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Avaliação Morfológica – Identificação de Diferentes Biotipos

                     “Um exercício prático da metodologia EPMU”

                      Juliana Ferragute Leite1 & William Koury Filho2
              1                              2
                  Estagiária da brasilcomz       Coordenador de Projetos da brasilcomz




       Atualmente a busca por animais mais pesados como critério de seleção
tem aberto espaço para o uso de ferramentas que auxiliem na identificação de
indivíduos com a composição do peso mais adequada. A proporção dos
diferentes tecidos, ossos, músculo e gordura, além de vísceras e couro, podem
variar, bastante, em indivíduos de pesos próximos. Ao longo do tempo, a
seleção apenas para peso inevitavelmente conduz a animais de maior peso
adulto, porém não necessariamente identifica biotipos mais adaptados a
nossos sistemas de produção.

        Os escores visuais para Estrutura corporal, Precocidade e Musculatura,
(EPM) têm sido coletados em programas de melhoramento como ferramenta
para visualizar o biotipo do animal (fenótipo), e a capacidade do mesmo
transmitir um biótipo a seus descendentes (DEPs). Esse biotipo pode variar
desde ultraprecoce a extremamente tardio. As DEPs morfológicas de E, P e M
são consideradas ferramentas simples e econômicas, eficientes para o criador
direcionar a seleção de seu rebanho para tamanho e proporções, e poderão
ser utilizadas de acordo com objetivos particulares.



      Procedimentos para avaliação morfológica

       As avaliações visuais para os programas de melhoramento são
realizadas na desmama, em torno de 205 dias, e ao sobreano, em torno de 550
dias. As avaliações visuais utilizam referência relativa, sempre comparando
animais do mesmo lote de manejo, ou seja, indivíduos agrupados pela fazenda,
criados nas mesmas condições ambientais, principalmente, nutricionais e
sanitárias.

       Antes de iniciar as avaliações deve-se olhar o perfil geral dos animais do
lote de manejo que será avaliado (diferenças de biotipo para as características
morfológicas de EPM). Isso permitirá que os escores sejam melhor distribuídos
em cabeceira, meio e fundo, consequentemente gerando dados com maior
variabilidade, portanto mais adequados para os programas de melhoramento
genético. É importante que os animais de um mesmo lote não tenham grandes
diferenças de idade, sendo o ideal até 30 dias de diferença entre o mais novo e
o mais velho, porém são aceitáveis diferenças de até 60 dias.
As características morfológicas contempladas nos programas de
melhoramento são:

       - Estrutura Corporal (E): corresponde ao tamanho, ou área, do animal
visto de lado, do dorso/lombo ao chão considerando as pernas. Basicamente
comprimento corporal e altura do animal. Os escores variam de 1 a 6, sendo
escore 1 pequeno e 6 grande.

       - Precocidade (P): corresponde a relação entre comprimento de costelas
e altura de membros. O objetivo é identificar animais com maior profundidade
de costelas, que tendem a depositar gordura de acabamento mais cedo. Os
escores variam de 1 a 6, sendo escores menores atribuídos a indivíduos mais
tardios e maiores para os mais precoces.

      - Musculosidade (M): corresponde a evidencias de massas musculares.
Animais mais musculosos são mais pesados e apresentam maior rendimento
de carcaça. Os escores variam de 1 a 6, sendo escore 1 para os menos
musculosos do lote e 6 para os mais musculosos.

       - Umbigo (U): corresponde ao tamanho e posicionamento da prega
umbilical, considerando bainha e prepúcio nos machos. Ao contrário das
características anteriores a avaliação é absoluta, ou seja, sem comparação
com outro indivíduo e sim com a referência de variabilidade dentro da raça.
Importante característica para as condições de produção brasileira –
basicamente à pasto. Animais com umbigos muito pendulosos podem se ferir
nas pastagens, comprometendo a reprodução. Os escores variam de 1 a 6,
sendo escore 1 colado; 2, 3 e 4 funcionais; 5 e 6 pendulosos.



      Aplicação dos escores visuais no rebanho

      O lote de manejo que deverá ser usado na avaliação, não é constituído
necessariamente pelos mesmos animais trazidos para o curral de avaliação.
Por exemplo, se na fazenda um lote de manejo é constituído por machos e
fêmeas a serem desmamados, e estes apresentam 90 dias de diferença entre
o mais novo e o mais velho, o adequado é separá-los em 4 lotes: fêmeas mais
novas, fêmeas mais velhas, machos mais novos e machos mais velhos, assim
cada lote terá, no máximo, 45 dias de diferença de idade.

