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INTRODUÇÃO




       Este estudo tem como finalidade investigar e analisar a evasão escolar
da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ginásio Municipal Antônio Simões
Valadares na cidade de Itiúba, Bahia. O objetivo do nosso trabalho foi
identificar as causas que levam esses alunos a se distanciarem da escola.
Portanto, focamos o nosso trabalho no tema Evasão de Jovens e Adultos na
escola. O tema desse trabalho monográfico surgiu de nossa inquietação a
partir da experiência em sala de aula de educação de jovens e adultos em que
nos deparamos com o problema da evasão, o que nos motivou a este trabalho
de investigação. Segundo Arroyo (1997, p.23),



                      [...] na maioria das causas da evasão escolar, a escola tem a
                      responsabilidade de atribuir desestruturação familiar e o professor e
                      aluno não tem a responsabilidade para aprender, tornando-se um
                      jogo de empurra. Sabemos que a escola atual precisa está preparada
                      para receber estes jovens e adultos que são frutos de uma sociedade
                      injusta.



       Muitas pesquisas têm apontado que o problema da evasão escolar em
nosso país está ligado a diversos fatores tais como social, cultural, político e
econômico. Levando em consideração que os sujeitos dessa modalidade são
especialmente alunos que trabalham e, que por diversas situações vividas em
seu cotidiano, são levados a abandonar a escola. Os motivos para o abandono
escolar podem ser ilustrados quando o jovem e adulto deixam a escola para
trabalhar, quando as condições de acesso e segurança são precárias, os
horários são incompatíveis com as responsabilidades que se viram obrigados a
assumir, ou evadem por considerarem que a formação que recebem não
contribui de forma significativa para eles.

       A evasão escolar ao longo da implantação dos programas de
alfabetização e da educação continuada para jovens e adultos tem
apresentado resultados negativos, tornando-se desafiador para o professor
manter a permanência do aluno na escola. Dentro deste contexto sociocultural



                                                                                         8
existem vários fatores preponderantes que interferem na sua permanência
escolar devido à sobrecarga de trabalho, o uso de drogas, professores sem
formação específica para atuarem na modalidade de educação para jovens e
adultos e isto tem contribuído mais para a exclusão social do que pra a
formação educacional. Neste trabalho monográfico, a pretensão é apresentar
para a discussão as causas e consequências da evasão escolar na Educação
de Jovens e Adultos do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares e como
afirma Arroyo (2007, p.6).



                      Parece-me que ao longo desses últimos anos cada vez a juventude,
                      os jovens e os adultos populares estão mais demarcados,
                      segregados e estigmatizados [...] A juventude popular está cada vez
                      mais vulnerável, sem horizontes, em limitadas alternativas de
                      liberdade.



        É essa juventude que tem sido sujeito central nas salas de EJA. Sendo
assim, perguntamos: o que muda na organização do trabalho pedagógico? Os
alunos estão cada vez mais excluídos da sociedade, e qual a tarefa que cabe à
escola? São questões que gostaríamos de saber. Afinal, a tarefa vai além dos
muros escolares e dependem da atitude política de valorização desse
segmento social que vive na pele as contradições do modo de produção
capitalista. Portanto, nossa tarefa é compreender, analisar e investigar como e
porque acontece tanta evasão dentro do colégio acima citado.

        Diante de princípios significativos, o processo metodológico e político no
ensino para jovens e adultos tem que ser contemplado com novas práticas que
atendam as perspectivas de seus educandos estimulando-os e motivando-os
de forma consciente. A preocupação do nosso país deveria ser a erradicação
do analfabetismo e as consequências econômicas geradas por este e que os
países em desenvolvimento têm enfrentado. A falta de qualificação profissional
também tem gerado uma desestruturação e segregação social nas escolas do
país.

        Percebe-se que é preciso rever alguns pontos deste sistema de ensino
para jovens e adultos, sendo necessário avaliar tanto as metodologias
aplicadas para este seguimento como também os motivos que estão


                                                                                       9
contribuindo para o crescimento da evasão escolar na EJA. É importante
estarmos atentos para o fato de que o aluno de EJA é um aluno diferente, um
pouco inseguro e, são as diversas derrotas vividas ao longo de um processo
escolar, muitas vezes já iniciada no ensino regular, que abala sua autoestima e
muitas vezes o impede de prosseguir. Assim, qualquer decepção, por mínima
que seja, sofrida na escola faz com que este sujeito abandone o ambiente
escolar.

       O presente trabalho pretende também desenvolver uma reflexão sobre
alguns aspectos relacionados a um tema que permeia um debate que se faz
cada vez mais necessário e atual, na medida em que são percebidas precária
as condições a que está submetida a classe menos favorecida de nossa
sociedade, a evasão escolar, que nos remete ao universo de jovens e adultos
analfabetos. Fala-se dos pobres excluídos, daqueles que, por qualquer motivo
ficaram fora do processo de formação através da educação formal em idade
apropriada.

       Na educação brasileira o quadro é de indutora evasão, com ela vem a
exclusão desses jovens e adultos. Ao longo da história tem-se um cenário de
exploração e espoliação da maioria da classe trabalhadora em prol de uma
minoria, que aproveita desta ordem sociopolítica para usufruir as benesses de
um sistema que, mantido na apartação social, na relação entre classes sociais,
e possibilitou ao longo dos séculos, a manutenção desta ordem que privilegia a
produção da exclusão daqueles que não se encontram em salas de aulas.

       Diante de todo contexto, percebe-se que a evasão no Ginásio Municipal
Antônio Simões Valadares, nas salas da EJA, nos leva a pensar sobre o
sistema de ensino e as mudanças necessárias no mesmo para que ele possa
atrair jovens e adultos a retomarem seus estudos. Contudo faz-se necessário
uma renovação no processo metodológico e político no ensino, contemplado
com novas práticas que atendam melhor as expectativas de seus alunos, para
isso   é   preciso   preparar   melhor   seu   profissional   proporcionando-lhes
qualificação adequada. Desse modo, nota-se que os jovens e adultos da EJA,
devem ser estimulados e motivados de forma a se interessarem pelos estudos
e incuti-los uma nova perspectiva de vida e de mais oportunidades futuras. Só



                                                                               10
assim poderá dar início ao processo de redução do quadro de evasão, no
momento em que a escola for capaz de por em prática muitas reivindicações
dos estudantes no sistema de ensino, deixando de lado o modelo arcaico,
fechado como parte de um passado distante.

      Nota-se que a evasão de jovens e adultos é um problema sério em todo
país, sendo muitas vezes passivamente assimilada e tolerada pelo sistema de
ensino e pela comunidade. As consequências dessa evasão podem ser
sentidas com mais intensidade nas cadeias públicas, penitenciárias e centro de
internação para jovens em conflitos com a lei. (MORAES, 2010, p.16). Na
verdade muitas são as causas para que os jovens e adultos evadirem da
escola. Enfim, percebe-se que muitas tentativas foram feitas no sentido de
responder as causas da evasão escolar da EJA no Ginásio Municipal Antônio
Simões Valadares.

      No Capitulo I apresentamos a problemática da educação de jovens e
adultos e procuramos situar a nossa questão de pesquisa que é investigar e
analisar a evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos e as causas que
levam esses alunos a se distanciarem da escola.

      No Capítulo II apresentamos nossa discussão teórica sobre a temática
da educação de jovens e adultos, tendo o aporte teórico de vários autores que
proporcionaram o suporte necessário às análises dos dados e a compreensão
do nosso objeto de pesquisa. Fizeram parte deste contexto: Arroyo (2007),
Moraes (2010), Morin (2003), entre outros.

      No Capítulo III descrevemos o caminho que foi trilhado na pesquisa, a
descrição metodológica do locus, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos
que utilizamos na coleta de dados que nos permitiu captar a compreensão dos
sujeitos da pesquisa.

      No Capítulo IV, apresentamos a análise e interpretação reflexiva dos
dados coletados, dos sujeitos da pesquisa sendo embasados pelos autores
selecionados no estudo que nos deram sustentação teórica nas discussões
realizadas.




                                                                            11
Concluímos   nosso    trabalho   monográfico   apresentando   nossas
considerações finais, demonstrando ao mesmo tempo nosso posicionamento
em relação aos dados coletados na pesquisa.




                                                                        12
CAPÍTULO I




   1. A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BARSIL:
      situando o problema de pesquisa




       A Educação de jovens e adultos tem sofrido grandes modificações nas
ultimas décadas, mas o Brasil ainda enfrenta o problema do analfabetismo,
principalmente entre jovens e adultos, que não tiveram oportunidade de se
apropriarem do saber da leitura e da escrita na idade em que a maioria das
crianças e jovens aprende a ler e escrever. Nesse sentido, esses jovens e
adultos que não adquiriram o saber necessário para atender as exigências de
uma sociedade letrada acabam sendo excluídos e vivendo numa situação de
não cidadania. O ato de ler o mundo, os seres humanos o fazem antes de ler
as palavras, porém, em uma sociedade letrada ler e escrever lhes possibilita
uma compreensão muito abrangente desse mundo, daí a importância desse
conhecimento e do acesso a ele para todos como forma de garantir uma
participação plena na sociedade.

        Nos últimos anos muitos jovens e adultos têm se preocupado com sua
escolarização, e por esta razão muitos deles têm procurando a escola no
desejo de retomar seu processo educativo. Grande parte dessas pessoas não
teve oportunidade de frequentar a escola quando crianças, e devido às suas
condições financeiras, e da necessidade de garantir sua sobrevivência, esses
jovens e adultos precisaram trabalhar junto com seus pais ou familiares para
garantir o sustento da família. E, quando surge a oportunidade, ou quando a
exigência desse saber se faz presente em suas vidas eles retornam para a
escola em busca do saber escolarizado, exigido pela sociedade e pelo mundo
do trabalho, principalmente par jovens e adultos trabalhadores urbanos.

           Porém, os problemas educacionais que enfrentam estes jovens e
adultos são inúmeros, principalmente com relação a permanência na escola até
concluir o processo de escolarização obrigatório. Na educação de jovens e
adultos, um dos problemas mais frequentes ou mais importantes deles é a

                                                                          13
evasão escolar, ou seja, muitos jovens e adultos buscam a escola, se
matriculam, mas acabam desistindo dos seus estudos.

       Este é um fato recorrente no ensino de jovens e adultos, é um problema
que atinge todo o país e nesse sentido é importante, para reverter tal situação,
entender por que ela ocorre. Costuma-se associar a evasão escolar a baixa
renda do cidadão, mas este não é o único fato, já que a evasão é encontrada
em outras camadas sociais. Inclusive nas regiões que possuem uma boa
estrutura educacional. A escola deveria ser um lugar onde a aprendizagem
fosse uma rica experiência de vida, principalmente para os jovens e adultos,
que tem menos acesso a recursos educativos. Sobretudo para o adolescente, o
jovem e o adulto, a escola deve ser um espaço privilegiado, onde possam
refletir sobre as experiências, compreendê-las e transformá-las.

       Os adultos, ao se integrarem em programas de educação básica, já tem
uma ideia do que seja a escola, muitas vezes construída com base na escola
que eles frequentaram brevemente quando crianças. E, muitas vezes, apesar
de referirem-se à precariedade dessas escolas, lembram-se delas com carinho
e sentem com pesar o fato de terem deixado de frequentá-la. Assim o papel do
educador de jovens e adultos junto a estes educandos deve ser o de ampliar
seus interesses, compreendendo suas dificuldades e planejando atividades
significativas que promovam uma verdadeira aprendizagem, que deve ir muito
além das exposições que o professor costuma fazer em salas de aula regular,
e das atividades mecânicas de memorização que ele supõe serem suficientes
para estes alunos da EJA.

       A escola para jovens e adultos trabalhadores deve tornar-se um espaço
de ressocialização, através dos conhecimentos que ela trabalha, colocando o
sujeito individual ou social em polêmica com suas experiências anteriores. E o
professor é o motivador e mediador que os ajudará no processo de busca e
questionamento desses conhecimentos, ajudando-os a questioná-los, a buscar
desvendar seus mistérios, suas implicações a que nos leva a vivência em
grupo, e em sociedade onde a leitura e a escrita tem um papel importante na
comunicação entre as pessoas e o que elas fazem.




                                                                              14
Os alfabetizandos, jovens e adultos, que frequentam as salas de EJA,
por mais que não tenham frequentado a escola regular, vivem numa sociedade
letrada em que estão diariamente em contato com diferentes tipos de escrita
tais como documentos, propagandas, rótulos, panfletos, outdoors, e a própria
televisão, etc. E ao iniciar seu processo de alfabetização já trazem consigo
diferentes hipóteses sobre o mundo letrado, a função da leitura e da escrita,
assim como toda uma experiência com a oralidade. Porém, muitas vezes estes
jovens e adultos são tratados como se não soubessem nada, não tivessem
nenhum conhecimento tanto sobre a leitura e escrita como o conhecimento de
mundo que deve ser o ponto de partida para seu processo de escolarização.
Desta forma, a sociedade exclui os analfabetos, quando na verdade deveria
mobilizar-se na tentativa de ajudá-los, estimulando-os, e muitas vezes não
recebem estímulos nem de seus próprios familiares, o que torna este processo
um pouco mais difícil.

       O trabalho com Educação de Jovens e Adultos exige que o professor se
torne um grande aliado deles para que possam sentir-se seguros e bem vindos
naquele espaço, afinal o que mais precisam é de apoio, o que não acontece na
maioria dos casos. Sabemos que o ensino noturno apresenta uma série de
características singulares, pois recebe um alunado que já se encontra inserido
na produção capitalista e que chega à escola já esgotado pela lida do trabalho
que o deixa cansado e isso tem contribuído para o crescimento da evasão
nesse seguimento da educação e para a produção de um contingente de mão
de obra pouco qualificada que vai ocupar os postos de trabalhos que não
exigem muita formação ou o trabalho na informalidade.

           Em nosso país há milhões de brasileiros analfabetos ou que tem
escolarização incompleta, e as causas geralmente são as mesmas. Um
histórico que mostra que pais analfabetos, necessidade de trabalho,
inexistência de escola em algumas localidades ou muito distantes, falta de
dinheiro, transporte, sem mencionar que os programas destinados à educação
ou alfabetização de adultos não têm contribuído muito para mudanças mais
amplas. O que vemos então é o grande número de evadidos de jovens e
adultos em nosso país, estado e município. E por trabalharmos em uma escola
que oferece esta modalidade de ensino nos sentimos incomodadas com o


                                                                            15
grande número de evasão nas turmas da EJA, e com base no que apontamos
acima e da observação dessa realidade do Ginásio Municipal Antônio Simões
Valadares nos perguntamos, por que então eles sempre retornam para a
escola e de novo evadem?.

         Nesta pesquisa buscamos conhecer, inicialmente, o perfil dos alunos da
EJA que se encontram no processo educativo da alfabetização. Assim, o nosso
propósito foi investigar a evasão escolar da Educação de Jovens e Adultos
(EJA) no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares na cidade de Itiúba,
Bahia. O nosso objetivo foi identificar as causas que levam esses alunos a se
distanciarem da escola. Além disso, compreender o que os leva a retornarem
seguidamente à escola e o que esta representa para eles. Desta forma nos
propusemos os seguintes objetivos:



Objetivo Geral:

         Identificar as causas que levam ao esvaziamento dos alunos da EJA do
Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares.

Objetivos Específicos:

     •     Conhecer os aspectos sociais e econômicos dos alunos da EJA.

     •     Identificar qual o sentido que a escola tem para alunos da EJA.

     •     Compreender o porquê da evasão dos alunos da EJA no Ginásio
           Municipal Antônio Simões Valadares.




                                                                             16
CAPÍTULO II




   2.   A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS NECESSIDADES
        FORMATIVAS DE ADULTOS E JOVENS TRABALHADORES




2.1. Um pouco de História da Educação de Jovens e Adultos




         A história da EJA insere-se num cenário econômico social e político e
está geralmente atrelada a relação entre educação e trabalho, haja vista que os
seus sujeitos são trabalhadores, jovens em busca do primeiro emprego ou são
pessoas trabalhadoras aposentadas. É importante indagarmos alguns aspectos
socioeconômicos que influenciam a educação brasileira, possibilitando a
análise da EJA em relação às necessidades sociais e políticas que marcam a
conjuntura política e econômica brasileira.

