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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII




   PAULO ROGÉRIO BARBOSA OLIVEIRA




   RELAÇÃO ESCOLA x TRABALHO:
     O que espera o aluno da EJA
2



      Senhor do Bonfim
           2011



PAULO ROGÉRIO BARBOSA OLIVEIRA




 RELAÇÃO ESCOLA x TRABALHO:
   O que espera o aluno da EJA




           Monografia apresentada como requisito parcial
           para conclusão do curso de Licenciatura em
           Pedagogia, Habilitação em Docência e Gestão
           de Processos Educativos, pelo Departamento
           de Educação – Campus VII, da Universidade
           do Estado da Bahia.


          Orientadora: Profª. Beatriz de Souza Barros.
3



Senhor do Bonfim
     2011
4




                     PAULO ROGÉRIO BARBOSA OLIVEIRA




                    RELAÇÃO ESCOLA x TRABALHO:
                      O que espera o aluno da EJA




Aprovada em _____/_____/_____




                              BANCA EXAMINADORA




_______________________                     _________________________

    Prof. (a) Avaliador (a)                          Prof. (a) Avaliador (a)




                   ____________________________________

                              Prof. (a) Orientador (a)
5




Dedico este trabalho a todos da minha
família.
6



                             AGRADECIMENTOS


A Deus, pela força que motiva o meu caminhar;

Aos meus familiares, pelo apoio constante;

Aos professores, aos colegas;

Ao meu amigo José Augusto pelo suporte dado durante o decorrer deste trabalho;

A orientadora Beatriz de Souza Barros que colaborou muito para com a realização
deste trabalho;

Aos companheiros da turma, principalmente Jaine Moura e Rita Raimunda que tanto
me ajudaram nos momentos de desânimo;

A todos os professores, funcionários e colegas da Universidade do Estado da Bahia
– UNEB Campus VII, Senhor do Bonfim-BA.
7




“Há    possibilidades   para   diferentes
amanhãs. A luta não se reduz a retardar o
que virá ou a assegurar a sua chegada; é
preciso reinventar o mundo.”

                         Paulo Freire
8



                                   RESUMO


Este estudo sintetiza os principais resultados de uma pesquisa realizada no Colégio
Estadual Teixeira de Freitas em 2010, e tem por objetivo identificar quais as
expectativas que os alunos trabalhadores da EJA tem em relação à escola, se
atende às suas necessidades e se contribui significativamente para uma melhoria
na qualidade de vida desses alunos. Para a realização deste trabalho utilizamos
alguns conceitos – chave que nortearam esta pesquisa: Educação de jovens e
adultos, Aluno-trabalhador e Escola. Os dados foram recolhidos de uma amostra
representativa com 15 alunos da EJA, compreendidos entre 17 e 56 anos de idade.
A metodologia foi desenvolvida numa abordagem qualitativa, seguida de entrevista
semi-estruturada e um questionário fechado, que permitiu fazer um levantamento do
diagnóstico do perfil da amostra coletada. Esta pesquisa serve como sinalizador e
estímulo para que educadores e governo reflitam sobre estas questões, no sentido
de rever a concretização dos seus objetivos educacionais e rever o papel da escola,
direcionando-os para o efetivo atendimento a esses alunos que em sua maioria são
trabalhadores.

Palavras Chaves: Educação de Jovens e Adultos, Aluno-trabalhador e Escola.
9



                         LISTA DE ABREVIATURAS


EJA – Educação de Jovens e Adultos.

LDB – Lei de Diretrizes e Bases.

PNE – Plano Nacional de Educação.

MEC – Ministério da Educação e Cultura.

ONU – Organização das Nações Unidas.

MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização.

PNLD – Programa Nacional do Livro Didático.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
10



                                               SUMÁRIO




INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------11


   CAPÍTULO I --------------------------------------------------------------------------------------13


PROBLEMÁTICA ----------------------------------------------------------------------------------- 13


    CAPÍTULO II ------------------------------------------------------------------------------------ 17


FUNDAMENTAÇAÕ TEÓRICA ----------------------------------------------------------------- 17


     2.1 EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS- ---------------------------------- 17

     2.2 ALUNO TRABALHADOR -------------------------------------------------------------- 21

     2.3 ESCOLA------------------------------------------------------------------------------------- 24


    CAPÍTULO III ----------------------------------------------------------------------------------- 26


PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ----------------------------------------------------- 26

    3.1 TIPO DE PESQUISA---------------------------------------------------------------------- 26

    3.2 LOCUS DA PESQUISA ----------------------------------------------------------------- 27

    3.3 SUJEITOS DA PESQUISA ----------------------------------------------------------- 28

    3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS---------------------------------------- 28

    3.4.1 Questionário Fechado ------------------------------------------------------------------28
    3.4.2. Entrevista Semi-estruturada -------------------------------------------------------- 29


    CAPÍTULO IV ----------------------------------------------------------------------------------- 31


DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ------------------------------------------- 31
11



   4.1 O PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA------------------------------------------31

    4.1.1Quanto ao gênero e faixa etária------------------------------------------------------- 31

4.1.2 Idade de ingresso na escola noturna--------------------------------------------------32
   4.1.3 Idade de ingresso no mercado de trabalho------------------------------------------32

   4.1.4 Renda familiar-------------------------------------------------------------------------------32

    4.1.5 Situação enquanto trabalhador, funcional e carga horária de trabalho

          durante o final de semana---------------------------------------------------------------33

 4.1.6 Freqüência e assiduidade na escola -------------------------------------------------33

   4.1.7 Motivo de faltar às aulas------------------------------------------------------------------34

    4.1.8 Reprovação-------------------------------------------------------------------------------- 34


    4.2 CONHECENDO AS EXPECTATIVAS DO ALUNO TRABALHADOR QUANTO
    A ESCOLA------------------------------------------------------------------------------------------35

   4.2.1 Relação escola X Vida pessoal e profissional --------------------------------------35

  4.2.2 Escola e ascensão profissional---------------------------------------------------------36

  4.2.3 A escola como espaço difícil de ser freqüentado-----------------------------------37

   4.2.4 A escola como ambiente de formação e informação-----------------------------38



 CONFIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------- 40


 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 43


APÊNDICES -------------------------------------------------------------------------------------------46




                                       INTRODUÇÃO
12




      Este trabalho monográfico intitula-se Relação Escola X Trabalho: O que
espera o aluno da EJA (estudo de caso), derivado de um projeto de pesquisa que
teve como sujeitos os Alunos Trabalhadores do Ensino Noturno do Colégio Estadual
Teixeira de Freitas. Foram escolhidos 15 alunos da EJA - Educação de Jovens e
Adultos, de forma aleatória compreendidos com faixa etária entre 17 e 56 anos
durante o ano letivo de 2010.


      O objetivo da pesquisa foi identificar Quais as expectativas que os alunos
trabalhadores da EJA têm em relação à escola, se atende as suas necessidades e
se contribui significativamente para uma melhoria na qualidade de vida desse aluno.


      Atualmente a educação escolar está sendo bastante discutida, tanto no
próprio meio educativo, quanto no meio social, afinal está na educação uma das
maneiras mais viáveis de “desconstrução” de uma sociedade marcada pela busca
do poder e dominação para a “construção” de uma sociedade mais justa.


      Diante da crescente demanda que a educação de jovens e adultos no período
noturno vem apresentando e das necessidades de alternativas para que o mesmo
se desenvolva mais eficazmente, esta pesquisa visa colaborar no sentido de refletir
sobre a problemática do aluno-trabalhador da Educação de Jovens e Adultos no
período noturno, bem como das constantes preocupações acerca do ingresso e
permanência deste no atual mercado de trabalho.


      Depois de considerar essas reflexões, o nosso trabalho monográfico é
organizado da seguinte maneira:


      No primeiro capítulo será abordada a problemática que é aprofundar o estudo
da situação real do aluno – trabalhador na escola pública de educação de jovens e
adultos, procurando, contribuir para uma melhor compreensão dessa modalidade no
contexto da relação trabalho e educação.
13



      No segundo capítulo, apresentamos as palavras-chaves da nossa pesquisa:
Educação de jovens e adultos, aluno-trabalhador e escola. Analisamos os diversos
aspectos a serem abordados nesta reflexão dentro da ótica de teóricos, para melhor
embasar a nossa pesquisa.


      O terceiro capítulo trata dos procedimentos metodológicos, mostrando os
caminhos trilhados para o desenvolvimento da pesquisa. Na busca de uma
profundidade maior na análise do problema levantado por este estudo, lançou – se
mão da investigação, através de questionário e entrevista direcionados à alunos da
escola pública da Educação de Jovens e Adultos buscando – se verificar como os
aspectos evidenciados neste trabalho, estão sendo concretizados no dia - a - dia.


      O quarto capítulo apresenta reflexões e dados a cerca da realidade do ensino
noturno na Educação de Jovens e Adultos, buscando discutir a idéia dentro e fora da
escola, inclusive, percebendo o papel que esta tem na sociedade, pois não se
compreende um processo de construção da verdadeira cidadania, sem o
correspondente desenvolvimento cultural, educacional, político, econômico e social.


      Partindo dos resultados alcançados elaboramos as considerações finais deste
trabalho, apresentando reflexões dos resultados obtidos. A partir desta abordagem
evidenciamos de maneira mais concreta as dificuldades e facilidades que os alunos
trabalhadores pesquisados demonstram com as significações e percepções da
realidade vivida na escola e no trabalho.
14



                                CAPÍTULO I



                            PROBLEMÁTICA


      A Educação é um processo que está vinculado a uma concepção de
conhecimentos, de saber e de cultura. É papel da educação, em especial a
educação   de   adultos,   oferecer    aos    educandos      uma     escola    produtiva,
contextualizada, competente e crítica, que dê aos indivíduos as possibilidades de
transformação da realidade em que estão inseridos; uma escola que realmente
atenda as necessidades dos alunos.


      Falar em educação no Brasil implica em falar sobre a qualidade de ensino
escolar que está sendo desenvolvido neste espaço formal de educação, bem como
nas modalidades de ensino oferecidas aos alunos que buscam uma educação
específica para suas necessidades.


      Uma dessas modalidades é a educação de jovens e adultos que garante o
acesso a escola aos que a ela não tiveram na idade própria. A EJA emerge, pois ,
como uma opção para o problema do analfabetismo e do baixo nível de
escolarização dos adultos. Neste contexto, buscamos no histórico as soluções
apontadas para o problema do aluno adulto carente de escolaridade, pressupondo
que este olhar para o passado possa servir de elemento básico para a compreensão
das medidas atuais, nos indicando que nos aspectos pedagógicos precisamos
entender a fundo a expressão “Educação de Adultos”. Segundo Rocco (1979) a
educação de adultos é:


                    Um processo de transformação, voltado para indivíduos de 15 anos ou
                    mais. Esta idade é o marco de referencia na separação entre a chamada
                    “idade infantil” da “idade adulta”. Tanto é assim que – seja no plano
                    nacional, estabelecido pela legislação federal do ensino seja no
                    internacional, via recomendações da UNESCO – é precisamente este o
                    momento cronológico tomado como base para a verificação do cumprimento
                    ou não da escolaridade mínima. (ROCCO;1979, P.9).
15



      Um dos objetivos da educação de adultos (LDB, 1996) é capacitar os sujeitos
e prepará-los para serem inseridos no contexto da sociedade, e aprimorar as
condições de vida. Esta aprendizagem através da escolarização, também conduz e
prepara esses indivíduos para o exercício de uma atividade profissional, provocando
uma mudança sócio-cultural e econômica em sua vida.


      Para atender aos objetivos que a educação de adultos se propõe segundo o
Plano Nacional de Educação (iniciação no ensino de ler, escrever e contar) a escola
necessita estar devidamente preparada em sua estrutura pedagógica, uma vez que
a educação de adultos é complexa em sua essência, pois atende uma parcela da
população que exige cuidados especiais na hora de aprender. Um dos objetivos
segundo o PNE é a elaboração global do nível de escolaridade da população bem
como a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e a
permanência com sucesso na educação pública


      Esta complexidade abrange tanto o campo pedagógico como o político-social.
Justamente por isso a busca por respostas é pertinente e aumenta nossa
responsabilidade e compromisso, quando queremos, de fato mudar nossa realidade
enquanto profissionais. Entendemos que este processo é destinado a superar a
carência escolar daqueles que não acompanharam o processo comum de
escolarização e Implica também em aprimoramento ou especialização para esse
adulto, uma vez que o mesmo já traz uma bagagem de conhecimentos.


      É importante considerar o aluno trabalhador como sujeito do processo de
ensino-aprendizagem, possibilitando assim a reflexão crítica sobre a realidade,
levando-o a participar de projetos de transformação da sociedade. Compete à
escola, procurar condições viáveis para que o aluno-trabalhador a ela tenha acesso
e permaneça com sucesso, resgatando a auto-estima e a vontade de construir
conhecimento.


      Para se falar do aluno-trabalhador, deve-se inicialmente, falar da importância
da educação e da escola em sua vida.         Segundo Sacristán e Gómez (2000)
educação é um processo de desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa
atuar em uma sociedade pronta para a busca da aceitação dos objetivos coletivos.
16



Para isso, a escola deve considerar esse aluno, consciente das suas possibilidades
e limitações, e capaz de compreender a realidade do mundo que o cerca.


      O aluno da EJA, esse adulto trabalhador, vive uma realidade diferente dos
outros alunos, ele chega à escola, cansado e muitas vezes mal alimentado o que
vem limitar o seu potencial, pois tem menos tempo ou quase nenhum de se preparar
para as avaliações e fazer as atividades extra-classe. Geralmente ele dorme tarde,
acorda cedo, alimenta-se mal, trabalha mais de oito horas por dia e já chega à
escola em precárias condições físicas e intelectuais. Carvalho (2000) nos diz que:


                     São muitas as justificativas para o aluno que freqüenta a escola à noite: falta
                     de apoio familiar, necessidade de trabalho para contribuir para o orçamento
                     doméstico, com uma má alimentação, desatenção por parte dos professores
                     quando os alunos não demonstram o perfil idealizado, o aluno do ensino
                     noturno trabalha durante todo o dia e cansado não tem um bom rendimento
                     escolar ou não tem tempo de estudar e acaba abandonando por sua vez a
                     escola. (CARVALHO, 2000; p. 14).



