SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 3
Downloaden Sie, um offline zu lesen
CARTA-PROGRAMA

                                                             POR UM CAMINHO DEMOCRÁTICO EM

                                                           DIREÇÃO AO SOCIALISMO DO SÉCULO XXI



          Carlos Eugênio Clemente 4019
        Combatente da Guerra e da Paz


        Em 3 de outubro próximo serão realizadas eleições para a renovação da Câmara Federal, do Senado e das
Assembléias Legislativas, assim como para os Governos Estaduais e a Presidência da República. Na presente quadra
histórica, o problema de participar ou se omitir das eleições assume importância fundamental. Essa carta-programa foi
escrita a dezenas de mãos, os amigos e apoiadores de Carlos Clemente – combatente da guerra e da paz. E é
concluída por uma apresentação do ex-líder estudantil, ex-militante da esquerda armada, músico, escritor, quadro do
PSB e sempre socialista libertário.

                                         VOTAR OU NÃO VOTAR – EIS A QUESTÃO!
        O problema de votar, de se abster ou de anular o voto, não deve ser encarado como uma questão de princípios.
Como em todas as questões que dizem respeito à correlação de forças e ao sentido histórico das lutas populares, é
necessário levar em conta as condições concretas existentes no país, analisá-las corretamente e atuar segundo o
interesse público e o bem comum. Em outras palavras, é recomendável que essa decisão, embora de caráter
estritamente individual, seja tomada tendo em vista a implementação de um Plano Estratégico Nacional de
Desenvolvimento, elaborado pelo ângulo dos interesses populares.
       Há momentos em que não votar pode ser a posição política mais correta e compatível com a conjuntura, como
ocorria nos pleitos em que a ditadura militar buscava legitimar a usurpação do poder e os assaltantes da soberania
popular tentavam prolongar o período discricionário. Porém, existem situações em que votar e participar efetivamente
do processo político-eleitoral é uma necessidade coerente com as mudanças ocorridas e ainda necessárias no mundo
real. Sabemos que a democracia não se resume a eleições periódicas, nem ao simples ato de digitar um número na
urna eletrônica. Mas sabemos também que sem eleições não existe democracia. Nem toda eleição é democrática ou
capaz de expressar a vontade popular, mas também sabemos que, apesar dos limites dos pleitos periódicos, não é
possível criar um regime representativo sem eleições legítimas.
       No caso específico do Brasil atual, acreditamos que as eleições serão um acontecimento ímpar na vida do país.
Em 2010 a decisão de votar se impõe como a mais correta para o eleitor consciente. Pela primeira vez os movimentos
populares têm o que perder – que pode não ser tudo, mas não é pouco. Os avanços conquistados nos últimos anos,
sob o governo do presidente Lula, precisam ser preservados. E podem ser ampliados e aprofundados pelo voto
consciente em Dilma Rousseff!
       A companheira Dilma, contudo, para continuar e aprofundar as reformas iniciadas por Lula, precisa que
companheiros leiais, que participaram com ela nos momentos mais difíceis da luta contra a ditadura, estejam presentes
no Congresso Nacional, defendendo as propostas de democratização da sociedade, tornando-a menos dependente de
alianças com setores que se interessam menos em colocar o Estado a serviço da sociedade e mais a seu serviço
pessoal.
        Durante a ditadura militar, amplos setores de nossa sociedade recusavam-se a participar das farsas eleitorais,
negando-se a aceitar regras impostas por um jogo de cartas marcadas. Trabalhadores urbanos e rurais, estudantes
secundaristas e universitários, assim como intelectuais, artistas e profissionais liberais decidiram confrontar a ditadura
ilegítima, que estava em guerra contra a sociedade. Contra a força bruta, recorreram à força cívica, pegando em armas
e recorrendo ao direito legítimo de resistência dos povos contra a opressão e a tirania. O enfrentamento armado foi
naquela conjuntura a principal forma de resistência democrática contra o terrorismo de Estado. O alto preço a pagar foi
o sacrifício de toda uma geração de jovens patriotas, que adubou com sangue o caminho para a emergência de novas
formas de luta das camadas populares. Entre essas formas de legítimas de resistência destacam-se pelo menos outras
duas: a crescente resistência eleitoral dos cidadãos descontentes e a dura resistência de massas das camadas
populares. Desde a vitória do MDB nas eleições de 1974, passando pela refundação da União Nacional dos Estudantes
(UNE), bem como pelas greves do novo sindicalismo operário do ABC, até culminar na gigantesca campanha nacional
das “Diretas-Já”.
Essas formas de resistência (armada, eleitoral e de massa) abriram caminho para a restauração democrática no
país, com a Constituição de 1988 e a eleição direta para a Presidência da República. A transição política teve como
contrapartida um duro preço a pagar, qual seja a aceitação da enorme divida social e econômica contraída pela
ditadura com todo o povo brasileiro. Esse monstruoso entulho legado pela ditadura só poderá ser resgatado com
reformas econômico-sociais conquistadas pela radicalização da própria democracia política em todos os outros níveis.
Acreditamos que a participação maciça, efetiva e consciente nas próximas eleições parece ser o principal caminho para
a solução desses grandes problemas herdados pelas forças democráticas.
        As enormes desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais, embora atenuadas, continuam a constituir
desafios à paz e à estabilidade das instituições. Trata-se de uma realidade que não cala. E a pergunta que não quer
calar é a seguinte: como solucionar esses problemas? O que pode ser feito para sua solução nos marcos do Estado de
Direito e com os instrumentos garantidos pela Constituição? Não temos dúvida a respeito: em 2010 serão decididas a
centralidade da democracia e o aprofundamento dos direitos individuais e coletivos de todos os cidadãos.


