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                                  INTRODUÇÃO


O processo de alfabetização tem sido uma questão bastante discutida por aqueles
que se preocupam com uma educação de maior qualidade, percebendo que
alfabetização, é a base mais significativa e, sem dúvida o momento mais importante
na formação escolar de uma pessoa, por ser através dela que o individuo adentra no
mundo letrado.


O intuito do presente trabalho monográfico foi identificar as dificuldades das
professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães sobre o processo de
alfabetização de crianças com necessidades especiais. Esta identificação é de
grande relevância diante do contexto social dessas crianças. Iniciamos o presente
trabalho apresentando a seguinte estrutura redacional:



No primeiro capítulo apresentamos a problematização, retratando um breve histórico
das crianças com necessidades especiais e a importância da alfabetização das
mesmas. Sabe-se que o processo de integração da criança se realiza efetivamente
através da aquisição da leitura e escrita, visto que o uso da linguagem oferece a ela
condições de expressar e internalizar ações e informações favoráveis ao
desenvolvimento humano numa perspectiva harmoniosa. Assim, a alfabetização
assume destaque no processo educativo da criança, influenciado por condicionantes
sócio-culturais que atuam decisivamente na relação indivíduo-sociedade.



No segundo capítulo apresentamos o referencial teórico que fundamentou essa
pesquisa e deu sustentação às nossas análises, fazendo uma abordagem sobre as
seguintes palavras- chave: Professor. Processo de Alfabetização. Crianças com
Necessidades Especiais.



No terceiro capítulo, apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para
a concretização da pesquisa com o apoio de alguns teóricos para uma melhor
compreensão da pesquisa.
12




Já no quarto capítulo, apresentamos a análise e interpretação dos resultados, onde
utilizamos a observação participante, para um contato direto com a realidade
pesquisada, o questionário fechado para traçar o perfil dos sujeitos e a entrevista
semi-estruturada para identificar a visão dos sujeitos a respeito da investigação.


Por fim, apresentamos as considerações finais expondo a conclusão através dos
possíveis resultados alcançados na presente pesquisa.
13




                                     CAPÍTULO I


1.1 . PERCURSO HISTÓRICO DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS


Historicamente as sociedades mais antigas tratavam as pessoas com necessidades
especiais de forma diferente, elas eram excluídas do convívio social, vistas como
seres incapazes de desenvolver habilidades, competências e incapazes de superar
suas limitações. É importante lembrar o quanto pessoas com deficiências sofreram
por maus tratos e foram sacrificados por serem consideradas “anormais”. Conforme
acentua Castro (2004):


                    Na Antiguidade, os deficientes eram vistos como degeneração da
                    raça humana; predominava a filosofia da eugenia, daí as pessoas
                    com deficiência serem abandonadas ou eliminadas. Durante a Idade
                    Média, com a religiosidade em alta, um filho com deficiência era
                    entendido como um “castigo” dos deuses, enquanto que na Idade
                    Moderna a filosofia humanística possibilitou o olhar sobre o deficiente
                    do ponto de vista patológico (p.57).


A concepção filosófica dos gregos e romanos legalizava a marginalização das
pessoas com deficiência, uma vez que o próprio Estado “tinha o direito de não
permitir cidadãos disformes ou monstruosos e, assim sendo, ordenava o pai que
matasse o filho que nascesse nessas condições” (AMARAL,1995, p.43).



Isso nos mostra como o preconceito abominava a sociedade. A luta pela inclusão de
pessoas com necessidades especiais na sociedade repercutiu no âmbito escolar,
em meados da década de 1990, através da Declaração de Salamanca que segundo
Cardoso (2006), foi “[...] a Conferência Mundial de Educação, encontro patrocinado
pelo governo espanhol e pela UNESCO [...]” (p.21). Visava à integração de alunos
com necessidades especiais na rede regular de ensino, estabelecendo um novo
paradigma de escola. Como diz Aguiar (2004):


                    [...] O princípio fundamental que orienta a Declaração de Salamanca
                    é o de que as escolas devem acomodar todas as crianças,
                    possibilitando que elas aprendam juntas, independentemente de
                    quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter, quer sejam de
                    origens física, intelectual, social, emocional, lingüística ou outras (...)
                    (p.15).
14




Na década de 1990, mais exatamente no ano de 1994, foi assinada a Declaração de
Salamanca, que é um marco histórico altamente significativo a favor da inclusão,
fortalecendo essa ideia em vários países e também no Brasil. A Declaração de
Salamanca (1994) fundamenta a Educação Inclusiva, propondo que as escolas
recebam e adéquem atividades, fazendo assim, com que as crianças com
necessidades especiais tenham maiores possibilidades de aprendizagem. Para isso,
as instituições de ensino precisam adaptar-se a essas necessidades.



Diante do exposto acima podemos perceber que a partir dessa Conferência foi
definido um novo paradigma de escola e que vários países passaram a adotar a
prática da inclusão de alunos com deficiência. No nosso país a LDB-Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (9394/96) no art. 58 estabelece a educação especial como
modalidade de ensino oferecida preferencialmente na rede regular.



Assim, é importante ressaltar que a inclusão das pessoas com necessidades
especiais no meio social deve ir além do sistema educacional. Já que a educação
não acontece apenas na escola, mas está é uma das instituições mais importantes
que contribui para a formação social, humana e cidadã, onde deve incluir alunos
com ou sem necessidades especiais, possibilitando o desenvolvimento intelectual e
social, centrado no objetivo de fazê-los descobrir por si mesmos o desconhecido,
sem imposições de saberes, mas instigados a produzirem conhecimento
coletivamente. Segundo Candau (2000):


                     A escola assim concebida é um espaço de busca, construção,
                     diálogo e confronto, prazer, desafio, conquista de espaço, descoberta
                     de diferentes possibilidades de expressão e linguagens, aventura,
                     organização cidadã, afirmação da dimensão ética e política de todo
                     processo educativo (p.15).


Então, a escola é um espaço formal, onde o saber é produzido sistematicamente.
Foi criada há muito tempo justamente quando as desigualdades sociais surgiram,
estabelecendo critérios para quem, o que e como ensinar, socializando
conhecimentos. Conforme acentua Brandão (1985):
15




                     Então é o começo de quando a sociedade separa e aos poucos
                     opõe: o que faz, o que se sabe com o que se faz e o que se faz com
                     o que se sabe. Então é quando, entre outras categorias de
                     especialidades sociais, aparecem as de saber e de ensinar à saber.
                     Este é o começo do momento em que a educação vira ensino, que
                     inventa a pedagogia, reduz a aldeia á escola e, transforma “todos” no
                     educador (p.27).



Dessa forma, a escola deve garantir aos educandos com ou sem necessidades
especiais, avanço na aprendizagem, estando adaptadas para a inclusão desses
sujeitos visando à promoção de uma educação inclusiva satisfatória, real, dinâmica e
não matricular alunos/as com deficiências, apenas para transmitir a sociedade uma
imagem de escola “exemplo” da educação inclusiva, mas que aceite, trabalhe com
as diferenças e que demonstre os resultados gerados pela inclusão. Diante disso
voltamos a afirmar a importância escola, como representante de um tipo de cultura
socialmente construída e elaborada, é responsável também pela inclusão igualitária
e humanística destas pessoas.



Sabe-se que o processo de integração da criança se realiza efetivamente através da
aquisição da leitura e escrita, visto que o uso da linguagem oferece a ela condições
de expressar, internalizar ações e informações favoráveis ao desenvolvimento
humano, numa perspectiva harmoniosa. Assim, a alfabetização vem sendo
destacada pelo papel no processo educativo da criança, influenciado por
condicionantes sócio-culturais que atuam decisivamente na relação indivíduo-
sociedade.



Saber ler e escrever é condição básica para a aquisição de conhecimentos e para
enriquecimento da capacidade de comunicação. A alfabetização constituiu-se de um
processo que envolve grande complexidade, daí a necessidade de considerar vários
aspectos implícitos e suas relações, que podem influenciar certas condições para a
realização da aprendizagem ou contribuir para a ocorrência de muitos problemas.



Com isso, o processo de alfabetização voltado para as crianças com necessidades
especiais, assim como para crianças ditas normais, precisa ser reconhecido como
necessário, principalmente no que ser refere à construção de autonomia. Sendo que
16




o professor é mediador desse processo, no entanto, é necessário que o mesmo
utilize uma metodologia adequada à realidade do contexto escolar no qual se
encontram essas crianças.

Essa discussão pode se iniciar pelo tipo de alfabetização que deve ser oferecida a
esses sujeitos; dito de outra forma, uma inclusão precisa vir acompanhada de uma
proposta de alfabetização que seja, para as crianças com necessidades especiais,
um veículo para o fortalecimento de seus direitos enquanto cidadãs.



Acredita-se que não existe uma receita pronta de qual a melhor maneira de
alfabetizar, principalmente em se tratando de pessoas que requerem uma
metodologia mais adequada e diversificada. Notamos que o trabalho com esse
alfabetizando, requer do professor uma percepção mais sensível do processo
evolutivo em que ele está. Deve lembrar que muitas vezes a criança chega a suas
mãos, em estado bruto e que está à espera de uma lapidação para mostrar o seu
potencial.



Partindo dessas considerações e tendo o professor como um dos principais sujeitos
no desenvolvimento de crianças com necessidades especiais, sentimos a
necessidade de observar na Escola Municipal Tomáz Guimarães como se
desenvolve a alfabetização das crianças com necessidades especiais para
analisarmos as dificuldades nesse processo. Pois sabemos pelos dados da mídia
que existe um elevado número de analfabetismo, provenientes de diversos fatores e
possíveis falhas dos profissionais em alfabetizar crianças em desenvolvimento. A
partir daí surgiu à seguinte questão de pesquisa: Quais as dificuldades encontradas
pelas professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães no processo de
alfabetização de crianças com necessidades especiais?



Justificamos a relevância dessa pesquisa na necessidade de compreender o
trabalho dos professores alfabetizadores na Escola Municipal Tomáz Guimarães e
as dificuldades encontradas na alfabetização de crianças com necessidades
especiais, contribuindo então, para que os estudos nessa temática nos mostrem
subsídios na superação desses problemas repercutidos na realidade, para que
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essas crianças, além de serem incluídas no espaço regular educativo, tenham
também uma aprendizagem significativa. Então o nosso objetivo é: Identificar as
dificuldades encontradas pelas professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães
no processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais.
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                                  CAPÍTULO II

2. REFERENCIAL TEÓRICO


A criança precisa desenvolver sua capacidade de aprender, para que tal
aprendizagem ocorra, há a necessidade de vivenciar relações pessoais e
interpessoais, pois está relação é fundamental na construção do sujeito enquanto
integrante de uma sociedade. Sendo assim, o ambiente mais apropriado para
ocorrer tal processo é a escola, pois o professor como mediador e o aluno como
sujeito da aprendizagem se utilizam dos conhecimentos compartilhados para
construção de seu próprio desenvolvimento. Portanto evidenciamos as palavras-
chave: Professor. Processo de Alfabetização. Crianças com Necessidades
Especiais.


2.1 Professor: as possíveis contribuições na prática


Tendo como ator principal, o professo, no processo de ensino e aprendizagem, que
por se defrontar com uma nova realidade, necessita criar estratégias a fim de
reformular sua prática e adaptá-la as novas situações de ensino, bem como atuar
como sujeito da sua própria formação, ou seja, autoformando-se. Nóvoa (2001, p.14)
afirma que “... mais importante do que formar é formar-se; que todo conhecimento é
autoconhecimento e que toda formação é autoformação.” Acrescenta ainda que
cada profissional seja responsável por sua formação.



Podemos entender então, que o professor necessita de uma formação e deve estar
comprometido com sua formação, pois é também aquele que contribui para a
formação de outros indivíduos, oportunizando-lhes qualificações para exercer
determinada função. Com a globalização, torna-se cada vez mais necessário um
ensino de qualidade, que venha ampliar os horizontes do conhecimento, em todas
as áreas do saber. Becker (1993), também dá a seguinte definição de professor:


                    O professor é o condutor; o orientador, ele deve ter conhecimento
                    técnico; é ele que direciona o processo em si de aprendizagem, e ele
                    faz isso através de vários expedientes a começar pelo seu
                    planejamento, no qual ele fixa objetivos. Em função dos objetivos é
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                     que ele vai selecionar os conteúdos dentro do temário geral
                     programado de sua disciplina e depois na ação do dia-a-dia, de sala
                     de aula, aula por aula, que é exatamente onde entra os recursos e a
                     técnica (p. 148-149).


Através desse conceito entendemos que professor é aquele capacitado para
conduzir o processo de ensino e aprendizagem de maneira planejada com objetivos
definidos, visando assim assistir o aluno dentro das suas necessidades. Valendo
ressaltar, que o professor não é o único elemento significativo desse processo, pois
os alunos compartilham com os mesmos, a atuação do ensinar e do aprender, que
se apresentam nas relações mútuas da prática educativa.



No entanto, na definição de Ferreira (2001) professor é aquele que ensina uma
ciência, arte ou técnica. Com isso na visão simples de algumas pessoas, a função
do professor é basicamente ensinar, reduzindo este ato a uma perspectiva
mecânica. Porém, ninguém ensina no vazio, a partir do nada, há toda uma
contextualização.



Com base nisso, Freire (1996) discute a importância de que o professor precisa
buscar conhecimentos através de pesquisa, ou seja, que ele precisa ser qualificado,
já que é sabido por todos que a maior problemática na educação com o corpo
docente, é que os professores têm se limitado a buscar conhecimentos, ficando
presos apenas aos conteúdos aplicados nas grades curriculares dos cursos
superiores. Então, diante disso Demo (2004) vem esclarecer falando que: ·.


                     Ser profissional hoje è, em primeiro lugar,saber renovar, reconstruir,
                     refazer a profissão [...]Para o renovar, não basta conhecimento
                     transmitido, reproduzido. É essencial saber reconstruir conhecimento
                     com as próprias mãos [...] Professor é o eterno aprendiz, que faz da
                     aprendizagem sua profissão (p.11).