      Frente a tantos problemas é um aluno que merece atenção especial por parte
da escola e dos educadores, ressaltando que a mesma tem o dever de discutir o
sentido que o aluno-trabalhador vê na educação, pois os mesmos buscam na escola
além da realização pessoal, a realização profissional, percebendo assim as
oportunidades para o acesso ou a permanência no mercado de trabalho.


      A contribuição de Freire (1980) para a educação de jovens e adultos foi
fundamental para trazer reflexão neste processo tão importante para formação
humana, segundo ele “caminhando na direção de uma educação democrática e
libertadora”, comprometida com a realidade social, econômica e cultural dos menos
favorecidos, e a escola como instituição pública, deve cumprir o seu papel de
promotora de desenvolvimento integral dos educandos.
      .
      Por sua vez a escola precisa conhecer ainda o contexto concreto em que os
alunos estão envolvidos, a realidade que os cerca, para assim poder ajudá-los
melhor, abrir e indicar caminhos e não servir como um obstáculo. O currículo precisa
contemplar a realidade do aluno. É muito comum as escolas trabalharem com EJA
17



através de currículos utilizados no ensino considerado regular. De acordo com
Hernandez (1998):


                    É possível organizar um currículo escolar não por disciplinas e sim por
                    temas, nos quais os estudantes se sintam envolvidos, aprendam a
                    pesquisar (propor perguntas problemática), procurar fontes de informação
                    que ofereçam possíveis respostas, selecioná-las, ordená-las, interpretá-las
                    e tornar público o processo seguido. (HERNANDEZ, 1998; p. 42).



      A idéia de base comum do currículo está presente no artigo 38 da LDB,
sugerindo a educação de jovens e adultos como reparadora. Nesse artigo atribui a
Educação de Jovens e Adultos a função de restaurar o direito de todos à educação
escolar de qualidade, possibilitando a todos, sem discriminação, acesso a um bem
real, social e simbolicamente importante. A reparação é a oportunidade concreta de
jovens e adultos estarem na escola e uma alternativa viável em função das
especificidades socioculturais desses segmentos para os quais se espera que a EJA
necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio, a fim de criar situações
pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos.


      Diante dos diversos aspectos apresentados acima, torna-se importante
discutir sobre a postura do aluno da EJA, em relação à escola e a responsabilidade
da escola frente aos desafios de inseri-los no mundo globalizado. Assim surgiu a
seguinte questão da pesquisa: Qual a expectativa do aluno trabalhador com relação
a escola?


      O estudo teve como objetivo identificar quais as expectativas que os alunos
trabalhadores da EJA do Colégio Estadual Teixeira de Freitas tem em relação à
escola.
18



                                  CAPÍTULO II


                       FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


      Os aportes teóricos apresentados neste capítulo para melhor embasar nossa
pesquisa conforme apresentados no capítulo I, nos levaram a fazer uma reflexão em
torno dos nossos conceitos-chave, que são: EJA, Aluno-trabalhador e Escola.



2.1 EJA - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


      A educação de jovens e adultos teve varias denominações, sendo as mais
freqüentes: educação supletiva ou ensino supletivo, bem como educação
compensatória ou educação suplementar. No decorrer dos anos diversos autores
entram num consenso quanto ao seu objetivo, que é o de compensar uma situação
de carência, suprir a falta de algo, desenvolver a construção do conhecimento que
não foi adquirido na infância, promover o ensino fundamental para inserção sócio-
político, sócio-econômica e educacional (MEC/SEF, 1998).


      Uma breve retrospectiva histórica sobre a Educação de Jovens e Adultos no
Brasil tem como finalidade contextualizar o percurso sócio-histórico-evolutivo desta
modalidade de ensino (EJA).


      Na história da educação do Brasil, a educação básica de adultos surgiu a
partir da década de 30, quando finalmente começa a consolidar um sistema público
de educação elementar no país. Nesse período, a sociedade brasileira passava por
grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração
populacional em centros urbanos (RIBEIRO, et. al, 1998).


      A necessidade de mão de obra qualificada foi uma marca deste período,
segundo CUNHA (1999), com o desenvolvimento industrial, no início do século XX,
inicia-se um processo lento, mas crescente, de valorização da educação de adultos,
a valorização da língua falada e escrita para fins de domínio das técnicas de
19



produção. Essa preocupação era voltada para alfabetizar somente os trabalhadores,
não atingindo toda população.


      A Educação de Jovens e Adultos no sistema educacional brasileiro teve seu
reconhecimento oficializado e legitimado na Constituição de 1934 “que pela primeira
vez, em caráter nacional” considerou a educação “como direito de todos e (que ela)
deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos” (art. 149) (SOARES,
2002, p. 50).


      Em 1947, o governo lançou a 1ª Campanha de Educação de Adultos,
propondo: alfabetização dos adultos analfabetos do país em três meses,
oferecimento de um curso primário em duas etapas de sete meses, a capacitação
profissional e o desenvolvimento comunitário. (CUNHA, 1999).


      De acordo com SOARES (1996), essa 1ª Campanha foi lançada por dois
motivos: o primeiro era o momento pós-guerra que vivia o mundo, que fez com que a
ONU fizesse uma série de recomendações aos países, entre estas, a de um olhar
específico para a educação de adultos. O segundo motivo foi o fim do Estado Novo,
que trazia um processo de redemocratização, que gerava a necessidade de
ampliação do contingente de eleitores no país.


      SOARES (1996) diz que ao final da década de 50 e início da década de 60,
iniciou-se, então, uma intensa mobilização da sociedade civil em torno das reformas
de base, o que contribuiu para a mudança das iniciativas públicas de educação de
adultos.


      Em 1964 surge o MOBRAL, que visava alfabetizar os adultos principalmente
na zona rural, extinto no ano de 1985. Com a redemocratização do país, surge a
Fundação Educar até o ano de 1990 quando foi por sua vez também extinta.


      Na década de 70, ocorre, a expansão do MOBRAL, em termos territoriais e de
continuidade, iniciando-se uma proposta de educação integrada, que objetivava a
conclusão do antigo curso primário.
20



           Por vários motivos a criação de instituições como o MOBRAL e a FUNDAÇÃO
EDUCAR, não conseguiram estabelecer uma educação diferenciada e eficiente para
Jovens e Adultos, e sua extinção não causou grandes perdas para os alunos desta
modalidade de ensino, no entanto o fechamento das mesmas acabou por deixar um
vazio onde antes havia uma esperança.


           No final da década de 50 e inicio da década de 60 surge uma nova visão
sobre o problema do analfabetismo, junto à consolidação de uma nova pedagogia de
alfabetização de adultos, que tinha como principal referência Paulo Freire.


           As idéias de Freire (1989) propunham uma maior comunicação entre o
educador e o educando e uma adequação do método às características das classes
populares. Seu método revolucionou as bases da educação populares e para ele, a
educação e alfabetização se confundem. Alfabetização é o domínio de técnicas para
escrever e ler em termos conscientes e resulta numa postura atuante do homem
sobre seu contexto.


           Com o exílio de Freire em 1964 após o golpe militar, as idéias de
alfabetização popular foram deixadas de lado e o governo prioriza um movimento de
assistencialismo e conservadorismo no campo educacional, impossibilitando a
manifestação das classes operarias e colocando a educação a serviço de ditadura
militar.


           No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 5692/71, incluiu em
seu conteúdo um capitulo especial para tratar da educação de Jovens e Adultos.
Dentro do capitulo IV da LDB o artigo 25 estabelece:


                         Art25 - O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender,
                         desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação
                         profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de disciplinas
                         do ensino regular e a atualização de conhecimentos. (LDB:1971).



           Aprovada em 1971, esta lei dedicou pela primeira vez na história da educação
brasileira uma página a educação de adultos. Nela o ensino supletivo estava apto a
encontrar soluções que se ajustassem à realidade escolar e às mudanças ocorridas
21



numa sociedade capitalista, na perspectiva de oferecer aos jovens e adultos, que
não tiveram acesso à escola uma oportunidade de adquirirem um nível de
escolaridade que lhes permitisse uma melhor condição social e econômica.


      Apesar das muitas nomenclaturas que a educação de jovens e adultos teve
no decorrer dos anos, muito pouco foi feito de fato. No ano de 2008 pela primeira
vez na história do país o PNLD foi estendido ao EJA, para resolver um problema de
grandes proporções como a falta de escolarização básica para grande maioria da
população de jovens e adultos. Segundo Timothy Ireland (Diretor do Departamento
de Educação de Jovens e Adultos) “foi o reconhecimento oficial da importância
dada, hoje, a educação de jovens e adultos”.


      Diante desse contexto, observamos que a educação de Jovens e Adultos ao
longo de sua trajetória vem sendo concebida e institucionalizada, em consonância
com a realidade sociocultural, política e econômica do país. Percebemos também
que está realidade tende a mudar com a própria consciência de mundo que a
educação pode levar para os alunos e pela qual Freire tanto lutou. Segundo Freire
(1989):

                     Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora
                     para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora
                     pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Está é a razão
                     pela qual procuramos um método capaz de fazer instrumento também do
                     educando e não só do educador e que identificasse, o conteúdo da
                     aprendizagem com o processo de aprendizagem. ( FREIRE:1989, pg.72).



      Freire foi um importante divisor de águas na EJA. Sua experiência pessoal
como alfabetizador trouxe grandes contribuições para o Brasil, e seus livros são até
hoje objeto de pesquisa para todos que querem compreender a dinâmica desta
modalidade de ensino como ferramenta de transformação social.


      O mundo contemporâneo não tem mais espaço para pessoas que não sabem
ler e escrever ou possuem o mínimo de conhecimento exigido para que seja
absorvida pelo mercado de trabalho cada vez mais exigente e esta competência
deve estar contemplada na oferta de EJA a toda população, não apenas como
direito a escolarização básica, mas acima de tudo como resgate de cidadania.
22



2.2 ALUNO TRABALHADOR


      O ingresso do trabalhador na escola emerge e ganha expressão cada vez
maior denotando idéia de que um mundo globalizado, tecnificado e em constante
transformação demanda profissionais que dominem os conhecimentos acumulados
em sua área de competência especifica, mas que também sejam capazes de
resgatar uma visão da totalidade, situação esta distante da realidade.


      Para Aranha (2003), os trabalhadores adquirem conhecimentos no trabalho
que vão além das informações e habilidades propiciadas por cursos e treinamentos.


                     Há todo um processo cultural, interpessoal, social onde os trabalhadores,
                     pela sua própria experiência no trabalho, vivência em diversos ambientes,
                     relacionamento com diferentes pessoas, constroem e adquirem um
                     conhecimento contínuo sobre o seu fazer. Conhecimento nem sempre
                     codificável, mas extremamente significativo para o andamento do trabalho.
                     Trata-se do que, na sociologia do trabalho e na área de formação
                     profissional é denominado como conhecimento tácito.(ARANHA, 2003
                     p.105).


      O aluno da EJA é aquele que já compreendeu como a escolarização é
importante, que ela é na verdade a grande responsável pela inclusão social dos
jovens e adultos que não tiveram acesso à escola em tempo hábil.


      O aluno geralmente não dispõe na própria empresa de espaço educacional,
onde possa a vir estudar. O mesmo busca então esta formação acadêmica de forma
mais tradicional nos estabelecimentos de ensino comuns, que por sua vez não
possuem um currículo voltado para a classe trabalhadora. Esta busca de informação
e formação fica sob a responsabilidade de cada um, construindo um eixo necessário
ao desenvolvimento de suas atividades e na intenção de uma promoção.


      O trabalhador procura sair dessa condição de submissão, buscando a escola
como um “caminho” viável para uma vida melhor, mais digna e cidadã. Faz-se
necessário, criar novas formas para aprender a se organizar, a reivindicar seus
diretos, a compreender as relações sociais e a função que desempenham. Arroyo
(2001) diz:
23


                     O capital, as relações de trabalho estão distantes da escola, das teorias
                     pedagógicas, que aos educadores não é fácil perceber que a fábrica, e
                     empresa, as relações de trabalho e produção invadiram a escola, enquanto
                     nós ficávamos entretidos em aplicar testes de QI, de prontidão, em discutir
                     taxonomias, bem como a função reprodutora dos aparelhos ideológicos do
                     estado (...) a vinculação entre a escola popular, seus problemas e o mundo
                     do trabalho e da produção é mais forte do que pensamos (p.49).



       O homem em seu aspecto social, pode por meio do trabalho compreender a
realidade que o cerca, buscando construir uma nova sociedade. Para isso, os
mesmos precisam conquistar a liberdade cultural, intelectual e espiritual. Quando o
povo comum, especialmente os trabalhadores que exercem o direito de formação do
saber, da cultura e da identidade de classe, tem mais possibilidade de conquistar
seus direitos. Como nos fala Freire (1989): “Quando o homem compreende sua
realidade, pode levantar hipótese sobre o desafio dessa realidade e procurar
soluções. Assim pode transformá-la e com o seu trabalho pode criar um mundo
próprio” (p.30).


       Os homens que buscam o conhecimento, que visam de modo mais eficiente
experiências libertadoras, vêm exercendo a função de transformar a si mesmo e a
realidade. Mas por mais que se queira não se consegue nada sozinho. Enquanto o
homem não caminhar junto, fazendo do diálogo e da convivência suas “armas” nada
de mudança ocorrerá. De acordo com Freire, (1987):


                     (...) o diálogo é uma espécie de postura necessária na medida em que os
                     seres humanos se transformam cada vez mais em seres criticamente
                     comunicativos. O diálogo é o momento em que os homens se encontram
                     para refletir sobre a sua realidade tal como a fazem, a refazem (...) (p.122-
                     123).


       Já dizia Freire (1987, p.35) “a libertação, por isto, é um parto e um parto
doloroso. O homem que nasce deste parto é um homem novo que só é viável na e
pela superação da contradição opressor-oprimido, que é a libertação de todos”.


