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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
      DAPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
         COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS




            FRANCILENE DE SOUZA SILVA




APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE
 SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA, CAMPO
                   FORMOSO-BA




                  Senhor do Bonfim
                       2011
FRANCILENE DE SOUZA SILVA




APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO
 DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA,
              CAMPO FORMOSO-BA




                    Monografia apresentada a Universidade do
                    Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do
                    Bonfim-BA, Colegiado de Ciências Contábeis,
                    como requisito final para obtenção do grau de
                    Bacharel em Ciências Contábeis.


                    Orientador: Prof. Franklin Rami C. O. Regis




                Senhor do Bonfim
                     2011
FRANCILENE DE SOUZA SILVA



APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO
 DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA,
              CAMPO FORMOSO-BA




                        Monografia apresentada a Universidade do
                        Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do
                        Bonfim-BA, Colegiado de Ciências Contábeis,
                        como requisito final para obtenção do grau de
                        Bacharel em Ciências Contábeis.



                                Aprovada em 29 de setembro de 2011.



                 BANCA EXAMINADORA




          _________________________________
            Prof. Franklin Rami C. Oliveira Regis
                          Orientador
          Universidade do Estado da Bahia - UNEB




          _________________________________
                  Prof. Francisco Arapiraca
          Universidade do Estado da Bahia - UNEB




          _________________________________
            Profª. Maria de Fátima Araújo Frazão
          Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Aos meus pais, Francisco e Madalena, por
mesmo não terem tido a oportunidade de
saborear     do   mundo      acadêmico,    se
sacrificaram para oportunizar-me a fazer parte
desse mundo.
AGRADECIMENTOS


       A Deus, pela graça da vida, pelas tristezas superadas, os sonhos realizados
e objetivos alcançados.

      Aos meus pais, meus maiores incentivadores, “meus heróis, meus amigos”.

       A meu esposo por cuidar da nossa filha, para que eu pudesse desenvolver
esse trabalho.

      As minhas irmãs, na ajuda constante ao longo dessa batalha.

       Ao meu orientador, Prof. Franklin Rami C. O. Regis, que muito contribuiu no
êxito desse trabalho final.

      A minha amiga Diana e colaboradora desde os primeiros rabiscos em 2009
até agora, na reta final.

      Aos amigos e colegas do curso.

      A todos os meus professores por me ajudarem a crescer em sabedoria.
Não há ruptura sem dor. A única coisa digna a
se fazer é atravessar. [...] A contradição
também tem sua beleza. Sobretudo não
reclame, o nhennhenhem faz a gente andar
em círculos em torno daquilo de que se abriu
mão. Se não está resolvido, volte, peça
perdão, curve-se, e siga ali até ter certeza de
que a coisa não serve mais",[...] Feito isso,
largue, deixe em paz, vire a cabeça e perceba
que o horizonte está cheio de possibilidades.

                          Maitê Proença, 2011
RESUMO


Considerando a importância da cultura do sisal para o semi-árido baiano, no
entanto tão pouca rentável para os produtores dessa cultura, esta pesquisa
monográfica tem como objetivo evidenciar como a Contabilidade de Custo e Rural
podem contribuir para otimizar a produção do sisal na região de Tiquara, Campo
Formoso - Ba, maior prudutor do estado. No primeiro momento faz-se um breve
relato acerca da Contabilidade, evidenciando sua evolução como Ciência, suas
principais características, a Contabilidade Rural e o processo de produção da
cultura do sisal. Em seguida apresenta-se uma a análise contábil dos custos e a
gestão contábil na área agrícola com foco na apuração e controle dos custos na
cultura do sisal. A metodologia desenvolvida teve um caráter qualitativo e
quantitativo e foi realizada com pesquisa bibliográfica através de livros, revistas,
artigos, pesquisas na internet e pesquisa de campo com aplicação de questionários
a seis produtores de sisal do Povoado pesquisado, com a finalidade de analisar a
situação atual; e observação participante com uma proposta de intervenção. A
pesquisa revela que os produtores de sisal pesquisados não fazem uso de
mecanismos contábeis, não realizam manejo adequado e que se trata de uma
cultura que não oferece rentabilidade.


Palavras-Chave: Produtor rural. Produtividade. Controle. Custo de produção.
Rentabilidade.
LISTA DE FIGURAS


Figura 1    Plantio da lavoura do sisal enfileirada................................               29

Figura 2    Corte das folhas..................................................................    30

Figura 3    Transporte das folhas por um asinino.................................                 31

Figura 4    Máquina Paraibana para o desfibramento das folhas........                             31

Figura 5    Transporte das folhas por um asisino.................................                 33

Figura 6    Secagem da fibra do sisal...................................................          33

Figura 7    Batedeira de sisal................................................................    34
            Fluxograma esquemático do Custeio Por Absorção e
Figura 8
            Custeio Variável...................................................................   41
Figura 9    Produção de sisal/kg Faz. Boa Vista...................................                57

Figura 10   Produção de sisal/kg Faz. Mandacaru................................                   57
LISTA DE QUADROS


Tabela 1   Classificação das atividades rurais.........................................       22

Tabela 2   Indicadores PIB/agropecuária.................................................. 24

Tabela 3   Exploração Agrícola................................................................. 52
LISTA DE GRÁFICOS



Gráfico 1   Percentual de idade das culturas de Sisal existentes no
            povoado de Tiquara................................................................          52
Gráfico 2   Perdas na produção decorrente da Podridão vermelha.........                                 53

Gráfico 3   Percentual de produtores relacionados ao período de corte
            do sisal. ................................................................................... 54
Gráfico 4                                                                                               60
            Percentual de custos de produção..........................................
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


APAEB -     Associação de Desenvolvimento            Sustentável   e
            Solidario da Região sisaleira
CAR -       Companhia de Desenvolvimento e Ação regional
Conab -     Companhia Nacional de Abastecimento
Embrapa -   Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO -       Food Agriculture Oganization Fundacentro
Fundacentro - Fundação Joge Duprat Figueredo de Medicina e
              Segurança do Trabalho
ha -        hectare
IBGE -      Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDA -       Ministerio do Desenvolvimento Agrário
PIB -       Produto Interno Bruto
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 12

1 CONTABILIDADE E A PRODUÇÃO DO SISAL ............................................................................ 16

   1.1 A CONTABILIDADE E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS .............................................................. 16
      1.1.1 Conceito ......................................................................................................................... 16
      1.1.2 Objeto e objetivo da Contabilidade ............................................................................. 17
      1.1.3 Importância e finalidade ............................................................................................... 18
      1.1.4 Evolução Contábil ......................................................................................................... 19
   1.2 A CONTABILIDADE RURAL E SUAS ESPECIFICIDADES ...................................................................... 20
      1.2.1 Campo de atuação ......................................................................................................... 21
      1.2.2 Ramificações .................................................................................................................. 22
   1.3 O SISAL E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO ..................................................................................... 24
      1.3.1 O sisal e sua importância na agricultura baiana ........................................................ 25
      1.3.2 Etapas do processo produtivo ..................................................................................... 27
           1.3.2.1          Escolha do terreno e preparo do solo .................................................................................. 28
           1.3.2.2          Plantio .................................................................................................................................. 28
           1.3.2.3          Colheita ................................................................................................................................ 29
           1.3.2.4          Desfibramento ...................................................................................................................... 31
           1.3.2.5          Beneficiamento da Fibra ...................................................................................................... 33
           1.3.2.6          Mutilações no beneficiamento do sisal ................................................................................. 34
2 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DOS CUSTOS NA CULTURA E
    PRODUÇÃO DO SISAL .................................................................................................................. 36

   2.1 A ANÁLISE CONTÁBIL DOS CUSTOS ............................................................................................... 36
      2.1.1 Conceito ......................................................................................................................... 37
      2.1.2 Objeto e objetivos da Contabilidade de Custos ......................................................... 38
      2.1.3 Classificação dos custos .............................................................................................. 39
      2.1.4 Sistemas de Custeio...................................................................................................... 40
   2.2 A GESTÃO CONTÁBIL NA ÁREA AGRÍCOLA ...................................................................................... 43
      2.2.1 O controle de custos nas atividades agrícolas .......................................................... 43
      2.2.2 As peculiaridades da agricultura ................................................................................. 45
      2.2.3 O gerenciamento dos custos na produção agrícola .................................................. 46
      2.2.4 Dos custos na cultura do sisal ..................................................................................... 47
3 O APRIMORAMENTO DA RENTABILIDADE E CONTROLE DA PRODUÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL ......................................................................................................... 49

   3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................ 49
   3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ..................................... 51
      3.2.1 Exploração Agrícola ...................................................................................................... 51
      3.2.2 Sistemas de Produção – Cultura do Sisal .................................................................. 53
      3.2.3 Comercialização do Sisal ............................................................................................. 55
      3.2.4 Rentabilidade da Cultura do Sisal ............................................................................... 56
CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 63

APÊNDICES.......................................................................................................................................... 66
12



                                      INTRODUÇÃO



      O sisal, uma fibra do grupo cultura hortícula, vem demonstrando crescimento
e ocupando lugar de importância na economia. No Brasil, o cultivo do sisal ocupa
uma extensa área de solos pobres na região semi-ardida dos Estados da Bahia,
Paraíba e Rio Grande do Norte, em áreas com escassa ou nenhuma alternativa para
exploração de outras culturas.

      A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2006), destaca
que a importância do sisal para a economia do setor agrícola nordestino pode ser
analisada sob diversos aspectos, merecendo destaque a geração de renda e
emprego     para   um   contingente   de   aproximadamente     800   mil   pessoas,
proporcionando divisas para os Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.

       A produção dessa fibra tem apresentado um relevante crescimento nos
últimos anos, como aponta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE em pesquisa realizada em 2007. Segundo a mesma, houve um aumento de
mais de 60 mil toneladas de sisal em um ano, das quais a Bahia representa 90% da
produção.

      Tendo em vista a representatividade do sisal na economia baiana este
trabalho aborda o tema de contabilidade rural voltadada para área de custos no
setor sisaleiro. Campo Formoso é um dos maiores produtores dessa cultura,
inclusive Carvalho (2007) aponta que em 2007, o município teve participação de
mais de 50% da produção do Estado. A maior concentação dessa podução está na
região de Tiquara, que fica a 28 km da sede do município.

      Nesse sentido, a pesquisa foi realizada considerando a prática agrícola dos
produtores de Tiquara, tendo como título Apuração e Controle de Custos na
Produção de Sisal: Um Estudo no Povoado de Tiquara, Campo Formoso – Ba.

      Mesmo tendo um grande destaque nesse ramo, os pequenos produtores
reclamam dos custos altos e que o lucro não é compensatório. Daí surgiu a
indagação: Como a Contabilidade de Custo e Rural            podem contribuir para
13



otimizar a produção do sisal na região de Tiquara, Bahia?

      As hipóteses indicam possíveis soluções para o problema, assim sendo
levantou-se o que se segue: os maus resultados na agropecuária podem estar
associados à falta de mecanismos contábeis atualizados; logo defende-se que para
alcançar melhores resultados e utilizar sua capacidade máxima de produção, a
agropecuária exige novos mecanismos contábeis de controle de gastos em função
dos avanços no melhoramento das culturas através de insumos e equipamentos; e o
não aproveitamento dos resíduos do desfibramento, doenças e o manejo deficitário
da fertilidade dos solos dificultam o processo de produção do sisal e encarecem o
produto final, comprometendo o lucro dos pequenos produtores.

      Este estudo teve como objetivo compreender como a contabilidade pode
contribuir para otimizar a produção de sisal. E para tanto foi estabelecido o seguinte
objetivo geral: investigar a forma de apuração e controle dos custos na produção de
sisal de produtores do povoado de Tiquara-Ba e sua relação com o volume e
qualidade da produção. Para isso se procurou, especificamente, investigar a
importância da Contabilidade no processo de produção da cultura do sisal, averiguar
como a contabilidade pode auxiliar na apuração e controle dos custos na cultura do
sisal; e propor um método de acompanhamento e controle dos custos visando o
aprimoramento do lucro na produção e comercialização do sisal.

      Segundo dados da Embrapa (2006), a Bahia é o maior produtor de sisal do
país e representa mais de 95% da produção da fibra nacional. O cultivo do sisal se
estende por 75 municípios, atingindo uma área de 190 mil ha em propriedades de
pequeno porte, menores que 15 ha, nas quais predominam a mão-de-obra familiar,
perfazendo uma população de aproximadamente 700 mil pessoas que vivem, direta
ou indiretamente, em estreita relação com essa fibrosa.

      Diante da importância dessa fibra na economia do país e, sobretudo, no
município de Campo Formoso, é que se evidencia a relevância social desta
pesquisa, que adveio da observação a cerca das dificuldades demonstradas por
pequenos produtores de sisal da região de Campo Formoso – BA, especificamente
no Povoado de Tiquara.

       Daí surgiu a necessidade de um estudo investigativo, em torno das causas
14



que tornam difícil a produção do sisal desse Povoado, bem como uma proposta de
método de apuração e controle dos custos. Essa proposta visa ao melhoramento e
aumento da produção, visto que se faz necessário ao produtor, além de conhecer os
custos referentes à cultura do sisal, o estabelecimento de mecanismos de apuração
e controle, para alcançar melhores resultados.

      Por está pesquisadora fazer parte da comunidade de Tiquara há mais de vinte
anos, e conhecendo de perto as dificuldades desses produtores, surgiu o interesse
em pesquisar, com uma visão Contábil, a cultura do sisal. Esse interesse também se
respalda no fato de o sisal ter relevante valor para a economia do estado da Bahia e,
principalmente, para o povoado supracitado, por ser a maior fonte de renda da
população.

      Nesta pesquisa optou-se por desenvolver um estudo de caráter qualitativo e
quantitativo. Qualitativo por envolver a obtenção de dados descritivos, obtidos
no contato direto do pesquisador com a situação estudada. E segundo
Fiorentini (2009) “[...] o pesquisador se introduz no ambiente a ser estudado
não só para observá-lo e compreendê-lo, mas, sobretudo para mudá-lo [...]”.
E quantitativo por mensurar e permitir o teste de hipóteses e resultados mais
concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação.
(NEVES, 1996).

       A pesquisa teve como proposta metodológica a coleta de dados através de
pesquisa bibliográfica e pesquisa em campo. Primeiramente foi feito a pesquisa
bibliográfica, a qual buscou-se conhecer e analisar as principais contribuições
teóricas existentes sobre o tema pesquisado, através de livros, revistas, artigos,
monografias, e uma variedade de produções e periódicos disponíveis na Internet.

      Em seguida realizou-se uma pesquisa de campo e para tanto se usou como
instrumento de coletas de dados o questionário em sistema de entrevista e a
observação participante como proposta de intervenção, aplicado a alguns produtores
de sisal do povoado de Tiquara, Campo Formoso – BA.

      Este trabalho teve como objeto de estudo a análise da contabilidade de
custos aplicada à produção de sisal, sendo o mesmo apresentado em três capítulos.
15



      No primeiro capítulo fez-se um breve relato a sobre Contabilidade,
evidenciando sua evolução como Ciência, suas principais características, a
Contabilidade Rural e o processo de produção da cultura do sisal. No segundo
capitulo, a análise contábil dos custos e a gestão contábil na área agrícola com foco
na apuração e controle dos custos na cultura do sisal.

      O terceiro capítulo demonstra todo processo metodológico no decurso da
pesquisa em campo, desde os dados coletados, atividade de intervenção e análise
dos dados.

      E por fim na conclusão apresenta-se algumas considerações referentes á
elaboração da presente pesquisa.
16



       1       CONTABILIDADE E A PRODUÇÃO DO SISAL




       Sabe-se que através dos tempos, a área contábil vem criando novas
especialidades e, por conta disto, tem ampliado seu campo de atuação, o que a
tornou cada vez mais uma ciência indispensável a toda e qualquer atividade
humana. Esse avanço diz respeito tanto às atividades com finalidades lucrativas
bem como às sem fins lucrativos de pessoa jurídica ou física.

       Todas    as   movimentações          passíveis    de   mensuração   monetária   são
registradas pela contabilidade que se utiliza de relatórios para resumir os dados
levantados. Essa ferramenta          é a       base     norteadora   de todo   e   qualquer
empreendimento, inclusive, no setor agrícola, campo de pesquisa deste trabalho
científico que trata da cultura do sisal.




1.1 A CONTABILIDADE E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS




       Importa saber que a Contabilidade já há muito tempo deixou de ser apenas
uma “registradora” de débitos e créditos, para ao final de um ano levantar um
balanço patrimonial. Hoje, ela deve estar a serviço dos administradores, como um
suporte capaz de levar a entidade rumo ao sucesso.

       Deve-se, portanto, não somente produzir relatórios físicos, mas fazê-los em
linguagem acessível aos seus mais diversos usuários.

       A seguir apresentam-se conceito; objeto e objetivo; finalidade e importância
da Contabilidade.




1.1.1 Conceito
17



       Em se tratando de conceito de Contabilidade, muitos autores têm se
manifestado de forma peculiar nas suas proposições. Neves e Viceconti (2003)
afirmam que a Contabilidade é uma Ciência com metodologia própria, e tem como
propósito controlar o patrimônio das azienda1, prestar informações às pessoas que
tenham interesse na avaliação da situação patrimonial e do desempenho dessas
entidades.

       Marion (1998 p.6) apresenta um conceito mais sintético, porém preciso,
definindo-a como “[...] um instrumento que fornece o máximo de informações úteis
para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”.

       Rios (2009, p. 10), por sua vez, define a Contabilidade de maneira sutil e
genérica.

                        A contabilidade pode ser definida como um sistema de informação e
                        avaliação a serviço dos seus usuários; como a arte de registrar as
                        transações das empresas que possam ser expressas em termos monetários
                        ou como a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos econômicos –
                        financeiros ocorridos numa entidade contábil.


       Diante desses conceitos, fica claro que a Contabilidade é uma ciência social,
por ter objeto de estudo e estar a disposição da sociedade. Ela se apresenta como
uma “bússola” orientadora a serviço tanto para um indivíduo – pessoa física, quanto
para uma empresa com ou sem fins lucrativos – pessoa jurídica.

       Por fim, pode-se finalizar afirmando que a Contabilidade é um sistema muito
bem idealizado, accessível e indispensável para bem gerir todo e qualquer
empreendimento. Essa sistemática é feita mediante o registro e controle de todos os
atos e fatos econômico-financeiro, decorrente da gestão da riqueza patrimonial e
seus reflexos causados pelas suas variações.




1.1.2 Objeto e objetivo da Contabilidade




1
 Complexo de obrigações, bens materiais e direitos que constituem um patrimônio, representados
em valores ou que podem ser objeto de apreciação econômica, considerado juntamente com a
pessoa natural ou jurídica que tem sobre ele poderes de administração e disponibilidade; fazenda.
18



      Um dos requisitos primordiais para reconhecer uma área do conhecimento
como Ciência é possuir um objeto de estudo. Portanto, a Contabilidade, como
Ciência que é, tem como seu objeto o estudo do patrimônio das entidades
econômico-administrativas em sua total amplitude.

      Neste contexto, afirma-se que patrimônio é tudo aquilo que se possui, tanto
materiais como imateriais. Porém podendo estar consigo ou em mãos de terceiros,
desde que possa ser avaliado em moeda.

      Ribeiro (2005), ao abordar o tema, aplicando-se especificamente as entidades
econômico-administrativas, classifica-o em bens materiais ou imateriais; direitos,
valores a receber de terceiros e obrigações, valores a pagar a terceiros.

      Vale ressaltar que toda e qualquer entidade, para se manter em perfeito
equilíbrio, necessita de um fidedigno acompanhamento do seu patrimônio. Partindo
desse pressuposto, a Contabilidade tem o objetivo de fazer esse acompanhamento.