                             PORQUE VOTAR NO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB)
      O PSB afirma claramente seu compromisso com a continuidade das mudanças e com a candidatura de Dilma
Rousseff à Presidência.
        Se escolhemos livremente participar das próximas eleições, resta escolher o partido e os candidatos nos quais
depositaremos nosso voto. Ambos devem enfatizar, na atual conjuntura, aquilo que nos une e fortalece, os pontos em
relação aos quais estamos de acordo e que assumem agora um caráter de máxima prioridade. Por outro lado, tanto o
partido como os candidatos devem colocar de lado aquilo que nos divide e enfraquece, tudo o que nos desvia das
difíceis escolhas que fizermos para eleger os próximos governantes.
       Autores dessa Carta-programa, somos do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Temos um passado de lutas que
nos honra e uma longa história em defesa da liberdade, da igualdade e da democracia. Para nós a dicotomia entre
esquerda e direita continua atual, assim como o antagonismo histórico entre ambas no plano nacional e mundial.
Somos de esquerda porque acreditamos que liberdade e igualdade são inseparáveis, ambas devem abranger as
relações econômicas, sociais, políticas e culturais.
          Para nós, a dicotomia entre liberalismo e democracia também não perdeu a atualidade. Somos democratas
porque acreditamos que, além de limitar o poder dos governantes, é necessário distribuir este poder entre os
governados, segundo o princípio da soberania popular. Acreditamos também que todo indivíduo é um cidadão e, como
tal, titular de direitos civis, políticos e sociais inalienáveis, conquistados ao longo da história. Para nós, também, a
dicotomia entre capitalismo e socialismo continua existindo e ambos representam concepções de mundo
diametralmente opostas. Somos, enfim, democratas radicais, porque continuamos a lutar pela democratização da
riqueza, do saber e do poder. Para isso, as conquistas imediatas e a ampliação dos direitos são necessárias, mas não
suficientes. No socialismo moderno ambas devem ser acompanhadas de uma democratização da sociedade e do
Estado, da educação e da cultura, além da administração e do governo. Embora o processo possa combinar as três
democratizações de forma assimétrica e desigual, acreditamos que democracia, liberdade, igualdade e socialismo são
consubstanciais e que não podem coexistir plenamente uns sem os demais. A História se desenvolve com avanços e
recuos, altos e baixos, marchas e contramarchas. Aprendemos na própria carne que em política é melhor ser prudente
que afoito e que não dá para fazer tudo imediatamente e de uma única vez.
       Em nosso partido coexistem, em debate franco e aberto, duas sucessivas gerações. Uma delas é a geração
mais antiga formada pelos combatentes temperados na luta armada, na vida clandestina, na prisão e no exílio durante
a luta contra a ditadura militar. A outra é a geração mais nova formada pelos jovens militantes que participaram
conosco das campanhas eleitorais e das mobilizações de massa pela restauração do Estado de Direito Democrático.
Ambas as gerações sabem, porque vivenciaram em sua pele, que democracia política foi duramente conquistada sem
que fosse possível, contudo, resgatar de imediato ou no curto prazo a imensa dívida social e econômica herdada do
regime militar. Por isso, é necessário escolher candidatos publicamente comprometidos com o resgate desse débito
com os humilhados e ofendidos, preparados para os duros embates que os esperam no Congresso Nacional.