        A educação é um dos direitos sociais garantidos no texto constitucional
de 1988. Ele tem estado presente nas lutas de diversos movimentos sociais,
que demandam acesso e permanência na escola. Na história da educação, a
educação que hoje é denominada de jovens e adultos em outra perspectiva já
foi chamada de educação de adultos e de educação popular. A educação
popular é um paradigma educacional, se assim se pode dizer, que articula o
acesso ao conhecimento a processos emancipatórios. Ela foi desenvolvida no
contexto de movimentos populares e de trabalhadores. E nesse contexto,
Paulo Freire é um dos educadores que adensou o debate da educação popular
no Brasil, particularmente nos anos de 1960. A educação de adultos tem



                                                                             17
trajetória secular na educação brasileira, tem como bandeira central a
superação da alfabetização e escolarização de jovens e adultos.

        O saber ler e escrever, especialmente entre os adultos, foi motivo de
maior atenção na história da educação brasileira com a lei Saraiva ou “nova lei
eleitoral”, sancionada pelo imperador, em 9 de janeiro de 1882. A Lei Saraiva,
foi responsável pela modificação da lei vigente, abolindo as eleições indiretas e
adotando o critério da instrução, desta forma impedia o voto do analfabeto,
embora excluísse a maioria da população do acesso eleitoral, pois os votantes
eram selecionados pelos seus rendimentos anuais líquidos, essa lei favoreceu
as camadas médias. Já a Constituição de 1891 eliminou a seleção por renda,
porém a manteve pelo aspecto da instrução escolar (PAIVA, 1987, p.82/83).

         Havia expectativa entre aqueles que idealizavam a valorização da
educação de que a restrição ao voto do analfabeto fosse ampliar a expansão
do sistema escolar, algo que não aconteceu, pois no final do século XIX e início
do século XX, a maior parte da população do país era considerada analfabeta,
um número em torno de 80%.

         Ainda segundo Paiva (1987, p.85), “O censo de 1890 informava a
existência de 85,21% de iletrados na população total.” O índice de
analfabetismo era motivo de vergonha nacional, e a educação passou a ser
necessária para a elevação cultural da nação. O adulto iletrado marcava uma
sociedade, então bastante desenvolvida. Era tratado como um ser “ignorante” e
como sujeito que precisava ser ajustado socialmente e a educação era um dos
caminhos para superar o atraso, que se dizia, no campo da política em que se
encontrava a sociedade brasileira. A educação básica de adultos começou a
delimitar seu lugar na história da educação no Brasil a partir da década de 30,
quando finalmente começa a consolidar um sistema público de educação
elementar no país.

            Neste período, a sociedade brasileira passava por grandes
transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração
populacional em centros urbanos. A ampliação da educação elementar foi
impulsionada pelo governo federal, que começava a organizar as diretrizes




                                                                               18
educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades dos estados
e municípios.

        Com o fim da ditadura militar da era Vargas, em 1945, o país vivia a
efervescência política da redemocratização. A segunda Guerra Mundial recém-
terminada e a ONU (Organização das Nações Unidas) alertava para a urgência
de integrar os povos visando à paz e a democracia. Tudo isso, contribuiu para
que a educação dos adultos ganhasse destaque dentro da preocupação geral
com a educação elementar comum. Nesse período a educação dos adultos
define sua identidade tomando a forma de uma campanha nacional de massa,
a campanha de educação de 1947. Essa campanha de educação de adultos
lançada em 1947 alimentou a reflexão e o debate em torno do analfabetismo
no Brasil.

        Durante as décadas de 1950 e 1960, surgiram muitos movimentos de
educação popular e programas de alfabetização de adultos, tais como o
ocorrido em Recife, o Movimento de Cultura Popular (MCP), o qual consistia na
criação de escolas para o povo, como aproveitamento de salas de associações
de bairros, entidades esportivas e igrejas. Posteriormente, com a eleição de
Miguel Arraes, como não havia condições de construir escolas, procedeu-se a
ocupação de outros espaços e a fabricação de carteiras nas oficinas da
prefeitura, bem como a arrecadação de verbas juntos aos comerciantes aos
industriais e a população em geral.

       O objetivo do MCP, conforme Beisiegel (1997, p.226), era “elevar o nível
cultural das massas, conscientizando-as paralelamente”. Além do trabalho de
alfabetização, novas frentes de ação foram elaboradas entre as quais se
destacam o teatro, os núcleos de cultura popular, os meios informais de
educação, o canto, a música, a dança popular e o artesanato. Como escreve
Brandão (2008, p.29):



                     Dentro de uma ampla prática de cultura popular possível fertilizar
                     processos interativos, através dos quais atos e gestos de teor
                     pedagógico poderia transformar consciência de pessoas e de grupos
                     humanos. Esses grupos humanos de uma múltipla e diferenciada
                     classe social podem se tornar capazes de reelaborar ideologicamente
                     sua própria cultura. Por isso, as expressões educação como pratica
                     da “liberdade” e a “ação cultural por liberdade” precisam ser


                                                                                     19
enfatizados, e educação libertadora era um entre outros termos que
                      mais tarde foi substituído por educação popular. Era esse trabalho
                      dos centros popular de cultura popular (MCP).


       Antes desses movimentos, existiu também a campanha “De pé no chão
também se aprende a ler”, desenvolvida em Natal e oriunda, de discussões
semelhantes ás que geraram o MCP, principalmente a ênfase nas carências
educacionais.

       A década de 1950 e os anos iniciais da década de 1960 foi um período
de efervescência para a Educação de Jovens e Adultos. Durante este período
surgiram muitas iniciativas governamentais e da sociedade civil em prol da
alfabetização de adultos e com propostas para a educação continuada destes
alfabetizados. A concepção pedagógica que direcionou os vários movimentos
de alfabetização nesse período tinha como base o trabalho desenvolvido por
Paulo Freire, no que ficou conhecido como o Método Paulo Freire. Porém todos
os programas implementados neste período foram encerrados com o Golpe
Militar de 1964.

       O fechamento político ocorrido com a ditadura militar iniciada em março
de 1964 fechou os programas de alfabetização inspirados nos movimentos de
cultura popular e no trabalho de Paulo Freire, além de perseguir o educador
tendo este de fugir do país, permanecendo fora do Brasil até a abertura política
na década de 1980.

       Durante a ditadura militar, por força da pressão popular por educação e
também por compromissos com organismos internacionais os militares
lançaram o seu programa de alfabetização, o MOBRAL - Movimento Brasileiro
de Alfabetização, em 1967. Este programa segundo Haddad e Pierro (2000)



                      Passou a se configurar como um programa que, por um lado,
                     atendesse aos objetivos de dar uma resposta aos marginalizados do
                     sistema escolar e, por outro, atendesse aos objetivos políticos dos
                     governos militares. (p. 114)



        O Mobral foi o grande programa de educação de adultos do período
militar que além de oferecer programas de alfabetização junto a estados e


                                                                                     20
municípios, também ampliou os seus ramos de atuação para ofertar o ensino
supletivo. Embora dizendo-se inspirado na proposta freireana, estava longe de
atender às questões básicas do Método de Paulo Freire que tinha como meta a
problematização e conscientização política por meio da alfabetização. O
material empregado para a alfabetização no Mobral não tinha nada de
problematizador, embora trabalhasse com palavras-chave, era o mesmo
material para todo e qualquer grupo de alfabetizados, desconsiderando o que
no método Paulo Freire seria a leitura de mundo dos alfabetizandos, retirando
daí as palavras-chave para o processo de alfabetização.

       O Mobral permaneceu como o único programa de educação de adultos
por mais de uma década e como afirma Haddad e Pierro (2000)



                     O MOBRAL, ao final da década de 1970, passaria por modificações
                     nos seus objetivos, ampliando para outros campos de trabalho –
                     desde a educação comunitária a educação de crianças –, em um
                     processo de permanente metamorfose que visava a sua
                     sobrevivência diante dos cada vez mais claros fracassos nos
                     objetivos iniciais de superar o analfabetismo no Brasil.(p. 116).



       A educação de jovens e adultos no período posterior a abertura política
em 1985 foi “[...] marcada pela contradição”, pois, se por um lado se afirmava
esse direito “no plano jurídico do direito formal da população jovem e adulta à
educação básica”, por outro lado havia a negação desse direito “pelas políticas
públicas concretas” (HADDAD e PIERRO, 2000, p.119). O que aconteceu
nesse período foi o fim do Mobral, substituído em 1985 pela Fundação
Nacional para Educação de Jovens e Adultos – Educar.
       O período seguinte à redemocratização marcou os movimentos políticos
e sociais de retomada da democracia e também dos movimentos em prol da
educação e da construção da nova Carta Constitucional que garantisse os
direitos e anseios da sociedade. E foi justamente a Constituição de 1988 que
garantiu a educação para jovens e adultos que não haviam conseguido sua
escolarização no tempo normal. Sobre esta questão Haddad e Pierro (2000)
afirmam que




                                                                                   21
Nenhum feito no terreno institucional foi mais importante para a
                      educação de jovens e adultos nesse período que a conquista do
                      direito universal ao ensino fundamental público e gratuito,
                      independentemente de idade, consagrado no Artigo 208 da
                      Constituição de 1988. Além dessa garantia constitucional, as
                      disposições transitórias da Carta Magna estabeleceram um prazo de
                      dez anos durante os quais os governos e a sociedade civil deveriam
                      concentrar esforços para a erradicação do analfabetismo e a
                      universalização do ensino fundamental, objetivos aos quais deveriam
                      ser dedicados 50% dos recursos vinculados à educação dos três
                      níveis de governo (p. 120).



          Embora a Constituição de 1988 tenha trazido esse avanço nos direitos
de jovens e adultos não escolarizados à alfabetização e à educação básica,
percebe-se que os avanços são muito poucos em relação à oferta de educação
de jovens e adultos, à melhoria da qualidade da educação oferecida, e
principalmente,    aos   resultados    dessa     educação.      Os    programas       de
alfabetização promovidos pelos governos até o momento não garantem uma
qualidade na alfabetização, nem garantem também a permanência de jovens e
adultos na escola, promovendo assim a escolarização, de fato, desse
segmento da população. A evasão apresentada nas escolas que oferecem
Educação de Jovens e Adultos é bastante significativa e preocupante, pois nos
leva a questionar os tempos e espaços destinados à EJA, além da formação
dos professores que trabalham com esse segmento.




   2.2.     Os Sujeitos da EJA: Jovens e Adultos Trabalhadores




           Ao tratarmos sobre a educação de jovens e adultos é preciso nos
perguntar: quem são os sujeitos dessa educação? Quais suas características?
O que eles/elas desejam? São questões complexas que não são facilmente
respondidas, mas podemos responder a primeira dizendo que os sujeitos da
EJA são jovens e adultos trabalhadores que não conseguiram realizar a sua
escolarização no período que a maioria das crianças e jovens realiza – a
infância e a adolescência. Por diversas razões – sobrevivência e por isso
necessitaram trabalhar, migrações em busca de melhores condições de vida,
desajustes familiares, falta de escola perto de onde moravam – apenas para


                                                                                      22
citar alguns exemplos. E, se podemos falar de uma característica geral desses
sujeitos é que eles/elas pertencem às camadas mais pobres da população
brasileira.

         Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições
de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que muitas
vezes estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego, os baixos
salários e as péssimas condições de vida comprometem o processo de
alfabetização desses alunos e também a possibilidade de continuarem na
escola e concluírem sua escolarização.

              Deste modo é preciso entender que o público alvo da EJA é
heterogêneo, marcado por trajetórias e necessidades diferentes, e por isso
mesmo não é possível se pensar numa educação para esse segmento nos
moldes da educação oferecida às crianças e jovens do ensino regular.
Tradicionalmente, a escola tem sido marcada em sua organização por critérios
seletivos que tem como base a concepção da homogeneidade do ensino. Esta
concepção reflete um modelo caracterizado pela uniformidade em todos os
aspectos da abordagem educacional: no currículo, no material didático, no
planejamento, numa aula, no conteúdo curricular, na atividade para todos em
sala de aula. O estudante que não se enquadra nesta abordagem permanece á
margem da escolarização, fracassa na escola ou é levado a evadir. O não
reconhecimento da heterogeneidade dos alunos da EJA contribui para
aprofundar as desigualdades educacionais ao invés de combatê-las.

         Para que a educação de jovens e adultos sirva aos seus propósitos se
faz necessário um currículo, tempos e espaços que respondam às
necessidades de sua clientela, além de profissionais que tenham uma
formação para trabalhar com jovens e adultos. O professor deve ser o
mediador do conhecimento desses alunos, e, portanto tem que ter o
conhecimento necessário do universo, dos anseios e das necessidades
daqueles que buscam a educação de jovens e adultos.

         Paulo Freire diz em seu livro “A pedagogia do Oprimido” que não há
nada melhor para o desenvolvimento dos alunos, que o respeito aos



                                                                           23
conhecimentos que o aluno traz consigo para a escola, sendo o dever do
professor, e mesmo da instituição instigar para que esses conhecimentos
sejam ampliados e melhor, entendidos em um contexto mais amplo. É nessa
perspectiva que deve ser a educação de jovens e adultos, partindo do
conhecimento que trazem os alunos, mas também ampliando esse
conhecimento, levando os alunos e alunas da EJA a terem acesso aos
conhecimentos historicamente produzidos, porém, diferente das crianças e
adolescentes   do   ensino   regular,    esses     conhecimentos       precisam      ser
selecionados para responder aos anseios, expectativas e desejos dos adultos e
jovens que buscam a EJA.

                                    CAPÍTULO III




3. ABORDAGEM METODOLÓGICA




      A pesquisa nas ciências sociais se faz a partir da abordagem qualitativa,
pois nos permite ter um contato direto entre o pesquisador e objeto pesquisado,
além de nos permitir investigar situações que as demais abordagens não
permitem em virtude da sua complexidade como também possibilita o
aprofundamento da pesquisa. Minayo (1994, p.21) afirma que a



                     Pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se
                     preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não
                     pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com universo de
                     significados motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
                     corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
                     processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à,
                     operacionalização de invariáveis.




        Desse modo, por trabalhar com o universo de significados “a pesquisa
qualitativa responde a questão muito particulares. Ela se preocupa, nas
ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificados”
(DESLANDES, 1994, p.21) sendo priorizado o espaço natural dos sujeitos.



                                                                                      24
Diante disso, optou-se pela pesquisa qualitativa uma vez que esta nos propicia,
enquanto pesquisador, vivenciar experiências ao tempo que procura garantir a
representação de dados baseados em critérios de qualidade, tomando como
base a entrevista semi-estruturada que nos possibilita compreender o que os
sujeitos dizem e pensam sobre o tema pesquisado.




3.1. Locus da pesquisa

           O locus de pesquisa permite ao pesquisador observar, questionar,
investigar e analisar o objeto estudado. Assim, o nosso locus de pesquisa foi o
Ginásio Antônio Simões Valadares, localizado na cidade de Itiúba, Bahia, à
Rua Vereador Ademir Simões Freitas, nº 172, no Bairro do Alto. O referido
Ginásio foi fundado em 06/05/1969. No início era apenas a diretoria, uma sala
de professores, 4 salas de aula, dois sanitários, sendo um masculino e um
feminino, um auditório, que mais tarde o auditório foi dividido para ser classes
de 7ª e 8ª séries.

       O Ginásio funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno,
atendendo uma clientela do nível fundamental I do 1º ao 5º ano, II do 6º ao 9º
ano e EJA I e II, é considerado de grande porte, conta com 14 salas de aula,
uma sala para professores, uma secretaria, uma diretoria e coordenação, dois
banheiros para funcionários, uma sala de vídeo, quatro banheiros, dois
masculinos e dois femininos, uma quadra de esportes, um pátio arborizado,
uma cantina com depósito para merenda, cisterna com água de chuva, uma
sala de informática, espaço com horta e uma biblioteca.

       A escola funciona nos três turnos, como já foi dito anteriormente. Ainda
há extensões dessa escola nos povoados de Picos, Cacimbas, Taquari, Sítio
dos Moços, Alto do São Gonçalo e Ponta Baixa. O vínculo entre escola e
comunidade ainda é restrito, dar-se apenas em reuniões de pais e mestres, ao
final de cada unidade e em eventos realizados na escola. A escola possui
professores que fazem parte do quadro docente, são profissionais, efetivos e
concursados, 20% possuem nível superior completo nas diversas áreas e 59%
cursando o 3º grau e 12% em magistério. Os demais funcionários, porteiros,



                                                                              25
secretários, tarefeiros e merendeiras são efetivos e concursados, estes que
contribuem e colaboram no ensino – aprendizagem.

