O documento discute:
1) A região da Mantiqueira de Minas está prestes a se tornar a primeira região cafeeira com Denominação de Origem no Brasil, graças ao trabalho de pesquisadores.
2) Analisa as condições climáticas de agosto, como temperaturas abaixo da média em algumas regiões que prejudicaram o trigo, e temperaturas acima da média que favoreceram a colheita do café.
3) Fornece uma previsão do clima para outubro, com maior probabilidade de chuvas acima
6. | Revista Cafeicultura -
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C
om a plena globalização
dos sistemas agroali-
mentares, o esforço dos
police makers ganhou
imensa complexidade. A finan-
ceirização dos mercados de com-
modities, com a interveniência
de multiplicidade de títulos deri-
vativos, minimizou as possibili-
dades analíticas pautadas exclu-
sivamente pela trajetória de seus
fundamentos (oferta; demanda/
consumo e estoques). Conco-
mitantemente, os formuladores
de políticas públicas se vêem na
condição de arquitetar estratégias
estando permanentemente con-
frontados com Estado que padece
de crise fiscal (amplificadas pelas
ações contracíclicas disparadas
pós-2008) enfrentado, ainda, o
tenso debate sobre reforma tri-
butária em que todos concordam,
porém a análise do gasto público
já demonstrou não haver em que
cortar, pois as despesas públicas
estão justas (amortização + pgto
de juros da dívida interna; benefí-
cios sociais; gastos com educação
e saúde; gestão da máquina públi-
ca, indexação do salário mínimo
ao PIB e investimentos).
Nesse ambiente político-
-econômico surgem demandas de
segmentos produtivos. No agro-
negócio, tais clamores são relati-
vamente freqüentes e, em geral,
aderentes aos ciclos econômicos
específicos de cada produto. Nou-
tros casos são as relações comer-
ciais desproporcionais os desen-
cadeadores do descontentamento
e a mobilização pela tomada de
posição do governo (citricultores
x esmagadoras; pecuaristas x fri-
goríficos; fornecedores x usinei-
ros, etc..).
Em meados de 2011ocor-
reu escalada nas cotações do café
arábica. Desde então o mercado
mergulhou num sem fundo, tra-
zendo apreensão para todos os
cinturões produtores do país. A
gravidade do atual declínio nas
cotações varia conforme a zona
produtiva em que se encontram
os talhões e o perfil tecnológico
adotado nas lavouras: topografia;
mecanização; adensamento e ir-
rigação. Outros fatores são igual-
mente decisivos como: a minucio-
sa gestão dos empreendimentos
(Projeto Educampo do SEBRAE/
MG exibe resultados formidá-
veis na melhoria desse quesito); o
grau de diversificação produtiva
conduzido no estabelecimento; a
participação em organizações so-
ciais (cooperativas e associações)
e, ainda, o reconhecimento de al-
guma das agências certificadoras
(selos) ou de mecanismos de ras-
treabilidade (nucoffee).
Frente à trajetória de
depreciação continuada do pro-
duto, passa a ocorrer legítima
mobilização dos cafeicultores e
de suas lideranças. Produziram-se
manifestações e documentos di-
recionados as esferas de governo,
especialmente, federal. No escopo
desses pleitos, inseriu-se a oferta
pública de contratos de opção de
venda.
As opções são títulos fi-
nanceiros em que se negocia o
direito de comprar ou vender de-
terminado ativo em data futura
por preço predeterminado (preço
de exercício). O comprador - titu-
lar da opção – adquire direito de
exercer sua opção e o vendedor –
lançador – assume a obrigação de
comprar ou vender o ativo caso o
titular venha a exercer sua opção.
O mercado de opções ocorre nos
dias úteis nas bolsas de valores e,
eventualmente, agentes públicos
escolhem esse título na estrutura-
ção de programas de garantia de
preços e/ou de transferência de
renda para os produtores rurais
fragilizados pelos baixos preços
decorrentes ou não do excesso de
produção.
Por intermédio da Porta-
ria Interministerial no 842 publi-
cada no Diário Oficial da União
no 173 de 06/09/2013, desenhou-
-se lançamento de contratos de
opção de venda público opera-
cionalizados pela CONAB com os
seguintes parâmetros: para café
arábica, tipo 6, bebida dura para
melhor com até 86 defeitos, pe-
neira 13, admitindo até 10% de
vazamento e teor de umidade de
até 12,5%, colhido em 2013. Os
compradores das opções serão di-
retamente os cafeicultores ou por
meio de suas cooperativas (cadas-
tro regular no CADIN) com ven-
cimento em 31/03/2014 e a preço
de exercício de R$343,00/sc. Cada
contrato equivale a 100sc (6t).
Para a efetivação dessa política
será disponibilizado o montante
de R$1,050 bilhão (suficiente para
a realização de três pregões com
10 mil contratos cada) oriundo
das Operações Oficiais de Crédito,
na rubrica Formação de Estoques
Públicos.
Detalhes adicionais estão
contemplados na portaria como:
a) estabelecer poder discricio-
nário (MAPA) quanto ao limite
de aquisição de contratos para
os compradores (cafeicultor ou
cooperativa); produto entregue
em sacos (novos ou usados) cujo
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7. … † ‡ ˆ ‰ ‘ ’ ˆ “ ” • – - Revista Cafeicultura | —
valor será reembolsado pela CONAB
(R$3,0232 e R$3,3880 para as novas e
R$1,9219 e R$2,0328 para as usadas –
para sacaria de juta e malva respectiva-
mente).
Ao contrário do desejável, per-
mitiu-se que as cooperativas adquiris-
sem contratos oferecidos em leilão. No
passado a permissão para que essas en-
tidades participassem de políticas pú-
blicas foi desastrosa e, credita-se a esse
fato, a suspensão definitiva da política
de PEPRO para a cafeicultura. Muito
mais transparente se os leilões fossem
arrematados apenas por cafeicultores
mediante o emprego de seu CPF. So-
mente no exercício desses contratos,
haverá condições de se avaliar o destino
efetivo dado pelas cooperativas aos re-
cursos obtidos com as opções.