      Portanto, o controle de todos os fatos decorrentes da gestão patrimonial, é
indispensável a toda entidade. Tendo em vista que com um acompanhamento
controlado a empresa estará amparada e poderá melhor gerir seus negócios.




1.1.3 Importância e finalidade




      Desde o passado remoto, na Hera primitiva, que havia uma necessidade de o
homem registrar seus pertences. Ou seja, uma necessidade em conhecê-los,
controlá-los e inventariá-los, para melhor gestão e organização da comunidade.

      Dessa necessidade de o homem controlar e gerenciar seu patrimônio surgiu,
gradativamente mecanismos de registros. Os registros se iniciaram com talhos em
pedaços de paus, até se chegar aos dias atuais com sofisticados sistemas contábeis
e gerenciais.

      Portanto o registro, seja por que meio for, é uma necessidade indispensável,
principalmente para uma organização a serviço da sociedade. Não importa o seu
19



porte, ele precisa conhecer aquilo que possui e obter o maximo de informações a
respeito do empreendimento, para assim, obter resultados positivos.

      Para Neves e Viceconti (2003, p.20) “[...] prestar informações é de
fundamental importância, porque elas são necessárias ao processo de tomada de
decisões pelos administradores de uma entidade, bem como pelos demais usuários
da contabilidade”.

      Isso se dá através do fornecimento de informações de ordem econômica e
financeira sobre o patrimônio. As informações de ordem econômica dizem respeito à
movimentação de compra, venda despesas, receita e lucros ou os prejuízos; já as
informações de ordem financeira se referem ao fluxo de caixa, entradas e saídas de
dinheiro. (RIBEIRO, 2005)




1.1.4 Evolução Contábil




      A contabilidade integra hoje um setor muito importante do conhecimento e
constitui parte do que se convencionou chamar de “ciência da informação”. Ela não
esgota, em si, todas as informações necessárias à tomada de decisões, mas dispõe
de recursos que lhe permite registrar dados, levantar posições e apresentar
demonstrações dos resultados da gestão das organizações.

      De acordo Iudícibus “e outros” (2006, p.1),

                     A contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia
                     especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e
                     interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras
                     e econômicas de qualquer este, seja este pessoa física, entidade de
                     finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público,
                     tais como Estado, Município União, Autarquia etc., tem um campo de
                     atuação muito amplo.


      O estudo da contabilidade vem passando por uma transformação acentuada,
com o objetivo de transformá-la num instrumento eficiente de administração,
sofrendo os seus conceitos básicos uma evolução condizente com as atuais
condições econômicas do mundo. No entanto no século passado, a contabilidade foi
20



usada como instrumento de controle nos países que tinham regime político e
econômico controlado pelo governo de forma centralizada. (IUDÍCIBUS “e outros”,
2006).

         Dentro desse contexto a ciência contábil, hoje utilizada por qualquer pessoa
que objetiva a lucratividade, passou por evoluções ao longo dos anos
acompanhando o desenvolvimento econômico da sociedade.

                       [...] o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente
                       associado ao surgimento do capitalismo, como forma quantitativa de
                       mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados
                       a alguma exploração comercial ou industrial. (IUDÍCIBUS “e outros”, 2006,
                       p.1).


         Esse processo de modernização da contabilidade apóia-se preferencialmente
na experiência fornecida e vivida pelas empresas. Com isso, ao longo dos tempos,
tem      alcançado   grandes     avanços,     tanto    quantitativos    como      qualitativos,
principalmente com o advindo do capitalismo.

         Portanto, a Contabilidade fornece aos administradores um fluxo contínuo de
informações sobre os mais variados aspectos das gestões financeiras e econômicas
das empresas.

         Segundo Iudícibus “e outros” (2006), a ciência contábil é dividida em dois
campos de atuação: a Contabilidade Financeira, que tem maior utilidade ou visaria
os agentes econômicos externo da empresa, e é apresentada através de
demonstrativos financeiros que são o Balanço Patrimonial, a Demonstração de
Resultados, a Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos e os Fluxos de
Caixa.

         O outro campo é a Contabilidade Gerencial, que visaria primeiramente à
administração da empresa, e nela esta incluída também a Contabilidade de Custos,
a qual muito será abordada neste trabalho.




1.2 A CONTABILIDADE RURAL E SUAS ESPECIFICIDADES
21



      A atividade rural vem crescendo significativamente ao longo dos anos, e em
virtude desse crescimento a sua importância econômica perante a sociedade é cada
vez maior. Assim sendo a Contabilidade uma ciência que estuda o patrimônio,
dentro do ramo de atividades de qualquer setor da economia, é correto afirmar que o
setor rural é assistido pela Contabilidade Rural.




1.2.1 Campo de atuação




      A contabilidade rural é usada por empresas rurais ou pessoas físicas, que são
os pequenos e médios produtores, de acordo com as atividades desenvolvidas.

                      As peculiaridades de cada empresa rural determinarão o tipo de
                      organização contábil a ser adotado, devendo esta adaptar-se ás
                      características especiais de gestão e organização da empresa. Para isto,
                      torna-se necessário o perfeito conhecimento dos elementos materiais e
                      humanos, a natureza das culturas e das criações o sistema de gestão
                      econômica, a orientação e os desejos da administração para a escolha das
                      contas, dos registros e dos formulários (meios formais) a serem utilizados.
                      (CALLADO; CALLADO, 1994, p.4).


      Uma boa administração, e um melhoramento nos resultados das atividades
rurais, requer uma atenção e conhecimento da área de produção. E para tanto, as
técnicas contábeis são indispensáveis, independente do porte, se pessoa física ou
jurídica, para uma boa gestão tanto no que diz respeito aos recursos materiais como
aos recursos humanos.

      Na definição de Crepaldi (1998, p. 23), a “Empresa Rural é a unidade de
produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas,
criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

      Os campos de atuação da Contabilidade Rural são as atividades de
exploração da terra, como define Crepaldi (2006). O mesmo explica que essas
atividades podem ser: “[...] cultivo de lavouras ou a criação de animais, com vistas à
obtenção de produtos que venham a satisfazer às necessidades humanas”.
22



 1.2.2 Ramificações




         Essa Contabilidade pode ser ramificada com diversas especificações, por
 conta da sua diversidade de produção. A variação dessas especificações é
 apresentada por Crepaldi (1998), da seguinte forma: atividades em agricultura,
 pecuária, extração e exploração vegetal e animal, além de transformação de
 produtos agrícolas ou pecuários.

         Em relação às transformações dos produtos rurais, afirma que estas não
 devem alterar a composição e as características do produto in natura, pois se assim
 ocorresse, seria puramente industrialização. Essa observação tem relação com o
 aspecto tributário das atividades rurais, que será tratada adiante.

         Já Marion (2007), classifica de acordo com cada ramo de atividades
 desenvolvidas relacionadas à produção vegetal que são as atividades agrícolas: à
 produção animal, as atividades zootécnicas e indústrias rurais, as atividades
 agroindústrias. Para ele essas atividades comportam determinados cultivares
 exposto no quadro a seguir.


 Quadro 1 – Classificação das atividades rurais
                                           ATIVIDADE                         ATIVIDADE
       ATIVIDADE AGRÍCOLA
                                           ZOOTÉCNICA                      AGROINDUSTRIAL


                                         Apicultura (criação de         Beneficiamento        do
                                          abelhas);                       produto        agrícola
                                                                          (arroz, café, milho);
                                         Avicultura (criação de
                                          aves);                         Transformação       de
                                                                          produtos zootécnicos
                                         Cunicultura (criação de         (mel,       laticínios,
                                          coelhos);                       casulos de seda);
 Culturas hortícolas e forrageira:
                                         Pecuária (criação de           Transformação      de
                                          gado);                          produtos    agrícolas
                                                                          (cana-de-açúcar em
                                         Piscicultura (criação de        álcool e aguardente;
                                          peixes);                        soja em óleo; uvas
                                                                          em vinho e vinagre;
                                         Ranicultura (criação de         moagem de trigo e
                                          rãs);                           milho).

                                         Sericicultura (criação do
                                          bicho-da-seda);
23



                                         Outros pequenos
                                          animais.

 Cereais (feijão, soja, arroz,
  milho, trigo, aveia...);

 Hortaliças (verduras, tomate,
  pimentão...);

 Tubérculos (batata, mandioca,
  cenoura...);

 Plantas oleaginosas (mamona,
  amendoim, menta...);

 Especiarias (cravo, canela...);

 Fibras (algodão, pinho...);

 Floricultura, forragens, plantas
  industriais...

 Plantas oleaginosas (mamona,
  amendoim, menta...);

 Especiarias (cravo, canela...);

 Fibras (algodão, pinho...);

 Floricultura, forragens, plantas
  industriais...

 Plantas oleaginosas (mamona,
  amendoim, menta...);

 Especiarias (cravo, canela...);

 Arboricultura:

 Florestamento (eucalipto,
  pinho...);

 Pomares (manga, laranja,
  maçã...);

 Vinhedos, olivais, seringais etc.



Fonte: Marion (2005, p.24-25).


        A lista (quadro 1) não é exaustiva, pois muitas outras culturas poderiam ser
elencadas, tais como o sisal que esta alocada ao grupo das culturas hortícolas,
especificamente o das fibras.
24



 1.3 O SISAL E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO




       A agropecuária é um setor crescente na economia brasileira, de 2002 até
2009 somaram uma aumento de quase 50% do produto interno bruto – PIB como
mostra valores no quadro 2.


Quadro 2 – Indicadores PIB/agropecuária
                               PRODUTO INTERNO BRUTO
        ANO                                  AGROPECUÁRIA
          2002                                       R$ 84.251.000,00
          2003                                       R$ 108.619.000,00
          2004                                       R$ 115.194.000,00
          2005                                       R$ 105.163.000,00
          2006                                       R$ 111.229.000,00
          2007                                       R$ 127.267.000,00
          2008                                       R$ 152.273.000,00
          2009                                       R$ 166.705.000,00
Fonte: Conab (2010)


       Dentre as diversas atividades desse ramo está a produção de sisal, uma fibra
do grupo cultura hortícola, que só em 2007 exportou US$ 100 milhões (SISAL
NEWS, 2007). Essa fibra é utilizada na fabricação de cabos, cordoalhas, artigos de
artesanato, além de se utilizar a polpa para produção de ração para os animais,
adubos, álcool, cera etc. São dois os tipos de sisal: sisalana (sisal comum) e Híbrido.

       O primeiro é amplamente cultivado na região nordeste, enquanto o segundo é
menos cultivado e, segundo Souza Sobrinhos (1985 apud EMBRAPA, 2006), esta
espécie foi desenvolvida na região oeste da África.

       O sisal dá origem à principal fibra dura produzida no mundo, contribuindo com
aproximadamente 70% da produção comercial de todas as fibras desse tipo. (Food
Agriculture Oganization - FAO, 2003).

       No Nordeste do Brasil, a exploração do sisal se concentra no interior dos
Estados da Bahia e Paraíba, que representam 78% e 20%, respectivamente, da
produção nacional (CONAB, 1996), em áreas onde, geralmente, as condições de
clima e solo são poucos favoráveis ou de escassas alternativas para a exploração de
outras culturas que ofereçam resultados econômicos satisfatórios.
25



      A fibra do sisal, na forma bruta, beneficiada ou industrializada, representa
fonte de divisas e riqueza para estes Estados, pois se trata de um produto de
exportação que gera da ordem de 80 milhões de dólares.

      É também, pela capacidade de geração de emprego, por meio de sua cadeia
de serviço, com as atividades de manutenção das lavouras, desde a colheita,
desfibramento, beneficiamento da fibra, até a industrialização e confecção de
artesanato (SILVA; BELTRÃO, 1999).

      A exploração do sisal concentra-se, geralmente, em áreas de pequenos
produtores, com predomínio do trabalho familiar sendo, portanto, importante agente
de fixação do homem à região semi-árida nordestina.

      Além de servir como atividade de apoio à pecuária em nível das fazendas,
pelo uso direto da planta na alimentação dos bovinos ou através da pastagem nativa
nas áreas exploradas com a cultura.

      Levando-se em consideração o número de pessoas envolvidas direta ou
indiretamente no processo produtivo, que é cerca de 850 mil pessoas (Companhia
de Desenvolvimento e Ação regional – CAR (1994 apud APROSICS, 1997), é de
fundamental importância a busca de alternativas que viabilizem a competição da
fibra com os fios sintéticos. Visto que eles se constituem também num dos principais
fatores responsáveis pelo baixo preço da fibra do sisal.

      Neste particular, a redução dos custos de produção, o aproveitamento dos
subprodutos do desfibramento e a maior eficiência no processo de descortiçamento,
são pontos que devem ser atacados em primeiro plano, para tornar a cultura atrativa.

      Assim, a Embrapa vem desenvolvendo pesquisas em diferentes áreas de
conhecimento, com o objetivo de definir um novo sistema de produção, de viabilizar
a mucilagem para alimentação animal e de apresentar alternativas de uso da fibra.




1.3.1 O sisal e sua importância na agricultura baiana
26



      A cultura do sisal é de fundamental importância na agricultura por ser fonte de
renda para milhares de brasileiros, especificamente na região nordeste.

                     A cultura do sisal gera mais de meio milhão de empregos em áreas
                     marginais com vistas à prática da agricultura; sua ampla adaptação ao semi-
                     árido da região Nordeste também constitui outra vantagem deste cultivo.
                     Região Sisaleira no estado baiano apóia-se espacialmente nas regiões
                     econômicas do Nordeste (15 municípios), da Piemonte da Diamantina (12
                     municípios) e do Paraguaçu (10 municípios). (CARVALHO, 2007, p.25)


      Com clima propício para a produção do sisal, as populações baianas vêem na
atividade sisaleira uma forma de promoção e inclusão social das comunidades que
subsistem desta cultura.

      Segundo pesquisa realizada sobre a produção de sisal na Bahia o Centro
Norte produziu 105 mil toneladas, o Nordeste 87 mil toneladas e o Centro Sul 1.431
toneladas, sendo que o ranking com o município de Campo Formoso com a
produção de 58.055 toneladas (CARVALHO, 2007).

      Por ser o maior produtor mundial, a Bahia deverá sempre apresentar uma
oferta crescente deste produto no mercado, e nesse sentido Silva (2004) defende
que para assumir o compromisso de abastecer a indústria sisaleira, deverá ser feito
na região um incremento no consumo, da ordem de 33.000 ton/ano a mais do que o
consumo atual.

      Neste contexto, Carvalho (2007) afirma que “[...] o desenvolvimento de novos
sistemas de produção que viabilizem a competição da fibra com os fios sintéticos, a
redução de custos de produção, o aproveitamento dos subprodutos [...]” são
extremamente necessários.

      Apesar da grande importância sócio econômica que o sisal apresenta para os
27 municípios produtores do Estado da Bahia, e dos 20 da Paraíba (CAR, 1994
apud APROSICS, 1997), é fácil compreender o grau de importância que o produto
(fibra e Barbante) sofre em relação às condições impostas pelo mercado
internacional.

      Contudo, o advento da globalização da economia tem agravado muito a
situação da cultura do sisal. A baixa rentabilidade inviabiliza a prática dos tratos
culturais, levando esta ao abandono ou cedendo espaço para pastagens e outras
27



culturas, muitas vezes de alto risco, diante das condições locais de solo e clima.

      Outro agravante é a perda ocasionada por doença, pois segundo dados
publicados pelo brazilianfibres (2010), “[...] nos últimos 10 anos, a produção de sisal
no sertão da Bahia vem declinando acentuadamente devido à ocorrência da
podridão vermelha, uma doença que ataca o pseudo caule matando a planta.” A
Podridão Vermelha do sisal, também chamada de Podridão do tronco do sisal, é
uma doença fungíca, cujo agente causal é o Aspergillus niger um ascomiceto, que
pode ser veiculado pelo solo, água, vento, ferramentas infectadas e a doença é
caracterizada pelo escurecimento        interno dos tecidos do tronco. (SUINAGA “e
outros”, 2005).

      Os mesmos autores afirmam que não existe tratamento curativo para a
doença, entretanto destaca algumas medidas preventivas:

                     [...] arrancar e queimar plantas com seus sintomas; plantar filhotes
                     (rebentos) provenientes de campos sadios para implantação de novos
                     campos; utilizar o resíduo do desfibramento como adubação orgânica para
                     melhorar a fertilidade do solo, evitando-se estresses nutricionais á planta e
                     manter por maior tempo a umidade do solo e o plantio consorciado com
                     outras culturas. (SUINAGA “e outros”, p. 37, 2005).




1.3.2 Etapas do processo produtivo




      A produção do sisal na região do Nordeste é muito promissora, por apresentar
clima quente e semi-árido adequado ao seu bom desenvolvimento. “O sisal prefere
também dias completamente ensolarados; pois, caso contrário, as folhas se tornam
flácidas, diminuindo o vigor e enfraquecendo as fibras”. (BANDEIRA “e outros”,
1999, p. 13).

      Os tratos no processo produtivo com a cultura do sisal, tecnicamente falando
são bastante simples, visto que suas etapas se desenvolvem com mínima
tecnologia. Geralmente é realizado por grupos familiar, basicamente manualmente.
28



1.3.2.1 Escolha do terreno e preparo do solo




      A área escolhida deve ser de elevações suaves e, de preferência, com
exposição leste-oeste, correspondente à maior luminosidade, fator preponderante no
desenvolvimento do sisal.(SILVA; BELTRÃO, 1999).

      De acordo com Castro (2006), os melhores solos para o cultivo do sisal são
os rasos e pedregosos, arenosos e argilosos. Solos muito comuns no semi-arido
nordestino, têm contribuído para a implantação da cultura nessa região.

      O mesmo autor diz que no preparo do solo, a necessária limpeza do terreno
pode realizada através de diversas operações:

      •   desmatamento – em áreas extensas recomenda-se o uso de correntão;
          para áreas menores, deve-se usar a tração mecânica ou efetuá-lo
          manualmente;

      •   queima – deve ser efetuada de forma criteriosa;

      •   encoivaramento – consiste no ajuntamento dos restos de vegetais de
          maior porte.

      •   ou ainda: repasse, aração, gradagem




1.3.2.2 Plantio



      Após o preparo do terreno (Bandeira, 1999) diz que:

                     [...] procede-se à marcação da área para o plantio das mudas que deve ser
                     sempre cortando as águas sem, no entanto, acompanhar rigorosamente as
                     curvas de nível.

                     Em terrenos planos, recomenda-se que as linhas de plantio sigam o sentido
                     perpendicular ao caminhamento do sol, para se evitar o sombreamento
                     entre as plantas; é aconselhável, também, que os talhões apresentem
                     dimensão de aproximadamente 2ha, com o objetivo de facilitar a operação
                     de colheita e o transporte da produção. (p.14)
29



       Silva     e    Beltrão     (1999)      acrescentam          que   a   não-observação   das
recomendações para plantio poderá implicar na formação de sisalais desuniformes
quanto ao tamanho das plantas, à época de corte, à produção e à maturidade das
fibras produzidas.

       Quando do plantio definitivo, os mesmos autores orientam que o produtor
deve proceder à abertura de sulcos, com sulcador tratorizado, em solos que
permitam o tráfego de máquinas, ou covas, com enxada ou enxadão, em terrenos
com topografia acidentada e em perfeito alinhamento enfileiradas. (Figura 1.)




               Figura 1. Plantio da lavoura do sisal enfileirada
               Foto: Odilon R. R. F. da Silva.


       Os tratos culturais recomendados por Silva e Beltrão (1999), após o plantio
são de duas a três capinas no primeiro ano, dependendo da incidência das
invasoras e, para o segundo ano, uma ou duas capinas, podendo ser uma logo após
o início do inverno e outra no final.




