Este documento resume um estudo sobre as condições de saúde de crianças abrigadas em uma casa de passagem. O estudo avaliou o perfil clínico, nutricional e psicoafetivo das crianças, além do perfil institucional e motivos pelos quais as crianças foram levadas ao abrigo. Os resultados mostraram que a maioria das crianças era do sexo masculino, entre 8 e 10 anos, anêmicas e com lesões dermatológicas. A falta de estrutura familiar parece ter impactado negativamente seu desenvolvimento. O
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Pediatria
Estágio Supervisionado em Pediatria I
Trabalho de Conclusão
Crianças em Passagem:
Um caminho para a cidadania?
2. Doutorandos:
Cristhiane Torres
José de Santana
Mayara Mytzi
Thiago Roberto
Orientador: Dr. Leonardo Moura Ferreira de Souza
Co-orientadora: Profª Nadja Rocha
3. • Família como unidade essencial;
• Políticas estatais paternalistas;
• Proteção ao vínculo familiar;
• Excepcionalidade e provisoriedade da
institucionalização;
• Redes sociais de apoio.
Introdução
Prender para proteger
6. Objetivos
Avaliar a situação de saúde das crianças abrigadas na casa de
passagem II.
Geral
Específicos
Perfil clínico, nutricional e psico-afetivo;
Perfil institucional;
Motivo de chegada e visão sobre a casa;
Planos terapêuticos;
Interação e ludoterapia;
Formação acadêmica.
7. PRIMEIRO MOMENTO
• Entrevista com a equipe multidisciplinar:
- Aplicação de questionário (perguntas abertas e fechadas)
com o intuito de traçar o perfil assistencial da casa.
• Interação da equipe médica com as crianças (n=25) através da
ludoterapia (desenho e pintura) e questionário dirigido
(perguntas abertas e fechadas).
• Perfil da criança - Plano de intervenção
- Preenchimento de ficha individual, exame físico sumário,
conduta e encaminhamento.
Metodologia
8. SEGUNDO MOMENTO
• Atividade lúdica-: informação, educação e comunicação –
através de teatro de fantoches, abordando o tema parasitoses
intestinais;
• Oportunidade de exposição de apresentações musicais
individuais e coletivas (não planejada previamente).
Metodologia
9. ANÁLISE DOS DADOS
• Ordenação das variáveis de acordo com os seguintes perfis:
Perfil Institucional
Perfil da Criança
Perfil da Saúde e nutricional
Perfil Psico-afetivo
• Tabulação dos dados, cálculo de porcentagem de acordo com a
distribuição das variáveis;
•Elaboração de gráficos.
Metodologia
10. ANÁLISE DOS DESENHOS
• Feita sobre os desenhos das crianças durante a visita;
• Análise realizada por equipe multidisciplinar (psicóloga,
pedagoga e assistente social);
• Contextualização do desenho com a condição psico –afetiva de
acordo com a sua realidade pregressa e atual.
Metodologia
11. Resultados e Discussão
A Casa de Passagem II é um abrigo provisório e
excepcional, utilizado como forma de transição para
posterior volta a família ou para processo de adoção.
Definição
Objetivos
Acolher provisoriamente crianças que se encontram em
situações de risco social, prestando-lhe assistência
educacional, moral, pedagógica, cultural e psicológica,
como também, prestar assistência aos familiares.
Resultados e Discussão
12. Resultados e Discussão
Data da criação
Órgão
responsável
Tempo de
funcionamento
Localização atual
Público alvo
Jan/1999
SEMTAS
07 anos a 11 anos e 11
meses, de ambos os sexos
08 anos e meio
Rua 25 de Dezembro, nº. 882,
Praia do Meio.