O professor não deve se limitar apenas aos conhecimentos já adquiridos, mas
buscar meios de aumentar seus conhecimentos, Segundo Mitller (2003, p.183) “um
professor que vai atuar em uma turma com crianças especiais, ela precisa ver
inclusão não apenas como uma meta a ser alcançada, mas uma jornada com um
20




propósito” e por isso os professores têm o direito de obter oportunidades de
qualificação e orientação de como lidar com seus novos desafios.

A partir desta postura assumida pelos docentes, é que, se podem vislumbrar
mudanças eficazes no sistema de ensino, pois estes são os agentes principais deste
processo. Pimenta (2000) coloca que as novas tendências investigativas sobre a
formação de professores consideram que:


                     [...] a formação é na verdade, autoformação, uma vez que os
                     professores reelaboram os saberes iniciais em confronto com suas
                     experiências práticas, cotidianamente vivenciadas nos contextos
                     escolares. É nesse confronto e num processo coletivo de troca de
                     experiências e práticas que os professores vão constituindo seus
                     saberes como praticum, ou seja, aquele que constantemente reflete
                     na e sobre a prática (p. 29).



É na prática pedagógica que o professor atua e, é nela que percebemos suas
habilidades, competências, e, é exatamente o que Tardif (2000) coloca como
saberes o conjunto de habilidades, competências e conhecimentos construídos
pelos professores. Esse conjunto de saberes é que caracteriza e personaliza a
prática. Porém os seus saberes não são construídos somente na prática, é um
processo que segue por toda a sua vida profissional.


2.2 Processo de alfabetização


Alfabetizar significava aquilo que ainda hoje significa, ou seja, ensinar o alfabeto.
Alfabetizar é ensinar a ler e a escrever, ensinar a reconhecer os símbolos gráficos
da linguagem verbal. Mas para Ferreiro (1998), letrar é mais que alfabetizar, é
ensinar a ler e escrever dentro de um contexto, onde a leitura e a escrita tenha um
sentido e que faça parte da vida do aluno. Assim, letramento antes de qualquer
coisa, não é alfabetizar simplesmente, mas uma ação conjunta entre alfabetizar e
letrar. Soares (2001) apresenta definições claras de alfabetização e letramento.


                     Alfabetizar é “ensinar a ler e escrever, é tornar o individuo capaz de
                     ler e escrever”. “Alfabetização é a ação de alfabetizar”. Letramento é
                     o “estado ou condição que adquire um grupo social ou um individuo
                     como conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas
                     práticas sociais” (p.31-39).
21




Nessa perspectiva, alfabetizar é empreender esforços para que o indivíduo domine a
leitura e a escrita, tornando-o capaz de aventurar-se no mundo dos livros. Ser
alfabetizado significa reconhecer e compreender esses símbolos e ser capaz de com
eles produzir mensagens compreensíveis para outros alfabetizados, melhorando
desse modo à comunicação entre os sujeitos e incrementando, consequentemente,
o seu nível e qualidade de vida.



Historicamente, o sistema alfabético sofre mudanças de acordo com uso por uma
quantidade elevada de pessoas numa determinada região geográfica, e nesse
contexto pensa-se que escrita evolui segundo os padrões sociais exigidos, de modo
que os métodos de alfabetização ensinam a escrever de modo cursivo, onde a
criança e ao adulto devem ser educados para esta prática.



Segundo as reflexões de Cagliari (1993) a escrita é algo que o ser humano se
envolve desde cedo em sua vida, e de acordo com o contexto sócio- cultural que
homem vive o aprendizado da escrita se efetiva segundo determinados padrões,
assim a sociedade letrada que vivemos, exige o domínio da escrita e alguma
atividade no cotidiano dela é necessária, sendo que a escola é o local onde é mais
expressa sua presença. Sobre isso Ferreiro (1999) afirma que:


                     Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para
                     escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as
                     que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a
                     alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em
                     contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que
                     necessitam da escola para apropriar-se da escrita (p.23).


Acreditamos que a criança só precisa desenvolver sua capacidade de aprender e
para que tal aprendizagem ocorra, se faz necessário a vivência das relações
pessoais e interpessoais, pois esta relação é fundamental na construção do sujeito
enquanto integrante de uma sociedade, Sendo assim o ambiente mais apropriado
para ocorrer tal processo é a escola.



Pressupõe-se que mesmo com suas limitações as crianças com necessidades
especiais necessitam, tanto da educação informal, aquela que aprende no meio
22




social e no convívio familiar, quanto da educação formal, aquela que aprende na
escola, que dar continuidade ao processo educacional. Sendo assim podemos
afirmar que não há um caminho a seguir de como alfabetizar, seja criança com ou
sem necessidades especiais, e sim adaptações que podem ajudar nesse processo
de construção de leitura e da escrita.



As estratégias usadas durante o processo de alfabetização, devem dar oportunidade
às crianças de serem ouvidas, e que suas necessidades não sejam ignoradas pelo
professor, principalmente neste período, em que a criança está sendo formada.
Aprender a ler e a escrever vai muito além de decodificar e copiar. Assim afirma
Freire (2001, p.32) “Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se, é antes de mais nada,
aprender a ler o mundo”, pois é por meio desta leitura que a criança poderá se tornar
um cidadão crítico.



Para que ocorra este processo de letramento com as crianças com necessidades
especiais é fundamental o seu contato com as letras, jogos e textos, ou seja, um
mundo letrado, participando assim de todas as atividades de práticas sociais de
leitura e escrita com seus colegas de sala, como trabalhos em grupo,
dramatizações, danças e etc. Bruno (2006, p.56) fala que “Um ambiente
alfabetizador é aquele que promove um conjunto de situações reais de leitura e
escrita nas quais as crianças têm oportunidade de participar”, reforça ainda dizendo
que:


                      Além de se desconsiderar o fato de que a alfabetização é um
                      processo em construção, que depende do nível conceitual, da
                      experiência e da oportunidade que a criança tem de estar exposta a
                      um ambiente alfabetizador, desconsideram-se os fatores idade e
                      ritmo (p.50).


A criança com necessidade especial necessita de tempo maior para realização de
suas atividades, por ter que primeiramente se organizar para poder decodificar as
atividades, portanto, a maior barreira enfrentada por esses alunos em seu processo
é o tempo.
23




No entanto, saber ler e escrever é condição básica para a aquisição de
conhecimentos e para enriquecimento da capacidade de comunicação. Um dos
primeiros aspectos que tem grande influencia é o lingüístico, destacando suma
importância dentro do processo de alfabetização e em seguida a metodologia
utilizada.


2.3 Crianças com necessidades especiais

As crianças com necessidades especiais são seres humanos que apresentam
significativas diferenças básicas, sensoriais ou intelectuais decorrentes de fatores
inatos ou adquiridos de caráter temporário ou permanente e que são merecedores
de educação especial. A criança com necessidade especial tem direito a
acessibilidade no ensino regular fundamentado em leis que asseguram este
princípio. A Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (9.394/960, no art.4°
inciso III, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente (capítulo IV art.54,
inciso III), garantem atendimento educacional especializado gratuito às crianças com
necessidades especiais. A LDB (9394/96, capítulo V da Educação Especial prevê
que:


                     Os alunos com necessidades especiais devem ser atendidos por
                     professores com especialização adequada de nível médio ou
                     superior para atendimento especializado, bem como professores de
                     ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
                     classes comuns.


O modo de ser e agir é que torna a criança com necessidade um ser único e
singular. Devemos aceitá-la e considerar suas limitações, reconhecendo seus
direitos. Além de ser fundamental entender suas formas de interação e como se
relacionam com as pessoas e o meio que as cercam. Ainda sobre essa questão,
Fonseca (1995) enfatiza que:


                     O deficiente é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria.
                     Tem uma limitação corporal ou mental que pode afetar aspectos de
                     comportamento, aspectos estes muitas vezes atípicos, uns fortes e
                     adaptativos, outros fracos e pouco funcionais, que lhe dão um perfil
                     intra-individual peculiar (p.09).
24




Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual
Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no
que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem
dele necessitar. Desse modo, essa perspectiva, define as crianças com
necessidades especiais àquela que “... por apresentar necessidades próprias e
diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares
correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias
educacionais específicas”.


A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional
especializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida
Política e dá ênfase ao deficiente mental, visual, auditiva, física e múltipla; as
crianças com condutas típicas e aos superdotados.



Essas crianças, independente da sua deficiência, são membros da mesma
sociedade, com os mesmos direitos, são crianças que possuem as mesmas
necessidades básicas de carinho, proteção, cuidado e os mesmos desejos e
sentimento das outras crianças. Elas têm as possibilidades de interação, convívio,
de serem felizes, como qualquer outra criança.
25




                                    CAPÍTULO III

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: PERCORRENDO O CAMINHO


Entendemos por metodologia, um caminho na qual dispomos de métodos para
alcançarmos os objetivos que nos inquietam, além de exercer a prática na
abordagem da realidade. Nesse sentido, a metodologia ocupa um lugar central no
interior das teorias e está sempre referida a ela. Dizia Demo (1999), “metodologia é
disciplina instrumental para o cientista social... É condição necessária para a
competência científica”... (p.59). Dessa forma, o método utilizado numa pesquisa é o
instrumento que vai torná-la válida ou não.



A pesquisa é uma atividade voltada para investigação de problemas teóricos ou
práticos por meio do emprego de processos científicos. Ela parte, pois, de uma
dúvida ou problema e com o uso do método científico, busca uma resposta ou
solução.


3.1 Tipo de pesquisa


Nossa pesquisa foi de ordem qualitativa, pois ela trabalha com a subjetividade dos
sujeitos. Esta abordagem também pode trabalhar com dados, porém o tratamento
não deve envolver estatística avançada. Além disso, ela foi escolhida por envolver o
contato, a troca de informação e a integração entre o pesquisador e o pesquisado,
na busca do conhecimento e da reflexão, pois segundo (Bogdam e Biklen apud
Ludke, 1982), “A pesquisa qualitativa supõe o contato prolongado com o ambiente e
a situação que está sendo investigado via de regra, através do trabalho intensivo de
campo” (p.110). Em outros termos, ela permite uma maior liberdade de envolvimento
ou de interação pessoal, intelectual ou social.



Á vista disso, os sujeitos investigados responderam de acordo com sua perspectiva
pessoal, expressando-se livremente. (Bogdam e Biklen apud Ludke, 1982) dizem
que:


                      A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos,
                      obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada,
26




                     enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupar em
                     retratar a perspectiva dos participativos (p.13).


De acordo com alguns autores, a pesquisa qualitativa abre caminhos para o contato
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a problemática que está
sendo investigada, analisada, evidentemente através de um trabalho de campo que
demanda esforço contínuo em curto prazo, justificando dessa forma a nossa escolha
pela pesquisa qualitativa. Enfim, a abordagem qualitativa nos permitiu um
entendimento amplo do objeto estudado, ou seja, de que forma a questão em estudo
é vista por profissionais da educação.


3.2 – Locus:


Tivemos como locus de pesquisa a Escola Municipal Tomáz Guimarães, que fica
situada no Bairro, Santos Dumont. Atualmente a escola tem como gestora a
professora Aline, são 15 professoras, 2 auxiliares de classe, 02 secretários 03
vigilantes, 02 merendeiras, 02 auxiliares de serviços gerais e abrange a Educação
Infantil e o Ciclo Básico de Alfabetização (CBAI, CBAS-I e CBAS-II) nos turnos
matutino e vespertino, com uma clientela de 354 alunos.



Sua estrutura física é composta por 09 salas de aula, 01 pátio, 01 sala onde fica a
secretaria e a diretoria, 01 cozinha, 03 banheiros, 01 almoxarifado e 01 área que
serve de espaço para recreação.



A escolha do locus acima referido se deve ao fato de acolher em seu interior o foco
da   pesquisa:   crianças     com necessidades   especiais,   tornando possível o
desenvolvimento da mesma. É uma escola que possui crianças com uma
diversidade de deficiência.


3.3 Sujeitos da Pesquisa



Assim, tivemos como sujeitos de pesquisa, 08 professoras, da referida escola, pois
de acordo com os objetivos desta pesquisa, conforme já foram expostos, somente
27




através dessas professoras, é que poderíamos obter informações para desenvolver
nosso objeto de estudo.



3.4 Instrumento de coleta de dados: caminhos trilhados para desvendar
nossas inquietações


Utilizamos como instrumentos de coleta de dados, a observação participante, o
questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, para além de traçar o perfil dos
(as) educadores (as), adquirirmos informações sobre as dificuldades encontradas no
processo de alfabetização de alunos com necessidades especiais.



Através desses instrumentos, percebemos que foram de suma importância,
principalmente, no intuito de possibilitar, o contato com o ambiente e os sujeitos
envolvidos, além de desenvolver e alcançar os resultados, a fim de realizarmos o
desenvolvimento e análise desta pesquisa.



A pesquisa primeiramente se efetiva a partir de um olhar investigativo, onde o
pesquisador tem a oportunidade de participar das práticas desenvolvidas pelos
sujeitos, o que auxilia no processo de compreensão e interpretação do fenômeno
estudado. De acordo com Ludke(1986):


                     Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências
                     diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo,
                     isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às
                     suas próprias ações (p.26).



Assim, a observação permite que o observador tenha contato com os sujeitos e com
a realidade a qual ele deseja obter informações e dados necessários. Conforme
Ludke (1986)


                      O papel do observador total é aquele em que o pesquisador não
                     interage com o grupo observado. Nesse papel ele pode desenvolver
                     a sua atividade de observação sem ser visto, ficando por detrás de
                     uma parede espelhada ou pode estar na presença do grupo sem
                     estabelecer relações interpessoais (p.45).
28




Percebemos desse modo, que a observação de fato, consegue obter informações
sem estabelecer um contato direto com os sujeitos. Diante do exposto tivemos a
oportunidade de vivenciar a prática dos professores da Escola Municipal Tomáz
Guimarães.