1.3.2.3 Colheita




       A primeira etapa do processo de colheita do sisal consiste no corte periódico
de determinado número de folhas da planta, feito manualmente, com uma pequena
foice ou faca, rente ao tronco. (Figura 2)
30



      Em geral, na região Nordeste, a planta de sisal é submetida a um corte por
ano, mas este intervalo (12 meses) nem sempre é observado, pois, dependendo da
conjuntura de preços do mercado, o produtor pode protelar, ou então antecipar o
corte e, quando o antecipa, geralmente procede a um corte drástico, incluindo folhas
prematuras, o que afeta a qualidade da fibra.

      Em condições normais de colheita, a prática viável é realizar o primeiro corte,
aproximadamente, aos 36 meses após o plantio, (figura 2: plantio) podendo ser
colhidas entre 50 e 70 folhas, deixando-se entre 7 a 12 folhas. ( BANDEIRA, 1999).
Por ser um vegetal monocárpico, isto é, floresce uma só vez durante o ciclo de
crescimento e desenvolvimento que é de, em média, 8 a 10 anos; decaindo a
produção e posteriormente, a planta morre. (SALES, 2004)




              Figura 2. Corte das folhas
              Foto: Odilon R. R. F. da Silva.


      Para o custo de produção da cultura do sisal, o transporte das folhas cortadas
para o local do desfibramento é um componente importante.

      Assim, deve-se buscar, sempre, a menor distância a percorrer, de forma que
as folhas cheguem com regularidade, em abundância e no menor tempo possível.
No Nordeste, o transporte é feito por asininos (jumentos) utilizando-se cangalhas
com cambitos (gancho tipo V de madeira) em seu dorso, onde são colocadas as
31



folhas. (Figura 3.) Esses animais podem “[...] transportar, aproximadamente, 200
folhas por viagem, que pesam em torno de 100 a 130 kg”. (BANDEIRA, 1999, p. 34).




              Figura 3. Transporte das folhas por um asinino.
              Foto: Odilon R. R. F. da Silva.




1.3.2.4 Desfibramento




      Após a colheita é feito o desfibramento, que consiste na eliminação da polpa
das fibras mediante raspagem mecânica. A principal desfibradora dos campos de
sisal é máquina, denominada „motor de agave‟ ou „máquina Paraibana‟. (Figura 4)

Por sua simplicidade, a máquina Paraibana apresenta baixa capacidade operacional
(de 150 a 200 kg de fibra seca, em um turno de 10 horas/dia), produz grande
desperdício de fibra (em média 20% a 30% das fibras contidas na folha) e,
sobretudo, envolve um número elevado de pessoas para a sua operacionalização,
aumentando assim os custos de produção. (SILVA; BELTRÃO, 1999).
32




             Figura 4. Máquina Paraibana para o desfibramento das folhas.
             Foto: Odilon R. R. F. da Silva.




      Segundo Bandeira “e Outros” (1999, p. 37), “[...] em operação normal
desfibram-se, em média, 20 a 30 folhas por minuto, ou 1.200 a 1.800 folhas por hora
ou, ainda, 550 a 820 kg de folhas/hora”.

      Castro (2006, p. 12) descrimina os trabalhadores envolvidos no desfibramento
da seguinte forma:

          Cortador: colhe as folhas das plantas, cortando-as com um instrumento
           apropriado denominado foice; o numero de pessoas envolvidas nesta
           atividade pode variar de uma a três;

          Enfeixador: amarra as folhas em forma de feixes que serão transportados
           até a máquina de desfibramento;

          Cambiteiro: recolhe os feixes e os transporta até a máquina, no dorso dos
           animais;

          Puxador: é o responsável pela operacionalização da máquina; esta
           atividade envolve uma ou duas pessoas, dependendo a região produtora;

          Fibreiro: responsável pelo abastecimento da maquina com as folhas e
           pela recepção das fibras, que são pesadas com umidade; esta atividade
           poderá ser realizada por uma ou duas pessoas;

          Bagaceiro: retira da máquina os resíduos do desfibramento.
33



      Após o processo do desfibramento, a fibra obtida é transportada, no dorso de
animais (Figura 5), para a secagem, por exposição ao sol, durante 8 a 10 horas em
uma área onde as fibras não absorvam impurezas, “como em varais ou estaleiros do
tipo triângulo ou estrado, ambos feitos com fios de arame galvanizado. (Figura 6.)

                       Recomenda-se, para melhor secagem, a reviragem da fibra, uma ou duas
                       vezes, até que atinja a umidade média de 13,5% e, a seguir, que as fibras
                       sejam arrumadas em pequenos feixes, amarradas pela parte mais espessa
                       e conduzidas ao depósito para serem armazenadas sem serem dobradas.
                       (SILVA; BELTRÃO, 1999, p. 82).




              Figura 5. Transporte das folhas por um asisino.
              Foto: Odilon R. R. F. da Silva.




        Figura 6. Secagem da fibra do sisal
        Foto: Odilon R. R. F. da Silva.



1.3.2.5 Beneficiamento da Fibra
34



      Após o processo de secagem da fibra em campo, é feito o transporte para
galpões fechados, em geral localizados na zona urbana dos municípios, onde estão
localizadas as máquinas denominadas de batedeiras. Nas batedeiras ocorre a etapa
de batimento das fibras, para remoção do pó que as envolve. (Figura 7.)

                       No Nordeste, grande parte dos produtores de sisal comercializa seu produto
                       na forma bruta, sem realizar qualquer processo de melhoria da fibra, como o
                       batimento ou o penteamento, operação que remove o pó e o tecido
                       parenquimatoso aderente aos feixes fibrosos, além da retirada das fibras de
                       pequeno comprimento, resultando em um produto limpo, brilhoso, macio e
                       valorizado. (BANDEIRA “e outros”, 1999, p. 45).


      Cada     batedeira     ocupa     dois   homens      e   a   produtividade      é   de    15
toneladas/homem/semana. Atualmente, existem cerca de 50 batedeiras, somente no
estado da Bahia. (ALVES; SANTIAGO; LIMA, 2005)




          Figura 7. Batedeira de sisal
          Foto: Odilon R. R. F. da Silva.


      Importante observar a tecnologia adotada no batimento da fibra, bastante
arcaica, não tendo passado por inovações desde que se implantou a cultura sisaleira
no Nordeste.

      Portanto, há bastante espaço para ganhos em termos de produtividade no
batimento da fibra, desde que se avance na tecnologia adotada no processo.




1.3.2.6 Mutilações no beneficiamento do sisal
35



      Ainda que o Brasil seja o maior produtor mundial de sisal, ocupando posição
privilegiada no ranking, infelizmente essa realidade não condiz com as condições de
saúde e segurança de quem trabalha na colheita, beneficiamento e industrialização
da planta, a qual é convertida em artigos, como fios, cordas, tapetes, entre outros,
exportados para diversos países.

      O processo de desfibramento feito com o “motor Paraibano” tem provocado
acidentes que resultam em graves mutilações de dedos, mãos e até mesmo parte do
braço. “Isso porque o trabalho nessa máquina, que gira em alta velocidade, obriga
que o operador aproxime as mãos das engrenagens para introduzir as folhas do
sisal e para puxar as fibras já beneficiadas.” (CARVALHO, 2007)

      A pesquisadora Yamashita (2007), coordenadora do Projeto Sisal da
Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do
Trabalho), entidade ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego, também alerta
sobre os riscos da atividade sisaleira, responsável por 3.000 (três mil) trabalhadores
mutilados, vítimas do processo de produção do sisal. Ela ressalta ainda a
necessidade do desenvolvimento de uma nova máquina de desfibramento do sisal
para substituir a chamada “Máquina Paraibana”.

Uma parceria entre a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação da Bahia, o
Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Associação de Desenvolvimento
Sustentável e Solidário da Região Sisaleira viabilizou a produção e distribuição de
140 unidades de uma máquina desfibradora de sisal que acaba com o risco de
mutilação de agricultores. (Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário
da Região Sisaleira - APAEB, 2010)

      Inventada por José Faustino Santos, a desfibradora “Faustino V” tem como
principal diferença em relação às tradicionais paraibanas, o fato de evitar totalmente
o risco de mutilação, além da nova forma de processamento da folha que evita
esforços físicos por parte dos produtores. (Ministério do Desenvolvimento Agrário -
MDA, 2010)

      Segundo o Ministro do MDE, Guilherme Cassel com a distribuição das 200
(duzentas) máquinas, o próximo passo é ampliar os investimentos e criar uma linha
de financiamento para suprir todo o mercado. (APAEB, 2010).
36



2 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DOS
  CUSTOS NA CULTURA E PRODUÇÃO DO SISAL




      As atividades agrícolas muito têm a se beneficiar das novas especializações
da contabilidade principalmente no que diz respeito à contabilidade de custos, visto
que tem um papel primordial de auxílio no controle e administração das culturas
agrícolas.

      Uma vez que a cultura do sisal, como qualquer outro empreendimento, utiliza-
se da Contabilidade de Custos, é imprescindível conhecer suas principais
características. E desde então quais os processos nela envolvidos, tais como a
análise contábil dos custos

      No entanto essa analise não esta dissociada de uma gestão contábil na área
agrícola. Daí surge à necessidade da utilização dos mecanismos da Contabilidade
Rural que é definida por Nepomuceno (2004, p.10) como sendo “[...] um instrumento
útil ao conhecimento dos resultados por atividade no setor rural, tanto quanto o é na
indústria, porém ao alcance de seus usuários”.

      Nesse sentido, tem-se observado que a cultura do sisal, como qualquer
atividade comercial, requer um rigoroso acompanhamento dos seus custos para
obtenção de melhores resultados financeiros.

      Alguns teóricos, como Rios, Marion, Crepaldi, Borilli, entre outros, tratam da
aplicação da contabilidade na área rural. Embasados nesses teóricos e partindo dos
pressupostos acima mencionados, busca-se averiguar como a contabilidade pode
auxiliar na apuração e controle dos custos na cultura do sisal.




2.1 A ANÁLISE CONTÁBIL DOS CUSTOS




      Estudar a contabilidade de uma entidade requer vasto conhecimento a cerca
de todo o aparato empresarial. Entretanto, a Contabilidade não se basta no estudo,
37



mas sim em interagir diretamente no processo de gestão. Para tanto, a
Contabilidade de Custos surge para bem atender as diversas necessidades
gerenciais da entidade.

       Talvez se possa pensar que o uso da Contabilidade de Custo esteja
relacionado ao porte empresarial, no que se alude a grandes estruturas físicas,
administrativa e operacional.

       Porém, a aplicabilidade da Contabilidade de Custos se faz necessário em
todo empreendimento, desde que ele almeje um sistema de gestão eficiente conexo
a um controle de qualidade e, consequentemente, o alcance de melhores resultados.

       Nesse mesmo sentido, Leone (2008, p.8) em seu livro direcionado a área de
Custos, faz menção ao vasto campo de atuação dessa área Contábil, estando-a “[...]
aplicada a vários segmentos da economia: indústrias, comércio e serviços, incluindo
o segmento empresarial, cujas empresas têm finalidades de lucros, como também
instituições de fins ideais [...]. Assim sendo, é a evidente amplitude da Contabilidade
de Custos, e mais, da sua importância em todos os setores da economia,
independente do porte da organização.




2.1.1 Conceito




       A Contabilidade, como muitos outros campos do saber, costuma atribuir
adjetivos a seus ramos de especialização. Dessa forma, tem-se a Contabilidade de
Custos, uma ramificação Contábil, fonte norteadora de estudo desta Pesquisa
Científica.

       Leone (2008) afirma, numa visão gerencial, que a Contabilidade de Custos
refere-se ás atividades de coleta, e fornecimento de informações, necessárias ao
auxílio na tomada de decisão. O mesmo autor conclui que essas atividades “se
assemelham a um centro processador de informações, que recebe (ou obtém)
dados, acumula-os de forma organizada, analisa-os e interpreta-os, produzindo
informações de custos para os diversos níveis gerenciais”. (LEONE, 2008, p.10)
38



      Martins (2008) acrescenta ainda que além do auxílio á tomada de decisões,
tem importante função de controle. E nessa função a Contabilidade de Custos, ainda
na visão de Martins (2008), designará dados para o “[...] estabelecimento de
padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente
seguinte, acompanhar efetivamente o acontecido para comparação com valores
anteriormente definidos”.

      Percebe-se, a partir da análise exposta acima, que a Contabilidade de Custos
é, na verdade, um conjunto de sistemas integrados e bem qualificado. Está para
tanto, estruturado de forma a atender eficientemente as necessidades de controle e
suporte gerencial a todo e qualquer setor da economia.




2.1.2 Objeto e objetivos da Contabilidade de Custos




      Apurar os custos de uma empresa representa todo o trabalho da
Contabilidade de Custos. Por isso, a empresa, juntamente com toda a sua estrutura
operacional, administrativa, seus serviços e produtos, constitui seu objeto de estudo.

      Segundo Leone (2008), a Contabilidade de Custos deve estudar cada
segmento da empresa para, posteriormente, ser capaz de produzir informações
acerca de custos imprescindíveis à organização e controle empresarial. Importa
salientar que diferentes informações são produzidas para atender as diversas
necessidades gerencias, dos diferentes seguimentos.

      A Contabilidade de Custos produz informações gerenciais a depender das
necessidades empresariais com os seguintes objetivos:

         deliberar acerca dos rendimentos;

         avaliar a situação patrimonial;

         controlar as operações, bem como os custos a elas incorridas;

         auxiliar estrategicamente no planejamento e tomada de decisões.
39



2.1.3 Classificação dos custos




      São diversas as formas de classificar os custos, a depender das atividades
desenvolvidas e a que fim se deseja. Contudo, a qualificação de cada custo dar-se-á
mediante a necessidade ou não da administração.

      Na diversidade dos tipos de custos, necessário se faz apresentar os tipos de
custo de maior relevância, e por que não dizer, mais usual. Tem-se porquanto os
custos relacionados aos produtos, classificados em diretos e indiretos; os
relacionados ao comportamento das atividades podendo ser fixos e/ou variáveis.

      Vários autores se propõem a conceituar os diversos tipos de custos. Porém,
vale aqui apresentar as idéias de Leone (2008, p.58), acerca dos Custos Diretos e
indiretos, por tratar de uma forma tão perspicaz, identificando esses custos a
depender do elemento a que se deseje custear:

                    Todo item de custo que é identificado naturalmente ao objeto do custeio é
                    denominado de custo direto.[...] todo item de custo que precisa de um
                    parâmetro para ser identificado e debitado ao produto ou objeto de custeio é
                    considerado um custo indireto. (LEONE, 2008, p.58)


      Já versando a respeito dos custos Fixos e Variáveis, o mesmo autor
relaciona-os às mudanças nas atividades. Explica que o Custo variável aumenta
proporcionalmente ao nível da atividade, aparecendo somente quando a atividade
ou produção é realizada. E quanto aos Custos Fixos são constantes no total, na
faixa de volume relevante da atividade esperada.

      Martins (2008, p. 52.) acrescenta ainda que Custos “Fixos são os que num
período têm seu montante fixado, não em função de oscilações na atividade e,
Variáveis os que têm seu valor determinado em função dessa oscilação”.

      Importa saber que as exibições referentes aos Custos Fixos e Variáveis não
levam em consideração os produtos feitos ou serviços prestados, como acontecem
com os Custos Diretos e Indiretos. Levam sim em consideração o valor total do
custo em um determinado período combinado ao volume de produção.
40



2.1.4 Sistemas de Custeio




      É condição preponderante, para o funcionamento satisfatório de qualquer
empresa, uma estrutura bem organizada. No entanto, isso só será possível,
mediante planejamento interligando todos os setores empresariais e, sem duvida, de
uma boa Contabilidade de Custos.

      Contudo, constitui necessidade fundamental para uma boa Contabilidade de
Custos, a existência de uma forma de quantificação de volumes físicos consumidos
e fabricados. Daí os sistemas de custo assumem parte integrante nesse processo de
quantificar, utilizando mecanismos sistematizados capazes de registrare organizar
os volumes monetários e não monetários.

      Para desempenhar essa tarefa, a Contabilidade atua por meio de dois
sistemas básicos de custeamento: o sistema de custeamento por ordem de
produção e o sistema de custeamento por processo. A escolha de um desses
sistemas dependerá de como ocorre o processo de produção.

      O sistema de custeamento por Ordem de produção é apropriado para
empresas que trabalham com a produção por encomenda, e serão, portanto,
produtos diferenciados. Já o sistema de custeamento por processo, é recomendado
às empresas de produção em massa, que produz continuamente para atender as
demandas do mercado consumidor.

      No entanto, Martins (2008) salienta que, é muito comum uma mesma
empresa fazer o uso de ambos os sistemas de custeio. Em um determinado setor da
empresa, poderá produzir uma parte do produto por ordem. No outro setor produzir
outra parte de forma continua.

      Todavia, importa saber que os dois sistemas, atuando juntos ou não em uma
empresa, operam com um único objetivo: a determinação do custo de produção.

      Os sistemas de Custeio são norteados, por dois principais critérios de
acumulação de custos, ou métodos de custeio. O custeamento por absorção, muito
complexo, porém o único aceito pela legislação fiscal brasileira; e custeamento
41



variável mais simples e de grande relevância para o planejamento e tomada de
decisão.

        O custeio por absorção, como o próprio nome diz, absorve a parcela dos
custos diretos ou indiretos, fixos ou relacionados à fabricação. Enquanto que o
custeio variável admitirá ao custo do produto, somente os custos diretos e variáveis.

        A cerca do exposto acima, Dutra (2003), acrescenta que o método por
absorção consiste em associar aos produtos e serviços, os custos que ocorrem na
execução das atividades de bens e serviços, considerando todos os custos
aplicados. Enquanto que o custeio variável envolve somente os custos variáveis,
quer sejam diretos ou indiretos, necessários a obtenção do produto ou serviço.

        O diagrama apresentado (Figura 7.) representará bem a estrutura do Custeio
por Absorção e do Custeio Variável.



                                           Custos

                        variáveis          C. ABSORÇÃO              fixos


       matéria-prima                     PRODUTO                            mão-de-obra



         energia                            C. VARIÁVEL
                                                                              depreciação



            materiais                    PRODUTO
            indiretos                                                           manutenção


    Figura 8. Fluxograma esquemático do Custeio por Absorção e Custeio Variável.
    Fonte: Nossa autoria

.



        Outro método ser comentado é o Custeio Baseado em Atividade (ABC –
abreviatura do inglês “Activity Based Costing”), face que não se limita ao custeio de
produtos, mas antes de tudo, é uma importante ferramenta de gestão contábil.
42



      Diferentemente do custeio absorção e variável, o custeio ABC envolve tanto
os custo quando despesa1, desde que estejam no grupo gastos indiretos.
Comportando assim uma capacidade preponderante para identificar o custo das
atividades, permitindo uma visão mais acentuada da relação custo/beneficio.

      Na concepção de Eliseu (2008, p. 295) o custeio ABC:

                       Permite o levantamento do quanto se gasta em determinadas atividades,
                       tarefas e processos onde não se agrega valor ao produto (manufaturado, na
                       forma de serviços etc.), mesmo que com a devida cautela em função da
                       sempre permanente presença de algum nível de erro.


      Dessa forma, o autor trata de uma peculiaridade desse método. Outro autor
que também se posiciona a respeito, é Dutra (2003), destacando que todos os
recursos são despendidos nas atividades, as quais são consumidas pelo produto
custeado.

      O mesmo afirma que esse feitio “[...] possibilita a analise de cada objeto de
custo após a mensuração dos gastos de todas as atividades, sejam elas referentes á
produção ou á administração”. (DUTRA, 2003, p. 235)

      O ABC, por ser também uma ferramenta de gestão de custos, pode ser
implantado com maior ou menor grau de detalhamento, dependendo das
necessidades de informações gerenciais para o gestor, o que está intimamente
ligado ao ramo de atividade e porte da empresa.

      Portanto, a implementação dessa forma de custeio requer uma cuidadosa
análise do sistema de custo, visto que sem este procedimento, que contemple
funções bem definidas e fluxo de todos os processos, pode tornar-se inviável a sua
aplicação de forma eficiente e eficaz.