       No referido ginásio há materiais como TV, DVD, Vídeo, Computador com
impressora, retro – projetor, livros didáticos, caixa de som, microfone, mapas,
jogos educativos e outros, todos disponíveis para os professores desenvolver
um excelente trabalho. No citado ginásio há um projeto político pedagógico
(PPP) que orienta aos professores desta instituição a trabalhar com as
disciplinas nas salas da EJA, além de trabalhar os valores éticos, políticos e
religiosos.




3.2. Sujeitos da pesquisa




       Durante todo o processo de pesquisa observamos que a mesma permite
a aproximação do pesquisador e o seu objeto de estudo. Na pesquisa foi
observada que a quantidade de pessoas não é tão importante quanto a
preexistência em olhar a questão com outros ângulos (GOLDENBERG, 2000,
p.83). Daí, os sujeitos escolhidos para participar da pesquisa, foram os
professores e alunos, da EJA do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares.
Assim tivemos 03 alunos que foram entrevistados e 04 professores que
responderam a um questionário aberto.

       Na discussão dos resultados, optamos por resguardar os nomes e não
identificar diretamente os sujeitos entrevistados, preservando suas identidades.
A partir de procedimentos baseados nas entrevistas, procura-se conhecer o
que pensam os entrevistados em relação a problemática da Evasão Escolar da
EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Ginásio Municipal de Itiúba, Bahia.
Usamos para nos referir aos alunos a letra A maiúscula mais um número, o
mesmo procedimento foi feito com os professores, usando a letra P maiúscula
mais um número.




3.3. Instrumentos de coleta de dados e perspectivas de análise


                                                                              26
Para alcançar os objetivos desta pesquisa utilizamos como instrumentos
de coleta de dados o questionário aberto e a entrevista semi-estruturada que
nos possibilitassem identificar as causas da evasão dos alunos da EJA e por
que eles sempre retornam para a escola. Segundo Goldenberg (2000)


                     A pesquisa cientifica requer flexibilidade, capacidade de observação
                     e de interação com os observados. Seus instrumentos devem ser
                     corrigidos adaptados durante todo o processo de trabalho, visando
                     aos objetivos da pesquisa. No entanto, não se pode iniciar uma
                     pesquisa sem se prever os passos que deverão ser dados (p. 79).




      Desse modo, é preciso que o pesquisador esteja em contato com os
sujeitos utilizando-se de instrumentos que possibilitem a coleta de dados
necessária à interpretação de uma determinada realidade favorecendo, assim,
uma possível intervenção na mesma. No estudo de caso etnográfico, visto
tratar-se de fenômenos ocorridos no âmbito da escola, buscamos por meio da
pesquisa compreender a evasão escolar de Jovens e Adultos do Colégio
pesquisado, neste sentido


                    O pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensões
                    presentes numa determinada situação ou problema, focalizando-o
                    como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza a complexidade
                    natural das situações, evidenciando a Inter-relação dos seus
                    componentes. (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p.19).



       Utilizamos o método descritivo. O principal elemento referenciado para
realizar esta pesquisa, encontra-se no número de alunos evadidos da EJA do
Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares no turno noturno. Analisando as
respostas elaboradas na forma de questionário, sentimos a necessidade de
confrontar os dados referentes a evasão com opiniões de alunos que ainda
frequentam   a   escola.    É    importante      ressaltar    que     os    problemas
socioeconômicos, psicológicos, ambientes familiares, questões culturais, ações
metodológicas e pedagógicas, são elementos que influenciam na trajetória do
aluno no processo de ensino. Portanto pensando nestes inúmeros fatores
decidimos também trabalhar com os professores e a direção da escola.


                                                                                      27
A retomada de aspectos-base do assunto tem como principal foco
manter acesa a discussão e reiterar que educação é processo, salientando que
não existe processo sem que haja sujeitos envolvidos em atividades que exijam
planejamento, execução e avaliação de resultados. Vale lembrar que utilizamos
a pesquisa bibliográfica, assim enriquecendo o nosso trabalho. O trabalho
elaborado está organizado da seguinte forma: entrevistas com 03 alunos da
EJA e um questionário aberto aplicado com 04 professores, e este material que
analisamos no capítulo que se segue.




                               CAPÍTULO IV




4.1. A evasão dos alunos da EJA no Ginásio Municipal Antônio Simões
Valadares: o que dizem os sujeitos da pesquisa




       Neste capítulo apresentamos a análise e reflexão dos dados coletados
no campo da pesquisa buscando compreender o porquê os alunos da
Educação de Jovens e Adultos do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares
evadem, quais as causas que os levam a abandonarem a escola, por que
retornam sempre e o que representa a escola para eles.

        Através dos resultados dos questionários e entrevistas realizados com
os alunos, observa-se que as respostas são parecidas, demonstrando a
similaridade nas histórias de vida dos sujeitos, devido os mesmos serem
oriundos das camadas mais pobres da população do município. Dos cinco
alunos participantes da pesquisa, dois responderam um questionário e três
aceitaram ser entrevistados. Analisaremos em primeiro momento os resultados
obtidos com os alunos e na sequência analisamos os resultados obtidos com o
questionário realizado com os professores. Utilizaremos a letra A maiúscula
para nos referirmos aos alunos junto com um numero: A1, A2, A3, A4, . E para
nos referirmos aos professores usaremos P mais o numero: P1, P2, P3, etc.


                                                                            28
4.1.1. Com a palavra, os alunos do Ginásio Municipal Antônio
Simões Valadares: análise das entrevistas




      Iniciamos a entrevista perguntando aos alunos por que eles estudavam
para tentar compreender qual a importância da escola e do conhecimento
escolarizado para estes alunos. Dos 03 entrevistados, os alunos A2 e A3
disseram simplesmente “porque é bom e importante”. O terceiro aluno
estendeu-se um pouco mais

                     A1. “Para aprender alguma coisa e por ser muito importante
                     porque sem estudo a pessoa não é ninguém”.



            Nota-se nas falas dos entrevistados que todos acham o estudo
importante e por isso estão estudando. Mas na resposta de A1, percebe-se que
este entende que a escola, ou o saber escolar tem um significado social ao
afirmar que “sem estudo a pessoa não é ninguém”, mostrando que o
conhecimento escolarizado é valorizado pela sociedade e que, quem não o
possui é excluído da mesma.

      Perguntamos também se eles eram repetentes e há quanto tempo
estavam estudando em turmas de EJA. Dos três entrevistados apenas o aluno
A3 não era repetente, os outros dois falaram que desistiram, mas não dizem
quantos anos ficaram fora da escola, talvez por vergonha. E quando indagados
há quanto tempo estavam nas turmas de EJA, A1 respondeu que está há três
anos, A2, está há dois anos e A3 respondeu que está estudando em uma
turma de EJA pela primeira vez. Percebe-se que eles não se aprofundam em
suas falas, por se mostrarem inibidos diante das entrevistas.

      Procuramos saber também por que é importante estudar e se os
conhecimentos adquiridos na escola são importantes para tomar alguma
decisão na vida. Ao responderem a esses questionamentos eles o fazem de
maneira genérica enfatizando que é importante para vencer na vida, para ter



                                                                            29
uma vida melhor e para aprender mais, porém não especificam nenhum
conhecimento.

                    A1. “É muito importante estudar, porque sem estudo ninguém
                    vence na vida”.

                    A2. “É para eu ter uma qualidade de vida melhor”.

                    A3. “Porque é importante estudar para aprender mais”.


       Quando questionamos os alunos sobre o que eles, de fato, aprenderam
na escola mais uma vez recebemos uma resposta genérica de A1 e A2, sem
que eles pudessem especificar o que tem aprendido. A3 volta a enfatizar a
importância de estudar para ser alguém na vida.

                    A1. “Aprendi muitas coisas novas”.

                    A2. “Aprendi muitas coisas novas”.

                    A3. “Por eu ter parado de estudar muito tempo, estudar é a
                    melhor coisa que está acontecendo em minha vida, sei que
                    sem estudo ninguém é ninguém, estou estudando para vencer
                    na vida”.



      Dos três sujeitos pesquisados dois deram a mesma resposta, apenas
um, estendeu e aprofundou mais em sua fala. Percebe-se também que os
sujeitos não citaram quais as coisas novas eles aprenderam, por mais que
tentássemos que eles dessem respostas mais coerentes, eles se retraiam e
falavam poucas frases.

      Ao perguntarmos aos alunos o que eles haviam conquistado, de fato, na
escola eles foram um pouco mais expansivos na resposta, exaltando pontos
positivos nessa conquista tais como respeito, valores, além de conhecimentos.




                    A1. “Conquistei o aprendizado, a educação, o respeito ao
                    próximo, valores que conquistei na escola e conhecimento que
                    ela me proporcionou”.

                    A2. “E ter mais conhecimento nos estudos, a escola é o lugar
                    que oferece oportunidade de aprender a ler, a escrever e abre
                    portas para o conhecimento, para o novo e para a realidade”.




                                                                              30
A3. “É através da escola que se pode conquistar coisas boas,
                    importantes para qualquer pessoa e é a oportunidade para
                    trabalhar e fazer parte da sociedade”.



      Percebe-se nas falas dos sujeitos pesquisados que eles acreditam ou
pelo menos repetem o discurso, de que é através do conhecimento
escolarizado que se consegue melhores condições de vida. Nesta pergunta
eles falaram mais, se mostraram mais desinibidos, mostrando o que eles
almejam da escola. Pelas falas dos alunos percebemos o que eles buscam na
escola, o que esperam dela.

      As questões acima respondidas pelos alunos nos mostram que eles
sabem da importância da escola para suas vidas, do significado social que tem
aqueles que se apropriam do saber escolarizado e que, quem não detém esse
conhecimento é estigmatizado, excluído da sociedade e do mundo do trabalho.

       Mas quando refletimos sobre algumas das questões colocadas acima e
as respostas dadas pelos alunos, como por exemplo, por que é importante
estudar, o que eles aprenderam na escola e se o que aprenderam os ajudam
nas decisões do dia-a-dia percebemos a imprecisão nas respostas, e nos faz
pensar se essa percepção genérica não se deve justamente à distância entre
os conhecimentos ensinados na EJA e a vida concreta desses alunos pois
como afirma Arroyo (2007) os conhecimentos ensinados aos alunos da EJA
devem ser



                    Conhecimentos que esclareçam suas indagações, que os ajudam a
                    entender-se como indivíduos e sobretudo como coletivos. Tão
                    vulneráveis, em percursos humanos tão precarizados. A função de
                    todo conhecimento é melhor entender-nos no mundo e na sociedade.
                    (p.10)



      O que nos parece que está longe de ter esse sentido para os alunos que
frequentam a escola pesquisada, pois não conseguem especificar esses
conteúdos aprendidos e a sua materialização em suas vidas.




                                                                                 31
Quando questionamos os alunos sobre sua frequência na escola e o
que provoca a evasão da mesma, obtivemos respostas parecidas de A1 e A2
que são alunos repetentes em turma de EJA, e uma resposta de A3 sobre o
que ele imagina que seja a causa dessa evasão:




                    A1. “Apesar de ser um bom projeto da educação, desistir de
                    estudar muito tempo, porque tinha que trabalhar, também pelo
                    preconceito que ate hoje existe com os alunos que estuda no
                    EJA”.

                    A2. “Eu deixei de estudar há 15 anos mais tem dois anos que
                    eu estudo, deixei de estudar para trabalhar, porque morava no
                    campo e isso foi difícil a frequentar a escola”.

                    A3. “Muitos desistem por motivos pessoais, como doença,
                    viajar para trabalhar fora, um por causa da bebida e das
                    drogas”.

      Percebe-se nas falas de A1 e A2 que, enquanto alunos de EJA que
precisaram afastar-se da escola, sabem exatamente porque a maioria evade,
pois os motivos quase sempre são a necessidade de trabalhar para garantir a
sobrevivência, além da dificuldade de uma escola perto de casa. Claro que a
questão da bebida ou das drogas pode estar, em menor número, nos motivos
para a evasão mesmo numa cidade pequena como Itiúba.

          Quando questionados se haviam se arrependido de ter parado de
estudar e se agora eles pensavam em continuar os estudos e por que, os
alunos confirmaram as respostas dadas anteriormente sobre o motivo do
abandono: o trabalho. E o motivo de seguir estudando enfatizam a crenças que
tem na escola, de com o estudo ter uma vida melhor.




                    A1. “[...] me arrependi, mais tinha que trabalhar. Quero
                    continuar estudando para garantir meu futuro, para eu fazer
                    concursos e me efetivar e me assegurar do emprego e
                    alcançar meus objetivos”.

                    A2. “[...] eu tinha que trabalhar por isso parei de estudar. Quero
                    continuar estudando porque quero ter alguma coisa na vida e
                    sonho por dias melhores”.

                    A3. “Me arrependi, deixei para trabalhar. Estudar para eu ter
                    mais conhecimento das coisas que acontece ao meu redor e


                                                                                   32
também que acontece no mundo passei muitos anos sem
                    estudar e isso dificultou muito na minha vida, foi ruim, porque
                    só com estudo é que se conquista o que é bom e valoroso”.



               Por último perguntamos sobre a metodologia utilizada pelos
professores, se esta contribuía ou ajudava no aprendizado deles. Dos três
alunos entrevistados apenas A3 respondeu que sim, sendo justamente aquele
que estava começando na EJA pela primeira vez. A1 e A2 que já eram
repetentes disseram que faltava uma melhor “explicação” por parte dos
professores.




                    A1. “Acho que deveria haver mais explicação para que os
                    alunos entendam melhor e com clareza os assuntos dados na
                    sala de aula, acho que deveria ter mais dinâmicas para nos
                    chamar atenção e nos despertasse a vontade de aprender
                    mais”.

                    A2. “Não. É preciso ter professores preparados, sei que os
                    professores se sentem seguros, mais tem certa dificuldade em
                    explicar os assuntos”.

                    A3. “Sim”.



      Nota-se nos comentários de A1 e A2 certo descontentamento a respeito
da metodologia aplicada em sala de aula. Isso nos faz pensar sobre os
professores da EJA, pois estes precisam ter uma formação específica como se
almeja para os professores da educação infantil ou outra modalidade de
ensino. Não se pode achar que para trabalhar com jovens e adultos
trabalhadores, o professor não necessita de uma formação especifica. Nesse
sentido concordamos com Ribeiro (1999) ao afirmar que



                    Os professores de jovens e adultos devem estar aptos a repensar a
                    organização disciplinar e de séries, no sentido de abrir possibilidades
                    para que os educandos realizem percursos formativos mais
                    diversificados, mais apropriados às suas condições de vida. Os
                    jovens e adultos merecem experimentar novos meios de
                    aprendizagem e progressão nos estudos, que não aqueles que
                    provavelmente os impediram de levar a termo sua escolarização
                    anteriormente. (p. 195).



                                                                                        33
4.1.2. O que tem a dizer os professores da EJA do G. M. A. S. V: análise do
questionário aberto aplicado aos professores




          Analisamos o conteúdo dos questionários aplicados com os sujeitos-
professores do G. M. A. S. V., sobre a evasão dos alunos da EJA, inicialmente
para compreender o que os professores pensavam sobre a EJA, se tinham
formação específica para essa modalidade de ensino e qual a concepção
teórico metodológica sobre a EJA.




    4.1.2.1. Cursos de capacitação ou formação para a EJA e tempo de
serviço




                     P1. “Fiz cursos de capacitação e de formação continuada em
                     1998. Sou pós-graduada em psicopedagogia clinica e
                     institucional, atuo no magistério há 20 anos e na sala da EJA
                     há 14 anos”.



                     P2. “Não apenas curso de formação continuada, sou
                     pedagoga, atuo no magistério há 30 anos e na EJA já tem 20
                     anos, creio que sou capaz para lidar com os alunos da EJA”.



                     P3. “Não respondeu”.



                     P4. “Não, por não termos apoio por parte da secretaria e dos
                     demais órgãos”.




             Dos 04 professores que responderam ao questionário, um não
respondeu a questão sobre a formação e o tempo de serviço, um fez curso de
capacitação e dois não fizeram. Percebe-se que neste aspecto os professores
trabalham com jovens e adultos trabalhadores, provavelmente, com a mesma


                                                                               34
visão que tiveram de sua formação voltada para crianças e adolescentes, o que
é muito diferente do trabalho na EJA.

