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         UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
          DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
       CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
 PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS
                 EDUCATIVOS




ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRATICA
                    DOCENTE.




       RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS




            SENHOR DO BONFIM - BA
                    2012
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        UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
          DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
       CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS
                 EDUCATIVOS




ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA
                     DOCENTE




        RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS




                  Trabalho     Monográfico    apresentado   à
                  Universidade     do    Estado    da   Bahia,
                  Departamento de Educação, Campus VII como
                  pré-requisito para a conclusão do Curso de
                  Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos
                  Educativos.

                  Orientadora: Prof.ª Msc. Rita Braz Conceição
                  Melo




            SENHOR DO BONFIM - BA
                      2012
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        RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS




ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA
                    DOCENTE.




           Aprovada em: ____/____/_____



       __________________________________
                   Orientadora


       __________________________________
                   Avaliador(a)


       __________________________________
                   Avaliador(a)
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 A Deus em primeiro lugar por todas as bênçãos
derramadas em minha vida. A Nossa Senhora que
intercede por mim em minhas orações diárias.
A Minha mãe, Maria da Paz, pelo exemplo que é. Nunca
mediu esforços para investir em minha educação.

Ao meu pai (in memorian) pelo amor, carinho e confiança
depositada em mim.

A minha irmã e amiga Daiane, pela força, atenção e
incentivo que sempre me impulsionou a vencer as
barreiras da vida.

Ao meu filho Alysson Vitor, por seu amor e carinho, a
alegria do meu viver.

Ao meu padrasto Hotelino meu segundo pai pelo apoio e
dedicação.

Ao meu esposo Ademilson. pela paciência, descontração
e carinho nos momentos estressantes.Ao meu sobrinho
Gustavo pelo carinho e amor.
5


                         AGRADECIMENTOS




 A Universidade do Estado da Bahia – Campus VII, representada pelos
docentes e direção.

A todos os meus professores pelo conhecimento produzido durante o curso.


A professora Rita de Cássia Braz, pela atenção, comprometimento, orientações
e socializações de seus conhecimentos.


Aos meus colegas do curso pela amizade e carinho. Aos meus colegas de
trabalho da Escola Municipal José de Anchieta pela a amizade e pelos
momentos de descontração.


A Viviane Brás pelo apoio técnico e a amizade. A todos que contribuíram de
forma direta e indireta na minha formação. Agradeço a todos. Que Deus os
abençoe!
6




“A leitura se levada a efeito critico e reflexivamente,
levanta-se como um trabalho de combate a alienação
(não racionalidade) é capaz de facilitar ao gênero humano
a realização de sua plenitude (liberdade)”.

                                         Ezequiel Silva
7



                                    RESUMO



Este trabalho monográfico, é resultado de uma pesquisa realizada em uma instituição
de educação infantil e traz reflexões sobre a temática Literatura Infantil fazendo
referência a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes da
Escola Estrela do Amanhã. Buscamos nessa pesquisa identificar a importância da
literatura infantil na pratica pedagógica dos professores de Educação Infantil.
Nosso quadro teórico fundamentou-se em autores como: Santos (1999), Oliveira
(1992), Kramer (1992), Fazenda (1991), Kramer (2005), Garcia (2003), Abramovich
(1997), Coelho (2000), Bettehleim (1996); entre outros. A metodologia utilizada foi a
pesquisa qualitativa cujos instrumentos de coleta de dados aplicados foram a
entrevista semi-estruturada e o questionário fechado. Com a utilização desses
instrumentos identificamos a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica
dos docentes da Escola Estrela do Amanhã. Entretanto observamos que a prática
docente relacionada a Literatura Infantil em nosso lócus de pesquisa ainda é
perpassada por compreensões tradicionais no qual a Literatura Infantil é utilizada
como forma recreativa para atender as exigências do planejamento


Palavras-chave: Literatura Infantil: históricos e conceito; Infância e Educação
Infantil e Prática Pedagógica.
8


                                                    SUMÁRIO



INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 12
       1. ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO..................................................................................................... 12
CAPÍTULO II .................................................................................................... 16
       2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 16
           2.1.1-Compreendendo a Infância e a Literatura Infantil .................. 19
           2.2.Compreendendo a Educação Infantil ........................................ 20
             2.3 Literatura infantil: despertando a imaginação e construindo
conhecimentos. .............................................................................................. 21
           2.4 Professor e Prática Pedagógica .................................................. 22
CAPÍTULO III ................................................................................................... 25
       3. PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS............................................. 25
           3.1 Tipo de pesquisa .......................................................................... 25
           3.2 Lócus e sujeitos da pesquisa. ..................................................... 26
           3.3 Instrumentos de coleta de dados................................................ 27
               3.3.1 Questionário Fechado. .......................................................... 27
               3.3.2 Entrevista Semi-Estruturada ................................................ 27
           3.4 Perspectivas de análise dos dados e integração dos resultados
......................................................................................................................... 28
CAPÍTULO IV................................................................................................... 29
       4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .................................... 29
           4.1 Perfil dos sujeitos......................................................................... 29
               4.1.1 Gênero .................................................................................... 29
               4.1.2 Nível de formação.................................................................. 30
               4.1.3 Carga horária de trabalho ..................................................... 31
               4.1.4 Renda mensal ........................................................................ 32
           4.2 O que dizem as professoras: análise e interpretação da
entrevista semi-estruturada .......................................................................... 33
9


              4.2.1 As histórias infantis: as experiências vivenciadas pelas
professoras na sua prática diária. ................................................................ 33
              4.2.2 O hábito de ler livros infantis ............................................... 34
              4.2.3 Compreensão das docentes sobre literatura infantil ......... 35
              4.2.4 O momento da Literatura Infantil no plano semanal .......... 36
              4.2.5 História preferida pela turma ................................................ 37
              4.2.6 O tipo de história mais contada. .......................................... 38
              4.2.7 O interesse das crianças pela Literatura Infantil ................ 39
              4.2.8 A metodologia usada para trabalhar com a literatura infantil
em sala de aula ............................................................................................... 40
5. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................... 42
REFERÊNCIAS................................................................................................ 45
10


                               INTRODUÇÃO



A Literatura Infantil é um suporte básico no conhecimento e aprendizado dos
alunos, possibilitando o aluno viver um mundo de encantamento e fantasia.
Através de várias leituras as crianças constroem o seu mundo aproximando-se
de varias linguagens. A contação de historias pode possibilitar à criança uma
experiência com mundo da leitura, elas vivem experiências enriquecedoras que
favorecem a sua criatividade, promovem a formulação de idéias e observação.
Sendo de suma importância no currículo escolar e principalmente no plano
diário, pois ela deve ser trabalhada todos os dias em sala de aula e não como
uma mera recreação sem nenhum objetivo. É nesse contexto que buscamos
nessa pesquisa identificar a importância da literatura infantil na prática
pedagógica dos docentes da Educação Infantil.


Nossa pesquisa foi dividida em quatro capítulos que seguem:


No Capítulo I, apresentamos o histórico da Literatura Infantil enfatizando o
nosso problema de pesquisa que é identificar a importância da Literatura
Infantil na prática pedagógica dos professores da Educação Infantil.


No Capítulo II, apresentamos o referencial teórico que aprofundou e conceituou
as palavras-chave que nortearam nossa discussão: Literatura Infantil, Infância
e Educação Infantil, Prática Pedagógica.


No Capítulo III, traçamos o percurso metodológico, que se subsidiou na
pesquisa com abordagem qualitativa, cujos instrumentos de coletas de dados
foram a, entrevista semi-estruturada e o questionário fechado.


No Capitulo IV, apresentamos o resultado das informações adquiridas através
dos instrumentos anteriormente citados, os quais permitiram identificar a
importância da literatura infantil na pratica pedagógica dos professores da
Educação Infantil.
11




Para finalizar trazemos as nossas considerações finais sobre a Literatura
infantil embasando-se na análise de dados sobre a importância da literatura
infantil na prática pedagógica dos docentes da Educação Infantil.
12


                               CAPÍTULO I




1. Problemática



A literatura infantil desempenha um papel importante no desenvolvimento do
ser humano, através de várias leituras as crianças constroem um mundo de
idéias e vivem experiências enriquecedoras; nesse sentido compreende-se a
literatura infantil como instrumento facilitador e prazeroso na construção do
conhecimento do educando, despertando-o assim para o mundo da leitura.


A história da literatura infantil surge para a criança apartir do século XVIII,
quando a criança passa a ser vista como um ser diferente do adulto. As
crianças eram vistas como um adulto em miniatura participando dos mesmos
eventos que os adultos, não havia uma literatura especifica para elas com
necessidades e peculiaridades próprias.


A partir da idade moderna, com a revolução industrial surge um novo modelo
familiar burguês, transformando o contexto da infância. A criança para de
trabalhar e passa a ser vista como um ser com necessidades diferentes, desta
forma entendia-se que o público infantil precisava de uma formação específica
e cuidados diferenciados. Zilberman (1987) afirma que:


                                Antes da constituição deste modelo burguês, inexistia
                                uma consideração especial para com a infância. Essa
                                faixa etária não era percebida como um tempo
                                diferente, nem o mundo da criança como um espaço
                                separado. Pequenos e grandes compartilhavam dos
                                mesmos eventos porem nenhum laço amoroso especial
                                os aproximava.(p.23).




É nesse contexto que surge a literatura infantil, voltada para ensina a moral e
os bons costumes. Seu caráter era inteiramente pedagógico com intuito
formativo. Segundo Palo (2011) desde primórdios, a literatura infantil surge
13


como uma forma literária menor atrelada a função utilitário – pedagógica que a
faz ser mais pedagogia do que literatura (p. 15). Desse modo a literatura tinha
como principal função ensinar a criança a ler e a escrever sem
contextualização com a Literatura Infantil, mais com um caráter formativo e de
difusão de idéias.


Apesar da valorização da criança no contexto educacional as primeiras obras
infantis eram adaptações da literatura para adultos, a literatura infantil não era
dada a importância no desenvolvimento da criança. Segundo Coelho (2000);


                     Ligada desde a origem a diversão ou aprendizado das
                     crianças, obviamente sua matéria deveria ser adequada a
                     compreensão e interesse desse peculiar destinatário. E como
                     criança era vista como um “adulto em miniatura”, os primeiros
                     textos infantis resultaram da adaptação ou da minimização de
                     textos escritos para adultos. (p.29).




No Brasil, a literatura tem início no século XIX com obras pedagógicas e
adaptações portuguesas sem considerar a realidade da criança. Como afirma
Cunha (1991): “No Brasil, como não poderia deixar de ser, a literatura infantil
tem inicio com obras pedagógicas e sobretudo adaptadas de produções
portuguesas, demonstrando a dependência típica de colônias (p.23). Apartir da
década de 70 com Monteiro Lobato é que passa-se a conhecer uma literatura
infantil voltada para a criança e para os valores sociais culturais e humanos.
Segundo Cunha (1991):




                      Com Monteiro Lobato é que se tem início a verdadeira literatura
                      infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e
                      orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em algumas
                      personagens que percorrem e unificam seu universo ficcional. (p.24)




Monteiro Lobato soube traduzir o mundo infantil através de seus personagens ,
levando às crianças textos imaginativos e emocionantes, seus textos
14


possibilitando   que   as   crianças   reflitam   sobre   as   suas   realidades
compreendendo o universo social onde vivem.


Porém, apesar dos avanços e conquistas na área da infância, o que
percebemos no contexto em que estamos inseridos, através de nossas
experiências na educação infantil, é que alguns professores trabalham com a
literatura infantil de forma descontextualizada sem levar em conta o que essa
ferramenta lúdica pode oferecer. A Literatura aparece mais como uma tarefa a
cumprir, obrigando as crianças a lerem sem refletirem a relevância da leitura.
Sendo assim “... acreditamos que um ponto pode ser atingido: o educador.
Pode-se trabalhar com ele, melhorar seus conhecimentos e sua visão quanto a
matéria Literatura Infantil”. ( CUNHA, 1991,p.11).


Reconhecemos a importância da Literatura Infantil ser trabalhada desde os
primeiros contatos da criança, através de diversos tipos de histórias.Como
afirma Abramovich (1997): “... pode contar qualquer história a criança:
comprida, curta, de muito antigamente ou dos dias de hoje, contos de fadas, de
fantasmas, realistas, lendas, historias em forma de poesia ou de prosa ...”
Ressaltamos que muitas crianças desde pequenas já tem contato com a
Literatura Infantil, pois quando chegam à escola trazem consigo experiências
com a literatura vivenciada com suas famílias ou em outros espaços sociais.


Diante do que foi exposto colocamos a nossa questão de pesquisa: Qual a
importância da literatura infantil na prática pedagógica dos docentes de
Educação Infantil?


Sendo assim, nosso objetivo consiste em identificar a importância da literatura
Infantil na prática pedagógica dos docentes de educação infantil da Escola
Estrela do Amanhã. Ao pesquisarmos sobre a importância da literatura na
prática pedagógica dos professores de educação infantil pretendemos assim
despertar um olhar reflexivo do professor para com sua prática educativa.Pois
acreditamos que a literatura infantil contribui no desenvolvimento e na
formação das crianças e no papel do professor como mediador do
conhecimento. Entretanto, é necessário a reflexão do professor sobre sua
15


pratica em sala de aula para despertar nos seus educandos o envolvimento
com a literatura infantil.
16




                              CAPÍTULO II




2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA



Diante do que foi refletido, sobre as questões que envolvem este estudo,
realizaremos uma discussão teórica sobre as palavras chaves que embasaram
o desenvolvimento metodológico e que darão suporte a análise de dados da
pesquisa. Neste sentido, a nossa discussão teórica centra-se nos conceitos de
Literatura Infantil; Infância e Educação Infantil, Pratica Pedagógica.


Palavras-chave: Literatura Infantil; Infância e Educação Infantil, Pratica
Pedagógica.




2.1- Literatura infantil:     despertando        a   imaginação       e   construindo
conhecimentos.