O desenho da política, aparen-
temente, carece de ajustes. O mais rele-
vante deles está no preço de exercício,
pois aparentemente não acompanhou
parâmetros indicados pelas cotações fu-
turas (em segunda ou terceira posição)
e tampouco o deságio relativo ao custo
financeiro da estocagem. Assim, anteci-
pa-se ao mercado a decisão política do
gestor em garantir o exercício por parte
dos titulares. Mesmo sendo a CONAB a
entidade mais capacitada no Brasil para
administração dos estoques de alimen-
tos, o recebimento dessa quantidade
de produto poderá gerar dificuldades
logísticas e perdas/deterioração (des-
merecimento) durante o período de seu
carregamento.
O critério adotado no cálculo
do preço de exercício conduz a outra
dificuldade. Serão necessários mais de
um bilhão para a execução plena da
ação estabelecida. Como a decisão po-
lítica depois de ter sido definido o Or-
çamento Geral da União, em que não se
empenhou tal quantia, portanto, não há
como mobilizar tal recurso não estan-
do o mesmo explicitado no orçamento
(empenhado). Acreditar que os police
makers do governo federal tenham as-
sumido postura especulativa, jogando
com a remotíssima possibilidade desses
contratos não entrarem em exercício
por ocasião de seu desfecho, parece hi-
pótese plausível.
Detalhes adicionais consistem
na determinação da tabela de descon-
to relativo ao frete no preço de exercí-
cio segundo a região de originação do
produto e sua distância até o armazém
credenciado. Isso pode trazer insatisfa-
ções dos titulares pois não constava nas
regras da portaria publicada se o preço
de exercício é FOB-armazém. Aquilo
que não está na lei pode ensejar passivos
judiciais. Ademais, não é prática usual
nas opções privadas o reembolso de sa-
carias (novas ou usadas).
Em 13/09/2013, houve o pri-
meiro leilão de opções públicas segun-
do os critérios estabelecidos pela por-
taria. Em 13/08/2013 ocorreu o pregão
em que foram postos a venda 10 mil
contratos (1 contrato = 100sc) sendo
comercializados 8.565, ou seja, 85,6%
do total. Os contratos lançados para os
Estados de Minas Gerais e São Paulo
foram integralmente adquiridos não
havendo demanda nos demais estados
produtores (Espírito Santo, Paraná e
Bahia). O prêmio pago pelo titular3
do
contrato foi de R$171,50/contrato, ou
seja, R$1,715/sc.
Na mesma data do pregão pú-
blico, a BMF negociava os prêmios
para opções de café arábica, entrega em
março de 2014, segundo os seguintes
parâmetros:
“Posição em Nova Iorque para março
no Contrato C4
era em 13/03/2013 de
123,55 ¢USD/lbp que convertido para
R$/sc alcançaria R$372,275
. Desconta-
dos os 15% relativos a qualidade do na-
tural brasileiro (arbitragem), chega-se
a R$316,42/sc. Com o desconto do frete
(média de R$12,00/sc), o valor da opção
seria de R$304,43/sc. Portanto, ajustado
ao mercado o prêmio pago pelo exercício
de posição estabelecida pelo vendedor
a R$343,00/sc seria de R$38,57. Entre-
tanto, nas opções públicas os contratos
foram negociados pelo prêmio simbólico
de R$171,50/contrato, ou seja, R$1,715/
sc, diferença de R$36,85/sc.”
Com o primeiro leilão ten-
do comercializado 8.565 contratos, o
montante em prêmio arrecadado foi de
R$1,47 milhão, quando o esperado se-
ria R$33,04 milhões caso o prêmio fosse
calculado numa operação de mercado.
Assim, embute-se um subsídio disfarça-
do de R$36,85/sc (R$38,57 – R$1,715),
ou, R$3.685,50/contrato, pois foi esse o
valor que os cafeicultores e suas coope-
rativas deixaram de pagar ao lançador
(CONAB). Na verdade cada saca de café
a ser entregue em 31/03/2014 valerá os
R$343,00 do exercício mais a diferença
do prêmio de mercado e o efetivamente
recolhido calculado em R$36,85/sc, re-
sultando em preço final de R$379,85!
A impressão que deixa esse pri-
meiro pregão é a de que os gestores pú-
blicos foram pouco cautelosos na apli-
cação de recursos do tesouro, pois além
de estabelecerem preço de exercício re-
lativamente elevado, aceitaram prêmio
simbólico para a venda dos contratos6
.
Seria mais transparente reabilitar o PE-
PRO oferecendo R$36,85/sc para cada
cafeicultor, diretamente em sua conta
corrente, ao invés de embutir o subsídio
dentro de um prêmio aquém daquele
exigido pelo mercado.
Desenhar políticas públicas
eficazes, eficientes e que contemplem
ampla efetividade consiste no maior dos
desafios atuais para os gestores públi-
cos. Retirar 3 milhões de sacas da safra
2013/14 é esforço louvável, mas poderá
não afetar a ascensão das cotações, pois
há existências decorrentes do financia-
mento da armazenagem do último tri-
mestre de 2012 que se somarão as dis-
ponibilidades da safra cheia de 2014/15,
ou seja, é remota tal possibilidade.
A tarefa de fazer políticas pú-
blicas se torna absolutamente inalcan-
çável se lentes que corrijam eventuais
miopias não sejam empregadas a partir
de abalizados receituários.
1
O autor agradece os comentários e sugestões
do Eng. Agr. Antônio Luis Jamas e do Econo-
mista Felix Schouchana.
2
Não podemos nos opor ao reembolso dos
custos com sacarias, aspecto mais que justo,
porém o objetivo aqui foi alcançar o preço
efetivamente pago pelo produto pela CONAB.
3
Prêmio é o valor da opção negociado entre as
partes.
4
Foi empregado a cotação em Nova Iorque
pela perda de liquidez dos contratos de café
arábica negociados na BMF.
5
Fechamento do câmbio em 13/09/2013 foi de
1US$ = 2,2779R$. 1sc 60kg = 132,276lbp
6
Esse expediente em nada difere do que ocor-
reu nas duas versões anteriores dos leilões de
opções públicas para café. Apenas no primeiro
deles o prêmio ficou ligeiramente acima dos
R$9,00/sc.
8. ˜
| Revista Cafeicultura -
™ d e f g h i j f k l m n
E
ntre Agosto e Setembro
deste ano de 2013 algu-
mas notícias e aconte-
cimentos muito inte-
ressantes passaram quase que
despercebidos pelo agronegócio
café brasileiro.A torrefadora ale-
mã Tchibo foi a primeira com-
pradora de cafés arábica com
o selo “Certifica Minas Café”,
programa governamental coor-
denado pela Secretaria de Es-
tado de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento de Minas Gerais
e executado pela Empresa de
Assistência Técnica e Extensão
Rural (Emater-MG) e pelo Ins-
tituto Mineiro de Agropecuária
(IMA).
