O artigo é um estudo sobre a pesquisa realizada pelos alunos de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará para a Disciplina Estética das Artes Plásticas sobre o fenômeno da arquitetura modernista popular conhecido como “Raio que o parta” (RQP) em cinco bairros de Belém: Guamá, Pedreira, Telégrafo, Jurunas e Cremação. Utilizando o método etnográfico, os discentes fizeram levantamento fotográfico de edificações que apresentam características do RQP, além de entrevistas com os moradores, através das quais puderam observar como eles reagem frente à estética dos raios formados por cacos de azulejos nas fachadas e porque muitos optam pelo seu apagamento.
O “Raio que o parta” em Belém: um estudo sobre a valorização da arquitetura popular paraense
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O “Raio que o parta” em Belém: um estudo sobre a valorização da
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arquitetura popular paraense
Laura Caroline de Carvalho da Costa248
Cybelle Salvador Miranda249
Resumo
O artigo é um estudo sobre a pesquisa realizada pelos alunos de graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do Pará para a Disciplina Estética das Artes Plásticas sobre o
fenômeno da arquitetura modernista popular conhecido como “Raio que o parta” (RQP) em cinco
bairros de Belém: Guamá, Pedreira, Telégrafo, Jurunas e Cremação. Utilizando o método etnográfico, os
discentes fizeram levantamento fotográfico de edificações que apresentam características do RQP, além
de entrevistas com os moradores, através das quais puderam observar como eles reagem frente à
estética dos raios formados por cacos de azulejos nas fachadas e porque muitos optam pelo seu
apagamento.
Palavras-chave: Arquitetura popular, raio que o parta, memória, valor afetivo, valor de
novidade.
Introdução
É sabido que a chamada arquitetura brasileira possui vários matizes, resultado de
nossa formação cultural híbrida. Muitos estudos tem se debruçado na tentativa de
classificação de exemplares “representativos” de nosso território, embora corram o risco de
incorrer no processo de seleção e apagamento de memórias, segundo Bispo (2004), quando
enquadram na memória nacional apenas edificações inseridas no contexto da arquitetura
erudita ou de autor.
Por outro lado, pesquisas recentes tem procurado preencher esta lacuna, de maneira a
abranger os exemplares arquitetônicos populares. Cabe aqui esclarecer que adotamos o termo
“popular” para designar uma arquitetura feita por indivíduos de renda média e baixa que se
identificam com a modernidade assimilada, geralmente sem acompanhamento profissional.
Nesse âmbito, também podemos encontrar estudos de classificação, como a obra “Arquitetura
popular brasileira”, de Günter Weiner (2005), que encontrou argumentação crítica no campo
antropológico (MIGUEL, 2011) por apresentar discrepâncias no método e nos conceitos de
“erudito” e “popular”, que ora se cruzam, ora caminham paralelamente.
Os estudos de Guimaraes e Cavalcanti (1982) e Fernando Lara (2005) apontam a
existência de uma arquitetura kitsch e “modernosa”, respectivamente, quando falam das
edificações de caráter popular que se apropriaram da linguagem moderna à sua maneira,
entre as décadas de 40 e 60 do século XX. Sobre esse capítulo da arquitetura brasileira, Lara
(2005) diz que
[A] apropriação popular do modernismo brasileiro é descartada da historiografia por
uma série de razões, como simplificação formal, consumo de elementos e ausência de
unidade, que, se aplicadas às obras dos anos de 1960 e 1970, condenariam boa parte do
trabalho dos melhores arquitetos do país. (LARA, 2005, p. 173)
248 Designer, Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação
em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará, laura_carol17@yahoo.com.br.
249 Arquiteta e Urbanista, Doutora em Antropologia, Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
e do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará, cybelle@ufpa.br.
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Acredita-se que essa manifestação surgiu como um anseio das classes média e baixa
de participar das tendências que o movimento moderno trazia no campo das artes e da
arquitetura, encontrando reflexos em algumas regiões do país, como Rio de Janeiro, São Paulo
e Minas Gerais. No Pará (tanto na capital quanto no interior), o modernismo popular
encontrou sua expressão através da aplicação, nas platibandas e muros, de cacos de azulejos
formando raios ou figuras geométricas variadas, além da adoção de elementos estético-formais
de linguagem moderna, como marquises e colunas inclinadas. Para nomear essa
manifestação e expressar sua opinião de que aquilo lhes parecia de gosto duvidoso, alguns
arquitetos passaram a chamar de “Raio que o parta” (CARVALHO; MIRANDA, 2009).
A análise dessa arquitetura popular começou a ser feita há pouco tempo, por meio dos
estudos de Braga (1995), Carvalho e Miranda (2009) e Cardoso (2012), numa tentativa de fazer
a catalogação de alguns exemplares e sua caracterização, bem como compreender o
surgimento e gosto através de entrevistas com os proprietários.