       Ao serem questionados sobre o que entendem por Educação de Jovens
e Adultos-EJA e quais os fundamentos teóricos do seu trabalho com a EJA.
Percebe-se que os 04 professores têm algum conhecimento sobre o que seja a
Educação de Jovens e Adultos, ainda que seja de forma genérica. Quanto aos
fundamentos de seu trabalho pedagógico, 02 dos professores citam Paulo
Freire, e 01 dos professores cita Piaget como referência para seu trabalho, o
que suscita que este professor pode estar referenciado na experiência dele
com o ensino fundamental de crianças e adolescentes, enquanto 01 professor
não respondeu a esta questão. Vejamos o que dizem os professores:




4.1.2.2. O que entende por EJA e o posicionamento teórico que
fundamenta o trabalho




                     P1. “A educação de jovens e adultos onde a práxis pedagógica
                     se baseia e intensifica no educando como ativo e critico na
                     sociedade vigente um trabalhador. (fundamenta-se em) Piaget,
                     diante da versatilidade da metodologia, sendo que outros
                     educadores (pensadores teóricos) também faz parte e
                     permeiam a metodologia da minha práxis pedagógica de o
                     educando é o centro e elo do processo de aprendizagem”.



                     P2. “Entendendo que é uma aprendizagem e qualificação
                     permanente não suplementar, mas fundamental e que favoreça
                     a emancipação do educando com o acolhimento dos seus
                     conhecimentos interesses e necessidades de aprendizagem.
                     (fundamenta-e em) Sim, PE LANDRE, Paulo Freire, não como
                     metodologia de ensino, mas como teoria do conhecimento,
                     muito mais um método de aprender, conhecer, que de ensinar”.



                     P3. “A educação de jovens e adultos vem sendo um veículo
                     que dá o direito a cidadania substancial aqueles que não
                     tiveram acesso á escolarização na idade apropriada dando aos
                     mesmos a oportunidade de inclusão também”. (Não respondeu
                     sobre em que se fundamenta).


                                                                              35
P4. “É a educação de jovens e adultos. (fundamenta-e em)
                    Paulo Freire – pois o mesmo começava pela base”.




       Embora os professores tentem colocar explicitar sua concepção teórica,
ainda não está claro para estes, o que fundamenta seu trabalho e como essa
teoria está presente em seu trabalho. Assim questionamos, para tentar aclarar
o que eles entendem sobre EJA, qual a visão deles sobre essa modalidade de
ensino. Somente 03 professores responderam a esta questão.




4.1.2.3. Visão de EJA dos professores




                    P1. “É o mecanismo através do qual humanizamos,
                    conscientizamos e letramos o cidadão da nossa sociedade,
                    fazendo com a valorização dos seus conhecimentos, que esses
                    alunos possam ampliar as suas possibilidades de socialização,
                    que possam participar de uma sociedade com independência e
                    autonomia, principalmente no ensino de historia que precisa
                    está ligada a transformação social”.



                    P3. “O EJA é um programa do governo para preparar o aluno
                    para o mercado de trabalho formando cidadãos conscientes de
                    seus direitos e deveres”.



                    P4. “Em relação ao nosso município, ainda há muita coisa a se
                    fazer por ela (EJA). Pois disponibilizamos de pouco material
                    para que assim tenhamos aulas mais enriquecidas”.




                                                                              36
Dos 03 professores que responderam a questão percebemos que cada
um vê a EJA de uma perspectiva diferente. Enquanto P1 afirma que a EJA é
instrumento de humanização e conscientização e que vai ampliar suas
possibilidades de socialização e independência na sociedade, P2 tem uma
visão meio contraditória da EJA vista por este professor, ao mesmo tempo,
como um programa de governo que prepara o aluno para o mercado de
trabalho e também lhe dar uma formação consciente de cidadania. P4 refere-se
às dificuldades encontradas no município com relação à EJA, referindo-se à
falta de materiais que os auxiliem na elaboração das aulas. Nota-se que as
respostas divergem em relação a visão que tem os professores que atuam na
sala de aula da EJA.

        Pedimos também que os professores falassem sobre os seus alunos,
como eles os percebiam a partir da sua visão sobre a EJA, se eles conheciam
a realidade socioeconômica dos alunos.




4.1.2.4. A realidade socioeconômica de seus alunos




                       P1. “Classe baixa (empregada doméstica, serventes e
                       diaristas) a maioria recebe menos de um salário mínimo,
                       quando empregada; em pouquíssimas exceções grande parte
                       é desempregada”.



                       P2. “De classe baixa, sem renda, os que trabalham recebem
                       salários abaixo do mínimo, sem registro e muitos são
                       trabalhadores rurais”.



                       P3. “Baixa renda, a maioria deles vem de famílias
                       desestruturadas com problemas de alcoolismo, drogas,
                       separação de pais, além da falta de emprego e com a
                       autoestima nos pés”.




                                                                             37
P4. “A maioria dos alunos é de classe baixa”.




       Em suas respostam, os professores demonstram conhecer a realidade
socioeconômica dos alunos, porém não basta apenas constar esse fato, é
preciso que o trabalho pedagógico do professor leve em consideração essa
realidade não no sentido de pauperizar o conhecimento destinado a esses
alunos, mas tendo essa realidade como ponto de partida, possibilitar a
apropriação dos conhecimentos necessários para a vida desses alunos.

           Para que pudéssemos entender a relação entre a visão que os
professores têm dos alunos, e a metodologia utilizada, procuramos saber sobre
os recursos que utiliza e se o material didático é adequado com a realidade
dos alunos. Apenas P4 não respondeu à primeira questão, sobre o que acha
dos recursos que utiliza. Percebemos que os professores têm opiniões
diferentes sobre essas questões como vemos a seguir.




4.1.2.5. O que acha dos recursos que utiliza na EJA. O material didático
que utiliza é coerente com a realidade dos alunos




                    P1. “Muito bom; a escola disponibiliza de excelentes recursos
                    audiovisuais e didáticos, sendo o livro didático muito utilizado e
                    de excelente qualidade. (se é coerente) Sim, porque atende a
                    necessidade dos alunos no processo ensino – aprendizagem”.



                    P2. “Acho que são importantes porque precisamos substituir
                    metodologia de ensino de visão, racionalista e padronizada por
                    novos recursos de linguagens modernas. A utilização desses
                    recursos de forma responsável pode trazer soluções
                    pedagógicas inovadoras. (se é coerente) Sim, porque atendem
                    as perspectivas de aprendizagem dos alunos”.



                    P3. “São produtos ou recursos muito avançados para a
                    realidade dos alunos. Por isso utilizamos outros recursos. (se é


                                                                                   38
coerente) Mais ou menos, pois às vezes não temos material
                     suficiente para trabalhar com os alunos individualmente, pelo
                     motivo já citado antes (faltou recurso para a EJA), mas o pouco
                     que temos dá pra ser coerente com a realidade deles”.



                     P4. (se é coerente) “Não, porque o material didático esta fora
                     da realidade dos alunos e também do professor por não ter
                     sido preparado adequadamente”.




      De acordo com P1 e P2 os recursos que utilizam são bons e importantes
e a escola disponibiliza para eles trabalharem. Já P3 afirma que os recursos
disponibilizados pela escola são muito avançados para os alunos e por isso
utiliza outros, embora não diga quais. Com relação à coerência do material com
a realidade dos alunos a opinião se divide, P1 e P2 afirmam que é coerente e
que atende as necessidades e expectativas dos alunos. P3 diz que é mais ou
menos coerente, pois às vezes não tem material suficiente para trabalhar; e P4
afirma categoricamente que não é coerente, pois está fora da realidade dos
alunos e também do professor, pois este não sabe como usar, visto que não
teve formação para tal.

        E sobre esta afirmação de P4 trazemos para análise a última questão
respondida pelos professores através do questionário aberto. Perguntamos aos
professores quais as dificuldades que eles encontravam na realização do seu
trabalho enquanto professores da EJA. Vejamos o que eles dizem.




   4.1.2.6. As dificuldades encontradas na prática profissional da EJA




                     P1. “Curso de formação continuada para nos direcionar na
                     metodologia diária”.

                     P2. “No inicio as dificuldades encontradas com a EJA, não
                     decorreram muitas vezes das especificidades desta
                     modalidade, mas de lacunas da nossa formação geral, no
                     entanto com a participação dos cursos de formação




                                                                                 39
continuada, as possibilidades para o processo se tornaram
                     visíveis”.

                     P3. “A evasão, a falta de compromisso deles para com a
                     escola, para consigo mesmo, uma sala exclusiva para cada
                     disciplina como: sala de laboratório de ciências, de geografia..”.

                     P4. “A deficiência de recursos didáticos, desistência do aluno, a
                     falta de motivação e preparação”.



            Percebemos que as falas dos professores se dividem em duas
vertentes. A primeira, que aparece nas falas de P1 e P2 diz respeito as
dificuldades referentes à formação para trabalhar com Educação de Jovens e
Adultos pois falam da necessidade de formação continuada e de lacunas em
sua formação inicial. A segunda vertente está nas falas de P3 e P4 quando
afirmam que as dificuldades/deficiências estão nos alunos, em sua falta de
compromisso, de motivação, nos problemas estruturais (recursos didáticos,
salas de laboratório/ ambientes de ciências, geografia, etc.).

      Nota-se que a evasão dos alunos do Ginásio Municipal Antônio Simões
Valadares, estão atrelados a diversos fatores, mas percebe-se também que os
professores que atuam nas salas da EJA não estão preparados para atuarem
nas salas de aula desses jovens e adultos. Portanto é necessário refletirmos
sobre a prática educacional e os sujeitos que estão inseridos na construção
desse processo para que possamos compreender a construção e a presença
da educação de jovens e adultos a fim de diminuir o índice da evasão nesta
escola.




                                                                                    40
CONSIDERAÇÕES FINAIS




      Neste trabalho procuramos compreender as causas e consequências da
evasão escolar no ensino de jovens e adultos do G.M.A.S.V. ao tentarmos
ouvir alunos e professores desta instituição. Desde já queremos dizer que não
é fácil visto que são muitos fatores que interferem no abandono da escola pelos
alunos. Podemos aqui supor algumas conclusões que não são definitivas e,
portanto, estão abertas para novas investigações.

       Observamos durante a pesquisa realizada que a educação de jovens e
adultos muitas vezes não corresponde às expectativas da qualificação dos
professores devido às teorias estarem distantes da técnica desses profissionais
e de eles não terem uma compreensão clara do trabalho com jovens e adultos,
em decorrência de sua falta de formação para essa modalidade de ensino.




                                                                             41
Sabemos que vivemos num mundo letrado e de grande exigência no uso
da leitura, da escrita e na interpretação dos diversos símbolos que ilustram o
mundo moderno. Diante das diversas situações analisadas, tivemos a certeza
de que as práticas pedagógicas aplicadas por alguns professores da EJA não
são convergentes com a proposta metodológica apresentada para essa
modalidade de ensino. É necessário rever alguns pontos do sistema de ensino
para os jovens e adultos, estes que necessitam de serem avaliados a partir de
uma metodologia aplicada que leve em consideração as especificidades
desses alunos e de seus percursos de aprendizagem. Pois como percebemos,
além dos problemas enfrentados pelos jovens e adultos para permanecerem na
escola (a necessidade de trabalhar aparece como a principal dificuldade em
permanecer na escola) e obterem sua escolarização, ainda enfrentam outros
obstáculos na própria escola, tais como a falta de preparação dos professores,
materiais inadequados ou a falta deles, tempos e espaços que remetem à
escola oferecida às crianças e adolescentes do ensino regular.

          Pudemos perceber que o grande problema nesta comunidade escolar é
atribuído ao fator econômico, pois a mesma encontra-se inserida num
município que não dispõe de muitas alternativas de trabalho, mas notamos
também que as aulas não são repassadas de acordo com a capacidade dos
alunos.

      A questão da evasão escolar, ocorre de modo geral em todas as escolas
do país, devido ao crescimento populacional como também à problemas de
ordem familiar e social. Portanto a evasão deve ser vista como um problema de
caráter social e econômico. A evasão é um fator poderoso e assim os jovens e
adultos são desestimulados a continuar na escola, eles se sentem inseguros e
são considerados diferentes e isso abala sua autoestima, fazendo com que
evadam.

      As marcas que trazem os jovens e adultos deixam sequelas nas vidas
deles e talvez uma ferida que nunca se feche ou deixe cicatrizes para o resto
de suas vidas. Diante das diversas situações analisadas, temos certeza de que
a forma metodológica aplicada não condiz com a realidade da clientela da EJA.
Desta forma podemos supor, a partir da pesquisa realizada, que a questão da



                                                                            42
evasão do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares, só poderá mudar este
quadro com muita luta e vontade, criando novos mecanismos didáticos que
possa chamar a atenção dos jovens e adultos em sala de aula, buscando o
diálogo, procurando conhecer melhor os alunos e buscar soluções para a
evasão a partir da realidade concreta dos alunos e da escola.

      É válido lembrar que a educação é um processo contínuo e para ser
eficaz deve vincular-se a uma ação concreta. Mudanças nas práticas
educacionais sem dúvida, urgentes, porque há muito que a escola pode e deve
promover condições de aprendizagem e desse modo contribuir para o processo
de permanência do sujeito da EJA, assim evitando que os alunos evadam da
escola e da sala de aula. Por isso, é necessário que a escola crie mecanismos
que desperte a atenção desses jovens e adultos. O laço de afetividade é um
dos fatores importantes para que esses alunos continuem estudando, fazer
com que o aluno perceba que a escola não o vê apenas com um aluno e sim
como uma pessoa que busca realizar um sonho, assim dando-o atenção
necessária a fim de que o mesmo se sinta parte integrante da escola como os
outros alunos que estão no ensino regular.




REFERÊNCIAS




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1997. (coleção educação popular - nº. 8).


_____________. Balanço da EJA: O que mudou nos modos de vida dos
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GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa de qualidade
em Ciências Sociais. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.


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avaliação da década da educação para todos. São Paulo em Perspectiva, São
Paulo. 14, n1, mar. 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n1/9800.pdf> . Acesso em 25 de maio de
2012.

_____________. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de
Educação       Nº     14     Mai/Jun/Jul/Ago      2000.   Disponível    em:
<http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/rbde14/rbde14_08_sergio_haddad_e_m
aria_clara_di_pierro.pdf>. Acesso em 25 de maio de 2012.


LUDKE, Menga, e ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa               em   Educação:
Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.


MORAES, R. E. Educação de jovens e adultos: um campo de direitos e de
responsabilidade pública. Diálogo na educação de jovens e adultos. Belo
Horizonte, M.G: Autêntica, 2010.


MORIN. E. O método V: a humanidade, identidade humana. 2. ed. Porto
Alegre: Sulina, 2003.


MINAYO, M. C. de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20
ed. Petrópolis: Vozes, 1994.



                                                                         44
PAIVA, V. Educação popular e educação de adultos. São Paulo: 4ª ed.
Loyola, 1987.


RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da
educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Revista Educação
& Sociedade, ano XX, nº 68. São Paulo: Ação Educativa, Campinas: Papirus,
1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v20n68/a10v2068.pdf>
Acesso em 25 de maio de 2012.




                                                                       45
APÊNDICES




 Diretoria




                Sala dos
             Professores




               Biblioteca


                            46
Banheiro dos Alunos




                      47
Sala de Informática




       Cantina




                      48
Depósito da Merenda




Salas de Aula



                      49
50
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM - BAHIA




   Questionário de resposta dos alunos da EJA do Ginásio
              Municipal Antonio Simões Valadares



  1. Por que vai a escola? Que importância tem a escola na sua vida ?


   R. ________________________________________________



  2. É repetente: Quantos anos?


  R. _________________________________________________



  3. A quanto tempo é aluno da EJA?


  R. _________________________________________________



  4. Porque é importante estudar? E os conhecimentos adquiridos na escola
     são importantes para tomar alguma decisão na vida?


  R. _________________________________________________



  5. O que tem aprendido de fato na escola?


  R. _________________________________________________


                                                                        51
6. O que se pode conquistar de fato na escola?


R. _________________________________________________




7. Em sua opinião o que leva tanto a evasão dos alunos da EJA?


R. ________________________________________________




8. A coordenação pedagógica tem visitado com freqüência as turmas da
   EJA? Ou a escola tem um acompanhamento pedagógico?