       Pela educação é possível mudar o mundo, Freire acreditava nisto, insistia que
cada pessoa pode mudar seu futuro, basta querer. Quando a educação em idade
normal não é possível, buscar esta educação na fase adulta pode sim diminuir as
desigualdades sociais na medida em que ajuda o sujeito a perceber melhor sua
realidade e buscar mudanças.
24


                       Perceber esses jovens do ponto de vista da EJA revela uma condição
                       marcada por profundas desigualdades sociais. Na escola de EJA estão os
                       jovens reais, os jovens aos quais o sistema educacional tem dado as
                       costas. Percebe-los significa a possibilidade de dar visibilidade a esse
                       expressivo grupo que tem direito a educação e contribuir para a busca de
                       uma resposta a uma realidade cada vez mais aguda e representativa de
                       problemas que habitam s sistema educacional como um todo. (ANDRADE,
                       2004, P.45)



      Segundo Fávero (2004, p.26), “Campanhas e movimento de massa não
resolverão o problema do analfabetismo da população jovem e adulta, pois esse
problema é gerado pela insuficiência e ausência da escolarização das crianças e
adolescentes, e questiona:” Diz-se ter sido praticamente universalizado o ensino
fundamental. Qual o ensino? Com qual qualidade? Concordamos com o auto, pois
mesmo diante dos avanços e conquistas na área educacional, prescritos na
constituição Brasileira, (Soares 2002,p.30),           confirma também que o ensino
fundamental, o quadro sócio-educacional seletivo continua a produzir excluídos,
mantendo adolescentes, jovens e adultos sem escolaridade obrigatória completa.


      Por existir tantas desigualdades sociais em relação à educação, o aluno
aprende apenas quando se torna sujeito da aprendizagem, pois o mesmo deve estar
sempre estimulado a exercer atividades voltadas para a liberdade de expressão,
constituindo um fator de formação da personalidade e mais alta relevância.


      Diante do desejo e ousadia, do fortalecimento de cada trabalhador, de juntos
mudarem esse terrível e doloroso quadro de que “manda quem pode e obedece
quem tem juízo”, de se libertarem, de juntos poderem gozar de uma vida mais digna
e cidadã, essa que cada indivíduo tem direito, mas que muitos os ignoram.


      O aluno da EJA tem uma característica especial, ele pode responder por seus
atos e palavras, além de assumir responsabilidades diante dos desafios da vida.
Quando chegam à escola, trazem muitos conhecimentos, que não são não
aproveitados pela escola, mas certamente são conhecimentos adquiridos na vida,
uma vida onde o trabalho ocupa lugar de grande importância e a escola, como
agente de formação e informação, torna-se uma alternativa viável de ampliação de
sua condição cidadã.
25



2.3 ESCOLA


        A escola é um grande espaço social de convivência daqueles que
sistematicamente são desumanizados pelo trabalho, pelo isolamento e por suas
condições de existência. É também, um local de fala dos que não tem voz no dia-
dia; de participação daqueles acostumados a obedecer, de encontro dos
desencontrados, do saber das coisas do mundo dos que foram afastados da
possibilidade de parte deste conhecimento.


        Entende-se por escola a instituição social que concretiza as relações entre
educação, sociedade e cidadania sendo uma das principais agências responsáveis
pela formação das novas gerações. É um lugar de aprendizagem onde são
elaboradas as formas para desenvolver atitudes e valores e adquirir competências,
desempenhando um papel importante no processo de formação dos cidadãos,
preparando-os para viverem em uma sociedade de informação e do conhecimento.
Prepara o aluno para “futuramente”, disputar o mercado de trabalho e prover sua
subsistência. Ou seja, a escola “é uma instituição de cultura que deve socializar o
saber, ciência, a técnica e as artes produzidas socialmente, para que todos possam
ter acesso a esses bens culturais”. (ROMANELLI, 1992 Apud BARALDI, 1998, p.
68).


        A escola também se expressa em organização, com cultura própria, objetivos,
funções e estruturas definidas. A mesma faz a mediação entres as demandas da
sociedade por cidadãos escolarizados e as necessidades de auto-realização das
pessoas.


                       Também a escola é uma das muitas instituições que de vem se ocupar de
                       preparar o individuo para o exercício crítico da cidadania e é a que pode
                       proporcionar essa preparação mais completa – dentro de uma visão em que
                       o cidadão crítico é o indivíduo capaz de fazer a crítica da consciência e,
                       sobretudo, aquele que domina o conhecimento daquilo que vai criticar.
                       (BARALDI, 1998. P, 68).


        Os alunos trabalhadores vêem na escola este espaço de convivência social,
local   privilegiado   no   desenvolvimento       da    capacidade      de    relacionamento,
participação, local de reencontro com o mundo. A escola é o espaço onde têm a
26



oportunidade de se relacionarem com pessoas do seu meio social e de tentar
planejar um outro meio de vida. A atividade profissional exercida parece ser um fator
de motivação para a freqüência à escola, entendida como local de socialização.
Para Haddad (2001):


                      A escola é um espaço da vinculação de um conhecimento sobre a vida, que
                      ultrapassa o limite restrito da questão profissional. E o conhecimento sobre
                      as coisas do mundo, que pode contribuir para entender o que é veiculado
                      pelos meios de comunicação, para compreensão da realidade desse
                      cotidiano, para a segurança na fala dosa que nunca têm voz, para a
                      segurança na ação dos que nunca participam. ( HADDAD 2001, P.169).



      A escola tem a missão de oportunizar aos educandos um ensino de qualidade
voltado para a compreensão do real e intimamente ligado ao entendimento crítico da
realidade que o cerca. O desenvolvimento da consciência educativa na escola deve
passar por uma atitude firme e engajada de todos aqueles que dela fazem parte.


      São muitos os desafios da escola EJA. Certamente desafios que perdurarão
por alguns anos, visto que, o mundo não pára e as necessidades com relação à
alfabetização de adultos é cada vez mais urgente e a forma como ela será feita
necessitará de mudanças com o intuito de acompanhar a evolução, a inserção das
tecnologias, o olhar do novo homem.


      A valorização do conhecimento prévio e o reconhecimento dos alunos como
portadores de cultura e saberes são os primeiros passos para que a escola promova
no EJA uma educação que prime pela qualidade.
27



                                 CAPÍTULO IIl


                PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


       Demo (2003) pontua que dimensão social da pesquisa e do pesquisador,
estão mergulhados naturalmente na corrente da vida em sociedade, com suas
competições, interesses e ambições, ao lado da legítima busca do conhecimento
científico.


       Pensando no fazer ciências que dá valor à experiência para compreender o
comportamento humano e o comprometimento com sua realidade histórica, esta
pesquisa tem como objetivo identificar quais as expectativas que os alunos
trabalhadores da EJA tem em relação a escola. O alcance desse objetivo nos levou
a definir como ponto principal o paradigma qualitativo e optar pelas estratégias a
seguir:



3.1 TIPO DE PESQUISA


       Para Alves (2003, p.41) a pesquisa “é um exame cuidadoso, metódico,
sistemático e em profundidade, visando descobrir dados, ampliar e verificar
informações existentes com o objetivo de acrescentar algo novo à realidade
investigada”.


       O tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa qualitativa já que esta tem o
ambiente natural como uma fonte direta de dados e o pesquisador como o seu
principal instrumento. (BOGDAN e BIKLEN, 1982). Segundo os dois autores a
pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o
ambiente e a situação que está sendo investigada através do trabalho intensivo de
campo. Sobre a pesquisa qualitativa Giovazzo (2001) fala que:
28


                     A pesquisa qualitativa costuma ser direcionada e não busca enumerar ou
                     medir eventos e, geralmente não emprega instrumental estatístico para
                     análises de dados, seu foco de interesse é amplo e que dela faz parte a
                     detenção de dados desc ritivos mediante contato direto e interativo do
                     pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas qualitativas, é
                     freqüente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo as
                     perspectivas dos participantes da situação estudada (p.1).



      A pesquisa qualitativa responde ainda às questões muito particulares. Ela se
preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser
quantitativo, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, crenças,
valores e atitudes. Para Michalizy & Tomasini(2005):


                     A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela interação entre os pesquisadores
                     e o grupo social pesquisado, ocorrendo entre eles um certo envolvimento de
                     modo cooperativo ou participativo e supõe o desenvolvimento de ações
                     planejadas de caráter social (p.32).


      Segundo Ludke e André (1986), é cada vez mais evidente o interesse que os
pesquisadores da área vêm demonstrando pelo o uso das metodologias qualitativas.
Como já foi citada a abordagem qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos,
por meio do contato do pesquisador com a situação estudada.



3.2 LÓCUS DA PESQUISA


      A pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Teixeira de Freitas, na cidade de
Senhor do Bonfim–BA. É mantida pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia,
funciona nos três turnos. Tem uma clientela de 220 alunos e 30 professores, destes,
80 alunos são assistidos pela EJA, que só funciona no período noturno. O referido
colégio foi escolhido como lócus da pesquisa por oferecer o ensino fundamental
destinado a EJA – Educação de Jovens e Adultos.




3.3 SUJEITOS DA PESQUISA
29




      Os sujeitos de nossa pesquisa foram 15 alunos pertencentes as turmas do
ensino fundamental (aceleração l e II), do turno noturno. Foram escolhidos através
do auxilio de um professor da escola, que indicou uma amostra de 40 alunos
trabalhadores e, destes selecionamos aleatoriamente os 15 sujeitos. Escolhemos
estes sujeitos por preencherem os pré-requisitos necessários ao resultado da
pesquisa, ou seja, são trabalhadores estudantes que tem na EJA a oportunidade de
realizar conquistas e melhorar sua condição de trabalhador.




3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS


      No processo de coletas de dados tivemos o cuidado de analisar todas as
possibilidades até percebermos quais instrumentos seriam mais adequados ou que
melhor serviriam para coleta dos dados de forma objetiva e segura. Assim, alguns
instrumentos foram apresentados como viáveis: questionário fechado e a entrevista
semi-estruturada.


      3.4.1   Questionário   Fechado:    Utilizou-se   em     primeira   instância um
questionário fechado, que oferecia um campo vasto de opções buscando traçar o
perfil de cada sujeito entrevistado. Marconi e Lakatos (1996), diz que: “perguntas
fechadas são aquelas que indicam três ou quatro opções de respostas ou se limitam
às respostas afirmativas ou negativas e já trazem espaços destinados da escolha”.
(p.131).


      Desse modo utilizamos um instrumento para traçar o perfil sócio-econômico
dos sujeitos participantes da pesquisa e caracterizá-los de uma maneira mais segura
conhecendo as atividades do cotidiano dos mesmos e o contexto econômico e
cultural em que estão inseridos


      A linguagem utilizada no questionário fechado deve ser simples e direta para
que o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado.
30




      Os questionários são perguntas feitas na mesma ordem, tem-se uma
vantagem óbvia padronizada ou estruturada, que é usada quando se visa à
obtenção dos resultados na pesquisa. Considera-se uma das técnicas usadas nas
pesquisas sociais, permitindo o desenvolvimento das idéias, sentimentos, opiniões,
condutas e expressões sobre o que aconteceu, acontece ou poderá acontecer
futuramente.


      O questionário como sendo útil para obtenção de informação à cerca do que a
pessoa sabe,crê ou espera, sente ou deseja, pretende fazer, faz ou fez, bem como o
respeito de suas explicações ou razões para qualquer das coisas precendendes.
(Saltez 1997).


      Marconi e Lakatos (1996, p.88) Ainda definem o questionário como um
instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenadas de perguntas
que devem ser respondidas por inscrito e sem a presença de entrevistados.
Portanto, o questionário nos fornece as informações necessárias para o
esclarecimento das questões apresentadas no tema abordado.



      3.4.2 Entrevista Semi-estruturada: Num segundo momento foi aplicada a
entrevista, um instrumento importante, pois através dela é possível a obtenção de
informações dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Tanto que Ludke e André (1986)
elegem a entrevista como estando em grande vantagem sobre as outras técnicas,
pois a mesma permite a captação imediata e corrente da informação desejada,
praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos.


      Sobre sua importância Ludke e André ainda ressaltam que a entrevista
representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados afirmando;


                    Ela desempenha um importante papel nas atividades científicas, como em
                    muitas outras atividades humanas. Na entrevista a relação que se cria é de
                    interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem
                    pergunta e quem responde. (Ludke e André, p.33).
31



      A entrevista também pode ser considerada como prática discursiva, de forma
a entendê-la como ação, interação situada e contextualizada por meio da qual se
produzem os sentidos e se constroem versões da realidade (Ludke e André, 1986
p.34). Buscando ainda subsídios em Triviños (1987 p.134), ele afirma que a
entrevista pode ser definida como um processo de interação social entre duas
pessoas, na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de
informações por parte do outro, o entrevistado.


      A possibilidade dos sujeitos se expressarem oralmente nos permite
aprofundar, questionar e recolher uma diversidade de informações, pois segundo
Minayo (1994 p.57) “a entrevista não significa uma conversa despretensiosa e
neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos
autores, enquanto sujeito/objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada
realidade que está sendo focalizada”.


      Procurou-se estabelecer um clima de estímulo e aceitação para com os
entrevistados, dando-lhes oportunidades de discorrer sobre o tema com base nas
informações por eles obtidas. Organizando um roteiro onde foram evidenciados
tópicos principais para com nosso assunto em questão.


      Vale destacar a importância desse modelo de entrevista por ser muito
eficiente e por proporcionar uma reflexão ampla mediante a fala dos entrevistados
segundo o objetivo que o pesquisador deseja alcançar.




                                  CAPÍTULO IV
32



           DISCUSSÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS


      Neste capítulo, apresentaremos os dados coletados e os respectivos
resultados alcançados através dos conhecimentos de coleta de dados, norteados
pelo objetivo e pelo quadro teórico presentes na nossa problemática.


      A partir desse contexto podemos obter informações reveladoras para a
pesquisa, procurando refletir e considerar aspectos importantes que dizem respeito
aos nossos questionamentos e objetivos de pesquisa e a realidade a qual os sujeitos
estão inseridos.



4.1 – O PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA


           Através da entrevista semi-estruturada e questionário fechado, foram
levantadas informações que puderam traçar o perfil de cada membro envolvido na
pesquisa. Na seqüência apresentaremos o perfil dos sujeitos onde serão designados
no decorrer da análise.



4.1.1 – Quanto ao gênero e faixa etária


      Ao analisarmos o perfil dos sujeitos, identificamos uma predominância
feminina, 73% para mulheres e 27% para homens. Existem inúmeros motivos que
explicam esta realidade, um dos mais presentes é o fato da mulher abrir mão do
estudo para formar família cedo, e retornando a escola anos depois para concluí-lo,
muitas vezes para se responsabilizar por parte ou todo orçamento familiar.


