SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 56
Downloaden Sie, um offline zu lesen
1


           UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
             DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
           CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
   PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS
                    EDUCATIVOS




LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO
                  DE APRENDIZAGEM




           ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS




               SENHOR DO BONFIM - BA
                       2012
2


             UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
               DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
            CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
   PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS
                    EDUCATIVOS




LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO
                  DE APRENDIZAGEM




            ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS




                   Trabalho Monográfico apresentado à Universidade
                   do Estado da Bahia, Departamento de Educação,
                   Campus VII como pré-requisito para a conclusão do
                   Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos
                   Processos Educativos.

                   Orientadora: Prof.ª Msc. Rita Braz Conceição Melo




               SENHOR DO BONFIM - BA
                          2012
3


            ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS




LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO
                  DE APRENDIZAGEM?




              Aprovada em: ____/____/_____



           __________________________________
                       Orientadora


           __________________________________
                       Avaliador(a)


           __________________________________
                       Avaliador(a)
4




Ser feliz é acreditar em Deus. É ser
resiliente diante dos problemas, é
acreditar em dias melhores, é ser autor
e não expectador da própria história. É
agradecer a Deus a cada manhã pelo
milagre     da    vida    e   por     pessoas
maravilhosas que fazem parte de
nossas vidas. À minha mãe e amiga
Florentina Trindade dos Santos, meu
exemplo de coragem, luta e paciência,
aos demais familiares e a todos os
amigos      que      de       certa     forma
colaboraram       pela    conclusão     deste
trabalho.
5


                              AGRADECIMENTOS


      À Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Departamento de Educação -
Campus VII – Senhor do Bonfim – Ba, direção, funcionários e aos professores por
nos proporcionarem momentos de interação, aprendizado, contribuindo para o nosso
crescimento acadêmico.


      À professora, orientadora, Rita Braz, pelo exemplo de profissionalismo,
empenho, amizade, e ensinamentos compartilhados durante o desenvolvimento
dessa pesquisa.


      As professoras e direção do Centro Educacional Edneílda Marques pela
colaboração, e espaço cedido durante a elaboração deste trabalho.
6




“A literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor,
é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo,
o homem a vida, através da palavra. Funde os sonhos e
a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua
possível/impossível realização”.


                                        Nelly Novaes Coelho
7


                                       ABSTRACT




Recently, discussions involving the Children's Literature have been intensifying. Debates in
academia and in other spaces, indicate the need to present it not only as a vehicle for
expression of culture, or ideology, but as a mediator of the teaching-learning process. This
monograph highlights the relevance of this research whose theme is: Children's Literature:
Mero hobby or a learning tool? Aiming to investigate the contribution of literature and child in
the education of children from Early Childhood Teacher Education Center Edneílda Marques.
For realization of this research were made based on theoretical discussions Abromovich
(1997), Aries (1978), Bettelhem (1980), Rabbit (2002, 2003), Kramer (2001), (1993), Sisto
(2007), and others. This paper begins with a brief history of the Children's Literature, focuses
on the importance of listening to stories and contact the child early in the book, outlining
some strategies to develop the reading habit, and also highlights the literature as a way to
open paths for student learning in this context this research is supported / based on a
qualitative methodology, whose instruments of data collection were the questionnaire
enclosed, open questionnaire participant observation as a locus with the school Educational
Center and Professor Marques Edneílda subjects, five teachers early childhood education.
Finally some conclusions, without the slightest pretension of exhausting discussions on the
subject, a few comments aimed at the need to resize the training of teacher, influence agent
continuing education proposal will revitalize the practice of including the Children's Literature
as an educational tool.

Keywords: Children's Literature, Children, Early Childhood Education
8




                                        RESUMO



Recentemente, discussões envolvendo a Literatura Infantil vêm se intensificando. Debates
no meio acadêmico e em outros espaços, sinalizam a necessidade de apresentá-la não só
como veículo de manifestação de cultura, ou de ideologia, mas como elemento mediador
do processo ensino-aprendizagem. Este trabalho monográfico evidencia a relevância desta
pesquisa cuja temática é: Literatura Infantil: Mero passatempo ou um instrumento de
aprendizagem? Tendo como objetivo investigar a contribuição da literatura-infantil na
formação da criança da Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda
Marques. Para efetivação desta pesquisa foram realizadas discussões teóricas
fundamentadas em Abromovich (1997), Aries, (1978), Bettelhem (1980), Coelho (2002,
2003), Kramer (2001), (1993), Sisto (2007), e outros. O presente trabalho inicia com um
breve histórico sobre a Literatura Infantil, enfoca a importância de ouvir histórias e do
contato da criança desde cedo com o livro, esboçando algumas estratégias para
desenvolver o hábito de leitura, além de evidenciar a literatura como forma de abrir
caminhos para a aprendizagem dos alunos Nesse contexto esta investigação é
sustentada/fundamentada numa metodologia de cunho qualitativo, cujos instrumentos de
coleta de dados foram , o questionário fechado, questionário aberto observação participante
tendo como lócus a escola Centro Educacional Professora Edneílda Marques e sujeitos,
cinco professoras da educação infantil. Finalmente as considerações finais, sem a menor
pretensão de esgotar as discussões sobre o tema, alguns comentários visando à
necessidade de redimensionar a formação do pedagogo, influenciar agente da educação
dando continuidade á proposta de revitalização da prática de incluir a Literatura Infantil
como instrumento pedagógico.

Palavras-chave: Literatura Infantil, Criança, Educação Infantil.
9


                                                          SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
CAPÍTULO I.................................................................................................................12
1. UMA VIAGEM AO MUNDO DA INFÂNCIA PARA COMPREENDER O
PROBLEMA.................................................................................................................12
CAPÍTULO II................................................................................................................15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................15
   2.1 Educação Infantil: Reflexões......................................................................................15
   2.2 Literatura Infantil: conceitos, origens e características...............................................16
      2.2.1 A importância de ouvir e contar história..............................................................19
      2.2.2 A formação de alunos leitores                  .......................................................................20
   2.3 A relação criança X literatura ....................................................................................22
      2.3.1 Os processos educativos na infância....................................................................25
CAPÍTULO III...............................................................................................................27
3. METODOLOGIA......................................................................................................27
   3.1 Paradigma da pesquisa ..............................................................................................27
   3.2 Sujeitos........................................................................................................................28
   3.3 Lócus de pesquisa.......................................................................................................28
   3.4 Instrumentos de coleta de dados.................................................................................29
      3.4.1.2 Questionário fechado........................................................................................30
      3.4.1.3 Questionário aberto...........................................................................................31
CAPÍTULO IV..............................................................................................................33
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.........................................................33
    4.1 Perfil dos sujeitos .......................................................................................................33
       4.1.2 Gênero .................................................................................................................34
       4.1.3 Formação..............................................................................................................34
       4.1.4 Rede de ensino em que atua.................................................................................35
       4.1.5 Renda salarial ....................................................................................................36
    4.2 Análise do questionário aberto....................................................................................36
       4.2.1 A importância de trabalhar a literatura infantil na sala de aula............................36
       4.2.2 Freqüência em que a literatura é trabalhada em sala de aula ..............................38
       4.2.3 Quanto ao hábito de leitura do professor ............................................................39
       4.2.4 Compreensão sobre a relação Literatura infantil X leitura .................................41
       4.2.5 Sobre a reação que provoca nos alunos: .............................................................42
       4.2.6 Finalidade atribuída à literatura infantil na sala de aula......................................44
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................47
    REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 49
10




                                  INTRODUÇÃO




      Nos últimos anos a literatura infantil tem sido motivo de muita discussão.
Entendemos que quanto mais cedo oferecer à criança a oportunidade de estar
inserida num ambiente onde houver livros de literatura infantil, ela desenvolverá uma
visão de mundo que contribuirá no seu desenvolvimento. Oliveira (1996, p. 27)
afirma que:


                     A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o
                     leite em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento.
                     Um para o desenvolvimento biológico e o outro, para o desenvolvimento
                     psicológico, nas suas dimensões afetivas e intelectuais.




      A literatura infantil é um fenômeno literário, um veículo de idéias, muitas
vezes utilizado dentro do contexto escolar. Ela possui um envolvimento aos valores
sociais e culturais. Isto justifica vários profissionais de diferentes vertentes do
conhecimento humano, tentar através da sua análise, encontrar subsídios para os
fenômenos de maturação para seu engajamento na sala de aula.



                     Literatura é arte e, como tal, as relações de aprendizagem e vivências que
                     se estabelecem entre ela e o indivíduo, são fundamentais para que este
                     alcance sua formação integral (sua consciência do eu + o outro + o mundo
                     em harmonia dinâmica). (COELHO, 2003, p. 8-9).




      A literatura infantil tem na sociedade uma tarefa de transformação,
desenvolvendo o papel de agente de formação, a partir do envolvimento do leitor
com o livro e nas atividades literárias desenvolvidas na escola. No entanto, ela dá
conta de situações voltada à cultura, de conhecimento do mundo e do ser.


      Este trabalho monográfico cujo tema é Literatura Infantil: Mero passatempo ou
instrumento de aprendizagem? Foi concretizado no decorrer do curso de Pedagogia
sendo fortalecido durante o componente curricular voltado ao tema que deu enfoque
11


à pesquisa. Teve como objetivo investigar a importância da literatura infantil na
formação das crianças da Educação Infantil do Centro Educacional Professora
Edneílda Marques.


      Assim o desenvolvimento deste trabalho está distribuído a partir de reflexões
que aqui se apresentam na seguinte ordem:


      Capítulo I - Traz a problemática do tema proposto, discutindo sobre a
literatura infantil, partindo de sua trajetória ao longo dos tempos e traçando o
caminho necessário para evidenciar o nosso problema.


      Capítulo II - Discute o referencial teórico abordando os conceitos-chave que
fundamentam a pesquisa, fazendo um panorama sobre a literatura infantil, suas
origens e características, enfocando os contos de fadas e seus personagens,
analisando a criança, a importância de ouvir história adentrando no processo
educativo na infância, tendo como palavras-chave: Literatura Infantil, Criança e
Educação Infantil.


      Capítulo III - Traz reflexões metodológicas que nortearam a base que
fundamentou a pesquisa, explicitando todos os procedimentos desenvolvidos na
investigação. Procurando conhecer e interpretar a problemática apresentada, foi
utilizado como instrumento de coleta de dados: questionário fechado, questionário
aberto e observação participante.


     Capítulo IV - Apresenta a análise dos dados, fazendo um paralelo com o
referencial teórico e a realidade investigada.


      Por fim, as considerações conclusivas pontuando e refletindo descobertas
atribuídas ao percurso investigativo.
12


                                     CAPÍTULO I




1. UMA VIAGEM AO MUNDO DA INFÂNCIA PARA COMPREENDER O
    PROBLEMA



      È notório as transformações ocorridas nesses últimos tempos na educação
brasileira, mudanças na legislação, na nomenclatura das modalidades educacionais,
nas concepções. Há uma necessidade de procurar alternativas educacionais que
transforme a aprendizagem num repertório eficiente e interessante. Neste contexto,
a literatura Infantil adentrou com a necessidade de ser descoberta pelos educadores
como uma alternativa e ferramenta metodológica prazerosa na construção do
conhecimento.


      A partir do encontro do homem com os livros, ele enriquece sua visão de
mundo. Portanto, a literatura oportuniza um conhecimento não só cultural, mas
ideológico. Durante o século XVII, a época em que algumas mudanças ocorreram
na estrutura de sociedade, tanto no espaço artístico, como no aspecto social,
literatura constitui-se como gênero.


                    A literatura nasceu na antiga Grécia. Chamava-se poesia e existia apenas
                    para divertir a nobreza. Os dois poemas mais importantes daquela época
                    eram llíada e Odisséia, que contavam as origens da nação helênica, além de
                    outras coisas referentes ao modelo político adotado na antiguidade que
                    mostrava à população normas de comportamento. (ZILBERMAN, 1999,
                    p.12).



      Antigamente, as crianças viviam igualmente com os adultos, não havia
separação, ou seja, não tinha uma visão de infância, portanto não se escrevia para
crianças. Segundo Cunha (1993) a partir do século XVIII, ocorreu também uma
mudança quanto ao contexto infantil. As crianças então passaram a ser tratadas
diferencialmente dos adultos, recebendo, portanto, tratamento de acordo com a sua
faixa etária e faculdade mental. Desde então se começou a pensar e criar formas ,
13


modelos educacionais, métodos pedagógicos onde a literatura infantil surgiu com
características próprias. Surgiu então a literatura infantil:



                       O início da literatura infantil pode ser marcado com Perrault, entre os anos
                       de 1628 e 1703, com os livros "Mãe Gansa", "O Barba Azul", "Cinderela",
                       "A Gata Borralheira", "O Gato de Botas" e outros. Depois disso,
                       apareceram os seguintes escritores: Andersen, Collodi, Irmãos Grimm,
                       Lewis Carrol, Bush. No Brasil, a literatura infantil pode ser marcada com o
                       livro de Andersen "O Patinho Feio", no século XX. Após surgiu Monteiro
                       Lobato, com seus primeiros livros “Narizinho Arrebitados” e mais adiante,
                       muitos outros que até hoje cativam milhares de crianças, despertando o
                       gosto e o prazer de ler (CADEMARTORI, 1994, p. 79-80).




       Aqui no Brasil, a história da literatura infantil tem passado há alguns anos, por
modificações, com linguagens e lustrações que devem ser apropriadas às crianças
que transmitem mensagens planejadas carregada por parte do autor. Segundo
Bettelhem (1980, p.27):




                       A literatura infantil é indicada para ajudar as crianças a encontrar um
                       significado na vida, pois desenvolve o intelecto, harmoniza-se com suas
                       ansiedades e torna claras suas emoções, são enriquecedores ajuda a
                       auxiliar o raciocínio das pessoas.




       Hoje sabemos que a literatura é um caminho que leva a criança a desenvolver
a imaginação, emoção, alegria e encantamento de forma significativa. Sua
participação na escola, lócus formal de acesso á iniciação de conhecimentos
especializados, onde a literatura pode ser inserida como instrumento metodológico
importante, pois permite às crianças resolverem seus problemas psicológicos de
modo simbólico adquirindo maturidade.




                     Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encape esse lado. É
                     precisar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa a gente bem
                     sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou a aval pra vontade e
                     descoberta ou pro crescimento de ninguém. (ABRAMOVICH 1995, p.148).
14


      Sabendo que a escola precisa ter como finalidade o desenvolvimento integral
da criança, levando em conta o seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social,
Petry (1990) afirma que a literatura infantil é a expressão literária com valores e
características que se ajustam ao desenvolvimento intelectual, criativo e psicológico
da criança, ou seja, são obras que desenvolvem potencialidades. É necessário
explicitar que através da literatura a criança desenvolve sua capacidade de emoção,
admiração, compreensão do ser humano e do mundo, compreendendo os
problemas alheios e dos seus próprios.


      A escola tem responsabilidade de fazer os momentos de leitura das
literaturas infantis a possibilidade de abrir novos e belos caminhos para uma
compreensão de mundo. É poder sorrir, gargalhar com as situações vividas pelos
personagens com idéia do conto ou com o jeito de escrever do autor, é um
momento de humor, de brincadeira, divertimento, entretanto, percebemos a
deficiência de muitas escolas ao utilizar a literatura como prática pedagógica.


      Assim, buscando então, compreender a literatura infantil utilizada como
instrumento didático que poderá dar suporte ao professor na prática educativa, esta
pesquisa foi norteada pela seguinte questão: Qual a contribuição da literatura-
infantil na formação da criança da Educação Infantil? Sendo assim, objetivamos
investigar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da Educação
Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques.


      Essas indagações que norteiam a pesquisa nos fazem perceber que este
trabalho   monográfico   é   relevante,   pois   permite   repensar   conhecimentos
pedagógicos, que poderá contribuir para uma reflexão com os professores que
estejam articulando a literatura infantil como prática pedagógica no processo de
construção do conhecimento como também compreender a literatura infantil no
processo social do desenvolvimento psicológico, cognitivo e afetivo da criança.
15




                                    CAPÍTULO II




2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA



      Trataremos aqui do referencial teórico da pesquisa, que é de fundamental
importância nesta análise, para compreensão da problemática que nos propomos
investigar. Diante dessa perspectiva, estaremos aprofundando os conceitos que
nortearam nossa pesquisa.


Palavras-chave: Literatura-infantil, Criança, Educação Infantil.



2.1 Educação Infantil: Reflexões



      A educação infantil é o ensino voltado às crianças é também o espaço em
que a mesma entra em contato propriamente dito com a literatura como instrumento
auxiliador no processo de aprendizagem, como reforça Aguiar (2001): “(...) devemos
admitir que o primeiro encontro da criança brasileira com a produção literária é
quase sempre na esfera escolar, por isso procuramos oferecer subsídios aos
educadores que atentam para singularidade desse produto cultural’’ (p.158).


       Rousseau (1712-1772) teve muita colaboração com suas ideias que muito
influenciaram na educação infantil. Luzuriaga (1988) vem afirmar que através de
Rousseau a educação infantil obteve grande avanço, a criança começou a ser
tratada não mais como a miniatura do homem, mas como alguém que possui seu
próprio universo.




                      Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de
                      ser homem. Cumpre, pois estudar o menino. Não se conhece a infância;
16


                      com as falsas idéias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se
                      extraviam. A infância tem maneiras de ver, pensar e sentir, que lhes são
                      próprias. (ROUSSEAU APUD LUZURIAGA, 1988.p. 106).




      Essa forma de ver a infância teve início nos modernistas e educadores que
viviam a frente da educação até o século XX. Houve interesses psicológicos e
preocupações morais em prol das crianças como seres destinados à escola. Sobre
esta temática Kramer (1992) informa:




                      Foi criada a primeira creche popular para filhos de operários: 1909,
                      inaugurando o jardim de infância Campos Sales no Rio de Janeiro. Em
                      1919, o Departamento da Criança do Brasil de 1920 foi reconhecido como
                      utilidade pública. (p. 49)




      A Lei 9.394/96 inaugura um novo olhar quando nos diz no artigo 29: “a
educação básica infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança
até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social”. Ai
percebe-se pela primeira vez, pelo menos legalmente, uma preocupação com a
criança enquanto cidadã construtora de conhecimento e ser que faz parte de um
contexto social.




2.2 Literatura Infantil: conceitos, origens e características




      O título literatura infantil engloba modalidades bem variadas de textos: desde
os contos de fadas, fábulas, contos maravilhosos, lendas, histórias do cotidiano...
Até biografias romanceadas, romances históricos, literatura documental ou
informativa. Isto vem facilitar sua utilização nas mais variadas formas.


     O homem responsável pelo surgimento da literatura Infantil ao sentir
necessidade de transmitir acontecimentos e ideias, utilizou na ficção uma
17


oportunidade de divulgar a herança cultural, desenvolvida pela humanidade criando
um elo entre a Literatura e a oralidade.


                       É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes,
                       como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor,
                       a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente
                       tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve... (ABRAMOVICH,
                       1997, p. 17)




     Assim, a partir da tradução oral surgiu então a literatura. Como podemos
observar suas fontes e origens se fundamentam no folclore, com lendas, mitos,
narrativas e exemplares. A partir da valorização social da criança essas narrativas
foram contadas, com o intuito formativo. Os textos de literatura Infantil fazem parte
do patrimônio cultural da humanidade. Além do valor histórico, abordam problemas
universais e do cotidiano, histórias conhecidas pelas crianças desde muito
pequenas, contadas pelos familiares.


     Existem vários conceitos em relação à literatura, dentre eles, como foi
requerido por cunha de que “(...) Literatura Infantil são livros que tem a capacidade
de provocar emoção o prazer, o entretenimento, a fantasia, a identificação e o
interesse da criançada.” (APUD, ALVES, 2003, p.26).


     Devido às mudanças que ocorreram ao longo da história, a literatura infantil
apresentou alterações. Nas sociedades primitivas as crianças aprendiam apenas o
que seus pais determinavam e passavam para elas: A menina mantinha a
semelhança da mãe enquanto o menino a semelhança do pai.