É uma expressão artística literária que tem como função levar o conhecimento
as crianças para que possam transformar sua própria existência. As obras
literárias despertam na criança a imaginação, favorece o desenvolvimento da
criticidade, ajudando no desenvolvimento social e intelectual. Como afirma
Abramovich (1997):


                      Ao ler uma história a criança também desenvolve todo potencial
                      critico. Apartir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar,
                      questionar... Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais
                      e melhor ou percebendo que se pode mudar de opinião. (p.143)
17


Neste sentido, a literatura infantil desenvolve a criatividade e a criticidade das
crianças, através das histórias infantis as crianças viajam no mundo da
imaginação. Coelho (2000) enfatiza que: “É do livro a palavra escrita que
atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo
das crianças e dos jovens. (p.15) .


Ressaltamos que existem vários gêneros de literatura infantil como: contos de
fadas, historias bíblicas, poemas, poesias, historias em quadrinhos, lendas,
fábulas entre outros.


Assim constatamos que a escola tem papel fundamental na construção do
conhecimento das crianças. Coelho (2000) pontua:


                        Em face desta realidade concreta e desafiante, torna-se cada vez
                        mais urgente uma nova reflexão sobre educação e o ensino, pois é
                        nessa área que os novos princípios ordenadores da sociedade serão
                        definidos, equacionados e transmitidos a todos, para que uma nova
                        civilização se construa num amanhã próximo (ou longínquo). (p.15).




A literatura abre oportunidades para que as crianças despertem o gosto pela
leitura, vivenciando situações reais que possibilitarão uma maior interação
entre o leitor e o texto e de acordo com Bettelheim (1996):



                        Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve
                        entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida,
                        deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto
                        e tornar suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e
                        aspirações, reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo
                        tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam... (p.13).




Compreende-se      assim      que    a   literatura    proporciona     prazer,    lazer    e
encantamento. Os textos literários tais como os contos de fadas apesar de
retratarem o contexto socioeconômico da Europa Medieval, também têm seu
espaço na educação infantil, pois apresentam problemas sociais como: o
medo, o amor, a dificuldade de ser criança, a vida e morte. Visto que:
18



                       É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções
                       importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o
                       medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas
                       outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas
                       provocam em quem as ouve... (ABRAMOVICH, 1997, p. 17)



De acordo com a autora percebemos que a Literatura Infantil desperta nas
crianças sentimentos importantes no desenvolvimento social. Segundo Coelho
(2000), ao privilegiarmos os estudos literários, estaremos estimulando o
exercício da mente bem como “a percepção do real em suas múltiplas
significações, a consciência do eu em relação ao outro, a leitura de mundo em
seus vários níveis” (p.16).


Neste sentido a literatura infantil pode ser considerada como um significativo no
processo de construção do conhecimento infantil, capaz de despertar a
curiosidade de conhecer o mundo a sua volta. Através do contato com textos
literários as crianças terão oportunidade de criação e recriação da realidade
como forma de enriquecimento social e intelectual.


Sendo assim o professor deve saber contar histórias primeiramente conhecer
e envolver-se em cada história expressando sentimentos verdadeiros que
estão contidos nos textos infantis. Como afirma Abramovich (2005):


                      ... ler o livro antes, bem lido, sentir como nos pega, nos emociona,
                      nos irrita... Assim, quando chegar o momento de narrar a historia, que
                      se passe a emoção verdadeira, aquela que vem lá de dentro, lá do
                      fundinho, e que, por isso, chega no ouvinte... (p.20)




O professor pode contar os mais diversos tipos de história desde que já
conheça e domine a contação de histórias, fazendo com que seus alunos
envolvam-se e participem das histórias que são contadas. Para isso é
necessário que o professor deixe seus alunos bem a vontade só depois
começar a contar histórias.
19




2.2- Compreendendo a Infância e a Educação Infantil



O conceito de infância é traduzido como fase do desenvolvimento do ser
humano em que a criança constrói seu conhecimento social. De acordo com
Stein Berg (2001):



                     (…) a criança é uma criação da sociedade sujeita a mudar sempre que
                     surgem transformações mais amplas. O apogeu da infância tradicional
                     durou aproximadamente de 1850 a 1950. Durante esse período,
                     protegido dos perigos do mundo adulto, as crianças foram retiradas e
                     colocadas em escolas. A medida em que o protótipo da família
                     moderna se desenvolveu no final do século XIX, o comportamento
                     apropriado dos pais para com os filhos se consolidou em torno de
                     noções de carinho e responsabilidade do adulto para o bem estar da
                     criança.(p.12).




Antigamente a criança era vista como um ser inocente, ingênuo, dependente
do adulto e sem participação da sociedade, um adulto em miniatura. É neste
contexto que Santos (1999) afirma que:



                     A criança, ao longo da historia e da evolução do homem, nem sempre
                     foi considerada como hoje é. Antigamente ela era caracterizada como
                     um ser ingênuo, inocente, gracioso ou ainda imperfeito e incompleto.
                     Estas noções se constituíram em elementos básicos que
                     fundamentaram o conceito de criança, entendido como um ser “sem
                     existência social, miniatura do adulto, abstrata e universal”. Portanto,
                     um conceito que independe da cultura ou classe social. ”(p.9).




A construção do conhecimento da criança se dá através da interação com
outros indivíduos, essa interação possibilitará a troca de conhecimentos e a
aquisição de novas experiências. Desse modo, Oliveira (1992) afirma que:



                     A criança constrói assim conhecimentos conforme estabelece relações
                     que organizam e explicam o mundo. Isso envolve assimilar aspectos
                     dessa realidade, apropriando-se de significados sobre a mesma
                     através de processos ativos de interação com outras pessoas e
20


                      objetos, modificando ao mesmo tempo sua forma de agir, pensar e
                      sentir (p.51).




A infância é uma etapa importante para o indivíduo. Pois através dela o
indivíduo forma o seu caráter e sua personalidade. A literatura infantil cumpre a
missão de transformar socialmente a criança com sua função de fazê-la pensar
criticamente. Neste sentido, para Kramer (2005):



                      Estudos contemporâneos sobre infância enfatizam que a criança é um
                      sujeito social, que possui historia e que alem disso, é produtora e
                      reprodutora do meio no qual está inserida, atuante, portanto, como
                      produtora de historia e cultura. (p.133).




A criança é um ser social e é função da escola compreender e respeitar seus
pontos de vista e suas diversidades buscando adaptar-se a ela. Conforme
Kramer (1992), a criança não deve ser “(...) encarada como se fosse a histórica
e como seu papel social e seu desenvolvimento independessem das
contribuições de vida, da classe social e do meio cultural de sua família. (p.23).


Fica evidenciada então que a leitura é de fundamental importância no
aprendizado da criança, pois através dela a criança faz a interpretação do meio
social em que vive.



A educação infantil é a primeira etapa escolar do indivíduo e tem como
objetivo o desenvolvimento integral da criança, como afirma a LDB em
seu artigo 29:


                       A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como
                       finalidade o desenvolvimento integral da criança até seus seis anos
                       de idade, em seus aspectos físico, psicologico, intelectual e social,
                       complementando a ação da família e da comunidade.




De acordo com a lei, a educação infantil deve ser oferecida em creches para
crianças de 0 a 3 anos, e em pré escolas para crianças de 4 e 5 anos, porem
21


não sendo obrigatória. A educação infantil surge no Brasil com as creches que
tinham como função um atendimento assistencialista oferecido como forma de
apoio aos pais que tinham que trabalhar. Nessas instituições as crianças não
recebiam uma educação de qualidade, o atendimento era de forma precária,
inadequada ao desenvolvimento integral das crianças, pois não tinham uma
concepção de educação, apenas de guarda e cuidado dessas crianças.


Com o novo conceito de infância muda-se o atendimento às crianças, as
instituições passam além de ter um caráter assistencialista, de guardar, cuidar
e alimentar, a ter uma formação educativa respeitando seus aspectos sociais,
psicológicos, físicos e intelectuais como afirma Fazenda (1991):



                      (…) um novo papel para o ensino pré-escolar é oferecer condições
                      propicias, oportunidades e estímulos dos mais variados para a
                      criança educar-se, socializar-se, formar-se independente e autônoma
                      para enfrentar situações de conflito dos mais diversos, apropiando-se
                      do processo de aprendizagem como sujeitos de sua historia. (p. 35).




A educação infantil busca proporcionar à criança o desenvolvimento pleno e a
construção da aprendizagem para torná-la crítica, possibilitando a construção
de sua própria identidade. Na educação infantil a literatura é de grande
importância para a construção do conhecimento da criança. Neste sentido,
Kramer (2001) afirma que:



                    A pré- escola serve para propiciar o desenvolvimento infantil
                    considerando os conhecimentos e valores culturais que as crianças já
                    têm e progressivamente, garantindo a aplicação dos conhecimentos,
                    de forma a possibilitar a construção da autonomia (…) contribuindo,
                    portanto, para a formação da cidadania. (p.50).




As crianças são seres em desenvolvimento e com características diferentes.
Cabe ao adulto compreender o mundo infantil considerando sua singularidade,
respeitando sua capacidade afetiva, emocional, cognitiva, social e individual. É
nesta perspectiva que o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (1998) afirma que:
22




                     Considerar que as crianças são diferentes entre si implica propiciar
                     uma educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem
                     suas necessidades e ritmos individuais, visando ampliar e enriquecer
                     as capacidades de cada criança considerando como pessoas
                     singulares e com características próprias. (p. 32,33).




É necessário que a escola trabalhe com a leitura a partir da educação infantil
através de atividades lúdicas que despertem a criatividade e a criticidade. Ao
possibilitarmos vivencias com a leitura e escrita, consideramos “sua relevância
e significado para a vida da criança”, mas também como “algo que se torne
uma necessidade para ela e que lhe permita refletir sobre a sua realidade e
compreende-la. (GARCIA, 2003, p.94).


Neste contexto, faz-se necessário uma educação que ofereça à criança a
compreensão de si e da realidade em que está inserida reconhecendo o
contexto social e cultural desta, na tentativa de uma educação significativa.


Neste sentido o professor exerce um papel fundamental na educação infantil
que consiste num papel importante desta pesquisa.


.
    2.3- Prática Pedagógica e Educação Infantil



O papel do professor de Educação infantil é o de mediador de conhecimentos,
ele não ensinará o conteúdo pronto e acabado, mas sim irá auxiliá-lo na
percepção de mundo, pois, segundo Marcuchi (1986) diz: ”O certo que ler e
escrever são hoje duas práticas sociais básicas em todas as sociedades
letradas, independentemente do tempo médio com elas despendido e do
contingente de pessoas que as pratica. (p.39)”.
23


Entende-se que a pratica do professor seja criativa possibilitando assim ao
aluno o seu autoconhecimento e o acesso ao mundo da leitura e escrita que
caracteriza a sociedade em que vive.


É neste contexto que aparece a formação de professores que é de extrema
importância na qualidade da educação infantil. Essa preocupação inicia-se
apartir da década de 1980 com a abertura de outro momento na historia dos
pais, encerrando o período da ditadura militar é “... a ruptura com o
pensamento tecnicista que predominava na área (FREITAS, 2002 p.2), o Brasil
começa a buscar rumos para a elaboração de outro projeto político idealizado
pelos educadores, no momento da formação.


Dessa forma para que o professor desenvolva sua capacidade de ensinar na
Educação infantil é necessário que ele tenha uma formação sólida e especifica:



                      A formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em
                      nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
                      universidades e instituições superiores de educação admitida como a
                      formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil
                      e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em
                      nível médio na modalidade normal. (BRASIL, 2006, p.52).




Assim percebemos a formação especifica garantida pela LDB que estabelece
como preceito ao menos a formação na modalidade normal em nível médio
para os profissionais da educação infantil. Sabemos, portanto, que amparado
na   LDB   9394/96,    a   sociedade      brasileira   reestrutura    seus    sistemas
educacionais, com o objetivo de acompanhar o processo de avanços da
tecnologia, globalização da economia e mudanças das interações sociais.


Tal discussão é analisada por Cury (1996):



                      A formação inicial de professores como a preparação profissional
                      passa a ter papel crucial na própria organização da educação
                      nacional não só por ser um momento de entrelace entre o nível
                      básico e o superior, mas também pode representar o momento de
24


                     inserção qualificada na escolarização, hoje cada vez mais necessária
                     (p.40).




Neste contexto, o professor será um mediador consciente de seu papel que
possibilitara o desenvolvimento das capacidades das crianças, utilizando-se da
literatura infantil como meio para que seus educandos expressem seus
pensamentos e sentimentos, proporcionando a reflexão e recriação da
realidade. Sobre essa questão Lajolo (2002).


                     A escola conta com a literatura infantil para difundir-ataviados
                     pelo envolvimento da narrativa, ou pela forma encantadora dos
                     versos-sentimentos, atitudes e comportamentos que lhe
                     competem inculcar em sua clientela (p.66).



Portanto o educador deve propiciar aos seus alunos o contato com
diversos livros e textos literários possibilitando assim a oportunidade de
desenvolver seus conhecimentos e pontos de vista diversos.


Entretanto, para que os alunos despertem o gosto pela leitura cabe ao
professor ser um assíduo leitor. Sobre esta questão Costa (2006), afirma
que: “cabe, portanto, ao professor que trabalha com textos e leituras
promover progressos constantes dos seus alunos juntamente com a
evolução pessoal de leituras e conhecimentos.” (p.23).


Assim é tarefa do educador facilitar o aprendizado dos seus alunos através
de uma pratica educativa envolvente que trabalhe com a literatura infantil
todos os dias através de atividades que prendam a atenção dos alunos.
25




                                   CAPÍTULO III




3. PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS



A metodologia é o processo pelo qual se pode alcançar um fim determinado.
Como afirma Minayo (2003): “a metodologia inclui as concepções teóricas de
abordagem, o conjunto de técnicas que possibilita a construção da realidade é
o sopro divino, do potencial criativo do investigador.” Desta forma, a pesquisa
está ligada as bases qualitativas, através de instrumentos que possibilitaram ao
pesquisador uma compreensão sobre o objetivo da pesquisa.


Diante disso optou-se pela pesquisa qualitativa uma vez que esta nos propicia,
enquanto pesquisador, vivenciar critérios de qualidade tomando como base a
entrevista semi estruturada que nos possibilita compreender o que os sujeitos
dizem e pensam sobre o tema pesquisado. Ludke e André (1986) expressam:



                        È cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área
                        de educação vêm demonstrando pelo uso das metodologias
                        qualitativas. Apesar da crescente popularidade dessas metodologias,
                        ainda parecem existir muitas duvidas sobre o que realmente
                        caracteriza uma pesquisa qualitativa, quando é ou não é adequado
                        utilizá-la e como se coloca a questão do rigor cientifico nesse tipo de
                        investigação. (...) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural
                        como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal
                        instrumento. A pesquisa qualitativa supõe contato direto e
                        prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está
                        inserida (...) (p.11).