Equipe Multidisciplinar
Resultados e Discussão
13. Resultados e Discussão
• Motivos para o abrigo Maus tratos
Medicância
Negligência
dos paisPais
falecidos
Drogas
• Como as crianças chegam
à Casa de Passagem
• O procedimento
• Regime de abrigo
• Tempo médio de abrigo
Resultados e Discussão
14. Resultados e Discussão
PERCENTIL DO PESO
0%
20%
76%
0%
4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
PERCENTIS
PORCENTAGEM
P < 2,5 P 2,5 - 10 P 10 - 90 P 90 - 97,5 P > 97,5
15. Resultados e Discussão
PORCENTIL POR ESTATURA
24,0%
20,0%
52,0%
0,0% 0,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
PERCENTIS
PORCENTAGEM
P < 2,5 P 2,5 - 10 P 10 - 90 P 90 - 97,5 P > 97,5
22. Perfil geral
SABEA SUA IDADE?
0,04
0,4
0,56
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1
PORCENTAGEM
NÃO SIM (errado)
SIM (certo)
Resultados e Discussão
23. Perfil geral
QUAL O DIADASEMANA?
4%
44%
28%
24%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
1
NÃO respondeu NÃO SABE
RESPONDEU CERTO RESPONDEU ERRADO
Resultados e Discussão
24. Perfil geral
SABE PORQUE ESTÁ NA CASA DE PASSAGEM?
12% 12%
76%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
1
NÃO respondeu NÃO SABE SABE
Resultados e Discussão
26. Perfil psico-afetivo
DESENHO 1 e 2 – AN: abrigado há 2 anos e 5 meses, é alfabetizado, bom desenvolvimento cognitivo
e notável habilidade para o desenho. Trata-se de um desenho artístico. Evidencia características
típicas do processo de institucionalização, visto que se encontra em abrigos desde 2 anos de idade.
Resultados e Discussão
27. Perfil psico-afetivo
FCNS, abrigada há 2
meses. É acompanhado
pelo Serviço de
Psiquiatria do CAPS i,
em uso de medicamentos
psicotrópicos, o que
possivelmente tem
influenciado seu
desenvolvimento
cognitivo. Observa-se em
alguns dos seus
desenhos, um traçado
irregular
Resultados e Discussão
28. Perfil psico-afetivo
FSC abrigada há 20 dias.
Apesar do pouco tempo
abrigada, através de seus
desenhos, percebemos que
ela vive um momento de
insatisfação, podendo ser
em função do abrigamento
ou de dificuldades mais
abrangentes.
Resultados e Discussão
29. Perfil psico-afetivo
KL encontra-se
evadida, permaneceu
no abrigo por
aproximadamente 20
dias. Possui uma forte
experiência com a
rua, retratando em
seus desenhos figuras
ligadas à violência.
Demonstra ainda
imaturidade
cognitiva.
Resultados e Discussão
30. Perfil psico-afetivo
Criança abrigada há 2
meses, alfabetizada com
excelente nível de leitura e
conhecimento. Percebemos
que ela já possui valores
bem definidos, seus
desenhos se dividem em 2
momentos: um que
demonstra suas dificuldades
e outro que demonstra suas
alegrias, esperanças, com
boa capacidade de
adaptação, apresentando
interação com o ambiente de
maneira controlada.
Resultados e Discussão
31. Perfil psico-afetivo
ARPN abrigada há 1
mês. No momento em
que chegou ao Abrigo, a
criança encontrava-se
bastante debilitada
física e emocionalmente.
Possui um
desenvolvimento
cognitivo e emocional
prejudicado ao longo do
tempo pela negligência
sofrida.
Resultados e Discussão
32. Conclusão
O ECA nem sempre é suficiente para assegurar os direitos
fundamentais das crianças;
O conhecimento do funcionamento da instituição serve de base para a
compreensão das limitações do serviço e de estímulo para ações
voluntárias e parcerias;
O perfil geral das crianças institucionalizadas: sexo masculino, idade
entre 8 e 10 anos, anêmico, portador de lesões dermatológicas e de algum
grau de desnutrição aguda ou pregressa;
De forma geral, a falta de uma estrutura familiar adequada pareceu
repercutir negativamente no desenvolvimento cognitivo e intelectual das
crianças;
O trabalho representou uma semente lançada e o desejo comum é de
que bons frutos sejam colhidos no futuro através de ações de saúde e
cidadania.