Foram 50 mil sacas de
60 quilos, um volume pequeno
se comparado ao volume expor-
tado anualmente pelo estado de
Minas Gerais, mas que pode se
tornar muito significativo na
nova caminhada estratégica que
deverá ser trilhada pelos cafei-
cultores mineiros. Ainda não se
sabe como a identidade “Certi-
fica Minas Café” será utilizada
pela empresa alemã em embala-
gens (e mesmo se será utilizada),
mas pode representar o primeiro
passo para que a origem “Minas
Gerais” chegue ao consumidor
conduzida por um programa
governamental e que represen-
te toda a cafeicultura do estado.
Para constar positivamente na
promoção mineira, as iniciati-
vas das indicações geográficas
do Cerrado Mineiro e da Serra
da Mantiqueira de Minas Gerais
promovem suas regiões especifi-
camente e agregam em sua men-
sagem o “sufixo” Minas Gerais.
O momento é oportu-
no. Outra notícia importante
foi anunciada pela Federação
dos Cafeicultores do Cerrado,
segundo os quais, a expectativa
para 2013 é vender cerca de 100
mil sacas lacradas com o selo
de Indicação de Procedência no
mercado interno e para o exte-
rior. As regiões do Norte Pio-
neiro e da Serra da Mantiquei-
ra de Minas Gerais articulam
sua estrutura para coordenar a
emissão dos certificados, e neste
mês de setembro, o Instituto Na-
cional de Propriedade Industrial
(INPI) anunciou a mais nova
indicação de procedência para o
café, a região Alta Mogiana em
São Paulo. Os projetos da região
do Oeste da Bahia e da Mogiana
de Pinhal em São Paulo também
caminham.
Em termos de marke-
ting estes movimentos são mui-
to significativos, muito mais do
que o diferencial de preço de R$
3,00 a saca pago por ocasião da
exportação do café mineiro com
o selo Certifica Minas Café. No
caso mineiro é ainda mais sig-
nificativo porque na mente de
importadores e consumidores
europeus e estadunidenses a ori-
gem Minas Gerais praticamente
não existe. Quando muito, ve-
mos um “South Minas” (Sul de
Minas) perdido nas prateleiras
de algumas cafeterias. E neste
caso específico, quem promove
a origem é o torrador ou dono
de cafeteria, e não existe nenhum
prêmio pago aos produtores de
café. Os elos mais fortes da ca-
deia se apropriam do valor da
marca de origem.
Já no caso dos cafeicul-
tores da região do Cerrado Mi-
neiro a estratégia é de fortaleci-
mento da marca e ampliação de
mercado, já que gozam de boa
reputação no mercado japonês.
Analisando um pouco mais a
fundo a ação da empresa alemã
Tchibo, vemos que ela adota esta
prática com o Certifica Minas
Café de forma muito estratégi-
ca, já se antecipando ao apagão
de cafés certificados que ocorre-
Paulo Henrique Leme *
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10. Y ` | Revista Cafeicultura -
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O
anúncio oficial dos
instrumentos de
política cafeeira
que vigorarão na
safra 2013/14 do Brasil, aliado
às previsões de frio intenso na
região Sul do País, ajudaram a
sustentar as cotações do café
arábica na Bolsa de Nova York
na primeira quinzena de agos-
to. No entanto, a forte valoriza-
ção do dólar observada a partir
da terceira semana pressionou
o Contrato C, cujo vencimen-
to setembro encerrou o mês
no patamar de US$ 1,12 por
libra-peso, acumulando per-
das de 650 pontos. O aumento
dos estoques certificados na
ICE Futures US também me-
receu atenção, pois se elevaram
38.345 sacas. Em 31 de agosto,
os estoques certificados soma-
vam 2,79 milhões de sacas, o
maior nível registrado no en-
cerramento de um mês, desde
fevereiro de 2010.
A valorização do dó-
lar é uma tendência mundial,
em função da recuperação da
economia norte-americana
e da proximidade da suspen-
são do programa de estímulos
do Banco Central dos Estados
Unidos. No entanto, em função
das incertezas dos investidores
quanto aos rumos da economia
brasileira, o real foi uma das
moedas que mais se desvalori-
zou ante o dólar, com efeito so-
bre o mercado de café, uma vez
que o Brasil é o maior exporta-
dor mundial dessa commodity.
Na terceira semana de agosto,
o câmbio brasileiro superou a
barreira dos R$ 2,40 e atingiu o
maior fechamento dos últimos
56 meses, no dia 21, a R$ 2,451.
No acumulado do mês, a alta
do câmbio foi de 4,6%.
Houve contenção da
desvalorização do real a partir
de 22 de agosto, com o anún-
cio de um programa do Banco
Central do Brasil, que injetará
US$ 60 bilhões no mercado
até o final de 2013. Os recursos
serão ofertados em leilões diá-
rios até 31 de dezembro, com
o objetivo de reduzir especula-
ções e atenuar a desvalorização
da moeda nacional. Todas as
sextas-feiras serão disponibili-
zados US$ 1 bilhão, com com-
promisso de recompra futura.
De segunda a quinta-feira, a
estratégia do BC será de venda
de títulos, garantindo proteção
às empresas contra variações
bruscas no câmbio. A estra-
tégia teve resultado positivo,
uma vez que o dólar encerrou
o mês abaixo dos R$ 2,40, mes-
mo com a tendência externa de
alta, frente às expectativas de
uma possível operação militar
na Síria.
O mercado futuro da
variedade robusta apresentou
comportamento semelhante
ao do café arábica, com sus-
tentação de preços na primei-
ra quinzena de agosto e forte
desvalorização no segundo
período do mês. O vencimen-
to setembro do contrato 409 da
Bolsa de Londres apresentou
perda acumulada de US$ 124
por tonelada, mesmo com os
estoques certificados atingin-
do o menor nível dos últimos
13 anos (1,32 milhão de sa-
cas). O baixo nível do volume
armazenado é resultado da re-
dução das entregas do café da
Indonésia, cuja produção tem
sido afetada pelas fortes chu-
Material elaborado pela assessoria técnica do Conselho Nacional do Café (CNC).
