente moleiro; [...] FALA DE MENOCHIO NO TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO: “ Eu disse que segundo meu pensamento e crença tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, esses foram os anjos. A santíssima majestade quis que aquilo fosse Deus e os anjos, e entre todos aqueles anjos estava Deus, ele também criado daquela massa, naquele mesmo momento, e foi feito senhor com quatro capitães: Lúcifes, Miguel, Gabriel e Rafael. O tal Lúcifer quis se fazer de senhor, se comparando ao rei, que era a majestade de Deus, e por causa dessa soberba Deus ordenou que fosse mandado embora do céu com todos os seus seguidores e companhia. [...]”
MENOCHIO FOI INTERROGADO: Mas era verdade que dissera que a missa para os mortos eram inúteis? “ Eu disse”, explicou Menochio, “que é preciso tentar fazer todo o bem até quando se está neste mundo, porque depois é o senhor Deus quem governa as almas. As orações, esmolas e missas para os mortos são feitas, eu acho, por amor a Deus, o qual faz o que bem entender. As almas não vêm pegas as orações e esmolas. Fica à majestade de Deus receber essas boas obras em benefício dos vivos ou dos mortos”. Ele imaginava que fosse uma hábil explanação, mas de fato contradizia a doutrina da Igreja em relação ao purgatório. “Tente falar pouco” – havia sido o conselho do vigário de Polcenigo, que era seu amigo e o conhecia desde a infância. Porém Menochio, evidentemente, não conseguia se controlar.
 

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  • 8. MENOCHIO FOI INTERROGADO: Mas era verdade que dissera que a missa para os mortos eram inúteis? “ Eu disse”, explicou Menochio, “que é preciso tentar fazer todo o bem até quando se está neste mundo, porque depois é o senhor Deus quem governa as almas. As orações, esmolas e missas para os mortos são feitas, eu acho, por amor a Deus, o qual faz o que bem entender. As almas não vêm pegas as orações e esmolas. Fica à majestade de Deus receber essas boas obras em benefício dos vivos ou dos mortos”. Ele imaginava que fosse uma hábil explanação, mas de fato contradizia a doutrina da Igreja em relação ao purgatório. “Tente falar pouco” – havia sido o conselho do vigário de Polcenigo, que era seu amigo e o conhecia desde a infância. Porém Menochio, evidentemente, não conseguia se controlar.
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