R. _______________________________________________



9. O que de fato lhe faz dá continuidade aos seus estudos?


R._______________________________________________



10. Como aluno da eja tem participado frequentemente das atividades
    desenvolvidas na sala de aula? Por quê?


R. ______________________________________________




11. Como gostaria que fossem ministradas as aulas da eja?


R. _______________________________________________




12. Como são recepcionados pelos funcionários da escola?




                                                                       52
R. _______________________________________________



13. A direção está sempre presente para atender os alunos da eja?


R. ______________________________________________



14. A merenda escolar é de boa qualidade?


R. ______________________________________________



15. A metodologia aplicada pelos professores da eja é interessante e
    contribui no seu aprendizado ?


R. ______________________________________________




                                                                       53
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM - BAHIA




Prezado (a) Professor (a),

     No trabalho que ora desenvolvemos para a elaboração de nossa monografia, precisamos
obter algumas informações acerca de sua visão sobre a Eja e o material didático que são
utilizados na Educação de Jovens e Adultos no Ginásio Antonio Simões Valadares . Para tal,
solicito a sua colaboração respondendo às questões abaixo.



Sexo: ______________



Idade: ______________



Formação profissional: ________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________



Tempo de atuação no magistério: ____ anos


                                                                                       54
Tempo de atuação na EJA: ____ anos




1-Você fez alguma especialização para trabalhar com a EJA?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2- O que você entende por EJA?



___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3- Você trabalha com a EJA fundamentada em algum posicionamento teórico específico?
Qual? Porquê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________



4- O que você acha dos recursos que utiliza na EJA? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________



                                                                                      55
_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________




5- Qual a sua visão da EJA?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________



6- Além dos livros didáticos, quais outros recursos que você utiliza na EJA?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________ _

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

7- Qual é a realidade sócio-econômica de seus alunos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________



8- O material didático que você utiliza é coerente com a realidade dos alunos? Por quê?

___________________________________________________________________________




                                                                                          56
___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________




9- Quais as dificuldades encontradas na prática profissional da EJA?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________