     Na época clássica (Grécia e Roma) as crianças eram educadas com o intuito
de servir ao Estado ou a sociedade, geralmente o menino tornava-se guerreiro. Já
no período medieval, a literatura tem um crescimento reunindo lendas e contos
folclóricos. Entende-se que a criança possui um conhecimento antes mesmo de
iniciar a vida escolar, isto significa que ela não ingressa com uma “tabula rasa” ela é
dotada de saberes prévios, e em relação a Literatura Infantil não é diferente, pois a
mesma há muito tempo já existia e era contada pelos anciãos com o objetivo de
ensinar valores éticos e culturais.
18


      A Literatura Infantil antes mesmo da leitura e da escrita contribui no
desenvolvimento, a partir também nas cantigas de ninar e no ouvir histórias infantis.
Abramovich (1997, p.16 e 17) vem concordar que o primeiro contato de uma criança
com a Literatura ocorre “a partir da voz da mãe, do pai, dos avôs contando contos de
fadas, trechos da bíblia, histórias inventadas (tendo a criança como personagens),
livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros mais”.


     Cashdan (2000, p. 291), comenta que “a literatura infantil representam uma
janela especial que se abre para a vida emocional das crianças, e que o impacto que
estes têm sobre os adultos, vem da influencia que tiveram quando eram crianças”.
Podemos perceber que para ele, a literatura infantil é mais do que aventuras
mágicas que exercitam a imaginação. Segundo Coelho (2002):




                     As narrativas surgidas em diferentes regiões foram guardadas na memória
                     do ser humano e contadas de um para outro, levado por peregrinos ou
                     viajantes. Que foram encantando homens e crianças de todos os lugares do
                     mundo ensinando o bem, repudiando o mal e valorizando o sonho a
                     fantasia, o imaginário. Estes contos foram se transformando, de uma região
                     para outra, de acordo com as mudanças de costumes, da vida dos lugares e
                     dos ideais ambicionados pelos diferentes povos. (p.22)



     A literatura Infantil abriu portas para o mundo, e para aqueles que esperam o
desenvolvimento das próprias crianças, onde a sociedade exige que a criança reflita
sobre a realidade construindo na busca da formação de opiniões e conceitos, que
questionem a situação em que se vive.


     A Literatura Infantil amplia possibilidade para a criança perceber o mundo, bem
como no contato com as histórias, a criança constrói seu conhecimento através de
textos literários na sala de aula. Nesse caso, a literatura infantil torna-se uma forma
de aprendizado influenciadora na formação. Assim, a importância da literatura
infantil no contexto escolar enfoca seu grande papel no desenvolvimento da criança,
e a necessidade de envolvê-la na sala de aula, além da valorização desta forma
literária como caminho para a compreensão de mundo.
19


2.2.1 A importância de ouvir e contar história



      Quando as histórias são trabalhadas em sala de aula as crianças vão se
identificando com os personagens e passam todos os conflitos, alegrias, medos e
tristezas com aqueles que os vivem na história, passa então a se envolver de tal
forma e a viver e agir como se fossem um dos personagens.


     A Literatura Infantil sempre foi um dos elementos mais importantes destinada
às crianças. Tratando de histórias que envolvem o imaginário, trazendo enredos com
elementos que estão envolvidos na realidade infantil, mostrando que as lutas e as
descobertas não acontecem da noite para o dia. Os personagens passam pelas
mais diversas provas e eles mesmos têm que realizá-las. Abramovich (1997):




                     Ao ler uma história a criança também desenvolve todo potencial critico. A
                     partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se
                     sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo
                     que se pode mudar de opinião. (p.143)




      Deste modo, ao ouvir histórias, as crianças têm o enriquecimento emocional e
intelectual que deve ser percebido pelos professores, para que estes venham na
hora do conto explorar a criatividade e favorecer o desenvolvimento da sensibilidade
artística da criança. Contar histórias é uma prática muito antiga. Ocorreu quando o
homem começou a ter poder de fala, sentindo necessidade de contar suas
experiências.


      Segundo Coelho (2002), as histórias foram transmitidas de geração para
geração, quando um dia alguém resolveu registrá-las escrevendo e assim garantir-
lhes sua perpetuação , sem depender da memória do ser humano.


      É importante explicitar que contar histórias é extremamente importante e
benéfico para as crianças. Entendemos que a história narrada, por escrito ou
oralmente, nos permite um avanço em diversos níveis. Isto é, contar histórias para
20


as crianças permite um desenvolvimento, no mínimo, nos planos psicológicos,
pedagógicos, históricos, social, cultural e estético.


       Quando uma criança ouve uma história vivencia no plano psicológico as
ações problema, os conflitos das histórias. Essa vivência faz aumentar
consideravelmente o repertório de conhecimento da criança, sobre si e sobre o
mundo. E tudo isso ajuda formar e desenvolver a personalidade. Tahan (1961)
pontua:


                      A história grava-se indelevelmente, em nossas mentes e seus ensinamentos
                      passam ao patrimônio moral de nossa vida. Ao depararmos com situações
                      idênticas, somos levados a agir de acordo com as experiências que
                      inconscientemente, já vimos na história. Por isso, nossos            pais e
                      professores bem orientados e inteligentes, empregam a história como meio
                      eficaz de corrigir faltas, ensinar bons costumes, inspirar atitudes nobres e
                      justas, enfim. Recorrem ao conto como o mais racional e o mais eficaz
                      processo de formar caracteres, e a experiências tem provado de sobejo, o
                      acerto do caminho seguido. (p.16)




       Ao ouvir histórias infantis a criança poderá ter maior habilidade em resolver
seus conflitos emocionais, expressar seus sentimentos de angústia se identificando
com os personagens das histórias, organizando suas idéias nos mais diferentes
aspectos.



2.2.2 A formação de alunos leitores



       Para utilizar a literatura infantil intencionando formar alunos leitores é
necessário que o próprio professor tenha um entendimento correto do que seja
literatura infantil, qual sua função, para que serve, e como ela pode contribuir na vida
de cada um de seus alunos.


          Os resultados desse conhecimento, porém, não serão possíveis somente
com conhecimentos teóricos, são antes de qualquer coisa adquiridos pelo respeito
de que os alunos possuem opiniões diferentes, sentidos próprios, diferente do
professor e de cada texto que leem.
21




                     Leitura-prazer, em se tratando de obra literária para crianças, é aquela
                     capaz de provocar riso, emoção e empatia com a história, fazendo o leitor
                     voltar mais vezes ao texto para sentir as mesmas emoções. É aquela leitura
                     que permite ao leitor viajar no mundo do sonho, da fantasia e da imaginação
                     e até propiciar a experiência do desgosto, uma vez que esta é também um
                     envolvimento afetivo provocador de busca de superação (OLIVEIRA, 1996,
                     p. 28).




      Estimular a criança a ler literaturas infantis, apenas, não é o bastante para
formar o hábito da leitura, é importante despertá-la sobre os benefícios da leitura
para vida. Sendo uma fonte de prazer, é necessário conscientizá-la dos valores que
ela desperta, tornando a leitura mais interessante aos olhos da criança. É necessário
que a história prenda a atenção da criança desperte sua curiosidade, estimulando
sua imaginação. Ler literatura infantil é importante para a criança em vários
aspectos: intelectual, emocional, social ou ambiental, psicológico.


        Assim podemos considerar a leitura como o meio bastante eficaz de
enriquecimento e desenvolvimento da personalidade, é um caminho para a vida e
para a sociedade. Como afirma Abromovich (1997): “Ah! Como é importante para a
formação de qualquer criança ouvir muitas histórias... Escutá-las é inicio de
aprendizagem, para ser leitor é um caminho absolutamente infinito de descoberta e
de compreensão de mundo”. (p.37)


      Portanto, a literatura infantil pode desenvolver no aluno o hábito de ler, pois a
mesma propõe, descobertas e aventuras tornando a leitura muito mais prazerosa,
estimulando a imaginação e a fantasia do pequeno leitor. Neste contexto,
ressaltamos a importância do professor da Educação Infantil como mediador da
prática da leitura e formação de alunos leitores. De acordo com Fazenda (1991):



                      Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas requer
                      além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as
                      situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos
                      prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16).
22


      Apesar dos benefícios da literatura infantil, oferecer uma leitura a uma
criança, sem conhecer seu contexto poderá ser perigoso. É necessário conhecer o
livro (a leitura) que será dada à criança, lembrando que algumas histórias podem
passar a ela não só preconceitos como mentiras, ou seja, mensagens negativas,
perdendo assim, o lado pedagógico que está subtendido na leitura de um livro.




2.3 A relação criança X literatura



      Criança, para a Lei 8.069/90 é, portanto, pessoa de até doze anos. É o ser
humano no período da infância é um individuo inocente. É um ser em seu
desenvolvimento, é a melhor fase vivenciada pelo homem.


      Desde o nascimento até o inicio da adolescência, os pais são os principais
modelos da criança, com quem elas aprendem principalmente a partir da imitação. É
importante considerar suas capacidades afetivas, emocionais, sociais, cognitivas,
socioculturais e sua individualidade.


      O conhecimento sobre infância cresceu ao longo do século XX, através do
historiador Áries, que analisou o surgimento da infância na sociedade, através de
sua publicação em 1970 sobre a história social da criança e da família. Segundo
Hem (2003):


                      De 1995, quando realizado o primeiro diagnóstico nacional da educação
                      pré-escolar MEC, passando por 1979 - ano internacional da criança pela
                      constituinte de 1990 e pela lei de diretrizes e bases de educação nacional
                      de 1996 trata-se da conquista de uma visão das crianças enquanto
                      cidadãos. (p.79).




      A primeira constituição que faz menção à infância e seus direitos foi a de
1937. Seu texto dizia que o Estado deveria prover a criança sem recursos, assim a
infância passa a fazer parte das questões que envolvem toda a sociedade
dialogando com o saber psicopedagógico na busca de referências para construção
de um texto voltado a este leitor.
23




                      Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como
                      percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos,
                      trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e
                      praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não
                      havia propriamente dito, “um mundo infantil’’, diferente e separado, ou
                      uma visão especial sobre infância, não se escrevia para ela, pois não
                      existia “infância’’. (ÁRIES 1978).




      A criança tem muitas formas de pensar, de falar, de agir, de sonhar de
imaginar, de interagir, de criar, em fim, de expressar-se, o que as diferenciam do
mundo dos adultos. Elas têm uma forma diferente de interpretar e atribuir sentido à
realidade que as cercam, e por tanto, agir no mundo, e isso traz a possibilidade de
criar outros universos que podem inverter a estrutura prévia do contexto que estão
inseridos.


      Mas a ideia sobre infância não foi sempre à mesma no contexto histórico, sua
concepção sofreu transformações, e as práticas passaram a perceber as
especialidades que distinguiam dos adultos. Segundo Áries (1979): “A aparição da
criança como categoria social se dá lentamente entre os séculos XII e XVIII’’ (p. 14)”.


      Antes disso a criança não tinha tratamento diferenciado diante da família e da
sociedade, estava apenas ligada à vida do grupo como qualquer outro personagem.
Sarmento (2002) Levanta a seguinte afirmação:


                    A ideia da infância é uma ideia moderna (...) remetidas para o limbo das
                    existências meramente potenciais, durante grande parte da Idade Média, as
                    crianças foram consideradas como meros seres biológicos, sem estatuto
                    social nem autonomia existencial, (...) daí que, paradoxalmente, apesar de ter
                    sempre crianças, seres biológicos de geração jovem, nem sempre houve
                    infância, de estatuto próprio (p, 10 e 11).




      Surgiu então, um novo sentimento pelas crianças que precisava ser
escolarizada para atuação futura. As crianças então transcendem regras instituídas
pelos adultos e criam suas próprias regras de acordo com as relações que
estabelecem. Para fundamentar essas ideias, apontamos Ferreira (2002):
24




                    Ao significar que as crianças não se “limitam’’ a reproduzir o mundo dos
                    “grandes’’ à sua escola, mas “pelo avesso’’, o reconstrói através de múltiplas
                    e complexas interações com os pares, permite mostrá-las não só como
                    autoras das suas próprias infâncias, mas também como atores sociais com
                    interesses e modos de pensar, agir e sentir específicos e comuns, capazes
                    de gerar relações e conteúdos de relação, sentido de segurança que estão
                    na sua gênese como grupo social. Ou seja, com um modo de governo que
                    lhes é próprio, com características distintas de outros seres sociais, como é o
                    caso dos adultos, mas com quem nunca deixaram de desenvolver relações
                    particulares (p.59).




      As grandes aliadas dos adultos para descobrir o universo infantil são as
próprias crianças, que fazem de tudo para reafirmar seus mundos quando discordam
das imposições dos adultos, quando essas imposições às impedem de criar, cantar,
contar, refazer, transformar, gesticular, chorar, experimentar, olhar, descobrir,
imaginar, fantasiar, enfim, de se encantar. De acordo com Bettelheim:


                   Para dominar os problemas psicológicos do crescimento - superar decepções
                   narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar
                   dependências infantis: obter um sentimento de individualidade e de
                   autovalorização e um sentido de obrigação moral a criança necessita
                   entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode
                   atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas não
                   através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu
                   inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios
                   prolongados ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos
                   adequados da estória em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a
                   criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a
                   capacita a lidar com este conteúdo (1980, p. 16).


      Angotti (2006) afirma que a criança não pode mais ser conceituada como um
adulto em miniatura, como um bibelô com quem passamos parte do tempo e logo
em seguida providenciamos um lugar para guardá-la. É importante fazermos uma
reflexão sobre a forma como a sociedade sempre encarou a criança e nesse sentido
redimensionar os conceitos sobre a criança, pois de acordo com Moss (2002, p. 240)
a reconceitualização sobre a infância deve ser:




                      ...a criança como um ator ativo, um construtor, na construção de seu
                      próprio conhecimento e da cultura de seus companheiros... uma criança
                      com sua própria inclinação e poder para aprender, investigar e desenvolver
                      como ser humano em uma relação ativa com outras pessoas... uma criança
                      que quer ter parte ativa no processo de criação do conhecimento, uma
25


                      criança que em interação com o mundo ao redor é também ativa na
                      construção, na criação de si mesma, de sua personalidade e de seus
                      talentos. Essa criança é vista como tendo “poder sobre seu próprio
                      processo de aprendizagem” e tendo direito de interpretar o mundo. (Apud
                      DARLBERG, 1997, p. 243).




      É necessário levar em conta suas singularidades, respeitando-as e
valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural. A criança tem
vontade própria e defende sempre seus gostos e vontades. Tem a capacidade de
analisar e observar as coisas que as cercam, em busca de imitá-las, recriando
ações, historia de modo argumentar seu mundo. Não é mais a criança que deve
adaptar-se ao mundo, mas este deve ser susceptível à compreensão da natureza e
da infância, de forma a atuar em seu processo de socialização.



2.3.1 Os processos educativos na infância



      Segundo Alencar (2003), educar, mais do que nunca é acumular saber para
humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, isto é, solitário, cuidadoso, com
dignidade de ser humano do mundo.


      O processo educativo é uma espécie de estrada; ás vezes sinuosa, às vezes
linear, o educador é um “eterno” equilibrista que , através do desfio de continuar
caminhando, constrói a sua historia e auxilia o educado a uma reflexão de vida.
      Aprender a educar é processo que envolve a transmissão, a fixação e a
produção de saberes, memórias, sentido, significados, pratica e performances.
Freire (1997) afirma que: ”[...] forma e muito mais que puramente treinar o educando
no desempenho de destrezas.” (p.15) e depois mais adiante: ... Ensinar não é
transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção.



                     Já não é um mero ator ou agente do ensino; torna-se ele próprio projeto, o
                     autor e projetor: projetos de vida e projetos educativos que se vão
                     construindo, reconstruindo, com saber, arte e engenho, ao longo dos
                     caminhos cujas trajetórias se vão criando também no ato e não mais na
                     certeza antecipada pelo racionalismo cientifico. (FREIRE ,1997, p.15)
26




       O processo educativo deve ter como finalidade o desenvolvimento integral da
criança, levando em conta vários aspectos como físico, psicológico, intelectual e
social, sendo necessário que os professores valorizem os interesses e vontades dos
alunos apresentando textos literários que desenvolvam a criatividade, afetividade e
solidariedade dos mesmos permitindo adquirir novos conhecimentos e buscando
novas perspectivas de vida.


      O processo educativo é muito importante no desenvolvimento das
capacidades das crianças, tendo em vista que o professor tem em mão o papel de
propor ao aluno situações de aprendizagem para (re) construção do conhecimento,
nesse processo a criança pode perceber que seus conflitos e medos passam a ser
amenizados quando o professor a faz refletir sobre os mesmos. Isso pode fazer com
que suas relações sociais se tornem melhor e menos conflitantes.


      É notório que o processo educativo além de contemplar a educação do
indivíduo, tem o poder de desenvolver o ser humano oferecendo a ele todo conteúdo
formal e científico que o indivíduo necessita para seu desenvolvimento intelectual e
para atuar na sociedade como cidadão consciente de seus direitos e deveres, capaz
de transformar a realidade em que vive, principalmente quando a literatura infantil
está inserida como prática pedagógica.
27




                                  CAPÍTULO III



3. METODOLOGIA



      A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvida, incerteza, decorrente da
busca do pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo
Japiassu (1983): “nosso conhecimento nasce na dúvida e se alimenta das
incertezas”. (p.14). Em todo ato de pesquisa faz-se necessário contextualizar a
realidade na qual está inserida a população alvo da pesquisa, o que nos permitirá
uma visão mais abrangente da problemática e das relações múltiplas que se
estabelecem sobre determinada realidade.


      Na perspectiva de Demo (1999), pesquisa significa: “(...) diálogo critico com a
realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de interação”. Em tese
a pesquisa é atitude do “aprender a aprender’’ e como tal faz parte de todo processo
educativo” (p. 128).




3.1 Paradigma da pesquisa



      Utilizamos a abordagem de pesquisa qualitativa por ser o melhor caminho a
seguir nesse processo de descoberta, justificada pelo fato de que ela responde de
forma discreta a liberdade do pesquisando permitindo envolvimento ou inserção
pessoal, intelectual ou social e também por compreender que a mesma utiliza uma
abordagem sociológica para discutir tanto o comportamento, como valores,
expectativas e concepções.
28


      Este tipo de pesquisa permite o contato direto entre o pesquisador, o
ambiente e a situação investigada, através do trabalho de campo, proporcionando
um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e o objeto pesquisado,
criando um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.


      Deslandes (1994) vem afirmar que:




                     A pesquisa qualitativa responde a questões particulares. Ela se preocupa,
                     nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser universo
                     de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes que
                     correspondem ao espaço mais profundo das relações dos processos e dos
                     fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis
                     (p.21).



     A pesquisa qualitativa é indutiva, descritiva, adota uma pesquisa global
sistêmica em suas tentativas de compreensão, pois nos garante representação de
dados, baseados em critérios de qualidade e não numérico do problema
investigado, e nessa pesquisa será importante, pois abre portas e caminhos para
que esta abordagem tenha um diagnóstico baseado em uma compreensão ampla
de como a literatura infantil proporciona o desenvolvimento das crianças na
educação infantil.



3.2 Sujeitos



      Apesar de um quadro razoavelmente grande de professores oferecido pelo
lócus de pesquisa composto por 18 Professores, 04 auxiliares de professores, os
sujeitos envolvidos na investigação foram quatro professores. Esses foram
escolhidos porque lecionavam na educação infantil do Centro Educacional
Professora Edneilda Marquês, tendo em vista o objetivo: a contribuição da literatura-
infantil na formação da criança da Educação Infantil.