Sendo assim é necessário que o pesquisador esteja em contato com os
sujeitos da pesquisa.



3.1 Tipo de pesquisa
26




A pesquisa realizada é de cunho qualitativo, pois segundo Bogdan e Beklin
(1987): “A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos,
obtidos no contato direto do pesquisador com situações estudadas, enfatiza
mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar as perspectivas
dos participantes”. (apud LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 13). A pesquisa qualitativa
foi escolhida, pois embasa-se no contato direto com o pesquisador, através da
troca de informações entre o pesquisador e o pesquisado na busca de novos
conhecimentos.


A pesquisa qualitativa proporciona ao pesquisador a capacidade de interagir e
ouvir atentamente as informações obtidas, coletando fatos relatados pelos os
sujeitos que vivenciam uma determinada realidade, e assim, possibilitando ao
mesmo interpretar os significados que são atribuídos a realidade em que os
sujeitos estão inseridos.



3.2 Locus e sujeitos da pesquisa.



A presente pesquisa foi realizada na Escola Estrela do Amanhã no município
de Senhor do Bonfim-BA. Localizada na Rua José Coelho, Bairro Olaria.
Escolhemos essa instituição por estar localizada na comunidade onde moro,
onde moram pessoas de classe baixa e que possui alguns problemas de
classes sociais como uso de drogas ilícitas, alcoolismo, gravidez precoce e
extrema pobreza.


A Escola Estrela do Amanhã está localizada na Rua José Coelho, sem número,
Olaria sendo um estabelecimento de ensino privado em um bairro periférico da
cidade que recebe alunos da comunidade e das localidades circunvizinhas. A
instituição atende a 100 alunos divididas em 6 turmas, funcionando nos turnos
matutino e vespertino. O estabelecimento possui 03 sanitários, 01 para os
funcionários e 02 para os alunos, 01 cozinha, 05 salas de aula, 01 secretaria,
01 sala de leitura. O corpo funcionário é composto por 6 professoras de
Educação Infantil , 02 auxiliares de classe e 02 auxiliares de serviço gerais.
27



Para a realização desta pesquisa tivemos como sujeitos da pesquisa os 05
professores atuantes na instituição. Inicialmente convidamos os professores
para a participação da nossa pesquisa e explicamos o nosso objetivo a ser
desenvolvido na presente instituição e o quanto desejávamos a colaboração de
todos para a realização do nosso trabalho.



3.3 Instrumentos de coleta de dados



Para alcançar os objetivos desta pesquisa utilizamos como instrumentos de
coleta de dados o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada que nos
possibilitou   identificar as contribuições da literatura infantil na Educação
infantil. Sendo assim é necessário que o pesquisador esteja em contato com os
sujeitos da pesquisa.




3.3.1.1 Questionário Fechado



Visando traçar o perfil dos sujeitos optarmos pelo questionário fechado em
anexo, pela necessidade de obtermos dados que nos possibilitasse descrever
o perfil dos sujeitos em seus aspectos sócio-econômicos educacionais, uma
vez que o questionário fechado apresenta-se como instrumento prático que nos
garante respostas diretas.e neste sentido o questionário auxiliou no alcance do
nosso objetivo: Identificar a importância da Literatura Infantil na pratica
docente. Como nos afirma Marconi e Lakatos (1996) o questionário fechado é
“um instrumento de coleta de dados constituído por uma ordenada de
perguntas que deve ser respondido por escrito e sem a presença do
pesquisador” (p.88).



3.3.2.1 Entrevista Semi-Estruturada
28




A entrevista semi-estruturada proporciona ao pesquisador a obtenção de
informações através do dialogo, das novas revelações sobre suas experiências
vivenciadas no ambiente pesquisado. A entrevista é de grande valia na
aquisição de dados na pesquisa qualitativa, constituindo-se como instrumento
que permite o contato com o entrevistado. Para Trivinos (1987) a:



                    (...) entrevista semi-estruturada, em geral aquela que parte de certos
                    questionamentos básicos, apoiados em teorias; hipóteses, que
                    interessam a pesquisa, e que, em seguida oferece amplo campo de
                    interrogativas, fruto de nossas hipóteses que vão surgindo á medida
                    que recebem as respostas do informante. Desta maneira, o
                    informante, seguindo espotaneamente a linha de seu pensamento e
                    de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo
                    investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da
                    pesquisa. (p.146).




Assim a entrevista semi-estruturada em anexo dá possibilidades ao
pesquisador de interpretar cada gesto e atitude de forma minuciosa cada
resposta, cada resposta, cada expressão apresentada na fala do pesquisado,
que servirá de dado a ser também analisado juntamente com o conteúdo da
entrevista.
29



                                 CAPÍTULO IV



4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS



Neste capítulo apresentaremos a análise e interpretação de dados, que buscou
analisar as contribuições da Literatura Infantil na prática pedagógica dos
docentes da Escola Estrela do Amanhã. Sendo assim, na coleta de dados
norteada pela abordagem da pesquisa qualitativa, utilizamos com instrumentos
o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada aplicados aos sujeitos
da pesquisa, ou seja, cinco professoras da educação infantil do referido lócus.
Ressaltamos que nossas análises foram embasadas nos teóricos que
fundamentaram as palavras-chave, através do cruzamento dos dados. Para
melhor estruturação desta etapa, estabelecemos categorias com os pontos
mais relevantes tendo em vista o objetivo proposto.



4.1 Perfil dos sujeitos



Apresentamos o resultado do questionário fechado, que buscou traçar o perfil
dos sujeitos, tomando como base itens que nos levaram a uma reflexão sobre
a prática pedagógica vinculada a literatura-infantil.



4.1.1 Gênero



Nossos sujeitos são as cinco regentes de Educação Infantil da escola Estrela
Amanhã no turno vespertino. Conforme dados coletados percebemos que
100% são do sexo feminino.


Essa informação demonstra que a presença das mulheres na educação,
principalmente na Educação Infantil pode ser atribuída ao paradigma histórico,
30


no qual a maternidade e o cuidar eram fatores determinantes nesta etapa da
educação, a partir de uma visão assistencialista e tradicional da educação
infantil.   Segundo Machado (1991) caberia a instituição substituir a mãe
cuidando da criança, alimentando e cuidando de sua higiene, saúde com muito
rigor. “[...] a soma desses elementos seriam responsáveis pela formação
adequada das crianças preenchendo a lacuna deixada pela mãe ausente, até
que aos sete anos eles ingressassem no sistema escolar vigente”. (p. 17).


Desde primórdios essa função assistencialista foi atribuída à mulher. Portanto,
com o surgimento das creches o intuito era primordialmente o cuidar das
crianças, papel atribuído às mulheres. Essa realidade nos leva a refletir sobre o
papel da mulher principalmente na Educação Infantil Como afirma Kramer
(1992):


                     O gênero como constitutivo das relações sociais e apontando marcas
                     de uma socialização orientada por modelos de papeis sexuais
                     dicotimizados e diferenciados, em que a socialização feminina tem
                     como eixos o trabalho domestico e a maternagem (p.87).




De acordo com o que afirma a autora, ao longo da história as mulheres
sempre estiveram presente na Educação Infantil sendo responsáveis pela
formação das crianças.




4.1.2 Nível de formação



Quanto à escolaridade percebemos que 60% das entrevistadas têm o ensino
médio completo e somente 40% possui o Ensino superior incompleto. O curso
das professoras é na área de Pedagogia.


Estes dados demonstram uma carência formativa das profissionais da
Educação Infantil tendo em vista que essas professoras, em sua grande
31


maioria, possuem apenas nível médio. Acreditamos que esta realidade pode
implicar diretamente na formação do aluno. Nesse sentido:


Fazenda (1991) afirma que:


                       Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas
                       requer além de um conhecimento técnico e metodológico
                       diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma
                       compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma
                       má educação nessa idade produz. (p. 16).




A LDB promulgada em 1996 estabeleceu um prazo de dez anos para que
apenas professores habilitados em nível superior sejam admitidos para lecionar
na Educação Infantil e de 1ª a 4ª nas séries do ensino fundamental. Desta
forma percebemos mais uma vez que em nosso país as leis são criadas
objetivando maior qualidade na educação, no entanto, não são cumpridas
principalmente quando essa realidade faz parte de uma escola privada em um
bairro periférico da cidade.



4.1.3 Carga horária de trabalho



Percebemos que 100% das entrevistadas trabalham 40 horas semanais. Este é
um reflexo do não reconhecimento profissional dos professores que há muito
tempo lutam por melhores condições de trabalho e aumento salarial. O
professor se vê muitas vezes obrigado a trabalhar uma carga horária elevada
para adquirir maior rentabilidade financeira e poder arcar com suas despesas
pessoais.


Sabemos que a carga horária de 40 horas reduz o tempo do professor para
planejar as suas atividades impossibilitando que o profissional desempenhe
melhor a sua função. “os trabalhadores e as trabalhadoras da educação vivem
também em um estado de permanente antinonímia existencial” (GENTILI,
2008, p.11). Percebemos que na escola pesquisada os professores devido ao
32


baixo salário necessitam trabalhar 40 horas para complementar a sua renda
mensal. Sendo assim Angotti (2001) afirma que: o exercício da profissão exige
que:

                     O professor tenha elementos para proceder à análise, reflexões e
                     avaliações referentes ao seu próprio fazer, encontrando novos
                     caminhos qualitativamente diferente para efetivação de um trabalho
                     docente, reflexivo e orientado por um projeto de educação pré-
                     escolar. (p. 55)



E para que este exercício seja efetuado qualificadamente é necessário que o
professor disponha de tempo para elaborar suas aulas como também para
investir na sua formação.




4.1.4 Renda mensal



Identificamos que 60% das professoras recebem um salário mínimo e somente
40% meio salário. O salário dos professores está abaixo do piso nacional para
o magistério que é de R$ 1.451,00. A diretora da escola justifica que por ser
uma escola de pequeno porte, tem pouco tempo que funciona e que o valor
das mensalidades não são o suficiente para pagar o valor determinado pelo
piso nacional. Libanêo (2004) afirma que:



                     O professorado diante das novas realidades e da complexidade de
                     saberes envolvidos presentemente na sua formação profissional
                     precisaria de formação teórica mais aprofundada (...) além,
                     obviamente, da indispensável correção dos salários, nas condições
                     de trabalho e de exercício profissional (p.76).




Ressaltamos que a baixa renda mensal pode ser também um reflexo do nível
de formação desses profissionais.
33


4.2 O que dizem as professoras: análise e interpretação da entrevista
semi-estruturada



Ao analisarmos os resultados das entrevistas buscamos, nas respostas
apresentadas pelas colaboradoras, conhecer os significados que a literatura
infantil representa na vida de cada sujeito e da leitura que fizemos dessas
entrevistas surgiram as unidades de análise que trataremos a seguir.
Salientamos que a entrevista foi gravada e transcrita, para melhor análise e
compreensão dos dados coletados.




4.2.1 As histórias infantis: as experiências vivenciadas pelas professoras
na sua prática diária.



Ao perguntarmos às professoras se gostam de literatura infantil todas as
respostas foram positivas, só variam as justificativas. Sentimos que a maioria
ler para ter um maior domínio na contação de histórias e por ser mais uma
exigência da escola como afirma a P1 1: “... trabalho com os contos infantis para
ter domínio na contação de historias infantis”. A professora não deixa
transparecer que gosta de contar histórias infantis, mas sim, que tem a
necessidade de conhecer para usar em sua prática pedagógica. No entanto,
percebemos nas falas das docentes P2 e P5 que elas trabalham com a
literatura infantil porque gostam e tem prazer em contá-las.



                         Gosto de contar histórias e sempre que conto me envolvo nelas, eu
                         sempre estou lendo historias infantis.P2

                         Gosto de histórias infantis desde criança, pois tive contato na infância
                         com contos infantis. P5




1
  Utilizaremos a letra P maiúscula seguida de números crescentes para identificar e ocultar a
identidade das professoras.
34


Desse modo observamos que a literatura infantil faz parte da vida delas e que
se envolvem e se encantam contando histórias infantis. Os presentes relatos se
aproximam do que fala Abramovich (1997) quando enfatiza que ler histórias
infantis:


                     (...) É poder ler sorrir e gargalhar com as situações vividas pelas
                     personagens, com a ideia do conto ou do jeito de escrever dum autor
                     e, então ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de
                     brincadeira, de divertimento... (p.17).




Percebemos que as docentes P2 e P5 lêem por prazer, pois tiveram um
contato maior com a literatura infantil na infância, no depoimento afirmam que
começaram a gostar da literatura infantil na escola, pois eram trabalhados
contos infantis que despertou a oportunidade de conhecer e vivenciar situações
reais através da fantasia.



4.2.2 O hábito de ler livros infantis



Quando questionadas sobre o hábito de ler livros, todas responderam que lêem
sempre livros infantis. Só uma das pesquisadas que afirmou que ler somente
para seus alunos, porque não tem tempo para ler histórias infantis.



                     Leio só quando é necessário para meus alunos, pois não tenho
                     tempo de ler histórias infantis. P4



Observamos que a docente apesar de achar a leitura necessária na pratica do
professor não tem o hábito da leitura diária, por afirmar que desempenha duas
funções na escola, de diretora e professora.


Para nos tornarmos leitores assíduos precisamos “criar tempo” para a leitura
para que possamos passar esse hábito para os nossos alunos, pois os
professores são exemplos para seus alunos e a escola tem como papel
fundamental trabalhar a leitura desde a infância.Ter o costume de ler textos
35


literários é enriquecedor, pois possibilita a construção de conhecimentos, da
interpretação da realidade.




                     A literatura infantil é importante, pois através dela a criança
                     desenvolve-se cognitivamente e psicologicamente. P5.