      Restam aos detentores da gestão analisar qual a real necessidade da
empresa e qual a sua condição em implantar determinado tipo de método custeio em
detrimento de outro.




1
  As Despesas são gastos todos que não relacionados com o processo de transformação ou
produção dos bens e produtos de uma empresa.
43



 2.2 A GESTÃO CONTÁBIL NA ÁREA AGRÍCOLA




      Por base em todas as movimentações financeiras, dentro de um
empreendimento, tem-se como fator chave, a atuação da Contabilidade. Sendo esta
indispensável para gestão da empresa agrícola, bem como as que atuam com outros
ramos de atividades.

      Todo entidade de sucesso necessita de um bom Controle Patrimonial,
sucedida por uma Gestão Contábil eficiente. No entanto contabilidade, por si só, vai
muito além de simples controle dos números e comparações de resultados. Ela,
associada a um bom Sistema de Contabilidade de Custo, “[...] é hoje uma realidade
fundamental para alcançar resultados de produtividade que garantam o sucesso do
empreendimento”. (ULRICH, 2009)

      Pedrosa (2006) por sua vez, ratifica dizendo que há adequados sistemas de
contabilidade e custos, a empresa terá condições de controlar sua atividade,
economizando nos custos e aumentando sua lucratividade mais do que o custo dos
sistemas necessários, com uma excelente relação custo x benefício.

      O autor acrescenta que a Contabilidade é um ótimo instrumento de gestão.
Ela está, portanto a dispor da administração para dar todo o suporte necessário para
melhor gerir suas atividades.




2.2.1 O controle de custos nas atividades agrícolas




      A Contabilidade rural juntamente com a Economia Rural é responsável pelo
estudo do patrimônio agrícola, bem como dos fatores que influenciam na
produtividade da cultura agrícola.

      Segundo Marion (2009), esses fatores são distribuídos em duas categorias,
físicos e econômicos. Os fatores físicos influenciam na produtividade e estão
relacionados com o clima, a natureza geológica e química da terra, etc.; já os fatores
44



econômicos estão relacionados com o capital, com as facilidades de venda dos
produtos, com os insumos, com os transportes, com a mão-de-obra, etc.

      D‟Amore, (1973 apud, CALLADO; CALLADO, 1994) explica que exploração
industrial da terra demanda dois fatores importantes:

      a) O preço de custo, sobre o qual o agricultor faz sentir sua influência pela
intervenção pessoal de sua atividade e economia;

      b) O preço de venda, fixado em relação ao preço de custo, de tal maneiro
que o agricultor possa ser remunerado de seus labores e dos valores imobilizados
em prédios rústicos e equipamentos agrícolas.

      De maneira geral, as empresas têm receitas e despesas durante todos os
meses do ano, porém na atividade agroindustrial a receita concentra-se durante ou
logo após a colheita em alguns casos. O ano agrícola é o período em que se planta,
colhe, processa e comercializa a safra agrícola.

      A esse respeito Marion (1986), afirma que a apuração de resultados, quando
realizada logo após a colheita e a comercialização, contribui de forma mais
adequada para avaliação de desempenho da safra agrícola.

      Tendo em vista que nas atividades agrícolas, o custo da produção
compreende o conjunto de todas as despesas que devem ser suportadas para a
obtenção dos produtos. Tudo o que se faz necessário para a obtenção do produto
cultivado, se enquadra como custo de produção.          (RAUBER ; outros”, 2005).

      Crepaldi (2006, p.35) destaca a importância de uma administração eficiente
para o sucesso de qualquer empreendimento. Porém o autor ressalta que “É
justamente nesse aspecto que a Empresa Rural Brasileira apresenta uma de suas
mais visíveis carências, prejudicando todo o processo de modernização da
agropecuária”.

      As deficiências, no que diz respeito ao controle eficiente de seus negócios,
ficam mais agravadas quando se trata de pequenos e médios produtores, ou seja,
pessoas físicas. Isso se explica pela falta de uma estrutura contábil eficiente, com
mecanismos aptos de atender as necessidades operacionais e administrativas.
45



       A contabilidade de custo rural possui um papel muito importante como
instrumento capaz de encaminhar os processos agrícolas mais eficientes para uma
produção mais útil e barata, bem como os processos de produção que se encontram
próximos da maior eficiência econômica. (CALLADO; CALLADO, 1994)




2.2.2 As peculiaridades da agricultura




       O Brasil, como país da diversidade, tem um desafio constante, oferecer
produtos para o desenvolvimento da agricultura diante de climas tão diferentes em
seu território.

       Em cada região do país há uma particularidade relacionada principalmente às
condições     ambientais   e   econômicas.       Cada      cultura      agrícola   tem   suas
particularidades, entre elas a época certa de plantio e colheita, o clima e as
características do solo mais apropriadas

        A área agrícola não está direcionada somente à produção de poucos e
rentáveis produtos de larga procura no mercado mundial, mas ao mesmo tempo, ela
pretende considera as mais variadas necessidades humanas.

       Nesse contexto, Crepaldi (1998, p. 21) afirma que a agricultura deve
desempenhar os seguintes papéis no processo de desenvolvimento:

                     1. Produzir alimentos baratos e de boa qualidade;

                     2. Produzir matéria-prima para a indústria;

                     3. Pela exportação, trazer dinheiro para o país;

                     4. Dar condições dignas de vida para o trabalhador rural.
       A agricultura é vista pelo autor, como um negócio que apresenta uma
ressalva, quanto ao fato do produtor rural dedicar-se a apenas a uma atividade –
especialização. Pois, “[...] dependendo sua renda de poucos ou de apenas um
produto, uma queda no preço desse produto ou uma frustração de safra, leva o
agricultor a sérios prejuízos”. (CREPALDI, 1998).
46



      Já Rios (2008) por este prisma, vê “[...] a possibilidade de se ofertar, ao
administrador rural, as ferramentas de planejamento estratégico, dando à produção
agrícola um direcionamento ao quê, quanto e como produzir [...]”. O que muitas
vezes não acontece, principalmente quando se fala de pequeno produtor.




2.2.3 O gerenciamento dos custos na produção agrícola




      Frente à expansão da globalização, alavancado pelas grandes potências, um
dos setores que mais cresce é agricultura. Esse setor vem cada vez mais assumindo
parte significativa na vida de indivíduos, que de suas grandes, médias ou pequenas
propriedades rurais tiram o sustento.

      Dessa forma, o produtor rural deve sempre buscar o aprimoramento naquilo
que faz e no que gerencia, pois o mercado esta cada vez mais exigindo produtos da
melhor qualidade.

      O processo de controle e gestão se dá mediante identificação, mensuração e
análise das informações sobre eventos econômicos das empresas. Tais informações
são necessárias para controle, acompanhamento e planejamento da empresa como
um todo, e utilizadas pela alta administração.

      Contudo, Borilli “e outros” (2005) elucidam que a “[...] tarefa de gerar
informações gerenciais que permitam a tomada de decisão é uma dificuldade para
os produtores rurais” [...]. Segundo a autora essa dificuldade está atrelada à falta de
dados consistentes e reais, acerca das atividades desenvolvidas na empresa rural.

      Já Bida e Lozeckyi (2008), atribui essas dificuldades, também, à falta de
organização e planejamento: “Os dados da situação econômico- financeira da
empresa devem ser organizados e classificados diariamente. Esses dados indicarão
o volume de movimento financeiro da propriedade, por atividade, os níveis de
investimento e as quantias desembolsadas”.

      Segundo Crepaldi (2005), para obter os dados referentes ao movimento
47



econômico-financeiro diário da propriedade. É preciso que o administrador da
propriedade saiba como estão a rentabilidade da sua atividade produtiva, quais os
resultados e como podem ser otimizados por meio da avaliação dos resultados,
necessários para definir a situação de seu negócio e tomada de decisões.

       Bida e Lozeckyi (2008), ainda esclarecem que o conhecimento dos
elementos que geram o custo é fundamental na tomada de decisões. Tendo em vista
que controlando bem todos os custos alcançar-se-á a gestão uniformemente cadeia
produtiva.




2.2.4 Dos custos na cultura do sisal




      Algumas especificidades da produção agrícola a diferenciam da produção de
outros bens manufaturados, dificultado assim sua ascensão produtiva. Tais
especificidades referem-se à sazonalidade da produção; influência de fatores
biológicos; doenças e pragas e perecibilidade rápida.

      A situação de determinadas atividades agrícolas, em especial a cultura do
Sisal, se depara ainda com as freqüentes quebras de safras ocasionadas por fatores
climáticos, também, pela variação cambial, proveniente da cotação do dólar que
impõe os preços e equipamentos agrícolas rudimentares.

      Todas essas especificidades tendem a encarecer o custo da produção do
sisal e conseqüentemente redução no lucro.         Cabendo nessa situação melhor
gerenciamento das atividades, possibilitando gerar informações precisas e oportunas
sobre a situação real da produção e do resultado

      Diante do exposto, Ulrich (2009) aponta que “[...] o empresário rural deve
buscar meios para diminuir o custo da produção, evitar desperdícios e melhorar o
planejamento e controle de suas atividades [...]”. Apõe ainda a Contabilidade de
Custos como ferramenta gerencial, que possivelmente, traria maior controle da
produção e uma melhor oportunidade de planejamento para a obtenção de melhores
resultados.
48



      Nesse sentido Rios (2008) destaca que: “[...] a contabilidade de custos é uma
ferramenta indispensável no controle eficiente no cultivo do sisal, pois os produtores
de sisal a maior eficiência no processo de descortiçamento, são fundamentais para
elevar a sustentabilidade da atividade sisaleira”.

      Partindo desse pressuposto percebe-se como qualquer atividade comercial,
produção do sisal requer um rigoroso acompanhamento e controle dos seus custos
para obtenção de melhores resultados financeiros. Contudo Silva (1999) aponta que
se tem aproveitado pouco do potencial da planta, sendo que apenas de 3% a 4% do
total colhido da planta é aproveitado, devido a pouca utilização tecnológica e
acrescenta que:

                      A grande maioria das lavouras de sisal é conduzida com baixa aplicação
                      tecnológica, situação que poderia ser alterada com medidas de incentivo
                      aos produtores, como preços melhores para produtos de qualidade superior,
                      financiamento bancários para a recuperação das lavouras e implementação
                      do consórcio com pecuária e culturas alimentares em bases técnicas. (
                      SILVA 1999, p. 14)


      É importante destacar que não houve avanço tecnológico no sistema de
produção da cultura do sisal no Brasil nós últimos 40 anos. O processo de e
descortiçamento do sisal é realizado através do motor paraibano, desde a
implantação da cultura no Brasil, há mais de 4 décadas. (ALVES; SANTIAGO ;
LIMA, 2005).
49



3 O APRIMORAMENTO DA RENTABILIDADE E CONTROLE DA PRODUÇÃO E
  COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL




         Para atender aos objetivos pretendidos, com apoio da revisão de literatura,
definiu-se uma série de parâmetros a serem levantados em campo que, para efeito
de análise, foram agrupados em quatro secções: Exploração Agrícola; Sistema de
Produção – Cultura do Sisal; Comercialização do sisal; Rentabilidade da Cultura do
Sisal;




3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS




         A Pesquisa ocorreu no período de 28 de julho e 21 de agosto de 2011. Como
instrumento metodológico de investigação, foram utilizados dois instrumentos de
pesquisa. Inicialmente, foi utilizado o questionário, composto de 04 (quatro) tópicos
(apêndice A), aplicado a 06 (seis) produtores no sistema de entrevista assistida.

         Os questionários estão entre os mais tradicionais instrumentos de coleta de
dados e as perguntas podem ser abertas, fechadas ou mistas. (FIORENTINI;
LORENZATO, 2009), Nesta pesquisa, foram usadas questões mistas para obter
dados, as quais, além das alternativas, havia um espaço para complementar a
informação.

         Em seguida, a observação participante quando foi proposta uma atividade de
intervenção (apêndice B) em relação ao controle de uma produção. Essa proposta
surgiu, tendo em vista que nenhum dos produtores utiliza dessa técnica.

         Marconi (1996) define a observação participante como sendo a participação
real do pesquisador com o meio em que estão inseridos os sujeitos participantes da
investigação.

         Como o questionário, aplicado ao produtores no sistema de entrevista
assistida procurou analisar o seguinte:
50




      a) Exploração Agrícola

      A exploração agrícola foi analisada através da avaliação dos parâmetros
descritos a seguir:

      Composição do uso do solo;

      Expansão da cultura do sisal;

      Doenças;

      b) Sistema de Produção – Cultura do Sisal;

      O sistema de produção foi avaliado através da análise das principais práticas
agrícolas realizadas.

      Plantio;

      Densidade do plantio;

      Plantio consorciado;

      Tratos culturais;

      Ciclo vegetativo;

      c) Comercialização do sisal;

      A comercialização foi analisada mediante investigação de toda a sistemática
comercial do sisal, tendo em vista os seguintes questionamentos:

      Produtos comercializados;

      Sistema de Comercialização;

      Preço de venda;

      d) Renta.bilidade da Cultura do Sisal;
51



      Para verificar a rentabilidade da cultura do sisal, questionou-se os
rendimentos financeiros obtidos com a produção do sisal, evidenciando os seguintes
aspectos:

      Despesas/Custos;

      Receitas;

      Lucro/Prejuízo;

      Métodos de Controle;

 3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA




      Os resultados obtidos na pesquisa de campo, apresentados a seguir,
obedeceram aos parâmetros definidos na metodologia:

     a) Exploração Agrícola – Este tópico teve como finalidade analisar a lavouras
        permanentes, evidenciando a relação dos produtores com a cultura do sisal
        e as incidências de doenças.

     b) Sistema de produção – A pretensão com este grupo foi observar a forma
        de trabalho destes produtores, bem como a aplicabilidade das técnicas
        recomendadas para o cultivo da cultura do sisal.

     c) Comercialização do sisal – com este grupo buscou-se verificar de que
        forma é feita a venda e a negociação do preço.

     d) Rentabilidade da cultura do sisal – com este grupo de variáveis, pretendeu-
        se analisar como se dá as relações dos produtores com os rendimentos
        financeiros obtidos e os gastos despendidos na produção do sisal.




3.2.1 Exploração Agrícola
52



        Os dados levantados a cerca da exploração na região sisaleira do Povoado
de Tiquara, municípios de Campo Formoso - Ba, mostram o seguinte:

        Na primeira secção os produtores foram questionados a respeito da
exploração agrícola tendo como foco as lavouras permanentes. 83% dos
pesquisados têm com principal exploração agrícola o sisal.


Quadro 3 – Exploração Agrícola
                                             AIVIDADES AGRÍCOLAS
         PRODUTOR                             Produção Sisal                   Outras Atividades
          A = 67 ha                                44%                               56%
          B = 14 ha                                59%                               41%
          C = 35 há                                65%                               45%
          D = 37 ha                                75%                               25%
          E = 09 ha                                87%                               13%
          F = 14 ha                                88%                               12%
Fonte: Nossa autoria


        O quadro acima demonstra claramente a grande representatividade dessa
cultura para a economia local, tendo em vista que mais de 40% das propriedades
dos pesquisados é ocupada pelo plantio de sisal.

        Em relação ao tempo das lavouras de sisal, considerando a resposta de todos
os produtores, concluiu-se que apenas 2% da lavoura estão com idade até 2 anos;
4%, com idade de 2-3; 19% com idade de 3-8 anos e; 46% , com idade acima de 8
anos.


                  Até 2 anos    2 - 3 anos      3 - 8 anos   Acima de 8 anos     Outros



                                                    2% 4%
                                   29%                            19%




                                                       46%




         Gráfico 1. Percentual de idade das culturas de Sisal existentes no povoado de Tiquara
         Fonte: Nossa autoria
53



         O gráfico acima demonstra lavouras de sisal muito antigas, isso influencia
significativamente para uma produtividade decrescente. De acordo com Sales (2004)
o sisal é um vegetal de ciclo de crescimento e desenvolvimento de em média, 8 a 10
anos.      Assim sendo, os dados levantados apontam para uma realidade que
necessita da renovação de quase 50% dessas lavouras de sisal.

         No quesito doenças, 80% dos produtores disseram que, somente este ano,
tiveram perdas da plantação causadas pela podridão vermelha uma doença fúngica
que ataca o pseudo caule matando a planta. (SUINAGA “e outros”, 2005). (Gráfico
2)



         Produtor 6


         Produtor 5


         Produtor 4


         Produtor 3


         Produtor 2


         Produtor 1

                      0%    5%       10%        15%         20%      25%      30%    35%

                                           Percentual de perdas



     Gráfico 2. Perdas na produção decorrente da Podridão vermelha
     Fonte: Nossa autória


         Os índices demonstrados no gráfico 2 apontam prejuízo para os pequenos
produtores. Esse prejuízo, em alguns casos, representa 30% da produção. O
controle das doenças, segundo os produtores, é feito por um único meio, queimadas
das plantas infectadas. No entanto Suinaga “e outros”, (2005) apontam outros
medidas preventivas, como plantar filhotes (rebentos) sadios, utilizar o resíduo do
desfibramento como adubação, e o plantio consorciado.




3.2.2 Sistemas de Produção – Cultura do Sisal




         Na    segunda     secção,     observou-se       que      apenas um    dos   produtores
54



pesquisados não utiliza o sistema de plantio em fileiras simples, com espaçamento
variando entre 2mx3m, 1,5mx2, 5m, 1,5mx1,5m, 4mx1,5m.

      Nesse sentido Silva e Beltrão (1999), resaltam que a não-observação das
recomendações, para plantio, poderá implicar na formação de sisalais desuniformes
quanto ao tamanho das plantas, à época de corte, à produção e à maturidade das
fibras produzidas.

      No quesito referente a prática do plantio consorciado, de acordo como os
dados fornecidos pelos produtores, constatou-se que é uma prática comum a todos,
sendo-a realizada com a agricultura e pecuária.

      Quanto ao quesito referente aos tratos culturais aplicados a lavoura do sisal
após o plantio, constatou-se que apenas um produtor realiza roçagem manual no
primeiro ano. Quanto aos demais, somente a partir do segundo ano com uma
roçagem. Todos alegaram não terem condições de realizarem mais tratos culturais.
Entretanto percebe-se que esses produtores não aplicam as técnicas indicadas,
tendo em vista que os tratos culturais recomendados após o plantio são de duas a
três capinas no primeiro ano, dependendo da incidência das invasoras e, para o
segundo ano, uma ou duas capinas. (SILVA ; BELTRÃO, 1999)

      Foi possível observar ainda, no decurso da pesquisa a falta de assistência
técnica e capacitação dos produtores. Isso com o fim de instruí-los de que não
utilização dos tratos culturais recomendados visando redução dos custos refletira na
baixa produtividade, e na qualidade da fibra produzida.

      No quesito referente à realização do primeiro corte na época da colheita do
sisal, a maioria dos produtores pesquisados afirmaram procederem com o primeiro
corte por volta dos 36 meses, como demonstra o gráfico a seguir.



                                    17%         16%

                                                                              24º Mês
                                                                              36º Mês

                                          67%                                 48º Mês




             Gráfico 3. - Percentual de produtores relacionados ao período de corte do sisal.
             Fonte: Criação Nossa
55




         Em condições normais de colheita do sisal, a prática viável é realizar o
primeiro corte, aproximadamente, aos 36 meses após o plantio. (BANDEIRA ;org,
1999).




3.2.3 Comercialização do Sisal




         Na terceira secção questionou-se acerca da comercialização, onde se
constatou que produtores de sisal, do povoado pesquisado não fazem nenhum
beneficiamento, comercializam seu produto na forma bruta, ou seja, a fibra seca,
sem realizar qualquer processo de beneficiamento.