Da necessidade de levantar dados sobre o perfil dos sujeitos, em seus aspectos
sociais, econômicos e educacionais, foi elaborado e aplicado o questionário fechado.
O questionário contempla características como gênero, idade, formação escolar e ou
acadêmica, tempo de serviço docente, dentre outras. Segundo Lakatos e Marconi
(1991, p. 201): “o questionário fechado é um instrumento de coleta de dados
constituídos por uma série ordenadas de perguntas que devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador”.



Os resultados obtidos através desse instrumento somado aos outros instrumentos
nos ajudaram a compreender o paradigma da pesquisa deste trabalho. Dessa forma,
enriquecemos as informações necessárias e passamos a conhecer a realidade dos
sujeitos também.



Utilizamos também a entrevista semi-estruturada, uma ferramenta necessária na
pesquisa por permitir ao entrevistador perceber os fatores externos que podem
influenciar na resposta do entrevistado. Os dados foram coletados a partir de um
roteiro de entrevista semi-estruturada, buscando auxiliar no levantamento de
aspectos que possibilitassem, a partir das respostas dos participantes, o
enriquecimento das nossas informações quanto às possíveis contribuições dadas
pelos professores às crianças com necessidades especiais no processo de
alfabetização. Segundo Lakatos e Marconi (1991):


                     A entrevista é o encontro entre duas pessoas, a fim de que uma
                     delas tenha informações a respeito de um determinado assunto; uma
                     investigação social de um determinado problema. Por tratar-se de
                     uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica,
                     proporciona aos entrevistados a informação necessária (p. 195-196).


O informante é interrogado sobre sua ideias ou seus projetos, através de um
questionamento oral ou de uma conversa. Previamente, a entrevista carece de um
29




propósito (tema, objetivos e dimensões) bem definido e é essencial ter uma imagem
do entrevistado, procurando caracterizar sucintamente a sua pessoa. Assim, o
roteiro da entrevista contemplou perguntas abertas em relação ao entendimento dos
professores, sobre a alfabetização dessa clientela, como é realizado processo e as
dificuldades enfrentadas pelos professores no processo de alfabetização, dentre
outros.
30




                                      CAPÍTULO IV


4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

“A importância dos dados não está em si mesma, mas em proporcionarem respostas
às investigações” (apud Lakatos e Marconi, 1991, p. 167). Nesse capítulo serão
pautadas algumas considerações tidas como importantes durante o processo da
pesquisa e que muito contribuíram para análise de dados.

Consideramos essa etapa do trabalho a mais significativa e decisiva, pois nela está
registrado de forma sistemática o diálogo entre os dados obtidos e teoria
apresentada, e permitiu-nos um maior entendimento a cerca das contribuições que
as professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães promovem no processo de
alfabetização de crianças com necessidades especiais.

Esses registros foram sistematizados à luz do quadro teórico para uma melhor
elucidação do nosso problema de pesquisa, atendendo ao objetivo inicialmente
proposto.   Desta    forma,   para    uma    melhor    organização   desse   capítulo,
apresentaremos os seguintes momentos: o perfil dos professores que atuam com
crianças especiais, com base no questionário fechado; e análise dos discursos dos
professores sobre o processo alfabetização de crianças com necessidades
especiais, feita a partir da entrevista semi-estruturada.

4.1 Dados do questionário fechado

4.1.1 Gênero

Em relação ao “Gênero”, identificamos a predominância feminina, ou seja, 100% são
mulheres. Essa predominância do sexo feminino na educação infantil tem cunho
histórico, uma vez que ao longo do tempo perpetuou-se a compreensão de que
apenas as mulheres deveriam ser responsáveis pelo cuidado e formação das
crianças. Diante disso, salientamos que ainda existe uma visão equivocada, pois a
educação infantil é em muitos aspectos focalizados em parâmetros assistencialistas,
cujo cuidado é a característica principal.
31




                          Figura 01: Gênero dos sujeitos



4.1.2 Idade

Conforme a figura 02, apresentaremos a idade dos sujeitos pesquisados. Em
relação à faixa etária podemos perceber que 25 % possuem idade entre 25 a 35
anos e 75% mais de 35 anos.

                                     IDADE




                                                           18 a 25 anos
                                                           25 a 35 anos
                                                           mais de 35 anos




                           Figura 02: Idade dos sujeitos
4.1.3 Tempo de Docência
32




De acordo com a figura 03 podemos identificar o tempo de docência dos
entrevistados, onde os 12,5% têm de 0 a 05 anos; 62,5% de 06 a 10 anos e 25%
acima de 15 anos atuando na educação.



                            TEMPO DE DOCÊNCIA



                                                                  0 A 05 ANOS
                                                                  06 A 10 ANOS
                                                                  11 A 15 ANOS
                                                                  ACIMA DE 15 ANOS




                    Figura 03: Tempo de docência dos sujeitos

4.1.4 Jornada de trabalho

Analisando a figura 04 notamos que a jornada de trabalho dos 100% dos
entrevistados é de 40 horas.



                         JORNADA DE TRABALHO



                                                                          20 HORAS
                                                                          40 HORAS
                                                                          60 HORAS




                    Figura 04: Jornada de trabalho dos sujeitos
33




Acreditamos que o professor com uma carga horária maior de trabalho será
necessário um esforço a mais pra planejar aulas diversificadas, lidar com as
diferenças e atender todas as necessidades de sala, principalmente quando se trata
de alunos com necessidades especiais.


4.1.5 Formação
A figura 05 a seguir, refere-se a formação dos entrevistados, constatamos que
87,5% possuem nível superior, sendo que, dessa porcentagem a maioria é superior
em Pedagogia e 12,5% possuem o nível superior incompleto.




                        Figura 05: Formação dos sujeitos



Esse é um dado muito importante, pois sabemos a necessidade do professor ter um
contato com teorias educacionais relevantes, a fim de contribuir nas práticas
educacionais.


4.1.6 Capacitação Profissional para trabalhar com Crianças com Necessidades
Especiais

Mediante a figura 06, verificamos que 36,5% recebem capacitação e a maioria que
corresponde a 62,5 não recebem capacitação para o trabalho pedagógico na
34




alfabetização em vista da inclusão dos alunos e alunas com necessidades especiais.
Para Salgado (2008): “(...) o objetivo de garantir o aumento da participação e da
aprendizagem de todos é necessário aumentar a própria aprendizagem profissional
e também a participação ativa como sujeito da inclusão (p. 62).


O professor precisa está em formação continuada para suprir suas dificuldades e
propiciar o favorecimento da aprendizagem de todos os discentes em suas
particularidades e preferências.




                         Figura 06: Capacitação Profissional

Percebendo a maioria das professoras sem capacitação, notamos que é através
desse argumento que elas justificam parte das suas dificuldades.



4.2 Dados da entrevista semi-estruturada: frente ao discurso

A opção metodológica desse trabalho selecionou instrumentos de coleta de dados
que permitissem ouvir as professoras alfabetizadoras da escola Municipal Tomáz
Guimarães, à cerca do processo de alfabetização de crianças com necessidades
especiais. Assim, a entrevista semi-estruturada permitiu o desenvolvimento de
intenções e possibilidades, até então ocultas pelo instrumento anterior.
35




As professoras foram denominados através de Códigos em P1, P2, P3, P4, P5, P6,
P7 e P8, e através da entrevista realizada observa-se alguns aspectos relevantes na
produção do conhecimento proposto, pois a partir dessas problematizações é
possível chegar à realidade que o processo de alfabetização de crianças com
necessidades especiais revela. Ressaltam-se aqui as categorias mais relevantes e
evidenciadas na pesquisa sobre as dificuldades enfrentadas pelas educadoras
diante do processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais.
Vejamos:


4.2.1 Falta de apoio didático e humano para o trabalho com crianças com
necessidades especiais


Nessa categoria, observamos alguns fatores segundo as educadoras que dificultam
o trabalho pedagógico no processo de alfabetização das crianças especiais e que
nos faz acreditar também na contribuição de uma prática pedagógica ineficiente e
precária, colaboradora do fracasso escolar, atingindo não só os alunos e alunas que
merecem atenção devido as suas particularidades, mas a todos os discentes que
frequentam o ambiente de ensino. Vejamos os relatos das professoras:


                    P1 “As dificuldade maiores são a estrutura física e a falta de apoio”.

                    P2 “A falta de apoio e material para trabalhar com crianças
                    especiais”.

                    P4 “A alfabetização é um processo lento e difícil, pois é o resultado
                    da ação de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e da
                    escrita, mas a falta de estrutura física da escola e falta de material
                    didático e humano dificulta o trabalho”.

                    P6 “As dificuldades são inúmeras, mas a estrutura física escolar e o
                    material didático ofertado para trabalharmos na sala de aula são
                    insuficientes para atendermos as necessidades de cada aluno
                    durante o processo de alfabetização”.

Sobre as dificuldades mencionadas pelas educadoras podemos reafirmá-las através
da fala de Serra (2008) quando diz que desde a história da Educação Especial,
essas dificuldades dos professores não só se refere à aceitação e à forma da
compreensão dos fenômenos de comportamentos manifestos pelas crianças
36




especiais, como também na falta de infra-estrutura material e de pessoal qualificado
para orientação e supervisão adequada.



Assim, concordamos com P4 quando diz que a alfabetização é um processo
resultante da ação de ensinar a ler e escrever, mas se a instituição não oferece uma
estrutura e material didático apropriado, as crianças não irão desenvolver a
aprendizagem devido à necessidade de se utilizar recursos diversos e instigadores
do conhecimento.


4.2.2 Particularidades individuais e a variedade das crianças


Muito se tem discutido e evidenciado nos referenciais para a inclusão, a
necessidade do respeito pelas diferenças e o trabalho pedagógico voltado para as
particularidades dos sujeitos em prol da sua inserção social, levando em
consideração suas limitações e potencialidades. Mas para isso se faz necessário
que os profissionais tenham condições e conhecimentos necessários para fazer este
trabalho diferenciado. Uma das barreiras que impossibilita a alfabetização de
crianças especiais relatadas pelas professoras é a dificuldade que elas têm em
trabalhar com as diferenças dos alunos e alunas durante o processo de ensino e
aprendizagem. Observemos os relatos:


                     P4 “As particularidades atrapalham, pois a avaliação deve ser
                     diferenciada e o aluno deve ser avaliado na sua evolução e não com
                     os outros ditos “normais”.

                     P6 “É difícil trabalhar e ensinar alunos com necessidades especiais
                     devido ao grande número de alunos matriculados na sala de aula e
                     as diferenças individuais e ritmos de aprendizagem existentes entre
                     eles que requer muita atenção e metodologia diferenciada para que
                     aprendam e desenvolvam suas habilidades”.

                     P7 “As particularidades de cada aluno, pois alguns têm bloqueios e
                     não tem acompanhamento fora da escola. A variedade de
                     personalidades também afeta o desenvolvimento, pois há alunos que
                     atrapalham”.

Diante das falas, percebe-se a angústia das educadoras, pois a maioria evidencia
suas inquietações e dificuldades em trabalhar com crianças com necessidades
especiais. A P6 aponta como uma das dificuldades a superlotação da sala e a
37




impossibilidade de dar conta dessas diferenças, pois compreende a importância de
utilizar metodologias diferenciadas para que os alunos possam aprender. Já na fala
de P4 há uma contradição, pois ela coloca que o que atrapalha, é justamente “as
particularidades”, ou seja, aquilo que se propõe para o trabalho com crianças com
necessidades especiais, embora afirme que a avaliação deve ser diferenciada
partindo da evolução do sujeito e não em comparação com o aluno dito “normal”.
Essa contradição na fala da professora demonstra a dificuldade que a maioria dos
docentes tem em fazer um trabalho diferenciado, respeitando as diferenças e
percebendo que os alunos não são iguais em seu desenvolvimento, mesmo aqueles
ditos normais. P7 também aponta como uma das dificuldades “as particularidades
de cada aluno” acrescentando a isso a falta de acompanhamento que deve ser
responsabilidade da família da criança especial. Percebe-se nas falas dessas duas
professoras que elas transferem a sua incapacidade de lidar com as diferenças em
sala de aula para a condição de diferente dos alunos, o que pode gerar a exclusão
escolar por associar as diferenças individuais como geradoras do insucesso escolar.
Porém, sabemos que não existem salas de aula homogêneas, devido aos diferentes
ritmos de aprendizagem das crianças, mesmo não tendo qualquer deficiência,
comprovada cientificamente e que devem ser considerados e respeitados. Sobre
esses argumentos Freitas (2006) faz uma ressalva quando diz que:


                     Frequentemente, os cursos de formação não trabalham tais questões
                     e acabam por reforçar os estereótipos ao tomar como referência um
                     “aluno padrão” idealizado. Em consequência disso, muitos
                     professores que ingressam na profissão com essas visões
                     estereotipadas levam bastante tempo para desfazê-las. Outros não
                     as superam nunca, realizando uma prática que acaba por contribuir
                     para a produção do enorme contingente de excluídos da e na escola
                     (p. 170).

Então, podemos dizer que a conduta desempenhada pelas educadoras no processo
de alfabetização é também reflexo da falta de formação continuada, em favor da
diversidade, falta de apoio pedagógico e humano, falta de recursos didáticos que
são fundamentais para o alcance dos objetivos educacionais e muitas vezes, falta de
compreensão de educadores que não desenvolvem práticas instigantes e
desafiadoras que levam a aquisição da aprendizagem de forma prazerosa. E neste
sentido Ferreira (2006) salienta que na educação atual:
38




                       Espera-se hoje que a professora seja capaz de compreender e
                       praticar o acolhimento a diversidade e esteja aberta a práticas
                       inovadoras na sala de aula. No novo perfil, a professora deve adquirir
                       conhecimentos sobre como conhecer as características individuais
                       (habilidades, necessidades, interesses, experiências etc.) de cada
                       um de seus estudantes, a fim de poder planejar suas aulas que
                       levem em conta tais informações (p. 231).


Assim, fica evidente que a tarefa educativa principalmente na alfabetização das
crianças especiais deveria ser tarefa dada a quem tem informação subsidiada
nesses critérios mencionados por Ferreira (2006), pois as práticas inovadoras geram
a interação de todo alunado, respeitando os ritmos de aprendizagem de cada
sujeito. .