Assim o hábito de ler histórias é percebido como uma atividade do
desenvolvimento das crianças pequenas. Tal atitude se aproxima do que afirma
Coelho (2000):


                     Chega-se a conclusão de que o professor precisa estar “sintonizado”
                     com as transformações do momento presente e reorganizar seu
                     próprio conhecimento ou consciência de mundo, orientado em três
                     direções principais: da literatura (como leitor atento), da realidade
                     social que o cerca... E da docência (como profissional competente).
                     (p.18).




Desse modo, a literatura possibilita a construção do conhecimento através da
criação da realidade, além de ser prazeroso e levar a criança à fantasia e a
emoção com as histórias infantis.



4.2.3 Compreensão das docentes sobre literatura infantil



Buscamos através da análise das falas das professoras discorrer sobre a
importância da Literatura Infantil na prática pedagógica da Educação Infantil.
Quando questionadas se consideram a Literatura Infantil como influenciadora
no desenvolvimento das crianças as pesquisadas responderam:



                     Sim, pois contribui para o aprendizado da criança. P1

                     Sim, elas aprenderem a contar e recontar as histórias que eu conto.
                     P2

                     Sim, desenvolve a linguagem, a escrita, e eles aprendem a lição de
                     moral das histórias. P3
36


                      Depende da maneira como é aplicada se você procura uma literatura
                      que vai despertar algo no aluno é benéfico. P4

                      Sim é importante, pois, através da leitura é que a criança se
                      desenvolve. P5




Percebemos nas falas das professoras que estas conhecem a importância da
literatura infantil no desenvolvimento da criança considerando como um meio
estimulador do aprendizado. Nas falas das professoras observamos que a
literatura contribui no aprendizado desenvolvendo a linguagem, a escrita,
estabelecendo valores que irão contribui na formação da personalidade do
aluno.


Identificamos que as professoras gostam da literatura infantil e conhecem a
verdadeira importância da literatura, tendo em vista que esta ferramenta
favorece a aquisição do conhecimento, tendo a oportunidade de vivenciar
novas experiências através do mundo da leitura. Como afirma Coelho (2000):
“No contato com a literatura, os homens têm a oportunidade de ampliar,
transformar ou enriquecer sua própria existência de vida, em um grau de
intensidade não igualada por nenhuma outra atividade. (p.29).




4.2.4 O momento da Literatura Infantil no plano semanal



Ao serem questionadas se existia um momento especifico para a literatura em
seu plano de aula semanal, 80% das professoras responderam positivamente,
e somente 20% deu resposta negativa, desconsiderando a importância da
literatura em sua pratica diária.


                      Sim, sexta-feira é a recreação. P1

                      Não, é aleatoriamente. P2

                      Sim na sexta-feira. P3

                      Sim, como recreação na sexta-feira. P4

                      Sim na sexta-feira. P5
37




Observamos que na maioria dos casos as professoras trabalham a Literatura
Infantil em sala de aula e afirmam possuir um dia no plano semanal reservado
para o conto de histórias infantis. Somente uma professora disse que não tinha
um momento especifico em seu plano de aula. Ela afirmou que conta histórias
para seus alunos quando sente vontade, no dia que ela quer.

Através da respostas observamos que as docentes têm o conhecimento da
importância da Literatura Infantil, no entanto, não trabalham com a Literatura
Infantil diariamente tratando-a com um mero sentido recreativo, como um
passatempo nas sextas-feiras, distanciando-se do verdadeiro sentido da
literatura infantil na vida das crianças.



4.2.5 História preferida pela turma



Os textos literários dividem-se nas seguintes modalidades de textos: os contos
de fadas, as histórias infantis contemporâneas, as fábulas, as histórias bíblicas,
as lendas, poesias e prosas. Assim é importante que o professor tenha o
conhecimento desses diversos tipos de textos infantis para que possa contar
para seus alunos de acordo com seu interesse.


Para que o professor estimule a leitura, primeiramente é necessário que ele
goste de ler e busque sempre histórias novas para ler para seus alunos,
conhecendo seus interesses e respeitando sua faixa etária.


Questionadas sobre o gosto da turma sobre as histórias infantis as respostas
foram diversas.


                       João e pé de feijão, Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos. P1

                       Chapeuzinho vermelho, A branca de neve. P2

                       As historias bíblicas. P3

                       As meninas Barbie, Monica e os meninos Pato Donald o que é
                       relacionado às histórias em quadrinhos. P4
38



                     Branca de neve. P5




Percebemos através dos depoimentos que as crianças preferem mais os
contos clássicos universais como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Os três
porquinhos e também as histórias bíblicas, isso fica evidenciado nas falas de
P2, P3 e P5. Só duas professoras, P1 e P4, afirmam que os alunos não gostam
muito de ouvir histórias segundo elas seus alunos só gostam de histórias
dramatizadas. Percebemos também o preconceito existente na fala das
professoras ao escolherem os tipos de histórias a serem contadas para os
alunos, elas não contam histórias e que tenham negros como protagonistas.


Conforme Oliveira (2001):


                     O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu
                     fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania
                     que estão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é
                     fundamental a busca, a coerência entre o ideal de formação que se
                     quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto
                     ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus
                     objetivos, seus valores e seus ideais, para que possamos almejar
                     uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando o que
                     a sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67).




Para isso o professor tem que ter uma preparação para contação de histórias,
pois as histórias dramatizadas prendem mais a atenção dos alunos, levando a
imaginação e a fantasia. Para Abramovich (1997): “Os contos de fadas são tão
ricos que tem sido fonte de estudos para psicanalistas, sociólogos,
antropólogos,   psicólogos,   cada    qual     dando      sua   interpretação     e    se
aprofundando no seu eixo de interesse”. (p.121)


Percebemos a riqueza das           histórias   infantis    ultrapassando barreiras,
desenvolvendo a criatividade, encantando a vida das crianças. Os contos de
fadas são importantes também, pois sempre tem uma lição de moral que
ajudam as crianças a solucionarem seus problemas.
39


Apenas uma entrevistada, P3, respondeu que as histórias que seus alunos
mais gostavam eram as histórias bíblicas. Compreendemos que essa
afirmação está relacionada ao fato de que a dona da escola é evangélica e
trabalha com um projeto sobre as histórias bíblicas


Nesse contexto é que o professor deve conhecer a história que seu aluno gosta
para ser contada de maneira interessante e que levem seus alunos para
selecionarem os livros de sua preferência. Ao analisarmos as falas pudemos
constatar que as crianças gostam e se interessam pelas histórias infantis.
Portanto, a literatura infantil precisa ser utilizada de forma lúdica, pois dessa
forma despertará o interesse fazendo com que participem das histórias




4.2.6 O interesse das crianças pela Literatura Infantil



Desde a infância é importante o contato da criança com a literatura infantil,
portanto, a escola tem como papel fundamental inserí-las nesse contato com a
leitura, por isso é imprescindível ter um acervo completo com diversos tipos de
gêneros literários. Na perspectiva de sabermos se os alunos demonstram
interesse pela Literatura Infantil perguntamos as professoras se as crianças
sentem interesse por esta ferramenta educativa. A maior parte das professoras
afirmou:


                     Sim, principalmente os clássicos universais. P1

                     Em parte eles gostam mais de assistir do que ouvir histórias infantis.
                     P2

                     Sim eles gostam mais quando são dramatizadas. P3

                     Mais ou menos só historias do interesse deles. P4

                     Sim eles sempre ouvem quando estou contando. P5




Ao analisarmos as falas pudemos constatar que as crianças gostam e se
interessam pelas histórias infantis. Portanto, a literatura infantil precisa ser
40


utilizada de forma lúdica, pois dessa forma despertará o interesse fazendo com
que participem das histórias.


É necessário que o professor seja um artista no momento da contação de
histórias para que assim possa chamar atenção dos alunos envolvendo-os nas
histórias contadas. Como afirma Bettelheim (1996) “para que uma estória
realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua
curiosidade” (p.13). acreditamos que três pontos são fundamentais para
despertar o gosto da leitura: o professor gostar de ler, os alunos selecionarem
os livros de leitura de acordo com seus gostos e o professor saber contar
histórias ludicamente prendendo a atenção dos seus alunos.




4.2.7 A metodologia usada para trabalhar com a literatura infantil em sala
de aula



Percebemos que as professoras usam vários tipos de estratégias para exporem
a Literatura Infantil em sala de aula através de histórias contadas, DVD,
dramatizações. Ao serem questionadas sobre a forma como trabalham com os
textos infantis elas responderam da seguinte forma:



                     Conto histórias, eles assistem DVD, trabalho também contando
                     historias com fantoches. P1

                     Leio as histórias e depois mando eles recontarem e dramatizarem a
                     história. P2

                     Lendo as historias e depois mandando eles dramatizarem. P3

                     Exposições teatrais, fantoches, dedoches infantis sempre procurando
                     uma maneira de atrair a atenção das crianças. P4

                     Através de figuras, teatros e fantoches dessa forma fica mais
                     interessante contar historias. P5




As professares planejam suas aulas de acordo com o interesse dos seus
alunos procurando sempre diversas maneiras de contar histórias não só da
41


forma tradicional, mas através de DVD, fantoches, dedoches, teatro. Elas usam
vários tipos de recursos para atrair a atenção de seus alunos.



                    Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encape esse lado.
                    É precisar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa a
                    gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou a
                    aval pra vontade e descoberta ou pro crescimento de ninguém.
                    (ABRAMOVICH 1995, p.148).



      Diante desse contexto, acreditamos que podemos trabalhar com
diversas metodologias, tornando a literatura infantil mais atrativa e prazerosa.
Acreditamos que é importante o professor estar inovando sua pratica
pedagógica através de metodologias que favoreçam a contação de historias.
Entretanto se o professor não buscar aprimorar seus conhecimentos sua
pratica ficara descontextualizada.
42


                      5. CONSIDERAÇOES FINAIS



Compreendemos que a escola precisa trabalhar com a literatura infantil desde
as series iniciais, pois esta contribui para o desempenho social da criança. No
inicio da vida escolar, já na educação infantil é necessário introduzir textos que
despertem o gosto pela leitura, tornando-se um hábito. Neste sentido Damke
(1995) afirma que:


                      (...) uma escola democrática em que pratique uma pedagogia da
                      pergunta, em que se ensine e se aprenda com seriedade, mas que a
                      seriedade jamais livre sisudez. Uma escola em que ao se ensinarem
                      necessariamente os conteúdos, se ensine também a pensar certo
                      (p.24).




Aos professores cabe a missão de trabalhar em suas aulas com a literatura
infantil fazendo com que seus alunos se envolvam com as histórias,
participando, opinando, recontando, ilustrando para que através dessa prática
possam desenvolver sua criatividade e seus dons artísticos. O educador
alegando que seu tempo é pouco para ler acaba sempre induzindo os seus
educandos a lerem os mesmos livros, tornando esse momento que deveria ser
prazeroso em uma árdua obrigação.


Como afirma Abramovich (1997), a literatura na escola: (...) se for mais uma
lição de casa, a gente bem sabe no que é que dá (...) cobrança nunca foi
passaporte ou aval pra vontade, descoberta ou pro crescimento de ninguém...
(p.148).


Na maioria das vezes também, os professores tratam a literatura infantil como
uma atividade recreativa, que sempre é feita nas sextas-feiras ou então como
dever de casa sem importância, desconsiderando essa atividade como a
ampliação do gosto pela leitura na vida da criança.


Na fase de desenvolvimento da criança a literatura infantil é um ponto crucial
no   desempenho      das   habilidades    das    crianças,   para    que    adquiram
43


conhecimento de uma forma prazerosa. Cabe ao professor, estimular a prática
da leitura com aulas inovadoras que possibilitem aos seus alunos uma leitura
ampla de mundo.


Já no sentido social é de suma importância a literatura infantil, pois através
dela as crianças aprenderão a interagir socializar-se e expressarem-se com
facilidade. Desse modo, abre a possibilidade da criança perceber o mundo
através da palavra ao influenciar o desenvolvimento da aprendizagem. Neste
sentido percebe-se que é necessário o professor refletir sobre a sua prática
educativa com intuito de transformá-la em uma prática significativa,
proporcionando às crianças um contato com os livros e atividades de leitura.


O contato das crianças com a Literatura desde a Educação infantil é
impreencendivel no desenvolvimento motor, cognitivo, social. A criança desde
cedo deve ter contato com livros infantis para poder desenvolver o gosto pela
leitura, escrita e desenvolver diversas potencialidades. Sendo assim cabe ao
professor estar constantemente trabalhando com a Literatura Infantil em sala
de aula, levando as crianças a expressarem seus sentimentos, opiniões e
despertando sua criatividade.


A forma como o professor concebe a Literatura Infantil influencia na sua prática
diária. É importante que o professor tenha formação necessária para trabalhar
a Literatura Infantil em sala de aula.


Entre as cinco professoras, sujeitos dessa pesquisa, duas estão cursando o
Pedagogia, e as outras três só possuem magistério que não lhes da
embasamento para trabalhar com Educação Infantil, pois o curso de magistério
era voltado para ensinar series inicias e não Educação Infantil.


A formação do professor influencia muito em sua prática, pois os professores
sem formação muitas vezes não tratam a Literatura dentro de um contexto
atualizado e pedagógico, mas como um divertimento sem importância, um
passatempo que nas sextas-feiras não permitem as crianças vivenciarem a
44


Literatura Infantil em suas vidas, despertando a imaginação e desenvolvendo a
criatividade.


A maioria das docentes apesar de conhecerem e evidenciarem em suas falas a
importância da Literatura Infantil tanto no aspecto social, cognitivo e
psicológico, percebemos ainda que os discursos não condizem com a prática
das pesquisadas que falam que a Literatura Infantil é importante na formação
da criança, no entanto, não trabalham adequadamente em sala de aula. As
professoras não fazem a leitura de textos infantis porque gostam e sim como
necessidade para dar suporte em suas aulas, tornando a Literatura Infantil um
atendimento às normas estabelecidas pelo planejamento semanal.
45



                             REFERÊNCIAS



ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo:
Scipione, 1997.

ANGOTTI, Maristela. (organizadora). Educação Infantil: para que, para quem
e por quê? Campinas, SP: Ed. Alínea, 2006.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 11ª Ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil.
Brasília: MEC/SEF, VOL. 1,2,3, 1998.

_______. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.(1996). Apresentação Carlos Roberto Jamil. 10 ed. Rio de
Janeiro, DP &, 2006. Legislação Brasileira.