         Referente à forma de comercialização da produção, os produtores
pesquisados relataram que:

         a) O produtor de sisal arrenda a 20% a cada quilo produzido, para famílias
            detentoras do motor fazem a colheita (corte), e o desfibramento, ficando
            a cargo do dono do motor transportar até os compradores para efetuar a
            venda semanalmente.

         b) O dono do motor (vendedor) negocia diretamente com os intermediários
            (comprador), pessoas físicas da própria comunidade, que oferecem
            preços tabelados.

         Com relação ao preço de venda do sisal, todos os produtores informaram
que o sisal estava sendo vendido a R$ 1,10 (um real e dez centavos) o quilo da fibra
seca.

         Os produtores relataram ainda que o processo de comercialização do sisal é
formado por uma cadeia de intermediários, (chamados de atravessadores),
característica de uma cultura que se desenvolve com baixo índice tecnológico e
apresenta grande deficiência na infra-estrutura básica para o beneficiamento.

         O intermediário é o agente de compra que comercializa com a fibra bruta ou
56



aquele que faz o beneficiamento em sua batedeira para depois entregá-la à indústria
ou ao exportador. (SALES, 2004)

      Foi possível observar como base nas repostas dos produtores que os
mesmos não têm acesso às indústrias de transformação e que à Conab, órgão
garantidor do preço mínimo, para efetivar suas vendas, há algum tempo não faz a
compra do sisal na comunidade.




3.2.4 Rentabilidade da Cultura do Sisal




      Na quarta secção, referente ao controle de despesas, o levantamento
efetuado revelou que os produtores de sisal, não fazem nenhum tipo de registro
formal das despesas ao logo do cultivo da lavoura.

      Logo, com a falta desse controle formal, não se pôde como programado, obter
com precisão o custo para produção de 1 ha de sisal. Assim sendo, alguns
produtores fizeram mentalmente uma média das despesas para uma primeira
colheita e relataram informalmente:

          Implantação da cultura (preparo do solo e plantio) ....                  R$ 900 (47%)

          Manutenção:                                                                        (11%)

                  Tratos culturais no 2º ano ............................          R$ 100

                  Tratos culturais no 3º ano ............................          R$ 100

          Colheita/Desfibramento ..........................................        R$ 800 (42%)

          Despesas Totais .....................................................   R$ 1.900


      Quanto controle dos rendimentos financeiros, verificou-se que apenas 30%
dos produtores fazem controle da produção anual em cadernos. (Figura 09 - 10).
57




                   Figura 09. Produção de sisa/kg Faz. Boa Vista
                   Fonte: Anotações dos pesquisados




                   Figura 10. Produção de sisa/kg Faz. Mandacaru
                   Fonte: Anotações dos pesquisados