      Junto com esta responsabilidade vem uma nova concepção de educação e da
importância da mesma dentro do contexto social, já que é importante a
escolarização para uma inserção no mercado de trabalho.


      A faixa etária de alunos da EJA vai dos 17 aos 56 anos. Esse fato está
objetivamente ligado ao acesso tardio à escola, com todo o acréscimo de
33



dificuldades que o aluno da EJA possui. A distribuição das idades é: 20% entre 26 e
30 anos, 20% responderam que tem entre 21 e 25 anos, 7% estão entre 18 e 21
anos e a maioria absoluta de 53% superior a 30 anos.




4.1.2 – Idade de ingresso na escola noturna


      Em relação à idade de entrada na escola noturna, 20% entre 18 e 20 anos,
outros 13% dos 21 aos 25 anos, e 67% com mais de 30 anos.


      Estes dados caracterizam e reforçam uma situação que tem raízes na divisão
de classes, no qual o aluno privilegiado pela sua classe social tem todas as
condições favoráveis de se dedicar exclusivamente à escola, concluindo seus
estudos dentro da faixa etária de 16 a 18 anos, considerando ideal pela escola e
pelos órgãos governamentais responsáveis pelo ensino.




4.1.3 – Idade de ingresso no mercado de trabalho


      Na pergunta com qual idade iniciaram no mercado de trabalho, 13%
responderam que começaram a trabalhar com menos de 10 anos, outros 60%
responderam com idade entre 11 aos 14 anos, 20% entre os 15 aos 17 anos e 7%
dos alunos restantes, acima dos 17 anos. Esta realidade demonstra que o trabalho
ocupa um lugar fundamental na vida do aluno e isso prejudica o processo de
escolarização.




4.1.4 – Renda familiar


      No quesito renda familiar, 13% ganham até três salários mínimos, 27%
ganham até dois salários mínimos e a maioria absoluta de 60% ganham um salário
mínimo, sendo demonstrado aqui o baixo nível de renda dos alunos do ensino
noturno.
34



4.1.5 – Situação enquanto trabalhador, funcional e carga horária de trabalho
     durante o final de semana.


      Com relação à situação do trabalhador, 67% responderam que possuem
trabalho próprio ou da família e 33% responderam que são empregados.


      Os alunos da EJA em sua maioria são responsáveis pela família já
constituída. Isso explica a necessidade de trabalhar e procurar a escola para
melhorar a qualidade deste trabalho.


      Os adultos que não conseguiram entrar no mercado de trabalho formal
buscam através da educação a oportunidade do primeiro emprego, assim a
educação de Jovens e Adultos está para atender uma classe especifica que já
responde por si e busca na escola uma resposta imediata aos seus anseios.


      Na questão de registro de carteira profissional, somente 40% responderam
que possuem registro em carteira profissional e 60% disseram que não possuem
registro, evidenciando assim um alto índice de informalidade.


      No quesito de trabalharem no final de semana, 67% responderam que sim e
33% responderam que não, demonstrando que a maioria exerce mais atividade
durante o final de semana, que acarretar problemas no lazer e principalmente para
com os seus estudos, pois o trabalho é um meio de sobrevivência, conhecimento e
manutenção para o aluno trabalhador.




4.1.6 – Freqüência e assiduidade na escola


      Na questão sobre o atraso na chegada a escola, 73% responderam que não
chegavam atrasados, e 27% responderam que chegavam poucas vezes atrasados.


      Com relação ao item freqüência escolar 20% responderam que faltam muitas
vezes, 60% faltam poucas vezes e 20% não faltam às aulas ficando caracterizado o
interesse do aluno trabalhador para com a escola.
35




      Esse fato é bastante expressivo, pois podemos notar que o aluno da EJA,
compreende a importância da sua presença em sala de aula, ele sente que o espaço
de tempo utilizado para aulas é precioso, e deve ser utilizado da melhor maneira. É
o aluno que quer tirar o melhor proveito da educação.




4.1.7 – Motivo de faltar às aulas



      Quando foram perguntados aos alunos os motivos de faltarem às aulas,
obtivemos: 33% por motivo de saúde, e 13% por compromisso social, e 53% por
compromisso de trabalho.


      Portanto tal situação é incompatível com a realidade do aluno trabalhador,
que por sua condição sócio-econômica, necessita trabalhar para sobreviver, e a
escola para a maioria desses alunos, tem uma importância secundária, pois os
mesmos não têm tempo para estudar, além disso, a escola pública que ele freqüenta
muitas vezes não dispõe de infra-estrutura que lhe proporcione um estudo de
qualidade, e que o torne apto a competir no mercado de trabalho.



4.1.8 – Reprovação


      Na pergunta se já tinha sido reprovado em algum ano letivo, 60%
responderam que sim, e 40% responderam que não, caracterizando o baixo índice
de aproveitamento desses alunos trabalhadores do ensino noturno, e isso
consequentemente, eleva o índice de evasão detectado no sistema escolar pela
dificuldade de conciliar estudo e trabalho.


      Por sua vez a escola, não deve ser pensada como se estivesse autônoma e
independente da realidade histórica – social da qual é parte. Deve-se, portanto
dentro dessa realidade, levar em consideração o sistema social no qual se encontra
inserido o aluno que dela participa.
36



4.2 CONHECENDO AS EXPECTATIVAS DO ALUNO TRABALHADOR
    QUANTO A ESCOLA


      Apresentam-se a seguir os resultados alcançados a partir da interpretação
dos dados coletados. Agrupamos em quatro categorias que são: Relação escola X
vida pessoal e profissional, Escola e ascensão Profissional, A Escola como espaço
difícil de ser freqüentado. A Escola como ambiente de formação e informação.




: 4.2.1 Relação escola X Vida pessoal e profissional


      Pensar na importância que o aluno-trabalhador tem sobre a escola é estar
atento ao que ele busca nela. Conforme as respostas dos mesmos, constatamos
que eles buscam através da escola um “caminho” viável para uma vida melhor.


      “A escola é muito importante porque é um lugar que a gente aprende a ser
educado” (Aluno 1).


      “É importante porque através dela adquirimos o conhecimento e esse é muito
importante para nós cidadãos”. (Aluno 7).


      “Melhorar de vida e ter uma educação melhor para, ingressarmos no mercado
de trabalho” (Aluno 15).


      Sacristan e Gomez (2000) nos advertem que:


                      A escola deve prover os indivíduos de conhecimento, idéias, habilidades e
                      capacidades formais, mas também de disposições, atitudes e interesses,
                      além disso, deve priorizar a socialização dos alunos, preparando-os para se
                      incorporar no mundo do trabalho e na vida pública (p.36).



      Diante das respostas dos alunos nota-se que a escola é importante para a
busca do conhecimento, através dela o indivíduo se emancipa, ao promover
37



mudanças no seu interior e na sociedade em que vive contribuindo para a
transformação social e se capacitando para o mercado de trabalho.




4.2.2 Escola e ascensão profissional


      Nesta categoria os alunos trabalhadores apontaram os motivos que os
levaram a freqüentar a escola mesmo estando inseridos no mercado de trabalho.


      “A competitividade do mercado de trabalho” (Aluno 6).


      “Para alcançar um futuro melhor’’; (Aluno 8).


      “Para ser um profissional habilitado e bem informado”; (Aluno 10).


      Percebe-se que a opção pelos estudos emerge da necessidade do próprio
trabalho, tendo em visto que as mudanças do mundo globalizado exigem um
preparo constante dos indivíduos para garantir a sua condição de cidadania.


      Os avanços tecnológicos ao tempo em que propiciam a melhoria da qualidade
dos serviços e produtos exigem dos trabalhadores uma formação capaz de permitir-
lhes usá-los de forma racional, pois como afirma Oliveira (2001).


                     “Deve-se, finalmente, lidar com os recursos tecnológicos da sociedade do
                     conhecimento de forma critica, o que envolve o entendimento de que: a)
                     esses recursos estão escritos nas relações capitalistas de produção, num
                     contexto de redefinição da teoria do capital humano, que é
                     reconceitualizado, nas novas organizações, como capital intelectual; b)
                     esses recursos articulam-se com questões atuais de desempregos
                     estrutural e subemprego; c) no entanto, o conhecimento e o
                     desenvolvimento tecnológico são forças matérias também na concretização
                     de valores que se relacionam com os interesses dos excluídos,
                     contradizendo os valores próprios da acumulação capitalista; d) em todo o
                     contexto discutido, a educação assume o papel crucial na socialização do
                     construção do conhecimento e da cultura podendo ultrapassar o caráter
                     instrumental do conhecimento, tendo em vista a formação de cidadãos
                     comprometidos com: a democracia, a igualdade e a inclusão social; a
                     tolerância e o diálogo intercultural (p. 107).
38



      Os alunos trabalhadores buscam na escola um meio para o trabalho, visando
uma melhoria salarial, tornando-se um profissional habilitado para futuramente
atender as exigências do mercado devido à era informatizada e aos avanços
tecnológicos.



4.2.3 A escola como espaço difícil de ser freqüentado


      A questão da freqüência à escola é um problema enfrentado pelos alunos
trabalhadores que tentam conciliar escola e trabalho.


      O que quer dizer que existe interferência do horário do trabalho com o da
escola, apontado pelos alunos trabalhadores.


      Os alunos-trabalhadores afirmam:


      “Sim, tenho pouco tempo para estudar, sempre chego atrasado, o meu
trabalho é muito exaustivo. Sou gari ’. (Aluno 2).


      “Só não chego atrasada quando saio cedo do trabalho, sou doméstica” (Aluno

3).

      “Chego atrasado todos os dias, trabalho e moro na zona rural”. (Aluno 11).


      De acordo com Gadotti (1997):


                      O trabalhador torna-se, ele próprio, uma mercadoria cujo valor depende
                      apenas da magnitude do dinheiro - medida de valores pela qual ele é
                      trocado. Essa magnitude é definida pela quantidade de trabalho socialmente
                      necessário para reproduzi-lo (p.50).


      Percebe-se que o aluno-trabalhador não tem tempo disponível para crescer
intelectualmente, tornando-se refém do sistema que lhe mantém preso devido à
necessidade de manter o emprego e garantir a sua sobrevivência. Prova disso é o
trabalho por turnos que não são fixos, ou seja, trabalha-se pela manhã, na semana
39



seguinte este mesmo trabalhador cumpre sua carga horária à tarde, na semana
seguinte tem que trabalhar à noite. Desta forma é difícil conciliar trabalho e estudo.




4.2.4 – A escola como ambiente de formação e informação


       Nessa categoria os alunos trabalhadores apontaram diferentes aspectos de
como são adquiridos; e para que servem os conhecimentos obtidos na escola.
       .
       Eis abaixo algumas falas, de alguns alunos:


       “Os conhecimentos adquiridos na escola são importantes porque nos fazem
crescer pessoalmente e profissionalmente”. (Aluno 2).


       “Para desenvolver o meu desempenho no meu trabalho e na minha vida
profissional”. (Aluno 4).


       “Para estar informado com o mundo globalizado, e nos tornarmos cultos em
conhecimentos gerais”. (Aluno 9).


       Ao analisarmos as respostas dos alunos trabalhadores, notamos que o
aprendizado escolar é uma das principais características para a atualização de seus
conhecimentos, onde os mesmos poderão enfrentar um mundo globalizado. Como
nos fala Gadotti (1991):


                      (...) Através e na educação, os homens de uma época, de uma sociedade
                      historicamente situada, se exprimem em relação àquilo que convém ser,
                      que convém fazer e agem em conseqüência nela, é toda uma sociedade
                      que se encontra empenhada, implicada. Na medida em que hoje em dia, a
                      nossa sociedade está em crise, se interroga e hesita, a educação torna-se
                      por sua vez, um lugar posto em questão, um lugar de tensão e de debate.
                      Nesse sentido, ela se constitui num espaço político-pedagógico e de
                      liberdade, portanto, onde os homens preocupados em se situar podem lutar
                      por uma existência mais autêntica e uma sociedade mais justa (...) (p.21).



       É necessário, porém que se lance um novo olhar sobre esses alunos-
trabalhadores que buscam na escola a melhoria da sua formação. È importante que
40



haja uma preparação desse aluno, tanto para o trabalho quanto para o exercício da
cidadania, trabalhando valores, crenças e idéias de soberania, visando à formação
de sujeitos autônomos.


      Diante de todas as respostas, observamos desta forma que todos aqueles
que procuram a escola têm pretensões e percebe-se que esta escola tem como
função garantir o acesso ao conjunto de informações, desarticulando a diversidade
real dos alunos-trabalhadores que buscam na escola suporte para a inclusão no
mundo do trabalho.
41



                          CONSIDERAÇÕES FINAIS



      Este trabalho possibilitou um estudo acerca de uma temática que tem sua
origem na complexa conjuntura sociopolítica e cultural, historicamente implantada
em nosso país, marcada por profundas desigualdades sociais herdadas desde o
regime colonial e imperial brasileiro e que ainda, lamentavelmente, persiste em
nossa sociedade contemporânea e globalizada que, a cada dia, diante das novas
tecnologias se torna mais evoluída sob esse aspecto, contudo, acentua-se a
incerteza de uma sociedade mais humana, menos violenta e igualitária.


      Considerando      aqui   os   aspectos   abordados     procuramos    definir   o
questionamento levantado na problemática, respaldado nos teóricos, pois através
deste estudo buscamos compreender a importância da escola para os alunos
trabalhadores, que buscam através da mesma realização pessoal e também
profissional, percebendo assim as oportunidades para o acesso ou a permanência
no mercado de trabalho.


      Não temos a pretensão de apontar a solução definitiva, até porque nenhuma
pesquisa educacional se esgota em si mesma, mas contribui através dos dados e
sua interpretação para uma reflexão.


      Todo o processo de construção deste trabalho envolveu diversas leituras,
tendo como base teóricos tais como: Arroyo, Freire, Gadotti, Soares, Fávero e
outros, dos quais este trabalho faz várias referências, foi de fundamental importância
para aprimorar e fundamentar o nosso trabalho.


