José Jorge Letria é um prolífico autor português que trabalhou em várias áreas como jornalista, poeta, escritor infantil, político e professor. Sua obra reflete sua vida multifacetada e recebeu inúmeros prêmios literários. Letria nasceu em 1951 e continua produzindo poesia e literatura infantil popular.
3. José Jorge Letria é um
autor intenso, profundo e
criador, destacando-se na
área da literatura infanto-juvenil.
Homem do mundo e da
cultura, jornalista, redator,
editor, poeta, ficcionista,
ensaísta, dramaturgo,
escritor infanto-juvenil,
cantor, político e professor,
a sua obra é espelho da
multiplicidade da própria
existência.
4. Biografia
José Jorge Letria nasceu em Cascais, a 8 de junho de 1951.
Estudou Direito e História, é pós-graduado em Jornalismo Internacional e mestre
em Estudos de Paz e da Guerra nas Relações Internacionais, pela Universidade
Autónoma de Lisboa.
Jornalista desde 1970 até dezembro de 2003, começou por colaborar nos
suplementos Juvenil e A Mosca do Diário de Lisboa. Foi redator e editor de jornais o
República, Diário de Notícias, O Diário e Jornal de Letras. Foi autor de programas de
rádio e de televisão, destacando-se, a esse nível, a sua participação durante vários
anos na equipa de criadores da Rua Sésamo em Portugal e autor dos textos do
programa Pastéis de Belém na rádio TSF. Tem colaborado em publicações como
Colóquio/Letras, Vértice, República, entre outras. É Presidente do Conselho de
Administração da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) desde 2011.
5. Poema de José Jorge Letria
O indeciso
Eu quero ser tudo
futebolista e arquitecto
actor de cinema mudo
é preciso é que dê certo.
No fundo o que eu quero
é ser grande e bem depressa
porque isto de crescer
não pode ser só conversa.
Quero ser grande em altura
sem ter projecto nenhum
e quem sabe se hei-de ser
piloto de Fórmula Um?
Também quero ser marinheiro,
alpinista e domador,
herói de banda desenhada,
pirata e aviador.
Quero ser de tudo um pouco
Pois tenho imaginação
Para acreditar que acordo
Com o mundo na palma da mão.
6. Biografia
Foi, durante oito anos, vereador da Cultura da Câmara de Cascais. É coautor, com
José Fanha, de várias antologias de poesia portuguesa. Nos anos 70 foi um ativo cantor de
intervenção, ao lado de nomes como José Afonso, Manuel Freire, Adriano Correia de
Oliveira e Francisco Fanhais, entre outros, tendo gravado entre 1968 e 1981, cerca de uma
dezena de discos e realizado centenas de espetáculos, nomeadamente na Galiza e em
Madrid entre 1972 e 1973.
1. Histórias de João Sem Esperança (1969)
2. Até ao Pescoço (1971)
3. Música Pare, escute e olhe (1972)
4. DeVivaVoz (1973)
8. Poema de José Jorge Letria
Esta língua portuguesa
A língua cresceu com o país,
que se alongou até ao sul
e depois chegou às ilhas,
vencendo os tormentos do mar.
O país ganhou a forma
de uma língua de terra
capaz de usar palavras
como “lonjura” e “saudade”.
Tornou-se uma língua amável,
cantante e subtil,
com verbos e tempos verbais
que ainda hoje confundem
quem, como nós, a quer falar.
(…)
A língua que falas e escreves
é uma árvore de sons
que tem nos ramos as letras,
nas folhas os acentos
e nos frutos o sentido
de cada coisa que dizes.
É uma língua tão antiga
como isto de ser português.
Teve o latim por avô,
que primeiro foi romano,
depois bárbaro,
mais tarde monge medieval
ou copista do Renascimento.
9. Poema de José Jorge Letria
Esta língua portuguesa
Foi a língua da viagem,
do assombro e da aventura,
usada para relatar
descobertas e naufrágios,
triunfos e derrotas,
nas mais remotas paragens,
enquanto os porões se enchiam
com as raras especiarias
que tanta fortuna fizeram.