      Deve-se lembrar, mais uma vez, que antes de iniciar as avaliações,
deve-se observar o lote e identificar os piores e os melhores para cada uma
das características de E, P e M, dessa forma podendo melhor atribuir os
escores relativos e, com isso, garantir variabilidade, pois por pior ou melhor que
seja um lote, pode ser separado em cabeceira, meio e fundo.
Outro recurso que podemos utilizar para melhor adequar os escores é o
desvio de peso de cada animal segundo a média do lote de manejo. Um desvio
positivo nos indica que esse animal deve receber escores mais altos, pelo
menos em alguma característica, assim como um desvio negativo nos indica
que o animal deve receber escores mais baixos, também para pelo menos uma
característica.

       Os animais devem se apresentar ao avaliador agrupados em dois ou
três, para facilitar a avaliação relativa. O avaliador deve olhar os animais da
mesma perspectiva, ou seja, no chão, sobre o cavalo, etc. Avaliar
primeiramente os lotes mais novos e depois os lotes com os animais mais
velhos.




Figura 1: Setas indicativas de Estrutura e Precocidade em machos ao sobreano

       Relacionando três animais de um mesmo lote, devemos comparar a
estrutura segundo altura e comprimento corporal, como mostra a seta vermelha
na Figura 1. A precocidade, ilustrada pelas setas amarelas, deve ser avaliada
pela relação entre profundidade de costelas e altura de membros.

      Observando as setas, podemos perceber que o animal 3 é o mais alto,
porém tem a menor profundidade de costelas, 5 para Estrutura e 1 para
Precocidade, ou seja, um biotipo extremamente tardio, que levará mais tempo
e necessitará de maior peso para acumular o mínimo necessário de gordura de
acabamento – ciclo de produção mais longo.
Já o animal 2 é um indivíduo de altura média, escore 4 para Estrutura, e
o mais representativo na profundidade de costelas, escore 6 para Precocidade.
Esse biotipo caracteriza um individuo precoce, que acumulará gordura de
acabamento mais cedo, ou seja, estará pronto para o frigorífico em menos
tempo, economizando no consumo de alimento – ciclo de produção mais curto.

      Na figura 2 comparamos dois biotipos bem diferentes. Um animal
precoce, e um animal tardio, considerado menos eficiente para sistemas de
produção a pasto.




Figura 2: Comparação de biotipos diferentes de machos ao sobreano

      Podemos observar que embora os dois tenham escore 5 para Estrutura,
o animal 1 se destaca na relação profundidade de costelas e altura de
membros, recebendo escore 5, enquanto que o animal 2 recebe escore 1 para
a mesma característica, Precocidade.

      Para avaliar a característica Musculosidade o indicado é olhar o animal
de lado e por trás, dando ênfase ao posterior e à linha dorso-lombar, regiões
onde estão situados os cortes nobres. Quanto mais volumosas as massas
musculares, maiores escores, resultando também em melhores rendimentos de
carcaça.

      Na Figura 2 a Musculosidade é melhor representada no animal 1 que
recebe escore máximo 6, enquanto que o 2 recebe escore 1. Observando o
desvio de peso em relação ao lote, observa-se que embora tenham o mesmo
escore de tamanho (estrutura corporal) o indivíduo 1 é 14,3 kg positivo e o 2 é
71,7 kg negativo. Isso se deve ao fato de que o animal 1 contem muita massa
muscular, pesando mais na balança.

      Na Figura 3 os dois animais apresentam biotipos interessantes, com
escores altos para EPM e desvios positivos em relação ao lote, representando
animais produtivos e equilibrados.




Figura 3: Biotipos equilibrados de animais ao sobreano

       Destaque para o Umbigo (U), característica que considera o tamanho e
posicionamento, o escore para U independe da comparação com outro
indivíduo (avaliação absoluta). Na Figura 3 os animais apresentam escores
para Umbigo 2 e 3, classificados como funcionais, ou seja, adequados para
criação à pasto, pois minimiza possibilidade de ocorrência de injúrias e
patologias.
Ao avaliar fêmeas deve-se considerar que são mais leves, quando
comparadas aos machos contemporâneos, justificado pelo menor
desenvolvimento e quantidade de massas musculares, porém, estas
apresentam maior acúmulo de gordura (Precocidade). Na Figura 4 o animal 1 é
inferior em tamanho (escore 2 para E), superior em profundidade de costelas
(escore 6 para P) e mediano em musculosidade (escore 4 para M). Embora
seja uma fêmea acima da média para P e M, seu desvio de peso em relação ao
lote é 22,5 kg negativo, explicado pelo escore 2 de Estrutura corporal.