      A escola muitas vezes não atende as expectativas em termo de
profissionalização para o ingresso no mercado. Em termos de conhecimentos, os
alunos ainda reconhecem a importância da escola para a ampliação de sua
formação intelectual.
42



          Portanto, focamos a importância de uma abordagem sobre a EJA, ou seja, na
perspectiva do aluno trabalhador, tendo como reflexão: porque retornam a escola
depois de alguns anos? Quais as suas expectativas em relação à mesma? Sendo
que a maioria dos nossos entrevistados apresenta os mesmos argumentos.
Constatando-se:


          1- Retorno à escola para a busca de conhecimento;
          2- Realização profissional;
          3- Ascensão dentro do mercado de trabalho.


          Também pudemos constatar algumas dificuldades:


          1- Conciliar o horário de trabalho com o da escola;
          2- Cansaço físico;
          3- Deslocamento de casa para a escola.


          Acreditamos que esta pesquisa é relevante, pois contribui para uma melhor
compreensão da realidade de EJA, mas, sobretudo, proporcionar caminhos ou
alternativas e, principalmente, aguçar os olhares sobre as práticas e políticas
públicas dirigidas a essa modalidade de ensino bem como se ofereça o mínimo de
qualidade ao público alvo em sua maioria, trabalhadores.


          As divergências existirão, pois fazem parte do processo, porém exige de
todos a disposição de discutir publicamente a importância do aluno trabalhador com
relação a escola comprometida com a luta pelo reconhecimento e valorização,
,refletindo sobre os resultados obtidos onde evidenciamos as dificuldades e
facilidades que os alunos trabalhadores pesquisados demonstraram da realidade
vivida.


          É urgente que construamos um arcabouço teórico-metodológico, isto é, um
saber técnico-profissional que resulte numa didática para o mundo do adulto.


          Constatou-se que todas as lutas e anseios de uma população perpassam o
contexto escolar, indo além dele, exigindo que a escola, entidade responsável pela
43



sistematização do conhecimento, possa trabalhar para proporcionar a homens e
mulheres condições de melhor interagir e participar nas transformações tão
necessárias, pois, à volta e a permanência dos jovens e adultos à escola é, segundo
Paulo Freire, muito mais do que um ato político ou um ato de conhecimento:
constitui-se num fundador que provoca uma reflexão constante a respeito do seu
papel social, enquanto indivíduo inserido em um contexto social e criador desse
contexto.


      Portanto a Educação de Jovens e Adultos deve possibilitar a todos, a
construção de uma nova história em igualdade de condições, de participação e não
simplesmente estar inserido nela.
44



                                   REFERÊNCIAS


ALVES, Magda. Como escrever teses e monografia (um roteiro passo a passo)
5ª reimpressão: Rio de janeiro: Elsevier, 2003.


ANDRADE, Eliana Ribeiro. Os jovens da EJA e a EJA dos jovens. In: OLIVEIRA,
Inês Barbosa de; PAIVA, Jane (Orgs.) Educação de Jovens e Adultos. Rio de
Janeiro: DP&A, 2004.


ARANHA, Antônia Vitória S. Relação entre o conhecimento escolar e o
conhecimento produzido no trabalho: dilemas da educação do adulto trabalhador.
In: Trabalho & Educação. Belo Horizonte: NETE/FaE/UFMG, n. 12, jan/jun, 2003.


ARROYO, Miguel. Da escola carente à escola Possível.5 edição. São Paulo
loyola, 2001.


BARALDI , A inserção do jovem no mercado de trabalho. São Paulo, Cortez,
1998.


BOGDAN, R. e BIKLEN. S K Qualitative Research for educationa. Boston, Aellyn
and Bacon, inc; 1982.


BRASIL, Lei de Diretrizes e Base da Educação nº 5692 de 11.08.71, capítulo IV.
Ensino Supletivo. Legislação do Ensino Supletivo, MEC, DFU, Departamento de
Documentação e Divulgação, Brasília, 1974.


BRASIL, Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Repubica Federativa do Brasil, Poder Legislastivo, Brasilia,
DF, 21 de dez. 1996.


CARVALHO, Célia Pezzolo. Ensino noturno: realidade ilusão. Coleção
polêmicas do Nosso Tempo, n. 12, São Paulo: Cortez Edit. 2000.


CUNHA, Conceição Maria da. Introdução – discutindo conceitos básicos. In:
SEED-MEC Salto para o futuro – Educação de jovens e adultos. Brasília, 1999.


DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. São Paulo: Ed. Cortez, 2003.
45




FÁVERO, Osmar. Lições da história: os avanços de sessenta anos e a relação
Com as políticas de negação de direitos que alimentam as condições do
analfabetismo no Brasil. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa de; PAIVA, Jane (Orgs.)
Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.


FREIRE, Paulo. Ação Cultural como Prática para Principiantes.3 edição. São
Paulo: Summus,1980.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro; Paz e Terra, 1987.



FREIRE,Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil. São Paulo. Editora Cortez
1989.


GADOTTI, Moacir: Concepção Dialética da Educação; um estudo introdutório. 1
ed.São Paulo ,Cortez,1997


GADOTTI,Moacir: Educaão e Poder : Introdução á Pedagogia do conflito.10 ed.
São Paulo.Cortez,Aurores associados ,1991


GIOVAZZO, Renata A. Fundamentos e reflexões focus group em pesquisa
qualitativa. Vol. 2- n4, 2001-Fecap.


HADDAD, Sérgio. Tendências atuais na Educação de jovens e adultos. Revista
Em tempo. Vol. 11, Nº. 56. Brasília: 2001.



HERNANDEZ, Fernando: Transgressão e mudança na educação: Os projetos de
trabalho trad. Jussara: Haubert Rodrigues. Porto Alegre. Artmed,1998,


LAKATOS,EVA.MARIA, Técnicas de pesquisa. Eva Maria Lakatos, Marina de
Andrade Marconi,2 ed. São Paulo: Atlas,1996.


LUDKE, Menga; ANDRÉ Marli E.D.A. A pesquisa em educação. Abordagens
qualitativas, São Paulo: EPU, 1986.
46



MICHALISZYN , Mario Sérgio e TOMASINI Ricardo. Pesquisa: Orientações e
normas para elaboração de projetos, monografias e artigos científicos. –
Petropólis, RJ: Vozes, 2005.


MINAYO, M.C.de S. (Org). Pesquisa social. Teoria, métodos e criatividade.
Petrópolis, vozes, 1994.


OLIVEIRA,Maria Rita Neto Sales. Do mito da tecnologia ao paradigma
tecnológico: a mediação tecnológica nas práticas didático-pedagógica .2001.


RIBEIRO, Vera M. Masagão. Alfabetismo e atitudes: pesquisa juntos a jovens e
adultos. São Paulo, Campinas: Ação Educativa, Papirus, 1998.


ROCCO,G.M.J. Educação de Adultos: Uma contribuição para seu estudo no
Brasil, São Paulo :Ed. Loyola,1979.


ROMMANELI, O.O. História da educação no Brasil. 17 ed. Petropólis-RJ:
Vozes,1992.


SALTEZ, H, K. Métodos em pesquisa social, RJ, , Cia, Editora Nacional 1997.


SACRISTÁN. J.G & GOMÉZ, A.I.P. As funções sociais da escola: da reprodução
a reconstrução, criticado conhecimento e da experiência.Compreender e
transformar o ensino. Porto Alegre, Artmed,2000.


SOARES, Leôncio José Gomes. A educação de jovens e adultos: momentos
históricos e desafios atuais. Revista Presença Pedagógica, v.2, nº11, Dimensão,
set/out 1996.



___________________. Diretrizes Curriculares Nacionais: Educação de Jovens
e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.


TRIVIÑOS:Augusto Nibaldo Silva: Introdução à pesquisa em Ciências sociais
para a pesquisa qualitativa e educação, São Paulo, /atlas,1987.
47




APÊNDICES



  Universidade do Estado da Bahia – UNEB
48



             Pró-Reitoria de ensino em graduação – PROGRAD
              Departamento de Educação – DEDE Campus VII




Caro aluno:

Agradecemos a sua colaboração e manteremos sigilo quanto à autoria das
respostas.




                     APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO FECHADO

01 – Sexo:

( ) masculino             ( )Feminino

02 - Idade

( )Menos de quinze anos

( )de 15 a 17 anos

( )de 18 a 20 anos

( )de 21 a 25 anos

( )mais de trinta anos

03 – Quando entrou na escola noturna?

( )Menos de quinze anos de idade

( )de 15 a 17 anos de idade(

( )de 18 a 20 anos de idade

( )mais de 20 anos de idade
49



04 – Quando começou a trabalhar?

( )com menos de 10 anos

( )com idade entre 11 e 14 anos

( )com idade entre15 e 17 anos

( )com idade superior a 17 anos

05 – Renda familiar:

( ) até um salário mínimo

( ) até dois salários mínimos

( ) até três salários mínimos

( ) mais de três salários mínimos

06 – Situação enquanto trabalhador (a):

( ) empregado

( )trabalho próprio ou da família

07 – Tem registro em carteira profissional?

( )sim                      ( )não

08 – Trabalha no fim de semana?

( ) sim                     ( ) não

09 – Chega atrasado (a) à escola?

( )não chego atrasado(a)

( ) poucas vezes chego atrasado (a)


( ) muitas vezes chego atrasado (a)
50




( ) chego atrasado (a) todos os dias

10 – Freqüência escolar:

( ) não falto as aulas

( ) poucas vezes falto as aulas

( ) falto muito as aulas

11 – Quando falta as aulas ( se falta ), qual o principal motivo de tal falta?

( ) por motivo de saúde, por estar doente

( )por compromisso social

( ) por compromisso de trabalho

( ) porque não estou com os trabalhos prontos para entregar


12 – Já foi reprovado em algum ano letivo?

( ) sim                  ( ) não
51



              Universidade do Estado da Bahia – UNEB
              Pró-Reitoria de ensino em graduação – PROGRAD
              Departamento de Educação – DEDE Campus VII




Caro aluno:



Agradecemos a sua colaboração e manteremos sigilo quanto à autoria das
respostas.