3.3 Lócus de pesquisa
29




      O lócus tem fundamental importância para a pesquisa, pois leva o
pesquisador a refletir sobre o seu problema, interações e questionamentos dessa
experiência, abrindo espaço para a investigação. Diante disso Trivinos (1987) nos
diz que: “ambos os tipos de pesquisa possui base fenomenológica e fundamentos
materialistas e dialéticos, ressalta a importância do ambiente na configuração da
personalidade, problemas e situações de existência do sujeito’’(p.128).


      Para realizar esta pesquisa tivemos como ponto de partida a escola de rede
privada de Senhor do Bonfim, Centro Educacional Edneilda Marques (Bem-Me-
Quer), situada na Rua Ceciliano de Carvalho, n° 46, Centro. A estrutura da escola é
composta de 13 salas de aulas, 02 pátios amplos, 01 quadra, 02 parques infantis,
biblioteca, 02 salas de Professores, 11 banheiros, 01 almoxarifado, 02 refeitórios,
01 auditório e 01 laboratório de informática. Este locus foi escolhido pela facilidade
de acesso ao local e aos sujeitos pesquisados.



3.4 Instrumentos de coleta de dados.



      Procurando conhecer e interpretar a problemática apresentada, utilizamos
como instrumentos de coleta de dados observação participante, questionário
fechado e questionário aberto, para ter acesso às informações que possibilitaram o
alcance do nosso objetivo de pesquisa.




3.4.1 Questionário




      O questionário é um instrumento de coleta de dados com questões a serem
respondidas por escrito. Este foi utilizado tendo em vista o propósito de enriquecer a
pesquisa nos dando possibilidades de identificar os significados que os sujeitos dão
a determinados fatores. A importância do questionário nesta pesquisa é que
favorece uma análise minuciosa, uma vez que, segue uma ordem de questões que
30


serão respondidas pelos sujeitos sem a presença do pesquisador. Segundo Marconi
e Lakatos (1996):


                    Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série
                    ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
                    presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao
                    informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o
                    pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88)




      O questionário permite indicar e ordenar as respostas mais adequadas,
buscando a coleta dos dados gerais dos sujeitos e sobre questões acerca do tema
indicado. Para a obtenção de dados concisos, o questionário pode contribuir como
um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número
de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação,
em virtude da natureza impessoal do instrumento.


      Para Cervo e Bervian (1993) “o questionário refere-se a um meio de obter
respostas as questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. [...]
possui a vantagem dos respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o
anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais”. (p. 159).



3.4.1.2 Questionário fechado




           Um instrumento de abordagem qualitativa utilizado foi o “questionário
fechado, pois acreditamos ser uma técnica utilizada nas ciências sociais’’, (LUDKE,
1986). O mesmo enriquece as informações, traçando um perfil dos sujeitos da
pesquisa, permitindo conhecer a realidade dos sujeitos pesquisados.


       Marconi e Lakatos (1996, p.88). Definem o questionário fechado como “... um
instrumento de coleta de dados, constituído por uma serie ordenada de perguntas,
que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados’’. E
completa Gressler (1989):
31




                     [...] Uma serie de perguntas organizadas com o objetivo de levantar dados
                     para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou
                     pesquisadas sem assistência direta ou orientação do investigador. Todas
                     as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas
                     por escrito (p.58).




      A escolha, deste instrumento surgiu pela necessidade de buscar dados que
possibilitem chegar aos objetivos da pesquisa, traçar o perfil dos sujeitos
pesquisados de forma clara, objetiva e organizada.




3.4.1.3 Questionário aberto



      O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por
uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do investigador. Segundo Goldemberg (2000):



                     [...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que
                     temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos
                     pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com
                     calma. (p. 87-88).




      Para a obtenção de dados concisos, o questionário aberto pode contribuir
como um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior
número de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na
avaliação .



3.4.2 - Observação participante
32


      Nessa pesquisa de enfoque qualitativo, foi utilizada a observação
participante, com intuito de envolver os alunos na investigação. Como diz
Deslandes (1994): “Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples
descoberta para assim a criatividade produzir conhecimentos’’ (p.52)”.


      A utilização da observação participante na pesquisa é relevante, porque
valoriza a experiência, acompanha de perto o trabalho desenvolvido pelos sujeitos,
facilitando assim, um melhor direcionamento do trabalho. Sobre esse instrumento de
coleta de dados Cruz Neto (1994) pontua:




                     A técnica de observação participante se realiza através do contato direto do
                     pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a
                     realidade dos atores sociais em seu próprio contexto. O observador,
                     enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a
                     face com os obstáculos. (p.29)




       Através da observação podemos chegar mais perto dos sujeitos, a partir
dessa análise do espaço do professores e com a proximidade dos mesmos é que
podemos perceber a fundo o contato do sujeito com a questão que está sendo
pesquisada.
33




                                  CAPÍTULO IV




4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS




      Neste capítulo apresentaremos o resultado da pesquisa que teve como
objetivo identificar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da
Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Para tanto,
ressaltamos que a análise e interpretação de dados tiveram como fonte: a
observação participante, questionário fechado e questionário aberto. O resultado
dessa pesquisa é fruto da análise da teoria e prática, sendo que todas estas
discussões referem-se a um grupo de quatro professoras, sujeitos dessa pesquisa.
Conforme Gil (1991): “Está é a última fase de um levantamento. Logicamente
coletados e analisados. Entretanto, é de toda conveniência durante o planejamento
definir-se a cerca da forma como serão apresentados os dados”. (p.103).


      Os dados serão apresentados através de categorias conforme relevância dos
pontos identificados na pesquisa, sendo que primeiramente nos propomos a
explanar dados com o perfil dos sujeitos e em seguida a análise do questionário
aberto atrelado à observação participante.



4.1 Perfil dos sujeitos



      Aqui serão apresentados os resultados traçando o perfil dos sujeitos da
pesquisa. Os dados que possibilitaram fazer esse levantamento foram obtidos
através do questionário fechado no qual os sujeitos foram submetidos contribuindo
de forma significativa com a nossa pesquisa.
34




4.1.2 Gênero



     Analisando os resultados do questionário fechado identificamos no tocante ao
gênero que os 100% dos sujeitos pertencem ao sexo feminino. Compreendemos
que a presença feminina é significativa, sobretudo, em se tratando do ensino na
educação infantil, onde historicamente foi sendo construída a idéia de que as
habilidades necessárias aos professores envolvem principalmente aspectos
relacionados ao cuidar e à maternidade. No entanto, conforme Kramer (1992) a
grande quantidade de mulheres na educação, vem de um processo histórico, onde
traz alguns traços que de certa forma desqualifica essa atividade, por caracterizá-la
uma ação apenas materna.


      Segundo Kishimoto (2002):




                     Ao longo da constituição da Educação Infantil, o profissional enfrentou as
                     contradições entre o feminino e o profissional. Princípios como a
                     maternagem, que acompanhou a história da Educação Infantil desde seus
                     primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação
                     da criança pequena, e a socialização apenas no âmbito doméstico,
                     impediram a profissionalização da área. (p. 07).




      A realidade do crescimento do espaço feminino também tem sido percebida
pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem
direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os indivíduos do sexo oposto.
Sendo assim acreditamos que é necessário haver uma política de desconstrução
dos paradigmas da maternidade que ainda persistem na educação infantil.




4.1.3 Formação


      Uma das professoras possui graduação em pedagogia, três estão em
processo de conclusão do curso de licenciatura em letras. Acreditamos que esses
35


dados revelam que ao contrário de momentos anteriores, os profissionais que atuam
na educação infantil estão buscando qualificação, uma vez que, a própria LDB (Lei
das Diretrizes e Bases da Educação), faz essa exigência. De acordo com a
legislação vigente, os profissionais que desejam atuar em cargos de docência
precisam ser licenciados ou pós-graduados. Kramer (2005) traz:



                         Considera-se que o trabalho do profissional da educação infantil necessita
                         de pouca qualificação e tem menor valor. A ideologia ai presente camufla
                         as precárias condições de trabalho, esvazia o conteúdo profissional da
                         carreira, desmobiliza os profissionais quanto às reivindicações salariais e
                         não os leva a perceber o poder da profissão. (p. 125).




       Salientamos que o processo de formação do professor exige a necessidade
de efetivar-se de maneira contínua, permitindo o constante exercício da reflexão
sobre a prática pedagógica, e a partir daí, novas ações visando à qualificação
permanente. Hoje, os docentes têm investido na sua carreira logo que o mercado de
trabalho exige profissionais qualificados, principalmente no que se refere à
educação, embora, a formação para o trabalho na educação infantil deva ser
necessário o curso de pedagogia.




4.1.4 Rede de ensino em que atua



       Identificamos que 100% dos sujeitos da pesquisa trabalham em rede privada
mantidas com fins lucrativos. Conforme estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), de 1996. A rede particular de ensino geralmente é mantida por
recursos próprios ou através de anuidades pagas pelos alunos.


       Geralmente a primeira oportunidade de atuação dos professores no início de
carreira são as escolas privada e é importante enfatizar que seria necessário um
processo de seleção (concurso) para que estes tivessem a oportunidade em
instituições públicas.
36


.

4.1.5 Renda salarial



       Conforme as informações obtidas 100% das professoras possuem uma renda
mensal de dois salários mínimos. Está na contra mão da realidade em que o piso
salarial deve ser o valor de R$ 1451,00 para 40 horas. A questão salarial, ainda é
um forte entrave na educação principalmente em escolas privadas de pequeno porte
em que o piso não é cumprido. Infelizmente o professor não possui uma
remuneração satisfatória, isso traz conseqüências desanimadoras, como a falta de
estímulo desses profissionais para atuarem com maior disposição e empenho no
desenvolvimento educacional.



      Ao longo dos anos é claramente expresso na pauta das discussões e
reivindicações, o piso salarial do professor, como forma de assegurar uma
remuneração digna que estimule ao trabalho em sala de aula e melhoria da
qualidade de ensino e valorização docente.




4.2 Análise do questionário aberto



      A partir deste momento estaremos apresentando o resultado do questionário
aberto, dialogando com a observação participante, que nos permitiu identificar as
contribuições da literatura infantil na formação da criança de educação infantil. Esse
é um momento salutar na pesquisa, pois interpretaremos os dados e faremos
comparações confrontando idéias presentes nos discursos dos professores, com os
teóricos que fundamentaram esta pesquisa.




4.2.1 A importância de trabalhar a literatura infantil na sala de aula
37




       De acordo com os dados coletados, percebemos que 100% das professoras
compreendem a importância da literatura infantil na formação das crianças. Eis o
que afirmam:


                          Utilizo a literatura infantil na sala de aula há bastante tempo, assim, pude
                          perceber sua importância, por exemplo, na contribuição do desenvolvimento
                          e estímulo a leitura. O resultado realmente são os melhores (P1 1)

                          Não temos como negar o quanto a literatura é importante, não só para o
                          desenvolvimento da aprendizagem como em todo processo cognitivo da
                          criança.(P2)

                          Na verdade há pouco tempo, é que descobrir o quanto a literatura infantil é
                          importante, quando utilizada na prática pedagógica, o conhecimento se
                          torna mais prazeroso. (P3)

                          A literatura infantil são obras que desenvolve as potencialidades das
                          crianças, por isso reconheço a sua importância. A literatura infantil
                          desenvolve as potencialidades das crianças, por isso reconhecemos sua
                          importância.


       Ouvir histórias é importante para a formação de qualquer criança, é esse o
início da aprendizagem para se tornar um leitor. São nestes momentos, de contato
com a literatura, que as crianças suscitarão o imaginário, despertando sua
curiosidade, levantam questionamentos, idéias para solucionar os problemas dos
personagens, enfim vivem a história. Como afirma Abramovich (1995, p. 17): “É
ouvindo histórias que se podem sentir, também emoções importantes como raiva,
tristeza, irritação”...


       Todos os sujeitos reconhecem teoricamente a importância de inserir nas
atividades da sala de aula a literatura infantil. Os autores que fundamentam a
pesquisa a exemplo de Abramovich (1997), Bettelheim (1980), Aguiar (2001), entre
outros, afirmam a importância da literatura infantil que podem desenvolver a
aprendizagem e o emocional da criança quando bem utilizada, tendo em vista a sua
alta empregabilidade.


       A literatura infantil permite ao aluno viajar com a imaginação, desperta o
prazer na leitura, contribui no desenvolvimento, podendo ser usada como

1
  Utilizaremos a consoante P maiúscula seguida de números arábicos crescentes para ocultar a
identidade dos nossos sujeitos.
38


instrumento pedagógico. A sua prática pode desenvolver na criança entre outras
coisas a expressão das idéias, possibilitando assim, o seu desenvolvimento na
leitura. Como diz Pinto (1999):




                     A literatura Infantil tem um grande significado no desenvolvimento das
                     crianças de diversas idades, onde se reflete situações emocionais,
                     fantasias, curiosidades, e enriquecimentos do desenvolvimento perceptivo.
                     Para ele as leituras de histórias influem em todos os aspectos da educação
                     da criança, da afetividade: desperta a sensibilidade e o amor a leitura, na
                     compreensão do texto; na inteligência, desenvolvendo a aprendizagem
                     intelectual. (Apud RUFINO e GOMES, p.11)




     Prieto (2001, p.87) acredita que todas as pessoas, que assim queiram, são
capazes de contar histórias: “Somos contadores na essência, estamos durante toda
a vida construindo histórias. A narrativa faz parte do dia-a-dia. Um olhar para dentro
pode ser o estopim dessa arte em cada um de nós”. E quando o professor é um bom
contador de histórias, as crianças ficam com um olhar fixo, mas sua mente voa no
mundo de imaginações.


      Através da literatura Infantil o aluno desenvolve habilidades percebidas no
aumento do vocabulário, interpretação de texto, até mesmo a criatividade, facilitando
no processo de ensino aprendizagem também em outras disciplinas.



4.2.2 Freqüência em que a literatura é trabalhada em sala de aula



      Analisamos que 80% das professoras trabalham apenas um dia com literatura
infantil e 20% dois dias na semana. Vejamos o que dizem:


                     Utilizo a literatura infantil apenas um dia, nas sextas feiras, è a proposta do
                     projeto da escola, mesmo assim os resultados são bons. (P1)

                     A literatura infantil é sempre bem vinda, todos gostam muito, mas, separei
                     um dia para trabalhar com os alunos. (P2)

                     Costumo utilizar uma vez na semana, porém ela pode ser utilizada de
                     diversas formas com objetivos diferentes. (P3)
39


                       Utilizo duas vezes, gosto de começar e encerrar a semana com literatura.
                       Eu sempre aproveito para desenvolver algumas atividades. (P4)




         As respostas dos sujeitos nos levam a perceber que infelizmente a literatura
infantil não é tão utilizada nem valorizada pelos professores, se assim fosse seria
necessária sua utilização mais vezes durante as aulas. Mais uma vez, identificamos
um distanciamento entre a teoria, ou seja, o discurso e a prática.


         Tal evidência demonstra uma contradição no discurso e prática das
professoras, já que na categoria anterior, afirmaram reconhecer a importância da
literatura infantil na formação da criança como um todo. “Nossa tradição cultural e
política sempre foi marcada por esta distância e, até mesmo pela oposição entre
aquilo que gostamos de colocar no papel e o que de fato fazemos na realidade.
(MACHADO, 2005, p. 27).


         Assim, as professoras estarão descartando um instrumento que poderá
contribuir não só com o desenvolvimento da leitura como também outros benefícios
que a literatura infantil oportuniza a exemplo de encantamento, estímulo a
imaginação, socialização da criança etc. Cury (2008) afirma que contar histórias è
também “transformar a vida na brincadeira mais séria na sociedade”. Acrescentando
com os dizeres que “dentro de cada ser humano há um palhaço que quer respirar,
brincar e relaxar”. (p.96)


         Entende-se que a criança precisa ser estimulada, e é nesse contexto que se
torna relevante para o desenvolvimento global da criança, um ambiente, onde haja
estímulos que facilitem a apropriação do conhecimento. Um ambiente sócio afetivo
tranqüilo e encorajador, livre de tensões e imposições, é fundamental para que o
aluno possa interagir de forma confiante com o meio, saciando sua curiosidade,
descobrindo coisas, inventando, construindo, enfim, seu conhecimento (FERREIRA,
1993).



4.2.3 Quanto ao hábito de leitura do professor
40




      Quando questionadas sobre o hábito de ler, 100% dos sujeitos confirmaram
ter hábito de leitura nos diversos gêneros. É notória a idéia que os gêneros textuais
são fenômenos históricos relacionados à vida cultural e social. Resultado de trabalho
coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comu-
nicativas do dia-a-dia. É notório que a leitura mesmo em diferentes gêneros é muito
importante no cotidiano de qualquer profissional, principalmente quando se refere ao
professor.


                     Não tenho muito tempo, mas entendo o quanto é importante um professor
                     ser também um bom leitor, por isso costumo ler qualquer livro de gênero
                     que eu possa ter acesso fácil como revistas, romances, etc. (P1)

                     Costumo ler sempre, como ser um bom professor sem ser um leitor?
                     Mesmo sem muito tempo disponível não abro mão de ler biografias,
                     Crônicas entre outros. (P2)

                     Na era da tecnologia da comunicação dificilmente uma pessoa poderá se
                     excluir do contato com a leitura. Costumo ler gêneros variados: romances,
                     biografias, inclusive, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais,
                     confesso que as vezes o tempo e o cansaço não ajudam, mas, procuro me
                     esforçar e sempre. (P3)

                     Chego às vezes ficar um tempo fazendo leitura apenas com livros
                     acadêmicos por causa da necessidade, afinal sou também estudante falta
                     de tempo, mas me considero uma leitora, porque sempre que posso, leio.
                     (P4)




      Percebemos algo em comum na fala dos sujeitos, quando todos afirmam a
falta de tempo para a leitura, provavelmente este é um dos principais fatores que
impedem as pessoas de priorizar um tempo especial para a leitura, mas não
podemos negar que é importante para os educadores porque através da leitura
adquirimos conhecimentos, testamos os nossos próprios valores e experiências com
as dos outros. A falta de tempo está relacionada, também, á carga horária de
trabalho dessas profissionais. “A leitura suscita a necessidade de familiariza-se com
o mundo, enriquecer as próprias idéias e têm experiências intelectuais, o resultado é
a formação de uma filosofia da vida, compreensão do mundo que nos rodeia”.
(BAMBERGUE. 2002. p. 32).
41


      Os meios de comunicação tecnológicos como o rádio, a televisão, o jornal, a
revista, a internet, por possuir uma presença marcante e grande centralidade nas
atividades comunicativas, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos
bastante característicos. Daí surge formas discursivas novas, tais como editoriais,
artigos   de     fundo,     notícias,    telefonemas,       telegramas,        tele     mensagens,
teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-
mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais e que acabam interferindo na formação das
pessoas. Tal interferência pode ser benéfica ou maléfica, a depender da forma como
essas ferramentas são utilizadas. Alegretti (1999, p. 19) afirma que:


                       “A tecnologia na Educação encontrará seu espaço, desde que haja uma mudança na
                      atitude dos professores, que devem passar por um trabalho de autovalorização,
                      enfatizando seu saber para que possam apropriar-se da tecnologia com o objetivo de
                      otimizar o processo de aprendizagem.


      Assim, o desenvolvimento da leitura pode ser alcançado nas trocas que,
enquanto leitor , ela realiza, se aperfeiçoando ao longo da vida, podendo mantê-la
engajada ao que se refere no pensar, agir e criar direcionada pela humanidade a
partir de textos escritos. È possível então, através da literatura, a criança
compreender a si mesmo e mundo à sua volta, Desenvolvendo seu senso crítico
sobre a realidade a qual está inserida.




4.2.4 Compreensão sobre a relação Literatura infantil X leitura




      A partir dos resultados podemos analisar que 100% dos sujeitos
compreendem a Literatura Infantil como passaporte para leitura vista como
possibilitadora de relações intelectuais e interação das pessoas com o mundo.
Realmente o ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de
entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de
informações...