11. q r s t u v w x t y € ‚ - Revista Cafeicultura |
vas, e também pela retra-
ção de oferta de café do
Vietnã, cujos produtores
tentam negociar prêmios
maiores pela saca. Segun-
do a agência Bloomberg,
os produtores vietnamitas
ainda têm em estoque cer-
ca de 2,3 milhões de sacas
de café da última tempo-
rada. Porém as cotações
futuras antecipam uma
safra abundante no país,
cuja colheita será iniciada
em outubro e as entregas a
partir de novembro.
Estatísticas de ex-
portações mundiais ela-
boradas pela Organiza-
ção Internacional do Café
(OIC) mostram que a de-
manda pelo robusta conti-
nua aquecida. No período
de agosto de 2012 a julho
de 2013 foram exportadas
44,18 milhões de sacas da
variedade, representando
39,2% das exportações
mundiais de café. Nota-se
discreto crescimento da
participação dessa varie-
dade no comércio mun-
dial, pois, no período an-
terior (agosto de 2011 a
julho de 2012), foram ex-
portadas 41,06 milhões de
sacas de robusta (38,5%
das vendas globais de
café).
No mercado do-
méstico, os indicadores
de preços do Centro de
Estudos Avançados em
Economia Aplicada apre-
sentaram tendência de es-
tabilidade para o arábica e
de queda para o conilon,
que tiveram variação de,
respectivamente, -0,1% e
-2,9%, no acumulado do
mês. Como a queda de
preços do robusta foi mais
acentuada, o diferencial de
preços entre as varieda-
des passou de R$ 25/saca,
no início do mês, para R$
38,9/saca, em 30 de agosto.
Quanto ao andamento da
safra brasileira, a Somar
Meteorologia estima que,
até o fim do mês passado,
haviam sido colhidos 80%
dos cafezais em São Paulo
e 78%, em Minas Gerais.
Porém, é grande a preo-
cupação com a perda de
qualidade, já que 30% dos
grãos colhidos apresenta-
vam algum tipo de defeito,
consequência do inverno
chuvoso que predominou
nas origens brasileiras.
Em relação à política ca-
feeira, no mês de agosto
houve a ratificação, pelo
Conselho Deliberativo da
Política do Café (CDPC),
da distribuição dos recur-
sos do Fundo de Defesa da
Economia Cafeeira (Fun-
café) para a safra 2013/14.
Além disso, foram oficial-
mente anunciadas: (i) a
implantação de um pro-
grama de Opções Públicas
de Venda que envolverá 3
milhões de sacas de 60 kg
de café, para exercício em
março de 2014, a um pre-
ço unitário de R$ 343; e
(ii) a destinação de recur-
sos próprios do Banco do
Brasil, a taxa de juros do
crédito rural, no valor de
R$ 1,614 bilhão, conforme
detalhado no Quadro 1.
Em agosto tam-
bém foi iniciado o repasse
dos recursos do Funcafé
aos agentes financeiros.
Dos R$ 3,16 bilhões auto-
rizados, foram liberados
R$ 957,616 milhões no to-
tal do mês. De acordo com
publicações no Diário
Oficial da União, os agen-
tes que assinaram contra-
to com o Departamento
do Café, da Secretaria de
Produção e Agroenergia
do Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abasteci-
mento, foram, por ordem
de tomada de recursos,
Bancoob, Itaú BBA, Ban-
co Votorantim, Rabobank,
Bicbanco, Banco Original,
BPN Brasil e Banco Ribei-
rão Preto. A maior con-
centração da liberação dos
recursos foi para a linha
de estocagem, conforme
pode ser observado nos
gráficos abaixo.
12. ƒ „ | Revista Cafeicultura -
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A
Região do Cerrado
Mineiro é uma Indi-
cação Geográfica na
Modalidade Indica-
ção de Procedência reconheci-
da pelo Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual – INPI,
a primeira em cafés em todo o
Brasil, tendo este titulo outorga-
do em 2005.
A exemplo das mais
tradicionais regiões de vinhos,
queijos entre outros produtos
europeus, como Bordeaux na
França, Parma na Itália, Ryoja
na Espanha que demarcam e re-
gistram seus territórios pelo re-
conhecimento e valorização de
seus produtos e pessoas,a Região
do Cerrado Mineiro é um terri-
tório demarcado e reconhecido
pela produção de cafés de alta
qualidade, o que lhe possibilitou
portanto o reconhecimento e
notoriedade como Primeira In-
dicação Geográfica em Cafés no
Brasil, a segunda entre todos os
produtos vindo depois do Vale
dos Vinhedos, que é uma Indi-
cação Geográfica para Vinhos.
Essas “porções de terra”
intituladas como Indicação Ge-
ográfica, na França são chama-
das de Terroir. O Terroir é nada
mais que a combinação entre
três fatores: território, homem e
o saber fazer.
O Território diz respei-
to a combinação do clima, solo,
temperatura, altitude, regime de
chuvas e a todas as condições
naturais proporcionadas pela
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natureza, que são os fatores eda-
foclimáticos.
O fator homem, diz res-
peito as pessoas que vivem na-
quele território, que carregam
consigo sua cultura, sua tradição
e costumes, os fatores andróge-
nos.
O “saber fazer” diz res-
peito a todo o conhecimento
acumulado do homem que atua
naquele território, que são as
praticas e o processo de produ-
ção que tornam único e singular
o produto produzido naquele
território.
Pois bem, a Região do
Cerrado Mineiro tem todos es-
tes elementos que compões um
nobre terroir: Território, ho-
mem e saber fazer.
Geograficamente, o
Cerrado Mineiro é constituído
de 55 municípios, sendo 170.000
hectares de café em produção,
cerca de 4.500 produtores que
juntos produzem aproximada-
mente 5 milhões de sacas, que
correspondem a 10% da produ-
ção nacional. Nesta área demar-
cada o município de Patrocínio
merece destaque, pois possui
35.000 hectares de café em pro-
dução, que lhe concede o titulo
de maior município produtor de
café do Brasil, sendo hoje refe-
rencia em organização, qualida-
de e produtividade, sendo sede
de importantes empresas e orga-
nizações como EXPOCACCER,
COOPA,Acarpa e Federação dos
Cafeicultores do Cerrado, que é
a Gestora da Região do Cerrado
Mineiro.