               APÊNDICE B - ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA



   1. Qual a importância da escola para você?


   2. O que levou você a estudar?


   3. A sua jornada de trabalho interfere no seu estudo? De que forma?


   4. Para que serve os conhecimentos adquiridos na escola?

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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PAULO ROGÉRIO BARBOSA OLIVEIRA RELAÇÃO ESCOLA x TRABALHO: O que espera o aluno da EJA
  • 2. 2 Senhor do Bonfim 2011 PAULO ROGÉRIO BARBOSA OLIVEIRA RELAÇÃO ESCOLA x TRABALHO: O que espera o aluno da EJA Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura em Pedagogia, Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos, pelo Departamento de Educação – Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia. Orientadora: Profª. Beatriz de Souza Barros.
  • 4. 4 PAULO ROGÉRIO BARBOSA OLIVEIRA RELAÇÃO ESCOLA x TRABALHO: O que espera o aluno da EJA Aprovada em _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA _______________________ _________________________ Prof. (a) Avaliador (a) Prof. (a) Avaliador (a) ____________________________________ Prof. (a) Orientador (a)
  • 5. 5 Dedico este trabalho a todos da minha família.
  • 6. 6 AGRADECIMENTOS A Deus, pela força que motiva o meu caminhar; Aos meus familiares, pelo apoio constante; Aos professores, aos colegas; Ao meu amigo José Augusto pelo suporte dado durante o decorrer deste trabalho; A orientadora Beatriz de Souza Barros que colaborou muito para com a realização deste trabalho; Aos companheiros da turma, principalmente Jaine Moura e Rita Raimunda que tanto me ajudaram nos momentos de desânimo; A todos os professores, funcionários e colegas da Universidade do Estado da Bahia – UNEB Campus VII, Senhor do Bonfim-BA.
  • 7. 7 “Há possibilidades para diferentes amanhãs. A luta não se reduz a retardar o que virá ou a assegurar a sua chegada; é preciso reinventar o mundo.” Paulo Freire
  • 8. 8 RESUMO Este estudo sintetiza os principais resultados de uma pesquisa realizada no Colégio Estadual Teixeira de Freitas em 2010, e tem por objetivo identificar quais as expectativas que os alunos trabalhadores da EJA tem em relação à escola, se atende às suas necessidades e se contribui significativamente para uma melhoria na qualidade de vida desses alunos. Para a realização deste trabalho utilizamos alguns conceitos – chave que nortearam esta pesquisa: Educação de jovens e adultos, Aluno-trabalhador e Escola. Os dados foram recolhidos de uma amostra representativa com 15 alunos da EJA, compreendidos entre 17 e 56 anos de idade. A metodologia foi desenvolvida numa abordagem qualitativa, seguida de entrevista semi-estruturada e um questionário fechado, que permitiu fazer um levantamento do diagnóstico do perfil da amostra coletada. Esta pesquisa serve como sinalizador e estímulo para que educadores e governo reflitam sobre estas questões, no sentido de rever a concretização dos seus objetivos educacionais e rever o papel da escola, direcionando-os para o efetivo atendimento a esses alunos que em sua maioria são trabalhadores. Palavras Chaves: Educação de Jovens e Adultos, Aluno-trabalhador e Escola.
  • 9. 9 LISTA DE ABREVIATURAS EJA – Educação de Jovens e Adultos. LDB – Lei de Diretrizes e Bases. PNE – Plano Nacional de Educação. MEC – Ministério da Educação e Cultura. ONU – Organização das Nações Unidas. MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização. PNLD – Programa Nacional do Livro Didático. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
  • 10. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------11 CAPÍTULO I --------------------------------------------------------------------------------------13 PROBLEMÁTICA ----------------------------------------------------------------------------------- 13 CAPÍTULO II ------------------------------------------------------------------------------------ 17 FUNDAMENTAÇAÕ TEÓRICA ----------------------------------------------------------------- 17 2.1 EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS- ---------------------------------- 17 2.2 ALUNO TRABALHADOR -------------------------------------------------------------- 21 2.3 ESCOLA------------------------------------------------------------------------------------- 24 CAPÍTULO III ----------------------------------------------------------------------------------- 26 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ----------------------------------------------------- 26 3.1 TIPO DE PESQUISA---------------------------------------------------------------------- 26 3.2 LOCUS DA PESQUISA ----------------------------------------------------------------- 27 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA ----------------------------------------------------------- 28 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS---------------------------------------- 28 3.4.1 Questionário Fechado ------------------------------------------------------------------28 3.4.2. Entrevista Semi-estruturada -------------------------------------------------------- 29 CAPÍTULO IV ----------------------------------------------------------------------------------- 31 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ------------------------------------------- 31
  • 11. 11 4.1 O PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA------------------------------------------31 4.1.1Quanto ao gênero e faixa etária------------------------------------------------------- 31 4.1.2 Idade de ingresso na escola noturna--------------------------------------------------32 4.1.3 Idade de ingresso no mercado de trabalho------------------------------------------32 4.1.4 Renda familiar-------------------------------------------------------------------------------32 4.1.5 Situação enquanto trabalhador, funcional e carga horária de trabalho durante o final de semana---------------------------------------------------------------33 4.1.6 Freqüência e assiduidade na escola -------------------------------------------------33 4.1.7 Motivo de faltar às aulas------------------------------------------------------------------34 4.1.8 Reprovação-------------------------------------------------------------------------------- 34 4.2 CONHECENDO AS EXPECTATIVAS DO ALUNO TRABALHADOR QUANTO A ESCOLA------------------------------------------------------------------------------------------35 4.2.1 Relação escola X Vida pessoal e profissional --------------------------------------35 4.2.2 Escola e ascensão profissional---------------------------------------------------------36 4.2.3 A escola como espaço difícil de ser freqüentado-----------------------------------37 4.2.4 A escola como ambiente de formação e informação-----------------------------38 CONFIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------- 40 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 43 APÊNDICES -------------------------------------------------------------------------------------------46 INTRODUÇÃO
  • 12. 12 Este trabalho monográfico intitula-se Relação Escola X Trabalho: O que espera o aluno da EJA (estudo de caso), derivado de um projeto de pesquisa que teve como sujeitos os Alunos Trabalhadores do Ensino Noturno do Colégio Estadual Teixeira de Freitas. Foram escolhidos 15 alunos da EJA - Educação de Jovens e Adultos, de forma aleatória compreendidos com faixa etária entre 17 e 56 anos durante o ano letivo de 2010. O objetivo da pesquisa foi identificar Quais as expectativas que os alunos trabalhadores da EJA têm em relação à escola, se atende as suas necessidades e se contribui significativamente para uma melhoria na qualidade de vida desse aluno. Atualmente a educação escolar está sendo bastante discutida, tanto no próprio meio educativo, quanto no meio social, afinal está na educação uma das maneiras mais viáveis de “desconstrução” de uma sociedade marcada pela busca do poder e dominação para a “construção” de uma sociedade mais justa. Diante da crescente demanda que a educação de jovens e adultos no período noturno vem apresentando e das necessidades de alternativas para que o mesmo se desenvolva mais eficazmente, esta pesquisa visa colaborar no sentido de refletir sobre a problemática do aluno-trabalhador da Educação de Jovens e Adultos no período noturno, bem como das constantes preocupações acerca do ingresso e permanência deste no atual mercado de trabalho. Depois de considerar essas reflexões, o nosso trabalho monográfico é organizado da seguinte maneira: No primeiro capítulo será abordada a problemática que é aprofundar o estudo da situação real do aluno – trabalhador na escola pública de educação de jovens e adultos, procurando, contribuir para uma melhor compreensão dessa modalidade no contexto da relação trabalho e educação.
  • 13. 13 No segundo capítulo, apresentamos as palavras-chaves da nossa pesquisa: Educação de jovens e adultos, aluno-trabalhador e escola. Analisamos os diversos aspectos a serem abordados nesta reflexão dentro da ótica de teóricos, para melhor embasar a nossa pesquisa. O terceiro capítulo trata dos procedimentos metodológicos, mostrando os caminhos trilhados para o desenvolvimento da pesquisa. Na busca de uma profundidade maior na análise do problema levantado por este estudo, lançou – se mão da investigação, através de questionário e entrevista direcionados à alunos da escola pública da Educação de Jovens e Adultos buscando – se verificar como os aspectos evidenciados neste trabalho, estão sendo concretizados no dia - a - dia. O quarto capítulo apresenta reflexões e dados a cerca da realidade do ensino noturno na Educação de Jovens e Adultos, buscando discutir a idéia dentro e fora da escola, inclusive, percebendo o papel que esta tem na sociedade, pois não se compreende um processo de construção da verdadeira cidadania, sem o correspondente desenvolvimento cultural, educacional, político, econômico e social. Partindo dos resultados alcançados elaboramos as considerações finais deste trabalho, apresentando reflexões dos resultados obtidos. A partir desta abordagem evidenciamos de maneira mais concreta as dificuldades e facilidades que os alunos trabalhadores pesquisados demonstram com as significações e percepções da realidade vivida na escola e no trabalho.
  • 14. 14 CAPÍTULO I PROBLEMÁTICA A Educação é um processo que está vinculado a uma concepção de conhecimentos, de saber e de cultura. É papel da educação, em especial a educação de adultos, oferecer aos educandos uma escola produtiva, contextualizada, competente e crítica, que dê aos indivíduos as possibilidades de transformação da realidade em que estão inseridos; uma escola que realmente atenda as necessidades dos alunos. Falar em educação no Brasil implica em falar sobre a qualidade de ensino escolar que está sendo desenvolvido neste espaço formal de educação, bem como nas modalidades de ensino oferecidas aos alunos que buscam uma educação específica para suas necessidades. Uma dessas modalidades é a educação de jovens e adultos que garante o acesso a escola aos que a ela não tiveram na idade própria. A EJA emerge, pois , como uma opção para o problema do analfabetismo e do baixo nível de escolarização dos adultos. Neste contexto, buscamos no histórico as soluções apontadas para o problema do aluno adulto carente de escolaridade, pressupondo que este olhar para o passado possa servir de elemento básico para a compreensão das medidas atuais, nos indicando que nos aspectos pedagógicos precisamos entender a fundo a expressão “Educação de Adultos”. Segundo Rocco (1979) a educação de adultos é: Um processo de transformação, voltado para indivíduos de 15 anos ou mais. Esta idade é o marco de referencia na separação entre a chamada “idade infantil” da “idade adulta”. Tanto é assim que – seja no plano nacional, estabelecido pela legislação federal do ensino seja no internacional, via recomendações da UNESCO – é precisamente este o momento cronológico tomado como base para a verificação do cumprimento ou não da escolaridade mínima. (ROCCO;1979, P.9).
  • 15. 15 Um dos objetivos da educação de adultos (LDB, 1996) é capacitar os sujeitos e prepará-los para serem inseridos no contexto da sociedade, e aprimorar as condições de vida. Esta aprendizagem através da escolarização, também conduz e prepara esses indivíduos para o exercício de uma atividade profissional, provocando uma mudança sócio-cultural e econômica em sua vida. Para atender aos objetivos que a educação de adultos se propõe segundo o Plano Nacional de Educação (iniciação no ensino de ler, escrever e contar) a escola necessita estar devidamente preparada em sua estrutura pedagógica, uma vez que a educação de adultos é complexa em sua essência, pois atende uma parcela da população que exige cuidados especiais na hora de aprender. Um dos objetivos segundo o PNE é a elaboração global do nível de escolaridade da população bem como a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e a permanência com sucesso na educação pública Esta complexidade abrange tanto o campo pedagógico como o político-social. Justamente por isso a busca por respostas é pertinente e aumenta nossa responsabilidade e compromisso, quando queremos, de fato mudar nossa realidade enquanto profissionais. Entendemos que este processo é destinado a superar a carência escolar daqueles que não acompanharam o processo comum de escolarização e Implica também em aprimoramento ou especialização para esse adulto, uma vez que o mesmo já traz uma bagagem de conhecimentos. É importante considerar o aluno trabalhador como sujeito do processo de ensino-aprendizagem, possibilitando assim a reflexão crítica sobre a realidade, levando-o a participar de projetos de transformação da sociedade. Compete à escola, procurar condições viáveis para que o aluno-trabalhador a ela tenha acesso e permaneça com sucesso, resgatando a auto-estima e a vontade de construir conhecimento. Para se falar do aluno-trabalhador, deve-se inicialmente, falar da importância da educação e da escola em sua vida. Segundo Sacristán e Gómez (2000) educação é um processo de desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa atuar em uma sociedade pronta para a busca da aceitação dos objetivos coletivos.
  • 16. 16 Para isso, a escola deve considerar esse aluno, consciente das suas possibilidades e limitações, e capaz de compreender a realidade do mundo que o cerca. O aluno da EJA, esse adulto trabalhador, vive uma realidade diferente dos outros alunos, ele chega à escola, cansado e muitas vezes mal alimentado o que vem limitar o seu potencial, pois tem menos tempo ou quase nenhum de se preparar para as avaliações e fazer as atividades extra-classe. Geralmente ele dorme tarde, acorda cedo, alimenta-se mal, trabalha mais de oito horas por dia e já chega à escola em precárias condições físicas e intelectuais. Carvalho (2000) nos diz que: São muitas as justificativas para o aluno que freqüenta a escola à noite: falta de apoio familiar, necessidade de trabalho para contribuir para o orçamento doméstico, com uma má alimentação, desatenção por parte dos professores quando os alunos não demonstram o perfil idealizado, o aluno do ensino noturno trabalha durante todo o dia e cansado não tem um bom rendimento escolar ou não tem tempo de estudar e acaba abandonando por sua vez a escola. (CARVALHO, 2000; p. 14). Frente a tantos problemas é um aluno que merece atenção especial por parte da escola e dos educadores, ressaltando que a mesma tem o dever de discutir o sentido que o aluno-trabalhador vê na educação, pois os mesmos buscam na escola além da realização pessoal, a realização profissional, percebendo assim as oportunidades para o acesso ou a permanência no mercado de trabalho. A contribuição de Freire (1980) para a educação de jovens e adultos foi fundamental para trazer reflexão neste processo tão importante para formação humana, segundo ele “caminhando na direção de uma educação democrática e libertadora”, comprometida com a realidade social, econômica e cultural dos menos favorecidos, e a escola como instituição pública, deve cumprir o seu papel de promotora de desenvolvimento integral dos educandos. . Por sua vez a escola precisa conhecer ainda o contexto concreto em que os alunos estão envolvidos, a realidade que os cerca, para assim poder ajudá-los melhor, abrir e indicar caminhos e não servir como um obstáculo. O currículo precisa contemplar a realidade do aluno. É muito comum as escolas trabalharem com EJA
  • 17. 17 através de currículos utilizados no ensino considerado regular. De acordo com Hernandez (1998): É possível organizar um currículo escolar não por disciplinas e sim por temas, nos quais os estudantes se sintam envolvidos, aprendam a pesquisar (propor perguntas problemática), procurar fontes de informação que ofereçam possíveis respostas, selecioná-las, ordená-las, interpretá-las e tornar público o processo seguido. (HERNANDEZ, 1998; p. 42). A idéia de base comum do currículo está presente no artigo 38 da LDB, sugerindo a educação de jovens e adultos como reparadora. Nesse artigo atribui a Educação de Jovens e Adultos a função de restaurar o direito de todos à educação escolar de qualidade, possibilitando a todos, sem discriminação, acesso a um bem real, social e simbolicamente importante. A reparação é a oportunidade concreta de jovens e adultos estarem na escola e uma alternativa viável em função das especificidades socioculturais desses segmentos para os quais se espera que a EJA necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio, a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos. Diante dos diversos aspectos apresentados acima, torna-se importante discutir sobre a postura do aluno da EJA, em relação à escola e a responsabilidade da escola frente aos desafios de inseri-los no mundo globalizado. Assim surgiu a seguinte questão da pesquisa: Qual a expectativa do aluno trabalhador com relação a escola? O estudo teve como objetivo identificar quais as expectativas que os alunos trabalhadores da EJA do Colégio Estadual Teixeira de Freitas tem em relação à escola.