                                                                              57

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  • 1. INTRODUÇÃO Este estudo tem como finalidade investigar e analisar a evasão escolar da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares na cidade de Itiúba, Bahia. O objetivo do nosso trabalho foi identificar as causas que levam esses alunos a se distanciarem da escola. Portanto, focamos o nosso trabalho no tema Evasão de Jovens e Adultos na escola. O tema desse trabalho monográfico surgiu de nossa inquietação a partir da experiência em sala de aula de educação de jovens e adultos em que nos deparamos com o problema da evasão, o que nos motivou a este trabalho de investigação. Segundo Arroyo (1997, p.23), [...] na maioria das causas da evasão escolar, a escola tem a responsabilidade de atribuir desestruturação familiar e o professor e aluno não tem a responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo de empurra. Sabemos que a escola atual precisa está preparada para receber estes jovens e adultos que são frutos de uma sociedade injusta. Muitas pesquisas têm apontado que o problema da evasão escolar em nosso país está ligado a diversos fatores tais como social, cultural, político e econômico. Levando em consideração que os sujeitos dessa modalidade são especialmente alunos que trabalham e, que por diversas situações vividas em seu cotidiano, são levados a abandonar a escola. Os motivos para o abandono escolar podem ser ilustrados quando o jovem e adulto deixam a escola para trabalhar, quando as condições de acesso e segurança são precárias, os horários são incompatíveis com as responsabilidades que se viram obrigados a assumir, ou evadem por considerarem que a formação que recebem não contribui de forma significativa para eles. A evasão escolar ao longo da implantação dos programas de alfabetização e da educação continuada para jovens e adultos tem apresentado resultados negativos, tornando-se desafiador para o professor manter a permanência do aluno na escola. Dentro deste contexto sociocultural 8
  • 2. existem vários fatores preponderantes que interferem na sua permanência escolar devido à sobrecarga de trabalho, o uso de drogas, professores sem formação específica para atuarem na modalidade de educação para jovens e adultos e isto tem contribuído mais para a exclusão social do que pra a formação educacional. Neste trabalho monográfico, a pretensão é apresentar para a discussão as causas e consequências da evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares e como afirma Arroyo (2007, p.6). Parece-me que ao longo desses últimos anos cada vez a juventude, os jovens e os adultos populares estão mais demarcados, segregados e estigmatizados [...] A juventude popular está cada vez mais vulnerável, sem horizontes, em limitadas alternativas de liberdade. É essa juventude que tem sido sujeito central nas salas de EJA. Sendo assim, perguntamos: o que muda na organização do trabalho pedagógico? Os alunos estão cada vez mais excluídos da sociedade, e qual a tarefa que cabe à escola? São questões que gostaríamos de saber. Afinal, a tarefa vai além dos muros escolares e dependem da atitude política de valorização desse segmento social que vive na pele as contradições do modo de produção capitalista. Portanto, nossa tarefa é compreender, analisar e investigar como e porque acontece tanta evasão dentro do colégio acima citado. Diante de princípios significativos, o processo metodológico e político no ensino para jovens e adultos tem que ser contemplado com novas práticas que atendam as perspectivas de seus educandos estimulando-os e motivando-os de forma consciente. A preocupação do nosso país deveria ser a erradicação do analfabetismo e as consequências econômicas geradas por este e que os países em desenvolvimento têm enfrentado. A falta de qualificação profissional também tem gerado uma desestruturação e segregação social nas escolas do país. Percebe-se que é preciso rever alguns pontos deste sistema de ensino para jovens e adultos, sendo necessário avaliar tanto as metodologias aplicadas para este seguimento como também os motivos que estão 9
  • 3. contribuindo para o crescimento da evasão escolar na EJA. É importante estarmos atentos para o fato de que o aluno de EJA é um aluno diferente, um pouco inseguro e, são as diversas derrotas vividas ao longo de um processo escolar, muitas vezes já iniciada no ensino regular, que abala sua autoestima e muitas vezes o impede de prosseguir. Assim, qualquer decepção, por mínima que seja, sofrida na escola faz com que este sujeito abandone o ambiente escolar. O presente trabalho pretende também desenvolver uma reflexão sobre alguns aspectos relacionados a um tema que permeia um debate que se faz cada vez mais necessário e atual, na medida em que são percebidas precária as condições a que está submetida a classe menos favorecida de nossa sociedade, a evasão escolar, que nos remete ao universo de jovens e adultos analfabetos. Fala-se dos pobres excluídos, daqueles que, por qualquer motivo ficaram fora do processo de formação através da educação formal em idade apropriada. Na educação brasileira o quadro é de indutora evasão, com ela vem a exclusão desses jovens e adultos. Ao longo da história tem-se um cenário de exploração e espoliação da maioria da classe trabalhadora em prol de uma minoria, que aproveita desta ordem sociopolítica para usufruir as benesses de um sistema que, mantido na apartação social, na relação entre classes sociais, e possibilitou ao longo dos séculos, a manutenção desta ordem que privilegia a produção da exclusão daqueles que não se encontram em salas de aulas. Diante de todo contexto, percebe-se que a evasão no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares, nas salas da EJA, nos leva a pensar sobre o sistema de ensino e as mudanças necessárias no mesmo para que ele possa atrair jovens e adultos a retomarem seus estudos. Contudo faz-se necessário uma renovação no processo metodológico e político no ensino, contemplado com novas práticas que atendam melhor as expectativas de seus alunos, para isso é preciso preparar melhor seu profissional proporcionando-lhes qualificação adequada. Desse modo, nota-se que os jovens e adultos da EJA, devem ser estimulados e motivados de forma a se interessarem pelos estudos e incuti-los uma nova perspectiva de vida e de mais oportunidades futuras. Só 10
  • 4. assim poderá dar início ao processo de redução do quadro de evasão, no momento em que a escola for capaz de por em prática muitas reivindicações dos estudantes no sistema de ensino, deixando de lado o modelo arcaico, fechado como parte de um passado distante. Nota-se que a evasão de jovens e adultos é um problema sério em todo país, sendo muitas vezes passivamente assimilada e tolerada pelo sistema de ensino e pela comunidade. As consequências dessa evasão podem ser sentidas com mais intensidade nas cadeias públicas, penitenciárias e centro de internação para jovens em conflitos com a lei. (MORAES, 2010, p.16). Na verdade muitas são as causas para que os jovens e adultos evadirem da escola. Enfim, percebe-se que muitas tentativas foram feitas no sentido de responder as causas da evasão escolar da EJA no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares. No Capitulo I apresentamos a problemática da educação de jovens e adultos e procuramos situar a nossa questão de pesquisa que é investigar e analisar a evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos e as causas que levam esses alunos a se distanciarem da escola. No Capítulo II apresentamos nossa discussão teórica sobre a temática da educação de jovens e adultos, tendo o aporte teórico de vários autores que proporcionaram o suporte necessário às análises dos dados e a compreensão do nosso objeto de pesquisa. Fizeram parte deste contexto: Arroyo (2007), Moraes (2010), Morin (2003), entre outros. No Capítulo III descrevemos o caminho que foi trilhado na pesquisa, a descrição metodológica do locus, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos que utilizamos na coleta de dados que nos permitiu captar a compreensão dos sujeitos da pesquisa. No Capítulo IV, apresentamos a análise e interpretação reflexiva dos dados coletados, dos sujeitos da pesquisa sendo embasados pelos autores selecionados no estudo que nos deram sustentação teórica nas discussões realizadas. 11
  • 5. Concluímos nosso trabalho monográfico apresentando nossas considerações finais, demonstrando ao mesmo tempo nosso posicionamento em relação aos dados coletados na pesquisa. 12
  • 6. CAPÍTULO I 1. A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BARSIL: situando o problema de pesquisa A Educação de jovens e adultos tem sofrido grandes modificações nas ultimas décadas, mas o Brasil ainda enfrenta o problema do analfabetismo, principalmente entre jovens e adultos, que não tiveram oportunidade de se apropriarem do saber da leitura e da escrita na idade em que a maioria das crianças e jovens aprende a ler e escrever. Nesse sentido, esses jovens e adultos que não adquiriram o saber necessário para atender as exigências de uma sociedade letrada acabam sendo excluídos e vivendo numa situação de não cidadania. O ato de ler o mundo, os seres humanos o fazem antes de ler as palavras, porém, em uma sociedade letrada ler e escrever lhes possibilita uma compreensão muito abrangente desse mundo, daí a importância desse conhecimento e do acesso a ele para todos como forma de garantir uma participação plena na sociedade. Nos últimos anos muitos jovens e adultos têm se preocupado com sua escolarização, e por esta razão muitos deles têm procurando a escola no desejo de retomar seu processo educativo. Grande parte dessas pessoas não teve oportunidade de frequentar a escola quando crianças, e devido às suas condições financeiras, e da necessidade de garantir sua sobrevivência, esses jovens e adultos precisaram trabalhar junto com seus pais ou familiares para garantir o sustento da família. E, quando surge a oportunidade, ou quando a exigência desse saber se faz presente em suas vidas eles retornam para a escola em busca do saber escolarizado, exigido pela sociedade e pelo mundo do trabalho, principalmente par jovens e adultos trabalhadores urbanos. Porém, os problemas educacionais que enfrentam estes jovens e adultos são inúmeros, principalmente com relação a permanência na escola até concluir o processo de escolarização obrigatório. Na educação de jovens e adultos, um dos problemas mais frequentes ou mais importantes deles é a 13
  • 7. evasão escolar, ou seja, muitos jovens e adultos buscam a escola, se matriculam, mas acabam desistindo dos seus estudos. Este é um fato recorrente no ensino de jovens e adultos, é um problema que atinge todo o país e nesse sentido é importante, para reverter tal situação, entender por que ela ocorre. Costuma-se associar a evasão escolar a baixa renda do cidadão, mas este não é o único fato, já que a evasão é encontrada em outras camadas sociais. Inclusive nas regiões que possuem uma boa estrutura educacional. A escola deveria ser um lugar onde a aprendizagem fosse uma rica experiência de vida, principalmente para os jovens e adultos, que tem menos acesso a recursos educativos. Sobretudo para o adolescente, o jovem e o adulto, a escola deve ser um espaço privilegiado, onde possam refletir sobre as experiências, compreendê-las e transformá-las. Os adultos, ao se integrarem em programas de educação básica, já tem uma ideia do que seja a escola, muitas vezes construída com base na escola que eles frequentaram brevemente quando crianças. E, muitas vezes, apesar de referirem-se à precariedade dessas escolas, lembram-se delas com carinho e sentem com pesar o fato de terem deixado de frequentá-la. Assim o papel do educador de jovens e adultos junto a estes educandos deve ser o de ampliar seus interesses, compreendendo suas dificuldades e planejando atividades significativas que promovam uma verdadeira aprendizagem, que deve ir muito além das exposições que o professor costuma fazer em salas de aula regular, e das atividades mecânicas de memorização que ele supõe serem suficientes para estes alunos da EJA. A escola para jovens e adultos trabalhadores deve tornar-se um espaço de ressocialização, através dos conhecimentos que ela trabalha, colocando o sujeito individual ou social em polêmica com suas experiências anteriores. E o professor é o motivador e mediador que os ajudará no processo de busca e questionamento desses conhecimentos, ajudando-os a questioná-los, a buscar desvendar seus mistérios, suas implicações a que nos leva a vivência em grupo, e em sociedade onde a leitura e a escrita tem um papel importante na comunicação entre as pessoas e o que elas fazem. 14
  • 8. Os alfabetizandos, jovens e adultos, que frequentam as salas de EJA, por mais que não tenham frequentado a escola regular, vivem numa sociedade letrada em que estão diariamente em contato com diferentes tipos de escrita tais como documentos, propagandas, rótulos, panfletos, outdoors, e a própria televisão, etc. E ao iniciar seu processo de alfabetização já trazem consigo diferentes hipóteses sobre o mundo letrado, a função da leitura e da escrita, assim como toda uma experiência com a oralidade. Porém, muitas vezes estes jovens e adultos são tratados como se não soubessem nada, não tivessem nenhum conhecimento tanto sobre a leitura e escrita como o conhecimento de mundo que deve ser o ponto de partida para seu processo de escolarização. Desta forma, a sociedade exclui os analfabetos, quando na verdade deveria mobilizar-se na tentativa de ajudá-los, estimulando-os, e muitas vezes não recebem estímulos nem de seus próprios familiares, o que torna este processo um pouco mais difícil. O trabalho com Educação de Jovens e Adultos exige que o professor se torne um grande aliado deles para que possam sentir-se seguros e bem vindos naquele espaço, afinal o que mais precisam é de apoio, o que não acontece na maioria dos casos. Sabemos que o ensino noturno apresenta uma série de características singulares, pois recebe um alunado que já se encontra inserido na produção capitalista e que chega à escola já esgotado pela lida do trabalho que o deixa cansado e isso tem contribuído para o crescimento da evasão nesse seguimento da educação e para a produção de um contingente de mão de obra pouco qualificada que vai ocupar os postos de trabalhos que não exigem muita formação ou o trabalho na informalidade. Em nosso país há milhões de brasileiros analfabetos ou que tem escolarização incompleta, e as causas geralmente são as mesmas. Um histórico que mostra que pais analfabetos, necessidade de trabalho, inexistência de escola em algumas localidades ou muito distantes, falta de dinheiro, transporte, sem mencionar que os programas destinados à educação ou alfabetização de adultos não têm contribuído muito para mudanças mais amplas. O que vemos então é o grande número de evadidos de jovens e adultos em nosso país, estado e município. E por trabalharmos em uma escola que oferece esta modalidade de ensino nos sentimos incomodadas com o 15
  • 9. grande número de evasão nas turmas da EJA, e com base no que apontamos acima e da observação dessa realidade do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares nos perguntamos, por que então eles sempre retornam para a escola e de novo evadem?. Nesta pesquisa buscamos conhecer, inicialmente, o perfil dos alunos da EJA que se encontram no processo educativo da alfabetização. Assim, o nosso propósito foi investigar a evasão escolar da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares na cidade de Itiúba, Bahia. O nosso objetivo foi identificar as causas que levam esses alunos a se distanciarem da escola. Além disso, compreender o que os leva a retornarem seguidamente à escola e o que esta representa para eles. Desta forma nos propusemos os seguintes objetivos: Objetivo Geral: Identificar as causas que levam ao esvaziamento dos alunos da EJA do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares. Objetivos Específicos: • Conhecer os aspectos sociais e econômicos dos alunos da EJA. • Identificar qual o sentido que a escola tem para alunos da EJA. • Compreender o porquê da evasão dos alunos da EJA no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares. 16
  • 10. CAPÍTULO II 2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS NECESSIDADES FORMATIVAS DE ADULTOS E JOVENS TRABALHADORES 2.1. Um pouco de História da Educação de Jovens e Adultos A história da EJA insere-se num cenário econômico social e político e está geralmente atrelada a relação entre educação e trabalho, haja vista que os seus sujeitos são trabalhadores, jovens em busca do primeiro emprego ou são pessoas trabalhadoras aposentadas. É importante indagarmos alguns aspectos socioeconômicos que influenciam a educação brasileira, possibilitando a análise da EJA em relação às necessidades sociais e políticas que marcam a conjuntura política e econômica brasileira. A educação é um dos direitos sociais garantidos no texto constitucional de 1988. Ele tem estado presente nas lutas de diversos movimentos sociais, que demandam acesso e permanência na escola. Na história da educação, a educação que hoje é denominada de jovens e adultos em outra perspectiva já foi chamada de educação de adultos e de educação popular. A educação popular é um paradigma educacional, se assim se pode dizer, que articula o acesso ao conhecimento a processos emancipatórios. Ela foi desenvolvida no contexto de movimentos populares e de trabalhadores. E nesse contexto, Paulo Freire é um dos educadores que adensou o debate da educação popular no Brasil, particularmente nos anos de 1960. A educação de adultos tem 17
  • 11. trajetória secular na educação brasileira, tem como bandeira central a superação da alfabetização e escolarização de jovens e adultos. O saber ler e escrever, especialmente entre os adultos, foi motivo de maior atenção na história da educação brasileira com a lei Saraiva ou “nova lei eleitoral”, sancionada pelo imperador, em 9 de janeiro de 1882. A Lei Saraiva, foi responsável pela modificação da lei vigente, abolindo as eleições indiretas e adotando o critério da instrução, desta forma impedia o voto do analfabeto, embora excluísse a maioria da população do acesso eleitoral, pois os votantes eram selecionados pelos seus rendimentos anuais líquidos, essa lei favoreceu as camadas médias. Já a Constituição de 1891 eliminou a seleção por renda, porém a manteve pelo aspecto da instrução escolar (PAIVA, 1987, p.82/83). Havia expectativa entre aqueles que idealizavam a valorização da educação de que a restrição ao voto do analfabeto fosse ampliar a expansão do sistema escolar, algo que não aconteceu, pois no final do século XIX e início do século XX, a maior parte da população do país era considerada analfabeta, um número em torno de 80%. Ainda segundo Paiva (1987, p.85), “O censo de 1890 informava a existência de 85,21% de iletrados na população total.” O índice de analfabetismo era motivo de vergonha nacional, e a educação passou a ser necessária para a elevação cultural da nação. O adulto iletrado marcava uma sociedade, então bastante desenvolvida. Era tratado como um ser “ignorante” e como sujeito que precisava ser ajustado socialmente e a educação era um dos caminhos para superar o atraso, que se dizia, no campo da política em que se encontrava a sociedade brasileira. A educação básica de adultos começou a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil a partir da década de 30, quando finalmente começa a consolidar um sistema público de educação elementar no país. Neste período, a sociedade brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração populacional em centros urbanos. A ampliação da educação elementar foi impulsionada pelo governo federal, que começava a organizar as diretrizes 18
  • 12. educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades dos estados e municípios. Com o fim da ditadura militar da era Vargas, em 1945, o país vivia a efervescência política da redemocratização. A segunda Guerra Mundial recém- terminada e a ONU (Organização das Nações Unidas) alertava para a urgência de integrar os povos visando à paz e a democracia. Tudo isso, contribuiu para que a educação dos adultos ganhasse destaque dentro da preocupação geral com a educação elementar comum. Nesse período a educação dos adultos define sua identidade tomando a forma de uma campanha nacional de massa, a campanha de educação de 1947. Essa campanha de educação de adultos lançada em 1947 alimentou a reflexão e o debate em torno do analfabetismo no Brasil. Durante as décadas de 1950 e 1960, surgiram muitos movimentos de educação popular e programas de alfabetização de adultos, tais como o ocorrido em Recife, o Movimento de Cultura Popular (MCP), o qual consistia na criação de escolas para o povo, como aproveitamento de salas de associações de bairros, entidades esportivas e igrejas. Posteriormente, com a eleição de Miguel Arraes, como não havia condições de construir escolas, procedeu-se a ocupação de outros espaços e a fabricação de carteiras nas oficinas da prefeitura, bem como a arrecadação de verbas juntos aos comerciantes aos industriais e a população em geral. O objetivo do MCP, conforme Beisiegel (1997, p.226), era “elevar o nível cultural das massas, conscientizando-as paralelamente”. Além do trabalho de alfabetização, novas frentes de ação foram elaboradas entre as quais se destacam o teatro, os núcleos de cultura popular, os meios informais de educação, o canto, a música, a dança popular e o artesanato. Como escreve Brandão (2008, p.29): Dentro de uma ampla prática de cultura popular possível fertilizar processos interativos, através dos quais atos e gestos de teor pedagógico poderia transformar consciência de pessoas e de grupos humanos. Esses grupos humanos de uma múltipla e diferenciada classe social podem se tornar capazes de reelaborar ideologicamente sua própria cultura. Por isso, as expressões educação como pratica da “liberdade” e a “ação cultural por liberdade” precisam ser 19
  • 13. enfatizados, e educação libertadora era um entre outros termos que mais tarde foi substituído por educação popular. Era esse trabalho dos centros popular de cultura popular (MCP). Antes desses movimentos, existiu também a campanha “De pé no chão também se aprende a ler”, desenvolvida em Natal e oriunda, de discussões semelhantes ás que geraram o MCP, principalmente a ênfase nas carências educacionais. A década de 1950 e os anos iniciais da década de 1960 foi um período de efervescência para a Educação de Jovens e Adultos. Durante este período surgiram muitas iniciativas governamentais e da sociedade civil em prol da alfabetização de adultos e com propostas para a educação continuada destes alfabetizados. A concepção pedagógica que direcionou os vários movimentos de alfabetização nesse período tinha como base o trabalho desenvolvido por Paulo Freire, no que ficou conhecido como o Método Paulo Freire. Porém todos os programas implementados neste período foram encerrados com o Golpe Militar de 1964. O fechamento político ocorrido com a ditadura militar iniciada em março de 1964 fechou os programas de alfabetização inspirados nos movimentos de cultura popular e no trabalho de Paulo Freire, além de perseguir o educador tendo este de fugir do país, permanecendo fora do Brasil até a abertura política na década de 1980. Durante a ditadura militar, por força da pressão popular por educação e também por compromissos com organismos internacionais os militares lançaram o seu programa de alfabetização, o MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização, em 1967. Este programa segundo Haddad e Pierro (2000) Passou a se configurar como um programa que, por um lado, atendesse aos objetivos de dar uma resposta aos marginalizados do sistema escolar e, por outro, atendesse aos objetivos políticos dos governos militares. (p. 114) O Mobral foi o grande programa de educação de adultos do período militar que além de oferecer programas de alfabetização junto a estados e 20