A Região do Cerrado
Mineiro é hoje um dos territó-
rios mais importantes e reco-
nhecidos em todo o Brasil, e isso
só foi possível ser construído
pois carregamos conosco as três
características que compõem os
mais nobres terroirs em todo
mundo: Território, homem e sa-
ber fazer.
15. ! # $ % ' ( - Revista Cafeicultura | ' )
descascamento do café cereja.
Atualmente a região conta com cerca de 7,8 mil pro-
dutores, sendo 82% agricultores familiares, juntos
produzem em torno de 1,34 milhão de sacas de café
ao ano, cultivadas em 69 mil hectares. A geração de
empregos é de aproximadamente 150 mil diretos e
indiretos. O parque cafeeiro encontra-se em fase de
expansão com substituição de cultivares e adequa-
ção de novas variedades. A região tem cerca de 95
milhões de pés de café, cultivados em aproximada-
mente 40 mil hectares.
A região abrange os municípios de Baepen-
di, Brasópolis, Cachoeira de Minas, Cambuquira,
Campanha, Carmo de Minas, Caxambu, Concei-
ção das Pedras, Conceição do Rio Verde, Cristina,
Dom Viçoso, Heliodora, Jesuânia, Lambari, Natér-
cia, Olímpio Noronha, Paraisópolis, Pedralva, Pouso
Alto, Santa Rita do Sapucaí, São Lourenço e Soleda-
de de Minas.
“O cafeicultor da região, que é montanhosa,
precisa manter os investimentos na cultura, princi-
palmente para aumentar a produtividade e a qua-
lidade final da bebida. Por ser dependente de mão
de obra para os tratos e colheita, os custos são mais
altos, por isso é necessário que os grãos sejam de alta
qualidade para ter no mercado um preço diferencia-
do”, avalia Antônio José Junqueira Villela, que é vi-
ce-presidente da Associação dos Produtores de Café
da Mantiqueira - APROCAM.
Certificação
Seguindo os caminhos abertos pela região
do Café do Cerrado, hoje Região do Cerrado Mi-
neiro, os produtores da Mantiqueira no ano 2000,
através da consultoria de Ensei Neto, iniciaram um
trabalho de diferenciação na produção dos cafés da
região. O trabalho de consultoria identificou que a
localidade possuía todos os requisitos para o desen-
volvimento de uma Indicação Geográfica, tais como
clima, solo, altitude e características sensoriais dife-
renciadas do café.
Na sequência foram difundidos novos co-
nhecimentos e tecnologias atualizadas para o apri-
moramento no processo de produção dos cafés da
região. Contando com as condições propícias para a
produção de cafés especiais, em função da altitude,
condições de solo, clima e estações do ano bem de-
finidas. Com boas chuvas no verão e inverno seco,
período no qual há maturação dos frutos e colheita.
Desde 2002 os produtores da região con-
quistam resultados de destaque nos diversos con-
cursos de café, construindo a notoriedade da região.
Em 2005, um lote com 22 sacas de café, do
produtor Francisco Isidro Dias Pereira, da fazenda
Santa Inês do município de Carmo de Minas, al-
cançou nota 95,85 pontos e conquistou o Prêmio
Especial Gold Cup of Excellence e o maior valor al-
cançado por saca de 60 quilos - R$ 15 mil reais. Em
média, a região chega a registrar cafés com notas de
80 a 85 pontos pela escala da tabela da Associação
Americana de Cafés Especiais - SCAA sigla em in-
glês.
Os prêmios alcançados pelos cafés da região
serviram de estimulo para adoção de uma nova pos-
tura de manejo e cuidados no pós-colheita. “Ainda
no pé, todo café é de qualidade, o que o tornará es-
pecial será a forma como esses frutos serão tratados
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16. G H | Revista Cafeicultura -
I P Q R S T U V R W X
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a partir de então. Não é uma lavoura como de soja
ou milho, por exemplo, que chega uma máquina e
colhe tudo. Esse café tem todo um processo de co-
lheita, descanso, secagem, beneficiamento, tudo fei-
to de maneira bem correta e com muita dedicação
para isso”, explica Hélcio Carneiro Pinto da APRO-
CAM.
Em 2007, com a publicação pelo Instituto
Mineiro de Agropecuária - IMA da delimitação ter-
ritorial da região, o processo de pedido de Indicação
Geográfica foi depositado no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial - INPI que o aprovou em
maio de 2011 concedendo a Indicação de Procedên-
cia - IP aos cafés produzidos na região da Manti-
queira de Minas.
Denominação de origem
O Projeto de Indicação Geográfica - IG, na
modalidade Denominação de Origem - DO para a
Serra da Mantiqueira de Minas Gerais é amplo e au-
dacioso e busca um conjunto de informações sobre
uma área demarcada envolvendo 22 municípios da
Mantiqueira de Minas.
Coordenado pelo professor Flávio Meira
Borém, do Departamento de Engenharia da Uni-
versidade Federal de Lavras - UFLA, o projeto conta
com o aporte financeiro do CNPq (Ministério da
Agricultura / SDA), Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia do Café (INCT – Café) e do Consórcio
Pesquisa Café.
Essa região, conhecida pelos cafés de exce-
lente qualidade, já possui a IG na modalidade Indi-
cação de Procedência (IP), oficializada em maio de
2011, e agora busca avançar para a DO, o que exige
uma identidade única, com a comprovação científi-
ca da relação entre as características do café e o am-
biente onde é produzido.
Na avaliação do professor Borém, o traba-
lho que está em fase de finalização é a soma de in-
dicadores de diferenciação e qualidade, resultado de
um trabalho de rara complexidade e detalhamento,
que envolveu diversas competências em torno de
um foco de pesquisa comum. Os resultados de di-
versos estudos deverão embasar os produtores da
região na elaboração do pedido de DO ao Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Para o professor, o desafio agora é reunir to-
das as informações para que, de fato, todo o esforço
de caracterização seja transformado em um diferen-
cial de valor real no mercado além da colaboração
na compreensão do fenômeno da distribuição espa-
ço temporal de qualidade do café.
Os resultados dos trabalhos de pesquisa
foram obtidos em diferentes áreas do conhecimen-
to, envolvendo os seguintes estudos: caracterização
ambiental; caracterização sócia econômica; análises
fenológicas, análises químicas e isótopos estáveis,
análise sensorial com diferentes abordagens usando
ferramentas de regressão logística e análise de cor-
respondência, análises proteômicas e expressão gê-
nica.