      Segundo os produtores, a colheita do sisal é negociada com o proprietário da
máquina desfibradora Paraibana. O rendimento é negociado previamente a 20%
sobre o valor da venda da fibra de sisal seca. Vale observar que o produtor é
responsável, apenas, pelo cultivo da planta.
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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DAPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS FRANCILENE DE SOUZA SILVA APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA, CAMPO FORMOSO-BA Senhor do Bonfim 2011
  • 2. FRANCILENE DE SOUZA SILVA APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA, CAMPO FORMOSO-BA Monografia apresentada a Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do Bonfim-BA, Colegiado de Ciências Contábeis, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Franklin Rami C. O. Regis Senhor do Bonfim 2011
  • 3. FRANCILENE DE SOUZA SILVA APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA, CAMPO FORMOSO-BA Monografia apresentada a Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do Bonfim-BA, Colegiado de Ciências Contábeis, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em 29 de setembro de 2011. BANCA EXAMINADORA _________________________________ Prof. Franklin Rami C. Oliveira Regis Orientador Universidade do Estado da Bahia - UNEB _________________________________ Prof. Francisco Arapiraca Universidade do Estado da Bahia - UNEB _________________________________ Profª. Maria de Fátima Araújo Frazão Universidade do Estado da Bahia - UNEB
  • 4. Aos meus pais, Francisco e Madalena, por mesmo não terem tido a oportunidade de saborear do mundo acadêmico, se sacrificaram para oportunizar-me a fazer parte desse mundo.
  • 5. AGRADECIMENTOS A Deus, pela graça da vida, pelas tristezas superadas, os sonhos realizados e objetivos alcançados. Aos meus pais, meus maiores incentivadores, “meus heróis, meus amigos”. A meu esposo por cuidar da nossa filha, para que eu pudesse desenvolver esse trabalho. As minhas irmãs, na ajuda constante ao longo dessa batalha. Ao meu orientador, Prof. Franklin Rami C. O. Regis, que muito contribuiu no êxito desse trabalho final. A minha amiga Diana e colaboradora desde os primeiros rabiscos em 2009 até agora, na reta final. Aos amigos e colegas do curso. A todos os meus professores por me ajudarem a crescer em sabedoria.
  • 6. Não há ruptura sem dor. A única coisa digna a se fazer é atravessar. [...] A contradição também tem sua beleza. Sobretudo não reclame, o nhennhenhem faz a gente andar em círculos em torno daquilo de que se abriu mão. Se não está resolvido, volte, peça perdão, curve-se, e siga ali até ter certeza de que a coisa não serve mais",[...] Feito isso, largue, deixe em paz, vire a cabeça e perceba que o horizonte está cheio de possibilidades. Maitê Proença, 2011
  • 7. RESUMO Considerando a importância da cultura do sisal para o semi-árido baiano, no entanto tão pouca rentável para os produtores dessa cultura, esta pesquisa monográfica tem como objetivo evidenciar como a Contabilidade de Custo e Rural podem contribuir para otimizar a produção do sisal na região de Tiquara, Campo Formoso - Ba, maior prudutor do estado. No primeiro momento faz-se um breve relato acerca da Contabilidade, evidenciando sua evolução como Ciência, suas principais características, a Contabilidade Rural e o processo de produção da cultura do sisal. Em seguida apresenta-se uma a análise contábil dos custos e a gestão contábil na área agrícola com foco na apuração e controle dos custos na cultura do sisal. A metodologia desenvolvida teve um caráter qualitativo e quantitativo e foi realizada com pesquisa bibliográfica através de livros, revistas, artigos, pesquisas na internet e pesquisa de campo com aplicação de questionários a seis produtores de sisal do Povoado pesquisado, com a finalidade de analisar a situação atual; e observação participante com uma proposta de intervenção. A pesquisa revela que os produtores de sisal pesquisados não fazem uso de mecanismos contábeis, não realizam manejo adequado e que se trata de uma cultura que não oferece rentabilidade. Palavras-Chave: Produtor rural. Produtividade. Controle. Custo de produção. Rentabilidade.
  • 8. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Plantio da lavoura do sisal enfileirada................................ 29 Figura 2 Corte das folhas.................................................................. 30 Figura 3 Transporte das folhas por um asinino................................. 31 Figura 4 Máquina Paraibana para o desfibramento das folhas........ 31 Figura 5 Transporte das folhas por um asisino................................. 33 Figura 6 Secagem da fibra do sisal................................................... 33 Figura 7 Batedeira de sisal................................................................ 34 Fluxograma esquemático do Custeio Por Absorção e Figura 8 Custeio Variável................................................................... 41 Figura 9 Produção de sisal/kg Faz. Boa Vista................................... 57 Figura 10 Produção de sisal/kg Faz. Mandacaru................................ 57
  • 9. LISTA DE QUADROS Tabela 1 Classificação das atividades rurais......................................... 22 Tabela 2 Indicadores PIB/agropecuária.................................................. 24 Tabela 3 Exploração Agrícola................................................................. 52
  • 10. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Percentual de idade das culturas de Sisal existentes no povoado de Tiquara................................................................ 52 Gráfico 2 Perdas na produção decorrente da Podridão vermelha......... 53 Gráfico 3 Percentual de produtores relacionados ao período de corte do sisal. ................................................................................... 54 Gráfico 4 60 Percentual de custos de produção..........................................
  • 11. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APAEB - Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidario da Região sisaleira CAR - Companhia de Desenvolvimento e Ação regional Conab - Companhia Nacional de Abastecimento Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO - Food Agriculture Oganization Fundacentro Fundacentro - Fundação Joge Duprat Figueredo de Medicina e Segurança do Trabalho ha - hectare IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MDA - Ministerio do Desenvolvimento Agrário PIB - Produto Interno Bruto
  • 12. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 12 1 CONTABILIDADE E A PRODUÇÃO DO SISAL ............................................................................ 16 1.1 A CONTABILIDADE E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS .............................................................. 16 1.1.1 Conceito ......................................................................................................................... 16 1.1.2 Objeto e objetivo da Contabilidade ............................................................................. 17 1.1.3 Importância e finalidade ............................................................................................... 18 1.1.4 Evolução Contábil ......................................................................................................... 19 1.2 A CONTABILIDADE RURAL E SUAS ESPECIFICIDADES ...................................................................... 20 1.2.1 Campo de atuação ......................................................................................................... 21 1.2.2 Ramificações .................................................................................................................. 22 1.3 O SISAL E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO ..................................................................................... 24 1.3.1 O sisal e sua importância na agricultura baiana ........................................................ 25 1.3.2 Etapas do processo produtivo ..................................................................................... 27 1.3.2.1 Escolha do terreno e preparo do solo .................................................................................. 28 1.3.2.2 Plantio .................................................................................................................................. 28 1.3.2.3 Colheita ................................................................................................................................ 29 1.3.2.4 Desfibramento ...................................................................................................................... 31 1.3.2.5 Beneficiamento da Fibra ...................................................................................................... 33 1.3.2.6 Mutilações no beneficiamento do sisal ................................................................................. 34 2 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DOS CUSTOS NA CULTURA E PRODUÇÃO DO SISAL .................................................................................................................. 36 2.1 A ANÁLISE CONTÁBIL DOS CUSTOS ............................................................................................... 36 2.1.1 Conceito ......................................................................................................................... 37 2.1.2 Objeto e objetivos da Contabilidade de Custos ......................................................... 38 2.1.3 Classificação dos custos .............................................................................................. 39 2.1.4 Sistemas de Custeio...................................................................................................... 40 2.2 A GESTÃO CONTÁBIL NA ÁREA AGRÍCOLA ...................................................................................... 43 2.2.1 O controle de custos nas atividades agrícolas .......................................................... 43 2.2.2 As peculiaridades da agricultura ................................................................................. 45 2.2.3 O gerenciamento dos custos na produção agrícola .................................................. 46 2.2.4 Dos custos na cultura do sisal ..................................................................................... 47 3 O APRIMORAMENTO DA RENTABILIDADE E CONTROLE DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL ......................................................................................................... 49 3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................ 49 3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ..................................... 51 3.2.1 Exploração Agrícola ...................................................................................................... 51 3.2.2 Sistemas de Produção – Cultura do Sisal .................................................................. 53 3.2.3 Comercialização do Sisal ............................................................................................. 55 3.2.4 Rentabilidade da Cultura do Sisal ............................................................................... 56 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 63 APÊNDICES.......................................................................................................................................... 66
  • 13. 12 INTRODUÇÃO O sisal, uma fibra do grupo cultura hortícula, vem demonstrando crescimento e ocupando lugar de importância na economia. No Brasil, o cultivo do sisal ocupa uma extensa área de solos pobres na região semi-ardida dos Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte, em áreas com escassa ou nenhuma alternativa para exploração de outras culturas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2006), destaca que a importância do sisal para a economia do setor agrícola nordestino pode ser analisada sob diversos aspectos, merecendo destaque a geração de renda e emprego para um contingente de aproximadamente 800 mil pessoas, proporcionando divisas para os Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte. A produção dessa fibra tem apresentado um relevante crescimento nos últimos anos, como aponta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE em pesquisa realizada em 2007. Segundo a mesma, houve um aumento de mais de 60 mil toneladas de sisal em um ano, das quais a Bahia representa 90% da produção. Tendo em vista a representatividade do sisal na economia baiana este trabalho aborda o tema de contabilidade rural voltadada para área de custos no setor sisaleiro. Campo Formoso é um dos maiores produtores dessa cultura, inclusive Carvalho (2007) aponta que em 2007, o município teve participação de mais de 50% da produção do Estado. A maior concentação dessa podução está na região de Tiquara, que fica a 28 km da sede do município. Nesse sentido, a pesquisa foi realizada considerando a prática agrícola dos produtores de Tiquara, tendo como título Apuração e Controle de Custos na Produção de Sisal: Um Estudo no Povoado de Tiquara, Campo Formoso – Ba. Mesmo tendo um grande destaque nesse ramo, os pequenos produtores reclamam dos custos altos e que o lucro não é compensatório. Daí surgiu a indagação: Como a Contabilidade de Custo e Rural podem contribuir para
  • 14. 13 otimizar a produção do sisal na região de Tiquara, Bahia? As hipóteses indicam possíveis soluções para o problema, assim sendo levantou-se o que se segue: os maus resultados na agropecuária podem estar associados à falta de mecanismos contábeis atualizados; logo defende-se que para alcançar melhores resultados e utilizar sua capacidade máxima de produção, a agropecuária exige novos mecanismos contábeis de controle de gastos em função dos avanços no melhoramento das culturas através de insumos e equipamentos; e o não aproveitamento dos resíduos do desfibramento, doenças e o manejo deficitário da fertilidade dos solos dificultam o processo de produção do sisal e encarecem o produto final, comprometendo o lucro dos pequenos produtores. Este estudo teve como objetivo compreender como a contabilidade pode contribuir para otimizar a produção de sisal. E para tanto foi estabelecido o seguinte objetivo geral: investigar a forma de apuração e controle dos custos na produção de sisal de produtores do povoado de Tiquara-Ba e sua relação com o volume e qualidade da produção. Para isso se procurou, especificamente, investigar a importância da Contabilidade no processo de produção da cultura do sisal, averiguar como a contabilidade pode auxiliar na apuração e controle dos custos na cultura do sisal; e propor um método de acompanhamento e controle dos custos visando o aprimoramento do lucro na produção e comercialização do sisal. Segundo dados da Embrapa (2006), a Bahia é o maior produtor de sisal do país e representa mais de 95% da produção da fibra nacional. O cultivo do sisal se estende por 75 municípios, atingindo uma área de 190 mil ha em propriedades de pequeno porte, menores que 15 ha, nas quais predominam a mão-de-obra familiar, perfazendo uma população de aproximadamente 700 mil pessoas que vivem, direta ou indiretamente, em estreita relação com essa fibrosa. Diante da importância dessa fibra na economia do país e, sobretudo, no município de Campo Formoso, é que se evidencia a relevância social desta pesquisa, que adveio da observação a cerca das dificuldades demonstradas por pequenos produtores de sisal da região de Campo Formoso – BA, especificamente no Povoado de Tiquara. Daí surgiu a necessidade de um estudo investigativo, em torno das causas
  • 15. 14 que tornam difícil a produção do sisal desse Povoado, bem como uma proposta de método de apuração e controle dos custos. Essa proposta visa ao melhoramento e aumento da produção, visto que se faz necessário ao produtor, além de conhecer os custos referentes à cultura do sisal, o estabelecimento de mecanismos de apuração e controle, para alcançar melhores resultados. Por está pesquisadora fazer parte da comunidade de Tiquara há mais de vinte anos, e conhecendo de perto as dificuldades desses produtores, surgiu o interesse em pesquisar, com uma visão Contábil, a cultura do sisal. Esse interesse também se respalda no fato de o sisal ter relevante valor para a economia do estado da Bahia e, principalmente, para o povoado supracitado, por ser a maior fonte de renda da população. Nesta pesquisa optou-se por desenvolver um estudo de caráter qualitativo e quantitativo. Qualitativo por envolver a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada. E segundo Fiorentini (2009) “[...] o pesquisador se introduz no ambiente a ser estudado não só para observá-lo e compreendê-lo, mas, sobretudo para mudá-lo [...]”. E quantitativo por mensurar e permitir o teste de hipóteses e resultados mais concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação. (NEVES, 1996). A pesquisa teve como proposta metodológica a coleta de dados através de pesquisa bibliográfica e pesquisa em campo. Primeiramente foi feito a pesquisa bibliográfica, a qual buscou-se conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre o tema pesquisado, através de livros, revistas, artigos, monografias, e uma variedade de produções e periódicos disponíveis na Internet. Em seguida realizou-se uma pesquisa de campo e para tanto se usou como instrumento de coletas de dados o questionário em sistema de entrevista e a observação participante como proposta de intervenção, aplicado a alguns produtores de sisal do povoado de Tiquara, Campo Formoso – BA. Este trabalho teve como objeto de estudo a análise da contabilidade de custos aplicada à produção de sisal, sendo o mesmo apresentado em três capítulos.
  • 16. 15 No primeiro capítulo fez-se um breve relato a sobre Contabilidade, evidenciando sua evolução como Ciência, suas principais características, a Contabilidade Rural e o processo de produção da cultura do sisal. No segundo capitulo, a análise contábil dos custos e a gestão contábil na área agrícola com foco na apuração e controle dos custos na cultura do sisal. O terceiro capítulo demonstra todo processo metodológico no decurso da pesquisa em campo, desde os dados coletados, atividade de intervenção e análise dos dados. E por fim na conclusão apresenta-se algumas considerações referentes á elaboração da presente pesquisa.
  • 17. 16 1 CONTABILIDADE E A PRODUÇÃO DO SISAL Sabe-se que através dos tempos, a área contábil vem criando novas especialidades e, por conta disto, tem ampliado seu campo de atuação, o que a tornou cada vez mais uma ciência indispensável a toda e qualquer atividade humana. Esse avanço diz respeito tanto às atividades com finalidades lucrativas bem como às sem fins lucrativos de pessoa jurídica ou física. Todas as movimentações passíveis de mensuração monetária são registradas pela contabilidade que se utiliza de relatórios para resumir os dados levantados. Essa ferramenta é a base norteadora de todo e qualquer empreendimento, inclusive, no setor agrícola, campo de pesquisa deste trabalho científico que trata da cultura do sisal. 1.1 A CONTABILIDADE E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Importa saber que a Contabilidade já há muito tempo deixou de ser apenas uma “registradora” de débitos e créditos, para ao final de um ano levantar um balanço patrimonial. Hoje, ela deve estar a serviço dos administradores, como um suporte capaz de levar a entidade rumo ao sucesso. Deve-se, portanto, não somente produzir relatórios físicos, mas fazê-los em linguagem acessível aos seus mais diversos usuários. A seguir apresentam-se conceito; objeto e objetivo; finalidade e importância da Contabilidade. 1.1.1 Conceito
  • 18. 17 Em se tratando de conceito de Contabilidade, muitos autores têm se manifestado de forma peculiar nas suas proposições. Neves e Viceconti (2003) afirmam que a Contabilidade é uma Ciência com metodologia própria, e tem como propósito controlar o patrimônio das azienda1, prestar informações às pessoas que tenham interesse na avaliação da situação patrimonial e do desempenho dessas entidades. Marion (1998 p.6) apresenta um conceito mais sintético, porém preciso, definindo-a como “[...] um instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Rios (2009, p. 10), por sua vez, define a Contabilidade de maneira sutil e genérica. A contabilidade pode ser definida como um sistema de informação e avaliação a serviço dos seus usuários; como a arte de registrar as transações das empresas que possam ser expressas em termos monetários ou como a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos econômicos – financeiros ocorridos numa entidade contábil. Diante desses conceitos, fica claro que a Contabilidade é uma ciência social, por ter objeto de estudo e estar a disposição da sociedade. Ela se apresenta como uma “bússola” orientadora a serviço tanto para um indivíduo – pessoa física, quanto para uma empresa com ou sem fins lucrativos – pessoa jurídica. Por fim, pode-se finalizar afirmando que a Contabilidade é um sistema muito bem idealizado, accessível e indispensável para bem gerir todo e qualquer empreendimento. Essa sistemática é feita mediante o registro e controle de todos os atos e fatos econômico-financeiro, decorrente da gestão da riqueza patrimonial e seus reflexos causados pelas suas variações. 1.1.2 Objeto e objetivo da Contabilidade 1 Complexo de obrigações, bens materiais e direitos que constituem um patrimônio, representados em valores ou que podem ser objeto de apreciação econômica, considerado juntamente com a pessoa natural ou jurídica que tem sobre ele poderes de administração e disponibilidade; fazenda.
  • 19. 18 Um dos requisitos primordiais para reconhecer uma área do conhecimento como Ciência é possuir um objeto de estudo. Portanto, a Contabilidade, como Ciência que é, tem como seu objeto o estudo do patrimônio das entidades econômico-administrativas em sua total amplitude. Neste contexto, afirma-se que patrimônio é tudo aquilo que se possui, tanto materiais como imateriais. Porém podendo estar consigo ou em mãos de terceiros, desde que possa ser avaliado em moeda. Ribeiro (2005), ao abordar o tema, aplicando-se especificamente as entidades econômico-administrativas, classifica-o em bens materiais ou imateriais; direitos, valores a receber de terceiros e obrigações, valores a pagar a terceiros. Vale ressaltar que toda e qualquer entidade, para se manter em perfeito equilíbrio, necessita de um fidedigno acompanhamento do seu patrimônio. Partindo desse pressuposto, a Contabilidade tem o objetivo de fazer esse acompanhamento. Portanto, o controle de todos os fatos decorrentes da gestão patrimonial, é indispensável a toda entidade. Tendo em vista que com um acompanhamento controlado a empresa estará amparada e poderá melhor gerir seus negócios. 1.1.3 Importância e finalidade Desde o passado remoto, na Hera primitiva, que havia uma necessidade de o homem registrar seus pertences. Ou seja, uma necessidade em conhecê-los, controlá-los e inventariá-los, para melhor gestão e organização da comunidade. Dessa necessidade de o homem controlar e gerenciar seu patrimônio surgiu, gradativamente mecanismos de registros. Os registros se iniciaram com talhos em pedaços de paus, até se chegar aos dias atuais com sofisticados sistemas contábeis e gerenciais. Portanto o registro, seja por que meio for, é uma necessidade indispensável, principalmente para uma organização a serviço da sociedade. Não importa o seu
  • 20. 19 porte, ele precisa conhecer aquilo que possui e obter o maximo de informações a respeito do empreendimento, para assim, obter resultados positivos. Para Neves e Viceconti (2003, p.20) “[...] prestar informações é de fundamental importância, porque elas são necessárias ao processo de tomada de decisões pelos administradores de uma entidade, bem como pelos demais usuários da contabilidade”. Isso se dá através do fornecimento de informações de ordem econômica e financeira sobre o patrimônio. As informações de ordem econômica dizem respeito à movimentação de compra, venda despesas, receita e lucros ou os prejuízos; já as informações de ordem financeira se referem ao fluxo de caixa, entradas e saídas de dinheiro. (RIBEIRO, 2005) 1.1.4 Evolução Contábil A contabilidade integra hoje um setor muito importante do conhecimento e constitui parte do que se convencionou chamar de “ciência da informação”. Ela não esgota, em si, todas as informações necessárias à tomada de decisões, mas dispõe de recursos que lhe permite registrar dados, levantar posições e apresentar demonstrações dos resultados da gestão das organizações. De acordo Iudícibus “e outros” (2006, p.1), A contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer este, seja este pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. O estudo da contabilidade vem passando por uma transformação acentuada, com o objetivo de transformá-la num instrumento eficiente de administração, sofrendo os seus conceitos básicos uma evolução condizente com as atuais condições econômicas do mundo. No entanto no século passado, a contabilidade foi
  • 21. 20 usada como instrumento de controle nos países que tinham regime político e econômico controlado pelo governo de forma centralizada. (IUDÍCIBUS “e outros”, 2006). Dentro desse contexto a ciência contábil, hoje utilizada por qualquer pessoa que objetiva a lucratividade, passou por evoluções ao longo dos anos acompanhando o desenvolvimento econômico da sociedade. [...] o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial. (IUDÍCIBUS “e outros”, 2006, p.1). Esse processo de modernização da contabilidade apóia-se preferencialmente na experiência fornecida e vivida pelas empresas. Com isso, ao longo dos tempos, tem alcançado grandes avanços, tanto quantitativos como qualitativos, principalmente com o advindo do capitalismo. Portanto, a Contabilidade fornece aos administradores um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados aspectos das gestões financeiras e econômicas das empresas. Segundo Iudícibus “e outros” (2006), a ciência contábil é dividida em dois campos de atuação: a Contabilidade Financeira, que tem maior utilidade ou visaria os agentes econômicos externo da empresa, e é apresentada através de demonstrativos financeiros que são o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados, a Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos e os Fluxos de Caixa. O outro campo é a Contabilidade Gerencial, que visaria primeiramente à administração da empresa, e nela esta incluída também a Contabilidade de Custos, a qual muito será abordada neste trabalho. 1.2 A CONTABILIDADE RURAL E SUAS ESPECIFICIDADES