Figura 4: Setas representando estrutura (E) e precocidade (P) em fêmeas ao sobreano

       A fêmea 3 é mais tardia do que a 2 avaliado pela menor proporção entre
profundidade de costelas e altura de membros. A 2 é um animal mais
equilibrado, mesmo não apresentando escores máximos. É interessante
observar que os animais 2 e 3 também apresentam desvio negativos, porém
mais próximos da média, explicados pelos escores de P e M, que possuem
variação entre 3 e 4.

      Ainda na Figura 4 temos amostra dos três escores de Umbigos
considerados funcionais.
Para observação e comparação foram agrupados na Figura 5, quatro
machos com biotipos diferentes e frequentemente encontrados. Conforme
explicações acima descritas, considera-se os dois animais de cima da figura,
equilibrados e adequados, já os animais de baixo são considerados tardios
pela grande diferença entre os escores de estrutura (altos) e de precocidade e
musculosidade (baixos).




Figura 5: Biotipos diferentes de machos ao sobreano
Na Figura 6, ao recolocar os animais avaliados no grupo, seus escores
devem desenhar o biotipo do animal em relação ao lote de manejo em que está
inserido.




Figura 6: Lote de manejo de machos ao sobreano




        Considerações Finais

       A metodologia de EPMU é simples, e tem o objetivo de tornar qualquer
pessoa, que trabalhe com bovinos, apta para coletar dados de avaliação visual.
Para isso é importante entender os conceitos de avaliação relativa, ter
claramente a definição de cada uma das características e conhecer as etapas a
serem seguidas para realização de uma avaliação conceitualmente correta.
Além disso, é imprescindível que passe por treinamento, credenciamento e
pratique com avaliadores mais experientes para “calibrar” os olhos.

       A avaliação de EPMU tem acrescentado pontos positivos aos trabalhos
de seleção, identificando animais mais adaptados/adequados aos sistemas de
produção em que estão sendo criados, conseqüentemente mais férteis, e que
apresentam não somente pesos elevados, mas também biotipos produtores de
carne, que no frigorífico apresentarão maiores rendimentos, e melhor qualidade
de carcaça retornando em maior lucratividade ao criador.

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Identificação de biotipos bovinos através da avaliação morfológica