                               PORQUE VOTAR EM CARLOS EUGÊNIO CLEMENTE (4019)
      Afinal, quem sou eu que, como candidato a Deputado Federal, peço o seu voto? Meu nome é Carlos Eugênio
Sarmento Coêlho da Paz, nascido em Maceió, Alagoas, em 23 de julho de 1950. Vim para o Rio de Janeiro em 1958,
aos sete anos de idade. Estudei no Franco-Brasileiro, no Colégio Andrews e no Pedro II. Sou flamenguista desde
Maceió e um homem de esquerda desde jovem, em 1966. Fui escoteiro no Grupo João Ribeiro dos Santos, vi o Aterro
do Flamengo ser construído, vivi feliz nas ruas do Rio de Janeiro. Aos 17 anos, já amigo do inesquecível Carlos
Marighella, como militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), assumi o codinome Clemente e combati de armas na
mão a ditadura civil-militar, que em 1964 tomou de assalto nosso país. Em 1973 fui obrigado a partir para o exílio na
França, passando oito anos em Paris, sem saborear o doce caviar do exílio. Em compensação estudei música, ciências
sociais e fiz novos amigos e companheiros. Voltei ao Brasil em 1981 para assistir a morte de meu pai. Retomei a vida
legal somente depois de ser anistiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 1982. Além de militar no PSB,
escrevi dois livros sobre a guerra de guerrilhas e a ditadura militar no Brasil: “Viagem à luta armada“ e “Nas trilhas da
ALN”.
        Acabo de completar 60 anos, consciente de que o mundo mudou, o país mudou e eu também mudei. No
passado, com as armas da guerra combati na linha de frente contra a ditadura militar; no presente, com as armas da
paz, quero combater o bom combate em defesa do regime democrático. Como candidato a Deputado Federal (4019),
qual é o meu Programa Mínimo? Quero analisar para compreender, compreender para atuar e atuar para transformar o
Brasil. Minha proposta, em síntese, está baseada seguintes metas:
       (1) Lutarei para aprofundar a Democracia como um valor de alcance universal e como único método legítimo de
seleção e escolha dos governantes;
      (2) Envidarei esforços para estender a Democracia Política para todas as outras esferas relativas aos poderes
econômico, financeiro, social, educacional, cultural;
        (3) Enfrentarei os desafios que as novas realidades do século XXI colocam com vistas à renovação teórica e
prática do Socialismo Real do século XX;
      (4) Proporei alternativas viáveis para o processo de Globalização econômica, política e cultural com vistas à
redução das desigualdades baseadas na concentração de renda, no desemprego estrutural e na exclusão social;
      (5) Procurarei diagnosticar corretamente a atual conjuntura brasileira visando formular para a próxima década
um Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento;
        (6) Combaterei sem quartel todos os tipos de Discriminação e Preconceito sejam eles de cor, de gênero, de
crença, de etnia, de aparência, de ideologia e de opção sexual;
      (7) Batalharei sem trégua pelo respeito e ampliação dos Direitos Humanos de primeira, segunda e terceira
gerações (civis, políticos e sociais), exigindo também a incorporação dos novos Direitos de Quarta Geração
(manipulação genética, biodiversidade, biopirataria, etc.)
      (8) Defenderei com unhas e dentes a consolidação e a ampliação dos Direitos Especiais de Cidadania tendo
como meta os legítimos interesses e necessidades das Pessoas com Deficiência (PCD);
       (9) Finalmente, mas não por último, lutarei com todas as minhas forças pela preservação do Meio-Ambiente,
criação de uma Consciência Ecológica, defesa de um Ecossistema Equilibrado e adoção de uma Economia
Sustentável, com vistas à herança das gerações futuras e à salvação da natureza como patrimônio de toda a
humanidade.
        Quero, finalmente, reafirmar com ênfase, em alto e bom som, que os meus objetivos de combatente da
maturidade continuam sendo os mesmos pelos quais dediquei os meus verdes anos de juventude e pelos quais deu a
vida toda uma geração: a Democracia, a Liberdade, a Igualdade e o Socialismo.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Discurso de Marco Maciel no Senado
Discurso de Marco Maciel no SenadoDiscurso de Marco Maciel no Senado
Discurso de Marco Maciel no SenadoJamildo Melo
 
Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?Elisio Estanque
 
Relatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ
Relatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJRelatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ
Relatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJAscomRenata
 
Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.
Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.
Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.Ancelmonetto
 
Cenários do futuro político do brasil
Cenários do futuro político do brasilCenários do futuro político do brasil
Cenários do futuro político do brasilFernando Alcoforado
 
