1. O ASSUNTO ABAIXO TEM GERADO CURIOSIDADE NOS
ALUNOS.
TEMÁTICA QUE REQUER O DESENVOLVIMENTO DE
PROJETOS DOCENTES EM SALA DE AULA COM A
INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS E OS ALUNOS COMO
AUTORES.
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
A seleção natural, ou qualquer outro mecanismo evolutivo, tais como a
deriva genética, as migrações e as mutações, não são providenciais. Neste
sentido, estes mecanismos são meros favorecedores da sobrevivência e do
maior sucesso reprodutivo de alguns indivíduos em comparação a outros de
uma mesma população, sob quaisquer condições ambientais que estejam
prevalecendo em um determinado momento. Desta maneira, estes
mecanismos não provêm uma espécie para enfrentar mudanças ambientais
futuras e também não apresentam direção. Assim como os ambientes
variam, também o fazem os agentes da seleção natural, tais como
recombinação e mutação. Embora tendências evolutivas possam ser
percebidas em certos grupos de organismos, não se pode esperar uma
direção consistente na Evolução Biológica de qualquer linhagem, muito
menos, uma direção a causas finais e eficientes.
Duração das atividades
Duas a quatro aulas de cinqüenta minutos cada para orientar os alunos à
pesquisa e posterior desenvolvimento do projeto.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Estratégias e recursos da aula
Mecanismos Evolutivos
Para a construção do conceito de seleção natural recomenda-se a proposta
de uma atividade prática e/ou lúdica a ser desenvolvida em pequenos
grupos, na qual os alunos serão convidados a relacionar alterações
ambientais com as modificações que ocorrem nas diferentes populações de
seres vivos. Para tanto, sugere-se que seja fornecido aos alunos um
exercício impresso (ou transcrito no quadro-negro) em que são descritas as
características físicas de um determinado ambiente fictício e os atributos de
diferentes populações, como o exemplo abaixo.
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SELEÇÃO NATURAL
Os grupos de animais são populações da mesma espécie. As características
devem ser consideradas como adaptações presentes nos indivíduos.
AMBIENTE
2. Temperatura média de 28ºC
Ambiente úmido, com pluviosidade boa
Muitas árvores e vegetação rasteira
Presença de um rio
Quantidade razoável de oxigênio dissolvido na água
POPULAÇÕES E CARACTERÍSTICAS
Peixes 1: tiram o oxigênio apenas da água
Peixes 2: conseguem também tirar o oxigênio da interface ar/água
Mamífero 1: poucos pêlos pelo corpo
Mamífero 2: muitos pêlos pelo corpo
Ave 1: penas com cores vibrantes
Ave 2: penas com cores menos chamativas (marrom, preto)
Anfíbio 1: girinos que necessitam de muito oxigênio disponível
Anfíbio 2: girinos que não necessitam de muito oxigênio disponível
Inseto 1: caminham muito e voam pouco
Inseto 2: caminham pouco e voam muito
Planta 1: muito resistente à seca
Planta 2: pouco resistente à seca
(OBSERVAÇÃO: é importante deixar claro que os indivíduos
pertencem à mesma população, sendo que as características 1 e 2 de
cada espécie correspondem aos fenótipos encontrados nas mesmas e
que tais fenótipos, inicialmente, apresentam a mesma freqüência na
população, ou seja, cada fenótipo está presente em 50% da população
antes das alterações ambientais).
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Posteriormente, deverá ser solicitado aos alunos que imaginem e
provoquem alterações ambientais neste ambiente fictício como a elevação
da temperatura, por exemplo, pedindo para que os mesmos analisem como
os diferentes fenótipos das diferentes populações interagem com
esta perturbação ambiental, ou seja, qual dos dois fenótipos das
diferentes populações terá sucesso frente às novas condições do ambiente.
(Vale ressaltar que nem sempre haverá fracasso ou sucesso entre os
fenótipos dependendo da alteração ambiental provocada).
Recomenda-se que seja feito um exemplo com os alunos, para que estes
compreendam como as populações interagem com as mudanças
ambientais. No exemplo citado, a elevação de temperatura favorece a
evapotranspiração, desta maneira, os corpos d'água podem apresentar
uma diminuição, favorecendo assim o fenótipo 2 dos peixes já que estes
indivíduos conseguem respirar na interface ar/água e, conseqüentemente,
ocorrerá diminuição da freqüência do fenótipo 1 na população de peixes;
em relação às plantas, as que possuem pouca resistência à seca poderão ser
3. afetadas devido ao aumento da evapotranspiração, podendo ocorrer
diminuição deste fenótipo na população de plantas; prossiga com este
raciocínio com todas as populações, evidenciando que
algumas populações podem ser afetadas por mudanças
ambientais enquanto que em outras, tais alterações do
ambiente são neutras.