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uando se avista as montanhas na Serra
da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais,
vê-se com facilidade as plantações secu-
lares de café, a uma altitude de mais de
1.100 metros. Lá, onde a máquina não vai, a colhei-
ta é feita à mão, o que impacta em 60% o custo da
produção, diz o presidente da Cooperativa Regional
dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive),
Ralph Junqueira. Por isso, a opção pelo café especial,
que remunera melhor, tem aumentado na região na
última década. Enquanto o preço pago ao produtor
por uma saca de café especial vai de R$ 400 a R$ 800,
o café commodity vale R$ 290.
Mas ainda tem muito espaço para crescer.
Das 200 mil sacas de 600 produtores de café de 18
municípios que a Cocarive vai receber nesta safra,
20% a 30% é formada por café especial e o restan-
te pelo café commodity. Com 150 mil sacas de 500
produtores, o vice-presidente da Cooperativa Agro-
pecuária do Vale do Sapucaí (Coopervass), Leonar-
do Brandão, diz que o café especial está estimulando
o produtor a permanecer na atividade cafeeira.
Há oito anos, Pedro Ferraz, da Fazenda Jun-
queira Reis, em Carmo de Minas, investiu em reno-
vação de lavouras de cafés mais finos. Agora, ele tem
até 30% da produção de mil sacas no café especial
onde consegue R$ 600 pela saca. “Quero chegar a
mais de 50% no café especial”. José Wagner Junquei-
ra, 74, produtor há mais de 50 anos na fazenda Serra
das Três Barras, também em Carmo de Minas, tem
mais de 50% das 1.200 sacas em café especial. “Se
não fosse isso, eu já tinha acabado com a fazenda”.
Com 200 mil pés de café, Otaviano Ribeiro
mostra orgulhoso as três posições conquistadas en-
tre os dez primeiros lugares no concurso de quali-
dade do Brasil da Associação Brasileira de Cafés Es-
peciais (BSCA sigla em inglês), em 2011. A colheita
deste ano será de 2.100 sacas na fazenda Granja São
Francisco, em Carmo de Minas, que está com a fa-
mília desde 1937. “Vou descascar 60% (1.260 sacos)
e o restante, 40%, será o café commodity”, calcula
para os 50 hectares de plantação.
Propriedades centenárias passam por vá-
rias gerações
Tudo começou com os bisavós Pedro e
Cornélia, passou para o avô Luciano, foi para o pai
Maurício até chegar ao filho Luiz Flávio de Castro,
43, que tem cem mil pés de café e produz até 700
sacas por safra no Sítio Colinas, em Carmo de Mi-
nas. Do total, até 40% da safra são das variedades
bourbon amarelo, catuaí amarelo e acaiá, todos ca-
fés especiais. “A saída é a qualidade”, diz Castro, que
optou pela produção dos especiais a partir de 2000.
Em 2011, alcançou o primeiro lugar do concurso da
Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).
O presidente do conselho da Aprocam,
Gláucio Carneiro, diz que o mercado consumidor
dos especiais está nos Estados Unidos, Japão e Eu-
ropa. “Queremos que a região da Mantiqueira seja
conhecida internacionalmente como produtora de
cafés especiais”.
O poder da região
- Localização: face mineira da Serra da Mantiqueira,
no Sul de Minas Gerais
- Composição: 25 municípios
- Diferencial: Tem Indicação Geográfica (IG). Dada
pelo INPI, é uma forma de proteção instituída a
uma região conhecida por ter um determinado pro-
duto famoso
- Produtores: 7.800
- Perfil: 89% deles são de pequeno porte
- Área plantada: engloba 69.500 hectares
- Produção anual: são 1,34 milhão de sacas de café
Helenice Laguardia | O Tempo*
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| Revista Cafeicultura -
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Hoje, o Mundo do Café e seus Produtores está
polarizado nestes grandes grupos: cafeiculto-
res de Coffea arabica e de Coffea canephora.
Apesar de existirem dezenas e dezenas de es-
pécies de cafeeiros, as que realmente contam para o mercado
são essencialmente estas duas.
Até o início dos anos
90, a oferta de Robusta mal pas-
sava de 10% do total produzi-
do mundialmente, considerada
matéria prima exclusiva para a
indústria de café solúvel. Porém,
depois das grandes geadas de
94 que dizimaram boa parte do
parque cafeeiro do Brasil e que,
por conseqüência, jogou as cota-
ções de parcos US$ 86 para mais
de US$ 300 a saca de 60 kg no
Brasil, o estímulo ao plantio de
novas áreas foi inevitável.
Nesse meio tempo, qua-
se que despercebidamente pela
maioria do mercado, surgia um
“Tigre Asiático do Café”: o Viet-
nan. Com o estímulo governa-
mental, os produtores daquele
país se puseram a trabalhar com
uma nova cultura que dava ace-
nos de prosperidade. O agricul-
tor de qualquer parte do mundo
tem como marca registrada o
apego à terra e o poder de trans-
formá-la rapidamente a partir
de uma cultura escolhida. E foi o
que se passou: em pouco menos
de 12 anos, o Vietnan desbancou
a Colômbia do posto de segun-
do maior produtor mundial de
café, que vinha sofrendo com os
problemas climáticos que afeta-
ram as montanhosas lavouras e
a gradativa transferência de sua
população rural para as áreas
urbanas.
O bárbaro crescimen-
to vietnamita assombrou a to-
dos, em boa parte pelo fato de
que até quase o final dos anos
2.000 pouco havia sido feito de
infraestrutura de armazenagem
e portuária. Muitas das grandes
empresas de comércio de café
iniciaram a construção de ar-
mazéns por conta própria para
ordenarem o escoamento das
safras compradas por lá.
Se os cafeicultores al-
cançaram a gigantesca produ-
ção de 140 milhões de sacas de
café (já convertidas no padrão
brasileiro de 60 kg), a parte do
Robusta e seus primos chegou
a aproximadamente 30% desse
total, algo como impressionan-
tes 42 milhões de sacas!
As plantas do canepho-
ra são muito estáveis em sua
produção, muito produtivas e
com boa tolerância a diversos
problemas que afligem os arabi-
cas como a Cercospora, a Ferru-
gem e até a nematóides. Daí vem
que seu custo de produção na
parte agrícola é bastante baixo,
tornando-o rentável ou, no mí-
nimo viável, mesmo em épocas
de magras cotações. Sol e água
abundantes são suficientes para
essas lavouras fazerem festa.