  • 1. Avaliação Morfológica – Identificação de Diferentes Biotipos “Um exercício prático da metodologia EPMU” Juliana Ferragute Leite1 & William Koury Filho2 1 2 Estagiária da brasilcomz Coordenador de Projetos da brasilcomz Atualmente a busca por animais mais pesados como critério de seleção tem aberto espaço para o uso de ferramentas que auxiliem na identificação de indivíduos com a composição do peso mais adequada. A proporção dos diferentes tecidos, ossos, músculo e gordura, além de vísceras e couro, podem variar, bastante, em indivíduos de pesos próximos. Ao longo do tempo, a seleção apenas para peso inevitavelmente conduz a animais de maior peso adulto, porém não necessariamente identifica biotipos mais adaptados a nossos sistemas de produção. Os escores visuais para Estrutura corporal, Precocidade e Musculatura, (EPM) têm sido coletados em programas de melhoramento como ferramenta para visualizar o biotipo do animal (fenótipo), e a capacidade do mesmo transmitir um biótipo a seus descendentes (DEPs). Esse biotipo pode variar desde ultraprecoce a extremamente tardio. As DEPs morfológicas de E, P e M são consideradas ferramentas simples e econômicas, eficientes para o criador direcionar a seleção de seu rebanho para tamanho e proporções, e poderão ser utilizadas de acordo com objetivos particulares. Procedimentos para avaliação morfológica As avaliações visuais para os programas de melhoramento são realizadas na desmama, em torno de 205 dias, e ao sobreano, em torno de 550 dias. As avaliações visuais utilizam referência relativa, sempre comparando animais do mesmo lote de manejo, ou seja, indivíduos agrupados pela fazenda, criados nas mesmas condições ambientais, principalmente, nutricionais e sanitárias. Antes de iniciar as avaliações deve-se olhar o perfil geral dos animais do lote de manejo que será avaliado (diferenças de biotipo para as características morfológicas de EPM). Isso permitirá que os escores sejam melhor distribuídos em cabeceira, meio e fundo, consequentemente gerando dados com maior variabilidade, portanto mais adequados para os programas de melhoramento genético. É importante que os animais de um mesmo lote não tenham grandes diferenças de idade, sendo o ideal até 30 dias de diferença entre o mais novo e o mais velho, porém são aceitáveis diferenças de até 60 dias.
  • 2. As características morfológicas contempladas nos programas de melhoramento são: - Estrutura Corporal (E): corresponde ao tamanho, ou área, do animal visto de lado, do dorso/lombo ao chão considerando as pernas. Basicamente comprimento corporal e altura do animal. Os escores variam de 1 a 6, sendo escore 1 pequeno e 6 grande. - Precocidade (P): corresponde a relação entre comprimento de costelas e altura de membros. O objetivo é identificar animais com maior profundidade de costelas, que tendem a depositar gordura de acabamento mais cedo. Os escores variam de 1 a 6, sendo escores menores atribuídos a indivíduos mais tardios e maiores para os mais precoces. - Musculosidade (M): corresponde a evidencias de massas musculares. Animais mais musculosos são mais pesados e apresentam maior rendimento de carcaça. Os escores variam de 1 a 6, sendo escore 1 para os menos musculosos do lote e 6 para os mais musculosos. - Umbigo (U): corresponde ao tamanho e posicionamento da prega umbilical, considerando bainha e prepúcio nos machos. Ao contrário das características anteriores a avaliação é absoluta, ou seja, sem comparação com outro indivíduo e sim com a referência de variabilidade dentro da raça. Importante característica para as condições de produção brasileira – basicamente à pasto. Animais com umbigos muito pendulosos podem se ferir nas pastagens, comprometendo a reprodução. Os escores variam de 1 a 6, sendo escore 1 colado; 2, 3 e 4 funcionais; 5 e 6 pendulosos. Aplicação dos escores visuais no rebanho O lote de manejo que deverá ser usado na avaliação, não é constituído necessariamente pelos mesmos animais trazidos para o curral de avaliação. Por exemplo, se na fazenda um lote de manejo é constituído por machos e fêmeas a serem desmamados, e estes apresentam 90 dias de diferença entre o mais novo e o mais velho, o adequado é separá-los em 4 lotes: fêmeas mais novas, fêmeas mais velhas, machos mais novos e machos mais velhos, assim cada lote terá, no máximo, 45 dias de diferença de idade. Deve-se lembrar, mais uma vez, que antes de iniciar as avaliações, deve-se observar o lote e identificar os piores e os melhores para cada uma das características de E, P e M, dessa forma podendo melhor atribuir os escores relativos e, com isso, garantir variabilidade, pois por pior ou melhor que seja um lote, pode ser separado em cabeceira, meio e fundo.
  • 3. Outro recurso que podemos utilizar para melhor adequar os escores é o desvio de peso de cada animal segundo a média do lote de manejo. Um desvio positivo nos indica que esse animal deve receber escores mais altos, pelo menos em alguma característica, assim como um desvio negativo nos indica que o animal deve receber escores mais baixos, também para pelo menos uma característica. Os animais devem se apresentar ao avaliador agrupados em dois ou três, para facilitar a avaliação relativa. O avaliador deve olhar os animais da mesma perspectiva, ou seja, no chão, sobre o cavalo, etc. Avaliar primeiramente os lotes mais novos e depois os lotes com os animais mais velhos. Figura 1: Setas indicativas de Estrutura e Precocidade em machos ao sobreano Relacionando três animais de um mesmo lote, devemos comparar a estrutura segundo altura e comprimento corporal, como mostra a seta vermelha na Figura 1. A precocidade, ilustrada pelas setas amarelas, deve ser avaliada pela relação entre profundidade de costelas e altura de membros. Observando as setas, podemos perceber que o animal 3 é o mais alto, porém tem a menor profundidade de costelas, 5 para Estrutura e 1 para Precocidade, ou seja, um biotipo extremamente tardio, que levará mais tempo e necessitará de maior peso para acumular o mínimo necessário de gordura de acabamento – ciclo de produção mais longo.