(Ser for possível, é recomendável que seja construída com os alunos uma
cadeia/teia alimentar com as populações trabalhadas no exercício porque
desta maneira as relações presa-predador também serão
consideradas dentro dos mecanismos de seleção natural).
Posteriormente ao exemplo desenvolvido com todos os alunos, solicite que,
em pequenos grupos, os alunos continuem a imaginar e provocar alterações
no ambiente fictício e continuem a analisar (juntamente com os outros
membros do grupo), quais populações serão afetadas com a mesma. Desta
maneira, ao analisarem e relacionarem a interação populações X ambiente,
os alunos construirão os conceitos de adaptação e seleção natural.
Esta estratégia metodológica concorda com a proposta do PCNEM que
sugere que a construção dos conceitos referentes aos mecanismos
evolutivos deve ser favorecida por meio de situações em que o aluno seja
solicitado a relacionar “mecanismos de alterações no material genético,
seleção natural e adaptação, nas explicações sobre o surgimento das
diferentes espécies de seres vivos”.
Os alunos poderão ainda utilizar as seguintes dinâmicas como autores e
executores do projeto:
As aves-predodoras
(disponível
em http://www.ucmp.berkeley.edu/education/lessons/clipbirds/) - Os
alunos poderão compreender a seleção natural a partir de uma dinâmica na
qual a seleção e adaptação dos pássaros ocorre em relação aos alimentos
disponíveis no ambiente. Esta dinâmica permite ainda compreender os
processos de especiação ocorridos devido à separação geográfica.
A seleção dos doces
(disponível
em http://www.ucmp.berkeley.edu/education/lessons/candy_dish.html)
- Nesta dinâmica, o aluno poderá desenvolver os conceitos de seleção
natural tendo como plano de fundo a casualidade da mesma, além da
possibilidade de abordar a seleção artificial devido à natureza desta
dinâmica.
Jogo Galápagos
(disponível
em http://www.sbg.org.br/geneticaescola2/web/ano3vol1/10.pdf) - Simula
4. a dispersão e colonização das espécies levando em consideração as
condições ambientais.
Como a Vida Ganha Novas Formas
(disponível
em http://revistaescola.abril.com.br/online/planosdeaula/ensino-
medio/PlanoAula_294438.shtml) - A espantosa variedade de espécies da
região amazônica ajuda a relacionar conceitos de ecologia à seleção
natural.
O site
Concepts and
Lessons (http://evolution.berkeley.edu/evosite/search/search_lessons.php?
sort_by=audience_rank&audience_level
%5B3%5D=9-12&topic_id=13&keywords=&Submit=Search) contém
outras dinâmicas e leituras que poderão ser utilizadas como primeiro
momento para a construção do conceito de seleção natural. O fato de o
conteúdo deste site ser apresentado na língua inglesa pode constituir um
obstáculo para o desenvolvimento desta aula. Para tanto é sugerido (e
encorajado) o estabelecimento de parcerias entre professores
de Biologia e Inglês para trabalharem o tema EVOLUÇÃO de
maneira interdisciplinar.
Após o desenvolvimento da dinâmica, serão discutidas com os alunos suas
percepções durante a realização do exercício e/ou dinâmica estabelecida(s)
e como as populações adaptam-se às mudanças ambientais e que estas
adaptações não conferem "proteção" às futuras alterações que o ambiente
possa sofrer. Desta maneira, ressalta-se que a seleção natural e a adaptação
são mecanismos aleatórios (casuais) e não apresentam direção. Abaixo
segue uma sugestão de sistematização do conteúdo abordado:
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SELEÇÃO NATURAL E ADAPTAÇÃO
Uma adaptação é uma característica que é comum em
uma população auxiliando na exploração de recursos do meio em que os
indivíduos desta estão inseridos. A adaptabilidade é uma conseqüência
da relação entre o genótipo do organismo e o ambiente no qual o
organismo está inserido, de modo que o mesmo genótipo terá diferentes
adaptabilidades em ambientes distintos. Em parte, esta diferença ocorre
porque a exposição a ambientes diferentes durante o desenvolvimento
resultará em fenótipos diferentes para o mesmo genótipo. Mas, mesmo que
o genótipo seja o mesmo, o sucesso do organismo depende do ambiente.
Adaptações podem assumir várias formas: um comportamento que permite
escapar de predadores, uma proteína que funcione melhor em certa
5. temperatura corporal, ou uma característica anatômica que permite ao
organismo acessar um valioso recurso do meio – tudo isso poderiam ser
adaptações.
A seleção natural é a peça central da teoria da evolução de Darwin. Ela
fornece uma explicação natural para as origens da adaptação incluindo
todos os atributos anatômicos, comportamentais, ontogenéticos
(desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a
reprodução) e fisiológicos que aumentam a capacidade de um organismo de
sobreviver à seleção do meio em que ele está inserido e obter sucesso
reprodutivo.