                          A leitura realmente não só possibilita as relações intelectuais como os
                          potencializa, permitindo a formação dos nossos próprios conceitos. (P.1)
42


                      A leitura nos oportuniza fazer uma interação com o mundo e o
                      conhecimento. (P.2)

                      O ato de ler possibilita um maior conhecimento de mundo desenvolvendo
                      as relações intelectuais. (P.3)


                      A leitura é mais que o ato de decodificar, ela nos permite conhece a
                      realidade, elementos e / ou fenômenos com os quais nos defrontamos.
                      (p.4).




      Ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade neurológica. A atividade
da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Através da leitura ampliamos
nossa visão de mundo, conseguimos o domínio da palavra, trocamos idéia e
conhecimentos, sendo possível entender o mundo que nos cerca. Com o domínio da
palavra nós nos transformamos e, ao nos transformar construímos um mundo
melhor.


      Vivemos num mundo letrado, e a leitura nos dá suporte e compreensão para
decifrar aquilo que está escrito e nos comunica ou informa sobre algo. Freire (1996)
vem afirmar: “A leitura de mundo procede à leitura da palavra e a leitura desta
implica a comunidade da leitura daquela (p. 28)”. Entendemos então que a literatura
abre possibilidades para novas descobertas e perceber o mundo bem como no
contato com as histórias a criança constrói um conhecimento a partir dos textos
literários. Neste caso a literatura infantil contribui na formação pessoal e social do
educando.



4.2.5 Sobre a reação que provoca nos alunos:



      Podemos notar que 100% dos sujeitos afirmam que os alunos demonstram
muito interesse no momento em que a literatura-infantil é utilizada na sala de aula.


                     Meus alunos sempre demonstram muito interesse e costumam participar e
                     intervir nas histórias. (P1)

                     Muito interesse. É uma das horas em que o silêncio é quase absoluto,
                     embora as vezes surgem alguns questionamentos. (P2)
43


                      A maioria dos alunos além de interesse, participam, demonstra
                      encantamento, sensações que podemos notar observando cada rosto. (P3)

                      A verdade é que os alunos se mostram inteiramente interessados,
                      participam e interferem. (P4)

      Todos os sujeitos de pesquisa afirmaram que as crianças envolvem-se com
as histórias lidas ou contadas, são questionadoras e participam das atividades
propostas com entusiasmo, somente a minoria que talvez por timidez, não se
envolvem nos conteúdos trabalhados. Neste contexto é necessário que a professora
regente utilize uma linguagem acessível para faixa etária relacionada a criança.


      A interferência da literatura quando incluída nas tarefas da escola pode
produzir questionamentos a respeito de levar o aluno a diversidade de texto,
estimulando reações de curiosidade, desempenho e satisfação relacionada à
literatura infantil. Sawulski (2002) observa que:




                       Faz-se necessário que o professor introduza na sua prática pedagógica a
                       literatura infantil, que contribui para o crescimento e a identificação pessoal
                       da criança, propiciando ao aluno a percepção de diferentes resoluções de
                       problemas, despertando a criatividade, a autonomia, e a criticidade, que
                       são elementos necessários na formação da criança em nossa sociedade
                       atual (p.46)




      Segundo Pires (2000) a literatura infantil toma-se, deste modo, imprescindível.
Os professores dos primeiros anos da escola devem trabalhar diariamente com
literatura, pois constitui material indispensável que aflora a criatividade das crianças
através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favorecem
a proliferação do gosto pela leitura, enquanto forma de lazer e diversão,


      Entretanto, percebemos uma contradição nos sujeitos pesquisados, quando
afirmam compreender a importância da literatura e, no entanto, sua utilização se
resume no máximo duas vezes na semana quando, deveria utilizá-la quatro ou mais
vezes. Entendemos que estas professoras demonstram desconhecer a literatura
infantil como prática pedagógica, portanto pouco utiliza.
44


      A literatura infantil pode realmente estimular o imaginário em situações
diversas desenvolvendo novas perspectivas além de melhorar o conhecimento da
realidade. É notório que a literatura infantil desperta variadas emoções na criança,
conforme Coelho (2002.p.26), “a criança através da literatura infantil entra no texto e
viaja no mundo da fantasia e do questionamento assim a leitura além de poder ser
vista, pode ser vivida, sentida falada, ouvida e até contada”.



4.2.6 Finalidade atribuída à literatura infantil na sala de aula.



      Podemos observar que 50% dos sujeitos fazem uso da literatura infantil como
instrumento de aprendizagem e 50% utilizam não só como instrumento
aprendizagem, mas também como entretenimento.




                      Utilizo como instrumento     de   aprendizagem   e   também   como
                      entretenimento. (P1).

                      Sem dúvidas nenhuma como Instrumento de aprendizagem. (P2)

                      Como instrumento de aprendizagem (P3)

                      Costumo utilizar a literatura infantil não só como instrumento de
                      aprendizagem, mas como entretenimento também. (P4)




      Buscamos em vários autores conceituados opiniões em relação à literatura
infantil. Na opinião Cunha (1983) a literatura infantil é estritamente lúdica,
assinalando não ser necessária sua pretensão a pedagogia. Segundo Meirelles
(2000), a literatura não é apenas um passatempo, a literatura é nutrição, que auxilia
na formação infantil. Coelho (2003) tem uma opinião mais conciliadora, como objeto
que provoca emoções, prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de
mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Portanto, como instrumento
manipulado por uma intenção educativa, a literatura


      É importante o professor saber aplicar os métodos pedagógicos. De que
adianta um professor adquirir vários meios didáticos, como métodos e técnicas, e
45


não aplicá-los ou não ter competência suficiente para adequá-los ao nível de seus
alunos? Os meios didáticos são muito importantes, desde que o professor saiba usá-
los da melhor forma possível, atingindo as necessidades, interesses e dificuldades
dos alunos Cagneti (1995, p.23) afirma que “(...)” A literatura infantil é fonte
inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo”.



      A literatura infantil, utilizada de modo adequado, é um instrumento de suma
importância na construção do conhecimento do educando da educação infantil, não
só como instrumento de aprendizagem significativa, mas também como uma
atividade prazerosa. Ao ler uma história também é possível que a criança
desenvolva todo um potencial crítico. A partir daí a mesma pode pensar duvidar,
perguntar-se, questionar-se. Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais
e melhor ou percebendo que pode mudar de opinião.




4.3 O que apareceu na observação




      Durante o período de observação analisamos o comportamento das
professoras no momento literário, as quais utilizavam como recurso, gravuras,
fantoches entre outros criando objetos relacionados às histórias contadas. Havia
sempre uma maneira de explorar a história contada com perguntas em fichas e
respostas possibilitando momentos criativos de alegria, prazer, curiosidade espanto
e de muita satisfação. Estes sentimentos e sensações eram visíveis em cada rosto
das crianças ao ponto que algumas quando os pais chegavam antecipadamente
para levá-la para casa, pediam para ficar e esperar até o fim da história.
Lamentamos em saber que diante dessa realidade de encantamento e participação,
a literatura seja utilizada apenas uma ou duas vezes na semana.


      As professoras faziam um trabalho com a literatura infantil em parceria com
os pais quando nas sextas-feiras, tem-se o hábito de convidar o pai ou a mãe de um
aluno para contar uma história para toda a turma sendo responsável também pelo
46


lanche coletivo. Podemos perceber então neste momento que independente da
pessoa que contava a história, as crianças ficavam com o olhar fixo, mas sua mente
aparentemente voava no mar da imaginação, o encantamento despertava seu
interesse e envolvimento na história.


       Em uma conversa com os pais percebemos que poucos investiam em livros
para seus filhos. Quando preguntamos se fazia parte da sua rotina contar histórias
para seus filhos a resposta foi negativa, muitos alegaram que o pouco tempo que
tinham não contribuía, ás vezes era com muito esforço que liam algumas literaturas
exigidas pela escola. Percebemos então que esses pais denotam de certa forma
uma visão superficial e ligeiramente desinteressada acerca da importância da
literatura infantil para a criança.


       Entendemos que a literatura infantil é importante como prática pedagógica,
logo que é necessidade humana de comunicação tendo em vista que a criança
adquire uma nova dimensão, mais ampla e importante ao proporcionar à criança
oportunidades de um desenvolvimento emocional, social e indescritível.


                        Contribuem para formação das crianças criando uma ponte para o
                        inconsciente, desenvolvendo-lhes internamente recursos para que, quando
                        se depararem com situações difíceis e inevitáveis, estejam mais
                        fortalecidas e preparadas. (BUSSATO, 2003, p.35).



       Assim, faz-se cada vez mais necessário a revitalização da literatura infantil
levando em conta que ela torna a aprendizagem atraente e significativa, um recurso
didático simples, mas que proporciona benefícios significativos
47




                         5. CONSIDERAÇÕES FINAIS



               As idéias aqui contidas são reflexões não acabadas, mas com
possibilidades, dentre muitas existentes, de se pensar nas produções da
literatura infantil e a contribuição que ela está trazendo para o processo de
desenvolvimento da prática pedagógica dentro das instituições de educação.


           A pesquisa demostrou que os sujeitos pesquisados apesar de
afirmarem a importância da literatura infantil no desenvolvimento da criança e
na contribuição do processo de aprendizagem , revelaram utilizar a literatura
apenas um ou duas vezes na semana, entretanto percebemos uma fragilidade
em    seus     discursos,   entendemos    que   se   realmente   houvesse    esse
conhecimento a literatura infantil seria utilizada com mais frequência de até
quatro ou mais vezas na semana.



          A partir desta situação, compreendemos que a literatura deva ser
utilizada em sala de aula de forma prazerosa desvinculada dos conteúdos
gramaticais estimulando o gosto pela leitura, a imaginação, desenvolvendo a
criatividade. Portanto, há necessidade de preparo dos docentes para realização
de atividades diversificadas e motivadoras; participação de professores nos
cursos de capacitação que proporcionem um conhecimento maior sobre a
literatura infantil.


          A literatura infantil é um elemento riquíssimo, e, portanto não deve ser
deixado de lado pelos professores, nem utilizado sem planejamento prévio,
muito menos como pretexto para ensinar conteúdo. Ela é um amplo campo de
estudos que exige do professor conhecimentos para saber adequar os livros às
suas crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para
leitura
48


      Após a pesquisa percebemos que a literatura infantil através de uma
cumplicidade entre o contador de História e o ouvinte é determinante na
formação do indivíduo, ajudando- o a crescer com a capacidade de resolver
conflitos, frustrações e superações pessoais; pois nesse intercâmbio entre o
real e o imaginário, é possível, promover o desenvolvimento de habilidades que
favorecem o aumento dos conhecimentos linguísticos e comunicativos das
crianças, que promovem cooperação, socialização e consequentemente,
humanizam não só o ato de aprender como os aprendentes.


      As pessoas aprendem a ler antes de serem alfabetizadas, desde
pequenos, somos conduzidos a entender um mundo que se transmite por meio
de letras e imagens. O prazer da leitura, oriundo da acolhida positiva e da
receptividade da criança, coincide com um enriquecimento íntimo, já que a
imaginação dela recebe subsídios para a experiência do real, ainda quando
mediada pelo elemento de procedência fantástica.


     Assim, uma nova visão de mundo poderá ser descortinada através da
fantasia que a literatura infantil nos traz o que é de grande valia no campo
educacional por significar abrir as cortinas do mundo do conhecimento através
de novas descobertas.


     A Literatura Infantil sempre foi um dos elementos mais importantes
destinada às crianças. Tratando de histórias que envolvem o imaginário,
trazendo enredos com elementos que estão envolvidos na realidade infantil.
Mostrando que as lutas e as descobertas não acontecem da noite para o dia.
Os personagens passam pelas mais diversas provas e que eles mesmos têm
que realizá-las.


     Tudo se tornaria mais claro para os alunos se essa compreensão do
mundo imaginário fosse passada para eles durante um período destinado
somente a isso. A escola contém inúmeros recursos a serem explorados pelos
professores e alunos, é necessário colocá-los em prática.
49


      Há quem pense que no mundo das tecnologias em que vivemos, quando
as informações, notícias, poderão ser trocados por emails, parece até que o
livro é coisa do passado, está esquecido, portanto a importância da literatura
infantil para uma pessoa que conhece o poder de uma história bem contada, a
satisfação de tocar e folhear a página de um livro e encontrar nele um mundo
cheio de encantamento, com certeza não há tecnologia que possa comparar.


      Compreendemos então, que contar histórias não é apenas abrir um livro
e ler um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças e sim
despertar sua curiosidade, estimular sua imaginação, desenvolver seu intelecto
e suas habilidades, porque enquanto diverte a criança, favorece o
desenvolvimento de sua personalidade


      De acordo com as falas dos sujeitos pesquisados e os teóricos que
fundamentaram esta pesquisa percebemos que a literatura infantil pode dar
várias contribuições na formação da criança da educação Infantil. Entre elas
destacamos: A literatura infantil oferece momentos de brincadeiras, recreação,
divertimento, aumenta e enriquece o vocabulário, desperta o poder de
imaginação e fantasia da criança, distrai e descarrega tensões, estimula a
criatividade e pode desenvolver o processo cognitivo, o gosto pela leitura,
ajudando na interpretação de textos, facilitando a aprendizagem.


      Diante de tais descobertas, trabalhar esta temática que tanto nos fascina
foi enriquecedor, pois possibilitou conhecer suas especificidades, levando a
uma reflexão sobre as grandes contribuições dadas pela Literatura Infantil à
construção da personalidade e da educação escolar das crianças.
50



                               REFERÊNCIAS

ALLEGRETTI, Sônia Maria de Macedo. Mudança educacional: um desafio.
In: ALMEIDA,Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manuel (Org.).
Aprender construindo: ainformática se transformando com os professores.
Brasília: MEC/SED, 1999. ColeçãoInformática para a Mudança na Educação.
Disponívelem:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003152.pdf
>. Acesso em: março. 2012.


ABROMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo:
Scipione, 1989.

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4.ed. São
Paulo: Scipione, 1997

____________, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São
Paulo: Scipione, 1995

AGUIAR, Vera Teixeira de e (coord.). Era uma vez...na escola. Formando
educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato. 2001.


ANGOTTI, Maristela. (organizadora). Educação Infantil: para que, para quem
e por quê? Campinas, SP: Ed. Alínea, 2006.


ÁRIES ,Philippe.história social da criança e da família .2ª Ed. Rio de Janeiro
Ganabara,19978.

BAMBERGUE, RICHARD – Como Incentivar O Hábito de Leitura, ÁTICA, 7º
EDIÇÃO. SÃO PAULO, 2002.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro.
Paz e terra. 1980.

BORGES, Teresa Maria Machado. A criança em idade Pré-escolar. São
Paulo, Brasiliense, 1994.

BUSSATO,Cléo contar e encantar pequenos segredos da narrativa 3ª edição
São Paulo: Vozes, 20005.

BRASIL___. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, nº 9394 de 20 de dezembro de 1996.

CADEMARTORI, L. O que é literatura infantil? 6.ed. São Paulo : Brasiliense,
1994.

CAGNETI, S. Livro que te quero livro. Rio de Janeiro: Nódica. 1996.
51




Cashdan, Sheldon. Os 7 pecados capitais nos contos de fadas: como os
contos de fadas influenciam nossas vidas. [s.n.] Rio de Janeiro: Campus,
2000.

COELHO ,Nelly Novais. Das lendas orientais a literatura atual. Revista D. O.
leitura, São Paulo,ano 20, n. 12, dez. 2002.

CERVO, Amado Luis e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica para
uso dos estudantes universitários. 3ª ed. São Paulo, 1983.

COELHO, N. N. A importância da leitura e literatura infantil na formação
das crianças e jovens. Comunicação e cultura, São Paulo, Ano 1, nº 1, p. 8-9,
Abril/Maio 2003.

CRUZ, Otávio Neto. O trabalho de campo como descoberta e criação. In:
MINAYO, Maria C.S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 6ª
ed. Petrópolis : Vozes, 1996.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. São
Paulo: Ática, 1983.

CURY, Augusto. Pais Brilhantes Professores fascinantes. Ed. Sextantes,
RJ- 2003.

DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 2° Edição-Petrópolis:
Vozes, 1990.

DESLANDES, Suely Ferreira. Pesquisa Social: Teoria, Método e
Criatividade. Suely Ferreira Deslandes, Otávio Cruz Neto, Romeu Gomes,
Maria Cecília de Souza Minaio (organizadora), Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

FERREIRA, Manuela, Do “Avesso’’ do Brincar ou ...as Relações entre
pares, as Rotinas da Cultura Infantil (ais) Instituinte (s) das Crianças no
Jardim-de Infância. In: Sarmento, Manoel Jacinto. CERISARA, Ana Beatriz.
Crianças e Miúdos. ASA, 2002.

FERREIRA, ROSSETTI, Maria Clotilde.          Processos de adaptação na
creche, São Paulo, 1993.

FREIRE, Paulo. Conscientização. Teoria e Prática: uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire.1º Edição. São Paulo-SP. Ed Moraes,1996

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler (34ª edição). São Paulo: cortez
Editora,1997.

GENTILI, Pablo e ALENCAR, Chico. Educar na esperança em tempos de
desencanto. Petrópolis, RJ. Editora: Vozes, 2005.
Literatura infantil: ferramenta ou lazer
Literatura infantil: ferramenta ou lazer
Literatura infantil: ferramenta ou lazer
Literatura infantil: ferramenta ou lazer
Literatura infantil: ferramenta ou lazer

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Trabalho monografico pronto
Trabalho monografico prontoTrabalho monografico pronto
Trabalho monografico prontotania soares
 
A prática de literatura no ensino médio como inovar
A prática de literatura no ensino médio como inovarA prática de literatura no ensino médio como inovar
A prática de literatura no ensino médio como inovarUNEB
 
Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...
Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...
Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...Leilany Campos
 
Projeto de pesquisa
Projeto de pesquisaProjeto de pesquisa
Projeto de pesquisaviviprof
 
A parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagem
A parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagemA parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagem
A parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagemUNEB
 
O processo de alfabetização
O processo de alfabetizaçãoO processo de alfabetização
O processo de alfabetizaçãoRosemary Batista
 
Aprender com a_biblioteca_escolar guião
Aprender com a_biblioteca_escolar guiãoAprender com a_biblioteca_escolar guião
Aprender com a_biblioteca_escolar guiãoSofia Rebêlo
 
Unidade 2 as rotinas da escola e da historia
Unidade 2 as rotinas da escola e da historiaUnidade 2 as rotinas da escola e da historia
Unidade 2 as rotinas da escola e da historiaNaysa Taboada
 
Formação - caderno 3 pnaic 2015
Formação - caderno 3 pnaic  2015Formação - caderno 3 pnaic  2015
Formação - caderno 3 pnaic 2015Everaldo Gomes
 
Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard francisco
Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard franciscoEliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard francisco
Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard franciscoEliorefe
 
Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICA
Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICAProjeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICA
Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICAAdriana Melo
 
Proposta do infantil ll educação infantil
Proposta do infantil ll   educação infantilProposta do infantil ll   educação infantil
Proposta do infantil ll educação infantilRosemary Batista
 

Was ist angesagt? (20)

5 encontro
5 encontro5 encontro
5 encontro
 
Trabalho monografico pronto
Trabalho monografico prontoTrabalho monografico pronto
Trabalho monografico pronto
 
A prática de literatura no ensino médio como inovar
A prática de literatura no ensino médio como inovarA prática de literatura no ensino médio como inovar
A prática de literatura no ensino médio como inovar
 
TCC
TCCTCC
TCC
 
monografia Viviane pedagogia 2010
monografia Viviane pedagogia 2010monografia Viviane pedagogia 2010
monografia Viviane pedagogia 2010
 
Pnaic caderno 2
Pnaic caderno 2Pnaic caderno 2
Pnaic caderno 2
 
Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...
Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...
Tcc 2014.1 A IMPORTÂNCIA DAS HQ's COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS...
 