Desigualdade Eleições 2014
Desigualdade Eleições 2014Desigualdade Eleições 2014
Desigualdade Eleições 2014Lucas Bertolo
 
Social-democracia e aparelhismo
Social-democracia e aparelhismoSocial-democracia e aparelhismo
Social-democracia e aparelhismoElisio Estanque
 
Psb contra o preconceito
Psb contra o preconceitoPsb contra o preconceito
Psb contra o preconceitoSergiana Helmer
 
Inconfidência nº 251
Inconfidência nº 251Inconfidência nº 251
Inconfidência nº 251Lucio Borges
 
Cenários da crise política no brasil
Cenários da crise política no brasilCenários da crise política no brasil
Cenários da crise política no brasilFernando Alcoforado
 
Acesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicas
Acesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicasAcesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicas
Acesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicasJuliana Germano Moreira
 
16 duas mensagens de nilo peçanha - 2ª
16   duas mensagens de nilo peçanha - 2ª16   duas mensagens de nilo peçanha - 2ª
16 duas mensagens de nilo peçanha - 2ªFatoze
 
A Constituição (CRP) e alguns dos seus princípios oligárquicos
A Constituição (CRP)  e alguns dos seus princípios oligárquicosA Constituição (CRP)  e alguns dos seus princípios oligárquicos
A Constituição (CRP) e alguns dos seus princípios oligárquicosGRAZIA TANTA
 
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013Elisio Estanque
 
Um olhar sobre Abril
Um olhar sobre AbrilUm olhar sobre Abril
Um olhar sobre AbrilJoão Camacho
 

Was ist angesagt? (19)

Discurso de Marco Maciel no Senado
Discurso de Marco Maciel no SenadoDiscurso de Marco Maciel no Senado
Discurso de Marco Maciel no Senado
 
Rms reafirmar o-papel_historico_do_pt
Rms   reafirmar o-papel_historico_do_ptRms   reafirmar o-papel_historico_do_pt
Rms reafirmar o-papel_historico_do_pt
 
Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?
 
Relatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ
Relatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJRelatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ
Relatório Anual 2019 da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da ALERJ
 
Opinião
OpiniãoOpinião
Opinião
 
O Alterense 3
O Alterense 3O Alterense 3
O Alterense 3
 
Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.
Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.
Ensaio sobre atual crise política do Brasil e os efeitos da mídia.
 
Cenários do futuro político do brasil
Cenários do futuro político do brasilCenários do futuro político do brasil
Cenários do futuro político do brasil
 
Desigualdade Eleições 2014
Desigualdade Eleições 2014Desigualdade Eleições 2014
Desigualdade Eleições 2014
 
Social-democracia e aparelhismo
Social-democracia e aparelhismoSocial-democracia e aparelhismo
Social-democracia e aparelhismo
 
Psb contra o preconceito
Psb contra o preconceitoPsb contra o preconceito
Psb contra o preconceito
 
Inconfidência nº 251
Inconfidência nº 251Inconfidência nº 251
Inconfidência nº 251
 
Cenários da crise política no brasil
Cenários da crise política no brasilCenários da crise política no brasil
Cenários da crise política no brasil
 
Acesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicas
Acesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicasAcesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicas
Acesso de-negros-c3a0s-universidade-pc3bablicas
 
16 duas mensagens de nilo peçanha - 2ª
16   duas mensagens de nilo peçanha - 2ª16   duas mensagens de nilo peçanha - 2ª
16 duas mensagens de nilo peçanha - 2ª
 
Textos livres
Textos livresTextos livres
Textos livres
 
A Constituição (CRP) e alguns dos seus princípios oligárquicos
A Constituição (CRP)  e alguns dos seus princípios oligárquicosA Constituição (CRP)  e alguns dos seus princípios oligárquicos
A Constituição (CRP) e alguns dos seus princípios oligárquicos
 
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
 
Um olhar sobre Abril
Um olhar sobre AbrilUm olhar sobre Abril
Um olhar sobre Abril
 

Andere mochten auch

Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1
Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1
Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1Ministerio Infantil Arcoiris
 
Daugavpils universitātes studentu padomes prezentācija
Daugavpils universitātes studentu padomes prezentācijaDaugavpils universitātes studentu padomes prezentācija
Daugavpils universitātes studentu padomes prezentācijaEgils Doroško
 
Wachstum ohne Ende
Wachstum ohne EndeWachstum ohne Ende
Wachstum ohne Endedhwvo
 
Paintings by Jennifer Baird
Paintings by Jennifer BairdPaintings by Jennifer Baird
Paintings by Jennifer BairdCachi Chien
 

Andere mochten auch (7)