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Para a construção dos conceitos de Deriva Genética, Migração e Mutação,
sugere-se que seja retomado o exercício/dinâmica anterior e introduzido
estes conceitos de modo a problematizá-los. Sendo assim, pode-se por
exemplo, convidar os alunos a refletir sobre o que ocorreria com a
população de aves do exercício supracitado se ocorresse a migração das
aves com penas de coloração menos chamativa e, ao mesmo tempo,
ocorresse o aumento de predação das aves. Desta maneira, aliando a
Seleção Natural aos demais mecanismos evolutivos, os alunos poderão
compreender que os mesmos atuam em conjunto na natureza, sendo que
todos os organismos estão expostos e sofrem influência destes.
Para a sistematização destes conteúdos, sugeri-se:
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MIGRAÇÃO
Migração ou fluxo gênico é o movimento espacial dos genes. Quando um
indivíduo migra de uma população para outra, ele carrega genes que são
representativos de sua população ancestral para a população recipiente.
Caso ele tenha sucesso em seu estabelecimento e realize cruzamentos, ele
irá transmitir esses genes entre as populações.
A migração impede que diferentes populações de uma espécie venham a
divergir uma da outra. Se uma espécie é dividida em muitas populações
pequenas, a deriva genética e a seleção atuando separadamente em
diferentes populações podem produzir divergências evolutivas entre elas.
Uma pequena taxa de migração a cada geração impede que as diferentes
populações tornem-se muito distantes geneticamente.
6. MUTAÇÃO
A mutação é uma fonte abundante de novas variações, fornecendo
a matéria-prima para as mudanças evolutivas. Elas podem ocorrer em
qualquer célula, mas as que importam para a evolução são aquelas que
ocorrem nos gametas.
Mutações são erros gerados durante a replicação do DNA e que
não foram reparados pelas enzimas de revisão e de reparação. Essas
alterações, portanto são transmitidas na transcrição e tradução,
consequentemente a proteína gerada terá uma forma diferente com
propriedades diferentes da proteína original.
DERIVA GENÉTICA
Deriva genética é um mecanismo que, atuando juntamente com a
seleção natural, modifica as características das espécies ao longo do
tempo. É um processo estocástico, atuante sobre as populações,
modificando a freqüência dos alelos e a predominância de certas
características na população. É mais freqüente ocorrer em populações
menores e as alterações induzidas poderão não ser adaptativas.
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O site Understanding Evolution (http://evolution.berkeley.edu/) traz uma
síntese dos mecanismos evolutivos, possibilitando que os mesmos sejam
trabalhados na sala de informática. O fato de o conteúdo ser apresentado
7. na língua inglesa pode constituir um obstáculo para o desenvolvimento
desta aula. Para tanto novamente sugere-se (e encoraja-se) o
estabelecimento de parcerias entre professores de Biologia e Inglês para
trabalharem o tema MECANISMO EVOLUTIVOS de maneira
interdisciplinar.
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Para a condução desta(s) aula(s) e desenvolvimento do projeto em sala
de aula, é interessante que os alunos leiam os capítulos III (Luta pela
Existência) e IV (Seleção Natural, ou a Sobrevivência do Mais Forte) do
livro "A Origem das Espécies" de Charles Darwin.
REFERÊNCIAS
FUTUYMA, D. J. 1992. Biologia evolutiva. SBG/CNPq, Ribeirão Preto, 631p.
HICKMAN JR., C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios Integrados de
Zoologia, 11ª ed., Ed. Guanabara Kogan: Rio de Janeiro, 2004.
RIDLEY, M. Evolução. Tradução de Henrique Ferreira, Luciane Passaglia e Rivo
Fisher. Porto Alegre: ARTMED, 3ª ed., 2006, 752p. Original inglês.
Recursos Complementares
http://lablogatorios.com.br/marcoevolutivo ====
http://lablogatorios.com.br/rainha/category/evolucao ====
http://charlesmorphy.blogspot.com ==== http://evolution.berkeley.edu
Avaliação
Devido ao caráter dialógico favorecido pelo trabalho em grupo e discussões
estabelecidas nesta(s) aula(s), bem como pelo projeto desenvolvido, a avaliação deverá
ocorrer de maneira contínua, ou seja, devendo-se estar atento aos questionamentos e
comentários realizados pelos alunos uma vez que estes revelem a maneira pela qual
estão se apropriando dos conteúdos abordados. Poderá ainda ser solicitado aos alunos
que elaborem um relato ao final das aulas e do desenvolvimento do projeto, contando
quais assuntos chamaram mais sua atenção, quais as dúvidas ainda existentes, etc.,
revelando assim como assimilaram a temática abordada.