O componente genéti-
co é determinante para explicar
boa parte do excelente desempe-
nho nas lavouras de robusta. Ter
a metade do número de cromos-
somos em relação aos Mundo
Novo e Bourbon confere o ex-
Ensei Neto *l m n o p m q r s s o o t m r u v q r w v l n
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celente desempenho produtivo
mesmo sob condições restriti-
vas. Mas isso traz contraparti-
das: sua variabilidade no tocante
aos atributos sensoriais é mais
restrita.
Sempre digo que a Na-
tureza é refinadamente sábia,
fazendo tudo convergir, ao final,
para o equilíbrio. É o tal do “Ca-
minho do Meio” que Buda pre-
gava como uma das chaves da
felicidade: “Nem muito lá, nem
muito cá; o melhor é o caminho
do meio”...
Nada é infindavelmente
dominante na Natureza. Exis-
tem os diferentes reinados, mas
que passam.
O maior número de
cromossomos das variedades
arabicas é que permitem a exis-
tência da exuberante paleta de
sabores e aromas que podem
surgir numa excelente xícara de
café. Portanto, apesar da maior
exigência para sua produção,
seus resultados sensoriais po-
dem ser extremamente ricos.
Só para lembrar, as va-
riedades mais famosas de ca-
nephora cá entre nós são o Ro-
busta e o Conilon, enquanto que
de arabica temos o Bourbon, o
Mundo Novo e o Catuaí.
Recentemente, algumas
21. ™ š › œ ž Ÿ œ ¡ ¢ £ ¤
- Revista Cafeicultura | ¡ £
entidades de cafeicultores vem
levantando a bandeira da rotula-
gem das variedades empregadas
nos blends de cafés da indústria
brasileira. Na verdade, são pro-
dutores de arabica preocupados
com o agressivo avanço do Coni-
lon nos produtos da indústria de
torrefação do Brasil. Defendem a
pureza de uso dos arabicas como
forma de se garantir a qualidade
dos blends comuns encontrados
em cada supermercado.
De novo, um sofisma.
Não é o fato do Conilon ocupar
espaço na composição dos blends
industriais frente ao arabica que
necessariamente torna o produto
ruim. O que o faz ruim de sabor é
o uso de grãos de baixa qualidade.
Não tem milagre.
Arroz quebrado é arroz
de segunda classe. Pacote de fei-
jão com grãos manchados, que-
brados, cheio de “bandinhas”
e outros atacados por fungos, é
mais barato porque tem todos es-
ses defeitos juntos.
Mas, se o movimento ga-
nhar corpo, bom barulho pode
fazer. Mas aí surge outro pro-
blema: todas as variedades que
costumo denominar de moder-
nas são resultado de cruzamento
com os Híbridos de Timor ou
de Vila Sarchi. Esses dois são re-
sultado de hibridização natural
ocorrido, como por exemplo, na
pequena ilha do Timor (onde se
fala o Português de Portugal e a
religião predominante é o Isla-
mismo). Ou seja, são plantas que
tem a genética mista dos arabicas
e dos canephoras. Se estes exem-
plares foram usados para mode-
lar variedades como Obatan, IA-
PAR-59, Icatu e Catucaí, sem falar
na prole que saiu de cada um e
que recebem nomes de pedras
preciosas e aves, claro está que
todas essas variedades modernas
não são mais Coffea arabica ge-
nuínas. Que coisa, não?!
Portanto, muitos dos ca-
fés especiais rotulados por varie-
dades que estão à disposição no
mercado, torrados por microtor-
refações especializadas, ao colo-
car que usam 100% arabica, caso
usem qualquer uma dessas varie-
dades, não estão sendo corretos
com os consumidores.
A lição que fica é que a
Natureza é dinâmica, assim como
o que parece sólido e definitivo
hoje, pode se tornar etérea fuma-
ça amanhã. Discutir sobre qual
variedade ou espécie é a melhor, é
como discutir sobre futebol com
dois torcedores fervorosos: todos
sempre tem razão.
A bem da verdade, o que
show tem que continuar e fica
mais interessante quando todas
as torcidas vão assistir maciça-
mente os jogos. Tudo se torna
celebração, pois é quando cada
um dá o melhor de si para mos-
trar que é o melhor. Nem que isso
dure apenas um jogo...
23. ± ² ³ ´ µ ¶ · ¸ ´ ¹ º » ¼
- Revista Cafeicultura | ¹ ¼
Retorna este ano com a recolhedora
de café terra 2013. Recolhedora que
trabalha na retirada do café do chão
que é hoje uma das maiores dificulda-
des dos produtores, com seu excelente
rendimento chega a fazer 01 hectare a
cada 03 horas em média, trabalhando
no centro da rua do café melhorando
o rendimento da colheita. A recolhe-
dora de café terra é 100% hidraulica,
bastante resistente e com baixo custo
de manutenção.
Um dos destaques da STIHL é a mul-
tifuncional KA 85 R –a ferramenta do
cafeicultor–, com implementos capa-
zes de realizar quatro tarefas: roçar,
esqueletar, podar (decote ou recepa)
e colher. Outra atração é a nova linha
de produtos a bateria.
Companhia aproveita evento para explicar ao público as
vantagens da embalagem de juta na con-
servação café e seu histórico de sustenta-
bilidade.
A Castanhal, maior fabricante de produ-
tos de juta das Américas, está mostrando
ao público em geral porque os sacos de
juta são os únicos que garantem a quali-
dade do café que chega à xícara do con-
sumidor e ainda por cima tem uma longa
história de sustentabilidade e preservação
do meio ambiente.
A Castanhal apresentará em seu estande
a melhor opção para embalar café: a sa-
caria de juta. Por ser 100% natural, sua
fibra atua como um regulador de umidade: se o ambiente
estiver úmido, ela mantém os grãos frescos e arejados. Já em
ambientes secos, evita o ressecamento dos grãos através do
fornecimento da umidade de suas fibras.
“A participação da Castanhal é essencial para mostrar aos
nossos clientes que a juta é a melhor opção para embalar o
café. Além de ser sustentável, não é utilizado nenhum com-
ponente químico durante a confecção da sacaria, garantindo
a qualidade do produto embalado”, afirma Flávio Junqueira
Smith, presidente da Castanhal.
A empresa segue os rigorosos padrões internacionais de
qualidade estabelecidos pela Organização Internacional do
Café (ICO), International Cocoa Organization (ICCO) e
pela Norma Européia 767.