4.2.3 Falta de acompanhamento dos pais

A família deve entender que a participação é um princípio da democracia que
necessita ser trabalhado, é algo que se aprende e se ensina, portanto, a escola será
um lugar possível para essa aprendizagem, promovendo a convivência democrática
no seu cotidiano, pois, aprende-se a participar, participando. No entanto, uma das
dificuldades eleita como principal no processo de alfabetização das crianças
especiais,   foi   justamente   a   ausência     dos   pais   no   acompanhamento         do
desenvolvimento desses sujeitos. Vejamos o que dizem as professoras com relação
a essa participação:


                       P1 “o descaso dos pais no acompanhamento dos estudos dos filhos”.

                       P2 “Ser a única responsável nessa tarefa, já que muitas famílias não
                       se preocupam com a educação dos filhos.

                       P6 “O trabalho com crianças especiais se torna árduo devido a falta
                       de compromisso e apoio dos pais na realização das tarefas e
                       estímulo ao estudo direcionado aos filhos”.

                       P8 “O descompromisso da família, por não acompanhar seu filho no
                       processo da alfabetização, acaba não tendo o efeito esperado”.

Notamos na fala de P2 a indignação ao perceber que a família acredita que
educação só acontece na escola, onde os pais se excluem automaticamente desse
processo por ver a escola como a única responsável pela formação de seus filhos,
39




talvez porque eles mesmos se sintam incapazes de ajudar nessa formação. Sobre
esse ponto de vista, Brandão (1985) chega a afirmar que:


                      (...) não há uma única, nem um único modelo de educação. A escola
                      não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o
                      ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional
                      não é o seu único praticante.(p.25).


Assim como a escola não pode jogar a responsabilidade na família, mas assumir a
tarefa que lhe cabe na educação das crianças, a família também não pode
esquecer-se do seu papel na educação de seus filhos, principalmente quando se
trata de crianças com necessidades especiais.



No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil,
1990), diz que “é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”. Embora
estando isso definido em lei, nos perguntamos se os pais tem consciência disso e se
tendo ciência, estão preparados para participarem efetivamente desse processo ou
preferem ficar distantes.


Percebemos nas demais falas que as professoras acreditam que os pais, mesmo
sabendo da importância da participação, do direito que eles têm de intervir no
processo educativo, não querem ter compromisso com seus filhos, no sentindo de
acompanhar nas horas devidas, chegando a frustrar o objetivo esperando pela
escola. Conforme os dizeres de Mittler (2003): “(...) muitos pais tornaram claro que
não se veem necessariamente no papel de professores de suas crianças, mas que
esperam boa qualidade de ensino daqueles que são pagos para fazê-lo (p.217)”.


4.2.4 A dificuldade em mediar o conhecimento para a aquisição da leitura e
escrita dos alunos e alunas especiais


Alfabetizar um sujeito é um fator que requer dedicação e acompanhamento
pedagógico, exercido por intermédio de uma prática pedagógica incentivadora do
desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Para Cagliari (2002):
40




                     O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e, quanto mais
                     ciente estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de
                     conhecimento, de como a criança se situa em termos de
                     desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo
                     de interação social, da natureza da realidade linguística envolvida no
                     momento em que está acontecendo a alfabetização, mais condições
                     terá esse professor de encaminhar de forma agradável e produtiva o
                     processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais (p. 09).

Porém, muitos educadores queixam-se das dificuldades que têm em realizar esse
processo de aquisição da leitura e escrita com alunos e alunas oriundos das classes
menos favorecidas, que são crianças vulneráveis e principalmente com crianças
especiais, que apresentam algumas deficiências seja física, mental, intelectual ou
sensorial, se tornando assim, os maiores agravantes durante o desenvolvimento da
aprendizagem. Sobre essas questões embasadas nessa categoria, as professoras
relataram suas dificuldades na mediação da leitura e da escrita. Vejamos as falas:


                     P1 “Incapacidade de desenvolver as necessidades de leitura e
                     escrita nos alunos”.

                     P2 “Ajudá-los a ler e escrever, pois o entendimento do aluno especial
                     é mais lento”.

                     P3 “Prepará-los para a aquisição da leitura”.

                     P6 “A maior dificuldade é instruir esses alunos na leitura e escrita de
                     palavras, pois como o ritmo é diferente o processo exige muita
                     paciência e dedicação que se torna um desafio, já que as turmas são
                     super lotadas e fica mais difícil atender a todos”.


Percebemos nas falas das educadoras, que elas têm muitas dificuldades em auxiliar
seus alunos e alunas na aquisição da leitura e da escrita por não terem
conhecimento de como alfabetizar crianças com deficiência , pois apesar de
saberem que elas aprendem num outro ritmo, não conseguem lidar com essas
diferenças, no fundo desejam uma homogeneidade que nem mesmo é possível com
crianças sem nenhuma deficiência. Isto está presente nas falas de todas as
professaras. Além dessas dificuldades outras questões que concorrem para que
esse processo se torne mais difícil como apontado por P6, pois a alfabetização exige
paciência, dedicação e uma prática pedagógica dinâmica, já que o ensino público é
privado de recursos didáticos e humanos além das salas superlotadas.
41




A alfabetização é uma etapa de construção e reconstrução de um saber elaborado,
no sentido de auxiliar o sujeito na decodificação de signos e promover a criticidade
para a inserção do sujeito nas práticas sociais. Smolka (1993) salienta que:


                     De modo geral, a escola não tem considerado a alfabetização como
                     processo de construção de conhecimento nem como um processo de
                     interação, um processo discursivo, dialógico. Com isso, a escola
                     reduz a dimensão da linguagem, limita as possibilidades de escritura,
                     restringe os espaços de elaboração e interlocução pela imposição de
                     um só modo de fazer e de dizer as coisas. Mas essa imposição
                     acaba sendo, de fato, limitada ou ilusória. Pois existe ainda um
                     espaço, um movimento, um dinamismo discursivo no interior da
                     escola. Mesmo bloqueando a “fala”, a escola não consegue bloquear
                     o discurso interior (p. 76).

Assim, compreendemos que todos os sujeitos devem constituir esse espaço
(escola), para desenvolver suas competências e habilidades, mesmo que a
aprendizagem seja lenta, devido a sua deficiência ou outras dificuldades que se
efetivam no processo de alfabetização, relacionadas às suas condições sociais ou
afetivas. Ao analisar as falas das professoras nos faz perceber que suas angustias e
dificuldades, no processo de alfabetização de crianças com deficiências, vai muito
além das dificuldades estruturais da escola ou mesmo do desconhecimento do
processo de alfabetização, mas a sua incapacidade em lidar com as diferenças, de
compreender que mesmo as crianças que não tem nenhuma deficiência têm ritmos
diferentes de aprendizagem e, em algum momento de seu processo de
aprendizagem, pode necessitar de um acompanhamento mais individualizado para
aprender.
42




                                   CONSIDERAÇÕES FINAIS


O processo de alfabetização de crianças, principalmente de alunos/as especiais é
um fator que tem angustiado os educadores da rede regular de ensino em
consequência do fracasso escolar que tem se fortificado nas instituições de
educação formal, apontados como resultados desde a mediação insatisfatória como
vulnerabilidade social, necessidades especiais ou deficiência física, mental,
intelectual ou sensorial.



O professor ou professora deve está ciente de como se dá o aprimoramento do
conhecimento, já que todo sujeito possui uma bagagem própria de saberes que vão
sendo transformados e ampliados com a mediação no espaço escolar, na família ou
nas diversas instituições sociais. Assim, a questão que orientou essa pesquisa
buscou     analisar   quais   as   dificuldades   enfrentadas   pelas   educadoras   na
alfabetização de crianças especiais em função de discutirmos sobre essas
dificuldades e ampliarmos nossos conhecimentos, além de colaborar com um estudo
mais sucinto mostrando novas possibilidades de incentivo a melhoria da prática
docente.



Diante disso, tanto na alfabetização de crianças especiais como nas crianças ditas
“normais” implica em uma formação continuada no sentido de atender a todas as
necessidades existente no meio educacional, a fim de superar as barreiras
encontradas. Desta forma, o estudo sobre o método de alfabetização passa a ser
uma questão central e o educador deve perceber a criança especial como ser
cognoscente, conscientizando-se como peça importante no desenvolvimento do
aluno ou aluna, de forma respeitosa, porque qualquer avanço que esta venha a
desenvolver é considerado um mérito nessa tarefa que se torna árdua devido às
dificuldades apresentadas.



Desse modo, analisamos que as educadoras apresentam algumas dificuldades em
alfabetizar as crianças tanto “normais” como especiais e isso tem gerado um
desconforto e insegurança na prática educativa como pudemos observar nas falas.
Podemos salientar ainda, que isso é resultante da falta de uma preparação mais
43




consistente, tanto dos pais como dos educadores, de recursos didáticos e aparato
humano na tentativa de mediar à construção do conhecimento acerca da aquisição
da leitura e escrita como prática social



No entanto, é importante ressaltar a importância das salas de recursos na
intervenção e favorecimento da aprendizagem das crianças especiais através do
acompanhamento especializado com equipamentos apropriados para atender as
deficiências apresentadas pelas crianças. Porém, no decorrer da pesquisa, durante
a observação no locus percebemos a ausência da sala de recursos para auxiliar na
alfabetização e desenvolvimento das crianças especiais, o que foi apontado como
uma das dificuldades no trabalho dos professores. Porém, Em visita recente à
instituição, soubemos da chegada da sala de recursos para aquela instituição, o que
poderá significar um apoio importante na ação dos professores e possivelmente isso
facilitaria na aprendizagem, possivelmente, sanando as dificuldades relatadas pelas
educadoras durante a pesquisa. Não temos como afirmar a eficácia da sala de
recursos visto que ela não existia quando foi dado início a nossa pesquisa, assim,
isso mereceria uma outra investigação para comprová-lo.
44




                                 Referências


AGUIAR, João Serapião de. Jogos para o ensino de conceitos. 2ª Ed. Campinas,
SP: Papirus, 2004.

AMARAL, L.A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hercules). São
Paulo: Robel, 1995.

BECKER, HowardS. Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. 4ª Ed. São
Paulo, Hucitec, 1993.

BOGDAN. R. e BIKLEN.S. K. Qualitative Research for educationa. Boston, Aellyn
and Bacon, inc; 1982.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. 16ª ed. O Que é Educação. São Paulo – SP: Editora
Brasiliense, 1985.

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Cortez, 1990.

BRASIL. Lei Diretrizes e Bases da Educação. Lei 9394/96 de 20 de dezembro

BRUNO, Marilda Moraes Garcia. Educação infantil : saberes e práticas da
inclusão : dificuldades de comunicação. – Brasília : MEC, Secretaria de
Educação Especial, 2006.

CAGLIARE, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo, Scipione, 1993.

___________________ Alfabetização e lingüística. São Paulo, Scipione, 2002.

CANDAU, Vera Maria. (Org.). Reinventar a escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

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exclusão à inclusão. In: STOBAUS, Claus Dieter; MOSQUERA, Juan José
Mourão.(orgs.) Educação em direção a educação inclusiva. 3. ed. Porto
Alegre:EDIPUCRS, 2006.

CASTRO, Josefina; MARIA de Azevedo Moreira e MARIA, Daniela M. de Sant’ana.
Diversidade na escola. Estudo sobre; aspectos genéticos e considerações
psicopedagógicas. 2 ed. Ilhéus – BA: Editora Editus, 2004

Declaração de Salamanca. Documentos Internacionais.              Disponível      em
http://www.cedpod.org.br/docent.htm. Acesso em 18/11/11.
45




DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 6ª edição. São Paulo:
Cortez, 1999

____________ Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis:
Vozes, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª Edição. Rio
de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

FERREIRA, Windyz B. Inclusão x exclusão no Brasil: reflexões sobre a formação
docente dez anos após Salamanca. RODRIGUES, David (org). Inclusão e
educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006.

FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. 12ª Ed. São Paulo: Cortez, 1998.

_______________ Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1999. 102p V.2

FONSECA, Vitor da. Educação Especial: Panorama de Estimulação Precoce.
Uma introdução às idéias de Feuerstein| Vitor da Fonseca. 2ª ed. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 1995.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia à prática educativa. São Paulo: Paz e
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_____________ A importância do ato de ler. São Paulo. 41 edição. Cortez. 2001

FREITAS, Soraia Napoleão. A formação de professores na educação inclusiva:
construindo a base de todo o processo. RODRIGUES, David (org.). Inclusão e
Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. 2. ed. São Paulo: Summus,
2006.

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metodologia Científica. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1991.

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qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Alegre: Artmed,
2003.

NÓVOA, A. Professor se forma na escola. Revista Nova Escola, maio 2001, p.13-
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46




PIMENTA, S. (org). saberes pedagógicos e atividade docente. Ed, Cortez, 2ª Ed.,
2000.

SALGADO, Simone da Silva. Inclusão e processos de formação. In: PAULINO,
Marcos Moreira; SANTOS, Mônica Pereira dos. (orgs.) Inclusão em educação:
culturas, políticas e práticas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

SERRA, Dayse. Inclusão e ambiente escolar. In: PAULINO, Marcos Moreira;
construindo a base de todo o processo. RODRIGUES, David (org.). Inclusão e
culturas, políticas e práticas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

SMOLKA, A.L.B.A. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como
processo discursivo. São Paulo: Ed Unicamp/ Cortêz, 1993.


SOARES, M. B. Letramento, um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica.
2ª E, 2001.

TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos
universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional do
sprofessores e suas conseqüências em relação à formação para o magistério.
Revista Brasileira de Educação, nº 13, jan/ fev/mar/abr. 2000.
47




APÊNDICES
48




          Universidade do Estado da Bahia-UNEB
          Departamento de Educação- Campus VII
          Curso- Pedagogia Turma 2007.1




                                       Caro professor(a)


Nós alunos do curso de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia- UNEB,
Campus VII, estamos desenvolvendo essa pesquisa sobre o processo alfabetização
de crianças com necessidades especiais. Nesse sentido, esta entrevista é um
levantamento de dados para a pesquisa monográfica relativo à conclusão do curso.