COELHO, Nelly Novaes. Teoria, Analise, Didática. 1ª Ed. São Paulo:
Moderna, 2000.

COSTA, Marta Moraes da. Literatura infantil. Marta Moraes da Costa.Curitiba:
IESDE, 2006.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São
Paulo: Atica, 1991.

CURY, Carlos Roberto Jamil. A Educação na primeira Constituinte
Republicana. In: FÁVERO, Osmar. A Educação nas constituintes
brasileiras. Campinas –SP: Autores Associados, 1996, p. 69- 80.

DAMKE, I. R. O processo do conhecimento na pedagogia da libertação:
as idéias de Freire, Fiori e Dussel. Petrópolis: Vozes, 1995.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes(org). Ta pronto seu lobo? Didática/
Prática na pré escola. São Paulo: Atica, 1991.

GARCIA, Regina Leite(Org). A formação da professora- alfabetizadora:
reflexões sobre a prática. São Paulo: Cortez 2003.

GENTILI, Pablo. Desencanto e utopia: a educação no labirinto dos novos
tempos/ Pablo Gentili, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

KRAMER, Sonia. A política da pré-escola no Brasil: A arte do disfarce. 4ª
Ed. São Paulo: Cortez, 1992.
46


____________, Sonia(org) Et.al.Com a pré- escola nas mãos: uma
alternativa curricular para a educação infantil. 14ª Ed. São Paulo: Atica,
2005.

LAJOLO , Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª Ed. Sao
Paulo: Atica, 2002.

LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira:
Histórias e Histórias. São Paulo: Atica, 2005.

LIBANEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas
exigências educacionais e profissionais docentes. 8ª ED. São Paulo;
Cortez, 2004.

MACHADO, Maria Lúcia A. Pré escola é não é escola: busca de um caminho.
3ª edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1991

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa: Planejamento de
pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e
interpretação de dados. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 1996.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da Conversação. São Paulo: Ática, 1986.

MINAYO,M.D.A.LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração,
analise e interpretação de dados.3.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes (org) et al. Creches: Criança faz de conta e Cia.
9ª Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos (org) et al . Creches: Criança faz de
conta e Cia. 5ª edição. São Paulo: Cortez, 2001.

PALO, Maria Jose; Oliveira, Maria Rosa D. Literatura Infantil:Voz de Criança.
3ª Ed. São Paulo: Áica, 2001.

STEINBERG, Shirley R. KICHELDE, Joel. Cultura infantil e a construção
corporativa da infância. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução a pesquisa em ciências
sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo; Atica, 1987.

ZILBERMAN, Regina. A literatura na Escola. 6ª Ed. São Paulo: Global, 1987.

ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da. Literatura e pedagogia:
ponto e contra ponto. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.
47