  • 22. 21 A atividade rural vem crescendo significativamente ao longo dos anos, e em virtude desse crescimento a sua importância econômica perante a sociedade é cada vez maior. Assim sendo a Contabilidade uma ciência que estuda o patrimônio, dentro do ramo de atividades de qualquer setor da economia, é correto afirmar que o setor rural é assistido pela Contabilidade Rural. 1.2.1 Campo de atuação A contabilidade rural é usada por empresas rurais ou pessoas físicas, que são os pequenos e médios produtores, de acordo com as atividades desenvolvidas. As peculiaridades de cada empresa rural determinarão o tipo de organização contábil a ser adotado, devendo esta adaptar-se ás características especiais de gestão e organização da empresa. Para isto, torna-se necessário o perfeito conhecimento dos elementos materiais e humanos, a natureza das culturas e das criações o sistema de gestão econômica, a orientação e os desejos da administração para a escolha das contas, dos registros e dos formulários (meios formais) a serem utilizados. (CALLADO; CALLADO, 1994, p.4). Uma boa administração, e um melhoramento nos resultados das atividades rurais, requer uma atenção e conhecimento da área de produção. E para tanto, as técnicas contábeis são indispensáveis, independente do porte, se pessoa física ou jurídica, para uma boa gestão tanto no que diz respeito aos recursos materiais como aos recursos humanos. Na definição de Crepaldi (1998, p. 23), a “Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”. Os campos de atuação da Contabilidade Rural são as atividades de exploração da terra, como define Crepaldi (2006). O mesmo explica que essas atividades podem ser: “[...] cultivo de lavouras ou a criação de animais, com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer às necessidades humanas”.
  • 23. 22 1.2.2 Ramificações Essa Contabilidade pode ser ramificada com diversas especificações, por conta da sua diversidade de produção. A variação dessas especificações é apresentada por Crepaldi (1998), da seguinte forma: atividades em agricultura, pecuária, extração e exploração vegetal e animal, além de transformação de produtos agrícolas ou pecuários. Em relação às transformações dos produtos rurais, afirma que estas não devem alterar a composição e as características do produto in natura, pois se assim ocorresse, seria puramente industrialização. Essa observação tem relação com o aspecto tributário das atividades rurais, que será tratada adiante. Já Marion (2007), classifica de acordo com cada ramo de atividades desenvolvidas relacionadas à produção vegetal que são as atividades agrícolas: à produção animal, as atividades zootécnicas e indústrias rurais, as atividades agroindústrias. Para ele essas atividades comportam determinados cultivares exposto no quadro a seguir. Quadro 1 – Classificação das atividades rurais ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE AGRÍCOLA ZOOTÉCNICA AGROINDUSTRIAL  Apicultura (criação de  Beneficiamento do abelhas); produto agrícola (arroz, café, milho);  Avicultura (criação de aves);  Transformação de produtos zootécnicos  Cunicultura (criação de (mel, laticínios, coelhos); casulos de seda);  Culturas hortícolas e forrageira:  Pecuária (criação de  Transformação de gado); produtos agrícolas (cana-de-açúcar em  Piscicultura (criação de álcool e aguardente; peixes); soja em óleo; uvas em vinho e vinagre;  Ranicultura (criação de moagem de trigo e rãs); milho).  Sericicultura (criação do bicho-da-seda);
  • 24. 23  Outros pequenos animais.  Cereais (feijão, soja, arroz, milho, trigo, aveia...);  Hortaliças (verduras, tomate, pimentão...);  Tubérculos (batata, mandioca, cenoura...);  Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta...);  Especiarias (cravo, canela...);  Fibras (algodão, pinho...);  Floricultura, forragens, plantas industriais...  Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta...);  Especiarias (cravo, canela...);  Fibras (algodão, pinho...);  Floricultura, forragens, plantas industriais...  Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta...);  Especiarias (cravo, canela...);  Arboricultura:  Florestamento (eucalipto, pinho...);  Pomares (manga, laranja, maçã...);  Vinhedos, olivais, seringais etc. Fonte: Marion (2005, p.24-25). A lista (quadro 1) não é exaustiva, pois muitas outras culturas poderiam ser elencadas, tais como o sisal que esta alocada ao grupo das culturas hortícolas, especificamente o das fibras.
  • 25. 24 1.3 O SISAL E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO A agropecuária é um setor crescente na economia brasileira, de 2002 até 2009 somaram uma aumento de quase 50% do produto interno bruto – PIB como mostra valores no quadro 2. Quadro 2 – Indicadores PIB/agropecuária PRODUTO INTERNO BRUTO ANO AGROPECUÁRIA 2002 R$ 84.251.000,00 2003 R$ 108.619.000,00 2004 R$ 115.194.000,00 2005 R$ 105.163.000,00 2006 R$ 111.229.000,00 2007 R$ 127.267.000,00 2008 R$ 152.273.000,00 2009 R$ 166.705.000,00 Fonte: Conab (2010) Dentre as diversas atividades desse ramo está a produção de sisal, uma fibra do grupo cultura hortícola, que só em 2007 exportou US$ 100 milhões (SISAL NEWS, 2007). Essa fibra é utilizada na fabricação de cabos, cordoalhas, artigos de artesanato, além de se utilizar a polpa para produção de ração para os animais, adubos, álcool, cera etc. São dois os tipos de sisal: sisalana (sisal comum) e Híbrido. O primeiro é amplamente cultivado na região nordeste, enquanto o segundo é menos cultivado e, segundo Souza Sobrinhos (1985 apud EMBRAPA, 2006), esta espécie foi desenvolvida na região oeste da África. O sisal dá origem à principal fibra dura produzida no mundo, contribuindo com aproximadamente 70% da produção comercial de todas as fibras desse tipo. (Food Agriculture Oganization - FAO, 2003). No Nordeste do Brasil, a exploração do sisal se concentra no interior dos Estados da Bahia e Paraíba, que representam 78% e 20%, respectivamente, da produção nacional (CONAB, 1996), em áreas onde, geralmente, as condições de clima e solo são poucos favoráveis ou de escassas alternativas para a exploração de outras culturas que ofereçam resultados econômicos satisfatórios.
  • 26. 25 A fibra do sisal, na forma bruta, beneficiada ou industrializada, representa fonte de divisas e riqueza para estes Estados, pois se trata de um produto de exportação que gera da ordem de 80 milhões de dólares. É também, pela capacidade de geração de emprego, por meio de sua cadeia de serviço, com as atividades de manutenção das lavouras, desde a colheita, desfibramento, beneficiamento da fibra, até a industrialização e confecção de artesanato (SILVA; BELTRÃO, 1999). A exploração do sisal concentra-se, geralmente, em áreas de pequenos produtores, com predomínio do trabalho familiar sendo, portanto, importante agente de fixação do homem à região semi-árida nordestina. Além de servir como atividade de apoio à pecuária em nível das fazendas, pelo uso direto da planta na alimentação dos bovinos ou através da pastagem nativa nas áreas exploradas com a cultura. Levando-se em consideração o número de pessoas envolvidas direta ou indiretamente no processo produtivo, que é cerca de 850 mil pessoas (Companhia de Desenvolvimento e Ação regional – CAR (1994 apud APROSICS, 1997), é de fundamental importância a busca de alternativas que viabilizem a competição da fibra com os fios sintéticos. Visto que eles se constituem também num dos principais fatores responsáveis pelo baixo preço da fibra do sisal. Neste particular, a redução dos custos de produção, o aproveitamento dos subprodutos do desfibramento e a maior eficiência no processo de descortiçamento, são pontos que devem ser atacados em primeiro plano, para tornar a cultura atrativa. Assim, a Embrapa vem desenvolvendo pesquisas em diferentes áreas de conhecimento, com o objetivo de definir um novo sistema de produção, de viabilizar a mucilagem para alimentação animal e de apresentar alternativas de uso da fibra. 1.3.1 O sisal e sua importância na agricultura baiana
  • 27. 26 A cultura do sisal é de fundamental importância na agricultura por ser fonte de renda para milhares de brasileiros, especificamente na região nordeste. A cultura do sisal gera mais de meio milhão de empregos em áreas marginais com vistas à prática da agricultura; sua ampla adaptação ao semi- árido da região Nordeste também constitui outra vantagem deste cultivo. Região Sisaleira no estado baiano apóia-se espacialmente nas regiões econômicas do Nordeste (15 municípios), da Piemonte da Diamantina (12 municípios) e do Paraguaçu (10 municípios). (CARVALHO, 2007, p.25) Com clima propício para a produção do sisal, as populações baianas vêem na atividade sisaleira uma forma de promoção e inclusão social das comunidades que subsistem desta cultura. Segundo pesquisa realizada sobre a produção de sisal na Bahia o Centro Norte produziu 105 mil toneladas, o Nordeste 87 mil toneladas e o Centro Sul 1.431 toneladas, sendo que o ranking com o município de Campo Formoso com a produção de 58.055 toneladas (CARVALHO, 2007). Por ser o maior produtor mundial, a Bahia deverá sempre apresentar uma oferta crescente deste produto no mercado, e nesse sentido Silva (2004) defende que para assumir o compromisso de abastecer a indústria sisaleira, deverá ser feito na região um incremento no consumo, da ordem de 33.000 ton/ano a mais do que o consumo atual. Neste contexto, Carvalho (2007) afirma que “[...] o desenvolvimento de novos sistemas de produção que viabilizem a competição da fibra com os fios sintéticos, a redução de custos de produção, o aproveitamento dos subprodutos [...]” são extremamente necessários. Apesar da grande importância sócio econômica que o sisal apresenta para os 27 municípios produtores do Estado da Bahia, e dos 20 da Paraíba (CAR, 1994 apud APROSICS, 1997), é fácil compreender o grau de importância que o produto (fibra e Barbante) sofre em relação às condições impostas pelo mercado internacional. Contudo, o advento da globalização da economia tem agravado muito a situação da cultura do sisal. A baixa rentabilidade inviabiliza a prática dos tratos culturais, levando esta ao abandono ou cedendo espaço para pastagens e outras
  • 28. 27 culturas, muitas vezes de alto risco, diante das condições locais de solo e clima. Outro agravante é a perda ocasionada por doença, pois segundo dados publicados pelo brazilianfibres (2010), “[...] nos últimos 10 anos, a produção de sisal no sertão da Bahia vem declinando acentuadamente devido à ocorrência da podridão vermelha, uma doença que ataca o pseudo caule matando a planta.” A Podridão Vermelha do sisal, também chamada de Podridão do tronco do sisal, é uma doença fungíca, cujo agente causal é o Aspergillus niger um ascomiceto, que pode ser veiculado pelo solo, água, vento, ferramentas infectadas e a doença é caracterizada pelo escurecimento interno dos tecidos do tronco. (SUINAGA “e outros”, 2005). Os mesmos autores afirmam que não existe tratamento curativo para a doença, entretanto destaca algumas medidas preventivas: [...] arrancar e queimar plantas com seus sintomas; plantar filhotes (rebentos) provenientes de campos sadios para implantação de novos campos; utilizar o resíduo do desfibramento como adubação orgânica para melhorar a fertilidade do solo, evitando-se estresses nutricionais á planta e manter por maior tempo a umidade do solo e o plantio consorciado com outras culturas. (SUINAGA “e outros”, p. 37, 2005). 1.3.2 Etapas do processo produtivo A produção do sisal na região do Nordeste é muito promissora, por apresentar clima quente e semi-árido adequado ao seu bom desenvolvimento. “O sisal prefere também dias completamente ensolarados; pois, caso contrário, as folhas se tornam flácidas, diminuindo o vigor e enfraquecendo as fibras”. (BANDEIRA “e outros”, 1999, p. 13). Os tratos no processo produtivo com a cultura do sisal, tecnicamente falando são bastante simples, visto que suas etapas se desenvolvem com mínima tecnologia. Geralmente é realizado por grupos familiar, basicamente manualmente.
  • 29. 28 1.3.2.1 Escolha do terreno e preparo do solo A área escolhida deve ser de elevações suaves e, de preferência, com exposição leste-oeste, correspondente à maior luminosidade, fator preponderante no desenvolvimento do sisal.(SILVA; BELTRÃO, 1999). De acordo com Castro (2006), os melhores solos para o cultivo do sisal são os rasos e pedregosos, arenosos e argilosos. Solos muito comuns no semi-arido nordestino, têm contribuído para a implantação da cultura nessa região. O mesmo autor diz que no preparo do solo, a necessária limpeza do terreno pode realizada através de diversas operações: • desmatamento – em áreas extensas recomenda-se o uso de correntão; para áreas menores, deve-se usar a tração mecânica ou efetuá-lo manualmente; • queima – deve ser efetuada de forma criteriosa; • encoivaramento – consiste no ajuntamento dos restos de vegetais de maior porte. • ou ainda: repasse, aração, gradagem 1.3.2.2 Plantio Após o preparo do terreno (Bandeira, 1999) diz que: [...] procede-se à marcação da área para o plantio das mudas que deve ser sempre cortando as águas sem, no entanto, acompanhar rigorosamente as curvas de nível. Em terrenos planos, recomenda-se que as linhas de plantio sigam o sentido perpendicular ao caminhamento do sol, para se evitar o sombreamento entre as plantas; é aconselhável, também, que os talhões apresentem dimensão de aproximadamente 2ha, com o objetivo de facilitar a operação de colheita e o transporte da produção. (p.14)
  • 30. 29 Silva e Beltrão (1999) acrescentam que a não-observação das recomendações para plantio poderá implicar na formação de sisalais desuniformes quanto ao tamanho das plantas, à época de corte, à produção e à maturidade das fibras produzidas. Quando do plantio definitivo, os mesmos autores orientam que o produtor deve proceder à abertura de sulcos, com sulcador tratorizado, em solos que permitam o tráfego de máquinas, ou covas, com enxada ou enxadão, em terrenos com topografia acidentada e em perfeito alinhamento enfileiradas. (Figura 1.) Figura 1. Plantio da lavoura do sisal enfileirada Foto: Odilon R. R. F. da Silva. Os tratos culturais recomendados por Silva e Beltrão (1999), após o plantio são de duas a três capinas no primeiro ano, dependendo da incidência das invasoras e, para o segundo ano, uma ou duas capinas, podendo ser uma logo após o início do inverno e outra no final. 1.3.2.3 Colheita A primeira etapa do processo de colheita do sisal consiste no corte periódico de determinado número de folhas da planta, feito manualmente, com uma pequena foice ou faca, rente ao tronco. (Figura 2)
  • 31. 30 Em geral, na região Nordeste, a planta de sisal é submetida a um corte por ano, mas este intervalo (12 meses) nem sempre é observado, pois, dependendo da conjuntura de preços do mercado, o produtor pode protelar, ou então antecipar o corte e, quando o antecipa, geralmente procede a um corte drástico, incluindo folhas prematuras, o que afeta a qualidade da fibra. Em condições normais de colheita, a prática viável é realizar o primeiro corte, aproximadamente, aos 36 meses após o plantio, (figura 2: plantio) podendo ser colhidas entre 50 e 70 folhas, deixando-se entre 7 a 12 folhas. ( BANDEIRA, 1999). Por ser um vegetal monocárpico, isto é, floresce uma só vez durante o ciclo de crescimento e desenvolvimento que é de, em média, 8 a 10 anos; decaindo a produção e posteriormente, a planta morre. (SALES, 2004) Figura 2. Corte das folhas Foto: Odilon R. R. F. da Silva. Para o custo de produção da cultura do sisal, o transporte das folhas cortadas para o local do desfibramento é um componente importante. Assim, deve-se buscar, sempre, a menor distância a percorrer, de forma que as folhas cheguem com regularidade, em abundância e no menor tempo possível. No Nordeste, o transporte é feito por asininos (jumentos) utilizando-se cangalhas com cambitos (gancho tipo V de madeira) em seu dorso, onde são colocadas as
  • 32. 31 folhas. (Figura 3.) Esses animais podem “[...] transportar, aproximadamente, 200 folhas por viagem, que pesam em torno de 100 a 130 kg”. (BANDEIRA, 1999, p. 34). Figura 3. Transporte das folhas por um asinino. Foto: Odilon R. R. F. da Silva. 1.3.2.4 Desfibramento Após a colheita é feito o desfibramento, que consiste na eliminação da polpa das fibras mediante raspagem mecânica. A principal desfibradora dos campos de sisal é máquina, denominada „motor de agave‟ ou „máquina Paraibana‟. (Figura 4) Por sua simplicidade, a máquina Paraibana apresenta baixa capacidade operacional (de 150 a 200 kg de fibra seca, em um turno de 10 horas/dia), produz grande desperdício de fibra (em média 20% a 30% das fibras contidas na folha) e, sobretudo, envolve um número elevado de pessoas para a sua operacionalização, aumentando assim os custos de produção. (SILVA; BELTRÃO, 1999).
  • 33. 32 Figura 4. Máquina Paraibana para o desfibramento das folhas. Foto: Odilon R. R. F. da Silva. Segundo Bandeira “e Outros” (1999, p. 37), “[...] em operação normal desfibram-se, em média, 20 a 30 folhas por minuto, ou 1.200 a 1.800 folhas por hora ou, ainda, 550 a 820 kg de folhas/hora”. Castro (2006, p. 12) descrimina os trabalhadores envolvidos no desfibramento da seguinte forma:  Cortador: colhe as folhas das plantas, cortando-as com um instrumento apropriado denominado foice; o numero de pessoas envolvidas nesta atividade pode variar de uma a três;  Enfeixador: amarra as folhas em forma de feixes que serão transportados até a máquina de desfibramento;  Cambiteiro: recolhe os feixes e os transporta até a máquina, no dorso dos animais;  Puxador: é o responsável pela operacionalização da máquina; esta atividade envolve uma ou duas pessoas, dependendo a região produtora;  Fibreiro: responsável pelo abastecimento da maquina com as folhas e pela recepção das fibras, que são pesadas com umidade; esta atividade poderá ser realizada por uma ou duas pessoas;  Bagaceiro: retira da máquina os resíduos do desfibramento.
  • 34. 33 Após o processo do desfibramento, a fibra obtida é transportada, no dorso de animais (Figura 5), para a secagem, por exposição ao sol, durante 8 a 10 horas em uma área onde as fibras não absorvam impurezas, “como em varais ou estaleiros do tipo triângulo ou estrado, ambos feitos com fios de arame galvanizado. (Figura 6.) Recomenda-se, para melhor secagem, a reviragem da fibra, uma ou duas vezes, até que atinja a umidade média de 13,5% e, a seguir, que as fibras sejam arrumadas em pequenos feixes, amarradas pela parte mais espessa e conduzidas ao depósito para serem armazenadas sem serem dobradas. (SILVA; BELTRÃO, 1999, p. 82). Figura 5. Transporte das folhas por um asisino. Foto: Odilon R. R. F. da Silva. Figura 6. Secagem da fibra do sisal Foto: Odilon R. R. F. da Silva. 1.3.2.5 Beneficiamento da Fibra
  • 35. 34 Após o processo de secagem da fibra em campo, é feito o transporte para galpões fechados, em geral localizados na zona urbana dos municípios, onde estão localizadas as máquinas denominadas de batedeiras. Nas batedeiras ocorre a etapa de batimento das fibras, para remoção do pó que as envolve. (Figura 7.) No Nordeste, grande parte dos produtores de sisal comercializa seu produto na forma bruta, sem realizar qualquer processo de melhoria da fibra, como o batimento ou o penteamento, operação que remove o pó e o tecido parenquimatoso aderente aos feixes fibrosos, além da retirada das fibras de pequeno comprimento, resultando em um produto limpo, brilhoso, macio e valorizado. (BANDEIRA “e outros”, 1999, p. 45). Cada batedeira ocupa dois homens e a produtividade é de 15 toneladas/homem/semana. Atualmente, existem cerca de 50 batedeiras, somente no estado da Bahia. (ALVES; SANTIAGO; LIMA, 2005) Figura 7. Batedeira de sisal Foto: Odilon R. R. F. da Silva. Importante observar a tecnologia adotada no batimento da fibra, bastante arcaica, não tendo passado por inovações desde que se implantou a cultura sisaleira no Nordeste. Portanto, há bastante espaço para ganhos em termos de produtividade no batimento da fibra, desde que se avance na tecnologia adotada no processo. 1.3.2.6 Mutilações no beneficiamento do sisal
  • 36. 35 Ainda que o Brasil seja o maior produtor mundial de sisal, ocupando posição privilegiada no ranking, infelizmente essa realidade não condiz com as condições de saúde e segurança de quem trabalha na colheita, beneficiamento e industrialização da planta, a qual é convertida em artigos, como fios, cordas, tapetes, entre outros, exportados para diversos países. O processo de desfibramento feito com o “motor Paraibano” tem provocado acidentes que resultam em graves mutilações de dedos, mãos e até mesmo parte do braço. “Isso porque o trabalho nessa máquina, que gira em alta velocidade, obriga que o operador aproxime as mãos das engrenagens para introduzir as folhas do sisal e para puxar as fibras já beneficiadas.” (CARVALHO, 2007) A pesquisadora Yamashita (2007), coordenadora do Projeto Sisal da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho), entidade ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego, também alerta sobre os riscos da atividade sisaleira, responsável por 3.000 (três mil) trabalhadores mutilados, vítimas do processo de produção do sisal. Ela ressalta ainda a necessidade do desenvolvimento de uma nova máquina de desfibramento do sisal para substituir a chamada “Máquina Paraibana”. Uma parceria entre a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação da Bahia, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira viabilizou a produção e distribuição de 140 unidades de uma máquina desfibradora de sisal que acaba com o risco de mutilação de agricultores. (Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira - APAEB, 2010) Inventada por José Faustino Santos, a desfibradora “Faustino V” tem como principal diferença em relação às tradicionais paraibanas, o fato de evitar totalmente o risco de mutilação, além da nova forma de processamento da folha que evita esforços físicos por parte dos produtores. (Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, 2010) Segundo o Ministro do MDE, Guilherme Cassel com a distribuição das 200 (duzentas) máquinas, o próximo passo é ampliar os investimentos e criar uma linha de financiamento para suprir todo o mercado. (APAEB, 2010).
  • 37. 36 2 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DOS CUSTOS NA CULTURA E PRODUÇÃO DO SISAL As atividades agrícolas muito têm a se beneficiar das novas especializações da contabilidade principalmente no que diz respeito à contabilidade de custos, visto que tem um papel primordial de auxílio no controle e administração das culturas agrícolas. Uma vez que a cultura do sisal, como qualquer outro empreendimento, utiliza- se da Contabilidade de Custos, é imprescindível conhecer suas principais características. E desde então quais os processos nela envolvidos, tais como a análise contábil dos custos No entanto essa analise não esta dissociada de uma gestão contábil na área agrícola. Daí surge à necessidade da utilização dos mecanismos da Contabilidade Rural que é definida por Nepomuceno (2004, p.10) como sendo “[...] um instrumento útil ao conhecimento dos resultados por atividade no setor rural, tanto quanto o é na indústria, porém ao alcance de seus usuários”. Nesse sentido, tem-se observado que a cultura do sisal, como qualquer atividade comercial, requer um rigoroso acompanhamento dos seus custos para obtenção de melhores resultados financeiros. Alguns teóricos, como Rios, Marion, Crepaldi, Borilli, entre outros, tratam da aplicação da contabilidade na área rural. Embasados nesses teóricos e partindo dos pressupostos acima mencionados, busca-se averiguar como a contabilidade pode auxiliar na apuração e controle dos custos na cultura do sisal. 2.1 A ANÁLISE CONTÁBIL DOS CUSTOS Estudar a contabilidade de uma entidade requer vasto conhecimento a cerca de todo o aparato empresarial. Entretanto, a Contabilidade não se basta no estudo,
  • 38. 37 mas sim em interagir diretamente no processo de gestão. Para tanto, a Contabilidade de Custos surge para bem atender as diversas necessidades gerenciais da entidade. Talvez se possa pensar que o uso da Contabilidade de Custo esteja relacionado ao porte empresarial, no que se alude a grandes estruturas físicas, administrativa e operacional. Porém, a aplicabilidade da Contabilidade de Custos se faz necessário em todo empreendimento, desde que ele almeje um sistema de gestão eficiente conexo a um controle de qualidade e, consequentemente, o alcance de melhores resultados. Nesse mesmo sentido, Leone (2008, p.8) em seu livro direcionado a área de Custos, faz menção ao vasto campo de atuação dessa área Contábil, estando-a “[...] aplicada a vários segmentos da economia: indústrias, comércio e serviços, incluindo o segmento empresarial, cujas empresas têm finalidades de lucros, como também instituições de fins ideais [...]. Assim sendo, é a evidente amplitude da Contabilidade de Custos, e mais, da sua importância em todos os setores da economia, independente do porte da organização. 2.1.1 Conceito A Contabilidade, como muitos outros campos do saber, costuma atribuir adjetivos a seus ramos de especialização. Dessa forma, tem-se a Contabilidade de Custos, uma ramificação Contábil, fonte norteadora de estudo desta Pesquisa Científica. Leone (2008) afirma, numa visão gerencial, que a Contabilidade de Custos refere-se ás atividades de coleta, e fornecimento de informações, necessárias ao auxílio na tomada de decisão. O mesmo autor conclui que essas atividades “se assemelham a um centro processador de informações, que recebe (ou obtém) dados, acumula-os de forma organizada, analisa-os e interpreta-os, produzindo informações de custos para os diversos níveis gerenciais”. (LEONE, 2008, p.10)
  • 39. 38 Martins (2008) acrescenta ainda que além do auxílio á tomada de decisões, tem importante função de controle. E nessa função a Contabilidade de Custos, ainda na visão de Martins (2008), designará dados para o “[...] estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar efetivamente o acontecido para comparação com valores anteriormente definidos”. Percebe-se, a partir da análise exposta acima, que a Contabilidade de Custos é, na verdade, um conjunto de sistemas integrados e bem qualificado. Está para tanto, estruturado de forma a atender eficientemente as necessidades de controle e suporte gerencial a todo e qualquer setor da economia. 2.1.2 Objeto e objetivos da Contabilidade de Custos Apurar os custos de uma empresa representa todo o trabalho da Contabilidade de Custos. Por isso, a empresa, juntamente com toda a sua estrutura operacional, administrativa, seus serviços e produtos, constitui seu objeto de estudo. Segundo Leone (2008), a Contabilidade de Custos deve estudar cada segmento da empresa para, posteriormente, ser capaz de produzir informações acerca de custos imprescindíveis à organização e controle empresarial. Importa salientar que diferentes informações são produzidas para atender as diversas necessidades gerencias, dos diferentes seguimentos. A Contabilidade de Custos produz informações gerenciais a depender das necessidades empresariais com os seguintes objetivos: deliberar acerca dos rendimentos; avaliar a situação patrimonial; controlar as operações, bem como os custos a elas incorridas; auxiliar estrategicamente no planejamento e tomada de decisões.
  • 40. 39 2.1.3 Classificação dos custos São diversas as formas de classificar os custos, a depender das atividades desenvolvidas e a que fim se deseja. Contudo, a qualificação de cada custo dar-se-á mediante a necessidade ou não da administração. Na diversidade dos tipos de custos, necessário se faz apresentar os tipos de custo de maior relevância, e por que não dizer, mais usual. Tem-se porquanto os custos relacionados aos produtos, classificados em diretos e indiretos; os relacionados ao comportamento das atividades podendo ser fixos e/ou variáveis. Vários autores se propõem a conceituar os diversos tipos de custos. Porém, vale aqui apresentar as idéias de Leone (2008, p.58), acerca dos Custos Diretos e indiretos, por tratar de uma forma tão perspicaz, identificando esses custos a depender do elemento a que se deseje custear: Todo item de custo que é identificado naturalmente ao objeto do custeio é denominado de custo direto.[...] todo item de custo que precisa de um parâmetro para ser identificado e debitado ao produto ou objeto de custeio é considerado um custo indireto. (LEONE, 2008, p.58) Já versando a respeito dos custos Fixos e Variáveis, o mesmo autor relaciona-os às mudanças nas atividades. Explica que o Custo variável aumenta proporcionalmente ao nível da atividade, aparecendo somente quando a atividade ou produção é realizada. E quanto aos Custos Fixos são constantes no total, na faixa de volume relevante da atividade esperada. Martins (2008, p. 52.) acrescenta ainda que Custos “Fixos são os que num período têm seu montante fixado, não em função de oscilações na atividade e, Variáveis os que têm seu valor determinado em função dessa oscilação”. Importa saber que as exibições referentes aos Custos Fixos e Variáveis não levam em consideração os produtos feitos ou serviços prestados, como acontecem com os Custos Diretos e Indiretos. Levam sim em consideração o valor total do custo em um determinado período combinado ao volume de produção.
