Este documento apresenta um resumo de um projeto de pesquisa sobre as práticas linguageiras de professores de inglês em cursos livres. O projeto utilizará uma abordagem ergológica e dialógica para analisar entrevistas com professores. O objetivo é compreender a complexidade do trabalho docente nesse contexto e dar visibilidade ao trabalho desses professores.
ANÁLISE ERGOLÓGICA E DIALÓGICA: um itinerário investigativo de práticas linguageiras do professor de inglês
1. Orientadora: Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)
ANÁLISE ERGOLÓGICA E DIALÓGICA:
UM ITINERÁRIO INVESTIGATIVO DE
PRÁTICAS LINGUAGEIRAS DO
PROFESSOR DE INGLÊS
Carlos Fabiano de Souza
IFF |UFF|carlosfabiano.teacher@gmail.com
Interfaces e travessias: Letras em curso
2. Considerações iniciais
Rotas de apresentação
Cursos livres de idiomas (CLs)
Abordagem ergológica da atividade (SCHWARTZ, 1997)
Concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2011)
Aspectos metodológicos e considerações finais
3. Um continuum no ensino não regular de
inglês no Brasil
Cursos livres de idiomas
Não regulamentação pelo MEC
Comunidade acadêmico-científica
Ensino-aprendizagem de LE na rede regular de ensino
Ramo em operação em território nacional há + de 70 anos
4. Um continuum no ensino não regular de
inglês no Brasil
Cursos livres de idiomas
Cursos de línguas são classificados como “cursos
livres” pelo Ministério da Educação, não estando
sujeitos a qualquer tipo de controle nem de
reconhecimento. Tampouco as secretarias estaduais
regulamentam cursos livres. Pode-se ensinar inglês
assim como informática ou karatê (SCHÜTZ, 2011,
aspas do autor).
5. Um continuum no ensino não regular de
inglês no Brasil
Cursos livres de idiomas
Contexto da Legislação Brasileira
Complexidade da apropriação do termo “livre”
Documentos Oficiais
Orientações Curriculares para o EM (BRASIL, 2006)
6. Um continuum no ensino não regular de
inglês no Brasil
Cursos livres de idiomas
Essas instituições abrem uma estrutura paralela em
forma de centro de línguas para seus próprios
alunos, com organização semelhante as dos cursos
de idiomas: turmas menores e formadas segundo o
nível linguístico identificado por testes de
conhecimento do idioma estrangeiro; horários fora
da grade escolar e aulas ministradas pelo professor
da escola [...] (BRASIL, 2006, p.89, grifo meu).
7. Um continuum no ensino não regular de
inglês no Brasil
Cursos livres de idiomas
O contexto da pesquisa: CLs em Campos-RJ
Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro
Forte polo de exploração de petróleo e gás natural
Instituto Brasil Estados Unidos de Campos (IBEU)
Superporto do Açú
Complexo Logístico e Industrial Farol-Barra do Furado
8. Um continuum no ensino não regular de
inglês no Brasil
Cursos livres de idiomas
Institutos binacionais
Cursos franqueados
Escolas independentes
9. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
A esse respeito, tem-se que:
As várias práticas científicas que têm por objeto o
trabalho se constituem a partir de pontos de vista
específicos [...] Nesse sentido, há múltiplas ciências
do trabalho e não se pode pretender abordar uma
realidade tão complexa a partir do ponto de vista de
uma só área do saber. [...] (SOUZA-E-SILVA, 2002,
p.63, grifos da autora).
10. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
Como bem salienta Nouroudine (2002),
quando a linguagem é ela própria trabalho, isto é,
funciona como parte legitimada da atividade, ela adota,
ao mesmo tempo em que revela, essa complexidade.
Portanto, complexidade do trabalho e complexidade da
linguagem, de um certo ponto de vista, se confundem. A
linguagem como trabalho não é somente uma dimensão,
dentre outras, do trabalho, mas ela própria se reveste de
uma série de dimensões (NOUROUDINE, 2002, p.21).
11. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
Linguagem como trabalho
Linguagem no trabalho
Linguagem sobre o trabalho
(LACOSTE, 1998)
12. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
[...] O diálogo entre teorias é importante, mas não
podemos, ao acionar o discurso dos teóricos que
compõem o Círculo, deixar de levar em conta que, em
suas obras, a referência a texto como enunciado
concreto implica sempre fatores como a posição social,
histórica e ideológica dos interlocutores, as condições em
que se deu a interação entre eles, os demais discursos
que entram em relação dialógica com o enunciado etc.
(SILVA, 2013, p.55).
13. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
Na teoria de Bakhtin, ou análise dialógica do
discurso, a ideia de dialogismo está ligada à própria
concepção de língua como interação verbal. Afinal,
não existe enunciado concreto sem interlocutores. O
próprio fato de um autor levar em consideração seu
interlocutor direto ou indireto quando produz um
enunciado já confere à língua esse caráter dialógico
(SILVA, 2013, p.52).
14. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
De acordo com Souza-e-Silva (2002),
eleger as interações no trabalho como objeto de estudo
traz como consequência a necessidade de uma nova
postura por parte do(a) linguista, que é obrigado a
recorrer a noções e/ou categorias de análise advindas de
outras disciplinas e a fazer empréstimos diversificados no
âmbito de sua própria disciplina, sem abrir mão [...] da
noção de dialogismo, princípio constitutivo da linguagem
[...] (SOUZA-E-SILVA, 2002, p.63).
15. Rotas investigativas na intersecção trabalho
docente-linguagem
Uma análise ergológica e dialógica
A compreensão dos enunciados integrais e das relações
dialógicas entre eles é de índole inevitavelmente dialógica
(inclusive a compreensão do pesquisador de ciências
humanas); o entendedor (inclusive o pesquisador) se
torna participante do diálogo ainda que seja em um nível
especial (em função da tendência da interpretação e da
pesquisa). [...] Um observador não tem posição fora do
mundo observado, e sua observação integra como
componente o objeto observado (BAKHTIN, 2011, p.332).
16. Corpus de análise: a fala do professor
Uma análise ergológica e dialógica
Instrumento:
Entrevista
Participantes:
Professor-pesquisador, profissional licenciado
e não licenciado.
17. Corpus de análise: a fala do professor
Uma análise ergológica e dialógica
Roteiro provisório elaborado para o evento entrevista
(DAHER, 1998; FERNANDES, 2013)
18. Considerações finais
Por se tratar de um recorte baseado em um projeto em fase de
desenvolvimento, no qual os procedimentos para produção do
corpus ainda estão no início, não há resultados de análise que
possam ser apresentados. Espera-se, assim, não apenas
investigar as falas de professores de inglês de CLs sobre o seu
trabalho, mas, sobretudo, trazer contribuições no que diz
respeito à compreensão da complexidade do trabalho do
professor de línguas que atua nesse contexto específico de
ensino-aprendizagem de LE, dando visibilidade para que esse
sujeito e o seu trabalho sejam reconhecidos profissionalmente
como legítimos dentro de determinada comunidade.
19. Referências bibliográficas
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BRASIL. Orientações Curriculares Nacionais de Línguas Estrangeiras para o Ensino Médio – Língua Inglesa – (OCEM).
BRASÍLIA, MEC, 2006.
DAHER, D. C. Quando informar é gerenciar conflitos: a entrevista como estratégia metodológica. The ESPecialist, São Paulo,
v.19, p.287-304, 1998.
FERNANDES, M. S. S. Ensino regular e curso livre de idiomas: a fala do professor de espanhol sobre o seu trabalho. Niterói,
2013. 132f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem). Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem.
Universidade Federal Fluminense (UFF).
FREITAS, L. M. A. Da fábrica à sala de aula: vozes e práticas tayloristas no trabalho do professor de espanhol em cursos de
línguas. Rio de Janeiro, 2010. 359f. Tese (Doutorado em Letras Neolatinas). Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas.
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
LACOSTE, M. Fala, atividade, situação. In: DUARTE, F.; FEITOSA, V. (Orgs.). Linguagem & trabalho. Rio de Janeiro:
Lucerna, 1998.
NOUROUDINE, A. A linguagem: dispositivo revelador da complexidade do trabalho. In: SOUZA-E-SILVA, M. C. P.; FAÏTA, D.
(Orgs.). Linguagem e trabalho: construção de objetos de análise no Brasil e na França. São Paulo: Cortez, 2002.
SCHWARTZ, Y. Reconnaissances du travail – Pour un approche ergologique. Paris: PUF, 1997
SILVA, A. P. P. F. Bakhtin. In: OLIVEIRA, Luciano Amaral (Org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São Paulo:
Parábola Editorial, 2013.
20. Referências bibliográficas
SOUZA, C. F. Ecos do trabalho docente em cursos livres de idiomas: trilhas investigativas de práticas linguageiras do professor
de inglês. In: 25ª Jornada Nacional do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste – GELNE, 2014, Natal. Anais da
XXV Jornada Nacional do GELNE. Natal. RN: EDUFRN, 2014. p.1-11.
SOUZA, C. F. Representações do exercício docente em cursos livres de idiomas: reflexões acerca de relações dicotômicas no
ensino de língua inglesa. VÉRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ, v.15, n.1, p. 31-45, jan./abr. 2013a.
SOUZA, C. F. O professor de língua inglesa em cursos de idiomas: uma análise crítico-reflexiva do exercício docente nesse
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SOUZA-E-SILVA, M. C. P. A dimensão linguageira em situações de trabalho. In: SOUZA-E-SILVA, M. C. P.; FAÏTA, D. (Orgs.).
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TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 13.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas.
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