Atualmente, a preocupação em estudar o raio que o parta está voltada não apenas
para delinear sua origem, mas também compreender o motivo pelo qual muitos desses
exemplares estão desaparecendo da paisagem urbana; dessa forma, realizou-se, durante o
estágio docente do Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará,
um trabalho de pesquisa junto aos alunos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, na
Disciplina Estética das Artes Plásticas, visando a coleta de dados sobre o “Raio que o parta” em
cinco bairros de Belém (Guamá, Pedreira, Telégrafo, Jurunas e Cremação), para serem
apresentados como avaliação final no Workshop “O Raio que o parta na arquitetura
modernista paraense”. Pretendeu-se relacionar a manifestação do raio que o parta em Belém
com as referências da arquitetura contemporânea estudadas em sala de aula, bem como
identificar autoconstruções e projetos feitos por profissionais e compreender as motivações
que levaram à criação do estilo, o que inclui sua manutenção ou modificação por parte dos
proprietários.
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Metodologia
Antes do início da pesquisa, foi apresentado aos alunos da Disciplina Estética
das Artes Plásticas o objeto de estudo – o Raio que o parta (RQP). Nesse momento, identificou-se
o desconhecimento por parte dos mesmos acerca do uso do termo para designar as casas
com cacos de azulejos coloridos, embora afirmassem que já haviam observado tais exemplares
quando viram algumas fotografias. A apresentação também visou orientá-los sobre as
características do RQP para auxiliar na identificação das obras.
Após a apresentação, a turma foi dividida em cinco equipes, sendo cada uma
responsável por um bairro da cidade de Belém: Guamá, Pedreira, Telégrafo, Jurunas e
Cremação. A escolha desses bairros justifica-se pelo número considerável de exemplares que
ainda podem ser encontrados, e sua composição populacional é feita por indivíduos de classe
média e baixa. A proposta era realizar um trabalho de campo, em que cada grupo ficaria
responsável por, pelo menos, quatro casas em cada bairro, fazendo uso do método
etnográfico: diário de campo, levantamento fotográfico e entrevistas (GEERTZ, 1978;
OLIVEIRA, 2000). O roteiro de pesquisa foi o seguinte:
1) Primeira visita: reconhecimento da área, identificando no mapa os trajetos realizados;
2) Diário de campo;
3) Identificação dos exemplares e seu contexto (pré-seleção das casas);
4) Segunda visita: contato com o morador. Roteiro de entrevista a ser definido pelo
grupo.
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Foi solicitado aos discentes que priorizassem entrevistas250 com moradores que fossem
proprietários das residências, em virtude da possibilidade de conseguirem mais informações
sobre a construção da casa. As perguntas poderiam ser formuladas conforme a necessidade da
pesquisa, embora os grupos devessem responder algumas questões pré-definidas:
a) O morador construiu?
b) Qual a época da construção?
c) Houve acompanhamento profissional/projeto?
d) Gosta do estilo?
e) Foi modificada? Se sim, por quê?
O estudo foi realizado nos meses de junho a agosto de 2013 e os resultados foram
apresentados como avaliação final no Workshop “O Raio que o parta na arquitetura
modernista paraense”.
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Resultados e discussão
Bairro: Guamá
A equipe buscou realizar uma pesquisa bibliográfica que investiga as origens
do modernismo no Pará, e como os engenheiros absorveram essa tendência em suas obras –
tendo em vista que, no período em que o Movimento Moderno encontrou seu auge no Brasil,
ainda não havia curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo no Pará, fundado apenas em
1964 e cuja primeira turma dividiu-se em alunos regulares e engenheiros civis que pretendiam
complementar sua formação (CARVALHO; MIRANDA, 2009, apud OLIVEIRA et al., 2013).
Durante a pesquisa de campo, os alunos fizeram o reconhecimento do bairro
(itinerários feitos a pé e de ônibus) e identificaram as residências com traços do RQP,
registrando por meio de fotografias. No momento do contato com os moradores foi solicitada
a autorização destes para o levantamento fotográfico do interior das residências (o que foi
concedido em apenas uma delas).
Na primeira delas, observaram que o interior possuía piso em tacos de madeira e
cerâmica do tipo “São Caetano” e azulejos nas paredes. A moradora afirma não gostar da casa
por motivos familiares, mas que acharia linda se estivesse bem conservada e não faria
alterações.