  • 14. municípios, também ampliou os seus ramos de atuação para ofertar o ensino supletivo. Embora dizendo-se inspirado na proposta freireana, estava longe de atender às questões básicas do Método de Paulo Freire que tinha como meta a problematização e conscientização política por meio da alfabetização. O material empregado para a alfabetização no Mobral não tinha nada de problematizador, embora trabalhasse com palavras-chave, era o mesmo material para todo e qualquer grupo de alfabetizados, desconsiderando o que no método Paulo Freire seria a leitura de mundo dos alfabetizandos, retirando daí as palavras-chave para o processo de alfabetização. O Mobral permaneceu como o único programa de educação de adultos por mais de uma década e como afirma Haddad e Pierro (2000) O MOBRAL, ao final da década de 1970, passaria por modificações nos seus objetivos, ampliando para outros campos de trabalho – desde a educação comunitária a educação de crianças –, em um processo de permanente metamorfose que visava a sua sobrevivência diante dos cada vez mais claros fracassos nos objetivos iniciais de superar o analfabetismo no Brasil.(p. 116). A educação de jovens e adultos no período posterior a abertura política em 1985 foi “[...] marcada pela contradição”, pois, se por um lado se afirmava esse direito “no plano jurídico do direito formal da população jovem e adulta à educação básica”, por outro lado havia a negação desse direito “pelas políticas públicas concretas” (HADDAD e PIERRO, 2000, p.119). O que aconteceu nesse período foi o fim do Mobral, substituído em 1985 pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos – Educar. O período seguinte à redemocratização marcou os movimentos políticos e sociais de retomada da democracia e também dos movimentos em prol da educação e da construção da nova Carta Constitucional que garantisse os direitos e anseios da sociedade. E foi justamente a Constituição de 1988 que garantiu a educação para jovens e adultos que não haviam conseguido sua escolarização no tempo normal. Sobre esta questão Haddad e Pierro (2000) afirmam que 21
  • 15. Nenhum feito no terreno institucional foi mais importante para a educação de jovens e adultos nesse período que a conquista do direito universal ao ensino fundamental público e gratuito, independentemente de idade, consagrado no Artigo 208 da Constituição de 1988. Além dessa garantia constitucional, as disposições transitórias da Carta Magna estabeleceram um prazo de dez anos durante os quais os governos e a sociedade civil deveriam concentrar esforços para a erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental, objetivos aos quais deveriam ser dedicados 50% dos recursos vinculados à educação dos três níveis de governo (p. 120). Embora a Constituição de 1988 tenha trazido esse avanço nos direitos de jovens e adultos não escolarizados à alfabetização e à educação básica, percebe-se que os avanços são muito poucos em relação à oferta de educação de jovens e adultos, à melhoria da qualidade da educação oferecida, e principalmente, aos resultados dessa educação. Os programas de alfabetização promovidos pelos governos até o momento não garantem uma qualidade na alfabetização, nem garantem também a permanência de jovens e adultos na escola, promovendo assim a escolarização, de fato, desse segmento da população. A evasão apresentada nas escolas que oferecem Educação de Jovens e Adultos é bastante significativa e preocupante, pois nos leva a questionar os tempos e espaços destinados à EJA, além da formação dos professores que trabalham com esse segmento. 2.2. Os Sujeitos da EJA: Jovens e Adultos Trabalhadores Ao tratarmos sobre a educação de jovens e adultos é preciso nos perguntar: quem são os sujeitos dessa educação? Quais suas características? O que eles/elas desejam? São questões complexas que não são facilmente respondidas, mas podemos responder a primeira dizendo que os sujeitos da EJA são jovens e adultos trabalhadores que não conseguiram realizar a sua escolarização no período que a maioria das crianças e jovens realiza – a infância e a adolescência. Por diversas razões – sobrevivência e por isso necessitaram trabalhar, migrações em busca de melhores condições de vida, desajustes familiares, falta de escola perto de onde moravam – apenas para 22
  • 16. citar alguns exemplos. E, se podemos falar de uma característica geral desses sujeitos é que eles/elas pertencem às camadas mais pobres da população brasileira. Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que muitas vezes estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida comprometem o processo de alfabetização desses alunos e também a possibilidade de continuarem na escola e concluírem sua escolarização. Deste modo é preciso entender que o público alvo da EJA é heterogêneo, marcado por trajetórias e necessidades diferentes, e por isso mesmo não é possível se pensar numa educação para esse segmento nos moldes da educação oferecida às crianças e jovens do ensino regular. Tradicionalmente, a escola tem sido marcada em sua organização por critérios seletivos que tem como base a concepção da homogeneidade do ensino. Esta concepção reflete um modelo caracterizado pela uniformidade em todos os aspectos da abordagem educacional: no currículo, no material didático, no planejamento, numa aula, no conteúdo curricular, na atividade para todos em sala de aula. O estudante que não se enquadra nesta abordagem permanece á margem da escolarização, fracassa na escola ou é levado a evadir. O não reconhecimento da heterogeneidade dos alunos da EJA contribui para aprofundar as desigualdades educacionais ao invés de combatê-las. Para que a educação de jovens e adultos sirva aos seus propósitos se faz necessário um currículo, tempos e espaços que respondam às necessidades de sua clientela, além de profissionais que tenham uma formação para trabalhar com jovens e adultos. O professor deve ser o mediador do conhecimento desses alunos, e, portanto tem que ter o conhecimento necessário do universo, dos anseios e das necessidades daqueles que buscam a educação de jovens e adultos. Paulo Freire diz em seu livro “A pedagogia do Oprimido” que não há nada melhor para o desenvolvimento dos alunos, que o respeito aos 23
  • 17. conhecimentos que o aluno traz consigo para a escola, sendo o dever do professor, e mesmo da instituição instigar para que esses conhecimentos sejam ampliados e melhor, entendidos em um contexto mais amplo. É nessa perspectiva que deve ser a educação de jovens e adultos, partindo do conhecimento que trazem os alunos, mas também ampliando esse conhecimento, levando os alunos e alunas da EJA a terem acesso aos conhecimentos historicamente produzidos, porém, diferente das crianças e adolescentes do ensino regular, esses conhecimentos precisam ser selecionados para responder aos anseios, expectativas e desejos dos adultos e jovens que buscam a EJA. CAPÍTULO III 3. ABORDAGEM METODOLÓGICA A pesquisa nas ciências sociais se faz a partir da abordagem qualitativa, pois nos permite ter um contato direto entre o pesquisador e objeto pesquisado, além de nos permitir investigar situações que as demais abordagens não permitem em virtude da sua complexidade como também possibilita o aprofundamento da pesquisa. Minayo (1994, p.21) afirma que a Pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com universo de significados motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à, operacionalização de invariáveis. Desse modo, por trabalhar com o universo de significados “a pesquisa qualitativa responde a questão muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificados” (DESLANDES, 1994, p.21) sendo priorizado o espaço natural dos sujeitos. 24
  • 18. Diante disso, optou-se pela pesquisa qualitativa uma vez que esta nos propicia, enquanto pesquisador, vivenciar experiências ao tempo que procura garantir a representação de dados baseados em critérios de qualidade, tomando como base a entrevista semi-estruturada que nos possibilita compreender o que os sujeitos dizem e pensam sobre o tema pesquisado. 3.1. Locus da pesquisa O locus de pesquisa permite ao pesquisador observar, questionar, investigar e analisar o objeto estudado. Assim, o nosso locus de pesquisa foi o Ginásio Antônio Simões Valadares, localizado na cidade de Itiúba, Bahia, à Rua Vereador Ademir Simões Freitas, nº 172, no Bairro do Alto. O referido Ginásio foi fundado em 06/05/1969. No início era apenas a diretoria, uma sala de professores, 4 salas de aula, dois sanitários, sendo um masculino e um feminino, um auditório, que mais tarde o auditório foi dividido para ser classes de 7ª e 8ª séries. O Ginásio funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno, atendendo uma clientela do nível fundamental I do 1º ao 5º ano, II do 6º ao 9º ano e EJA I e II, é considerado de grande porte, conta com 14 salas de aula, uma sala para professores, uma secretaria, uma diretoria e coordenação, dois banheiros para funcionários, uma sala de vídeo, quatro banheiros, dois masculinos e dois femininos, uma quadra de esportes, um pátio arborizado, uma cantina com depósito para merenda, cisterna com água de chuva, uma sala de informática, espaço com horta e uma biblioteca. A escola funciona nos três turnos, como já foi dito anteriormente. Ainda há extensões dessa escola nos povoados de Picos, Cacimbas, Taquari, Sítio dos Moços, Alto do São Gonçalo e Ponta Baixa. O vínculo entre escola e comunidade ainda é restrito, dar-se apenas em reuniões de pais e mestres, ao final de cada unidade e em eventos realizados na escola. A escola possui professores que fazem parte do quadro docente, são profissionais, efetivos e concursados, 20% possuem nível superior completo nas diversas áreas e 59% cursando o 3º grau e 12% em magistério. Os demais funcionários, porteiros, 25
  • 19. secretários, tarefeiros e merendeiras são efetivos e concursados, estes que contribuem e colaboram no ensino – aprendizagem. No referido ginásio há materiais como TV, DVD, Vídeo, Computador com impressora, retro – projetor, livros didáticos, caixa de som, microfone, mapas, jogos educativos e outros, todos disponíveis para os professores desenvolver um excelente trabalho. No citado ginásio há um projeto político pedagógico (PPP) que orienta aos professores desta instituição a trabalhar com as disciplinas nas salas da EJA, além de trabalhar os valores éticos, políticos e religiosos. 3.2. Sujeitos da pesquisa Durante todo o processo de pesquisa observamos que a mesma permite a aproximação do pesquisador e o seu objeto de estudo. Na pesquisa foi observada que a quantidade de pessoas não é tão importante quanto a preexistência em olhar a questão com outros ângulos (GOLDENBERG, 2000, p.83). Daí, os sujeitos escolhidos para participar da pesquisa, foram os professores e alunos, da EJA do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares. Assim tivemos 03 alunos que foram entrevistados e 04 professores que responderam a um questionário aberto. Na discussão dos resultados, optamos por resguardar os nomes e não identificar diretamente os sujeitos entrevistados, preservando suas identidades. A partir de procedimentos baseados nas entrevistas, procura-se conhecer o que pensam os entrevistados em relação a problemática da Evasão Escolar da EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Ginásio Municipal de Itiúba, Bahia. Usamos para nos referir aos alunos a letra A maiúscula mais um número, o mesmo procedimento foi feito com os professores, usando a letra P maiúscula mais um número. 3.3. Instrumentos de coleta de dados e perspectivas de análise 26
  • 20. Para alcançar os objetivos desta pesquisa utilizamos como instrumentos de coleta de dados o questionário aberto e a entrevista semi-estruturada que nos possibilitassem identificar as causas da evasão dos alunos da EJA e por que eles sempre retornam para a escola. Segundo Goldenberg (2000) A pesquisa cientifica requer flexibilidade, capacidade de observação e de interação com os observados. Seus instrumentos devem ser corrigidos adaptados durante todo o processo de trabalho, visando aos objetivos da pesquisa. No entanto, não se pode iniciar uma pesquisa sem se prever os passos que deverão ser dados (p. 79). Desse modo, é preciso que o pesquisador esteja em contato com os sujeitos utilizando-se de instrumentos que possibilitem a coleta de dados necessária à interpretação de uma determinada realidade favorecendo, assim, uma possível intervenção na mesma. No estudo de caso etnográfico, visto tratar-se de fenômenos ocorridos no âmbito da escola, buscamos por meio da pesquisa compreender a evasão escolar de Jovens e Adultos do Colégio pesquisado, neste sentido O pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensões presentes numa determinada situação ou problema, focalizando-o como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza a complexidade natural das situações, evidenciando a Inter-relação dos seus componentes. (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p.19). Utilizamos o método descritivo. O principal elemento referenciado para realizar esta pesquisa, encontra-se no número de alunos evadidos da EJA do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares no turno noturno. Analisando as respostas elaboradas na forma de questionário, sentimos a necessidade de confrontar os dados referentes a evasão com opiniões de alunos que ainda frequentam a escola. É importante ressaltar que os problemas socioeconômicos, psicológicos, ambientes familiares, questões culturais, ações metodológicas e pedagógicas, são elementos que influenciam na trajetória do aluno no processo de ensino. Portanto pensando nestes inúmeros fatores decidimos também trabalhar com os professores e a direção da escola. 27
  • 21. A retomada de aspectos-base do assunto tem como principal foco manter acesa a discussão e reiterar que educação é processo, salientando que não existe processo sem que haja sujeitos envolvidos em atividades que exijam planejamento, execução e avaliação de resultados. Vale lembrar que utilizamos a pesquisa bibliográfica, assim enriquecendo o nosso trabalho. O trabalho elaborado está organizado da seguinte forma: entrevistas com 03 alunos da EJA e um questionário aberto aplicado com 04 professores, e este material que analisamos no capítulo que se segue. CAPÍTULO IV 4.1. A evasão dos alunos da EJA no Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares: o que dizem os sujeitos da pesquisa Neste capítulo apresentamos a análise e reflexão dos dados coletados no campo da pesquisa buscando compreender o porquê os alunos da Educação de Jovens e Adultos do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares evadem, quais as causas que os levam a abandonarem a escola, por que retornam sempre e o que representa a escola para eles. Através dos resultados dos questionários e entrevistas realizados com os alunos, observa-se que as respostas são parecidas, demonstrando a similaridade nas histórias de vida dos sujeitos, devido os mesmos serem oriundos das camadas mais pobres da população do município. Dos cinco alunos participantes da pesquisa, dois responderam um questionário e três aceitaram ser entrevistados. Analisaremos em primeiro momento os resultados obtidos com os alunos e na sequência analisamos os resultados obtidos com o questionário realizado com os professores. Utilizaremos a letra A maiúscula para nos referirmos aos alunos junto com um numero: A1, A2, A3, A4, . E para nos referirmos aos professores usaremos P mais o numero: P1, P2, P3, etc. 28
  • 22. 4.1.1. Com a palavra, os alunos do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares: análise das entrevistas Iniciamos a entrevista perguntando aos alunos por que eles estudavam para tentar compreender qual a importância da escola e do conhecimento escolarizado para estes alunos. Dos 03 entrevistados, os alunos A2 e A3 disseram simplesmente “porque é bom e importante”. O terceiro aluno estendeu-se um pouco mais A1. “Para aprender alguma coisa e por ser muito importante porque sem estudo a pessoa não é ninguém”. Nota-se nas falas dos entrevistados que todos acham o estudo importante e por isso estão estudando. Mas na resposta de A1, percebe-se que este entende que a escola, ou o saber escolar tem um significado social ao afirmar que “sem estudo a pessoa não é ninguém”, mostrando que o conhecimento escolarizado é valorizado pela sociedade e que, quem não o possui é excluído da mesma. Perguntamos também se eles eram repetentes e há quanto tempo estavam estudando em turmas de EJA. Dos três entrevistados apenas o aluno A3 não era repetente, os outros dois falaram que desistiram, mas não dizem quantos anos ficaram fora da escola, talvez por vergonha. E quando indagados há quanto tempo estavam nas turmas de EJA, A1 respondeu que está há três anos, A2, está há dois anos e A3 respondeu que está estudando em uma turma de EJA pela primeira vez. Percebe-se que eles não se aprofundam em suas falas, por se mostrarem inibidos diante das entrevistas. Procuramos saber também por que é importante estudar e se os conhecimentos adquiridos na escola são importantes para tomar alguma decisão na vida. Ao responderem a esses questionamentos eles o fazem de maneira genérica enfatizando que é importante para vencer na vida, para ter 29
  • 23. uma vida melhor e para aprender mais, porém não especificam nenhum conhecimento. A1. “É muito importante estudar, porque sem estudo ninguém vence na vida”. A2. “É para eu ter uma qualidade de vida melhor”. A3. “Porque é importante estudar para aprender mais”. Quando questionamos os alunos sobre o que eles, de fato, aprenderam na escola mais uma vez recebemos uma resposta genérica de A1 e A2, sem que eles pudessem especificar o que tem aprendido. A3 volta a enfatizar a importância de estudar para ser alguém na vida. A1. “Aprendi muitas coisas novas”. A2. “Aprendi muitas coisas novas”. A3. “Por eu ter parado de estudar muito tempo, estudar é a melhor coisa que está acontecendo em minha vida, sei que sem estudo ninguém é ninguém, estou estudando para vencer na vida”. Dos três sujeitos pesquisados dois deram a mesma resposta, apenas um, estendeu e aprofundou mais em sua fala. Percebe-se também que os sujeitos não citaram quais as coisas novas eles aprenderam, por mais que tentássemos que eles dessem respostas mais coerentes, eles se retraiam e falavam poucas frases. Ao perguntarmos aos alunos o que eles haviam conquistado, de fato, na escola eles foram um pouco mais expansivos na resposta, exaltando pontos positivos nessa conquista tais como respeito, valores, além de conhecimentos. A1. “Conquistei o aprendizado, a educação, o respeito ao próximo, valores que conquistei na escola e conhecimento que ela me proporcionou”. A2. “E ter mais conhecimento nos estudos, a escola é o lugar que oferece oportunidade de aprender a ler, a escrever e abre portas para o conhecimento, para o novo e para a realidade”. 30
  • 24. A3. “É através da escola que se pode conquistar coisas boas, importantes para qualquer pessoa e é a oportunidade para trabalhar e fazer parte da sociedade”. Percebe-se nas falas dos sujeitos pesquisados que eles acreditam ou pelo menos repetem o discurso, de que é através do conhecimento escolarizado que se consegue melhores condições de vida. Nesta pergunta eles falaram mais, se mostraram mais desinibidos, mostrando o que eles almejam da escola. Pelas falas dos alunos percebemos o que eles buscam na escola, o que esperam dela. As questões acima respondidas pelos alunos nos mostram que eles sabem da importância da escola para suas vidas, do significado social que tem aqueles que se apropriam do saber escolarizado e que, quem não detém esse conhecimento é estigmatizado, excluído da sociedade e do mundo do trabalho. Mas quando refletimos sobre algumas das questões colocadas acima e as respostas dadas pelos alunos, como por exemplo, por que é importante estudar, o que eles aprenderam na escola e se o que aprenderam os ajudam nas decisões do dia-a-dia percebemos a imprecisão nas respostas, e nos faz pensar se essa percepção genérica não se deve justamente à distância entre os conhecimentos ensinados na EJA e a vida concreta desses alunos pois como afirma Arroyo (2007) os conhecimentos ensinados aos alunos da EJA devem ser Conhecimentos que esclareçam suas indagações, que os ajudam a entender-se como indivíduos e sobretudo como coletivos. Tão vulneráveis, em percursos humanos tão precarizados. A função de todo conhecimento é melhor entender-nos no mundo e na sociedade. (p.10) O que nos parece que está longe de ter esse sentido para os alunos que frequentam a escola pesquisada, pois não conseguem especificar esses conteúdos aprendidos e a sua materialização em suas vidas. 31
  • 25. Quando questionamos os alunos sobre sua frequência na escola e o que provoca a evasão da mesma, obtivemos respostas parecidas de A1 e A2 que são alunos repetentes em turma de EJA, e uma resposta de A3 sobre o que ele imagina que seja a causa dessa evasão: A1. “Apesar de ser um bom projeto da educação, desistir de estudar muito tempo, porque tinha que trabalhar, também pelo preconceito que ate hoje existe com os alunos que estuda no EJA”. A2. “Eu deixei de estudar há 15 anos mais tem dois anos que eu estudo, deixei de estudar para trabalhar, porque morava no campo e isso foi difícil a frequentar a escola”. A3. “Muitos desistem por motivos pessoais, como doença, viajar para trabalhar fora, um por causa da bebida e das drogas”. Percebe-se nas falas de A1 e A2 que, enquanto alunos de EJA que precisaram afastar-se da escola, sabem exatamente porque a maioria evade, pois os motivos quase sempre são a necessidade de trabalhar para garantir a sobrevivência, além da dificuldade de uma escola perto de casa. Claro que a questão da bebida ou das drogas pode estar, em menor número, nos motivos para a evasão mesmo numa cidade pequena como Itiúba. Quando questionados se haviam se arrependido de ter parado de estudar e se agora eles pensavam em continuar os estudos e por que, os alunos confirmaram as respostas dadas anteriormente sobre o motivo do abandono: o trabalho. E o motivo de seguir estudando enfatizam a crenças que tem na escola, de com o estudo ter uma vida melhor. A1. “[...] me arrependi, mais tinha que trabalhar. Quero continuar estudando para garantir meu futuro, para eu fazer concursos e me efetivar e me assegurar do emprego e alcançar meus objetivos”. A2. “[...] eu tinha que trabalhar por isso parei de estudar. Quero continuar estudando porque quero ter alguma coisa na vida e sonho por dias melhores”. A3. “Me arrependi, deixei para trabalhar. Estudar para eu ter mais conhecimento das coisas que acontece ao meu redor e 32