Por isso contamos com a sua colaboração e desde já agradecemos.

                                Questionário sócio-econômico

Nome:________________________________

1.Sexo:          ( ) feminino     ( ) masculino

2. Idade:

( ) 18 a 25 anos

( ) 25 a 35 anos

( ) 35 acima

3)Tempo de atuação na Educação?

( ) 0 a 5 anos       ( ) 6 a 10 anos

( ) 11 a 15 anos     ( ) acima de 15 anos

4) Jornada de trabalho

( ) 20 horas         ( ) 40 horas      ( ) 60 horas

5) Qual a formação?
49




( ) Nível médio           ( ) Nível superior

( ) nível superior incompleto ( ) Pós-graduado

6) Recebe capacitação pra trabalhar com crianças com necessidades especiais?

( )Sim                     ( ) Não




                              Roteiro da entrevista

1) O que pensa sobre alfabetização? Qual a concepção?




2) Quanto tempo trabalha na alfabetização? Você gosta?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3) Como é alfabetizar crianças ? E crianças com necessidades? Existe alguma
diferença?




4) De que forma a diversidade dos alunos tem tornado mais complexa a tarefa de
ensinar e mais especificamente na aquisição de leitura e escrita?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5) Quais as dificuldades mais freqüentes dos professores que trabalham com
crianças especiais?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
50




6) Que dificuldades podem ser observadas nos alunos no decorrer do processo de
alfabetização? Como você intervêm didaticamente, tendo em vista essas possíveis
dificuldades?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

7) Você recebe assessoramento para o desempenho de suas atividades
pedagógicas em relação às crianças com necessidades especiais?




___________________________________________________________________

8) No processo de alfabetização, qual a sua maior dificuldade?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

9) O processo de construção de aprendizagem da leitura e da escrita, em
comparação às crianças ditas normais, é diferente? De que forma?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