  • 18. 18 CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os aportes teóricos apresentados neste capítulo para melhor embasar nossa pesquisa conforme apresentados no capítulo I, nos levaram a fazer uma reflexão em torno dos nossos conceitos-chave, que são: EJA, Aluno-trabalhador e Escola. 2.1 EJA - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A educação de jovens e adultos teve varias denominações, sendo as mais freqüentes: educação supletiva ou ensino supletivo, bem como educação compensatória ou educação suplementar. No decorrer dos anos diversos autores entram num consenso quanto ao seu objetivo, que é o de compensar uma situação de carência, suprir a falta de algo, desenvolver a construção do conhecimento que não foi adquirido na infância, promover o ensino fundamental para inserção sócio- político, sócio-econômica e educacional (MEC/SEF, 1998). Uma breve retrospectiva histórica sobre a Educação de Jovens e Adultos no Brasil tem como finalidade contextualizar o percurso sócio-histórico-evolutivo desta modalidade de ensino (EJA). Na história da educação do Brasil, a educação básica de adultos surgiu a partir da década de 30, quando finalmente começa a consolidar um sistema público de educação elementar no país. Nesse período, a sociedade brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração populacional em centros urbanos (RIBEIRO, et. al, 1998). A necessidade de mão de obra qualificada foi uma marca deste período, segundo CUNHA (1999), com o desenvolvimento industrial, no início do século XX, inicia-se um processo lento, mas crescente, de valorização da educação de adultos, a valorização da língua falada e escrita para fins de domínio das técnicas de
  • 19. 19 produção. Essa preocupação era voltada para alfabetizar somente os trabalhadores, não atingindo toda população. A Educação de Jovens e Adultos no sistema educacional brasileiro teve seu reconhecimento oficializado e legitimado na Constituição de 1934 “que pela primeira vez, em caráter nacional” considerou a educação “como direito de todos e (que ela) deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos” (art. 149) (SOARES, 2002, p. 50). Em 1947, o governo lançou a 1ª Campanha de Educação de Adultos, propondo: alfabetização dos adultos analfabetos do país em três meses, oferecimento de um curso primário em duas etapas de sete meses, a capacitação profissional e o desenvolvimento comunitário. (CUNHA, 1999). De acordo com SOARES (1996), essa 1ª Campanha foi lançada por dois motivos: o primeiro era o momento pós-guerra que vivia o mundo, que fez com que a ONU fizesse uma série de recomendações aos países, entre estas, a de um olhar específico para a educação de adultos. O segundo motivo foi o fim do Estado Novo, que trazia um processo de redemocratização, que gerava a necessidade de ampliação do contingente de eleitores no país. SOARES (1996) diz que ao final da década de 50 e início da década de 60, iniciou-se, então, uma intensa mobilização da sociedade civil em torno das reformas de base, o que contribuiu para a mudança das iniciativas públicas de educação de adultos. Em 1964 surge o MOBRAL, que visava alfabetizar os adultos principalmente na zona rural, extinto no ano de 1985. Com a redemocratização do país, surge a Fundação Educar até o ano de 1990 quando foi por sua vez também extinta. Na década de 70, ocorre, a expansão do MOBRAL, em termos territoriais e de continuidade, iniciando-se uma proposta de educação integrada, que objetivava a conclusão do antigo curso primário.
  • 20. 20 Por vários motivos a criação de instituições como o MOBRAL e a FUNDAÇÃO EDUCAR, não conseguiram estabelecer uma educação diferenciada e eficiente para Jovens e Adultos, e sua extinção não causou grandes perdas para os alunos desta modalidade de ensino, no entanto o fechamento das mesmas acabou por deixar um vazio onde antes havia uma esperança. No final da década de 50 e inicio da década de 60 surge uma nova visão sobre o problema do analfabetismo, junto à consolidação de uma nova pedagogia de alfabetização de adultos, que tinha como principal referência Paulo Freire. As idéias de Freire (1989) propunham uma maior comunicação entre o educador e o educando e uma adequação do método às características das classes populares. Seu método revolucionou as bases da educação populares e para ele, a educação e alfabetização se confundem. Alfabetização é o domínio de técnicas para escrever e ler em termos conscientes e resulta numa postura atuante do homem sobre seu contexto. Com o exílio de Freire em 1964 após o golpe militar, as idéias de alfabetização popular foram deixadas de lado e o governo prioriza um movimento de assistencialismo e conservadorismo no campo educacional, impossibilitando a manifestação das classes operarias e colocando a educação a serviço de ditadura militar. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 5692/71, incluiu em seu conteúdo um capitulo especial para tratar da educação de Jovens e Adultos. Dentro do capitulo IV da LDB o artigo 25 estabelece: Art25 - O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos. (LDB:1971). Aprovada em 1971, esta lei dedicou pela primeira vez na história da educação brasileira uma página a educação de adultos. Nela o ensino supletivo estava apto a encontrar soluções que se ajustassem à realidade escolar e às mudanças ocorridas
  • 21. 21 numa sociedade capitalista, na perspectiva de oferecer aos jovens e adultos, que não tiveram acesso à escola uma oportunidade de adquirirem um nível de escolaridade que lhes permitisse uma melhor condição social e econômica. Apesar das muitas nomenclaturas que a educação de jovens e adultos teve no decorrer dos anos, muito pouco foi feito de fato. No ano de 2008 pela primeira vez na história do país o PNLD foi estendido ao EJA, para resolver um problema de grandes proporções como a falta de escolarização básica para grande maioria da população de jovens e adultos. Segundo Timothy Ireland (Diretor do Departamento de Educação de Jovens e Adultos) “foi o reconhecimento oficial da importância dada, hoje, a educação de jovens e adultos”. Diante desse contexto, observamos que a educação de Jovens e Adultos ao longo de sua trajetória vem sendo concebida e institucionalizada, em consonância com a realidade sociocultural, política e econômica do país. Percebemos também que está realidade tende a mudar com a própria consciência de mundo que a educação pode levar para os alunos e pela qual Freire tanto lutou. Segundo Freire (1989): Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Está é a razão pela qual procuramos um método capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse, o conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem. ( FREIRE:1989, pg.72). Freire foi um importante divisor de águas na EJA. Sua experiência pessoal como alfabetizador trouxe grandes contribuições para o Brasil, e seus livros são até hoje objeto de pesquisa para todos que querem compreender a dinâmica desta modalidade de ensino como ferramenta de transformação social. O mundo contemporâneo não tem mais espaço para pessoas que não sabem ler e escrever ou possuem o mínimo de conhecimento exigido para que seja absorvida pelo mercado de trabalho cada vez mais exigente e esta competência deve estar contemplada na oferta de EJA a toda população, não apenas como direito a escolarização básica, mas acima de tudo como resgate de cidadania.
  • 22. 22 2.2 ALUNO TRABALHADOR O ingresso do trabalhador na escola emerge e ganha expressão cada vez maior denotando idéia de que um mundo globalizado, tecnificado e em constante transformação demanda profissionais que dominem os conhecimentos acumulados em sua área de competência especifica, mas que também sejam capazes de resgatar uma visão da totalidade, situação esta distante da realidade. Para Aranha (2003), os trabalhadores adquirem conhecimentos no trabalho que vão além das informações e habilidades propiciadas por cursos e treinamentos. Há todo um processo cultural, interpessoal, social onde os trabalhadores, pela sua própria experiência no trabalho, vivência em diversos ambientes, relacionamento com diferentes pessoas, constroem e adquirem um conhecimento contínuo sobre o seu fazer. Conhecimento nem sempre codificável, mas extremamente significativo para o andamento do trabalho. Trata-se do que, na sociologia do trabalho e na área de formação profissional é denominado como conhecimento tácito.(ARANHA, 2003 p.105). O aluno da EJA é aquele que já compreendeu como a escolarização é importante, que ela é na verdade a grande responsável pela inclusão social dos jovens e adultos que não tiveram acesso à escola em tempo hábil. O aluno geralmente não dispõe na própria empresa de espaço educacional, onde possa a vir estudar. O mesmo busca então esta formação acadêmica de forma mais tradicional nos estabelecimentos de ensino comuns, que por sua vez não possuem um currículo voltado para a classe trabalhadora. Esta busca de informação e formação fica sob a responsabilidade de cada um, construindo um eixo necessário ao desenvolvimento de suas atividades e na intenção de uma promoção. O trabalhador procura sair dessa condição de submissão, buscando a escola como um “caminho” viável para uma vida melhor, mais digna e cidadã. Faz-se necessário, criar novas formas para aprender a se organizar, a reivindicar seus diretos, a compreender as relações sociais e a função que desempenham. Arroyo (2001) diz:
  • 23. 23 O capital, as relações de trabalho estão distantes da escola, das teorias pedagógicas, que aos educadores não é fácil perceber que a fábrica, e empresa, as relações de trabalho e produção invadiram a escola, enquanto nós ficávamos entretidos em aplicar testes de QI, de prontidão, em discutir taxonomias, bem como a função reprodutora dos aparelhos ideológicos do estado (...) a vinculação entre a escola popular, seus problemas e o mundo do trabalho e da produção é mais forte do que pensamos (p.49). O homem em seu aspecto social, pode por meio do trabalho compreender a realidade que o cerca, buscando construir uma nova sociedade. Para isso, os mesmos precisam conquistar a liberdade cultural, intelectual e espiritual. Quando o povo comum, especialmente os trabalhadores que exercem o direito de formação do saber, da cultura e da identidade de classe, tem mais possibilidade de conquistar seus direitos. Como nos fala Freire (1989): “Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipótese sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim pode transformá-la e com o seu trabalho pode criar um mundo próprio” (p.30). Os homens que buscam o conhecimento, que visam de modo mais eficiente experiências libertadoras, vêm exercendo a função de transformar a si mesmo e a realidade. Mas por mais que se queira não se consegue nada sozinho. Enquanto o homem não caminhar junto, fazendo do diálogo e da convivência suas “armas” nada de mudança ocorrerá. De acordo com Freire, (1987): (...) o diálogo é uma espécie de postura necessária na medida em que os seres humanos se transformam cada vez mais em seres criticamente comunicativos. O diálogo é o momento em que os homens se encontram para refletir sobre a sua realidade tal como a fazem, a refazem (...) (p.122- 123). Já dizia Freire (1987, p.35) “a libertação, por isto, é um parto e um parto doloroso. O homem que nasce deste parto é um homem novo que só é viável na e pela superação da contradição opressor-oprimido, que é a libertação de todos”. Pela educação é possível mudar o mundo, Freire acreditava nisto, insistia que cada pessoa pode mudar seu futuro, basta querer. Quando a educação em idade normal não é possível, buscar esta educação na fase adulta pode sim diminuir as desigualdades sociais na medida em que ajuda o sujeito a perceber melhor sua realidade e buscar mudanças.
  • 24. 24 Perceber esses jovens do ponto de vista da EJA revela uma condição marcada por profundas desigualdades sociais. Na escola de EJA estão os jovens reais, os jovens aos quais o sistema educacional tem dado as costas. Percebe-los significa a possibilidade de dar visibilidade a esse expressivo grupo que tem direito a educação e contribuir para a busca de uma resposta a uma realidade cada vez mais aguda e representativa de problemas que habitam s sistema educacional como um todo. (ANDRADE, 2004, P.45) Segundo Fávero (2004, p.26), “Campanhas e movimento de massa não resolverão o problema do analfabetismo da população jovem e adulta, pois esse problema é gerado pela insuficiência e ausência da escolarização das crianças e adolescentes, e questiona:” Diz-se ter sido praticamente universalizado o ensino fundamental. Qual o ensino? Com qual qualidade? Concordamos com o auto, pois mesmo diante dos avanços e conquistas na área educacional, prescritos na constituição Brasileira, (Soares 2002,p.30), confirma também que o ensino fundamental, o quadro sócio-educacional seletivo continua a produzir excluídos, mantendo adolescentes, jovens e adultos sem escolaridade obrigatória completa. Por existir tantas desigualdades sociais em relação à educação, o aluno aprende apenas quando se torna sujeito da aprendizagem, pois o mesmo deve estar sempre estimulado a exercer atividades voltadas para a liberdade de expressão, constituindo um fator de formação da personalidade e mais alta relevância. Diante do desejo e ousadia, do fortalecimento de cada trabalhador, de juntos mudarem esse terrível e doloroso quadro de que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, de se libertarem, de juntos poderem gozar de uma vida mais digna e cidadã, essa que cada indivíduo tem direito, mas que muitos os ignoram. O aluno da EJA tem uma característica especial, ele pode responder por seus atos e palavras, além de assumir responsabilidades diante dos desafios da vida. Quando chegam à escola, trazem muitos conhecimentos, que não são não aproveitados pela escola, mas certamente são conhecimentos adquiridos na vida, uma vida onde o trabalho ocupa lugar de grande importância e a escola, como agente de formação e informação, torna-se uma alternativa viável de ampliação de sua condição cidadã.
  • 25. 25 2.3 ESCOLA A escola é um grande espaço social de convivência daqueles que sistematicamente são desumanizados pelo trabalho, pelo isolamento e por suas condições de existência. É também, um local de fala dos que não tem voz no dia- dia; de participação daqueles acostumados a obedecer, de encontro dos desencontrados, do saber das coisas do mundo dos que foram afastados da possibilidade de parte deste conhecimento. Entende-se por escola a instituição social que concretiza as relações entre educação, sociedade e cidadania sendo uma das principais agências responsáveis pela formação das novas gerações. É um lugar de aprendizagem onde são elaboradas as formas para desenvolver atitudes e valores e adquirir competências, desempenhando um papel importante no processo de formação dos cidadãos, preparando-os para viverem em uma sociedade de informação e do conhecimento. Prepara o aluno para “futuramente”, disputar o mercado de trabalho e prover sua subsistência. Ou seja, a escola “é uma instituição de cultura que deve socializar o saber, ciência, a técnica e as artes produzidas socialmente, para que todos possam ter acesso a esses bens culturais”. (ROMANELLI, 1992 Apud BARALDI, 1998, p. 68). A escola também se expressa em organização, com cultura própria, objetivos, funções e estruturas definidas. A mesma faz a mediação entres as demandas da sociedade por cidadãos escolarizados e as necessidades de auto-realização das pessoas. Também a escola é uma das muitas instituições que de vem se ocupar de preparar o individuo para o exercício crítico da cidadania e é a que pode proporcionar essa preparação mais completa – dentro de uma visão em que o cidadão crítico é o indivíduo capaz de fazer a crítica da consciência e, sobretudo, aquele que domina o conhecimento daquilo que vai criticar. (BARALDI, 1998. P, 68). Os alunos trabalhadores vêem na escola este espaço de convivência social, local privilegiado no desenvolvimento da capacidade de relacionamento, participação, local de reencontro com o mundo. A escola é o espaço onde têm a