  • 26. também que acontece no mundo passei muitos anos sem estudar e isso dificultou muito na minha vida, foi ruim, porque só com estudo é que se conquista o que é bom e valoroso”. Por último perguntamos sobre a metodologia utilizada pelos professores, se esta contribuía ou ajudava no aprendizado deles. Dos três alunos entrevistados apenas A3 respondeu que sim, sendo justamente aquele que estava começando na EJA pela primeira vez. A1 e A2 que já eram repetentes disseram que faltava uma melhor “explicação” por parte dos professores. A1. “Acho que deveria haver mais explicação para que os alunos entendam melhor e com clareza os assuntos dados na sala de aula, acho que deveria ter mais dinâmicas para nos chamar atenção e nos despertasse a vontade de aprender mais”. A2. “Não. É preciso ter professores preparados, sei que os professores se sentem seguros, mais tem certa dificuldade em explicar os assuntos”. A3. “Sim”. Nota-se nos comentários de A1 e A2 certo descontentamento a respeito da metodologia aplicada em sala de aula. Isso nos faz pensar sobre os professores da EJA, pois estes precisam ter uma formação específica como se almeja para os professores da educação infantil ou outra modalidade de ensino. Não se pode achar que para trabalhar com jovens e adultos trabalhadores, o professor não necessita de uma formação especifica. Nesse sentido concordamos com Ribeiro (1999) ao afirmar que Os professores de jovens e adultos devem estar aptos a repensar a organização disciplinar e de séries, no sentido de abrir possibilidades para que os educandos realizem percursos formativos mais diversificados, mais apropriados às suas condições de vida. Os jovens e adultos merecem experimentar novos meios de aprendizagem e progressão nos estudos, que não aqueles que provavelmente os impediram de levar a termo sua escolarização anteriormente. (p. 195). 33
  • 27. 4.1.2. O que tem a dizer os professores da EJA do G. M. A. S. V: análise do questionário aberto aplicado aos professores Analisamos o conteúdo dos questionários aplicados com os sujeitos- professores do G. M. A. S. V., sobre a evasão dos alunos da EJA, inicialmente para compreender o que os professores pensavam sobre a EJA, se tinham formação específica para essa modalidade de ensino e qual a concepção teórico metodológica sobre a EJA. 4.1.2.1. Cursos de capacitação ou formação para a EJA e tempo de serviço P1. “Fiz cursos de capacitação e de formação continuada em 1998. Sou pós-graduada em psicopedagogia clinica e institucional, atuo no magistério há 20 anos e na sala da EJA há 14 anos”. P2. “Não apenas curso de formação continuada, sou pedagoga, atuo no magistério há 30 anos e na EJA já tem 20 anos, creio que sou capaz para lidar com os alunos da EJA”. P3. “Não respondeu”. P4. “Não, por não termos apoio por parte da secretaria e dos demais órgãos”. Dos 04 professores que responderam ao questionário, um não respondeu a questão sobre a formação e o tempo de serviço, um fez curso de capacitação e dois não fizeram. Percebe-se que neste aspecto os professores trabalham com jovens e adultos trabalhadores, provavelmente, com a mesma 34
  • 28. visão que tiveram de sua formação voltada para crianças e adolescentes, o que é muito diferente do trabalho na EJA. Ao serem questionados sobre o que entendem por Educação de Jovens e Adultos-EJA e quais os fundamentos teóricos do seu trabalho com a EJA. Percebe-se que os 04 professores têm algum conhecimento sobre o que seja a Educação de Jovens e Adultos, ainda que seja de forma genérica. Quanto aos fundamentos de seu trabalho pedagógico, 02 dos professores citam Paulo Freire, e 01 dos professores cita Piaget como referência para seu trabalho, o que suscita que este professor pode estar referenciado na experiência dele com o ensino fundamental de crianças e adolescentes, enquanto 01 professor não respondeu a esta questão. Vejamos o que dizem os professores: 4.1.2.2. O que entende por EJA e o posicionamento teórico que fundamenta o trabalho P1. “A educação de jovens e adultos onde a práxis pedagógica se baseia e intensifica no educando como ativo e critico na sociedade vigente um trabalhador. (fundamenta-se em) Piaget, diante da versatilidade da metodologia, sendo que outros educadores (pensadores teóricos) também faz parte e permeiam a metodologia da minha práxis pedagógica de o educando é o centro e elo do processo de aprendizagem”. P2. “Entendendo que é uma aprendizagem e qualificação permanente não suplementar, mas fundamental e que favoreça a emancipação do educando com o acolhimento dos seus conhecimentos interesses e necessidades de aprendizagem. (fundamenta-e em) Sim, PE LANDRE, Paulo Freire, não como metodologia de ensino, mas como teoria do conhecimento, muito mais um método de aprender, conhecer, que de ensinar”. P3. “A educação de jovens e adultos vem sendo um veículo que dá o direito a cidadania substancial aqueles que não tiveram acesso á escolarização na idade apropriada dando aos mesmos a oportunidade de inclusão também”. (Não respondeu sobre em que se fundamenta). 35
  • 29. P4. “É a educação de jovens e adultos. (fundamenta-e em) Paulo Freire – pois o mesmo começava pela base”. Embora os professores tentem colocar explicitar sua concepção teórica, ainda não está claro para estes, o que fundamenta seu trabalho e como essa teoria está presente em seu trabalho. Assim questionamos, para tentar aclarar o que eles entendem sobre EJA, qual a visão deles sobre essa modalidade de ensino. Somente 03 professores responderam a esta questão. 4.1.2.3. Visão de EJA dos professores P1. “É o mecanismo através do qual humanizamos, conscientizamos e letramos o cidadão da nossa sociedade, fazendo com a valorização dos seus conhecimentos, que esses alunos possam ampliar as suas possibilidades de socialização, que possam participar de uma sociedade com independência e autonomia, principalmente no ensino de historia que precisa está ligada a transformação social”. P3. “O EJA é um programa do governo para preparar o aluno para o mercado de trabalho formando cidadãos conscientes de seus direitos e deveres”. P4. “Em relação ao nosso município, ainda há muita coisa a se fazer por ela (EJA). Pois disponibilizamos de pouco material para que assim tenhamos aulas mais enriquecidas”. 36
  • 30. Dos 03 professores que responderam a questão percebemos que cada um vê a EJA de uma perspectiva diferente. Enquanto P1 afirma que a EJA é instrumento de humanização e conscientização e que vai ampliar suas possibilidades de socialização e independência na sociedade, P2 tem uma visão meio contraditória da EJA vista por este professor, ao mesmo tempo, como um programa de governo que prepara o aluno para o mercado de trabalho e também lhe dar uma formação consciente de cidadania. P4 refere-se às dificuldades encontradas no município com relação à EJA, referindo-se à falta de materiais que os auxiliem na elaboração das aulas. Nota-se que as respostas divergem em relação a visão que tem os professores que atuam na sala de aula da EJA. Pedimos também que os professores falassem sobre os seus alunos, como eles os percebiam a partir da sua visão sobre a EJA, se eles conheciam a realidade socioeconômica dos alunos. 4.1.2.4. A realidade socioeconômica de seus alunos P1. “Classe baixa (empregada doméstica, serventes e diaristas) a maioria recebe menos de um salário mínimo, quando empregada; em pouquíssimas exceções grande parte é desempregada”. P2. “De classe baixa, sem renda, os que trabalham recebem salários abaixo do mínimo, sem registro e muitos são trabalhadores rurais”. P3. “Baixa renda, a maioria deles vem de famílias desestruturadas com problemas de alcoolismo, drogas, separação de pais, além da falta de emprego e com a autoestima nos pés”. 37
  • 31. P4. “A maioria dos alunos é de classe baixa”. Em suas respostam, os professores demonstram conhecer a realidade socioeconômica dos alunos, porém não basta apenas constar esse fato, é preciso que o trabalho pedagógico do professor leve em consideração essa realidade não no sentido de pauperizar o conhecimento destinado a esses alunos, mas tendo essa realidade como ponto de partida, possibilitar a apropriação dos conhecimentos necessários para a vida desses alunos. Para que pudéssemos entender a relação entre a visão que os professores têm dos alunos, e a metodologia utilizada, procuramos saber sobre os recursos que utiliza e se o material didático é adequado com a realidade dos alunos. Apenas P4 não respondeu à primeira questão, sobre o que acha dos recursos que utiliza. Percebemos que os professores têm opiniões diferentes sobre essas questões como vemos a seguir. 4.1.2.5. O que acha dos recursos que utiliza na EJA. O material didático que utiliza é coerente com a realidade dos alunos P1. “Muito bom; a escola disponibiliza de excelentes recursos audiovisuais e didáticos, sendo o livro didático muito utilizado e de excelente qualidade. (se é coerente) Sim, porque atende a necessidade dos alunos no processo ensino – aprendizagem”. P2. “Acho que são importantes porque precisamos substituir metodologia de ensino de visão, racionalista e padronizada por novos recursos de linguagens modernas. A utilização desses recursos de forma responsável pode trazer soluções pedagógicas inovadoras. (se é coerente) Sim, porque atendem as perspectivas de aprendizagem dos alunos”. P3. “São produtos ou recursos muito avançados para a realidade dos alunos. Por isso utilizamos outros recursos. (se é 38
  • 32. coerente) Mais ou menos, pois às vezes não temos material suficiente para trabalhar com os alunos individualmente, pelo motivo já citado antes (faltou recurso para a EJA), mas o pouco que temos dá pra ser coerente com a realidade deles”. P4. (se é coerente) “Não, porque o material didático esta fora da realidade dos alunos e também do professor por não ter sido preparado adequadamente”. De acordo com P1 e P2 os recursos que utilizam são bons e importantes e a escola disponibiliza para eles trabalharem. Já P3 afirma que os recursos disponibilizados pela escola são muito avançados para os alunos e por isso utiliza outros, embora não diga quais. Com relação à coerência do material com a realidade dos alunos a opinião se divide, P1 e P2 afirmam que é coerente e que atende as necessidades e expectativas dos alunos. P3 diz que é mais ou menos coerente, pois às vezes não tem material suficiente para trabalhar; e P4 afirma categoricamente que não é coerente, pois está fora da realidade dos alunos e também do professor, pois este não sabe como usar, visto que não teve formação para tal. E sobre esta afirmação de P4 trazemos para análise a última questão respondida pelos professores através do questionário aberto. Perguntamos aos professores quais as dificuldades que eles encontravam na realização do seu trabalho enquanto professores da EJA. Vejamos o que eles dizem. 4.1.2.6. As dificuldades encontradas na prática profissional da EJA P1. “Curso de formação continuada para nos direcionar na metodologia diária”. P2. “No inicio as dificuldades encontradas com a EJA, não decorreram muitas vezes das especificidades desta modalidade, mas de lacunas da nossa formação geral, no entanto com a participação dos cursos de formação 39
  • 33. continuada, as possibilidades para o processo se tornaram visíveis”. P3. “A evasão, a falta de compromisso deles para com a escola, para consigo mesmo, uma sala exclusiva para cada disciplina como: sala de laboratório de ciências, de geografia..”. P4. “A deficiência de recursos didáticos, desistência do aluno, a falta de motivação e preparação”. Percebemos que as falas dos professores se dividem em duas vertentes. A primeira, que aparece nas falas de P1 e P2 diz respeito as dificuldades referentes à formação para trabalhar com Educação de Jovens e Adultos pois falam da necessidade de formação continuada e de lacunas em sua formação inicial. A segunda vertente está nas falas de P3 e P4 quando afirmam que as dificuldades/deficiências estão nos alunos, em sua falta de compromisso, de motivação, nos problemas estruturais (recursos didáticos, salas de laboratório/ ambientes de ciências, geografia, etc.). Nota-se que a evasão dos alunos do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares, estão atrelados a diversos fatores, mas percebe-se também que os professores que atuam nas salas da EJA não estão preparados para atuarem nas salas de aula desses jovens e adultos. Portanto é necessário refletirmos sobre a prática educacional e os sujeitos que estão inseridos na construção desse processo para que possamos compreender a construção e a presença da educação de jovens e adultos a fim de diminuir o índice da evasão nesta escola. 40
  • 34. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho procuramos compreender as causas e consequências da evasão escolar no ensino de jovens e adultos do G.M.A.S.V. ao tentarmos ouvir alunos e professores desta instituição. Desde já queremos dizer que não é fácil visto que são muitos fatores que interferem no abandono da escola pelos alunos. Podemos aqui supor algumas conclusões que não são definitivas e, portanto, estão abertas para novas investigações. Observamos durante a pesquisa realizada que a educação de jovens e adultos muitas vezes não corresponde às expectativas da qualificação dos professores devido às teorias estarem distantes da técnica desses profissionais e de eles não terem uma compreensão clara do trabalho com jovens e adultos, em decorrência de sua falta de formação para essa modalidade de ensino. 41
  • 35. Sabemos que vivemos num mundo letrado e de grande exigência no uso da leitura, da escrita e na interpretação dos diversos símbolos que ilustram o mundo moderno. Diante das diversas situações analisadas, tivemos a certeza de que as práticas pedagógicas aplicadas por alguns professores da EJA não são convergentes com a proposta metodológica apresentada para essa modalidade de ensino. É necessário rever alguns pontos do sistema de ensino para os jovens e adultos, estes que necessitam de serem avaliados a partir de uma metodologia aplicada que leve em consideração as especificidades desses alunos e de seus percursos de aprendizagem. Pois como percebemos, além dos problemas enfrentados pelos jovens e adultos para permanecerem na escola (a necessidade de trabalhar aparece como a principal dificuldade em permanecer na escola) e obterem sua escolarização, ainda enfrentam outros obstáculos na própria escola, tais como a falta de preparação dos professores, materiais inadequados ou a falta deles, tempos e espaços que remetem à escola oferecida às crianças e adolescentes do ensino regular. Pudemos perceber que o grande problema nesta comunidade escolar é atribuído ao fator econômico, pois a mesma encontra-se inserida num município que não dispõe de muitas alternativas de trabalho, mas notamos também que as aulas não são repassadas de acordo com a capacidade dos alunos. A questão da evasão escolar, ocorre de modo geral em todas as escolas do país, devido ao crescimento populacional como também à problemas de ordem familiar e social. Portanto a evasão deve ser vista como um problema de caráter social e econômico. A evasão é um fator poderoso e assim os jovens e adultos são desestimulados a continuar na escola, eles se sentem inseguros e são considerados diferentes e isso abala sua autoestima, fazendo com que evadam. As marcas que trazem os jovens e adultos deixam sequelas nas vidas deles e talvez uma ferida que nunca se feche ou deixe cicatrizes para o resto de suas vidas. Diante das diversas situações analisadas, temos certeza de que a forma metodológica aplicada não condiz com a realidade da clientela da EJA. Desta forma podemos supor, a partir da pesquisa realizada, que a questão da 42
  • 36. evasão do Ginásio Municipal Antônio Simões Valadares, só poderá mudar este quadro com muita luta e vontade, criando novos mecanismos didáticos que possa chamar a atenção dos jovens e adultos em sala de aula, buscando o diálogo, procurando conhecer melhor os alunos e buscar soluções para a evasão a partir da realidade concreta dos alunos e da escola. É válido lembrar que a educação é um processo contínuo e para ser eficaz deve vincular-se a uma ação concreta. Mudanças nas práticas educacionais sem dúvida, urgentes, porque há muito que a escola pode e deve promover condições de aprendizagem e desse modo contribuir para o processo de permanência do sujeito da EJA, assim evitando que os alunos evadam da escola e da sala de aula. Por isso, é necessário que a escola crie mecanismos que desperte a atenção desses jovens e adultos. O laço de afetividade é um dos fatores importantes para que esses alunos continuem estudando, fazer com que o aluno perceba que a escola não o vê apenas com um aluno e sim como uma pessoa que busca realizar um sonho, assim dando-o atenção necessária a fim de que o mesmo se sinta parte integrante da escola como os outros alunos que estão no ensino regular. REFERÊNCIAS ARROYO, M. G. Da Escola Carente à Escola Possível. São Paulo: Loyola, 1997. (coleção educação popular - nº. 8). _____________. Balanço da EJA: O que mudou nos modos de vida dos jovens – adultos populares? REVEJ@ - Revista de Educação de Jovens e Adultos, Belo Horizonte vol.1, p. 5-19, agosto. 2007. BEISIEGEL, C. de R. A política de educação de jovens e adultos analfabetos do Brasil. In: OLIVEIRA, D. A. (ORG) Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. Petrópolis: Vozes 1997. 43
  • 37. BRANDÃO, C. R. O que e método Paulo Freire. 13 ed. São Paulo: Brasiliense, 2008. DESLANDES, Suely Ferreira (Org.) et al. Pesquisa social: Teoria, método e Criatividade. São Paulo: Vozes, 1994. FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1993. _____________. Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez, 2001. GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa de qualidade em Ciências Sociais. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. HADDAD, S. DI PIERRO, M. C. Aprendizagem de jovens e adultos: avaliação da década da educação para todos. São Paulo em Perspectiva, São Paulo. 14, n1, mar. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n1/9800.pdf> . Acesso em 25 de maio de 2012. _____________. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação Nº 14 Mai/Jun/Jul/Ago 2000. Disponível em: <http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/rbde14/rbde14_08_sergio_haddad_e_m aria_clara_di_pierro.pdf>. Acesso em 25 de maio de 2012. LUDKE, Menga, e ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MORAES, R. E. Educação de jovens e adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. Diálogo na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte, M.G: Autêntica, 2010. MORIN. E. O método V: a humanidade, identidade humana. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2003. MINAYO, M. C. de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20 ed. Petrópolis: Vozes, 1994. 44
  • 38. PAIVA, V. Educação popular e educação de adultos. São Paulo: 4ª ed. Loyola, 1987. RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Revista Educação & Sociedade, ano XX, nº 68. São Paulo: Ação Educativa, Campinas: Papirus, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v20n68/a10v2068.pdf> Acesso em 25 de maio de 2012. 45
  • 39. APÊNDICES Diretoria Sala dos Professores Biblioteca 46
  • 41. Sala de Informática Cantina 48
  • 43. 50
  • 44. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM - BAHIA Questionário de resposta dos alunos da EJA do Ginásio Municipal Antonio Simões Valadares 1. Por que vai a escola? Que importância tem a escola na sua vida ? R. ________________________________________________ 2. É repetente: Quantos anos? R. _________________________________________________ 3. A quanto tempo é aluno da EJA? R. _________________________________________________ 4. Porque é importante estudar? E os conhecimentos adquiridos na escola são importantes para tomar alguma decisão na vida? R. _________________________________________________ 5. O que tem aprendido de fato na escola? R. _________________________________________________ 51
  • 45. 6. O que se pode conquistar de fato na escola? R. _________________________________________________ 7. Em sua opinião o que leva tanto a evasão dos alunos da EJA? R. ________________________________________________ 8. A coordenação pedagógica tem visitado com freqüência as turmas da EJA? Ou a escola tem um acompanhamento pedagógico? R. _______________________________________________ 9. O que de fato lhe faz dá continuidade aos seus estudos? R._______________________________________________ 10. Como aluno da eja tem participado frequentemente das atividades desenvolvidas na sala de aula? Por quê? R. ______________________________________________ 11. Como gostaria que fossem ministradas as aulas da eja? R. _______________________________________________ 12. Como são recepcionados pelos funcionários da escola? 52
  • 46. R. _______________________________________________ 13. A direção está sempre presente para atender os alunos da eja? R. ______________________________________________ 14. A merenda escolar é de boa qualidade? R. ______________________________________________ 15. A metodologia aplicada pelos professores da eja é interessante e contribui no seu aprendizado ? R. ______________________________________________ 53
  • 47. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM - BAHIA Prezado (a) Professor (a), No trabalho que ora desenvolvemos para a elaboração de nossa monografia, precisamos obter algumas informações acerca de sua visão sobre a Eja e o material didático que são utilizados na Educação de Jovens e Adultos no Ginásio Antonio Simões Valadares . Para tal, solicito a sua colaboração respondendo às questões abaixo. Sexo: ______________ Idade: ______________ Formação profissional: ________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Tempo de atuação no magistério: ____ anos 54
  • 48. Tempo de atuação na EJA: ____ anos 1-Você fez alguma especialização para trabalhar com a EJA? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2- O que você entende por EJA? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 3- Você trabalha com a EJA fundamentada em algum posicionamento teórico específico? Qual? Porquê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4- O que você acha dos recursos que utiliza na EJA? Por quê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 55
  • 49. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 5- Qual a sua visão da EJA? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 6- Além dos livros didáticos, quais outros recursos que você utiliza na EJA? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ _ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 7- Qual é a realidade sócio-econômica de seus alunos? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 8- O material didático que você utiliza é coerente com a realidade dos alunos? Por quê? ___________________________________________________________________________ 56
  • 50. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 9- Quais as dificuldades encontradas na prática profissional da EJA? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 57