10) Que metodologia você acredita ser mais apropriada para iniciar o processo de
alfabetização para crianças com necessidades especiais?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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  • 1. 11 INTRODUÇÃO O processo de alfabetização tem sido uma questão bastante discutida por aqueles que se preocupam com uma educação de maior qualidade, percebendo que alfabetização, é a base mais significativa e, sem dúvida o momento mais importante na formação escolar de uma pessoa, por ser através dela que o individuo adentra no mundo letrado. O intuito do presente trabalho monográfico foi identificar as dificuldades das professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães sobre o processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais. Esta identificação é de grande relevância diante do contexto social dessas crianças. Iniciamos o presente trabalho apresentando a seguinte estrutura redacional: No primeiro capítulo apresentamos a problematização, retratando um breve histórico das crianças com necessidades especiais e a importância da alfabetização das mesmas. Sabe-se que o processo de integração da criança se realiza efetivamente através da aquisição da leitura e escrita, visto que o uso da linguagem oferece a ela condições de expressar e internalizar ações e informações favoráveis ao desenvolvimento humano numa perspectiva harmoniosa. Assim, a alfabetização assume destaque no processo educativo da criança, influenciado por condicionantes sócio-culturais que atuam decisivamente na relação indivíduo-sociedade. No segundo capítulo apresentamos o referencial teórico que fundamentou essa pesquisa e deu sustentação às nossas análises, fazendo uma abordagem sobre as seguintes palavras- chave: Professor. Processo de Alfabetização. Crianças com Necessidades Especiais. No terceiro capítulo, apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para a concretização da pesquisa com o apoio de alguns teóricos para uma melhor compreensão da pesquisa.
  • 2. 12 Já no quarto capítulo, apresentamos a análise e interpretação dos resultados, onde utilizamos a observação participante, para um contato direto com a realidade pesquisada, o questionário fechado para traçar o perfil dos sujeitos e a entrevista semi-estruturada para identificar a visão dos sujeitos a respeito da investigação. Por fim, apresentamos as considerações finais expondo a conclusão através dos possíveis resultados alcançados na presente pesquisa.
  • 3. 13 CAPÍTULO I 1.1 . PERCURSO HISTÓRICO DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Historicamente as sociedades mais antigas tratavam as pessoas com necessidades especiais de forma diferente, elas eram excluídas do convívio social, vistas como seres incapazes de desenvolver habilidades, competências e incapazes de superar suas limitações. É importante lembrar o quanto pessoas com deficiências sofreram por maus tratos e foram sacrificados por serem consideradas “anormais”. Conforme acentua Castro (2004): Na Antiguidade, os deficientes eram vistos como degeneração da raça humana; predominava a filosofia da eugenia, daí as pessoas com deficiência serem abandonadas ou eliminadas. Durante a Idade Média, com a religiosidade em alta, um filho com deficiência era entendido como um “castigo” dos deuses, enquanto que na Idade Moderna a filosofia humanística possibilitou o olhar sobre o deficiente do ponto de vista patológico (p.57). A concepção filosófica dos gregos e romanos legalizava a marginalização das pessoas com deficiência, uma vez que o próprio Estado “tinha o direito de não permitir cidadãos disformes ou monstruosos e, assim sendo, ordenava o pai que matasse o filho que nascesse nessas condições” (AMARAL,1995, p.43). Isso nos mostra como o preconceito abominava a sociedade. A luta pela inclusão de pessoas com necessidades especiais na sociedade repercutiu no âmbito escolar, em meados da década de 1990, através da Declaração de Salamanca que segundo Cardoso (2006), foi “[...] a Conferência Mundial de Educação, encontro patrocinado pelo governo espanhol e pela UNESCO [...]” (p.21). Visava à integração de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino, estabelecendo um novo paradigma de escola. Como diz Aguiar (2004): [...] O princípio fundamental que orienta a Declaração de Salamanca é o de que as escolas devem acomodar todas as crianças, possibilitando que elas aprendam juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter, quer sejam de origens física, intelectual, social, emocional, lingüística ou outras (...) (p.15).
  • 4. 14 Na década de 1990, mais exatamente no ano de 1994, foi assinada a Declaração de Salamanca, que é um marco histórico altamente significativo a favor da inclusão, fortalecendo essa ideia em vários países e também no Brasil. A Declaração de Salamanca (1994) fundamenta a Educação Inclusiva, propondo que as escolas recebam e adéquem atividades, fazendo assim, com que as crianças com necessidades especiais tenham maiores possibilidades de aprendizagem. Para isso, as instituições de ensino precisam adaptar-se a essas necessidades. Diante do exposto acima podemos perceber que a partir dessa Conferência foi definido um novo paradigma de escola e que vários países passaram a adotar a prática da inclusão de alunos com deficiência. No nosso país a LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) no art. 58 estabelece a educação especial como modalidade de ensino oferecida preferencialmente na rede regular. Assim, é importante ressaltar que a inclusão das pessoas com necessidades especiais no meio social deve ir além do sistema educacional. Já que a educação não acontece apenas na escola, mas está é uma das instituições mais importantes que contribui para a formação social, humana e cidadã, onde deve incluir alunos com ou sem necessidades especiais, possibilitando o desenvolvimento intelectual e social, centrado no objetivo de fazê-los descobrir por si mesmos o desconhecido, sem imposições de saberes, mas instigados a produzirem conhecimento coletivamente. Segundo Candau (2000): A escola assim concebida é um espaço de busca, construção, diálogo e confronto, prazer, desafio, conquista de espaço, descoberta de diferentes possibilidades de expressão e linguagens, aventura, organização cidadã, afirmação da dimensão ética e política de todo processo educativo (p.15). Então, a escola é um espaço formal, onde o saber é produzido sistematicamente. Foi criada há muito tempo justamente quando as desigualdades sociais surgiram, estabelecendo critérios para quem, o que e como ensinar, socializando conhecimentos. Conforme acentua Brandão (1985):
  • 5. 15 Então é o começo de quando a sociedade separa e aos poucos opõe: o que faz, o que se sabe com o que se faz e o que se faz com o que se sabe. Então é quando, entre outras categorias de especialidades sociais, aparecem as de saber e de ensinar à saber. Este é o começo do momento em que a educação vira ensino, que inventa a pedagogia, reduz a aldeia á escola e, transforma “todos” no educador (p.27). Dessa forma, a escola deve garantir aos educandos com ou sem necessidades especiais, avanço na aprendizagem, estando adaptadas para a inclusão desses sujeitos visando à promoção de uma educação inclusiva satisfatória, real, dinâmica e não matricular alunos/as com deficiências, apenas para transmitir a sociedade uma imagem de escola “exemplo” da educação inclusiva, mas que aceite, trabalhe com as diferenças e que demonstre os resultados gerados pela inclusão. Diante disso voltamos a afirmar a importância escola, como representante de um tipo de cultura socialmente construída e elaborada, é responsável também pela inclusão igualitária e humanística destas pessoas. Sabe-se que o processo de integração da criança se realiza efetivamente através da aquisição da leitura e escrita, visto que o uso da linguagem oferece a ela condições de expressar, internalizar ações e informações favoráveis ao desenvolvimento humano, numa perspectiva harmoniosa. Assim, a alfabetização vem sendo destacada pelo papel no processo educativo da criança, influenciado por condicionantes sócio-culturais que atuam decisivamente na relação indivíduo- sociedade. Saber ler e escrever é condição básica para a aquisição de conhecimentos e para enriquecimento da capacidade de comunicação. A alfabetização constituiu-se de um processo que envolve grande complexidade, daí a necessidade de considerar vários aspectos implícitos e suas relações, que podem influenciar certas condições para a realização da aprendizagem ou contribuir para a ocorrência de muitos problemas. Com isso, o processo de alfabetização voltado para as crianças com necessidades especiais, assim como para crianças ditas normais, precisa ser reconhecido como necessário, principalmente no que ser refere à construção de autonomia. Sendo que
  • 6. 16 o professor é mediador desse processo, no entanto, é necessário que o mesmo utilize uma metodologia adequada à realidade do contexto escolar no qual se encontram essas crianças. Essa discussão pode se iniciar pelo tipo de alfabetização que deve ser oferecida a esses sujeitos; dito de outra forma, uma inclusão precisa vir acompanhada de uma proposta de alfabetização que seja, para as crianças com necessidades especiais, um veículo para o fortalecimento de seus direitos enquanto cidadãs. Acredita-se que não existe uma receita pronta de qual a melhor maneira de alfabetizar, principalmente em se tratando de pessoas que requerem uma metodologia mais adequada e diversificada. Notamos que o trabalho com esse alfabetizando, requer do professor uma percepção mais sensível do processo evolutivo em que ele está. Deve lembrar que muitas vezes a criança chega a suas mãos, em estado bruto e que está à espera de uma lapidação para mostrar o seu potencial. Partindo dessas considerações e tendo o professor como um dos principais sujeitos no desenvolvimento de crianças com necessidades especiais, sentimos a necessidade de observar na Escola Municipal Tomáz Guimarães como se desenvolve a alfabetização das crianças com necessidades especiais para analisarmos as dificuldades nesse processo. Pois sabemos pelos dados da mídia que existe um elevado número de analfabetismo, provenientes de diversos fatores e possíveis falhas dos profissionais em alfabetizar crianças em desenvolvimento. A partir daí surgiu à seguinte questão de pesquisa: Quais as dificuldades encontradas pelas professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães no processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais? Justificamos a relevância dessa pesquisa na necessidade de compreender o trabalho dos professores alfabetizadores na Escola Municipal Tomáz Guimarães e as dificuldades encontradas na alfabetização de crianças com necessidades especiais, contribuindo então, para que os estudos nessa temática nos mostrem subsídios na superação desses problemas repercutidos na realidade, para que
  • 7. 17 essas crianças, além de serem incluídas no espaço regular educativo, tenham também uma aprendizagem significativa. Então o nosso objetivo é: Identificar as dificuldades encontradas pelas professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães no processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais.
  • 8. 18 CAPÍTULO II 2. REFERENCIAL TEÓRICO A criança precisa desenvolver sua capacidade de aprender, para que tal aprendizagem ocorra, há a necessidade de vivenciar relações pessoais e interpessoais, pois está relação é fundamental na construção do sujeito enquanto integrante de uma sociedade. Sendo assim, o ambiente mais apropriado para ocorrer tal processo é a escola, pois o professor como mediador e o aluno como sujeito da aprendizagem se utilizam dos conhecimentos compartilhados para construção de seu próprio desenvolvimento. Portanto evidenciamos as palavras- chave: Professor. Processo de Alfabetização. Crianças com Necessidades Especiais. 2.1 Professor: as possíveis contribuições na prática Tendo como ator principal, o professo, no processo de ensino e aprendizagem, que por se defrontar com uma nova realidade, necessita criar estratégias a fim de reformular sua prática e adaptá-la as novas situações de ensino, bem como atuar como sujeito da sua própria formação, ou seja, autoformando-se. Nóvoa (2001, p.14) afirma que “... mais importante do que formar é formar-se; que todo conhecimento é autoconhecimento e que toda formação é autoformação.” Acrescenta ainda que cada profissional seja responsável por sua formação. Podemos entender então, que o professor necessita de uma formação e deve estar comprometido com sua formação, pois é também aquele que contribui para a formação de outros indivíduos, oportunizando-lhes qualificações para exercer determinada função. Com a globalização, torna-se cada vez mais necessário um ensino de qualidade, que venha ampliar os horizontes do conhecimento, em todas as áreas do saber. Becker (1993), também dá a seguinte definição de professor: O professor é o condutor; o orientador, ele deve ter conhecimento técnico; é ele que direciona o processo em si de aprendizagem, e ele faz isso através de vários expedientes a começar pelo seu planejamento, no qual ele fixa objetivos. Em função dos objetivos é
  • 9. 19 que ele vai selecionar os conteúdos dentro do temário geral programado de sua disciplina e depois na ação do dia-a-dia, de sala de aula, aula por aula, que é exatamente onde entra os recursos e a técnica (p. 148-149). Através desse conceito entendemos que professor é aquele capacitado para conduzir o processo de ensino e aprendizagem de maneira planejada com objetivos definidos, visando assim assistir o aluno dentro das suas necessidades. Valendo ressaltar, que o professor não é o único elemento significativo desse processo, pois os alunos compartilham com os mesmos, a atuação do ensinar e do aprender, que se apresentam nas relações mútuas da prática educativa. No entanto, na definição de Ferreira (2001) professor é aquele que ensina uma ciência, arte ou técnica. Com isso na visão simples de algumas pessoas, a função do professor é basicamente ensinar, reduzindo este ato a uma perspectiva mecânica. Porém, ninguém ensina no vazio, a partir do nada, há toda uma contextualização. Com base nisso, Freire (1996) discute a importância de que o professor precisa buscar conhecimentos através de pesquisa, ou seja, que ele precisa ser qualificado, já que é sabido por todos que a maior problemática na educação com o corpo docente, é que os professores têm se limitado a buscar conhecimentos, ficando presos apenas aos conteúdos aplicados nas grades curriculares dos cursos superiores. Então, diante disso Demo (2004) vem esclarecer falando que: ·. Ser profissional hoje è, em primeiro lugar,saber renovar, reconstruir, refazer a profissão [...]Para o renovar, não basta conhecimento transmitido, reproduzido. É essencial saber reconstruir conhecimento com as próprias mãos [...] Professor é o eterno aprendiz, que faz da aprendizagem sua profissão (p.11). O professor não deve se limitar apenas aos conhecimentos já adquiridos, mas buscar meios de aumentar seus conhecimentos, Segundo Mitller (2003, p.183) “um professor que vai atuar em uma turma com crianças especiais, ela precisa ver inclusão não apenas como uma meta a ser alcançada, mas uma jornada com um
  • 10. 20 propósito” e por isso os professores têm o direito de obter oportunidades de qualificação e orientação de como lidar com seus novos desafios. A partir desta postura assumida pelos docentes, é que, se podem vislumbrar mudanças eficazes no sistema de ensino, pois estes são os agentes principais deste processo. Pimenta (2000) coloca que as novas tendências investigativas sobre a formação de professores consideram que: [...] a formação é na verdade, autoformação, uma vez que os professores reelaboram os saberes iniciais em confronto com suas experiências práticas, cotidianamente vivenciadas nos contextos escolares. É nesse confronto e num processo coletivo de troca de experiências e práticas que os professores vão constituindo seus saberes como praticum, ou seja, aquele que constantemente reflete na e sobre a prática (p. 29). É na prática pedagógica que o professor atua e, é nela que percebemos suas habilidades, competências, e, é exatamente o que Tardif (2000) coloca como saberes o conjunto de habilidades, competências e conhecimentos construídos pelos professores. Esse conjunto de saberes é que caracteriza e personaliza a prática. Porém os seus saberes não são construídos somente na prática, é um processo que segue por toda a sua vida profissional. 2.2 Processo de alfabetização Alfabetizar significava aquilo que ainda hoje significa, ou seja, ensinar o alfabeto. Alfabetizar é ensinar a ler e a escrever, ensinar a reconhecer os símbolos gráficos da linguagem verbal. Mas para Ferreiro (1998), letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto, onde a leitura e a escrita tenha um sentido e que faça parte da vida do aluno. Assim, letramento antes de qualquer coisa, não é alfabetizar simplesmente, mas uma ação conjunta entre alfabetizar e letrar. Soares (2001) apresenta definições claras de alfabetização e letramento. Alfabetizar é “ensinar a ler e escrever, é tornar o individuo capaz de ler e escrever”. “Alfabetização é a ação de alfabetizar”. Letramento é o “estado ou condição que adquire um grupo social ou um individuo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais” (p.31-39).
  • 11. 21 Nessa perspectiva, alfabetizar é empreender esforços para que o indivíduo domine a leitura e a escrita, tornando-o capaz de aventurar-se no mundo dos livros. Ser alfabetizado significa reconhecer e compreender esses símbolos e ser capaz de com eles produzir mensagens compreensíveis para outros alfabetizados, melhorando desse modo à comunicação entre os sujeitos e incrementando, consequentemente, o seu nível e qualidade de vida. Historicamente, o sistema alfabético sofre mudanças de acordo com uso por uma quantidade elevada de pessoas numa determinada região geográfica, e nesse contexto pensa-se que escrita evolui segundo os padrões sociais exigidos, de modo que os métodos de alfabetização ensinam a escrever de modo cursivo, onde a criança e ao adulto devem ser educados para esta prática. Segundo as reflexões de Cagliari (1993) a escrita é algo que o ser humano se envolve desde cedo em sua vida, e de acordo com o contexto sócio- cultural que homem vive o aprendizado da escrita se efetiva segundo determinados padrões, assim a sociedade letrada que vivemos, exige o domínio da escrita e alguma atividade no cotidiano dela é necessária, sendo que a escola é o local onde é mais expressa sua presença. Sobre isso Ferreiro (1999) afirma que: Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita (p.23). Acreditamos que a criança só precisa desenvolver sua capacidade de aprender e para que tal aprendizagem ocorra, se faz necessário a vivência das relações pessoais e interpessoais, pois esta relação é fundamental na construção do sujeito enquanto integrante de uma sociedade, Sendo assim o ambiente mais apropriado para ocorrer tal processo é a escola. Pressupõe-se que mesmo com suas limitações as crianças com necessidades especiais necessitam, tanto da educação informal, aquela que aprende no meio