  • 4. Já o animal 2 é um indivíduo de altura média, escore 4 para Estrutura, e o mais representativo na profundidade de costelas, escore 6 para Precocidade. Esse biotipo caracteriza um individuo precoce, que acumulará gordura de acabamento mais cedo, ou seja, estará pronto para o frigorífico em menos tempo, economizando no consumo de alimento – ciclo de produção mais curto. Na figura 2 comparamos dois biotipos bem diferentes. Um animal precoce, e um animal tardio, considerado menos eficiente para sistemas de produção a pasto. Figura 2: Comparação de biotipos diferentes de machos ao sobreano Podemos observar que embora os dois tenham escore 5 para Estrutura, o animal 1 se destaca na relação profundidade de costelas e altura de membros, recebendo escore 5, enquanto que o animal 2 recebe escore 1 para a mesma característica, Precocidade. Para avaliar a característica Musculosidade o indicado é olhar o animal de lado e por trás, dando ênfase ao posterior e à linha dorso-lombar, regiões onde estão situados os cortes nobres. Quanto mais volumosas as massas
  • 5. musculares, maiores escores, resultando também em melhores rendimentos de carcaça. Na Figura 2 a Musculosidade é melhor representada no animal 1 que recebe escore máximo 6, enquanto que o 2 recebe escore 1. Observando o desvio de peso em relação ao lote, observa-se que embora tenham o mesmo escore de tamanho (estrutura corporal) o indivíduo 1 é 14,3 kg positivo e o 2 é 71,7 kg negativo. Isso se deve ao fato de que o animal 1 contem muita massa muscular, pesando mais na balança. Na Figura 3 os dois animais apresentam biotipos interessantes, com escores altos para EPM e desvios positivos em relação ao lote, representando animais produtivos e equilibrados. Figura 3: Biotipos equilibrados de animais ao sobreano Destaque para o Umbigo (U), característica que considera o tamanho e posicionamento, o escore para U independe da comparação com outro indivíduo (avaliação absoluta). Na Figura 3 os animais apresentam escores para Umbigo 2 e 3, classificados como funcionais, ou seja, adequados para criação à pasto, pois minimiza possibilidade de ocorrência de injúrias e patologias.
  • 6. Ao avaliar fêmeas deve-se considerar que são mais leves, quando comparadas aos machos contemporâneos, justificado pelo menor desenvolvimento e quantidade de massas musculares, porém, estas apresentam maior acúmulo de gordura (Precocidade). Na Figura 4 o animal 1 é inferior em tamanho (escore 2 para E), superior em profundidade de costelas (escore 6 para P) e mediano em musculosidade (escore 4 para M). Embora seja uma fêmea acima da média para P e M, seu desvio de peso em relação ao lote é 22,5 kg negativo, explicado pelo escore 2 de Estrutura corporal. Figura 4: Setas representando estrutura (E) e precocidade (P) em fêmeas ao sobreano A fêmea 3 é mais tardia do que a 2 avaliado pela menor proporção entre profundidade de costelas e altura de membros. A 2 é um animal mais equilibrado, mesmo não apresentando escores máximos. É interessante observar que os animais 2 e 3 também apresentam desvio negativos, porém mais próximos da média, explicados pelos escores de P e M, que possuem variação entre 3 e 4. Ainda na Figura 4 temos amostra dos três escores de Umbigos considerados funcionais.
  • 7. Para observação e comparação foram agrupados na Figura 5, quatro machos com biotipos diferentes e frequentemente encontrados. Conforme explicações acima descritas, considera-se os dois animais de cima da figura, equilibrados e adequados, já os animais de baixo são considerados tardios pela grande diferença entre os escores de estrutura (altos) e de precocidade e musculosidade (baixos). Figura 5: Biotipos diferentes de machos ao sobreano
  • 8. Na Figura 6, ao recolocar os animais avaliados no grupo, seus escores devem desenhar o biotipo do animal em relação ao lote de manejo em que está inserido. Figura 6: Lote de manejo de machos ao sobreano Considerações Finais A metodologia de EPMU é simples, e tem o objetivo de tornar qualquer pessoa, que trabalhe com bovinos, apta para coletar dados de avaliação visual. Para isso é importante entender os conceitos de avaliação relativa, ter claramente a definição de cada uma das características e conhecer as etapas a serem seguidas para realização de uma avaliação conceitualmente correta. Além disso, é imprescindível que passe por treinamento, credenciamento e pratique com avaliadores mais experientes para “calibrar” os olhos. A avaliação de EPMU tem acrescentado pontos positivos aos trabalhos de seleção, identificando animais mais adaptados/adequados aos sistemas de produção em que estão sendo criados, conseqüentemente mais férteis, e que apresentam não somente pesos elevados, mas também biotipos produtores de carne, que no frigorífico apresentarão maiores rendimentos, e melhor qualidade de carcaça retornando em maior lucratividade ao criador.