É uma língua que se veste
de baiana no brasil
ganhando feitiços de som
em angola e moçambique
e novos significados
lá para as bandas de timor.
É uma língua que ajudou
a fazer o comércio e a guerra,
mas que hoje prefere
usar os verbos da paz.
(…)
A árvore desta língua
é antiga e portuguesa
como as pedras dos pelourinhos,
dos conventos e dos castelos,
onde esta fala deu fruto,
onde se fez crónica e foral,
quando era preciso dar nome
ao sonho de Portugal
(…)
Esta é a árvore de tudo
o que se diz em português
por não precisar de ser dito
em alemão ou em inglês,
pois temos orgulho bastante
para fazermos da nossa língua,
que já foi peregrina e navegante
a pedra mais preciosa,
seja em verso seja em prosa
E o orgulho que temos
nesta língua portuguesa,
irá do berço para a escola
e da escola para a rua,
pondo em cada palavra
uma pepita de ouro
e uma centelha de lua,
pois afinal esta língua
será sempre a minha e tua.
11. Prémios e distinções
• Medalha da International des Arts et des Lettres, de Paris, juntamente com os escritores Natália
Correia e David Mourão-Ferreira (1992)
• Oficial da Ordem da Liberdade (1997)
• Medalha de Honra do Município de Cascais, tendo sido atribuído o seu nome à Escola EB 1 da vila,
por si frequentada na infância (2002)
• Dois Grandes Prémios da Associação Portuguesa de Escritores em conto e em teatro.
• Prémio Internacional UNESCO atribuído em França
• Prémio Aula de Poesia de Barcelona
• Prémio Plural do México
• Prémio da Associação Paulista de Críticos de Arte em São Paulo
• Prémio Gulbenkian
• Grande Prémio Garrett da Secretaria de Estado da Cultural
• Premiado duas vezes com o Prémio Eça de Queirós-Município de Lisboa
• Prémio Ferreira de Castro de Literatura Infantil que ganhou três vezes, tal como o Prémio "O
Ambiente na Literatura Infantil"
• Prémio Garrett
• Prémio José Régio de teatro
• Prémio Camilo Pessanha do IPOR
• Prémio Maria Rosa Colaço para o texto inédito "A Fala das Coisas“ (2006)
• Prémio Nacional de Poesia Nuno Júdice para a coletânea inédita "Sobre Retratos“ (2007)
• Prémio Manuel d'Arriaga da Sociedade Protectora dos Animais (2009)
12. Em 2013 foram assinalados na Universidade de Coimbra os seus 40 anos de
atividade literária com um colóquio e com a publicação da antologia "Poesia
Escolhida", editada pela Imprensa da Universidade de Coimbra e coordenada
pela Dra.Teresa Carvalho.
13. Poema de José Jorge Letria
Ler, doce ler
Os livros são casas
com meninos dentro
e gostam de os ouvir rir,
de os ver sonhar
e de abrirem de par em par
as paisagens e as imagens
para eles, lendo, poderem sonhar.
Os livros gostam muito
de contar histórias,
mesmo que essas histórias
sejam contadas em verso
com a mesma naturalidade
com que eu escrevo,
com que eu converso.
Os livros também respiram,
e o ar que lhes enche as páginas
tem o aroma intenso das viagens
que eles nos convidam a fazer,
sempre à espera que a magia
daquilo que nos contam
possa realmente acontecer.
Os livros são novos e antigos,
mas não gostam de ter idade.
Disfarçam uma mancha, uma ruga
e gostam de viver em liberdade
numa prateleira alta,
sobre a mesa em que se escreve
ou na bibliotecas da cidade.
E é por isso, porque o
seu tempo
é sempre maior que o
tempo,
que eles não gostam
de ter idade. (...)
14.
15. Série Autores Lusófonos
1. Mia Couto
2. José Eduardo Agualusa
3. Ondjaki
4. Jorge Amado
5. José Luís Peixoto
6. José Jorge Letria
A professora bibliotecária, Carla Nunes
Ano letivo2014/2015