Temas
TemasTemas
Temas
 
Ookisa
OokisaOokisa
Ookisa
 
Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1
Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1
Plenary the shape-of_thing_to_come_(children)_16x9-1
 
Daugavpils universitātes studentu padomes prezentācija
Daugavpils universitātes studentu padomes prezentācijaDaugavpils universitātes studentu padomes prezentācija
Daugavpils universitātes studentu padomes prezentācija
 
Wachstum ohne Ende
Wachstum ohne EndeWachstum ohne Ende
Wachstum ohne Ende
 
Sr9
Sr9Sr9
Sr9
 
Paintings by Jennifer Baird
Paintings by Jennifer BairdPaintings by Jennifer Baird
Paintings by Jennifer Baird
 

Ähnlich wie Carta programa

Democracia america latina
Democracia america latinaDemocracia america latina
Democracia america latinaErica Rabelo
 
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalho
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalhoLivro cidadania no brasil josé murilo de carvalho
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalhosesouff2014
 
Oligarquias partidárias brasileiras
Oligarquias partidárias brasileirasOligarquias partidárias brasileiras
Oligarquias partidárias brasileirasJustino Amorim
 
Aula 2 Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe Assunção
Aula 2  Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe AssunçãoAula 2  Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe Assunção
Aula 2 Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe AssunçãoProf. Noe Assunção
 
Slides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdf
Slides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdfSlides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdf
Slides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdfLeandroBrando21
 
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA CIDADANIA E DEMOCRACIA
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA  CIDADANIA E DEMOCRACIAHISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA  CIDADANIA E DEMOCRACIA
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA CIDADANIA E DEMOCRACIAAllan Vieira
 
Aula 3 com e cidadania
Aula 3  com e cidadaniaAula 3  com e cidadania
Aula 3 com e cidadaniaUFSM
 
Estado contemporâneo_02 (atualizado)
Estado contemporâneo_02 (atualizado)Estado contemporâneo_02 (atualizado)
Estado contemporâneo_02 (atualizado)roberto mosca junior
 
1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx
1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx
1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptxCelimaraTiski
 
A democracia, modelo de funcionamento do estado
A democracia, modelo de funcionamento do estadoA democracia, modelo de funcionamento do estado
A democracia, modelo de funcionamento do estadoAdilson P Motta Motta
 
Democracia em Colapso.pdf
Democracia em Colapso.pdfDemocracia em Colapso.pdf
Democracia em Colapso.pdfLilianeBA
 
Cidadania e democracia
Cidadania e democraciaCidadania e democracia
Cidadania e democraciaLucas Justino
 
COMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docx
COMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docxCOMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docx
COMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docxYuMinHiuRe1
 
Juventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dezJuventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dezElisio Estanque
 
Bobbio
BobbioBobbio
BobbioUNICAP
 
Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal
Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal
Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal UFPB
 
Democratização do estado e participação popular
Democratização do estado e participação popularDemocratização do estado e participação popular
Democratização do estado e participação popularMarcelo Monti Bica
 
Regimes Políticos a Democracia
Regimes Políticos a DemocraciaRegimes Políticos a Democracia
Regimes Políticos a DemocraciaNábila Quennet
 

Ähnlich wie Carta programa (20)

Democracia america latina
Democracia america latinaDemocracia america latina
Democracia america latina
 
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalho
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalhoLivro cidadania no brasil josé murilo de carvalho
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalho
 
Oligarquias partidárias brasileiras
Oligarquias partidárias brasileirasOligarquias partidárias brasileiras
Oligarquias partidárias brasileiras
 
Aula 2 Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe Assunção
Aula 2  Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe AssunçãoAula 2  Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe Assunção
Aula 2 Sociedade civil e democracia - 3º Sociologia - Prof. Noe Assunção
 
Slides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdf
Slides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdfSlides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdf
Slides_Estado_Democracia_Giane_2021.pdf
 
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA CIDADANIA E DEMOCRACIA
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA  CIDADANIA E DEMOCRACIAHISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA  CIDADANIA E DEMOCRACIA
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA CIDADANIA E DEMOCRACIA
 
Aula 3 com e cidadania
Aula 3  com e cidadaniaAula 3  com e cidadania
Aula 3 com e cidadania
 
Estado contemporâneo_02 (atualizado)
Estado contemporâneo_02 (atualizado)Estado contemporâneo_02 (atualizado)
Estado contemporâneo_02 (atualizado)
 
1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx
1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx
1ª Série_democracia contemporãnea aula 32.pptx
 
Outra campanha texto corrido
Outra campanha texto corridoOutra campanha texto corrido
Outra campanha texto corrido
 