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  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRATICA DOCENTE. RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS SENHOR DO BONFIM - BA 2012
  • 2. 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA DOCENTE RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos. Orientadora: Prof.ª Msc. Rita Braz Conceição Melo SENHOR DO BONFIM - BA 2012
  • 3. 3 RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA DOCENTE. Aprovada em: ____/____/_____ __________________________________ Orientadora __________________________________ Avaliador(a) __________________________________ Avaliador(a)
  • 4. 4 A Deus em primeiro lugar por todas as bênçãos derramadas em minha vida. A Nossa Senhora que intercede por mim em minhas orações diárias. A Minha mãe, Maria da Paz, pelo exemplo que é. Nunca mediu esforços para investir em minha educação. Ao meu pai (in memorian) pelo amor, carinho e confiança depositada em mim. A minha irmã e amiga Daiane, pela força, atenção e incentivo que sempre me impulsionou a vencer as barreiras da vida. Ao meu filho Alysson Vitor, por seu amor e carinho, a alegria do meu viver. Ao meu padrasto Hotelino meu segundo pai pelo apoio e dedicação. Ao meu esposo Ademilson. pela paciência, descontração e carinho nos momentos estressantes.Ao meu sobrinho Gustavo pelo carinho e amor.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS A Universidade do Estado da Bahia – Campus VII, representada pelos docentes e direção. A todos os meus professores pelo conhecimento produzido durante o curso. A professora Rita de Cássia Braz, pela atenção, comprometimento, orientações e socializações de seus conhecimentos. Aos meus colegas do curso pela amizade e carinho. Aos meus colegas de trabalho da Escola Municipal José de Anchieta pela a amizade e pelos momentos de descontração. A Viviane Brás pelo apoio técnico e a amizade. A todos que contribuíram de forma direta e indireta na minha formação. Agradeço a todos. Que Deus os abençoe!
  • 6. 6 “A leitura se levada a efeito critico e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate a alienação (não racionalidade) é capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade)”. Ezequiel Silva
  • 7. 7 RESUMO Este trabalho monográfico, é resultado de uma pesquisa realizada em uma instituição de educação infantil e traz reflexões sobre a temática Literatura Infantil fazendo referência a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes da Escola Estrela do Amanhã. Buscamos nessa pesquisa identificar a importância da literatura infantil na pratica pedagógica dos professores de Educação Infantil. Nosso quadro teórico fundamentou-se em autores como: Santos (1999), Oliveira (1992), Kramer (1992), Fazenda (1991), Kramer (2005), Garcia (2003), Abramovich (1997), Coelho (2000), Bettehleim (1996); entre outros. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa cujos instrumentos de coleta de dados aplicados foram a entrevista semi-estruturada e o questionário fechado. Com a utilização desses instrumentos identificamos a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes da Escola Estrela do Amanhã. Entretanto observamos que a prática docente relacionada a Literatura Infantil em nosso lócus de pesquisa ainda é perpassada por compreensões tradicionais no qual a Literatura Infantil é utilizada como forma recreativa para atender as exigências do planejamento Palavras-chave: Literatura Infantil: históricos e conceito; Infância e Educação Infantil e Prática Pedagógica.
  • 8. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 CAPÍTULO I ..................................................................................................... 12 1. ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO..................................................................................................... 12 CAPÍTULO II .................................................................................................... 16 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 16 2.1.1-Compreendendo a Infância e a Literatura Infantil .................. 19 2.2.Compreendendo a Educação Infantil ........................................ 20 2.3 Literatura infantil: despertando a imaginação e construindo conhecimentos. .............................................................................................. 21 2.4 Professor e Prática Pedagógica .................................................. 22 CAPÍTULO III ................................................................................................... 25 3. PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS............................................. 25 3.1 Tipo de pesquisa .......................................................................... 25 3.2 Lócus e sujeitos da pesquisa. ..................................................... 26 3.3 Instrumentos de coleta de dados................................................ 27 3.3.1 Questionário Fechado. .......................................................... 27 3.3.2 Entrevista Semi-Estruturada ................................................ 27 3.4 Perspectivas de análise dos dados e integração dos resultados ......................................................................................................................... 28 CAPÍTULO IV................................................................................................... 29 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .................................... 29 4.1 Perfil dos sujeitos......................................................................... 29 4.1.1 Gênero .................................................................................... 29 4.1.2 Nível de formação.................................................................. 30 4.1.3 Carga horária de trabalho ..................................................... 31 4.1.4 Renda mensal ........................................................................ 32 4.2 O que dizem as professoras: análise e interpretação da entrevista semi-estruturada .......................................................................... 33
  • 9. 9 4.2.1 As histórias infantis: as experiências vivenciadas pelas professoras na sua prática diária. ................................................................ 33 4.2.2 O hábito de ler livros infantis ............................................... 34 4.2.3 Compreensão das docentes sobre literatura infantil ......... 35 4.2.4 O momento da Literatura Infantil no plano semanal .......... 36 4.2.5 História preferida pela turma ................................................ 37 4.2.6 O tipo de história mais contada. .......................................... 38 4.2.7 O interesse das crianças pela Literatura Infantil ................ 39 4.2.8 A metodologia usada para trabalhar com a literatura infantil em sala de aula ............................................................................................... 40 5. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................... 42 REFERÊNCIAS................................................................................................ 45
  • 10. 10 INTRODUÇÃO A Literatura Infantil é um suporte básico no conhecimento e aprendizado dos alunos, possibilitando o aluno viver um mundo de encantamento e fantasia. Através de várias leituras as crianças constroem o seu mundo aproximando-se de varias linguagens. A contação de historias pode possibilitar à criança uma experiência com mundo da leitura, elas vivem experiências enriquecedoras que favorecem a sua criatividade, promovem a formulação de idéias e observação. Sendo de suma importância no currículo escolar e principalmente no plano diário, pois ela deve ser trabalhada todos os dias em sala de aula e não como uma mera recreação sem nenhum objetivo. É nesse contexto que buscamos nessa pesquisa identificar a importância da literatura infantil na prática pedagógica dos docentes da Educação Infantil. Nossa pesquisa foi dividida em quatro capítulos que seguem: No Capítulo I, apresentamos o histórico da Literatura Infantil enfatizando o nosso problema de pesquisa que é identificar a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica dos professores da Educação Infantil. No Capítulo II, apresentamos o referencial teórico que aprofundou e conceituou as palavras-chave que nortearam nossa discussão: Literatura Infantil, Infância e Educação Infantil, Prática Pedagógica. No Capítulo III, traçamos o percurso metodológico, que se subsidiou na pesquisa com abordagem qualitativa, cujos instrumentos de coletas de dados foram a, entrevista semi-estruturada e o questionário fechado. No Capitulo IV, apresentamos o resultado das informações adquiridas através dos instrumentos anteriormente citados, os quais permitiram identificar a importância da literatura infantil na pratica pedagógica dos professores da Educação Infantil.
  • 11. 11 Para finalizar trazemos as nossas considerações finais sobre a Literatura infantil embasando-se na análise de dados sobre a importância da literatura infantil na prática pedagógica dos docentes da Educação Infantil.
  • 12. 12 CAPÍTULO I 1. Problemática A literatura infantil desempenha um papel importante no desenvolvimento do ser humano, através de várias leituras as crianças constroem um mundo de idéias e vivem experiências enriquecedoras; nesse sentido compreende-se a literatura infantil como instrumento facilitador e prazeroso na construção do conhecimento do educando, despertando-o assim para o mundo da leitura. A história da literatura infantil surge para a criança apartir do século XVIII, quando a criança passa a ser vista como um ser diferente do adulto. As crianças eram vistas como um adulto em miniatura participando dos mesmos eventos que os adultos, não havia uma literatura especifica para elas com necessidades e peculiaridades próprias. A partir da idade moderna, com a revolução industrial surge um novo modelo familiar burguês, transformando o contexto da infância. A criança para de trabalhar e passa a ser vista como um ser com necessidades diferentes, desta forma entendia-se que o público infantil precisava de uma formação específica e cuidados diferenciados. Zilberman (1987) afirma que: Antes da constituição deste modelo burguês, inexistia uma consideração especial para com a infância. Essa faixa etária não era percebida como um tempo diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado. Pequenos e grandes compartilhavam dos mesmos eventos porem nenhum laço amoroso especial os aproximava.(p.23). É nesse contexto que surge a literatura infantil, voltada para ensina a moral e os bons costumes. Seu caráter era inteiramente pedagógico com intuito formativo. Segundo Palo (2011) desde primórdios, a literatura infantil surge
  • 13. 13 como uma forma literária menor atrelada a função utilitário – pedagógica que a faz ser mais pedagogia do que literatura (p. 15). Desse modo a literatura tinha como principal função ensinar a criança a ler e a escrever sem contextualização com a Literatura Infantil, mais com um caráter formativo e de difusão de idéias. Apesar da valorização da criança no contexto educacional as primeiras obras infantis eram adaptações da literatura para adultos, a literatura infantil não era dada a importância no desenvolvimento da criança. Segundo Coelho (2000); Ligada desde a origem a diversão ou aprendizado das crianças, obviamente sua matéria deveria ser adequada a compreensão e interesse desse peculiar destinatário. E como criança era vista como um “adulto em miniatura”, os primeiros textos infantis resultaram da adaptação ou da minimização de textos escritos para adultos. (p.29). No Brasil, a literatura tem início no século XIX com obras pedagógicas e adaptações portuguesas sem considerar a realidade da criança. Como afirma Cunha (1991): “No Brasil, como não poderia deixar de ser, a literatura infantil tem inicio com obras pedagógicas e sobretudo adaptadas de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica de colônias (p.23). Apartir da década de 70 com Monteiro Lobato é que passa-se a conhecer uma literatura infantil voltada para a criança e para os valores sociais culturais e humanos. Segundo Cunha (1991): Com Monteiro Lobato é que se tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em algumas personagens que percorrem e unificam seu universo ficcional. (p.24) Monteiro Lobato soube traduzir o mundo infantil através de seus personagens , levando às crianças textos imaginativos e emocionantes, seus textos
  • 14. 14 possibilitando que as crianças reflitam sobre as suas realidades compreendendo o universo social onde vivem. Porém, apesar dos avanços e conquistas na área da infância, o que percebemos no contexto em que estamos inseridos, através de nossas experiências na educação infantil, é que alguns professores trabalham com a literatura infantil de forma descontextualizada sem levar em conta o que essa ferramenta lúdica pode oferecer. A Literatura aparece mais como uma tarefa a cumprir, obrigando as crianças a lerem sem refletirem a relevância da leitura. Sendo assim “... acreditamos que um ponto pode ser atingido: o educador. Pode-se trabalhar com ele, melhorar seus conhecimentos e sua visão quanto a matéria Literatura Infantil”. ( CUNHA, 1991,p.11). Reconhecemos a importância da Literatura Infantil ser trabalhada desde os primeiros contatos da criança, através de diversos tipos de histórias.Como afirma Abramovich (1997): “... pode contar qualquer história a criança: comprida, curta, de muito antigamente ou dos dias de hoje, contos de fadas, de fantasmas, realistas, lendas, historias em forma de poesia ou de prosa ...” Ressaltamos que muitas crianças desde pequenas já tem contato com a Literatura Infantil, pois quando chegam à escola trazem consigo experiências com a literatura vivenciada com suas famílias ou em outros espaços sociais. Diante do que foi exposto colocamos a nossa questão de pesquisa: Qual a importância da literatura infantil na prática pedagógica dos docentes de Educação Infantil? Sendo assim, nosso objetivo consiste em identificar a importância da literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes de educação infantil da Escola Estrela do Amanhã. Ao pesquisarmos sobre a importância da literatura na prática pedagógica dos professores de educação infantil pretendemos assim despertar um olhar reflexivo do professor para com sua prática educativa.Pois acreditamos que a literatura infantil contribui no desenvolvimento e na formação das crianças e no papel do professor como mediador do conhecimento. Entretanto, é necessário a reflexão do professor sobre sua
  • 15. 15 pratica em sala de aula para despertar nos seus educandos o envolvimento com a literatura infantil.
  • 16. 16 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Diante do que foi refletido, sobre as questões que envolvem este estudo, realizaremos uma discussão teórica sobre as palavras chaves que embasaram o desenvolvimento metodológico e que darão suporte a análise de dados da pesquisa. Neste sentido, a nossa discussão teórica centra-se nos conceitos de Literatura Infantil; Infância e Educação Infantil, Pratica Pedagógica. Palavras-chave: Literatura Infantil; Infância e Educação Infantil, Pratica Pedagógica. 2.1- Literatura infantil: despertando a imaginação e construindo conhecimentos. É uma expressão artística literária que tem como função levar o conhecimento as crianças para que possam transformar sua própria existência. As obras literárias despertam na criança a imaginação, favorece o desenvolvimento da criticidade, ajudando no desenvolvimento social e intelectual. Como afirma Abramovich (1997): Ao ler uma história a criança também desenvolve todo potencial critico. Apartir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de opinião. (p.143)
  • 17. 17 Neste sentido, a literatura infantil desenvolve a criatividade e a criticidade das crianças, através das histórias infantis as crianças viajam no mundo da imaginação. Coelho (2000) enfatiza que: “É do livro a palavra escrita que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens. (p.15) . Ressaltamos que existem vários gêneros de literatura infantil como: contos de fadas, historias bíblicas, poemas, poesias, historias em quadrinhos, lendas, fábulas entre outros. Assim constatamos que a escola tem papel fundamental na construção do conhecimento das crianças. Coelho (2000) pontua: Em face desta realidade concreta e desafiante, torna-se cada vez mais urgente uma nova reflexão sobre educação e o ensino, pois é nessa área que os novos princípios ordenadores da sociedade serão definidos, equacionados e transmitidos a todos, para que uma nova civilização se construa num amanhã próximo (ou longínquo). (p.15). A literatura abre oportunidades para que as crianças despertem o gosto pela leitura, vivenciando situações reais que possibilitarão uma maior interação entre o leitor e o texto e de acordo com Bettelheim (1996): Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e tornar suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações, reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam... (p.13). Compreende-se assim que a literatura proporciona prazer, lazer e encantamento. Os textos literários tais como os contos de fadas apesar de retratarem o contexto socioeconômico da Europa Medieval, também têm seu espaço na educação infantil, pois apresentam problemas sociais como: o medo, o amor, a dificuldade de ser criança, a vida e morte. Visto que:
  • 18. 18 É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve... (ABRAMOVICH, 1997, p. 17) De acordo com a autora percebemos que a Literatura Infantil desperta nas crianças sentimentos importantes no desenvolvimento social. Segundo Coelho (2000), ao privilegiarmos os estudos literários, estaremos estimulando o exercício da mente bem como “a percepção do real em suas múltiplas significações, a consciência do eu em relação ao outro, a leitura de mundo em seus vários níveis” (p.16). Neste sentido a literatura infantil pode ser considerada como um significativo no processo de construção do conhecimento infantil, capaz de despertar a curiosidade de conhecer o mundo a sua volta. Através do contato com textos literários as crianças terão oportunidade de criação e recriação da realidade como forma de enriquecimento social e intelectual. Sendo assim o professor deve saber contar histórias primeiramente conhecer e envolver-se em cada história expressando sentimentos verdadeiros que estão contidos nos textos infantis. Como afirma Abramovich (2005): ... ler o livro antes, bem lido, sentir como nos pega, nos emociona, nos irrita... Assim, quando chegar o momento de narrar a historia, que se passe a emoção verdadeira, aquela que vem lá de dentro, lá do fundinho, e que, por isso, chega no ouvinte... (p.20) O professor pode contar os mais diversos tipos de história desde que já conheça e domine a contação de histórias, fazendo com que seus alunos envolvam-se e participem das histórias que são contadas. Para isso é necessário que o professor deixe seus alunos bem a vontade só depois começar a contar histórias.
  • 19. 19 2.2- Compreendendo a Infância e a Educação Infantil O conceito de infância é traduzido como fase do desenvolvimento do ser humano em que a criança constrói seu conhecimento social. De acordo com Stein Berg (2001): (…) a criança é uma criação da sociedade sujeita a mudar sempre que surgem transformações mais amplas. O apogeu da infância tradicional durou aproximadamente de 1850 a 1950. Durante esse período, protegido dos perigos do mundo adulto, as crianças foram retiradas e colocadas em escolas. A medida em que o protótipo da família moderna se desenvolveu no final do século XIX, o comportamento apropriado dos pais para com os filhos se consolidou em torno de noções de carinho e responsabilidade do adulto para o bem estar da criança.(p.12). Antigamente a criança era vista como um ser inocente, ingênuo, dependente do adulto e sem participação da sociedade, um adulto em miniatura. É neste contexto que Santos (1999) afirma que: A criança, ao longo da historia e da evolução do homem, nem sempre foi considerada como hoje é. Antigamente ela era caracterizada como um ser ingênuo, inocente, gracioso ou ainda imperfeito e incompleto. Estas noções se constituíram em elementos básicos que fundamentaram o conceito de criança, entendido como um ser “sem existência social, miniatura do adulto, abstrata e universal”. Portanto, um conceito que independe da cultura ou classe social. ”(p.9). A construção do conhecimento da criança se dá através da interação com outros indivíduos, essa interação possibilitará a troca de conhecimentos e a aquisição de novas experiências. Desse modo, Oliveira (1992) afirma que: A criança constrói assim conhecimentos conforme estabelece relações que organizam e explicam o mundo. Isso envolve assimilar aspectos dessa realidade, apropriando-se de significados sobre a mesma através de processos ativos de interação com outras pessoas e