Prova da qualidade da sacaria de juta da Castanhal foi a
conquista do selo internacional de qualidade que permite a
embalagem de produtos alimentícios orgânicos: o BCS ÖKO
– Garantie, reconhecido na Europa, EUA e Japão.
A IWCA BRASIL - Aliança Internacional das Mu-
lheres do Café é uma rede formada por mulheres
envolvidas em toda a cadeia do negócio café foi
fundada em 2012, após quase dois anos de traba-
lho voluntário e de intensa mobilização, mulheres
de diferentes regiões produtoras do país.
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24. È É
| Revista Cafeicultura -
Ê Ë Ì Í Î Ï Ð Ñ Í
È Ò Ó Ô
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s solos de cerrado
são naturalmente
ácidos, devido à pró-
pria natureza de sua
formação. Áreas antes conside-
radas marginais, por problemas
de fertilidade natural, através da
correção da fertilidade e uso de
irrigação em zonas de elevado
déficit hídrico passaram a ter
interesse econômico na explora-
ção agrícola.
Para que os cafezais ir-
rigados implantado nessas áre-
as apresentem produtividades
satisfatórias e compensadoras
com uma bienalidade pequena,
é imprescindível uma boa corre-
ção. Porém observa-se que mes-
mo fazendo uso dessas práticas,
muitas vezes não atingem altas
produtividades, pois o benefi-
cio da fertilização e da calagem
ocorre camada arável (0-20 cm),
assim, o sistema radicular do ca-
feeiro se limita a uma camada
pequena do solo.
O não desenvolvimen-
to radicular em profundidade
ocorre devido à problemas de
ordem física (compactação) e ou
baixa disponibilidade de Cálcio
e Magnésio em profundidade. O
problema de compactação pode
ser resolvido através da subsola-
gem e uso de plantas de cobertu-
ra na entrelinha do cafeeiro, en-
quanto o problema de correção
com Ca e Mg em profundidade
só é possível através da incorpo-
ração mecânica de corretivos, ou
uso de fontes solúveis, que uma
vez aplicadas em superfície per-
colam e corrigem em profundi-
dade.
O calcário é o princi-
pal corretivo de pH e fonte de
Ca e Mg utilizado na agricul-
tura brasileira, porém sua mo-
vimentação no perfil do solo é
baixa, restringindo basicamen-
te à correção superficial. Urge
a necessidade de buscar fontes
alternativas de Ca e Mg com
características de solubilidade e
movimentação mais acentuadas
do que o calcário, para ocorrer
um bom fornecimento de Ca e
Mg e a tão desejada correção em
profundidade sem a necessidade
da incorporação.
Muitas vezes o agri-
cultor não faz monitoramento
nutricional através de análises
foliares, com isso não consegue
detectar se está ocorrendo absor-
ção de Ca e Mg. É comum obser-
var solos muito bem corrigidos,
porém os teores foliares de Ca e
Mg estão abaixo do adequado,
então não entende a razão de
uma baixa produtividade mes-
mo em solos corrigidos.
Quando adota um ma-
nejo onde prioriza fontes mais
solúveis, a produtividade sobe,
pois o cálcio tem papel impor-
tantíssimo no pegamento, fi-
xação da florada e um sistema
radicular mais desenvolvido em
solo corrigido profundamente,
que absorve muito mais água e
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26. | Revista Cafeicultura -
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informações conduzem a um
manejo de fertilidade buscando
o aprofundamento das raízes e a
melhor eficiência e eficácia dos
insumos.
Com a instabilidade
climática, onde está cada vez
mais comum o déficit hídrico,
e os altos custos de produção a
competitividade agrícola come-
ça ficar vulnerável, pois o poten-
cial produtivo das plantas está
limitado a um sistema radicular
pouco desenvolvido e um sub-
solo pouco explorado que não
permite maiores incrementos de
produtividade
A lucratividade da agri-
cultura brasileira não pode estar
associada às altas cotações das
commodities e sim a uma pro-
dutividade embasada em uma
fertilidade de solo corrigida em
profundidade. O potencial pro-
dutivo das plantas já foi exaurido
com o solo corrigido na camada
superficial, para que ocorra um
salto de produtividade é neces-
sário corrigir o solo a pelo me-
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nos um metro de profundidade,
ai sim haverá ganho de produti-
vidade e lucratividade, e menor
dependência de altos preços das
commodities.
Na Prática
Vilmon Passos de Deus
é gerente da Faz Milano, locali-
zada no município de Barreiras
– BA. Lá se produz café, feijão,
milho e soja. Nestas terras ele
aplicou a cal virgem dolomitica
(CVD) pela primeira vez na cul-
tura do café nesse ano, em janei-
ro.
Um pouco desta aplica-
ção (30,0 Kg) aconteceu via pivô
e o restante via calcariadeira, to-
talizando 200,0 Kg/ ha. Nos 600
hectares de plantio de café, o ge-
rente observou que a absorção
da planta foi melhor quando a
aplicação foi feita via fertirriga-
ção.
Investimento
O investimento no pro-
duto não foi muito alto, segundo
Vilmon. “O que mais encareceu
foi o frete. E o resultado com-
pensou, com uma boa resposta
comprovada pela análise de solo.
Com a aplicação a lavoura teve
seu aspecto melhorado especial-
mente o solo. A saturação de ba-
ses hoje é de 43%, visto que an-
tes tínhamos apenas 15 ou 16%”,
pontua.
Ainda segundo ele, a la-
voura criou mais folha. “O cal-
cário demora para reagir, mas
a CVD é mais solúvel. Por isso
conseguimos um resultado mais
rápido do que a aplicação de
calcário comum. E aplicando a
CVD, após o aumento da satu-
ração de bases e regulagem do
pH do solo não é preciso aplicar
calcário em seguida”, diz.
27.
28. MAIOR POTENCIAL
DAS FLORES E FRUTOS
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Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de
controle de doenças/pragas/plantas infestantes (ex.: controle cultural, biológico etc) dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas
(MIP) quando disponíveis e apropriados. Para maiores informações referentes às recomendações de uso do produto e ao descarte
correto de embalagens, leia atentamente o rótulo, a bula e o receituário agronômico do produto. Produtos registrados no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob os seguintes números: Opera®
nº 08601, Cantus®
nº 07503 e Comet®
nº 08801.