A democracia, modelo de funcionamento do estado
A democracia, modelo de funcionamento do estadoA democracia, modelo de funcionamento do estado
A democracia, modelo de funcionamento do estado
 
Democracia em Colapso.pdf
Democracia em Colapso.pdfDemocracia em Colapso.pdf
Democracia em Colapso.pdf
 
Cidadania e democracia
Cidadania e democraciaCidadania e democracia
Cidadania e democracia
 
COMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docx
COMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docxCOMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docx
COMO MORREM AS DEMOCRACIAS.docx
 
Juventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dezJuventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dez
 
Bobbio
BobbioBobbio
Bobbio
 
Estado contemporâneo
Estado contemporâneoEstado contemporâneo
Estado contemporâneo
 
Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal
Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal
Manifestações nas ruas, as eleições em 2014 e a política do Bem X Mal
 
Democratização do estado e participação popular
Democratização do estado e participação popularDemocratização do estado e participação popular
Democratização do estado e participação popular
 
Regimes Políticos a Democracia
Regimes Políticos a DemocraciaRegimes Políticos a Democracia
Regimes Políticos a Democracia
 

Carta programa

  • 1. CARTA-PROGRAMA POR UM CAMINHO DEMOCRÁTICO EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO DO SÉCULO XXI Carlos Eugênio Clemente 4019 Combatente da Guerra e da Paz Em 3 de outubro próximo serão realizadas eleições para a renovação da Câmara Federal, do Senado e das Assembléias Legislativas, assim como para os Governos Estaduais e a Presidência da República. Na presente quadra histórica, o problema de participar ou se omitir das eleições assume importância fundamental. Essa carta-programa foi escrita a dezenas de mãos, os amigos e apoiadores de Carlos Clemente – combatente da guerra e da paz. E é concluída por uma apresentação do ex-líder estudantil, ex-militante da esquerda armada, músico, escritor, quadro do PSB e sempre socialista libertário. VOTAR OU NÃO VOTAR – EIS A QUESTÃO! O problema de votar, de se abster ou de anular o voto, não deve ser encarado como uma questão de princípios. Como em todas as questões que dizem respeito à correlação de forças e ao sentido histórico das lutas populares, é necessário levar em conta as condições concretas existentes no país, analisá-las corretamente e atuar segundo o interesse público e o bem comum. Em outras palavras, é recomendável que essa decisão, embora de caráter estritamente individual, seja tomada tendo em vista a implementação de um Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento, elaborado pelo ângulo dos interesses populares. Há momentos em que não votar pode ser a posição política mais correta e compatível com a conjuntura, como ocorria nos pleitos em que a ditadura militar buscava legitimar a usurpação do poder e os assaltantes da soberania popular tentavam prolongar o período discricionário. Porém, existem situações em que votar e participar efetivamente do processo político-eleitoral é uma necessidade coerente com as mudanças ocorridas e ainda necessárias no mundo real. Sabemos que a democracia não se resume a eleições periódicas, nem ao simples ato de digitar um número na urna eletrônica. Mas sabemos também que sem eleições não existe democracia. Nem toda eleição é democrática ou capaz de expressar a vontade popular, mas também sabemos que, apesar dos limites dos pleitos periódicos, não é possível criar um regime representativo sem eleições legítimas. No caso específico do Brasil atual, acreditamos que as eleições serão um acontecimento ímpar na vida do país. Em 2010 a decisão de votar se impõe como a mais correta para o eleitor consciente. Pela primeira vez os movimentos populares têm o que perder – que pode não ser tudo, mas não é pouco. Os avanços conquistados nos últimos anos, sob o governo do presidente Lula, precisam ser preservados. E podem ser ampliados e aprofundados pelo voto consciente em Dilma Rousseff! A companheira Dilma, contudo, para continuar e aprofundar as reformas iniciadas por Lula, precisa que companheiros leiais, que participaram com ela nos momentos mais difíceis da luta contra a ditadura, estejam presentes no Congresso Nacional, defendendo as propostas de democratização da sociedade, tornando-a menos dependente de alianças com setores que se interessam menos em colocar o Estado a serviço da sociedade e mais a seu serviço pessoal. Durante a ditadura militar, amplos setores de nossa sociedade recusavam-se a participar das farsas eleitorais, negando-se a aceitar regras impostas por um jogo de cartas marcadas. Trabalhadores urbanos e rurais, estudantes secundaristas e universitários, assim como intelectuais, artistas e profissionais