  • 12. 22 social e no convívio familiar, quanto da educação formal, aquela que aprende na escola, que dar continuidade ao processo educacional. Sendo assim podemos afirmar que não há um caminho a seguir de como alfabetizar, seja criança com ou sem necessidades especiais, e sim adaptações que podem ajudar nesse processo de construção de leitura e da escrita. As estratégias usadas durante o processo de alfabetização, devem dar oportunidade às crianças de serem ouvidas, e que suas necessidades não sejam ignoradas pelo professor, principalmente neste período, em que a criança está sendo formada. Aprender a ler e a escrever vai muito além de decodificar e copiar. Assim afirma Freire (2001, p.32) “Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se, é antes de mais nada, aprender a ler o mundo”, pois é por meio desta leitura que a criança poderá se tornar um cidadão crítico. Para que ocorra este processo de letramento com as crianças com necessidades especiais é fundamental o seu contato com as letras, jogos e textos, ou seja, um mundo letrado, participando assim de todas as atividades de práticas sociais de leitura e escrita com seus colegas de sala, como trabalhos em grupo, dramatizações, danças e etc. Bruno (2006, p.56) fala que “Um ambiente alfabetizador é aquele que promove um conjunto de situações reais de leitura e escrita nas quais as crianças têm oportunidade de participar”, reforça ainda dizendo que: Além de se desconsiderar o fato de que a alfabetização é um processo em construção, que depende do nível conceitual, da experiência e da oportunidade que a criança tem de estar exposta a um ambiente alfabetizador, desconsideram-se os fatores idade e ritmo (p.50). A criança com necessidade especial necessita de tempo maior para realização de suas atividades, por ter que primeiramente se organizar para poder decodificar as atividades, portanto, a maior barreira enfrentada por esses alunos em seu processo é o tempo.
  • 13. 23 No entanto, saber ler e escrever é condição básica para a aquisição de conhecimentos e para enriquecimento da capacidade de comunicação. Um dos primeiros aspectos que tem grande influencia é o lingüístico, destacando suma importância dentro do processo de alfabetização e em seguida a metodologia utilizada. 2.3 Crianças com necessidades especiais As crianças com necessidades especiais são seres humanos que apresentam significativas diferenças básicas, sensoriais ou intelectuais decorrentes de fatores inatos ou adquiridos de caráter temporário ou permanente e que são merecedores de educação especial. A criança com necessidade especial tem direito a acessibilidade no ensino regular fundamentado em leis que asseguram este princípio. A Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (9.394/960, no art.4° inciso III, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente (capítulo IV art.54, inciso III), garantem atendimento educacional especializado gratuito às crianças com necessidades especiais. A LDB (9394/96, capítulo V da Educação Especial prevê que: Os alunos com necessidades especiais devem ser atendidos por professores com especialização adequada de nível médio ou superior para atendimento especializado, bem como professores de ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. O modo de ser e agir é que torna a criança com necessidade um ser único e singular. Devemos aceitá-la e considerar suas limitações, reconhecendo seus direitos. Além de ser fundamental entender suas formas de interação e como se relacionam com as pessoas e o meio que as cercam. Ainda sobre essa questão, Fonseca (1995) enfatiza que: O deficiente é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria. Tem uma limitação corporal ou mental que pode afetar aspectos de comportamento, aspectos estes muitas vezes atípicos, uns fortes e adaptativos, outros fracos e pouco funcionais, que lhe dão um perfil intra-individual peculiar (p.09).
  • 14. 24 Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. Desse modo, essa perspectiva, define as crianças com necessidades especiais àquela que “... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas”. A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase ao deficiente mental, visual, auditiva, física e múltipla; as crianças com condutas típicas e aos superdotados. Essas crianças, independente da sua deficiência, são membros da mesma sociedade, com os mesmos direitos, são crianças que possuem as mesmas necessidades básicas de carinho, proteção, cuidado e os mesmos desejos e sentimento das outras crianças. Elas têm as possibilidades de interação, convívio, de serem felizes, como qualquer outra criança.
  • 15. 25 CAPÍTULO III 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: PERCORRENDO O CAMINHO Entendemos por metodologia, um caminho na qual dispomos de métodos para alcançarmos os objetivos que nos inquietam, além de exercer a prática na abordagem da realidade. Nesse sentido, a metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está sempre referida a ela. Dizia Demo (1999), “metodologia é disciplina instrumental para o cientista social... É condição necessária para a competência científica”... (p.59). Dessa forma, o método utilizado numa pesquisa é o instrumento que vai torná-la válida ou não. A pesquisa é uma atividade voltada para investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de processos científicos. Ela parte, pois, de uma dúvida ou problema e com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução. 3.1 Tipo de pesquisa Nossa pesquisa foi de ordem qualitativa, pois ela trabalha com a subjetividade dos sujeitos. Esta abordagem também pode trabalhar com dados, porém o tratamento não deve envolver estatística avançada. Além disso, ela foi escolhida por envolver o contato, a troca de informação e a integração entre o pesquisador e o pesquisado, na busca do conhecimento e da reflexão, pois segundo (Bogdam e Biklen apud Ludke, 1982), “A pesquisa qualitativa supõe o contato prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigado via de regra, através do trabalho intensivo de campo” (p.110). Em outros termos, ela permite uma maior liberdade de envolvimento ou de interação pessoal, intelectual ou social. Á vista disso, os sujeitos investigados responderam de acordo com sua perspectiva pessoal, expressando-se livremente. (Bogdam e Biklen apud Ludke, 1982) dizem que: A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada,
  • 16. 26 enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupar em retratar a perspectiva dos participativos (p.13). De acordo com alguns autores, a pesquisa qualitativa abre caminhos para o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a problemática que está sendo investigada, analisada, evidentemente através de um trabalho de campo que demanda esforço contínuo em curto prazo, justificando dessa forma a nossa escolha pela pesquisa qualitativa. Enfim, a abordagem qualitativa nos permitiu um entendimento amplo do objeto estudado, ou seja, de que forma a questão em estudo é vista por profissionais da educação. 3.2 – Locus: Tivemos como locus de pesquisa a Escola Municipal Tomáz Guimarães, que fica situada no Bairro, Santos Dumont. Atualmente a escola tem como gestora a professora Aline, são 15 professoras, 2 auxiliares de classe, 02 secretários 03 vigilantes, 02 merendeiras, 02 auxiliares de serviços gerais e abrange a Educação Infantil e o Ciclo Básico de Alfabetização (CBAI, CBAS-I e CBAS-II) nos turnos matutino e vespertino, com uma clientela de 354 alunos. Sua estrutura física é composta por 09 salas de aula, 01 pátio, 01 sala onde fica a secretaria e a diretoria, 01 cozinha, 03 banheiros, 01 almoxarifado e 01 área que serve de espaço para recreação. A escolha do locus acima referido se deve ao fato de acolher em seu interior o foco da pesquisa: crianças com necessidades especiais, tornando possível o desenvolvimento da mesma. É uma escola que possui crianças com uma diversidade de deficiência. 3.3 Sujeitos da Pesquisa Assim, tivemos como sujeitos de pesquisa, 08 professoras, da referida escola, pois de acordo com os objetivos desta pesquisa, conforme já foram expostos, somente
  • 17. 27 através dessas professoras, é que poderíamos obter informações para desenvolver nosso objeto de estudo. 3.4 Instrumento de coleta de dados: caminhos trilhados para desvendar nossas inquietações Utilizamos como instrumentos de coleta de dados, a observação participante, o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, para além de traçar o perfil dos (as) educadores (as), adquirirmos informações sobre as dificuldades encontradas no processo de alfabetização de alunos com necessidades especiais. Através desses instrumentos, percebemos que foram de suma importância, principalmente, no intuito de possibilitar, o contato com o ambiente e os sujeitos envolvidos, além de desenvolver e alcançar os resultados, a fim de realizarmos o desenvolvimento e análise desta pesquisa. A pesquisa primeiramente se efetiva a partir de um olhar investigativo, onde o pesquisador tem a oportunidade de participar das práticas desenvolvidas pelos sujeitos, o que auxilia no processo de compreensão e interpretação do fenômeno estudado. De acordo com Ludke(1986): Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações (p.26). Assim, a observação permite que o observador tenha contato com os sujeitos e com a realidade a qual ele deseja obter informações e dados necessários. Conforme Ludke (1986) O papel do observador total é aquele em que o pesquisador não interage com o grupo observado. Nesse papel ele pode desenvolver a sua atividade de observação sem ser visto, ficando por detrás de uma parede espelhada ou pode estar na presença do grupo sem estabelecer relações interpessoais (p.45).
  • 18. 28 Percebemos desse modo, que a observação de fato, consegue obter informações sem estabelecer um contato direto com os sujeitos. Diante do exposto tivemos a oportunidade de vivenciar a prática dos professores da Escola Municipal Tomáz Guimarães. Da necessidade de levantar dados sobre o perfil dos sujeitos, em seus aspectos sociais, econômicos e educacionais, foi elaborado e aplicado o questionário fechado. O questionário contempla características como gênero, idade, formação escolar e ou acadêmica, tempo de serviço docente, dentre outras. Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 201): “o questionário fechado é um instrumento de coleta de dados constituídos por uma série ordenadas de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. Os resultados obtidos através desse instrumento somado aos outros instrumentos nos ajudaram a compreender o paradigma da pesquisa deste trabalho. Dessa forma, enriquecemos as informações necessárias e passamos a conhecer a realidade dos sujeitos também. Utilizamos também a entrevista semi-estruturada, uma ferramenta necessária na pesquisa por permitir ao entrevistador perceber os fatores externos que podem influenciar na resposta do entrevistado. Os dados foram coletados a partir de um roteiro de entrevista semi-estruturada, buscando auxiliar no levantamento de aspectos que possibilitassem, a partir das respostas dos participantes, o enriquecimento das nossas informações quanto às possíveis contribuições dadas pelos professores às crianças com necessidades especiais no processo de alfabetização. Segundo Lakatos e Marconi (1991): A entrevista é o encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas tenha informações a respeito de um determinado assunto; uma investigação social de um determinado problema. Por tratar-se de uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica, proporciona aos entrevistados a informação necessária (p. 195-196). O informante é interrogado sobre sua ideias ou seus projetos, através de um questionamento oral ou de uma conversa. Previamente, a entrevista carece de um
  • 19. 29 propósito (tema, objetivos e dimensões) bem definido e é essencial ter uma imagem do entrevistado, procurando caracterizar sucintamente a sua pessoa. Assim, o roteiro da entrevista contemplou perguntas abertas em relação ao entendimento dos professores, sobre a alfabetização dessa clientela, como é realizado processo e as dificuldades enfrentadas pelos professores no processo de alfabetização, dentre outros.
  • 20. 30 CAPÍTULO IV 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS “A importância dos dados não está em si mesma, mas em proporcionarem respostas às investigações” (apud Lakatos e Marconi, 1991, p. 167). Nesse capítulo serão pautadas algumas considerações tidas como importantes durante o processo da pesquisa e que muito contribuíram para análise de dados. Consideramos essa etapa do trabalho a mais significativa e decisiva, pois nela está registrado de forma sistemática o diálogo entre os dados obtidos e teoria apresentada, e permitiu-nos um maior entendimento a cerca das contribuições que as professoras da Escola Municipal Tomáz Guimarães promovem no processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais. Esses registros foram sistematizados à luz do quadro teórico para uma melhor elucidação do nosso problema de pesquisa, atendendo ao objetivo inicialmente proposto. Desta forma, para uma melhor organização desse capítulo, apresentaremos os seguintes momentos: o perfil dos professores que atuam com crianças especiais, com base no questionário fechado; e análise dos discursos dos professores sobre o processo alfabetização de crianças com necessidades especiais, feita a partir da entrevista semi-estruturada. 4.1 Dados do questionário fechado 4.1.1 Gênero Em relação ao “Gênero”, identificamos a predominância feminina, ou seja, 100% são mulheres. Essa predominância do sexo feminino na educação infantil tem cunho histórico, uma vez que ao longo do tempo perpetuou-se a compreensão de que apenas as mulheres deveriam ser responsáveis pelo cuidado e formação das crianças. Diante disso, salientamos que ainda existe uma visão equivocada, pois a educação infantil é em muitos aspectos focalizados em parâmetros assistencialistas, cujo cuidado é a característica principal.
  • 21. 31 Figura 01: Gênero dos sujeitos 4.1.2 Idade Conforme a figura 02, apresentaremos a idade dos sujeitos pesquisados. Em relação à faixa etária podemos perceber que 25 % possuem idade entre 25 a 35 anos e 75% mais de 35 anos. IDADE 18 a 25 anos 25 a 35 anos mais de 35 anos Figura 02: Idade dos sujeitos 4.1.3 Tempo de Docência
  • 22. 32 De acordo com a figura 03 podemos identificar o tempo de docência dos entrevistados, onde os 12,5% têm de 0 a 05 anos; 62,5% de 06 a 10 anos e 25% acima de 15 anos atuando na educação. TEMPO DE DOCÊNCIA 0 A 05 ANOS 06 A 10 ANOS 11 A 15 ANOS ACIMA DE 15 ANOS Figura 03: Tempo de docência dos sujeitos 4.1.4 Jornada de trabalho Analisando a figura 04 notamos que a jornada de trabalho dos 100% dos entrevistados é de 40 horas. JORNADA DE TRABALHO 20 HORAS 40 HORAS 60 HORAS Figura 04: Jornada de trabalho dos sujeitos
  • 23. 33 Acreditamos que o professor com uma carga horária maior de trabalho será necessário um esforço a mais pra planejar aulas diversificadas, lidar com as diferenças e atender todas as necessidades de sala, principalmente quando se trata de alunos com necessidades especiais. 4.1.5 Formação A figura 05 a seguir, refere-se a formação dos entrevistados, constatamos que 87,5% possuem nível superior, sendo que, dessa porcentagem a maioria é superior em Pedagogia e 12,5% possuem o nível superior incompleto. Figura 05: Formação dos sujeitos Esse é um dado muito importante, pois sabemos a necessidade do professor ter um contato com teorias educacionais relevantes, a fim de contribuir nas práticas educacionais. 4.1.6 Capacitação Profissional para trabalhar com Crianças com Necessidades Especiais Mediante a figura 06, verificamos que 36,5% recebem capacitação e a maioria que corresponde a 62,5 não recebem capacitação para o trabalho pedagógico na
  • 24. 34 alfabetização em vista da inclusão dos alunos e alunas com necessidades especiais. Para Salgado (2008): “(...) o objetivo de garantir o aumento da participação e da aprendizagem de todos é necessário aumentar a própria aprendizagem profissional e também a participação ativa como sujeito da inclusão (p. 62). O professor precisa está em formação continuada para suprir suas dificuldades e propiciar o favorecimento da aprendizagem de todos os discentes em suas particularidades e preferências. Figura 06: Capacitação Profissional Percebendo a maioria das professoras sem capacitação, notamos que é através desse argumento que elas justificam parte das suas dificuldades. 4.2 Dados da entrevista semi-estruturada: frente ao discurso A opção metodológica desse trabalho selecionou instrumentos de coleta de dados que permitissem ouvir as professoras alfabetizadoras da escola Municipal Tomáz Guimarães, à cerca do processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais. Assim, a entrevista semi-estruturada permitiu o desenvolvimento de intenções e possibilidades, até então ocultas pelo instrumento anterior.
  • 25. 35 As professoras foram denominados através de Códigos em P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7 e P8, e através da entrevista realizada observa-se alguns aspectos relevantes na produção do conhecimento proposto, pois a partir dessas problematizações é possível chegar à realidade que o processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais revela. Ressaltam-se aqui as categorias mais relevantes e evidenciadas na pesquisa sobre as dificuldades enfrentadas pelas educadoras diante do processo de alfabetização de crianças com necessidades especiais. Vejamos: 4.2.1 Falta de apoio didático e humano para o trabalho com crianças com necessidades especiais Nessa categoria, observamos alguns fatores segundo as educadoras que dificultam o trabalho pedagógico no processo de alfabetização das crianças especiais e que nos faz acreditar também na contribuição de uma prática pedagógica ineficiente e precária, colaboradora do fracasso escolar, atingindo não só os alunos e alunas que merecem atenção devido as suas particularidades, mas a todos os discentes que frequentam o ambiente de ensino. Vejamos os relatos das professoras: P1 “As dificuldade maiores são a estrutura física e a falta de apoio”. P2 “A falta de apoio e material para trabalhar com crianças especiais”. P4 “A alfabetização é um processo lento e difícil, pois é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e da escrita, mas a falta de estrutura física da escola e falta de material didático e humano dificulta o trabalho”. P6 “As dificuldades são inúmeras, mas a estrutura física escolar e o material didático ofertado para trabalharmos na sala de aula são insuficientes para atendermos as necessidades de cada aluno durante o processo de alfabetização”. Sobre as dificuldades mencionadas pelas educadoras podemos reafirmá-las através da fala de Serra (2008) quando diz que desde a história da Educação Especial, essas dificuldades dos professores não só se refere à aceitação e à forma da compreensão dos fenômenos de comportamentos manifestos pelas crianças
  • 26. 36 especiais, como também na falta de infra-estrutura material e de pessoal qualificado para orientação e supervisão adequada. Assim, concordamos com P4 quando diz que a alfabetização é um processo resultante da ação de ensinar a ler e escrever, mas se a instituição não oferece uma estrutura e material didático apropriado, as crianças não irão desenvolver a aprendizagem devido à necessidade de se utilizar recursos diversos e instigadores do conhecimento. 4.2.2 Particularidades individuais e a variedade das crianças Muito se tem discutido e evidenciado nos referenciais para a inclusão, a necessidade do respeito pelas diferenças e o trabalho pedagógico voltado para as particularidades dos sujeitos em prol da sua inserção social, levando em consideração suas limitações e potencialidades. Mas para isso se faz necessário que os profissionais tenham condições e conhecimentos necessários para fazer este trabalho diferenciado. Uma das barreiras que impossibilita a alfabetização de crianças especiais relatadas pelas professoras é a dificuldade que elas têm em trabalhar com as diferenças dos alunos e alunas durante o processo de ensino e aprendizagem. Observemos os relatos: P4 “As particularidades atrapalham, pois a avaliação deve ser diferenciada e o aluno deve ser avaliado na sua evolução e não com os outros ditos “normais”. P6 “É difícil trabalhar e ensinar alunos com necessidades especiais devido ao grande número de alunos matriculados na sala de aula e as diferenças individuais e ritmos de aprendizagem existentes entre eles que requer muita atenção e metodologia diferenciada para que aprendam e desenvolvam suas habilidades”. P7 “As particularidades de cada aluno, pois alguns têm bloqueios e não tem acompanhamento fora da escola. A variedade de personalidades também afeta o desenvolvimento, pois há alunos que atrapalham”. Diante das falas, percebe-se a angústia das educadoras, pois a maioria evidencia suas inquietações e dificuldades em trabalhar com crianças com necessidades especiais. A P6 aponta como uma das dificuldades a superlotação da sala e a