Devolutiva sarem
Devolutiva saremDevolutiva sarem
Devolutiva sarem
 
Monografia Naiane Pedagogia 2012
Monografia Naiane Pedagogia 2012Monografia Naiane Pedagogia 2012
Monografia Naiane Pedagogia 2012
 
Projeto de pesquisa
Projeto de pesquisaProjeto de pesquisa
Projeto de pesquisa
 
A parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagem
A parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagemA parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagem
A parceria escola e família e as possibilidades para a aprendizagem
 
Pnaic caderno 3
Pnaic caderno 3 Pnaic caderno 3
Pnaic caderno 3
 
O processo de alfabetização
O processo de alfabetizaçãoO processo de alfabetização
O processo de alfabetização
 
Aprender com a_biblioteca_escolar guião
Aprender com a_biblioteca_escolar guiãoAprender com a_biblioteca_escolar guião
Aprender com a_biblioteca_escolar guião
 
Unidade 2 as rotinas da escola e da historia
Unidade 2 as rotinas da escola e da historiaUnidade 2 as rotinas da escola e da historia
Unidade 2 as rotinas da escola e da historia
 
Formação - caderno 3 pnaic 2015
Formação - caderno 3 pnaic  2015Formação - caderno 3 pnaic  2015
Formação - caderno 3 pnaic 2015
 
Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard francisco
Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard franciscoEliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard francisco
Eliorefe cruz lima tcc lp009 vf edgard francisco
 
Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICA
Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICAProjeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICA
Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas MATEMÁTICA
 
1ano
1ano1ano
1ano
 
Proposta do infantil ll educação infantil
Proposta do infantil ll   educação infantilProposta do infantil ll   educação infantil
Proposta do infantil ll educação infantil
 

Andere mochten auch

Literatura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramento
Literatura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramentoLiteratura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramento
Literatura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramentoAna Lúcia Hennemann
 
Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009
Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009
Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009Biblioteca Campus VII
 
Aula De Literatura Infantil
Aula De Literatura InfantilAula De Literatura Infantil
Aula De Literatura Infantilroessencia
 
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -Eunice Mendes de Oliveira
 
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   cAtividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve cEunice Mendes de Oliveira
 
PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula
PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aulaPNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula
PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aulaElieneDias
 
PNAIC - O trabalho com ortografia na escola
PNAIC - O trabalho com ortografia na escolaPNAIC - O trabalho com ortografia na escola
PNAIC - O trabalho com ortografia na escolaElieneDias
 
A Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de ConviverA Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de Conviverlucianaraspa
 
1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagem1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagemAlba Mate Mate
 
Gestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da EducaçãoGestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da Educaçãoregicenci
 

Andere mochten auch (20)

Monografia Rita Pedagogia 2012
Monografia Rita Pedagogia 2012Monografia Rita Pedagogia 2012
Monografia Rita Pedagogia 2012
 
Monografia Joseneide Pedagogia 2012
Monografia Joseneide Pedagogia 2012Monografia Joseneide Pedagogia 2012
Monografia Joseneide Pedagogia 2012
 
Literatura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramento
Literatura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramentoLiteratura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramento
Literatura infantil auxilio no processo de alfabetização e letramento
 
Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009
Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009
Monografia Maria Ivone Pedagogia 2009
 
Aula De Literatura Infantil
Aula De Literatura InfantilAula De Literatura Infantil
Aula De Literatura Infantil
 
Trabahando com crianças do berçário
Trabahando com crianças do berçárioTrabahando com crianças do berçário
Trabahando com crianças do berçário
 
Monografia Noêmia Pedagogia 2009
Monografia Noêmia Pedagogia 2009Monografia Noêmia Pedagogia 2009
Monografia Noêmia Pedagogia 2009
 
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
Corrigido planejando as visitas às salas de aula -
 
Dona Licinha conto1
Dona Licinha    conto1Dona Licinha    conto1
Dona Licinha conto1
 
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   cAtividade 3 5_eunice slides a formiga e  a neve   c
Atividade 3 5_eunice slides a formiga e a neve c
 
Eunice
EuniceEunice
Eunice
 
PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula
PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aulaPNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula
PNAIC - Refletindo sobre a ortografia na sala de aula
 
PNAIC - O trabalho com ortografia na escola
PNAIC - O trabalho com ortografia na escolaPNAIC - O trabalho com ortografia na escola
PNAIC - O trabalho com ortografia na escola
 
O menino que_aprendeu_a_ler[1]
O menino que_aprendeu_a_ler[1]O menino que_aprendeu_a_ler[1]
O menino que_aprendeu_a_ler[1]
 
A Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de ConviverA Difícil Arte de Conviver
A Difícil Arte de Conviver
 
A arte de contar histórias
A arte de contar históriasA arte de contar histórias
A arte de contar histórias
 
1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagem1.processo de ensino e aprendizagem
1.processo de ensino e aprendizagem
 
Gestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da EducaçãoGestão Democrática Da Educação
Gestão Democrática Da Educação
 
O Imaginário Brasileiro
O Imaginário BrasileiroO Imaginário Brasileiro
O Imaginário Brasileiro
 
Sartre, j p. o imaginário
Sartre, j p. o imaginárioSartre, j p. o imaginário
Sartre, j p. o imaginário
 

Ähnlich wie Literatura infantil: ferramenta ou lazer

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.doc
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.docA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.doc
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.docCarolPalhete1
 
Relat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mecRelat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mecproinfancia
 
Revista criança sobre inclusão
Revista criança  sobre inclusãoRevista criança  sobre inclusão
Revista criança sobre inclusãoCompede
 
Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02
Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02
Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02edivalbal
 
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009Biblioteca Campus VII
 
Filosofia para educadores
Filosofia para educadoresFilosofia para educadores
Filosofia para educadoresRafael Reis
 
A importância da literatura
A importância da literaturaA importância da literatura
A importância da literaturaThais Bueno
 
5360 3477 modelo de artigo 13102012
5360 3477 modelo de artigo 131020125360 3477 modelo de artigo 13102012
5360 3477 modelo de artigo 13102012lethissias
 
Pauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação Infantil
Pauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação InfantilPauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação Infantil
Pauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação Infantiladridaleffi121212
 
Projeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leitura
Projeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leituraProjeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leitura
Projeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leituraAmanda Freitas
 
A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.
 A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS. A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.
A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.Leilany Campos
 
Pedagogia de Projetos na Ed. Infantil
Pedagogia de Projetos na Ed. InfantilPedagogia de Projetos na Ed. Infantil
Pedagogia de Projetos na Ed. InfantilVania Duarte
 
A descoberta da_escrita
A descoberta da_escritaA descoberta da_escrita
A descoberta da_escritaVanda Simoes
 

Ähnlich wie Literatura infantil: ferramenta ou lazer (20)

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.doc
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.docA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.doc
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ok.doc
 
Relat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mecRelat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mec
 
Revista criança sobre inclusão
Revista criança  sobre inclusãoRevista criança  sobre inclusão
Revista criança sobre inclusão
 
Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02
Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02
Aliteraturanoimaginrioinfantil valcisoares-121004131723-phpapp02
 
Artigo 2011.
Artigo 2011.Artigo 2011.
Artigo 2011.
 
Artigo 2011.
Artigo 2011.Artigo 2011.
Artigo 2011.
 
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
 
Filosofia para educadores
Filosofia para educadoresFilosofia para educadores
Filosofia para educadores
 
Monografia Merielen Pedagogia 2009
Monografia Merielen Pedagogia 2009Monografia Merielen Pedagogia 2009
Monografia Merielen Pedagogia 2009
 
A importância da literatura
A importância da literaturaA importância da literatura
A importância da literatura
 
5360 3477 modelo de artigo 13102012
5360 3477 modelo de artigo 131020125360 3477 modelo de artigo 13102012
5360 3477 modelo de artigo 13102012
 
Maria helena da silva
Maria helena da silvaMaria helena da silva
Maria helena da silva
 
A emergência da psicopedagogia no brasil
A emergência da psicopedagogia no brasilA emergência da psicopedagogia no brasil
A emergência da psicopedagogia no brasil
 
Monografia Madalena Pedagogia 2011
Monografia Madalena Pedagogia 2011Monografia Madalena Pedagogia 2011
Monografia Madalena Pedagogia 2011
 
Pauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação Infantil
Pauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação InfantilPauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação Infantil
Pauta -3º Encontro com Coordenadores Pedagógicos da Educação Infantil
 
Projeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leitura
Projeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leituraProjeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leitura
Projeto de Pesquisa: A Literatura Infantil no desenvolvimento da leitura
 
A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.
 A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS. A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.
A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS LÚDICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS.
 
Pedagogia de Projetos na Ed. Infantil
Pedagogia de Projetos na Ed. InfantilPedagogia de Projetos na Ed. Infantil
Pedagogia de Projetos na Ed. Infantil
 
A descoberta da_escrita
A descoberta da_escritaA descoberta da_escrita
A descoberta da_escrita
 
A descoberta da_escrita
A descoberta da_escritaA descoberta da_escrita
A descoberta da_escrita
 

Mehr von Biblioteca Campus VII

Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 

Mehr von Biblioteca Campus VII (20)

Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
 
Monografia Samuel Enfermagem 2012
Monografia Samuel Enfermagem 2012Monografia Samuel Enfermagem 2012
Monografia Samuel Enfermagem 2012
 