FIGURA 1 – Casa “Raio que o Parta” no bairro do Guamá
Fonte: OLIVEIRA et al., 2013
250 Para a entrevista, os alunos levaram consigo um Termo de Cessão de Direitos Autorais (em caso de
utilização de fotografias dos proprietários), de Livre Consentimento (para autorização de entrevista) e um Ofício
apresentando cada equipe e seus objetivos de pesquisa, assinado pela Prof. Dra. Cybelle Salvador Miranda, que
ministrou a Disciplina.
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Na segunda e terceira residências não encontraram os proprietários, sendo que a
segunda está à venda. Na casa da Sra. Risodália, descobriram que se tratava de uma edificação
projetada por um engenheiro e um arquiteto, tendo sido feita apenas uma modificação na
fachada para abrir uma garagem. A moradora tem conhecimento do RQP e afirma que
construiu dessa forma porque “estava na moda”. Nessa casa também encontraram, além da
platibanda com raios e cores vibrantes nos azulejos e cobogós, outro elemento frequente no
RQP: o azulejo de registro, ilustrando uma figura religiosa. Ao final do estudo, os docentes
concluíram que
Claramente o desgaste e a redução dos exemplares do estilo “raio-que-o-parta” não se
devem somente as novas concepções de moderno vigentes, mas sim a falta de conscientização
da sociedade da importância e também por não existir uma politica ou ação para tentar
conscientizar da importância não somente histórica do estilo “raio-que-o-parta”, mas também
da importância cultural local. (OLIVEIRA et al, 2013)
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Bairro: Pedreira
Os estudantes também apontaram que a causa das modificações da estética
dos raios deve-se ao desconhecimento do valor histórico e arquitetônico, o que leva os
moradores a desvalorização do RQP para “modernizar” a fachada. Foram encontradas 19 casas
RQP, das quais 4 foram selecionadas para entrevista.
Neste bairro, encontrou-se uma casa onde se vê a tentativa de apagamento
das características do RQP, por meio de pintura encobrindo os azulejos; interrogada sobre o
motivo dessa ação, a moradora respondeu que não gostava do padrão de mosaicos adotado
na fachada. Atitude diferente foi sentida em outro proprietário no mesmo bairro, que além de
afirmar que gosta da aparência, conhece sobre o RQP e já foi entrevistado por um canal de TV
sobre o assunto. Na casa, houve alteração na planta (para eliminar uma área que servia como
comércio) e na fachada (apagamento de um desenho em forma de canoa, feito pelo pai do
morador).
FIGURA 2 – Casa “Raio que o Parta” no bairro da Pedreira
Fonte: ALVES; REIS, 2013
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Os discentes também conseguiram encontrar obras que tiveram
acompanhamento profissional, e nestas os moradores demonstram afeição à casa, embora
também tenham empregado reformas para acréscimo de garagem, sem contudo intervir nos
painéis de azulejos.
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Bairro: Telégrafo
A equipe identificou oito casas que apresentam traços do RQP, localizadas
principalmente em áreas afastadas de bairros fronteiriços a este e que possuem padrão social
mais elevado.
Houve dificuldade em realizar as entrevistas em virtude de encontrarem casas
desocupadas ou moradores que não se dispuseram a conversar com os alunos. Apenas dois
moradores mostraram-se favoráveis pela permanência do raio por um gosto pessoal, mesmo
sem nunca terem ouvido falar em “Raio que o parta”; os demais (que concederam entrevista)
afirmaram interesse na eliminação dos raios, tendo alguns proprietários inclusive realizado tal
ato, por meio de aplicação de reboco sobre os painéis.
FIGURA 3 – Casa “Raio que o Parta” no bairro do Telégrafo
Fonte: MODESTO et al., 2013
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Bairro: Jurunas
Nesta área, os alunos encontraram sete casas RQP, e durante as entrevistas puderam
identificar que os proprietários não sabiam informar a respeito da execução da casa ou estas
não tiveram acompanhamento profissional. A maioria dos entrevistados gosta dos raios,
mostrando interesse em mantê-los, embora houvessem dois casos particulares – um de venda
e outro de demolição do imóvel, para resolver um imbróglio familiar.
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FIGURA 4 – Casa “Raio que o Parta” no bairro do Jurunas
Fonte: CLEMENTE et al., 2013
Bairro: Cremação
Um aspecto interessante a ser destacado pela pesquisa do grupo se refere ao
momento em que investigam as origens do Raio que o parta, quando traçam uma relação
entre ele e o movimento Desconstrutivista:
A relação da arquitetura regional Raio Que O Parta com desconstrutivismo se dá
principalmente pelos mosaicos, formatos e demais detalhes encontrados nas platibandas das
casas. Mesmo que a maioria dos mosaicos encontrados nas fachadas das casas tenha uma
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ortogonalidade, geralmente são figuras espontâneas e que não seguem um padrão lógico
geométrico. Da mesma forma, algumas platibandas apresentam “desconstrução” nos seus
formatos geométricos. (RODRIGUES et al., 2013, p. 7).