liberais decidiram confrontar a ditadura ilegítima, que estava em guerra contra a sociedade. Contra a força bruta, recorreram à força cívica, pegando em armas e recorrendo ao direito legítimo de resistência dos povos contra a opressão e a tirania. O enfrentamento armado foi naquela conjuntura a principal forma de resistência democrática contra o terrorismo de Estado. O alto preço a pagar foi o sacrifício de toda uma geração de jovens patriotas, que adubou com sangue o caminho para a emergência de novas formas de luta das camadas populares. Entre essas formas de legítimas de resistência destacam-se pelo menos outras duas: a crescente resistência eleitoral dos cidadãos descontentes e a dura resistência de massas das camadas populares. Desde a vitória do MDB nas eleições de 1974, passando pela refundação da União Nacional dos Estudantes (UNE), bem como pelas greves do novo sindicalismo operário do ABC, até culminar na gigantesca campanha nacional das “Diretas-Já”.
  • 2. Essas formas de resistência (armada, eleitoral e de massa) abriram caminho para a restauração democrática no país, com a Constituição de 1988 e a eleição direta para a Presidência da República. A transição política teve como contrapartida um duro preço a pagar, qual seja a aceitação da enorme divida social e econômica contraída pela ditadura com todo o povo brasileiro. Esse monstruoso entulho legado pela ditadura só poderá ser resgatado com reformas econômico-sociais conquistadas pela radicalização da própria democracia política em todos os outros níveis. Acreditamos que a participação maciça, efetiva e consciente nas próximas eleições parece ser o principal caminho para a solução desses grandes problemas herdados pelas forças democráticas. As enormes desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais, embora atenuadas, continuam a constituir desafios à paz e à estabilidade das instituições. Trata-se de uma realidade que não cala. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: como solucionar esses problemas? O que pode ser feito para sua solução nos marcos do Estado de Direito e com os instrumentos garantidos pela Constituição? Não temos dúvida a respeito: em 2010 serão decididas a centralidade da democracia e o aprofundamento dos direitos individuais e coletivos de todos os cidadãos. PORQUE VOTAR NO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) O PSB afirma claramente seu compromisso com a continuidade das mudanças e com a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Se escolhemos livremente participar das próximas eleições, resta escolher o partido e os candidatos nos quais depositaremos nosso voto. Ambos devem enfatizar, na atual conjuntura, aquilo que nos une e fortalece, os pontos em relação aos quais estamos de acordo e que assumem agora um caráter de máxima prioridade. Por outro lado, tanto o partido como os candidatos devem colocar de lado aquilo que nos divide e enfraquece, tudo o que nos desvia das difíceis escolhas que fizermos para eleger os próximos governantes. Autores dessa Carta-programa, somos do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Temos um passado de lutas que nos honra e uma longa história em defesa da liberdade, da igualdade e da democracia. Para nós a dicotomia entre esquerda e direita continua atual, assim como o antagonismo histórico entre ambas no plano nacional e mundial. Somos de esquerda porque acreditamos que liberdade e igualdade são inseparáveis, ambas devem abranger as relações econômicas, sociais, políticas e culturais. Para nós, a dicotomia entre liberalismo e democracia também não perdeu a atualidade. Somos democratas porque acreditamos que, além de limitar o poder dos governantes, é necessário distribuir este poder entre os governados, segundo o princípio da soberania popular. Acreditamos também que todo indivíduo é um cidadão e, como tal, titular de direitos civis, políticos e sociais inalienáveis, conquistados ao longo da história. Para nós, também, a dicotomia entre capitalismo e socialismo continua existindo e ambos representam concepções de mundo diametralmente opostas. Somos, enfim, democratas radicais, porque continuamos a lutar pela democratização da riqueza, do saber e do poder. Para isso, as conquistas imediatas e a ampliação dos direitos são necessárias, mas não suficientes. No socialismo moderno ambas devem ser acompanhadas de uma democratização da sociedade e do Estado, da educação e da cultura, além da administração e do governo. Embora o processo possa combinar as três democratizações de forma assimétrica e desigual, acreditamos que democracia, liberdade, igualdade e socialismo são consubstanciais e que não podem coexistir plenamente uns sem os demais. A História se desenvolve com avanços e recuos, altos e baixos, marchas e contramarchas. Aprendemos na própria carne que em política é melhor ser prudente que