Literatura infantil: ferramenta ou lazer

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS SENHOR DO BONFIM - BA 2012
  • 2. 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos. Orientadora: Prof.ª Msc. Rita Braz Conceição Melo SENHOR DO BONFIM - BA 2012
  • 3. 3 ELICIENE TRINDADE DOS SANTOS LITERATURA INFANTIL: MERO PASSATEMPO OU INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM? Aprovada em: ____/____/_____ __________________________________ Orientadora __________________________________ Avaliador(a) __________________________________ Avaliador(a)
  • 4. 4 Ser feliz é acreditar em Deus. É ser resiliente diante dos problemas, é acreditar em dias melhores, é ser autor e não expectador da própria história. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida e por pessoas maravilhosas que fazem parte de nossas vidas. À minha mãe e amiga Florentina Trindade dos Santos, meu exemplo de coragem, luta e paciência, aos demais familiares e a todos os amigos que de certa forma colaboraram pela conclusão deste trabalho.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS À Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Departamento de Educação - Campus VII – Senhor do Bonfim – Ba, direção, funcionários e aos professores por nos proporcionarem momentos de interação, aprendizado, contribuindo para o nosso crescimento acadêmico. À professora, orientadora, Rita Braz, pelo exemplo de profissionalismo, empenho, amizade, e ensinamentos compartilhados durante o desenvolvimento dessa pesquisa. As professoras e direção do Centro Educacional Edneílda Marques pela colaboração, e espaço cedido durante a elaboração deste trabalho.
  • 6. 6 “A literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização”. Nelly Novaes Coelho
  • 7. 7 ABSTRACT Recently, discussions involving the Children's Literature have been intensifying. Debates in academia and in other spaces, indicate the need to present it not only as a vehicle for expression of culture, or ideology, but as a mediator of the teaching-learning process. This monograph highlights the relevance of this research whose theme is: Children's Literature: Mero hobby or a learning tool? Aiming to investigate the contribution of literature and child in the education of children from Early Childhood Teacher Education Center Edneílda Marques. For realization of this research were made based on theoretical discussions Abromovich (1997), Aries (1978), Bettelhem (1980), Rabbit (2002, 2003), Kramer (2001), (1993), Sisto (2007), and others. This paper begins with a brief history of the Children's Literature, focuses on the importance of listening to stories and contact the child early in the book, outlining some strategies to develop the reading habit, and also highlights the literature as a way to open paths for student learning in this context this research is supported / based on a qualitative methodology, whose instruments of data collection were the questionnaire enclosed, open questionnaire participant observation as a locus with the school Educational Center and Professor Marques Edneílda subjects, five teachers early childhood education. Finally some conclusions, without the slightest pretension of exhausting discussions on the subject, a few comments aimed at the need to resize the training of teacher, influence agent continuing education proposal will revitalize the practice of including the Children's Literature as an educational tool. Keywords: Children's Literature, Children, Early Childhood Education
  • 8. 8 RESUMO Recentemente, discussões envolvendo a Literatura Infantil vêm se intensificando. Debates no meio acadêmico e em outros espaços, sinalizam a necessidade de apresentá-la não só como veículo de manifestação de cultura, ou de ideologia, mas como elemento mediador do processo ensino-aprendizagem. Este trabalho monográfico evidencia a relevância desta pesquisa cuja temática é: Literatura Infantil: Mero passatempo ou um instrumento de aprendizagem? Tendo como objetivo investigar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Para efetivação desta pesquisa foram realizadas discussões teóricas fundamentadas em Abromovich (1997), Aries, (1978), Bettelhem (1980), Coelho (2002, 2003), Kramer (2001), (1993), Sisto (2007), e outros. O presente trabalho inicia com um breve histórico sobre a Literatura Infantil, enfoca a importância de ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro, esboçando algumas estratégias para desenvolver o hábito de leitura, além de evidenciar a literatura como forma de abrir caminhos para a aprendizagem dos alunos Nesse contexto esta investigação é sustentada/fundamentada numa metodologia de cunho qualitativo, cujos instrumentos de coleta de dados foram , o questionário fechado, questionário aberto observação participante tendo como lócus a escola Centro Educacional Professora Edneílda Marques e sujeitos, cinco professoras da educação infantil. Finalmente as considerações finais, sem a menor pretensão de esgotar as discussões sobre o tema, alguns comentários visando à necessidade de redimensionar a formação do pedagogo, influenciar agente da educação dando continuidade á proposta de revitalização da prática de incluir a Literatura Infantil como instrumento pedagógico. Palavras-chave: Literatura Infantil, Criança, Educação Infantil.
  • 9. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................10 CAPÍTULO I.................................................................................................................12 1. UMA VIAGEM AO MUNDO DA INFÂNCIA PARA COMPREENDER O PROBLEMA.................................................................................................................12 CAPÍTULO II................................................................................................................15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................15 2.1 Educação Infantil: Reflexões......................................................................................15 2.2 Literatura Infantil: conceitos, origens e características...............................................16 2.2.1 A importância de ouvir e contar história..............................................................19 2.2.2 A formação de alunos leitores .......................................................................20 2.3 A relação criança X literatura ....................................................................................22 2.3.1 Os processos educativos na infância....................................................................25 CAPÍTULO III...............................................................................................................27 3. METODOLOGIA......................................................................................................27 3.1 Paradigma da pesquisa ..............................................................................................27 3.2 Sujeitos........................................................................................................................28 3.3 Lócus de pesquisa.......................................................................................................28 3.4 Instrumentos de coleta de dados.................................................................................29 3.4.1.2 Questionário fechado........................................................................................30 3.4.1.3 Questionário aberto...........................................................................................31 CAPÍTULO IV..............................................................................................................33 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.........................................................33 4.1 Perfil dos sujeitos .......................................................................................................33 4.1.2 Gênero .................................................................................................................34 4.1.3 Formação..............................................................................................................34 4.1.4 Rede de ensino em que atua.................................................................................35 4.1.5 Renda salarial ....................................................................................................36 4.2 Análise do questionário aberto....................................................................................36 4.2.1 A importância de trabalhar a literatura infantil na sala de aula............................36 4.2.2 Freqüência em que a literatura é trabalhada em sala de aula ..............................38 4.2.3 Quanto ao hábito de leitura do professor ............................................................39 4.2.4 Compreensão sobre a relação Literatura infantil X leitura .................................41 4.2.5 Sobre a reação que provoca nos alunos: .............................................................42 4.2.6 Finalidade atribuída à literatura infantil na sala de aula......................................44 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................47 REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 49
  • 10. 10 INTRODUÇÃO Nos últimos anos a literatura infantil tem sido motivo de muita discussão. Entendemos que quanto mais cedo oferecer à criança a oportunidade de estar inserida num ambiente onde houver livros de literatura infantil, ela desenvolverá uma visão de mundo que contribuirá no seu desenvolvimento. Oliveira (1996, p. 27) afirma que: A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento. Um para o desenvolvimento biológico e o outro, para o desenvolvimento psicológico, nas suas dimensões afetivas e intelectuais. A literatura infantil é um fenômeno literário, um veículo de idéias, muitas vezes utilizado dentro do contexto escolar. Ela possui um envolvimento aos valores sociais e culturais. Isto justifica vários profissionais de diferentes vertentes do conhecimento humano, tentar através da sua análise, encontrar subsídios para os fenômenos de maturação para seu engajamento na sala de aula. Literatura é arte e, como tal, as relações de aprendizagem e vivências que se estabelecem entre ela e o indivíduo, são fundamentais para que este alcance sua formação integral (sua consciência do eu + o outro + o mundo em harmonia dinâmica). (COELHO, 2003, p. 8-9). A literatura infantil tem na sociedade uma tarefa de transformação, desenvolvendo o papel de agente de formação, a partir do envolvimento do leitor com o livro e nas atividades literárias desenvolvidas na escola. No entanto, ela dá conta de situações voltada à cultura, de conhecimento do mundo e do ser. Este trabalho monográfico cujo tema é Literatura Infantil: Mero passatempo ou instrumento de aprendizagem? Foi concretizado no decorrer do curso de Pedagogia sendo fortalecido durante o componente curricular voltado ao tema que deu enfoque
  • 11. 11 à pesquisa. Teve como objetivo investigar a importância da literatura infantil na formação das crianças da Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Assim o desenvolvimento deste trabalho está distribuído a partir de reflexões que aqui se apresentam na seguinte ordem: Capítulo I - Traz a problemática do tema proposto, discutindo sobre a literatura infantil, partindo de sua trajetória ao longo dos tempos e traçando o caminho necessário para evidenciar o nosso problema. Capítulo II - Discute o referencial teórico abordando os conceitos-chave que fundamentam a pesquisa, fazendo um panorama sobre a literatura infantil, suas origens e características, enfocando os contos de fadas e seus personagens, analisando a criança, a importância de ouvir história adentrando no processo educativo na infância, tendo como palavras-chave: Literatura Infantil, Criança e Educação Infantil. Capítulo III - Traz reflexões metodológicas que nortearam a base que fundamentou a pesquisa, explicitando todos os procedimentos desenvolvidos na investigação. Procurando conhecer e interpretar a problemática apresentada, foi utilizado como instrumento de coleta de dados: questionário fechado, questionário aberto e observação participante. Capítulo IV - Apresenta a análise dos dados, fazendo um paralelo com o referencial teórico e a realidade investigada. Por fim, as considerações conclusivas pontuando e refletindo descobertas atribuídas ao percurso investigativo.
  • 12. 12 CAPÍTULO I 1. UMA VIAGEM AO MUNDO DA INFÂNCIA PARA COMPREENDER O PROBLEMA È notório as transformações ocorridas nesses últimos tempos na educação brasileira, mudanças na legislação, na nomenclatura das modalidades educacionais, nas concepções. Há uma necessidade de procurar alternativas educacionais que transforme a aprendizagem num repertório eficiente e interessante. Neste contexto, a literatura Infantil adentrou com a necessidade de ser descoberta pelos educadores como uma alternativa e ferramenta metodológica prazerosa na construção do conhecimento. A partir do encontro do homem com os livros, ele enriquece sua visão de mundo. Portanto, a literatura oportuniza um conhecimento não só cultural, mas ideológico. Durante o século XVII, a época em que algumas mudanças ocorreram na estrutura de sociedade, tanto no espaço artístico, como no aspecto social, literatura constitui-se como gênero. A literatura nasceu na antiga Grécia. Chamava-se poesia e existia apenas para divertir a nobreza. Os dois poemas mais importantes daquela época eram llíada e Odisséia, que contavam as origens da nação helênica, além de outras coisas referentes ao modelo político adotado na antiguidade que mostrava à população normas de comportamento. (ZILBERMAN, 1999, p.12). Antigamente, as crianças viviam igualmente com os adultos, não havia separação, ou seja, não tinha uma visão de infância, portanto não se escrevia para crianças. Segundo Cunha (1993) a partir do século XVIII, ocorreu também uma mudança quanto ao contexto infantil. As crianças então passaram a ser tratadas diferencialmente dos adultos, recebendo, portanto, tratamento de acordo com a sua faixa etária e faculdade mental. Desde então se começou a pensar e criar formas ,
  • 13. 13 modelos educacionais, métodos pedagógicos onde a literatura infantil surgiu com características próprias. Surgiu então a literatura infantil: O início da literatura infantil pode ser marcado com Perrault, entre os anos de 1628 e 1703, com os livros "Mãe Gansa", "O Barba Azul", "Cinderela", "A Gata Borralheira", "O Gato de Botas" e outros. Depois disso, apareceram os seguintes escritores: Andersen, Collodi, Irmãos Grimm, Lewis Carrol, Bush. No Brasil, a literatura infantil pode ser marcada com o livro de Andersen "O Patinho Feio", no século XX. Após surgiu Monteiro Lobato, com seus primeiros livros “Narizinho Arrebitados” e mais adiante, muitos outros que até hoje cativam milhares de crianças, despertando o gosto e o prazer de ler (CADEMARTORI, 1994, p. 79-80). Aqui no Brasil, a história da literatura infantil tem passado há alguns anos, por modificações, com linguagens e lustrações que devem ser apropriadas às crianças que transmitem mensagens planejadas carregada por parte do autor. Segundo Bettelhem (1980, p.27): A literatura infantil é indicada para ajudar as crianças a encontrar um significado na vida, pois desenvolve o intelecto, harmoniza-se com suas ansiedades e torna claras suas emoções, são enriquecedores ajuda a auxiliar o raciocínio das pessoas. Hoje sabemos que a literatura é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoção, alegria e encantamento de forma significativa. Sua participação na escola, lócus formal de acesso á iniciação de conhecimentos especializados, onde a literatura pode ser inserida como instrumento metodológico importante, pois permite às crianças resolverem seus problemas psicológicos de modo simbólico adquirindo maturidade. Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encape esse lado. É precisar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa a gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou a aval pra vontade e descoberta ou pro crescimento de ninguém. (ABRAMOVICH 1995, p.148).
  • 14. 14 Sabendo que a escola precisa ter como finalidade o desenvolvimento integral da criança, levando em conta o seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, Petry (1990) afirma que a literatura infantil é a expressão literária com valores e características que se ajustam ao desenvolvimento intelectual, criativo e psicológico da criança, ou seja, são obras que desenvolvem potencialidades. É necessário explicitar que através da literatura a criança desenvolve sua capacidade de emoção, admiração, compreensão do ser humano e do mundo, compreendendo os problemas alheios e dos seus próprios. A escola tem responsabilidade de fazer os momentos de leitura das literaturas infantis a possibilidade de abrir novos e belos caminhos para uma compreensão de mundo. É poder sorrir, gargalhar com as situações vividas pelos personagens com idéia do conto ou com o jeito de escrever do autor, é um momento de humor, de brincadeira, divertimento, entretanto, percebemos a deficiência de muitas escolas ao utilizar a literatura como prática pedagógica. Assim, buscando então, compreender a literatura infantil utilizada como instrumento didático que poderá dar suporte ao professor na prática educativa, esta pesquisa foi norteada pela seguinte questão: Qual a contribuição da literatura- infantil na formação da criança da Educação Infantil? Sendo assim, objetivamos investigar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Essas indagações que norteiam a pesquisa nos fazem perceber que este trabalho monográfico é relevante, pois permite repensar conhecimentos pedagógicos, que poderá contribuir para uma reflexão com os professores que estejam articulando a literatura infantil como prática pedagógica no processo de construção do conhecimento como também compreender a literatura infantil no processo social do desenvolvimento psicológico, cognitivo e afetivo da criança.
  • 15. 15 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Trataremos aqui do referencial teórico da pesquisa, que é de fundamental importância nesta análise, para compreensão da problemática que nos propomos investigar. Diante dessa perspectiva, estaremos aprofundando os conceitos que nortearam nossa pesquisa. Palavras-chave: Literatura-infantil, Criança, Educação Infantil. 2.1 Educação Infantil: Reflexões A educação infantil é o ensino voltado às crianças é também o espaço em que a mesma entra em contato propriamente dito com a literatura como instrumento auxiliador no processo de aprendizagem, como reforça Aguiar (2001): “(...) devemos admitir que o primeiro encontro da criança brasileira com a produção literária é quase sempre na esfera escolar, por isso procuramos oferecer subsídios aos educadores que atentam para singularidade desse produto cultural’’ (p.158). Rousseau (1712-1772) teve muita colaboração com suas ideias que muito influenciaram na educação infantil. Luzuriaga (1988) vem afirmar que através de Rousseau a educação infantil obteve grande avanço, a criança começou a ser tratada não mais como a miniatura do homem, mas como alguém que possui seu próprio universo. Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de ser homem. Cumpre, pois estudar o menino. Não se conhece a infância;
  • 16. 16 com as falsas idéias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se extraviam. A infância tem maneiras de ver, pensar e sentir, que lhes são próprias. (ROUSSEAU APUD LUZURIAGA, 1988.p. 106). Essa forma de ver a infância teve início nos modernistas e educadores que viviam a frente da educação até o século XX. Houve interesses psicológicos e preocupações morais em prol das crianças como seres destinados à escola. Sobre esta temática Kramer (1992) informa: Foi criada a primeira creche popular para filhos de operários: 1909, inaugurando o jardim de infância Campos Sales no Rio de Janeiro. Em 1919, o Departamento da Criança do Brasil de 1920 foi reconhecido como utilidade pública. (p. 49) A Lei 9.394/96 inaugura um novo olhar quando nos diz no artigo 29: “a educação básica infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social”. Ai percebe-se pela primeira vez, pelo menos legalmente, uma preocupação com a criança enquanto cidadã construtora de conhecimento e ser que faz parte de um contexto social. 2.2 Literatura Infantil: conceitos, origens e características O título literatura infantil engloba modalidades bem variadas de textos: desde os contos de fadas, fábulas, contos maravilhosos, lendas, histórias do cotidiano... Até biografias romanceadas, romances históricos, literatura documental ou informativa. Isto vem facilitar sua utilização nas mais variadas formas. O homem responsável pelo surgimento da literatura Infantil ao sentir necessidade de transmitir acontecimentos e ideias, utilizou na ficção uma
  • 17. 17 oportunidade de divulgar a herança cultural, desenvolvida pela humanidade criando um elo entre a Literatura e a oralidade. É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve... (ABRAMOVICH, 1997, p. 17) Assim, a partir da tradução oral surgiu então a literatura. Como podemos observar suas fontes e origens se fundamentam no folclore, com lendas, mitos, narrativas e exemplares. A partir da valorização social da criança essas narrativas foram contadas, com o intuito formativo. Os textos de literatura Infantil fazem parte do patrimônio cultural da humanidade. Além do valor histórico, abordam problemas universais e do cotidiano, histórias conhecidas pelas crianças desde muito pequenas, contadas pelos familiares. Existem vários conceitos em relação à literatura, dentre eles, como foi requerido por cunha de que “(...) Literatura Infantil são livros que tem a capacidade de provocar emoção o prazer, o entretenimento, a fantasia, a identificação e o interesse da criançada.” (APUD, ALVES, 2003, p.26). Devido às mudanças que ocorreram ao longo da história, a literatura infantil apresentou alterações. Nas sociedades primitivas as crianças aprendiam apenas o que seus pais determinavam e passavam para elas: A menina mantinha a semelhança da mãe enquanto o menino a semelhança do pai. Na época clássica (Grécia e Roma) as crianças eram educadas com o intuito de servir ao Estado ou a sociedade, geralmente o menino tornava-se guerreiro. Já no período medieval, a literatura tem um crescimento reunindo lendas e contos folclóricos. Entende-se que a criança possui um conhecimento antes mesmo de iniciar a vida escolar, isto significa que ela não ingressa com uma “tabula rasa” ela é dotada de saberes prévios, e em relação a Literatura Infantil não é diferente, pois a mesma há muito tempo já existia e era contada pelos anciãos com o objetivo de ensinar valores éticos e culturais.
  • 18. 18 A Literatura Infantil antes mesmo da leitura e da escrita contribui no desenvolvimento, a partir também nas cantigas de ninar e no ouvir histórias infantis. Abramovich (1997, p.16 e 17) vem concordar que o primeiro contato de uma criança com a Literatura ocorre “a partir da voz da mãe, do pai, dos avôs contando contos de fadas, trechos da bíblia, histórias inventadas (tendo a criança como personagens), livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros mais”. Cashdan (2000, p. 291), comenta que “a literatura infantil representam uma janela especial que se abre para a vida emocional das crianças, e que o impacto que estes têm sobre os adultos, vem da influencia que tiveram quando eram crianças”. Podemos perceber que para ele, a literatura infantil é mais do que aventuras mágicas que exercitam a imaginação. Segundo Coelho (2002): As narrativas surgidas em diferentes regiões foram guardadas na memória do ser humano e contadas de um para outro, levado por peregrinos ou viajantes. Que foram encantando homens e crianças de todos os lugares do mundo ensinando o bem, repudiando o mal e valorizando o sonho a fantasia, o imaginário. Estes contos foram se transformando, de uma região para outra, de acordo com as mudanças de costumes, da vida dos lugares e dos ideais ambicionados pelos diferentes povos. (p.22) A literatura Infantil abriu portas para o mundo, e para aqueles que esperam o desenvolvimento das próprias crianças, onde a sociedade exige que a criança reflita sobre a realidade construindo na busca da formação de opiniões e conceitos, que questionem a situação em que se vive. A Literatura Infantil amplia possibilidade para a criança perceber o mundo, bem como no contato com as histórias, a criança constrói seu conhecimento através de textos literários na sala de aula. Nesse caso, a literatura infantil torna-se uma forma de aprendizado influenciadora na formação. Assim, a importância da literatura infantil no contexto escolar enfoca seu grande papel no desenvolvimento da criança, e a necessidade de envolvê-la na sala de aula, além da valorização desta forma literária como caminho para a compreensão de mundo.
  • 19. 19 2.2.1 A importância de ouvir e contar história Quando as histórias são trabalhadas em sala de aula as crianças vão se identificando com os personagens e passam todos os conflitos, alegrias, medos e tristezas com aqueles que os vivem na história, passa então a se envolver de tal forma e a viver e agir como se fossem um dos personagens. A Literatura Infantil sempre foi um dos elementos mais importantes destinada às crianças. Tratando de histórias que envolvem o imaginário, trazendo enredos com elementos que estão envolvidos na realidade infantil, mostrando que as lutas e as descobertas não acontecem da noite para o dia. Os personagens passam pelas mais diversas provas e eles mesmos têm que realizá-las. Abramovich (1997): Ao ler uma história a criança também desenvolve todo potencial critico. A partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de opinião. (p.143) Deste modo, ao ouvir histórias, as crianças têm o enriquecimento emocional e intelectual que deve ser percebido pelos professores, para que estes venham na hora do conto explorar a criatividade e favorecer o desenvolvimento da sensibilidade artística da criança. Contar histórias é uma prática muito antiga. Ocorreu quando o homem começou a ter poder de fala, sentindo necessidade de contar suas experiências. Segundo Coelho (2002), as histórias foram transmitidas de geração para geração, quando um dia alguém resolveu registrá-las escrevendo e assim garantir- lhes sua perpetuação , sem depender da memória do ser humano. É importante explicitar que contar histórias é extremamente importante e benéfico para as crianças. Entendemos que a história narrada, por escrito ou oralmente, nos permite um avanço em diversos níveis. Isto é, contar histórias para