Quanto às casas, os alunos encontraram moradores que constituem a terceira
geração dos que habitam os locais, e muitas vezes demonstram apreço pela aparência da casa
em virtude da relação com a memória familiar, embora também tivessem entrevistado
proprietários que classificam o raio que o parta como “ultrapassado”.
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FIGURA 5 – Casa “Raio que o Parta” no bairro da Cremação
Fonte: RODRIGUES et al., 2013
Por meio da pesquisa dos alunos, notamos algumas posturas que se
reproduzem entre os moradores dos bairros acima descritos:
1) Nas casas cuja fachada se manteve por gosto, o morador optou pela permanência
em respeito à memória de seus familiares que foram responsáveis pela sua construção, por
reconhecer o valor da estética dos raios ou por ter sido a casa fruto de um projeto
acompanhado por profissional (engenheiro ou arquiteto)
2) Nas obras que não foram alteradas por gosto, o morador não empregou as
mudanças pretendidas por falta de recursos financeiros. Nesses casos, geralmente a família é
de classe baixa, o morador desconhece o termo “Raio que o parta” para designar essas
edificações e a casa foi construída sem projeto arquitetônico.
3) A desvalorização do RQP é justificada pelos proprietários pelo anseio de
“modernizar” a residência – algo curioso, visto que o Raio foi empregado com a mesma
finalidade nas décadas de 40 a 60 do século XX.
Analisando esses comportamentos, os discentes fizeram reflexões pertinentes
a respeito do valor relativo atribuído às edificações:
O ideal de modernidade que as construções do estilo “raio-que-o-parta” tinham foi
durante os anos sendo perdidos e modificados por novos sensos de moderno, onde fica
notável pelo fato de hoje existem poucos exemplares do estilo “raio-que-o-parta” [...]
(OLIVEIRA et al., 2013)
[O] que se percebe é que os ideais de beleza, de moderno se alteram com o passar do
tempo, e varia de individuo para individuo, o que em outra época era o ideal de modernidade,
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hoje se torna retrogrado e ultrapassado. Partindo desse pressuposto como valorizar o
patrimônio se os ideais de belo são dinâmicos e voláteis [?] (ALVES; REIS, 2013)
Essas conclusões reforçam as idéias propostas por Riegl (2006), quando fala do valor
absoluto e valor relativo: para ele o termo “valor” é tratado como um evento histórico, não
permanente:
De um ponto de vista moderno, que nega a existência do cânone artístico
objetivamente válido, um monumento não pode evidentemente apresentar um valor artístico
para as gerações ulteriores[...]. A experiência, entretanto, mostra que locamos
constantemente obras datadas de muitos séculos acima de certas obras modernas [...] (RIEGL,
2006, p. 108)
Também encontramos paralelo com este autor quando ele se refere ao “Valor de
Novidade”: para a vontade artística, quanto mais degradada a obra estiver, menos valor lhe é
atribuído, da mesma forma como alguns moradores se sentem ao afirmar que, se a casa RQP
estivesse em melhores condições, sentiriam mais apreço:
A multidão sempre foi seduzida pelas obras cujo aspecto novo estava claramente
afirmado; [...] Ao olhar da multidão, só o que é novo e intacto é belo. O velho, o desbotado, os
fragmentos de objetos são feios. (Idem, p. 98)
O valor do Raio que o parta se mostra mais efêmero quando comparado à arquitetura
eclética ou neoclássica, vistas como patrimônio cultural, ideia construída e consolidada por
muitos anos através de órgãos de defesa do mesmo. Será que os moradores teriam a mesma
opinião se residissem num exemplar da arquitetura erudita?
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Considerações finais
A realização da pesquisa sobre a estética do raio que o parta em Belém
revelou-se fundamental para despertar nos alunos o interesse pela arquitetura popular, em
especial o Raio que o parta, percebendo-o como elemento formador de identidade cultural do
Pará e de uma manifestação criativa que criou um modernismo popular de baixo custo, cuja
disseminação pelos quatro cantos do Estado também alerta para a necessidade de sua
preservação e conscientização junto aos moradores a respeito de sua importância para a
memória arquitetônica paraense, buscando reduzir os apagamentos.
Da mesma forma, pretendemos com esse estudo criar o estímulo de
aprofundar a pesquisa sobre o RQP nos demais bairros de Belém e no interior, reconhecendo-o
como um exemplo da arquitetura brasileira, junto com as obras já consagradas da
arquitetura erudita ou de autor.
Agradecimentos
À CAPES pela concessão da Bolsa Auxílio para mestrando do Programa de Pós-graduação
em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da UFPA.
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