  • 27. 37 impossibilidade de dar conta dessas diferenças, pois compreende a importância de utilizar metodologias diferenciadas para que os alunos possam aprender. Já na fala de P4 há uma contradição, pois ela coloca que o que atrapalha, é justamente “as particularidades”, ou seja, aquilo que se propõe para o trabalho com crianças com necessidades especiais, embora afirme que a avaliação deve ser diferenciada partindo da evolução do sujeito e não em comparação com o aluno dito “normal”. Essa contradição na fala da professora demonstra a dificuldade que a maioria dos docentes tem em fazer um trabalho diferenciado, respeitando as diferenças e percebendo que os alunos não são iguais em seu desenvolvimento, mesmo aqueles ditos normais. P7 também aponta como uma das dificuldades “as particularidades de cada aluno” acrescentando a isso a falta de acompanhamento que deve ser responsabilidade da família da criança especial. Percebe-se nas falas dessas duas professoras que elas transferem a sua incapacidade de lidar com as diferenças em sala de aula para a condição de diferente dos alunos, o que pode gerar a exclusão escolar por associar as diferenças individuais como geradoras do insucesso escolar. Porém, sabemos que não existem salas de aula homogêneas, devido aos diferentes ritmos de aprendizagem das crianças, mesmo não tendo qualquer deficiência, comprovada cientificamente e que devem ser considerados e respeitados. Sobre esses argumentos Freitas (2006) faz uma ressalva quando diz que: Frequentemente, os cursos de formação não trabalham tais questões e acabam por reforçar os estereótipos ao tomar como referência um “aluno padrão” idealizado. Em consequência disso, muitos professores que ingressam na profissão com essas visões estereotipadas levam bastante tempo para desfazê-las. Outros não as superam nunca, realizando uma prática que acaba por contribuir para a produção do enorme contingente de excluídos da e na escola (p. 170). Então, podemos dizer que a conduta desempenhada pelas educadoras no processo de alfabetização é também reflexo da falta de formação continuada, em favor da diversidade, falta de apoio pedagógico e humano, falta de recursos didáticos que são fundamentais para o alcance dos objetivos educacionais e muitas vezes, falta de compreensão de educadores que não desenvolvem práticas instigantes e desafiadoras que levam a aquisição da aprendizagem de forma prazerosa. E neste sentido Ferreira (2006) salienta que na educação atual:
  • 28. 38 Espera-se hoje que a professora seja capaz de compreender e praticar o acolhimento a diversidade e esteja aberta a práticas inovadoras na sala de aula. No novo perfil, a professora deve adquirir conhecimentos sobre como conhecer as características individuais (habilidades, necessidades, interesses, experiências etc.) de cada um de seus estudantes, a fim de poder planejar suas aulas que levem em conta tais informações (p. 231). Assim, fica evidente que a tarefa educativa principalmente na alfabetização das crianças especiais deveria ser tarefa dada a quem tem informação subsidiada nesses critérios mencionados por Ferreira (2006), pois as práticas inovadoras geram a interação de todo alunado, respeitando os ritmos de aprendizagem de cada sujeito. . 4.2.3 Falta de acompanhamento dos pais A família deve entender que a participação é um princípio da democracia que necessita ser trabalhado, é algo que se aprende e se ensina, portanto, a escola será um lugar possível para essa aprendizagem, promovendo a convivência democrática no seu cotidiano, pois, aprende-se a participar, participando. No entanto, uma das dificuldades eleita como principal no processo de alfabetização das crianças especiais, foi justamente a ausência dos pais no acompanhamento do desenvolvimento desses sujeitos. Vejamos o que dizem as professoras com relação a essa participação: P1 “o descaso dos pais no acompanhamento dos estudos dos filhos”. P2 “Ser a única responsável nessa tarefa, já que muitas famílias não se preocupam com a educação dos filhos. P6 “O trabalho com crianças especiais se torna árduo devido a falta de compromisso e apoio dos pais na realização das tarefas e estímulo ao estudo direcionado aos filhos”. P8 “O descompromisso da família, por não acompanhar seu filho no processo da alfabetização, acaba não tendo o efeito esperado”. Notamos na fala de P2 a indignação ao perceber que a família acredita que educação só acontece na escola, onde os pais se excluem automaticamente desse processo por ver a escola como a única responsável pela formação de seus filhos,
  • 29. 39 talvez porque eles mesmos se sintam incapazes de ajudar nessa formação. Sobre esse ponto de vista, Brandão (1985) chega a afirmar que: (...) não há uma única, nem um único modelo de educação. A escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.(p.25). Assim como a escola não pode jogar a responsabilidade na família, mas assumir a tarefa que lhe cabe na educação das crianças, a família também não pode esquecer-se do seu papel na educação de seus filhos, principalmente quando se trata de crianças com necessidades especiais. No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), diz que “é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”. Embora estando isso definido em lei, nos perguntamos se os pais tem consciência disso e se tendo ciência, estão preparados para participarem efetivamente desse processo ou preferem ficar distantes. Percebemos nas demais falas que as professoras acreditam que os pais, mesmo sabendo da importância da participação, do direito que eles têm de intervir no processo educativo, não querem ter compromisso com seus filhos, no sentindo de acompanhar nas horas devidas, chegando a frustrar o objetivo esperando pela escola. Conforme os dizeres de Mittler (2003): “(...) muitos pais tornaram claro que não se veem necessariamente no papel de professores de suas crianças, mas que esperam boa qualidade de ensino daqueles que são pagos para fazê-lo (p.217)”. 4.2.4 A dificuldade em mediar o conhecimento para a aquisição da leitura e escrita dos alunos e alunas especiais Alfabetizar um sujeito é um fator que requer dedicação e acompanhamento pedagógico, exercido por intermédio de uma prática pedagógica incentivadora do desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Para Cagliari (2002):
  • 30. 40 O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e, quanto mais ciente estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de conhecimento, de como a criança se situa em termos de desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo o seu processo de interação social, da natureza da realidade linguística envolvida no momento em que está acontecendo a alfabetização, mais condições terá esse professor de encaminhar de forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais (p. 09). Porém, muitos educadores queixam-se das dificuldades que têm em realizar esse processo de aquisição da leitura e escrita com alunos e alunas oriundos das classes menos favorecidas, que são crianças vulneráveis e principalmente com crianças especiais, que apresentam algumas deficiências seja física, mental, intelectual ou sensorial, se tornando assim, os maiores agravantes durante o desenvolvimento da aprendizagem. Sobre essas questões embasadas nessa categoria, as professoras relataram suas dificuldades na mediação da leitura e da escrita. Vejamos as falas: P1 “Incapacidade de desenvolver as necessidades de leitura e escrita nos alunos”. P2 “Ajudá-los a ler e escrever, pois o entendimento do aluno especial é mais lento”. P3 “Prepará-los para a aquisição da leitura”. P6 “A maior dificuldade é instruir esses alunos na leitura e escrita de palavras, pois como o ritmo é diferente o processo exige muita paciência e dedicação que se torna um desafio, já que as turmas são super lotadas e fica mais difícil atender a todos”. Percebemos nas falas das educadoras, que elas têm muitas dificuldades em auxiliar seus alunos e alunas na aquisição da leitura e da escrita por não terem conhecimento de como alfabetizar crianças com deficiência , pois apesar de saberem que elas aprendem num outro ritmo, não conseguem lidar com essas diferenças, no fundo desejam uma homogeneidade que nem mesmo é possível com crianças sem nenhuma deficiência. Isto está presente nas falas de todas as professaras. Além dessas dificuldades outras questões que concorrem para que esse processo se torne mais difícil como apontado por P6, pois a alfabetização exige paciência, dedicação e uma prática pedagógica dinâmica, já que o ensino público é privado de recursos didáticos e humanos além das salas superlotadas.
  • 31. 41 A alfabetização é uma etapa de construção e reconstrução de um saber elaborado, no sentido de auxiliar o sujeito na decodificação de signos e promover a criticidade para a inserção do sujeito nas práticas sociais. Smolka (1993) salienta que: De modo geral, a escola não tem considerado a alfabetização como processo de construção de conhecimento nem como um processo de interação, um processo discursivo, dialógico. Com isso, a escola reduz a dimensão da linguagem, limita as possibilidades de escritura, restringe os espaços de elaboração e interlocução pela imposição de um só modo de fazer e de dizer as coisas. Mas essa imposição acaba sendo, de fato, limitada ou ilusória. Pois existe ainda um espaço, um movimento, um dinamismo discursivo no interior da escola. Mesmo bloqueando a “fala”, a escola não consegue bloquear o discurso interior (p. 76). Assim, compreendemos que todos os sujeitos devem constituir esse espaço (escola), para desenvolver suas competências e habilidades, mesmo que a aprendizagem seja lenta, devido a sua deficiência ou outras dificuldades que se efetivam no processo de alfabetização, relacionadas às suas condições sociais ou afetivas. Ao analisar as falas das professoras nos faz perceber que suas angustias e dificuldades, no processo de alfabetização de crianças com deficiências, vai muito além das dificuldades estruturais da escola ou mesmo do desconhecimento do processo de alfabetização, mas a sua incapacidade em lidar com as diferenças, de compreender que mesmo as crianças que não tem nenhuma deficiência têm ritmos diferentes de aprendizagem e, em algum momento de seu processo de aprendizagem, pode necessitar de um acompanhamento mais individualizado para aprender.
  • 32. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de alfabetização de crianças, principalmente de alunos/as especiais é um fator que tem angustiado os educadores da rede regular de ensino em consequência do fracasso escolar que tem se fortificado nas instituições de educação formal, apontados como resultados desde a mediação insatisfatória como vulnerabilidade social, necessidades especiais ou deficiência física, mental, intelectual ou sensorial. O professor ou professora deve está ciente de como se dá o aprimoramento do conhecimento, já que todo sujeito possui uma bagagem própria de saberes que vão sendo transformados e ampliados com a mediação no espaço escolar, na família ou nas diversas instituições sociais. Assim, a questão que orientou essa pesquisa buscou analisar quais as dificuldades enfrentadas pelas educadoras na alfabetização de crianças especiais em função de discutirmos sobre essas dificuldades e ampliarmos nossos conhecimentos, além de colaborar com um estudo mais sucinto mostrando novas possibilidades de incentivo a melhoria da prática docente. Diante disso, tanto na alfabetização de crianças especiais como nas crianças ditas “normais” implica em uma formação continuada no sentido de atender a todas as necessidades existente no meio educacional, a fim de superar as barreiras encontradas. Desta forma, o estudo sobre o método de alfabetização passa a ser uma questão central e o educador deve perceber a criança especial como ser cognoscente, conscientizando-se como peça importante no desenvolvimento do aluno ou aluna, de forma respeitosa, porque qualquer avanço que esta venha a desenvolver é considerado um mérito nessa tarefa que se torna árdua devido às dificuldades apresentadas. Desse modo, analisamos que as educadoras apresentam algumas dificuldades em alfabetizar as crianças tanto “normais” como especiais e isso tem gerado um desconforto e insegurança na prática educativa como pudemos observar nas falas. Podemos salientar ainda, que isso é resultante da falta de uma preparação mais
  • 33. 43 consistente, tanto dos pais como dos educadores, de recursos didáticos e aparato humano na tentativa de mediar à construção do conhecimento acerca da aquisição da leitura e escrita como prática social No entanto, é importante ressaltar a importância das salas de recursos na intervenção e favorecimento da aprendizagem das crianças especiais através do acompanhamento especializado com equipamentos apropriados para atender as deficiências apresentadas pelas crianças. Porém, no decorrer da pesquisa, durante a observação no locus percebemos a ausência da sala de recursos para auxiliar na alfabetização e desenvolvimento das crianças especiais, o que foi apontado como uma das dificuldades no trabalho dos professores. Porém, Em visita recente à instituição, soubemos da chegada da sala de recursos para aquela instituição, o que poderá significar um apoio importante na ação dos professores e possivelmente isso facilitaria na aprendizagem, possivelmente, sanando as dificuldades relatadas pelas educadoras durante a pesquisa. Não temos como afirmar a eficácia da sala de recursos visto que ela não existia quando foi dado início a nossa pesquisa, assim, isso mereceria uma outra investigação para comprová-lo.
  • 34. 44 Referências AGUIAR, João Serapião de. Jogos para o ensino de conceitos. 2ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 2004. AMARAL, L.A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hercules). São Paulo: Robel, 1995. BECKER, HowardS. Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. 4ª Ed. São Paulo, Hucitec, 1993. BOGDAN. R. e BIKLEN.S. K. Qualitative Research for educationa. Boston, Aellyn and Bacon, inc; 1982. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. 16ª ed. O Que é Educação. São Paulo – SP: Editora Brasiliense, 1985. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Cortez, 1990. BRASIL. Lei Diretrizes e Bases da Educação. Lei 9394/96 de 20 de dezembro BRUNO, Marilda Moraes Garcia. Educação infantil : saberes e práticas da inclusão : dificuldades de comunicação. – Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. CAGLIARE, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo, Scipione, 1993. ___________________ Alfabetização e lingüística. São Paulo, Scipione, 2002. CANDAU, Vera Maria. (Org.). Reinventar a escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. CARDOSO, Marilene da Silva. Aspectos históricos da educação especial: da exclusão à inclusão. In: STOBAUS, Claus Dieter; MOSQUERA, Juan José Mourão.(orgs.) Educação em direção a educação inclusiva. 3. ed. Porto Alegre:EDIPUCRS, 2006. CASTRO, Josefina; MARIA de Azevedo Moreira e MARIA, Daniela M. de Sant’ana. Diversidade na escola. Estudo sobre; aspectos genéticos e considerações psicopedagógicas. 2 ed. Ilhéus – BA: Editora Editus, 2004 Declaração de Salamanca. Documentos Internacionais. Disponível em http://www.cedpod.org.br/docent.htm. Acesso em 18/11/11.
  • 35. 45 DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 6ª edição. São Paulo: Cortez, 1999 ____________ Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2004. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. FERREIRA, Windyz B. Inclusão x exclusão no Brasil: reflexões sobre a formação docente dez anos após Salamanca. RODRIGUES, David (org). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. 12ª Ed. São Paulo: Cortez, 1998. _______________ Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1999. 102p V.2 FONSECA, Vitor da. Educação Especial: Panorama de Estimulação Precoce. Uma introdução às idéias de Feuerstein| Vitor da Fonseca. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. _____________ A importância do ato de ler. São Paulo. 41 edição. Cortez. 2001 FREITAS, Soraia Napoleão. A formação de professores na educação inclusiva: construindo a base de todo o processo. RODRIGUES, David (org.). Inclusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. 2. ed. São Paulo: Summus, 2006. LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina Andrade. Fundamentos da metodologia Científica. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1991. LUDKE, Manga e André, MARLI. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003. NÓVOA, A. Professor se forma na escola. Revista Nova Escola, maio 2001, p.13- 16.
  • 36. 46 PIMENTA, S. (org). saberes pedagógicos e atividade docente. Ed, Cortez, 2ª Ed., 2000. SALGADO, Simone da Silva. Inclusão e processos de formação. In: PAULINO, Marcos Moreira; SANTOS, Mônica Pereira dos. (orgs.) Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008. SERRA, Dayse. Inclusão e ambiente escolar. In: PAULINO, Marcos Moreira; construindo a base de todo o processo. RODRIGUES, David (org.). Inclusão e culturas, políticas e práticas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008. SMOLKA, A.L.B.A. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. São Paulo: Ed Unicamp/ Cortêz, 1993. SOARES, M. B. Letramento, um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica. 2ª E, 2001. TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional do sprofessores e suas conseqüências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação, nº 13, jan/ fev/mar/abr. 2000.
  • 38. 48 Universidade do Estado da Bahia-UNEB Departamento de Educação- Campus VII Curso- Pedagogia Turma 2007.1 Caro professor(a) Nós alunos do curso de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Campus VII, estamos desenvolvendo essa pesquisa sobre o processo alfabetização de crianças com necessidades especiais. Nesse sentido, esta entrevista é um levantamento de dados para a pesquisa monográfica relativo à conclusão do curso. Por isso contamos com a sua colaboração e desde já agradecemos. Questionário sócio-econômico Nome:________________________________ 1.Sexo: ( ) feminino ( ) masculino 2. Idade: ( ) 18 a 25 anos ( ) 25 a 35 anos ( ) 35 acima 3)Tempo de atuação na Educação? ( ) 0 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) acima de 15 anos 4) Jornada de trabalho ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas 5) Qual a formação?
  • 39. 49 ( ) Nível médio ( ) Nível superior ( ) nível superior incompleto ( ) Pós-graduado 6) Recebe capacitação pra trabalhar com crianças com necessidades especiais? ( )Sim ( ) Não Roteiro da entrevista 1) O que pensa sobre alfabetização? Qual a concepção? 2) Quanto tempo trabalha na alfabetização? Você gosta? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3) Como é alfabetizar crianças ? E crianças com necessidades? Existe alguma diferença? 4) De que forma a diversidade dos alunos tem tornado mais complexa a tarefa de ensinar e mais especificamente na aquisição de leitura e escrita? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5) Quais as dificuldades mais freqüentes dos professores que trabalham com crianças especiais? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________
  • 40. 50 6) Que dificuldades podem ser observadas nos alunos no decorrer do processo de alfabetização? Como você intervêm didaticamente, tendo em vista essas possíveis dificuldades? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7) Você recebe assessoramento para o desempenho de suas atividades pedagógicas em relação às crianças com necessidades especiais? ___________________________________________________________________ 8) No processo de alfabetização, qual a sua maior dificuldade? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 9) O processo de construção de aprendizagem da leitura e da escrita, em comparação às crianças ditas normais, é diferente? De que forma? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10) Que metodologia você acredita ser mais apropriada para iniciar o processo de alfabetização para crianças com necessidades especiais? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________