afoito e que não dá para fazer tudo imediatamente e de uma única vez. Em nosso partido coexistem, em debate franco e aberto, duas sucessivas gerações. Uma delas é a geração mais antiga formada pelos combatentes temperados na luta armada, na vida clandestina, na prisão e no exílio durante a luta contra a ditadura militar. A outra é a geração mais nova formada pelos jovens militantes que participaram conosco das campanhas eleitorais e das mobilizações de massa pela restauração do Estado de Direito Democrático. Ambas as gerações sabem, porque vivenciaram em sua pele, que democracia política foi duramente conquistada sem que fosse possível, contudo, resgatar de imediato ou no curto prazo a imensa dívida social e econômica herdada do regime militar. Por isso, é necessário escolher candidatos publicamente comprometidos com o resgate desse débito com os humilhados e ofendidos, preparados para os duros embates que os esperam no Congresso Nacional. PORQUE VOTAR EM CARLOS EUGÊNIO CLEMENTE (4019) Afinal, quem sou eu que, como candidato a Deputado Federal, peço o seu voto? Meu nome é Carlos Eugênio Sarmento Coêlho da Paz, nascido em Maceió, Alagoas, em 23 de julho de 1950. Vim para o Rio de Janeiro em 1958, aos sete anos de idade. Estudei no Franco-Brasileiro, no Colégio Andrews e no Pedro II. Sou flamenguista desde Maceió e um homem de esquerda desde jovem, em 1966. Fui escoteiro no Grupo João Ribeiro dos Santos, vi o Aterro do Flamengo ser construído, vivi feliz nas ruas do Rio de Janeiro. Aos 17 anos, já amigo do inesquecível Carlos Marighella, como militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), assumi o codinome Clemente e combati de armas na mão a ditadura civil-militar, que em 1964 tomou de assalto nosso país. Em 1973 fui obrigado a partir para o exílio na França, passando oito anos em Paris, sem saborear o doce caviar do exílio. Em compensação estudei música, ciências
  • 3. sociais e fiz novos amigos e companheiros. Voltei ao Brasil em 1981 para assistir a morte de meu pai. Retomei a vida legal somente depois de ser anistiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 1982. Além de militar no PSB, escrevi dois livros sobre a guerra de guerrilhas e a ditadura militar no Brasil: “Viagem à luta armada“ e “Nas trilhas da ALN”. Acabo de completar 60 anos, consciente de que o mundo mudou, o país mudou e eu também mudei. No passado, com as armas da guerra combati na linha de frente contra a ditadura militar; no presente, com as armas da paz, quero combater o bom combate em defesa do regime democrático. Como candidato a Deputado Federal (4019), qual é o meu Programa Mínimo? Quero analisar para compreender, compreender para atuar e atuar para transformar o Brasil. Minha proposta, em síntese, está baseada seguintes metas: (1) Lutarei para aprofundar a Democracia como um valor de alcance universal e como único método legítimo de seleção e escolha dos governantes; (2) Envidarei esforços para estender a Democracia Política para todas as outras esferas relativas aos poderes econômico, financeiro, social, educacional, cultural; (3) Enfrentarei os desafios que as novas realidades do século XXI colocam com vistas à renovação teórica e prática do Socialismo Real do século XX; (4) Proporei alternativas viáveis para o processo de Globalização econômica, política e cultural com vistas à redução das desigualdades baseadas na concentração de renda, no desemprego estrutural e na exclusão social; (5) Procurarei diagnosticar corretamente a atual conjuntura brasileira visando formular para a próxima década um Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento; (6) Combaterei sem quartel todos os tipos de Discriminação e Preconceito sejam eles de cor, de gênero, de crença, de etnia, de aparência, de ideologia e de opção sexual; (7) Batalharei sem trégua pelo respeito e ampliação dos Direitos Humanos de primeira, segunda e terceira gerações (civis, políticos e sociais), exigindo também a incorporação dos novos Direitos de Quarta Geração (manipulação genética, biodiversidade, biopirataria, etc.) (8) Defenderei com unhas e dentes a consolidação e a ampliação dos Direitos Especiais de Cidadania tendo como meta os legítimos interesses e necessidades das Pessoas com Deficiência (PCD); (9) Finalmente, mas não por último, lutarei com todas as minhas forças pela preservação do Meio-Ambiente, criação de uma Consciência Ecológica, defesa de um Ecossistema Equilibrado e adoção de uma Economia Sustentável, com vistas à herança das gerações futuras e à salvação da natureza como patrimônio de toda a humanidade. Quero, finalmente, reafirmar com ênfase, em alto e bom som, que os meus objetivos de combatente da maturidade continuam sendo os mesmos pelos quais dediquei os meus verdes anos de juventude e pelos quais deu a vida toda uma geração: a Democracia, a Liberdade, a Igualdade e o Socialismo.