  • 20. 20 as crianças permite um desenvolvimento, no mínimo, nos planos psicológicos, pedagógicos, históricos, social, cultural e estético. Quando uma criança ouve uma história vivencia no plano psicológico as ações problema, os conflitos das histórias. Essa vivência faz aumentar consideravelmente o repertório de conhecimento da criança, sobre si e sobre o mundo. E tudo isso ajuda formar e desenvolver a personalidade. Tahan (1961) pontua: A história grava-se indelevelmente, em nossas mentes e seus ensinamentos passam ao patrimônio moral de nossa vida. Ao depararmos com situações idênticas, somos levados a agir de acordo com as experiências que inconscientemente, já vimos na história. Por isso, nossos pais e professores bem orientados e inteligentes, empregam a história como meio eficaz de corrigir faltas, ensinar bons costumes, inspirar atitudes nobres e justas, enfim. Recorrem ao conto como o mais racional e o mais eficaz processo de formar caracteres, e a experiências tem provado de sobejo, o acerto do caminho seguido. (p.16) Ao ouvir histórias infantis a criança poderá ter maior habilidade em resolver seus conflitos emocionais, expressar seus sentimentos de angústia se identificando com os personagens das histórias, organizando suas idéias nos mais diferentes aspectos. 2.2.2 A formação de alunos leitores Para utilizar a literatura infantil intencionando formar alunos leitores é necessário que o próprio professor tenha um entendimento correto do que seja literatura infantil, qual sua função, para que serve, e como ela pode contribuir na vida de cada um de seus alunos. Os resultados desse conhecimento, porém, não serão possíveis somente com conhecimentos teóricos, são antes de qualquer coisa adquiridos pelo respeito de que os alunos possuem opiniões diferentes, sentidos próprios, diferente do professor e de cada texto que leem.
  • 21. 21 Leitura-prazer, em se tratando de obra literária para crianças, é aquela capaz de provocar riso, emoção e empatia com a história, fazendo o leitor voltar mais vezes ao texto para sentir as mesmas emoções. É aquela leitura que permite ao leitor viajar no mundo do sonho, da fantasia e da imaginação e até propiciar a experiência do desgosto, uma vez que esta é também um envolvimento afetivo provocador de busca de superação (OLIVEIRA, 1996, p. 28). Estimular a criança a ler literaturas infantis, apenas, não é o bastante para formar o hábito da leitura, é importante despertá-la sobre os benefícios da leitura para vida. Sendo uma fonte de prazer, é necessário conscientizá-la dos valores que ela desperta, tornando a leitura mais interessante aos olhos da criança. É necessário que a história prenda a atenção da criança desperte sua curiosidade, estimulando sua imaginação. Ler literatura infantil é importante para a criança em vários aspectos: intelectual, emocional, social ou ambiental, psicológico. Assim podemos considerar a leitura como o meio bastante eficaz de enriquecimento e desenvolvimento da personalidade, é um caminho para a vida e para a sociedade. Como afirma Abromovich (1997): “Ah! Como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias... Escutá-las é inicio de aprendizagem, para ser leitor é um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão de mundo”. (p.37) Portanto, a literatura infantil pode desenvolver no aluno o hábito de ler, pois a mesma propõe, descobertas e aventuras tornando a leitura muito mais prazerosa, estimulando a imaginação e a fantasia do pequeno leitor. Neste contexto, ressaltamos a importância do professor da Educação Infantil como mediador da prática da leitura e formação de alunos leitores. De acordo com Fazenda (1991): Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16).
  • 22. 22 Apesar dos benefícios da literatura infantil, oferecer uma leitura a uma criança, sem conhecer seu contexto poderá ser perigoso. É necessário conhecer o livro (a leitura) que será dada à criança, lembrando que algumas histórias podem passar a ela não só preconceitos como mentiras, ou seja, mensagens negativas, perdendo assim, o lado pedagógico que está subtendido na leitura de um livro. 2.3 A relação criança X literatura Criança, para a Lei 8.069/90 é, portanto, pessoa de até doze anos. É o ser humano no período da infância é um individuo inocente. É um ser em seu desenvolvimento, é a melhor fase vivenciada pelo homem. Desde o nascimento até o inicio da adolescência, os pais são os principais modelos da criança, com quem elas aprendem principalmente a partir da imitação. É importante considerar suas capacidades afetivas, emocionais, sociais, cognitivas, socioculturais e sua individualidade. O conhecimento sobre infância cresceu ao longo do século XX, através do historiador Áries, que analisou o surgimento da infância na sociedade, através de sua publicação em 1970 sobre a história social da criança e da família. Segundo Hem (2003): De 1995, quando realizado o primeiro diagnóstico nacional da educação pré-escolar MEC, passando por 1979 - ano internacional da criança pela constituinte de 1990 e pela lei de diretrizes e bases de educação nacional de 1996 trata-se da conquista de uma visão das crianças enquanto cidadãos. (p.79). A primeira constituição que faz menção à infância e seus direitos foi a de 1937. Seu texto dizia que o Estado deveria prover a criança sem recursos, assim a infância passa a fazer parte das questões que envolvem toda a sociedade dialogando com o saber psicopedagógico na busca de referências para construção de um texto voltado a este leitor.
  • 23. 23 Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, “um mundo infantil’’, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância, não se escrevia para ela, pois não existia “infância’’. (ÁRIES 1978). A criança tem muitas formas de pensar, de falar, de agir, de sonhar de imaginar, de interagir, de criar, em fim, de expressar-se, o que as diferenciam do mundo dos adultos. Elas têm uma forma diferente de interpretar e atribuir sentido à realidade que as cercam, e por tanto, agir no mundo, e isso traz a possibilidade de criar outros universos que podem inverter a estrutura prévia do contexto que estão inseridos. Mas a ideia sobre infância não foi sempre à mesma no contexto histórico, sua concepção sofreu transformações, e as práticas passaram a perceber as especialidades que distinguiam dos adultos. Segundo Áries (1979): “A aparição da criança como categoria social se dá lentamente entre os séculos XII e XVIII’’ (p. 14)”. Antes disso a criança não tinha tratamento diferenciado diante da família e da sociedade, estava apenas ligada à vida do grupo como qualquer outro personagem. Sarmento (2002) Levanta a seguinte afirmação: A ideia da infância é uma ideia moderna (...) remetidas para o limbo das existências meramente potenciais, durante grande parte da Idade Média, as crianças foram consideradas como meros seres biológicos, sem estatuto social nem autonomia existencial, (...) daí que, paradoxalmente, apesar de ter sempre crianças, seres biológicos de geração jovem, nem sempre houve infância, de estatuto próprio (p, 10 e 11). Surgiu então, um novo sentimento pelas crianças que precisava ser escolarizada para atuação futura. As crianças então transcendem regras instituídas pelos adultos e criam suas próprias regras de acordo com as relações que estabelecem. Para fundamentar essas ideias, apontamos Ferreira (2002):
  • 24. 24 Ao significar que as crianças não se “limitam’’ a reproduzir o mundo dos “grandes’’ à sua escola, mas “pelo avesso’’, o reconstrói através de múltiplas e complexas interações com os pares, permite mostrá-las não só como autoras das suas próprias infâncias, mas também como atores sociais com interesses e modos de pensar, agir e sentir específicos e comuns, capazes de gerar relações e conteúdos de relação, sentido de segurança que estão na sua gênese como grupo social. Ou seja, com um modo de governo que lhes é próprio, com características distintas de outros seres sociais, como é o caso dos adultos, mas com quem nunca deixaram de desenvolver relações particulares (p.59). As grandes aliadas dos adultos para descobrir o universo infantil são as próprias crianças, que fazem de tudo para reafirmar seus mundos quando discordam das imposições dos adultos, quando essas imposições às impedem de criar, cantar, contar, refazer, transformar, gesticular, chorar, experimentar, olhar, descobrir, imaginar, fantasiar, enfim, de se encantar. De acordo com Bettelheim: Para dominar os problemas psicológicos do crescimento - superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis: obter um sentimento de individualidade e de autovalorização e um sentido de obrigação moral a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo (1980, p. 16). Angotti (2006) afirma que a criança não pode mais ser conceituada como um adulto em miniatura, como um bibelô com quem passamos parte do tempo e logo em seguida providenciamos um lugar para guardá-la. É importante fazermos uma reflexão sobre a forma como a sociedade sempre encarou a criança e nesse sentido redimensionar os conceitos sobre a criança, pois de acordo com Moss (2002, p. 240) a reconceitualização sobre a infância deve ser: ...a criança como um ator ativo, um construtor, na construção de seu próprio conhecimento e da cultura de seus companheiros... uma criança com sua própria inclinação e poder para aprender, investigar e desenvolver como ser humano em uma relação ativa com outras pessoas... uma criança que quer ter parte ativa no processo de criação do conhecimento, uma
  • 25. 25 criança que em interação com o mundo ao redor é também ativa na construção, na criação de si mesma, de sua personalidade e de seus talentos. Essa criança é vista como tendo “poder sobre seu próprio processo de aprendizagem” e tendo direito de interpretar o mundo. (Apud DARLBERG, 1997, p. 243). É necessário levar em conta suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural. A criança tem vontade própria e defende sempre seus gostos e vontades. Tem a capacidade de analisar e observar as coisas que as cercam, em busca de imitá-las, recriando ações, historia de modo argumentar seu mundo. Não é mais a criança que deve adaptar-se ao mundo, mas este deve ser susceptível à compreensão da natureza e da infância, de forma a atuar em seu processo de socialização. 2.3.1 Os processos educativos na infância Segundo Alencar (2003), educar, mais do que nunca é acumular saber para humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, isto é, solitário, cuidadoso, com dignidade de ser humano do mundo. O processo educativo é uma espécie de estrada; ás vezes sinuosa, às vezes linear, o educador é um “eterno” equilibrista que , através do desfio de continuar caminhando, constrói a sua historia e auxilia o educado a uma reflexão de vida. Aprender a educar é processo que envolve a transmissão, a fixação e a produção de saberes, memórias, sentido, significados, pratica e performances. Freire (1997) afirma que: ”[...] forma e muito mais que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas.” (p.15) e depois mais adiante: ... Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Já não é um mero ator ou agente do ensino; torna-se ele próprio projeto, o autor e projetor: projetos de vida e projetos educativos que se vão construindo, reconstruindo, com saber, arte e engenho, ao longo dos caminhos cujas trajetórias se vão criando também no ato e não mais na certeza antecipada pelo racionalismo cientifico. (FREIRE ,1997, p.15)
  • 26. 26 O processo educativo deve ter como finalidade o desenvolvimento integral da criança, levando em conta vários aspectos como físico, psicológico, intelectual e social, sendo necessário que os professores valorizem os interesses e vontades dos alunos apresentando textos literários que desenvolvam a criatividade, afetividade e solidariedade dos mesmos permitindo adquirir novos conhecimentos e buscando novas perspectivas de vida. O processo educativo é muito importante no desenvolvimento das capacidades das crianças, tendo em vista que o professor tem em mão o papel de propor ao aluno situações de aprendizagem para (re) construção do conhecimento, nesse processo a criança pode perceber que seus conflitos e medos passam a ser amenizados quando o professor a faz refletir sobre os mesmos. Isso pode fazer com que suas relações sociais se tornem melhor e menos conflitantes. É notório que o processo educativo além de contemplar a educação do indivíduo, tem o poder de desenvolver o ser humano oferecendo a ele todo conteúdo formal e científico que o indivíduo necessita para seu desenvolvimento intelectual e para atuar na sociedade como cidadão consciente de seus direitos e deveres, capaz de transformar a realidade em que vive, principalmente quando a literatura infantil está inserida como prática pedagógica.
  • 27. 27 CAPÍTULO III 3. METODOLOGIA A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvida, incerteza, decorrente da busca do pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo Japiassu (1983): “nosso conhecimento nasce na dúvida e se alimenta das incertezas”. (p.14). Em todo ato de pesquisa faz-se necessário contextualizar a realidade na qual está inserida a população alvo da pesquisa, o que nos permitirá uma visão mais abrangente da problemática e das relações múltiplas que se estabelecem sobre determinada realidade. Na perspectiva de Demo (1999), pesquisa significa: “(...) diálogo critico com a realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de interação”. Em tese a pesquisa é atitude do “aprender a aprender’’ e como tal faz parte de todo processo educativo” (p. 128). 3.1 Paradigma da pesquisa Utilizamos a abordagem de pesquisa qualitativa por ser o melhor caminho a seguir nesse processo de descoberta, justificada pelo fato de que ela responde de forma discreta a liberdade do pesquisando permitindo envolvimento ou inserção pessoal, intelectual ou social e também por compreender que a mesma utiliza uma abordagem sociológica para discutir tanto o comportamento, como valores, expectativas e concepções.
  • 28. 28 Este tipo de pesquisa permite o contato direto entre o pesquisador, o ambiente e a situação investigada, através do trabalho de campo, proporcionando um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e o objeto pesquisado, criando um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. Deslandes (1994) vem afirmar que: A pesquisa qualitativa responde a questões particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes que correspondem ao espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis (p.21). A pesquisa qualitativa é indutiva, descritiva, adota uma pesquisa global sistêmica em suas tentativas de compreensão, pois nos garante representação de dados, baseados em critérios de qualidade e não numérico do problema investigado, e nessa pesquisa será importante, pois abre portas e caminhos para que esta abordagem tenha um diagnóstico baseado em uma compreensão ampla de como a literatura infantil proporciona o desenvolvimento das crianças na educação infantil. 3.2 Sujeitos Apesar de um quadro razoavelmente grande de professores oferecido pelo lócus de pesquisa composto por 18 Professores, 04 auxiliares de professores, os sujeitos envolvidos na investigação foram quatro professores. Esses foram escolhidos porque lecionavam na educação infantil do Centro Educacional Professora Edneilda Marquês, tendo em vista o objetivo: a contribuição da literatura- infantil na formação da criança da Educação Infantil. 3.3 Lócus de pesquisa
  • 29. 29 O lócus tem fundamental importância para a pesquisa, pois leva o pesquisador a refletir sobre o seu problema, interações e questionamentos dessa experiência, abrindo espaço para a investigação. Diante disso Trivinos (1987) nos diz que: “ambos os tipos de pesquisa possui base fenomenológica e fundamentos materialistas e dialéticos, ressalta a importância do ambiente na configuração da personalidade, problemas e situações de existência do sujeito’’(p.128). Para realizar esta pesquisa tivemos como ponto de partida a escola de rede privada de Senhor do Bonfim, Centro Educacional Edneilda Marques (Bem-Me- Quer), situada na Rua Ceciliano de Carvalho, n° 46, Centro. A estrutura da escola é composta de 13 salas de aulas, 02 pátios amplos, 01 quadra, 02 parques infantis, biblioteca, 02 salas de Professores, 11 banheiros, 01 almoxarifado, 02 refeitórios, 01 auditório e 01 laboratório de informática. Este locus foi escolhido pela facilidade de acesso ao local e aos sujeitos pesquisados. 3.4 Instrumentos de coleta de dados. Procurando conhecer e interpretar a problemática apresentada, utilizamos como instrumentos de coleta de dados observação participante, questionário fechado e questionário aberto, para ter acesso às informações que possibilitaram o alcance do nosso objetivo de pesquisa. 3.4.1 Questionário O questionário é um instrumento de coleta de dados com questões a serem respondidas por escrito. Este foi utilizado tendo em vista o propósito de enriquecer a pesquisa nos dando possibilidades de identificar os significados que os sujeitos dão a determinados fatores. A importância do questionário nesta pesquisa é que favorece uma análise minuciosa, uma vez que, segue uma ordem de questões que
  • 30. 30 serão respondidas pelos sujeitos sem a presença do pesquisador. Segundo Marconi e Lakatos (1996): Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88) O questionário permite indicar e ordenar as respostas mais adequadas, buscando a coleta dos dados gerais dos sujeitos e sobre questões acerca do tema indicado. Para a obtenção de dados concisos, o questionário pode contribuir como um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento. Para Cervo e Bervian (1993) “o questionário refere-se a um meio de obter respostas as questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. [...] possui a vantagem dos respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais”. (p. 159). 3.4.1.2 Questionário fechado Um instrumento de abordagem qualitativa utilizado foi o “questionário fechado, pois acreditamos ser uma técnica utilizada nas ciências sociais’’, (LUDKE, 1986). O mesmo enriquece as informações, traçando um perfil dos sujeitos da pesquisa, permitindo conhecer a realidade dos sujeitos pesquisados. Marconi e Lakatos (1996, p.88). Definem o questionário fechado como “... um instrumento de coleta de dados, constituído por uma serie ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados’’. E completa Gressler (1989):
  • 31. 31 [...] Uma serie de perguntas organizadas com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou pesquisadas sem assistência direta ou orientação do investigador. Todas as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas por escrito (p.58). A escolha, deste instrumento surgiu pela necessidade de buscar dados que possibilitem chegar aos objetivos da pesquisa, traçar o perfil dos sujeitos pesquisados de forma clara, objetiva e organizada. 3.4.1.3 Questionário aberto O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador. Segundo Goldemberg (2000): [...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma. (p. 87-88). Para a obtenção de dados concisos, o questionário aberto pode contribuir como um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação . 3.4.2 - Observação participante
  • 32. 32 Nessa pesquisa de enfoque qualitativo, foi utilizada a observação participante, com intuito de envolver os alunos na investigação. Como diz Deslandes (1994): “Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples descoberta para assim a criatividade produzir conhecimentos’’ (p.52)”. A utilização da observação participante na pesquisa é relevante, porque valoriza a experiência, acompanha de perto o trabalho desenvolvido pelos sujeitos, facilitando assim, um melhor direcionamento do trabalho. Sobre esse instrumento de coleta de dados Cruz Neto (1994) pontua: A técnica de observação participante se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seu próprio contexto. O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os obstáculos. (p.29) Através da observação podemos chegar mais perto dos sujeitos, a partir dessa análise do espaço do professores e com a proximidade dos mesmos é que podemos perceber a fundo o contato do sujeito com a questão que está sendo pesquisada.
  • 33. 33 CAPÍTULO IV 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS Neste capítulo apresentaremos o resultado da pesquisa que teve como objetivo identificar a contribuição da literatura-infantil na formação da criança da Educação Infantil do Centro Educacional Professora Edneílda Marques. Para tanto, ressaltamos que a análise e interpretação de dados tiveram como fonte: a observação participante, questionário fechado e questionário aberto. O resultado dessa pesquisa é fruto da análise da teoria e prática, sendo que todas estas discussões referem-se a um grupo de quatro professoras, sujeitos dessa pesquisa. Conforme Gil (1991): “Está é a última fase de um levantamento. Logicamente coletados e analisados. Entretanto, é de toda conveniência durante o planejamento definir-se a cerca da forma como serão apresentados os dados”. (p.103). Os dados serão apresentados através de categorias conforme relevância dos pontos identificados na pesquisa, sendo que primeiramente nos propomos a explanar dados com o perfil dos sujeitos e em seguida a análise do questionário aberto atrelado à observação participante. 4.1 Perfil dos sujeitos Aqui serão apresentados os resultados traçando o perfil dos sujeitos da pesquisa. Os dados que possibilitaram fazer esse levantamento foram obtidos através do questionário fechado no qual os sujeitos foram submetidos contribuindo de forma significativa com a nossa pesquisa.
  • 34. 34 4.1.2 Gênero Analisando os resultados do questionário fechado identificamos no tocante ao gênero que os 100% dos sujeitos pertencem ao sexo feminino. Compreendemos que a presença feminina é significativa, sobretudo, em se tratando do ensino na educação infantil, onde historicamente foi sendo construída a idéia de que as habilidades necessárias aos professores envolvem principalmente aspectos relacionados ao cuidar e à maternidade. No entanto, conforme Kramer (1992) a grande quantidade de mulheres na educação, vem de um processo histórico, onde traz alguns traços que de certa forma desqualifica essa atividade, por caracterizá-la uma ação apenas materna. Segundo Kishimoto (2002): Ao longo da constituição da Educação Infantil, o profissional enfrentou as contradições entre o feminino e o profissional. Princípios como a maternagem, que acompanhou a história da Educação Infantil desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação da criança pequena, e a socialização apenas no âmbito doméstico, impediram a profissionalização da área. (p. 07). A realidade do crescimento do espaço feminino também tem sido percebida pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos, assim como os indivíduos do sexo oposto. Sendo assim acreditamos que é necessário haver uma política de desconstrução dos paradigmas da maternidade que ainda persistem na educação infantil. 4.1.3 Formação Uma das professoras possui graduação em pedagogia, três estão em processo de conclusão do curso de licenciatura em letras. Acreditamos que esses
  • 35. 35 dados revelam que ao contrário de momentos anteriores, os profissionais que atuam na educação infantil estão buscando qualificação, uma vez que, a própria LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação), faz essa exigência. De acordo com a legislação vigente, os profissionais que desejam atuar em cargos de docência precisam ser licenciados ou pós-graduados. Kramer (2005) traz: Considera-se que o trabalho do profissional da educação infantil necessita de pouca qualificação e tem menor valor. A ideologia ai presente camufla as precárias condições de trabalho, esvazia o conteúdo profissional da carreira, desmobiliza os profissionais quanto às reivindicações salariais e não os leva a perceber o poder da profissão. (p. 125). Salientamos que o processo de formação do professor exige a necessidade de efetivar-se de maneira contínua, permitindo o constante exercício da reflexão sobre a prática pedagógica, e a partir daí, novas ações visando à qualificação permanente. Hoje, os docentes têm investido na sua carreira logo que o mercado de trabalho exige profissionais qualificados, principalmente no que se refere à educação, embora, a formação para o trabalho na educação infantil deva ser necessário o curso de pedagogia. 4.1.4 Rede de ensino em que atua Identificamos que 100% dos sujeitos da pesquisa trabalham em rede privada mantidas com fins lucrativos. Conforme estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996. A rede particular de ensino geralmente é mantida por recursos próprios ou através de anuidades pagas pelos alunos. Geralmente a primeira oportunidade de atuação dos professores no início de carreira são as escolas privada e é importante enfatizar que seria necessário um processo de seleção (concurso) para que estes tivessem a oportunidade em instituições públicas.
  • 36. 36 . 4.1.5 Renda salarial Conforme as informações obtidas 100% das professoras possuem uma renda mensal de dois salários mínimos. Está na contra mão da realidade em que o piso salarial deve ser o valor de R$ 1451,00 para 40 horas. A questão salarial, ainda é um forte entrave na educação principalmente em escolas privadas de pequeno porte em que o piso não é cumprido. Infelizmente o professor não possui uma remuneração satisfatória, isso traz conseqüências desanimadoras, como a falta de estímulo desses profissionais para atuarem com maior disposição e empenho no desenvolvimento educacional. Ao longo dos anos é claramente expresso na pauta das discussões e reivindicações, o piso salarial do professor, como forma de assegurar uma remuneração digna que estimule ao trabalho em sala de aula e melhoria da qualidade de ensino e valorização docente. 4.2 Análise do questionário aberto A partir deste momento estaremos apresentando o resultado do questionário aberto, dialogando com a observação participante, que nos permitiu identificar as contribuições da literatura infantil na formação da criança de educação infantil. Esse é um momento salutar na pesquisa, pois interpretaremos os dados e faremos comparações confrontando idéias presentes nos discursos dos professores, com os teóricos que fundamentaram esta pesquisa. 4.2.1 A importância de trabalhar a literatura infantil na sala de aula