  • 20. 20 objetos, modificando ao mesmo tempo sua forma de agir, pensar e sentir (p.51). A infância é uma etapa importante para o indivíduo. Pois através dela o indivíduo forma o seu caráter e sua personalidade. A literatura infantil cumpre a missão de transformar socialmente a criança com sua função de fazê-la pensar criticamente. Neste sentido, para Kramer (2005): Estudos contemporâneos sobre infância enfatizam que a criança é um sujeito social, que possui historia e que alem disso, é produtora e reprodutora do meio no qual está inserida, atuante, portanto, como produtora de historia e cultura. (p.133). A criança é um ser social e é função da escola compreender e respeitar seus pontos de vista e suas diversidades buscando adaptar-se a ela. Conforme Kramer (1992), a criança não deve ser “(...) encarada como se fosse a histórica e como seu papel social e seu desenvolvimento independessem das contribuições de vida, da classe social e do meio cultural de sua família. (p.23). Fica evidenciada então que a leitura é de fundamental importância no aprendizado da criança, pois através dela a criança faz a interpretação do meio social em que vive. A educação infantil é a primeira etapa escolar do indivíduo e tem como objetivo o desenvolvimento integral da criança, como afirma a LDB em seu artigo 29: A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seus seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicologico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. De acordo com a lei, a educação infantil deve ser oferecida em creches para crianças de 0 a 3 anos, e em pré escolas para crianças de 4 e 5 anos, porem
  • 21. 21 não sendo obrigatória. A educação infantil surge no Brasil com as creches que tinham como função um atendimento assistencialista oferecido como forma de apoio aos pais que tinham que trabalhar. Nessas instituições as crianças não recebiam uma educação de qualidade, o atendimento era de forma precária, inadequada ao desenvolvimento integral das crianças, pois não tinham uma concepção de educação, apenas de guarda e cuidado dessas crianças. Com o novo conceito de infância muda-se o atendimento às crianças, as instituições passam além de ter um caráter assistencialista, de guardar, cuidar e alimentar, a ter uma formação educativa respeitando seus aspectos sociais, psicológicos, físicos e intelectuais como afirma Fazenda (1991): (…) um novo papel para o ensino pré-escolar é oferecer condições propicias, oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar-se, socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar situações de conflito dos mais diversos, apropiando-se do processo de aprendizagem como sujeitos de sua historia. (p. 35). A educação infantil busca proporcionar à criança o desenvolvimento pleno e a construção da aprendizagem para torná-la crítica, possibilitando a construção de sua própria identidade. Na educação infantil a literatura é de grande importância para a construção do conhecimento da criança. Neste sentido, Kramer (2001) afirma que: A pré- escola serve para propiciar o desenvolvimento infantil considerando os conhecimentos e valores culturais que as crianças já têm e progressivamente, garantindo a aplicação dos conhecimentos, de forma a possibilitar a construção da autonomia (…) contribuindo, portanto, para a formação da cidadania. (p.50). As crianças são seres em desenvolvimento e com características diferentes. Cabe ao adulto compreender o mundo infantil considerando sua singularidade, respeitando sua capacidade afetiva, emocional, cognitiva, social e individual. É nesta perspectiva que o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) afirma que:
  • 22. 22 Considerar que as crianças são diferentes entre si implica propiciar uma educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem suas necessidades e ritmos individuais, visando ampliar e enriquecer as capacidades de cada criança considerando como pessoas singulares e com características próprias. (p. 32,33). É necessário que a escola trabalhe com a leitura a partir da educação infantil através de atividades lúdicas que despertem a criatividade e a criticidade. Ao possibilitarmos vivencias com a leitura e escrita, consideramos “sua relevância e significado para a vida da criança”, mas também como “algo que se torne uma necessidade para ela e que lhe permita refletir sobre a sua realidade e compreende-la. (GARCIA, 2003, p.94). Neste contexto, faz-se necessário uma educação que ofereça à criança a compreensão de si e da realidade em que está inserida reconhecendo o contexto social e cultural desta, na tentativa de uma educação significativa. Neste sentido o professor exerce um papel fundamental na educação infantil que consiste num papel importante desta pesquisa. . 2.3- Prática Pedagógica e Educação Infantil O papel do professor de Educação infantil é o de mediador de conhecimentos, ele não ensinará o conteúdo pronto e acabado, mas sim irá auxiliá-lo na percepção de mundo, pois, segundo Marcuchi (1986) diz: ”O certo que ler e escrever são hoje duas práticas sociais básicas em todas as sociedades letradas, independentemente do tempo médio com elas despendido e do contingente de pessoas que as pratica. (p.39)”.
  • 23. 23 Entende-se que a pratica do professor seja criativa possibilitando assim ao aluno o seu autoconhecimento e o acesso ao mundo da leitura e escrita que caracteriza a sociedade em que vive. É neste contexto que aparece a formação de professores que é de extrema importância na qualidade da educação infantil. Essa preocupação inicia-se apartir da década de 1980 com a abertura de outro momento na historia dos pais, encerrando o período da ditadura militar é “... a ruptura com o pensamento tecnicista que predominava na área (FREITAS, 2002 p.2), o Brasil começa a buscar rumos para a elaboração de outro projeto político idealizado pelos educadores, no momento da formação. Dessa forma para que o professor desenvolva sua capacidade de ensinar na Educação infantil é necessário que ele tenha uma formação sólida e especifica: A formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e instituições superiores de educação admitida como a formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (BRASIL, 2006, p.52). Assim percebemos a formação especifica garantida pela LDB que estabelece como preceito ao menos a formação na modalidade normal em nível médio para os profissionais da educação infantil. Sabemos, portanto, que amparado na LDB 9394/96, a sociedade brasileira reestrutura seus sistemas educacionais, com o objetivo de acompanhar o processo de avanços da tecnologia, globalização da economia e mudanças das interações sociais. Tal discussão é analisada por Cury (1996): A formação inicial de professores como a preparação profissional passa a ter papel crucial na própria organização da educação nacional não só por ser um momento de entrelace entre o nível básico e o superior, mas também pode representar o momento de
  • 24. 24 inserção qualificada na escolarização, hoje cada vez mais necessária (p.40). Neste contexto, o professor será um mediador consciente de seu papel que possibilitara o desenvolvimento das capacidades das crianças, utilizando-se da literatura infantil como meio para que seus educandos expressem seus pensamentos e sentimentos, proporcionando a reflexão e recriação da realidade. Sobre essa questão Lajolo (2002). A escola conta com a literatura infantil para difundir-ataviados pelo envolvimento da narrativa, ou pela forma encantadora dos versos-sentimentos, atitudes e comportamentos que lhe competem inculcar em sua clientela (p.66). Portanto o educador deve propiciar aos seus alunos o contato com diversos livros e textos literários possibilitando assim a oportunidade de desenvolver seus conhecimentos e pontos de vista diversos. Entretanto, para que os alunos despertem o gosto pela leitura cabe ao professor ser um assíduo leitor. Sobre esta questão Costa (2006), afirma que: “cabe, portanto, ao professor que trabalha com textos e leituras promover progressos constantes dos seus alunos juntamente com a evolução pessoal de leituras e conhecimentos.” (p.23). Assim é tarefa do educador facilitar o aprendizado dos seus alunos através de uma pratica educativa envolvente que trabalhe com a literatura infantil todos os dias através de atividades que prendam a atenção dos alunos.
  • 25. 25 CAPÍTULO III 3. PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia é o processo pelo qual se pode alcançar um fim determinado. Como afirma Minayo (2003): “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilita a construção da realidade é o sopro divino, do potencial criativo do investigador.” Desta forma, a pesquisa está ligada as bases qualitativas, através de instrumentos que possibilitaram ao pesquisador uma compreensão sobre o objetivo da pesquisa. Diante disso optou-se pela pesquisa qualitativa uma vez que esta nos propicia, enquanto pesquisador, vivenciar critérios de qualidade tomando como base a entrevista semi estruturada que nos possibilita compreender o que os sujeitos dizem e pensam sobre o tema pesquisado. Ludke e André (1986) expressam: È cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área de educação vêm demonstrando pelo uso das metodologias qualitativas. Apesar da crescente popularidade dessas metodologias, ainda parecem existir muitas duvidas sobre o que realmente caracteriza uma pesquisa qualitativa, quando é ou não é adequado utilizá-la e como se coloca a questão do rigor cientifico nesse tipo de investigação. (...) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. A pesquisa qualitativa supõe contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está inserida (...) (p.11). Sendo assim é necessário que o pesquisador esteja em contato com os sujeitos da pesquisa. 3.1 Tipo de pesquisa
  • 26. 26 A pesquisa realizada é de cunho qualitativo, pois segundo Bogdan e Beklin (1987): “A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com situações estudadas, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar as perspectivas dos participantes”. (apud LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 13). A pesquisa qualitativa foi escolhida, pois embasa-se no contato direto com o pesquisador, através da troca de informações entre o pesquisador e o pesquisado na busca de novos conhecimentos. A pesquisa qualitativa proporciona ao pesquisador a capacidade de interagir e ouvir atentamente as informações obtidas, coletando fatos relatados pelos os sujeitos que vivenciam uma determinada realidade, e assim, possibilitando ao mesmo interpretar os significados que são atribuídos a realidade em que os sujeitos estão inseridos. 3.2 Locus e sujeitos da pesquisa. A presente pesquisa foi realizada na Escola Estrela do Amanhã no município de Senhor do Bonfim-BA. Localizada na Rua José Coelho, Bairro Olaria. Escolhemos essa instituição por estar localizada na comunidade onde moro, onde moram pessoas de classe baixa e que possui alguns problemas de classes sociais como uso de drogas ilícitas, alcoolismo, gravidez precoce e extrema pobreza. A Escola Estrela do Amanhã está localizada na Rua José Coelho, sem número, Olaria sendo um estabelecimento de ensino privado em um bairro periférico da cidade que recebe alunos da comunidade e das localidades circunvizinhas. A instituição atende a 100 alunos divididas em 6 turmas, funcionando nos turnos matutino e vespertino. O estabelecimento possui 03 sanitários, 01 para os funcionários e 02 para os alunos, 01 cozinha, 05 salas de aula, 01 secretaria, 01 sala de leitura. O corpo funcionário é composto por 6 professoras de Educação Infantil , 02 auxiliares de classe e 02 auxiliares de serviço gerais.
  • 27. 27 Para a realização desta pesquisa tivemos como sujeitos da pesquisa os 05 professores atuantes na instituição. Inicialmente convidamos os professores para a participação da nossa pesquisa e explicamos o nosso objetivo a ser desenvolvido na presente instituição e o quanto desejávamos a colaboração de todos para a realização do nosso trabalho. 3.3 Instrumentos de coleta de dados Para alcançar os objetivos desta pesquisa utilizamos como instrumentos de coleta de dados o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada que nos possibilitou identificar as contribuições da literatura infantil na Educação infantil. Sendo assim é necessário que o pesquisador esteja em contato com os sujeitos da pesquisa. 3.3.1.1 Questionário Fechado Visando traçar o perfil dos sujeitos optarmos pelo questionário fechado em anexo, pela necessidade de obtermos dados que nos possibilitasse descrever o perfil dos sujeitos em seus aspectos sócio-econômicos educacionais, uma vez que o questionário fechado apresenta-se como instrumento prático que nos garante respostas diretas.e neste sentido o questionário auxiliou no alcance do nosso objetivo: Identificar a importância da Literatura Infantil na pratica docente. Como nos afirma Marconi e Lakatos (1996) o questionário fechado é “um instrumento de coleta de dados constituído por uma ordenada de perguntas que deve ser respondido por escrito e sem a presença do pesquisador” (p.88). 3.3.2.1 Entrevista Semi-Estruturada
  • 28. 28 A entrevista semi-estruturada proporciona ao pesquisador a obtenção de informações através do dialogo, das novas revelações sobre suas experiências vivenciadas no ambiente pesquisado. A entrevista é de grande valia na aquisição de dados na pesquisa qualitativa, constituindo-se como instrumento que permite o contato com o entrevistado. Para Trivinos (1987) a: (...) entrevista semi-estruturada, em geral aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias; hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida oferece amplo campo de interrogativas, fruto de nossas hipóteses que vão surgindo á medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espotaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (p.146). Assim a entrevista semi-estruturada em anexo dá possibilidades ao pesquisador de interpretar cada gesto e atitude de forma minuciosa cada resposta, cada resposta, cada expressão apresentada na fala do pesquisado, que servirá de dado a ser também analisado juntamente com o conteúdo da entrevista.
  • 29. 29 CAPÍTULO IV 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Neste capítulo apresentaremos a análise e interpretação de dados, que buscou analisar as contribuições da Literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes da Escola Estrela do Amanhã. Sendo assim, na coleta de dados norteada pela abordagem da pesquisa qualitativa, utilizamos com instrumentos o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada aplicados aos sujeitos da pesquisa, ou seja, cinco professoras da educação infantil do referido lócus. Ressaltamos que nossas análises foram embasadas nos teóricos que fundamentaram as palavras-chave, através do cruzamento dos dados. Para melhor estruturação desta etapa, estabelecemos categorias com os pontos mais relevantes tendo em vista o objetivo proposto. 4.1 Perfil dos sujeitos Apresentamos o resultado do questionário fechado, que buscou traçar o perfil dos sujeitos, tomando como base itens que nos levaram a uma reflexão sobre a prática pedagógica vinculada a literatura-infantil. 4.1.1 Gênero Nossos sujeitos são as cinco regentes de Educação Infantil da escola Estrela Amanhã no turno vespertino. Conforme dados coletados percebemos que 100% são do sexo feminino. Essa informação demonstra que a presença das mulheres na educação, principalmente na Educação Infantil pode ser atribuída ao paradigma histórico,
  • 30. 30 no qual a maternidade e o cuidar eram fatores determinantes nesta etapa da educação, a partir de uma visão assistencialista e tradicional da educação infantil. Segundo Machado (1991) caberia a instituição substituir a mãe cuidando da criança, alimentando e cuidando de sua higiene, saúde com muito rigor. “[...] a soma desses elementos seriam responsáveis pela formação adequada das crianças preenchendo a lacuna deixada pela mãe ausente, até que aos sete anos eles ingressassem no sistema escolar vigente”. (p. 17). Desde primórdios essa função assistencialista foi atribuída à mulher. Portanto, com o surgimento das creches o intuito era primordialmente o cuidar das crianças, papel atribuído às mulheres. Essa realidade nos leva a refletir sobre o papel da mulher principalmente na Educação Infantil Como afirma Kramer (1992): O gênero como constitutivo das relações sociais e apontando marcas de uma socialização orientada por modelos de papeis sexuais dicotimizados e diferenciados, em que a socialização feminina tem como eixos o trabalho domestico e a maternagem (p.87). De acordo com o que afirma a autora, ao longo da história as mulheres sempre estiveram presente na Educação Infantil sendo responsáveis pela formação das crianças. 4.1.2 Nível de formação Quanto à escolaridade percebemos que 60% das entrevistadas têm o ensino médio completo e somente 40% possui o Ensino superior incompleto. O curso das professoras é na área de Pedagogia. Estes dados demonstram uma carência formativa das profissionais da Educação Infantil tendo em vista que essas professoras, em sua grande
  • 31. 31 maioria, possuem apenas nível médio. Acreditamos que esta realidade pode implicar diretamente na formação do aluno. Nesse sentido: Fazenda (1991) afirma que: Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16). A LDB promulgada em 1996 estabeleceu um prazo de dez anos para que apenas professores habilitados em nível superior sejam admitidos para lecionar na Educação Infantil e de 1ª a 4ª nas séries do ensino fundamental. Desta forma percebemos mais uma vez que em nosso país as leis são criadas objetivando maior qualidade na educação, no entanto, não são cumpridas principalmente quando essa realidade faz parte de uma escola privada em um bairro periférico da cidade. 4.1.3 Carga horária de trabalho Percebemos que 100% das entrevistadas trabalham 40 horas semanais. Este é um reflexo do não reconhecimento profissional dos professores que há muito tempo lutam por melhores condições de trabalho e aumento salarial. O professor se vê muitas vezes obrigado a trabalhar uma carga horária elevada para adquirir maior rentabilidade financeira e poder arcar com suas despesas pessoais. Sabemos que a carga horária de 40 horas reduz o tempo do professor para planejar as suas atividades impossibilitando que o profissional desempenhe melhor a sua função. “os trabalhadores e as trabalhadoras da educação vivem também em um estado de permanente antinonímia existencial” (GENTILI, 2008, p.11). Percebemos que na escola pesquisada os professores devido ao
  • 32. 32 baixo salário necessitam trabalhar 40 horas para complementar a sua renda mensal. Sendo assim Angotti (2001) afirma que: o exercício da profissão exige que: O professor tenha elementos para proceder à análise, reflexões e avaliações referentes ao seu próprio fazer, encontrando novos caminhos qualitativamente diferente para efetivação de um trabalho docente, reflexivo e orientado por um projeto de educação pré- escolar. (p. 55) E para que este exercício seja efetuado qualificadamente é necessário que o professor disponha de tempo para elaborar suas aulas como também para investir na sua formação. 4.1.4 Renda mensal Identificamos que 60% das professoras recebem um salário mínimo e somente 40% meio salário. O salário dos professores está abaixo do piso nacional para o magistério que é de R$ 1.451,00. A diretora da escola justifica que por ser uma escola de pequeno porte, tem pouco tempo que funciona e que o valor das mensalidades não são o suficiente para pagar o valor determinado pelo piso nacional. Libanêo (2004) afirma que: O professorado diante das novas realidades e da complexidade de saberes envolvidos presentemente na sua formação profissional precisaria de formação teórica mais aprofundada (...) além, obviamente, da indispensável correção dos salários, nas condições de trabalho e de exercício profissional (p.76). Ressaltamos que a baixa renda mensal pode ser também um reflexo do nível de formação desses profissionais.