  • 41. 40 2.1.4 Sistemas de Custeio É condição preponderante, para o funcionamento satisfatório de qualquer empresa, uma estrutura bem organizada. No entanto, isso só será possível, mediante planejamento interligando todos os setores empresariais e, sem duvida, de uma boa Contabilidade de Custos. Contudo, constitui necessidade fundamental para uma boa Contabilidade de Custos, a existência de uma forma de quantificação de volumes físicos consumidos e fabricados. Daí os sistemas de custo assumem parte integrante nesse processo de quantificar, utilizando mecanismos sistematizados capazes de registrare organizar os volumes monetários e não monetários. Para desempenhar essa tarefa, a Contabilidade atua por meio de dois sistemas básicos de custeamento: o sistema de custeamento por ordem de produção e o sistema de custeamento por processo. A escolha de um desses sistemas dependerá de como ocorre o processo de produção. O sistema de custeamento por Ordem de produção é apropriado para empresas que trabalham com a produção por encomenda, e serão, portanto, produtos diferenciados. Já o sistema de custeamento por processo, é recomendado às empresas de produção em massa, que produz continuamente para atender as demandas do mercado consumidor. No entanto, Martins (2008) salienta que, é muito comum uma mesma empresa fazer o uso de ambos os sistemas de custeio. Em um determinado setor da empresa, poderá produzir uma parte do produto por ordem. No outro setor produzir outra parte de forma continua. Todavia, importa saber que os dois sistemas, atuando juntos ou não em uma empresa, operam com um único objetivo: a determinação do custo de produção. Os sistemas de Custeio são norteados, por dois principais critérios de acumulação de custos, ou métodos de custeio. O custeamento por absorção, muito complexo, porém o único aceito pela legislação fiscal brasileira; e custeamento
  • 42. 41 variável mais simples e de grande relevância para o planejamento e tomada de decisão. O custeio por absorção, como o próprio nome diz, absorve a parcela dos custos diretos ou indiretos, fixos ou relacionados à fabricação. Enquanto que o custeio variável admitirá ao custo do produto, somente os custos diretos e variáveis. A cerca do exposto acima, Dutra (2003), acrescenta que o método por absorção consiste em associar aos produtos e serviços, os custos que ocorrem na execução das atividades de bens e serviços, considerando todos os custos aplicados. Enquanto que o custeio variável envolve somente os custos variáveis, quer sejam diretos ou indiretos, necessários a obtenção do produto ou serviço. O diagrama apresentado (Figura 7.) representará bem a estrutura do Custeio por Absorção e do Custeio Variável. Custos variáveis C. ABSORÇÃO fixos matéria-prima PRODUTO mão-de-obra energia C. VARIÁVEL depreciação materiais PRODUTO indiretos manutenção Figura 8. Fluxograma esquemático do Custeio por Absorção e Custeio Variável. Fonte: Nossa autoria . Outro método ser comentado é o Custeio Baseado em Atividade (ABC – abreviatura do inglês “Activity Based Costing”), face que não se limita ao custeio de produtos, mas antes de tudo, é uma importante ferramenta de gestão contábil.
  • 43. 42 Diferentemente do custeio absorção e variável, o custeio ABC envolve tanto os custo quando despesa1, desde que estejam no grupo gastos indiretos. Comportando assim uma capacidade preponderante para identificar o custo das atividades, permitindo uma visão mais acentuada da relação custo/beneficio. Na concepção de Eliseu (2008, p. 295) o custeio ABC: Permite o levantamento do quanto se gasta em determinadas atividades, tarefas e processos onde não se agrega valor ao produto (manufaturado, na forma de serviços etc.), mesmo que com a devida cautela em função da sempre permanente presença de algum nível de erro. Dessa forma, o autor trata de uma peculiaridade desse método. Outro autor que também se posiciona a respeito, é Dutra (2003), destacando que todos os recursos são despendidos nas atividades, as quais são consumidas pelo produto custeado. O mesmo afirma que esse feitio “[...] possibilita a analise de cada objeto de custo após a mensuração dos gastos de todas as atividades, sejam elas referentes á produção ou á administração”. (DUTRA, 2003, p. 235) O ABC, por ser também uma ferramenta de gestão de custos, pode ser implantado com maior ou menor grau de detalhamento, dependendo das necessidades de informações gerenciais para o gestor, o que está intimamente ligado ao ramo de atividade e porte da empresa. Portanto, a implementação dessa forma de custeio requer uma cuidadosa análise do sistema de custo, visto que sem este procedimento, que contemple funções bem definidas e fluxo de todos os processos, pode tornar-se inviável a sua aplicação de forma eficiente e eficaz. Restam aos detentores da gestão analisar qual a real necessidade da empresa e qual a sua condição em implantar determinado tipo de método custeio em detrimento de outro. 1 As Despesas são gastos todos que não relacionados com o processo de transformação ou produção dos bens e produtos de uma empresa.
  • 44. 43 2.2 A GESTÃO CONTÁBIL NA ÁREA AGRÍCOLA Por base em todas as movimentações financeiras, dentro de um empreendimento, tem-se como fator chave, a atuação da Contabilidade. Sendo esta indispensável para gestão da empresa agrícola, bem como as que atuam com outros ramos de atividades. Todo entidade de sucesso necessita de um bom Controle Patrimonial, sucedida por uma Gestão Contábil eficiente. No entanto contabilidade, por si só, vai muito além de simples controle dos números e comparações de resultados. Ela, associada a um bom Sistema de Contabilidade de Custo, “[...] é hoje uma realidade fundamental para alcançar resultados de produtividade que garantam o sucesso do empreendimento”. (ULRICH, 2009) Pedrosa (2006) por sua vez, ratifica dizendo que há adequados sistemas de contabilidade e custos, a empresa terá condições de controlar sua atividade, economizando nos custos e aumentando sua lucratividade mais do que o custo dos sistemas necessários, com uma excelente relação custo x benefício. O autor acrescenta que a Contabilidade é um ótimo instrumento de gestão. Ela está, portanto a dispor da administração para dar todo o suporte necessário para melhor gerir suas atividades. 2.2.1 O controle de custos nas atividades agrícolas A Contabilidade rural juntamente com a Economia Rural é responsável pelo estudo do patrimônio agrícola, bem como dos fatores que influenciam na produtividade da cultura agrícola. Segundo Marion (2009), esses fatores são distribuídos em duas categorias, físicos e econômicos. Os fatores físicos influenciam na produtividade e estão relacionados com o clima, a natureza geológica e química da terra, etc.; já os fatores
  • 45. 44 econômicos estão relacionados com o capital, com as facilidades de venda dos produtos, com os insumos, com os transportes, com a mão-de-obra, etc. D‟Amore, (1973 apud, CALLADO; CALLADO, 1994) explica que exploração industrial da terra demanda dois fatores importantes: a) O preço de custo, sobre o qual o agricultor faz sentir sua influência pela intervenção pessoal de sua atividade e economia; b) O preço de venda, fixado em relação ao preço de custo, de tal maneiro que o agricultor possa ser remunerado de seus labores e dos valores imobilizados em prédios rústicos e equipamentos agrícolas. De maneira geral, as empresas têm receitas e despesas durante todos os meses do ano, porém na atividade agroindustrial a receita concentra-se durante ou logo após a colheita em alguns casos. O ano agrícola é o período em que se planta, colhe, processa e comercializa a safra agrícola. A esse respeito Marion (1986), afirma que a apuração de resultados, quando realizada logo após a colheita e a comercialização, contribui de forma mais adequada para avaliação de desempenho da safra agrícola. Tendo em vista que nas atividades agrícolas, o custo da produção compreende o conjunto de todas as despesas que devem ser suportadas para a obtenção dos produtos. Tudo o que se faz necessário para a obtenção do produto cultivado, se enquadra como custo de produção. (RAUBER ; outros”, 2005). Crepaldi (2006, p.35) destaca a importância de uma administração eficiente para o sucesso de qualquer empreendimento. Porém o autor ressalta que “É justamente nesse aspecto que a Empresa Rural Brasileira apresenta uma de suas mais visíveis carências, prejudicando todo o processo de modernização da agropecuária”. As deficiências, no que diz respeito ao controle eficiente de seus negócios, ficam mais agravadas quando se trata de pequenos e médios produtores, ou seja, pessoas físicas. Isso se explica pela falta de uma estrutura contábil eficiente, com mecanismos aptos de atender as necessidades operacionais e administrativas.
  • 46. 45 A contabilidade de custo rural possui um papel muito importante como instrumento capaz de encaminhar os processos agrícolas mais eficientes para uma produção mais útil e barata, bem como os processos de produção que se encontram próximos da maior eficiência econômica. (CALLADO; CALLADO, 1994) 2.2.2 As peculiaridades da agricultura O Brasil, como país da diversidade, tem um desafio constante, oferecer produtos para o desenvolvimento da agricultura diante de climas tão diferentes em seu território. Em cada região do país há uma particularidade relacionada principalmente às condições ambientais e econômicas. Cada cultura agrícola tem suas particularidades, entre elas a época certa de plantio e colheita, o clima e as características do solo mais apropriadas A área agrícola não está direcionada somente à produção de poucos e rentáveis produtos de larga procura no mercado mundial, mas ao mesmo tempo, ela pretende considera as mais variadas necessidades humanas. Nesse contexto, Crepaldi (1998, p. 21) afirma que a agricultura deve desempenhar os seguintes papéis no processo de desenvolvimento: 1. Produzir alimentos baratos e de boa qualidade; 2. Produzir matéria-prima para a indústria; 3. Pela exportação, trazer dinheiro para o país; 4. Dar condições dignas de vida para o trabalhador rural. A agricultura é vista pelo autor, como um negócio que apresenta uma ressalva, quanto ao fato do produtor rural dedicar-se a apenas a uma atividade – especialização. Pois, “[...] dependendo sua renda de poucos ou de apenas um produto, uma queda no preço desse produto ou uma frustração de safra, leva o agricultor a sérios prejuízos”. (CREPALDI, 1998).
  • 47. 46 Já Rios (2008) por este prisma, vê “[...] a possibilidade de se ofertar, ao administrador rural, as ferramentas de planejamento estratégico, dando à produção agrícola um direcionamento ao quê, quanto e como produzir [...]”. O que muitas vezes não acontece, principalmente quando se fala de pequeno produtor. 2.2.3 O gerenciamento dos custos na produção agrícola Frente à expansão da globalização, alavancado pelas grandes potências, um dos setores que mais cresce é agricultura. Esse setor vem cada vez mais assumindo parte significativa na vida de indivíduos, que de suas grandes, médias ou pequenas propriedades rurais tiram o sustento. Dessa forma, o produtor rural deve sempre buscar o aprimoramento naquilo que faz e no que gerencia, pois o mercado esta cada vez mais exigindo produtos da melhor qualidade. O processo de controle e gestão se dá mediante identificação, mensuração e análise das informações sobre eventos econômicos das empresas. Tais informações são necessárias para controle, acompanhamento e planejamento da empresa como um todo, e utilizadas pela alta administração. Contudo, Borilli “e outros” (2005) elucidam que a “[...] tarefa de gerar informações gerenciais que permitam a tomada de decisão é uma dificuldade para os produtores rurais” [...]. Segundo a autora essa dificuldade está atrelada à falta de dados consistentes e reais, acerca das atividades desenvolvidas na empresa rural. Já Bida e Lozeckyi (2008), atribui essas dificuldades, também, à falta de organização e planejamento: “Os dados da situação econômico- financeira da empresa devem ser organizados e classificados diariamente. Esses dados indicarão o volume de movimento financeiro da propriedade, por atividade, os níveis de investimento e as quantias desembolsadas”. Segundo Crepaldi (2005), para obter os dados referentes ao movimento
  • 48. 47 econômico-financeiro diário da propriedade. É preciso que o administrador da propriedade saiba como estão a rentabilidade da sua atividade produtiva, quais os resultados e como podem ser otimizados por meio da avaliação dos resultados, necessários para definir a situação de seu negócio e tomada de decisões. Bida e Lozeckyi (2008), ainda esclarecem que o conhecimento dos elementos que geram o custo é fundamental na tomada de decisões. Tendo em vista que controlando bem todos os custos alcançar-se-á a gestão uniformemente cadeia produtiva. 2.2.4 Dos custos na cultura do sisal Algumas especificidades da produção agrícola a diferenciam da produção de outros bens manufaturados, dificultado assim sua ascensão produtiva. Tais especificidades referem-se à sazonalidade da produção; influência de fatores biológicos; doenças e pragas e perecibilidade rápida. A situação de determinadas atividades agrícolas, em especial a cultura do Sisal, se depara ainda com as freqüentes quebras de safras ocasionadas por fatores climáticos, também, pela variação cambial, proveniente da cotação do dólar que impõe os preços e equipamentos agrícolas rudimentares. Todas essas especificidades tendem a encarecer o custo da produção do sisal e conseqüentemente redução no lucro. Cabendo nessa situação melhor gerenciamento das atividades, possibilitando gerar informações precisas e oportunas sobre a situação real da produção e do resultado Diante do exposto, Ulrich (2009) aponta que “[...] o empresário rural deve buscar meios para diminuir o custo da produção, evitar desperdícios e melhorar o planejamento e controle de suas atividades [...]”. Apõe ainda a Contabilidade de Custos como ferramenta gerencial, que possivelmente, traria maior controle da produção e uma melhor oportunidade de planejamento para a obtenção de melhores resultados.
  • 49. 48 Nesse sentido Rios (2008) destaca que: “[...] a contabilidade de custos é uma ferramenta indispensável no controle eficiente no cultivo do sisal, pois os produtores de sisal a maior eficiência no processo de descortiçamento, são fundamentais para elevar a sustentabilidade da atividade sisaleira”. Partindo desse pressuposto percebe-se como qualquer atividade comercial, produção do sisal requer um rigoroso acompanhamento e controle dos seus custos para obtenção de melhores resultados financeiros. Contudo Silva (1999) aponta que se tem aproveitado pouco do potencial da planta, sendo que apenas de 3% a 4% do total colhido da planta é aproveitado, devido a pouca utilização tecnológica e acrescenta que: A grande maioria das lavouras de sisal é conduzida com baixa aplicação tecnológica, situação que poderia ser alterada com medidas de incentivo aos produtores, como preços melhores para produtos de qualidade superior, financiamento bancários para a recuperação das lavouras e implementação do consórcio com pecuária e culturas alimentares em bases técnicas. ( SILVA 1999, p. 14) É importante destacar que não houve avanço tecnológico no sistema de produção da cultura do sisal no Brasil nós últimos 40 anos. O processo de e descortiçamento do sisal é realizado através do motor paraibano, desde a implantação da cultura no Brasil, há mais de 4 décadas. (ALVES; SANTIAGO ; LIMA, 2005).
  • 50. 49 3 O APRIMORAMENTO DA RENTABILIDADE E CONTROLE DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL Para atender aos objetivos pretendidos, com apoio da revisão de literatura, definiu-se uma série de parâmetros a serem levantados em campo que, para efeito de análise, foram agrupados em quatro secções: Exploração Agrícola; Sistema de Produção – Cultura do Sisal; Comercialização do sisal; Rentabilidade da Cultura do Sisal; 3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A Pesquisa ocorreu no período de 28 de julho e 21 de agosto de 2011. Como instrumento metodológico de investigação, foram utilizados dois instrumentos de pesquisa. Inicialmente, foi utilizado o questionário, composto de 04 (quatro) tópicos (apêndice A), aplicado a 06 (seis) produtores no sistema de entrevista assistida. Os questionários estão entre os mais tradicionais instrumentos de coleta de dados e as perguntas podem ser abertas, fechadas ou mistas. (FIORENTINI; LORENZATO, 2009), Nesta pesquisa, foram usadas questões mistas para obter dados, as quais, além das alternativas, havia um espaço para complementar a informação. Em seguida, a observação participante quando foi proposta uma atividade de intervenção (apêndice B) em relação ao controle de uma produção. Essa proposta surgiu, tendo em vista que nenhum dos produtores utiliza dessa técnica. Marconi (1996) define a observação participante como sendo a participação real do pesquisador com o meio em que estão inseridos os sujeitos participantes da investigação. Como o questionário, aplicado ao produtores no sistema de entrevista assistida procurou analisar o seguinte:
  • 51. 50 a) Exploração Agrícola A exploração agrícola foi analisada através da avaliação dos parâmetros descritos a seguir: Composição do uso do solo; Expansão da cultura do sisal; Doenças; b) Sistema de Produção – Cultura do Sisal; O sistema de produção foi avaliado através da análise das principais práticas agrícolas realizadas. Plantio; Densidade do plantio; Plantio consorciado; Tratos culturais; Ciclo vegetativo; c) Comercialização do sisal; A comercialização foi analisada mediante investigação de toda a sistemática comercial do sisal, tendo em vista os seguintes questionamentos: Produtos comercializados; Sistema de Comercialização; Preço de venda; d) Renta.bilidade da Cultura do Sisal;
  • 52. 51 Para verificar a rentabilidade da cultura do sisal, questionou-se os rendimentos financeiros obtidos com a produção do sisal, evidenciando os seguintes aspectos: Despesas/Custos; Receitas; Lucro/Prejuízo; Métodos de Controle; 3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA Os resultados obtidos na pesquisa de campo, apresentados a seguir, obedeceram aos parâmetros definidos na metodologia: a) Exploração Agrícola – Este tópico teve como finalidade analisar a lavouras permanentes, evidenciando a relação dos produtores com a cultura do sisal e as incidências de doenças. b) Sistema de produção – A pretensão com este grupo foi observar a forma de trabalho destes produtores, bem como a aplicabilidade das técnicas recomendadas para o cultivo da cultura do sisal. c) Comercialização do sisal – com este grupo buscou-se verificar de que forma é feita a venda e a negociação do preço. d) Rentabilidade da cultura do sisal – com este grupo de variáveis, pretendeu- se analisar como se dá as relações dos produtores com os rendimentos financeiros obtidos e os gastos despendidos na produção do sisal. 3.2.1 Exploração Agrícola
  • 53. 52 Os dados levantados a cerca da exploração na região sisaleira do Povoado de Tiquara, municípios de Campo Formoso - Ba, mostram o seguinte: Na primeira secção os produtores foram questionados a respeito da exploração agrícola tendo como foco as lavouras permanentes. 83% dos pesquisados têm com principal exploração agrícola o sisal. Quadro 3 – Exploração Agrícola AIVIDADES AGRÍCOLAS PRODUTOR Produção Sisal Outras Atividades A = 67 ha 44% 56% B = 14 ha 59% 41% C = 35 há 65% 45% D = 37 ha 75% 25% E = 09 ha 87% 13% F = 14 ha 88% 12% Fonte: Nossa autoria O quadro acima demonstra claramente a grande representatividade dessa cultura para a economia local, tendo em vista que mais de 40% das propriedades dos pesquisados é ocupada pelo plantio de sisal. Em relação ao tempo das lavouras de sisal, considerando a resposta de todos os produtores, concluiu-se que apenas 2% da lavoura estão com idade até 2 anos; 4%, com idade de 2-3; 19% com idade de 3-8 anos e; 46% , com idade acima de 8 anos. Até 2 anos 2 - 3 anos 3 - 8 anos Acima de 8 anos Outros 2% 4% 29% 19% 46% Gráfico 1. Percentual de idade das culturas de Sisal existentes no povoado de Tiquara Fonte: Nossa autoria
  • 54. 53 O gráfico acima demonstra lavouras de sisal muito antigas, isso influencia significativamente para uma produtividade decrescente. De acordo com Sales (2004) o sisal é um vegetal de ciclo de crescimento e desenvolvimento de em média, 8 a 10 anos. Assim sendo, os dados levantados apontam para uma realidade que necessita da renovação de quase 50% dessas lavouras de sisal. No quesito doenças, 80% dos produtores disseram que, somente este ano, tiveram perdas da plantação causadas pela podridão vermelha uma doença fúngica que ataca o pseudo caule matando a planta. (SUINAGA “e outros”, 2005). (Gráfico 2) Produtor 6 Produtor 5 Produtor 4 Produtor 3 Produtor 2 Produtor 1 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Percentual de perdas Gráfico 2. Perdas na produção decorrente da Podridão vermelha Fonte: Nossa autória Os índices demonstrados no gráfico 2 apontam prejuízo para os pequenos produtores. Esse prejuízo, em alguns casos, representa 30% da produção. O controle das doenças, segundo os produtores, é feito por um único meio, queimadas das plantas infectadas. No entanto Suinaga “e outros”, (2005) apontam outros medidas preventivas, como plantar filhotes (rebentos) sadios, utilizar o resíduo do desfibramento como adubação, e o plantio consorciado. 3.2.2 Sistemas de Produção – Cultura do Sisal Na segunda secção, observou-se que apenas um dos produtores
  • 55. 54 pesquisados não utiliza o sistema de plantio em fileiras simples, com espaçamento variando entre 2mx3m, 1,5mx2, 5m, 1,5mx1,5m, 4mx1,5m. Nesse sentido Silva e Beltrão (1999), resaltam que a não-observação das recomendações, para plantio, poderá implicar na formação de sisalais desuniformes quanto ao tamanho das plantas, à época de corte, à produção e à maturidade das fibras produzidas. No quesito referente a prática do plantio consorciado, de acordo como os dados fornecidos pelos produtores, constatou-se que é uma prática comum a todos, sendo-a realizada com a agricultura e pecuária. Quanto ao quesito referente aos tratos culturais aplicados a lavoura do sisal após o plantio, constatou-se que apenas um produtor realiza roçagem manual no primeiro ano. Quanto aos demais, somente a partir do segundo ano com uma roçagem. Todos alegaram não terem condições de realizarem mais tratos culturais. Entretanto percebe-se que esses produtores não aplicam as técnicas indicadas, tendo em vista que os tratos culturais recomendados após o plantio são de duas a três capinas no primeiro ano, dependendo da incidência das invasoras e, para o segundo ano, uma ou duas capinas. (SILVA ; BELTRÃO, 1999) Foi possível observar ainda, no decurso da pesquisa a falta de assistência técnica e capacitação dos produtores. Isso com o fim de instruí-los de que não utilização dos tratos culturais recomendados visando redução dos custos refletira na baixa produtividade, e na qualidade da fibra produzida. No quesito referente à realização do primeiro corte na época da colheita do sisal, a maioria dos produtores pesquisados afirmaram procederem com o primeiro corte por volta dos 36 meses, como demonstra o gráfico a seguir. 17% 16% 24º Mês 36º Mês 67% 48º Mês Gráfico 3. - Percentual de produtores relacionados ao período de corte do sisal. Fonte: Criação Nossa
  • 56. 55 Em condições normais de colheita do sisal, a prática viável é realizar o primeiro corte, aproximadamente, aos 36 meses após o plantio. (BANDEIRA ;org, 1999). 3.2.3 Comercialização do Sisal Na terceira secção questionou-se acerca da comercialização, onde se constatou que produtores de sisal, do povoado pesquisado não fazem nenhum beneficiamento, comercializam seu produto na forma bruta, ou seja, a fibra seca, sem realizar qualquer processo de beneficiamento. Referente à forma de comercialização da produção, os produtores pesquisados relataram que: a) O produtor de sisal arrenda a 20% a cada quilo produzido, para famílias detentoras do motor fazem a colheita (corte), e o desfibramento, ficando a cargo do dono do motor transportar até os compradores para efetuar a venda semanalmente. b) O dono do motor (vendedor) negocia diretamente com os intermediários (comprador), pessoas físicas da própria comunidade, que oferecem preços tabelados. Com relação ao preço de venda do sisal, todos os produtores informaram que o sisal estava sendo vendido a R$ 1,10 (um real e dez centavos) o quilo da fibra seca. Os produtores relataram ainda que o processo de comercialização do sisal é formado por uma cadeia de intermediários, (chamados de atravessadores), característica de uma cultura que se desenvolve com baixo índice tecnológico e apresenta grande deficiência na infra-estrutura básica para o beneficiamento. O intermediário é o agente de compra que comercializa com a fibra bruta ou
  • 57. 56 aquele que faz o beneficiamento em sua batedeira para depois entregá-la à indústria ou ao exportador. (SALES, 2004) Foi possível observar como base nas repostas dos produtores que os mesmos não têm acesso às indústrias de transformação e que à Conab, órgão garantidor do preço mínimo, para efetivar suas vendas, há algum tempo não faz a compra do sisal na comunidade. 3.2.4 Rentabilidade da Cultura do Sisal Na quarta secção, referente ao controle de despesas, o levantamento efetuado revelou que os produtores de sisal, não fazem nenhum tipo de registro formal das despesas ao logo do cultivo da lavoura. Logo, com a falta desse controle formal, não se pôde como programado, obter com precisão o custo para produção de 1 ha de sisal. Assim sendo, alguns produtores fizeram mentalmente uma média das despesas para uma primeira colheita e relataram informalmente: Implantação da cultura (preparo do solo e plantio) .... R$ 900 (47%) Manutenção: (11%) Tratos culturais no 2º ano ............................ R$ 100 Tratos culturais no 3º ano ............................ R$ 100 Colheita/Desfibramento .......................................... R$ 800 (42%) Despesas Totais ..................................................... R$ 1.900 Quanto controle dos rendimentos financeiros, verificou-se que apenas 30% dos produtores fazem controle da produção anual em cadernos. (Figura 09 - 10).
  • 58. 57 Figura 09. Produção de sisa/kg Faz. Boa Vista Fonte: Anotações dos pesquisados Figura 10. Produção de sisa/kg Faz. Mandacaru Fonte: Anotações dos pesquisados Segundo os produtores, a colheita do sisal é negociada com o proprietário da máquina desfibradora Paraibana. O rendimento é negociado previamente a 20% sobre o valor da venda da fibra de sisal seca. Vale observar que o produtor é responsável, apenas, pelo cultivo da planta.