  • 37. 37 De acordo com os dados coletados, percebemos que 100% das professoras compreendem a importância da literatura infantil na formação das crianças. Eis o que afirmam: Utilizo a literatura infantil na sala de aula há bastante tempo, assim, pude perceber sua importância, por exemplo, na contribuição do desenvolvimento e estímulo a leitura. O resultado realmente são os melhores (P1 1) Não temos como negar o quanto a literatura é importante, não só para o desenvolvimento da aprendizagem como em todo processo cognitivo da criança.(P2) Na verdade há pouco tempo, é que descobrir o quanto a literatura infantil é importante, quando utilizada na prática pedagógica, o conhecimento se torna mais prazeroso. (P3) A literatura infantil são obras que desenvolve as potencialidades das crianças, por isso reconheço a sua importância. A literatura infantil desenvolve as potencialidades das crianças, por isso reconhecemos sua importância. Ouvir histórias é importante para a formação de qualquer criança, é esse o início da aprendizagem para se tornar um leitor. São nestes momentos, de contato com a literatura, que as crianças suscitarão o imaginário, despertando sua curiosidade, levantam questionamentos, idéias para solucionar os problemas dos personagens, enfim vivem a história. Como afirma Abramovich (1995, p. 17): “É ouvindo histórias que se podem sentir, também emoções importantes como raiva, tristeza, irritação”... Todos os sujeitos reconhecem teoricamente a importância de inserir nas atividades da sala de aula a literatura infantil. Os autores que fundamentam a pesquisa a exemplo de Abramovich (1997), Bettelheim (1980), Aguiar (2001), entre outros, afirmam a importância da literatura infantil que podem desenvolver a aprendizagem e o emocional da criança quando bem utilizada, tendo em vista a sua alta empregabilidade. A literatura infantil permite ao aluno viajar com a imaginação, desperta o prazer na leitura, contribui no desenvolvimento, podendo ser usada como 1 Utilizaremos a consoante P maiúscula seguida de números arábicos crescentes para ocultar a identidade dos nossos sujeitos.
  • 38. 38 instrumento pedagógico. A sua prática pode desenvolver na criança entre outras coisas a expressão das idéias, possibilitando assim, o seu desenvolvimento na leitura. Como diz Pinto (1999): A literatura Infantil tem um grande significado no desenvolvimento das crianças de diversas idades, onde se reflete situações emocionais, fantasias, curiosidades, e enriquecimentos do desenvolvimento perceptivo. Para ele as leituras de histórias influem em todos os aspectos da educação da criança, da afetividade: desperta a sensibilidade e o amor a leitura, na compreensão do texto; na inteligência, desenvolvendo a aprendizagem intelectual. (Apud RUFINO e GOMES, p.11) Prieto (2001, p.87) acredita que todas as pessoas, que assim queiram, são capazes de contar histórias: “Somos contadores na essência, estamos durante toda a vida construindo histórias. A narrativa faz parte do dia-a-dia. Um olhar para dentro pode ser o estopim dessa arte em cada um de nós”. E quando o professor é um bom contador de histórias, as crianças ficam com um olhar fixo, mas sua mente voa no mundo de imaginações. Através da literatura Infantil o aluno desenvolve habilidades percebidas no aumento do vocabulário, interpretação de texto, até mesmo a criatividade, facilitando no processo de ensino aprendizagem também em outras disciplinas. 4.2.2 Freqüência em que a literatura é trabalhada em sala de aula Analisamos que 80% das professoras trabalham apenas um dia com literatura infantil e 20% dois dias na semana. Vejamos o que dizem: Utilizo a literatura infantil apenas um dia, nas sextas feiras, è a proposta do projeto da escola, mesmo assim os resultados são bons. (P1) A literatura infantil é sempre bem vinda, todos gostam muito, mas, separei um dia para trabalhar com os alunos. (P2) Costumo utilizar uma vez na semana, porém ela pode ser utilizada de diversas formas com objetivos diferentes. (P3)
  • 39. 39 Utilizo duas vezes, gosto de começar e encerrar a semana com literatura. Eu sempre aproveito para desenvolver algumas atividades. (P4) As respostas dos sujeitos nos levam a perceber que infelizmente a literatura infantil não é tão utilizada nem valorizada pelos professores, se assim fosse seria necessária sua utilização mais vezes durante as aulas. Mais uma vez, identificamos um distanciamento entre a teoria, ou seja, o discurso e a prática. Tal evidência demonstra uma contradição no discurso e prática das professoras, já que na categoria anterior, afirmaram reconhecer a importância da literatura infantil na formação da criança como um todo. “Nossa tradição cultural e política sempre foi marcada por esta distância e, até mesmo pela oposição entre aquilo que gostamos de colocar no papel e o que de fato fazemos na realidade. (MACHADO, 2005, p. 27). Assim, as professoras estarão descartando um instrumento que poderá contribuir não só com o desenvolvimento da leitura como também outros benefícios que a literatura infantil oportuniza a exemplo de encantamento, estímulo a imaginação, socialização da criança etc. Cury (2008) afirma que contar histórias è também “transformar a vida na brincadeira mais séria na sociedade”. Acrescentando com os dizeres que “dentro de cada ser humano há um palhaço que quer respirar, brincar e relaxar”. (p.96) Entende-se que a criança precisa ser estimulada, e é nesse contexto que se torna relevante para o desenvolvimento global da criança, um ambiente, onde haja estímulos que facilitem a apropriação do conhecimento. Um ambiente sócio afetivo tranqüilo e encorajador, livre de tensões e imposições, é fundamental para que o aluno possa interagir de forma confiante com o meio, saciando sua curiosidade, descobrindo coisas, inventando, construindo, enfim, seu conhecimento (FERREIRA, 1993). 4.2.3 Quanto ao hábito de leitura do professor
  • 40. 40 Quando questionadas sobre o hábito de ler, 100% dos sujeitos confirmaram ter hábito de leitura nos diversos gêneros. É notória a idéia que os gêneros textuais são fenômenos históricos relacionados à vida cultural e social. Resultado de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comu- nicativas do dia-a-dia. É notório que a leitura mesmo em diferentes gêneros é muito importante no cotidiano de qualquer profissional, principalmente quando se refere ao professor. Não tenho muito tempo, mas entendo o quanto é importante um professor ser também um bom leitor, por isso costumo ler qualquer livro de gênero que eu possa ter acesso fácil como revistas, romances, etc. (P1) Costumo ler sempre, como ser um bom professor sem ser um leitor? Mesmo sem muito tempo disponível não abro mão de ler biografias, Crônicas entre outros. (P2) Na era da tecnologia da comunicação dificilmente uma pessoa poderá se excluir do contato com a leitura. Costumo ler gêneros variados: romances, biografias, inclusive, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais, confesso que as vezes o tempo e o cansaço não ajudam, mas, procuro me esforçar e sempre. (P3) Chego às vezes ficar um tempo fazendo leitura apenas com livros acadêmicos por causa da necessidade, afinal sou também estudante falta de tempo, mas me considero uma leitora, porque sempre que posso, leio. (P4) Percebemos algo em comum na fala dos sujeitos, quando todos afirmam a falta de tempo para a leitura, provavelmente este é um dos principais fatores que impedem as pessoas de priorizar um tempo especial para a leitura, mas não podemos negar que é importante para os educadores porque através da leitura adquirimos conhecimentos, testamos os nossos próprios valores e experiências com as dos outros. A falta de tempo está relacionada, também, á carga horária de trabalho dessas profissionais. “A leitura suscita a necessidade de familiariza-se com o mundo, enriquecer as próprias idéias e têm experiências intelectuais, o resultado é a formação de uma filosofia da vida, compreensão do mundo que nos rodeia”. (BAMBERGUE. 2002. p. 32).
  • 41. 41 Os meios de comunicação tecnológicos como o rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet, por possuir uma presença marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos bastante característicos. Daí surge formas discursivas novas, tais como editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, tele mensagens, teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e- mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais e que acabam interferindo na formação das pessoas. Tal interferência pode ser benéfica ou maléfica, a depender da forma como essas ferramentas são utilizadas. Alegretti (1999, p. 19) afirma que: “A tecnologia na Educação encontrará seu espaço, desde que haja uma mudança na atitude dos professores, que devem passar por um trabalho de autovalorização, enfatizando seu saber para que possam apropriar-se da tecnologia com o objetivo de otimizar o processo de aprendizagem. Assim, o desenvolvimento da leitura pode ser alcançado nas trocas que, enquanto leitor , ela realiza, se aperfeiçoando ao longo da vida, podendo mantê-la engajada ao que se refere no pensar, agir e criar direcionada pela humanidade a partir de textos escritos. È possível então, através da literatura, a criança compreender a si mesmo e mundo à sua volta, Desenvolvendo seu senso crítico sobre a realidade a qual está inserida. 4.2.4 Compreensão sobre a relação Literatura infantil X leitura A partir dos resultados podemos analisar que 100% dos sujeitos compreendem a Literatura Infantil como passaporte para leitura vista como possibilitadora de relações intelectuais e interação das pessoas com o mundo. Realmente o ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de informações... A leitura realmente não só possibilita as relações intelectuais como os potencializa, permitindo a formação dos nossos próprios conceitos. (P.1)
  • 42. 42 A leitura nos oportuniza fazer uma interação com o mundo e o conhecimento. (P.2) O ato de ler possibilita um maior conhecimento de mundo desenvolvendo as relações intelectuais. (P.3) A leitura é mais que o ato de decodificar, ela nos permite conhece a realidade, elementos e / ou fenômenos com os quais nos defrontamos. (p.4). Ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade neurológica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Através da leitura ampliamos nossa visão de mundo, conseguimos o domínio da palavra, trocamos idéia e conhecimentos, sendo possível entender o mundo que nos cerca. Com o domínio da palavra nós nos transformamos e, ao nos transformar construímos um mundo melhor. Vivemos num mundo letrado, e a leitura nos dá suporte e compreensão para decifrar aquilo que está escrito e nos comunica ou informa sobre algo. Freire (1996) vem afirmar: “A leitura de mundo procede à leitura da palavra e a leitura desta implica a comunidade da leitura daquela (p. 28)”. Entendemos então que a literatura abre possibilidades para novas descobertas e perceber o mundo bem como no contato com as histórias a criança constrói um conhecimento a partir dos textos literários. Neste caso a literatura infantil contribui na formação pessoal e social do educando. 4.2.5 Sobre a reação que provoca nos alunos: Podemos notar que 100% dos sujeitos afirmam que os alunos demonstram muito interesse no momento em que a literatura-infantil é utilizada na sala de aula. Meus alunos sempre demonstram muito interesse e costumam participar e intervir nas histórias. (P1) Muito interesse. É uma das horas em que o silêncio é quase absoluto, embora as vezes surgem alguns questionamentos. (P2)
  • 43. 43 A maioria dos alunos além de interesse, participam, demonstra encantamento, sensações que podemos notar observando cada rosto. (P3) A verdade é que os alunos se mostram inteiramente interessados, participam e interferem. (P4) Todos os sujeitos de pesquisa afirmaram que as crianças envolvem-se com as histórias lidas ou contadas, são questionadoras e participam das atividades propostas com entusiasmo, somente a minoria que talvez por timidez, não se envolvem nos conteúdos trabalhados. Neste contexto é necessário que a professora regente utilize uma linguagem acessível para faixa etária relacionada a criança. A interferência da literatura quando incluída nas tarefas da escola pode produzir questionamentos a respeito de levar o aluno a diversidade de texto, estimulando reações de curiosidade, desempenho e satisfação relacionada à literatura infantil. Sawulski (2002) observa que: Faz-se necessário que o professor introduza na sua prática pedagógica a literatura infantil, que contribui para o crescimento e a identificação pessoal da criança, propiciando ao aluno a percepção de diferentes resoluções de problemas, despertando a criatividade, a autonomia, e a criticidade, que são elementos necessários na formação da criança em nossa sociedade atual (p.46) Segundo Pires (2000) a literatura infantil toma-se, deste modo, imprescindível. Os professores dos primeiros anos da escola devem trabalhar diariamente com literatura, pois constitui material indispensável que aflora a criatividade das crianças através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favorecem a proliferação do gosto pela leitura, enquanto forma de lazer e diversão, Entretanto, percebemos uma contradição nos sujeitos pesquisados, quando afirmam compreender a importância da literatura e, no entanto, sua utilização se resume no máximo duas vezes na semana quando, deveria utilizá-la quatro ou mais vezes. Entendemos que estas professoras demonstram desconhecer a literatura infantil como prática pedagógica, portanto pouco utiliza.
  • 44. 44 A literatura infantil pode realmente estimular o imaginário em situações diversas desenvolvendo novas perspectivas além de melhorar o conhecimento da realidade. É notório que a literatura infantil desperta variadas emoções na criança, conforme Coelho (2002.p.26), “a criança através da literatura infantil entra no texto e viaja no mundo da fantasia e do questionamento assim a leitura além de poder ser vista, pode ser vivida, sentida falada, ouvida e até contada”. 4.2.6 Finalidade atribuída à literatura infantil na sala de aula. Podemos observar que 50% dos sujeitos fazem uso da literatura infantil como instrumento de aprendizagem e 50% utilizam não só como instrumento aprendizagem, mas também como entretenimento. Utilizo como instrumento de aprendizagem e também como entretenimento. (P1). Sem dúvidas nenhuma como Instrumento de aprendizagem. (P2) Como instrumento de aprendizagem (P3) Costumo utilizar a literatura infantil não só como instrumento de aprendizagem, mas como entretenimento também. (P4) Buscamos em vários autores conceituados opiniões em relação à literatura infantil. Na opinião Cunha (1983) a literatura infantil é estritamente lúdica, assinalando não ser necessária sua pretensão a pedagogia. Segundo Meirelles (2000), a literatura não é apenas um passatempo, a literatura é nutrição, que auxilia na formação infantil. Coelho (2003) tem uma opinião mais conciliadora, como objeto que provoca emoções, prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Portanto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa, a literatura É importante o professor saber aplicar os métodos pedagógicos. De que adianta um professor adquirir vários meios didáticos, como métodos e técnicas, e
  • 45. 45 não aplicá-los ou não ter competência suficiente para adequá-los ao nível de seus alunos? Os meios didáticos são muito importantes, desde que o professor saiba usá- los da melhor forma possível, atingindo as necessidades, interesses e dificuldades dos alunos Cagneti (1995, p.23) afirma que “(...)” A literatura infantil é fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo”. A literatura infantil, utilizada de modo adequado, é um instrumento de suma importância na construção do conhecimento do educando da educação infantil, não só como instrumento de aprendizagem significativa, mas também como uma atividade prazerosa. Ao ler uma história também é possível que a criança desenvolva todo um potencial crítico. A partir daí a mesma pode pensar duvidar, perguntar-se, questionar-se. Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que pode mudar de opinião. 4.3 O que apareceu na observação Durante o período de observação analisamos o comportamento das professoras no momento literário, as quais utilizavam como recurso, gravuras, fantoches entre outros criando objetos relacionados às histórias contadas. Havia sempre uma maneira de explorar a história contada com perguntas em fichas e respostas possibilitando momentos criativos de alegria, prazer, curiosidade espanto e de muita satisfação. Estes sentimentos e sensações eram visíveis em cada rosto das crianças ao ponto que algumas quando os pais chegavam antecipadamente para levá-la para casa, pediam para ficar e esperar até o fim da história. Lamentamos em saber que diante dessa realidade de encantamento e participação, a literatura seja utilizada apenas uma ou duas vezes na semana. As professoras faziam um trabalho com a literatura infantil em parceria com os pais quando nas sextas-feiras, tem-se o hábito de convidar o pai ou a mãe de um aluno para contar uma história para toda a turma sendo responsável também pelo
  • 46. 46 lanche coletivo. Podemos perceber então neste momento que independente da pessoa que contava a história, as crianças ficavam com o olhar fixo, mas sua mente aparentemente voava no mar da imaginação, o encantamento despertava seu interesse e envolvimento na história. Em uma conversa com os pais percebemos que poucos investiam em livros para seus filhos. Quando preguntamos se fazia parte da sua rotina contar histórias para seus filhos a resposta foi negativa, muitos alegaram que o pouco tempo que tinham não contribuía, ás vezes era com muito esforço que liam algumas literaturas exigidas pela escola. Percebemos então que esses pais denotam de certa forma uma visão superficial e ligeiramente desinteressada acerca da importância da literatura infantil para a criança. Entendemos que a literatura infantil é importante como prática pedagógica, logo que é necessidade humana de comunicação tendo em vista que a criança adquire uma nova dimensão, mais ampla e importante ao proporcionar à criança oportunidades de um desenvolvimento emocional, social e indescritível. Contribuem para formação das crianças criando uma ponte para o inconsciente, desenvolvendo-lhes internamente recursos para que, quando se depararem com situações difíceis e inevitáveis, estejam mais fortalecidas e preparadas. (BUSSATO, 2003, p.35). Assim, faz-se cada vez mais necessário a revitalização da literatura infantil levando em conta que ela torna a aprendizagem atraente e significativa, um recurso didático simples, mas que proporciona benefícios significativos
  • 47. 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS As idéias aqui contidas são reflexões não acabadas, mas com possibilidades, dentre muitas existentes, de se pensar nas produções da literatura infantil e a contribuição que ela está trazendo para o processo de desenvolvimento da prática pedagógica dentro das instituições de educação. A pesquisa demostrou que os sujeitos pesquisados apesar de afirmarem a importância da literatura infantil no desenvolvimento da criança e na contribuição do processo de aprendizagem , revelaram utilizar a literatura apenas um ou duas vezes na semana, entretanto percebemos uma fragilidade em seus discursos, entendemos que se realmente houvesse esse conhecimento a literatura infantil seria utilizada com mais frequência de até quatro ou mais vezas na semana. A partir desta situação, compreendemos que a literatura deva ser utilizada em sala de aula de forma prazerosa desvinculada dos conteúdos gramaticais estimulando o gosto pela leitura, a imaginação, desenvolvendo a criatividade. Portanto, há necessidade de preparo dos docentes para realização de atividades diversificadas e motivadoras; participação de professores nos cursos de capacitação que proporcionem um conhecimento maior sobre a literatura infantil. A literatura infantil é um elemento riquíssimo, e, portanto não deve ser deixado de lado pelos professores, nem utilizado sem planejamento prévio, muito menos como pretexto para ensinar conteúdo. Ela é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimentos para saber adequar os livros às suas crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para leitura
  • 48. 48 Após a pesquisa percebemos que a literatura infantil através de uma cumplicidade entre o contador de História e o ouvinte é determinante na formação do indivíduo, ajudando- o a crescer com a capacidade de resolver conflitos, frustrações e superações pessoais; pois nesse intercâmbio entre o real e o imaginário, é possível, promover o desenvolvimento de habilidades que favorecem o aumento dos conhecimentos linguísticos e comunicativos das crianças, que promovem cooperação, socialização e consequentemente, humanizam não só o ato de aprender como os aprendentes. As pessoas aprendem a ler antes de serem alfabetizadas, desde pequenos, somos conduzidos a entender um mundo que se transmite por meio de letras e imagens. O prazer da leitura, oriundo da acolhida positiva e da receptividade da criança, coincide com um enriquecimento íntimo, já que a imaginação dela recebe subsídios para a experiência do real, ainda quando mediada pelo elemento de procedência fantástica. Assim, uma nova visão de mundo poderá ser descortinada através da fantasia que a literatura infantil nos traz o que é de grande valia no campo educacional por significar abrir as cortinas do mundo do conhecimento através de novas descobertas. A Literatura Infantil sempre foi um dos elementos mais importantes destinada às crianças. Tratando de histórias que envolvem o imaginário, trazendo enredos com elementos que estão envolvidos na realidade infantil. Mostrando que as lutas e as descobertas não acontecem da noite para o dia. Os personagens passam pelas mais diversas provas e que eles mesmos têm que realizá-las. Tudo se tornaria mais claro para os alunos se essa compreensão do mundo imaginário fosse passada para eles durante um período destinado somente a isso. A escola contém inúmeros recursos a serem explorados pelos professores e alunos, é necessário colocá-los em prática.
  • 49. 49 Há quem pense que no mundo das tecnologias em que vivemos, quando as informações, notícias, poderão ser trocados por emails, parece até que o livro é coisa do passado, está esquecido, portanto a importância da literatura infantil para uma pessoa que conhece o poder de uma história bem contada, a satisfação de tocar e folhear a página de um livro e encontrar nele um mundo cheio de encantamento, com certeza não há tecnologia que possa comparar. Compreendemos então, que contar histórias não é apenas abrir um livro e ler um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças e sim despertar sua curiosidade, estimular sua imaginação, desenvolver seu intelecto e suas habilidades, porque enquanto diverte a criança, favorece o desenvolvimento de sua personalidade De acordo com as falas dos sujeitos pesquisados e os teóricos que fundamentaram esta pesquisa percebemos que a literatura infantil pode dar várias contribuições na formação da criança da educação Infantil. Entre elas destacamos: A literatura infantil oferece momentos de brincadeiras, recreação, divertimento, aumenta e enriquece o vocabulário, desperta o poder de imaginação e fantasia da criança, distrai e descarrega tensões, estimula a criatividade e pode desenvolver o processo cognitivo, o gosto pela leitura, ajudando na interpretação de textos, facilitando a aprendizagem. Diante de tais descobertas, trabalhar esta temática que tanto nos fascina foi enriquecedor, pois possibilitou conhecer suas especificidades, levando a uma reflexão sobre as grandes contribuições dadas pela Literatura Infantil à construção da personalidade e da educação escolar das crianças.
  • 50. 50 REFERÊNCIAS ALLEGRETTI, Sônia Maria de Macedo. Mudança educacional: um desafio. In: ALMEIDA,Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manuel (Org.). Aprender construindo: ainformática se transformando com os professores. Brasília: MEC/SED, 1999. ColeçãoInformática para a Mudança na Educação. Disponívelem:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003152.pdf >. Acesso em: março. 2012. ABROMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1989. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4.ed. São Paulo: Scipione, 1997 ____________, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo: Scipione, 1995 AGUIAR, Vera Teixeira de e (coord.). Era uma vez...na escola. Formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato. 2001. ANGOTTI, Maristela. (organizadora). Educação Infantil: para que, para quem e por quê? Campinas, SP: Ed. Alínea, 2006. ÁRIES ,Philippe.história social da criança e da família .2ª Ed. Rio de Janeiro Ganabara,19978. BAMBERGUE, RICHARD – Como Incentivar O Hábito de Leitura, ÁTICA, 7º EDIÇÃO. SÃO PAULO, 2002. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fada. Rio de Janeiro. Paz e terra. 1980. BORGES, Teresa Maria Machado. A criança em idade Pré-escolar. São Paulo, Brasiliense, 1994. BUSSATO,Cléo contar e encantar pequenos segredos da narrativa 3ª edição São Paulo: Vozes, 20005. BRASIL___. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. CADEMARTORI, L. O que é literatura infantil? 6.ed. São Paulo : Brasiliense, 1994. CAGNETI, S. Livro que te quero livro. Rio de Janeiro: Nódica. 1996.
  • 51. 51 Cashdan, Sheldon. Os 7 pecados capitais nos contos de fadas: como os contos de fadas influenciam nossas vidas. [s.n.] Rio de Janeiro: Campus, 2000. COELHO ,Nelly Novais. Das lendas orientais a literatura atual. Revista D. O. leitura, São Paulo,ano 20, n. 12, dez. 2002. CERVO, Amado Luis e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica para uso dos estudantes universitários. 3ª ed. São Paulo, 1983. COELHO, N. N. A importância da leitura e literatura infantil na formação das crianças e jovens. Comunicação e cultura, São Paulo, Ano 1, nº 1, p. 8-9, Abril/Maio 2003. CRUZ, Otávio Neto. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, Maria C.S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 6ª ed. Petrópolis : Vozes, 1996. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. São Paulo: Ática, 1983. CURY, Augusto. Pais Brilhantes Professores fascinantes. Ed. Sextantes, RJ- 2003. DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 2° Edição-Petrópolis: Vozes, 1990. DESLANDES, Suely Ferreira. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Suely Ferreira Deslandes, Otávio Cruz Neto, Romeu Gomes, Maria Cecília de Souza Minaio (organizadora), Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. FERREIRA, Manuela, Do “Avesso’’ do Brincar ou ...as Relações entre pares, as Rotinas da Cultura Infantil (ais) Instituinte (s) das Crianças no Jardim-de Infância. In: Sarmento, Manoel Jacinto. CERISARA, Ana Beatriz. Crianças e Miúdos. ASA, 2002. FERREIRA, ROSSETTI, Maria Clotilde. Processos de adaptação na creche, São Paulo, 1993. FREIRE, Paulo. Conscientização. Teoria e Prática: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire.1º Edição. São Paulo-SP. Ed Moraes,1996 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler (34ª edição). São Paulo: cortez Editora,1997. GENTILI, Pablo e ALENCAR, Chico. Educar na esperança em tempos de desencanto. Petrópolis, RJ. Editora: Vozes, 2005.