  • 33. 33 4.2 O que dizem as professoras: análise e interpretação da entrevista semi-estruturada Ao analisarmos os resultados das entrevistas buscamos, nas respostas apresentadas pelas colaboradoras, conhecer os significados que a literatura infantil representa na vida de cada sujeito e da leitura que fizemos dessas entrevistas surgiram as unidades de análise que trataremos a seguir. Salientamos que a entrevista foi gravada e transcrita, para melhor análise e compreensão dos dados coletados. 4.2.1 As histórias infantis: as experiências vivenciadas pelas professoras na sua prática diária. Ao perguntarmos às professoras se gostam de literatura infantil todas as respostas foram positivas, só variam as justificativas. Sentimos que a maioria ler para ter um maior domínio na contação de histórias e por ser mais uma exigência da escola como afirma a P1 1: “... trabalho com os contos infantis para ter domínio na contação de historias infantis”. A professora não deixa transparecer que gosta de contar histórias infantis, mas sim, que tem a necessidade de conhecer para usar em sua prática pedagógica. No entanto, percebemos nas falas das docentes P2 e P5 que elas trabalham com a literatura infantil porque gostam e tem prazer em contá-las. Gosto de contar histórias e sempre que conto me envolvo nelas, eu sempre estou lendo historias infantis.P2 Gosto de histórias infantis desde criança, pois tive contato na infância com contos infantis. P5 1 Utilizaremos a letra P maiúscula seguida de números crescentes para identificar e ocultar a identidade das professoras.
  • 34. 34 Desse modo observamos que a literatura infantil faz parte da vida delas e que se envolvem e se encantam contando histórias infantis. Os presentes relatos se aproximam do que fala Abramovich (1997) quando enfatiza que ler histórias infantis: (...) É poder ler sorrir e gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou do jeito de escrever dum autor e, então ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... (p.17). Percebemos que as docentes P2 e P5 lêem por prazer, pois tiveram um contato maior com a literatura infantil na infância, no depoimento afirmam que começaram a gostar da literatura infantil na escola, pois eram trabalhados contos infantis que despertou a oportunidade de conhecer e vivenciar situações reais através da fantasia. 4.2.2 O hábito de ler livros infantis Quando questionadas sobre o hábito de ler livros, todas responderam que lêem sempre livros infantis. Só uma das pesquisadas que afirmou que ler somente para seus alunos, porque não tem tempo para ler histórias infantis. Leio só quando é necessário para meus alunos, pois não tenho tempo de ler histórias infantis. P4 Observamos que a docente apesar de achar a leitura necessária na pratica do professor não tem o hábito da leitura diária, por afirmar que desempenha duas funções na escola, de diretora e professora. Para nos tornarmos leitores assíduos precisamos “criar tempo” para a leitura para que possamos passar esse hábito para os nossos alunos, pois os professores são exemplos para seus alunos e a escola tem como papel fundamental trabalhar a leitura desde a infância.Ter o costume de ler textos
  • 35. 35 literários é enriquecedor, pois possibilita a construção de conhecimentos, da interpretação da realidade. A literatura infantil é importante, pois através dela a criança desenvolve-se cognitivamente e psicologicamente. P5. Assim o hábito de ler histórias é percebido como uma atividade do desenvolvimento das crianças pequenas. Tal atitude se aproxima do que afirma Coelho (2000): Chega-se a conclusão de que o professor precisa estar “sintonizado” com as transformações do momento presente e reorganizar seu próprio conhecimento ou consciência de mundo, orientado em três direções principais: da literatura (como leitor atento), da realidade social que o cerca... E da docência (como profissional competente). (p.18). Desse modo, a literatura possibilita a construção do conhecimento através da criação da realidade, além de ser prazeroso e levar a criança à fantasia e a emoção com as histórias infantis. 4.2.3 Compreensão das docentes sobre literatura infantil Buscamos através da análise das falas das professoras discorrer sobre a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica da Educação Infantil. Quando questionadas se consideram a Literatura Infantil como influenciadora no desenvolvimento das crianças as pesquisadas responderam: Sim, pois contribui para o aprendizado da criança. P1 Sim, elas aprenderem a contar e recontar as histórias que eu conto. P2 Sim, desenvolve a linguagem, a escrita, e eles aprendem a lição de moral das histórias. P3
  • 36. 36 Depende da maneira como é aplicada se você procura uma literatura que vai despertar algo no aluno é benéfico. P4 Sim é importante, pois, através da leitura é que a criança se desenvolve. P5 Percebemos nas falas das professoras que estas conhecem a importância da literatura infantil no desenvolvimento da criança considerando como um meio estimulador do aprendizado. Nas falas das professoras observamos que a literatura contribui no aprendizado desenvolvendo a linguagem, a escrita, estabelecendo valores que irão contribui na formação da personalidade do aluno. Identificamos que as professoras gostam da literatura infantil e conhecem a verdadeira importância da literatura, tendo em vista que esta ferramenta favorece a aquisição do conhecimento, tendo a oportunidade de vivenciar novas experiências através do mundo da leitura. Como afirma Coelho (2000): “No contato com a literatura, os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria existência de vida, em um grau de intensidade não igualada por nenhuma outra atividade. (p.29). 4.2.4 O momento da Literatura Infantil no plano semanal Ao serem questionadas se existia um momento especifico para a literatura em seu plano de aula semanal, 80% das professoras responderam positivamente, e somente 20% deu resposta negativa, desconsiderando a importância da literatura em sua pratica diária. Sim, sexta-feira é a recreação. P1 Não, é aleatoriamente. P2 Sim na sexta-feira. P3 Sim, como recreação na sexta-feira. P4 Sim na sexta-feira. P5
  • 37. 37 Observamos que na maioria dos casos as professoras trabalham a Literatura Infantil em sala de aula e afirmam possuir um dia no plano semanal reservado para o conto de histórias infantis. Somente uma professora disse que não tinha um momento especifico em seu plano de aula. Ela afirmou que conta histórias para seus alunos quando sente vontade, no dia que ela quer. Através da respostas observamos que as docentes têm o conhecimento da importância da Literatura Infantil, no entanto, não trabalham com a Literatura Infantil diariamente tratando-a com um mero sentido recreativo, como um passatempo nas sextas-feiras, distanciando-se do verdadeiro sentido da literatura infantil na vida das crianças. 4.2.5 História preferida pela turma Os textos literários dividem-se nas seguintes modalidades de textos: os contos de fadas, as histórias infantis contemporâneas, as fábulas, as histórias bíblicas, as lendas, poesias e prosas. Assim é importante que o professor tenha o conhecimento desses diversos tipos de textos infantis para que possa contar para seus alunos de acordo com seu interesse. Para que o professor estimule a leitura, primeiramente é necessário que ele goste de ler e busque sempre histórias novas para ler para seus alunos, conhecendo seus interesses e respeitando sua faixa etária. Questionadas sobre o gosto da turma sobre as histórias infantis as respostas foram diversas. João e pé de feijão, Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos. P1 Chapeuzinho vermelho, A branca de neve. P2 As historias bíblicas. P3 As meninas Barbie, Monica e os meninos Pato Donald o que é relacionado às histórias em quadrinhos. P4
  • 38. 38 Branca de neve. P5 Percebemos através dos depoimentos que as crianças preferem mais os contos clássicos universais como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Os três porquinhos e também as histórias bíblicas, isso fica evidenciado nas falas de P2, P3 e P5. Só duas professoras, P1 e P4, afirmam que os alunos não gostam muito de ouvir histórias segundo elas seus alunos só gostam de histórias dramatizadas. Percebemos também o preconceito existente na fala das professoras ao escolherem os tipos de histórias a serem contadas para os alunos, elas não contam histórias e que tenham negros como protagonistas. Conforme Oliveira (2001): O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é fundamental a busca, a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando o que a sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67). Para isso o professor tem que ter uma preparação para contação de histórias, pois as histórias dramatizadas prendem mais a atenção dos alunos, levando a imaginação e a fantasia. Para Abramovich (1997): “Os contos de fadas são tão ricos que tem sido fonte de estudos para psicanalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua interpretação e se aprofundando no seu eixo de interesse”. (p.121) Percebemos a riqueza das histórias infantis ultrapassando barreiras, desenvolvendo a criatividade, encantando a vida das crianças. Os contos de fadas são importantes também, pois sempre tem uma lição de moral que ajudam as crianças a solucionarem seus problemas.
  • 39. 39 Apenas uma entrevistada, P3, respondeu que as histórias que seus alunos mais gostavam eram as histórias bíblicas. Compreendemos que essa afirmação está relacionada ao fato de que a dona da escola é evangélica e trabalha com um projeto sobre as histórias bíblicas Nesse contexto é que o professor deve conhecer a história que seu aluno gosta para ser contada de maneira interessante e que levem seus alunos para selecionarem os livros de sua preferência. Ao analisarmos as falas pudemos constatar que as crianças gostam e se interessam pelas histórias infantis. Portanto, a literatura infantil precisa ser utilizada de forma lúdica, pois dessa forma despertará o interesse fazendo com que participem das histórias 4.2.6 O interesse das crianças pela Literatura Infantil Desde a infância é importante o contato da criança com a literatura infantil, portanto, a escola tem como papel fundamental inserí-las nesse contato com a leitura, por isso é imprescindível ter um acervo completo com diversos tipos de gêneros literários. Na perspectiva de sabermos se os alunos demonstram interesse pela Literatura Infantil perguntamos as professoras se as crianças sentem interesse por esta ferramenta educativa. A maior parte das professoras afirmou: Sim, principalmente os clássicos universais. P1 Em parte eles gostam mais de assistir do que ouvir histórias infantis. P2 Sim eles gostam mais quando são dramatizadas. P3 Mais ou menos só historias do interesse deles. P4 Sim eles sempre ouvem quando estou contando. P5 Ao analisarmos as falas pudemos constatar que as crianças gostam e se interessam pelas histórias infantis. Portanto, a literatura infantil precisa ser
  • 40. 40 utilizada de forma lúdica, pois dessa forma despertará o interesse fazendo com que participem das histórias. É necessário que o professor seja um artista no momento da contação de histórias para que assim possa chamar atenção dos alunos envolvendo-os nas histórias contadas. Como afirma Bettelheim (1996) “para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade” (p.13). acreditamos que três pontos são fundamentais para despertar o gosto da leitura: o professor gostar de ler, os alunos selecionarem os livros de leitura de acordo com seus gostos e o professor saber contar histórias ludicamente prendendo a atenção dos seus alunos. 4.2.7 A metodologia usada para trabalhar com a literatura infantil em sala de aula Percebemos que as professoras usam vários tipos de estratégias para exporem a Literatura Infantil em sala de aula através de histórias contadas, DVD, dramatizações. Ao serem questionadas sobre a forma como trabalham com os textos infantis elas responderam da seguinte forma: Conto histórias, eles assistem DVD, trabalho também contando historias com fantoches. P1 Leio as histórias e depois mando eles recontarem e dramatizarem a história. P2 Lendo as historias e depois mandando eles dramatizarem. P3 Exposições teatrais, fantoches, dedoches infantis sempre procurando uma maneira de atrair a atenção das crianças. P4 Através de figuras, teatros e fantoches dessa forma fica mais interessante contar historias. P5 As professares planejam suas aulas de acordo com o interesse dos seus alunos procurando sempre diversas maneiras de contar histórias não só da
  • 41. 41 forma tradicional, mas através de DVD, fantoches, dedoches, teatro. Elas usam vários tipos de recursos para atrair a atenção de seus alunos. Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encape esse lado. É precisar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa a gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou a aval pra vontade e descoberta ou pro crescimento de ninguém. (ABRAMOVICH 1995, p.148). Diante desse contexto, acreditamos que podemos trabalhar com diversas metodologias, tornando a literatura infantil mais atrativa e prazerosa. Acreditamos que é importante o professor estar inovando sua pratica pedagógica através de metodologias que favoreçam a contação de historias. Entretanto se o professor não buscar aprimorar seus conhecimentos sua pratica ficara descontextualizada.
  • 42. 42 5. CONSIDERAÇOES FINAIS Compreendemos que a escola precisa trabalhar com a literatura infantil desde as series iniciais, pois esta contribui para o desempenho social da criança. No inicio da vida escolar, já na educação infantil é necessário introduzir textos que despertem o gosto pela leitura, tornando-se um hábito. Neste sentido Damke (1995) afirma que: (...) uma escola democrática em que pratique uma pedagogia da pergunta, em que se ensine e se aprenda com seriedade, mas que a seriedade jamais livre sisudez. Uma escola em que ao se ensinarem necessariamente os conteúdos, se ensine também a pensar certo (p.24). Aos professores cabe a missão de trabalhar em suas aulas com a literatura infantil fazendo com que seus alunos se envolvam com as histórias, participando, opinando, recontando, ilustrando para que através dessa prática possam desenvolver sua criatividade e seus dons artísticos. O educador alegando que seu tempo é pouco para ler acaba sempre induzindo os seus educandos a lerem os mesmos livros, tornando esse momento que deveria ser prazeroso em uma árdua obrigação. Como afirma Abramovich (1997), a literatura na escola: (...) se for mais uma lição de casa, a gente bem sabe no que é que dá (...) cobrança nunca foi passaporte ou aval pra vontade, descoberta ou pro crescimento de ninguém... (p.148). Na maioria das vezes também, os professores tratam a literatura infantil como uma atividade recreativa, que sempre é feita nas sextas-feiras ou então como dever de casa sem importância, desconsiderando essa atividade como a ampliação do gosto pela leitura na vida da criança. Na fase de desenvolvimento da criança a literatura infantil é um ponto crucial no desempenho das habilidades das crianças, para que adquiram
  • 43. 43 conhecimento de uma forma prazerosa. Cabe ao professor, estimular a prática da leitura com aulas inovadoras que possibilitem aos seus alunos uma leitura ampla de mundo. Já no sentido social é de suma importância a literatura infantil, pois através dela as crianças aprenderão a interagir socializar-se e expressarem-se com facilidade. Desse modo, abre a possibilidade da criança perceber o mundo através da palavra ao influenciar o desenvolvimento da aprendizagem. Neste sentido percebe-se que é necessário o professor refletir sobre a sua prática educativa com intuito de transformá-la em uma prática significativa, proporcionando às crianças um contato com os livros e atividades de leitura. O contato das crianças com a Literatura desde a Educação infantil é impreencendivel no desenvolvimento motor, cognitivo, social. A criança desde cedo deve ter contato com livros infantis para poder desenvolver o gosto pela leitura, escrita e desenvolver diversas potencialidades. Sendo assim cabe ao professor estar constantemente trabalhando com a Literatura Infantil em sala de aula, levando as crianças a expressarem seus sentimentos, opiniões e despertando sua criatividade. A forma como o professor concebe a Literatura Infantil influencia na sua prática diária. É importante que o professor tenha formação necessária para trabalhar a Literatura Infantil em sala de aula. Entre as cinco professoras, sujeitos dessa pesquisa, duas estão cursando o Pedagogia, e as outras três só possuem magistério que não lhes da embasamento para trabalhar com Educação Infantil, pois o curso de magistério era voltado para ensinar series inicias e não Educação Infantil. A formação do professor influencia muito em sua prática, pois os professores sem formação muitas vezes não tratam a Literatura dentro de um contexto atualizado e pedagógico, mas como um divertimento sem importância, um passatempo que nas sextas-feiras não permitem as crianças vivenciarem a
  • 44. 44 Literatura Infantil em suas vidas, despertando a imaginação e desenvolvendo a criatividade. A maioria das docentes apesar de conhecerem e evidenciarem em suas falas a importância da Literatura Infantil tanto no aspecto social, cognitivo e psicológico, percebemos ainda que os discursos não condizem com a prática das pesquisadas que falam que a Literatura Infantil é importante na formação da criança, no entanto, não trabalham adequadamente em sala de aula. As professoras não fazem a leitura de textos infantis porque gostam e sim como necessidade para dar suporte em suas aulas, tornando a Literatura Infantil um atendimento às normas estabelecidas pelo planejamento semanal.
  • 45. 45 REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. ANGOTTI, Maristela. (organizadora). Educação Infantil: para que, para quem e por quê? Campinas, SP: Ed. Alínea, 2006. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, VOL. 1,2,3, 1998. _______. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.(1996). Apresentação Carlos Roberto Jamil. 10 ed. Rio de Janeiro, DP &, 2006. Legislação Brasileira. COELHO, Nelly Novaes. Teoria, Analise, Didática. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, 2000. COSTA, Marta Moraes da. Literatura infantil. Marta Moraes da Costa.Curitiba: IESDE, 2006. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Atica, 1991. CURY, Carlos Roberto Jamil. A Educação na primeira Constituinte Republicana. In: FÁVERO, Osmar. A Educação nas constituintes brasileiras. Campinas –SP: Autores Associados, 1996, p. 69- 80. DAMKE, I. R. O processo do conhecimento na pedagogia da libertação: as idéias de Freire, Fiori e Dussel. Petrópolis: Vozes, 1995. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes(org). Ta pronto seu lobo? Didática/ Prática na pré escola. São Paulo: Atica, 1991. GARCIA, Regina Leite(Org). A formação da professora- alfabetizadora: reflexões sobre a prática. São Paulo: Cortez 2003. GENTILI, Pablo. Desencanto e utopia: a educação no labirinto dos novos tempos/ Pablo Gentili, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. KRAMER, Sonia. A política da pré-escola no Brasil: A arte do disfarce. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 1992.
  • 46. 46 ____________, Sonia(org) Et.al.Com a pré- escola nas mãos: uma alternativa curricular para a educação infantil. 14ª Ed. São Paulo: Atica, 2005. LAJOLO , Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª Ed. Sao Paulo: Atica, 2002. LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira: Histórias e Histórias. São Paulo: Atica, 2005. LIBANEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissionais docentes. 8ª ED. São Paulo; Cortez, 2004. MACHADO, Maria Lúcia A. Pré escola é não é escola: busca de um caminho. 3ª edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1991 MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa: Planejamento de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 1996. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da Conversação. São Paulo: Ática, 1986. MINAYO,M.D.A.LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, analise e interpretação de dados.3.ed. São Paulo: Atlas, 1996. OLIVEIRA, Zilma de Moraes (org) et al. Creches: Criança faz de conta e Cia. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1992. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos (org) et al . Creches: Criança faz de conta e Cia. 5ª edição. São Paulo: Cortez, 2001. PALO, Maria Jose; Oliveira, Maria Rosa D. Literatura Infantil:Voz de Criança. 3ª Ed. São Paulo: Áica, 2001. STEINBERG, Shirley R. KICHELDE, Joel. Cultura infantil e a construção corporativa da infância. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução a pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo; Atica, 1987. ZILBERMAN, Regina. A literatura na Escola. 6ª Ed. São Paulo: Global, 1987. ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da. Literatura e pedagogia: ponto e contra ponto. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.
  • 47. 47