  • 26. 26 oportunidade de se relacionarem com pessoas do seu meio social e de tentar planejar um outro meio de vida. A atividade profissional exercida parece ser um fator de motivação para a freqüência à escola, entendida como local de socialização. Para Haddad (2001): A escola é um espaço da vinculação de um conhecimento sobre a vida, que ultrapassa o limite restrito da questão profissional. E o conhecimento sobre as coisas do mundo, que pode contribuir para entender o que é veiculado pelos meios de comunicação, para compreensão da realidade desse cotidiano, para a segurança na fala dosa que nunca têm voz, para a segurança na ação dos que nunca participam. ( HADDAD 2001, P.169). A escola tem a missão de oportunizar aos educandos um ensino de qualidade voltado para a compreensão do real e intimamente ligado ao entendimento crítico da realidade que o cerca. O desenvolvimento da consciência educativa na escola deve passar por uma atitude firme e engajada de todos aqueles que dela fazem parte. São muitos os desafios da escola EJA. Certamente desafios que perdurarão por alguns anos, visto que, o mundo não pára e as necessidades com relação à alfabetização de adultos é cada vez mais urgente e a forma como ela será feita necessitará de mudanças com o intuito de acompanhar a evolução, a inserção das tecnologias, o olhar do novo homem. A valorização do conhecimento prévio e o reconhecimento dos alunos como portadores de cultura e saberes são os primeiros passos para que a escola promova no EJA uma educação que prime pela qualidade.
  • 27. 27 CAPÍTULO IIl PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Demo (2003) pontua que dimensão social da pesquisa e do pesquisador, estão mergulhados naturalmente na corrente da vida em sociedade, com suas competições, interesses e ambições, ao lado da legítima busca do conhecimento científico. Pensando no fazer ciências que dá valor à experiência para compreender o comportamento humano e o comprometimento com sua realidade histórica, esta pesquisa tem como objetivo identificar quais as expectativas que os alunos trabalhadores da EJA tem em relação a escola. O alcance desse objetivo nos levou a definir como ponto principal o paradigma qualitativo e optar pelas estratégias a seguir: 3.1 TIPO DE PESQUISA Para Alves (2003, p.41) a pesquisa “é um exame cuidadoso, metódico, sistemático e em profundidade, visando descobrir dados, ampliar e verificar informações existentes com o objetivo de acrescentar algo novo à realidade investigada”. O tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa qualitativa já que esta tem o ambiente natural como uma fonte direta de dados e o pesquisador como o seu principal instrumento. (BOGDAN e BIKLEN, 1982). Segundo os dois autores a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada através do trabalho intensivo de campo. Sobre a pesquisa qualitativa Giovazzo (2001) fala que:
  • 28. 28 A pesquisa qualitativa costuma ser direcionada e não busca enumerar ou medir eventos e, geralmente não emprega instrumental estatístico para análises de dados, seu foco de interesse é amplo e que dela faz parte a detenção de dados desc ritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas qualitativas, é freqüente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo as perspectivas dos participantes da situação estudada (p.1). A pesquisa qualitativa responde ainda às questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser quantitativo, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, crenças, valores e atitudes. Para Michalizy & Tomasini(2005): A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela interação entre os pesquisadores e o grupo social pesquisado, ocorrendo entre eles um certo envolvimento de modo cooperativo ou participativo e supõe o desenvolvimento de ações planejadas de caráter social (p.32). Segundo Ludke e André (1986), é cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área vêm demonstrando pelo o uso das metodologias qualitativas. Como já foi citada a abordagem qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, por meio do contato do pesquisador com a situação estudada. 3.2 LÓCUS DA PESQUISA A pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Teixeira de Freitas, na cidade de Senhor do Bonfim–BA. É mantida pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, funciona nos três turnos. Tem uma clientela de 220 alunos e 30 professores, destes, 80 alunos são assistidos pela EJA, que só funciona no período noturno. O referido colégio foi escolhido como lócus da pesquisa por oferecer o ensino fundamental destinado a EJA – Educação de Jovens e Adultos. 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA
  • 29. 29 Os sujeitos de nossa pesquisa foram 15 alunos pertencentes as turmas do ensino fundamental (aceleração l e II), do turno noturno. Foram escolhidos através do auxilio de um professor da escola, que indicou uma amostra de 40 alunos trabalhadores e, destes selecionamos aleatoriamente os 15 sujeitos. Escolhemos estes sujeitos por preencherem os pré-requisitos necessários ao resultado da pesquisa, ou seja, são trabalhadores estudantes que tem na EJA a oportunidade de realizar conquistas e melhorar sua condição de trabalhador. 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS No processo de coletas de dados tivemos o cuidado de analisar todas as possibilidades até percebermos quais instrumentos seriam mais adequados ou que melhor serviriam para coleta dos dados de forma objetiva e segura. Assim, alguns instrumentos foram apresentados como viáveis: questionário fechado e a entrevista semi-estruturada. 3.4.1 Questionário Fechado: Utilizou-se em primeira instância um questionário fechado, que oferecia um campo vasto de opções buscando traçar o perfil de cada sujeito entrevistado. Marconi e Lakatos (1996), diz que: “perguntas fechadas são aquelas que indicam três ou quatro opções de respostas ou se limitam às respostas afirmativas ou negativas e já trazem espaços destinados da escolha”. (p.131). Desse modo utilizamos um instrumento para traçar o perfil sócio-econômico dos sujeitos participantes da pesquisa e caracterizá-los de uma maneira mais segura conhecendo as atividades do cotidiano dos mesmos e o contexto econômico e cultural em que estão inseridos A linguagem utilizada no questionário fechado deve ser simples e direta para que o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado.
  • 30. 30 Os questionários são perguntas feitas na mesma ordem, tem-se uma vantagem óbvia padronizada ou estruturada, que é usada quando se visa à obtenção dos resultados na pesquisa. Considera-se uma das técnicas usadas nas pesquisas sociais, permitindo o desenvolvimento das idéias, sentimentos, opiniões, condutas e expressões sobre o que aconteceu, acontece ou poderá acontecer futuramente. O questionário como sendo útil para obtenção de informação à cerca do que a pessoa sabe,crê ou espera, sente ou deseja, pretende fazer, faz ou fez, bem como o respeito de suas explicações ou razões para qualquer das coisas precendendes. (Saltez 1997). Marconi e Lakatos (1996, p.88) Ainda definem o questionário como um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenadas de perguntas que devem ser respondidas por inscrito e sem a presença de entrevistados. Portanto, o questionário nos fornece as informações necessárias para o esclarecimento das questões apresentadas no tema abordado. 3.4.2 Entrevista Semi-estruturada: Num segundo momento foi aplicada a entrevista, um instrumento importante, pois através dela é possível a obtenção de informações dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Tanto que Ludke e André (1986) elegem a entrevista como estando em grande vantagem sobre as outras técnicas, pois a mesma permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Sobre sua importância Ludke e André ainda ressaltam que a entrevista representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados afirmando; Ela desempenha um importante papel nas atividades científicas, como em muitas outras atividades humanas. Na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. (Ludke e André, p.33).
  • 31. 31 A entrevista também pode ser considerada como prática discursiva, de forma a entendê-la como ação, interação situada e contextualizada por meio da qual se produzem os sentidos e se constroem versões da realidade (Ludke e André, 1986 p.34). Buscando ainda subsídios em Triviños (1987 p.134), ele afirma que a entrevista pode ser definida como um processo de interação social entre duas pessoas, na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado. A possibilidade dos sujeitos se expressarem oralmente nos permite aprofundar, questionar e recolher uma diversidade de informações, pois segundo Minayo (1994 p.57) “a entrevista não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos autores, enquanto sujeito/objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada”. Procurou-se estabelecer um clima de estímulo e aceitação para com os entrevistados, dando-lhes oportunidades de discorrer sobre o tema com base nas informações por eles obtidas. Organizando um roteiro onde foram evidenciados tópicos principais para com nosso assunto em questão. Vale destacar a importância desse modelo de entrevista por ser muito eficiente e por proporcionar uma reflexão ampla mediante a fala dos entrevistados segundo o objetivo que o pesquisador deseja alcançar. CAPÍTULO IV
  • 32. 32 DISCUSSÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS Neste capítulo, apresentaremos os dados coletados e os respectivos resultados alcançados através dos conhecimentos de coleta de dados, norteados pelo objetivo e pelo quadro teórico presentes na nossa problemática. A partir desse contexto podemos obter informações reveladoras para a pesquisa, procurando refletir e considerar aspectos importantes que dizem respeito aos nossos questionamentos e objetivos de pesquisa e a realidade a qual os sujeitos estão inseridos. 4.1 – O PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA Através da entrevista semi-estruturada e questionário fechado, foram levantadas informações que puderam traçar o perfil de cada membro envolvido na pesquisa. Na seqüência apresentaremos o perfil dos sujeitos onde serão designados no decorrer da análise. 4.1.1 – Quanto ao gênero e faixa etária Ao analisarmos o perfil dos sujeitos, identificamos uma predominância feminina, 73% para mulheres e 27% para homens. Existem inúmeros motivos que explicam esta realidade, um dos mais presentes é o fato da mulher abrir mão do estudo para formar família cedo, e retornando a escola anos depois para concluí-lo, muitas vezes para se responsabilizar por parte ou todo orçamento familiar. Junto com esta responsabilidade vem uma nova concepção de educação e da importância da mesma dentro do contexto social, já que é importante a escolarização para uma inserção no mercado de trabalho. A faixa etária de alunos da EJA vai dos 17 aos 56 anos. Esse fato está objetivamente ligado ao acesso tardio à escola, com todo o acréscimo de
  • 33. 33 dificuldades que o aluno da EJA possui. A distribuição das idades é: 20% entre 26 e 30 anos, 20% responderam que tem entre 21 e 25 anos, 7% estão entre 18 e 21 anos e a maioria absoluta de 53% superior a 30 anos. 4.1.2 – Idade de ingresso na escola noturna Em relação à idade de entrada na escola noturna, 20% entre 18 e 20 anos, outros 13% dos 21 aos 25 anos, e 67% com mais de 30 anos. Estes dados caracterizam e reforçam uma situação que tem raízes na divisão de classes, no qual o aluno privilegiado pela sua classe social tem todas as condições favoráveis de se dedicar exclusivamente à escola, concluindo seus estudos dentro da faixa etária de 16 a 18 anos, considerando ideal pela escola e pelos órgãos governamentais responsáveis pelo ensino. 4.1.3 – Idade de ingresso no mercado de trabalho Na pergunta com qual idade iniciaram no mercado de trabalho, 13% responderam que começaram a trabalhar com menos de 10 anos, outros 60% responderam com idade entre 11 aos 14 anos, 20% entre os 15 aos 17 anos e 7% dos alunos restantes, acima dos 17 anos. Esta realidade demonstra que o trabalho ocupa um lugar fundamental na vida do aluno e isso prejudica o processo de escolarização. 4.1.4 – Renda familiar No quesito renda familiar, 13% ganham até três salários mínimos, 27% ganham até dois salários mínimos e a maioria absoluta de 60% ganham um salário mínimo, sendo demonstrado aqui o baixo nível de renda dos alunos do ensino noturno.
  • 34. 34 4.1.5 – Situação enquanto trabalhador, funcional e carga horária de trabalho durante o final de semana. Com relação à situação do trabalhador, 67% responderam que possuem trabalho próprio ou da família e 33% responderam que são empregados. Os alunos da EJA em sua maioria são responsáveis pela família já constituída. Isso explica a necessidade de trabalhar e procurar a escola para melhorar a qualidade deste trabalho. Os adultos que não conseguiram entrar no mercado de trabalho formal buscam através da educação a oportunidade do primeiro emprego, assim a educação de Jovens e Adultos está para atender uma classe especifica que já responde por si e busca na escola uma resposta imediata aos seus anseios. Na questão de registro de carteira profissional, somente 40% responderam que possuem registro em carteira profissional e 60% disseram que não possuem registro, evidenciando assim um alto índice de informalidade. No quesito de trabalharem no final de semana, 67% responderam que sim e 33% responderam que não, demonstrando que a maioria exerce mais atividade durante o final de semana, que acarretar problemas no lazer e principalmente para com os seus estudos, pois o trabalho é um meio de sobrevivência, conhecimento e manutenção para o aluno trabalhador. 4.1.6 – Freqüência e assiduidade na escola Na questão sobre o atraso na chegada a escola, 73% responderam que não chegavam atrasados, e 27% responderam que chegavam poucas vezes atrasados. Com relação ao item freqüência escolar 20% responderam que faltam muitas vezes, 60% faltam poucas vezes e 20% não faltam às aulas ficando caracterizado o interesse do aluno trabalhador para com a escola.
  • 35. 35 Esse fato é bastante expressivo, pois podemos notar que o aluno da EJA, compreende a importância da sua presença em sala de aula, ele sente que o espaço de tempo utilizado para aulas é precioso, e deve ser utilizado da melhor maneira. É o aluno que quer tirar o melhor proveito da educação. 4.1.7 – Motivo de faltar às aulas Quando foram perguntados aos alunos os motivos de faltarem às aulas, obtivemos: 33% por motivo de saúde, e 13% por compromisso social, e 53% por compromisso de trabalho. Portanto tal situação é incompatível com a realidade do aluno trabalhador, que por sua condição sócio-econômica, necessita trabalhar para sobreviver, e a escola para a maioria desses alunos, tem uma importância secundária, pois os mesmos não têm tempo para estudar, além disso, a escola pública que ele freqüenta muitas vezes não dispõe de infra-estrutura que lhe proporcione um estudo de qualidade, e que o torne apto a competir no mercado de trabalho. 4.1.8 – Reprovação Na pergunta se já tinha sido reprovado em algum ano letivo, 60% responderam que sim, e 40% responderam que não, caracterizando o baixo índice de aproveitamento desses alunos trabalhadores do ensino noturno, e isso consequentemente, eleva o índice de evasão detectado no sistema escolar pela dificuldade de conciliar estudo e trabalho. Por sua vez a escola, não deve ser pensada como se estivesse autônoma e independente da realidade histórica – social da qual é parte. Deve-se, portanto dentro dessa realidade, levar em consideração o sistema social no qual se encontra inserido o aluno que dela participa.
  • 36. 36 4.2 CONHECENDO AS EXPECTATIVAS DO ALUNO TRABALHADOR QUANTO A ESCOLA Apresentam-se a seguir os resultados alcançados a partir da interpretação dos dados coletados. Agrupamos em quatro categorias que são: Relação escola X vida pessoal e profissional, Escola e ascensão Profissional, A Escola como espaço difícil de ser freqüentado. A Escola como ambiente de formação e informação. : 4.2.1 Relação escola X Vida pessoal e profissional Pensar na importância que o aluno-trabalhador tem sobre a escola é estar atento ao que ele busca nela. Conforme as respostas dos mesmos, constatamos que eles buscam através da escola um “caminho” viável para uma vida melhor. “A escola é muito importante porque é um lugar que a gente aprende a ser educado” (Aluno 1). “É importante porque através dela adquirimos o conhecimento e esse é muito importante para nós cidadãos”. (Aluno 7). “Melhorar de vida e ter uma educação melhor para, ingressarmos no mercado de trabalho” (Aluno 15). Sacristan e Gomez (2000) nos advertem que: A escola deve prover os indivíduos de conhecimento, idéias, habilidades e capacidades formais, mas também de disposições, atitudes e interesses, além disso, deve priorizar a socialização dos alunos, preparando-os para se incorporar no mundo do trabalho e na vida pública (p.36). Diante das respostas dos alunos nota-se que a escola é importante para a busca do conhecimento, através dela o indivíduo se emancipa, ao promover
  • 37. 37 mudanças no seu interior e na sociedade em que vive contribuindo para a transformação social e se capacitando para o mercado de trabalho. 4.2.2 Escola e ascensão profissional Nesta categoria os alunos trabalhadores apontaram os motivos que os levaram a freqüentar a escola mesmo estando inseridos no mercado de trabalho. “A competitividade do mercado de trabalho” (Aluno 6). “Para alcançar um futuro melhor’’; (Aluno 8). “Para ser um profissional habilitado e bem informado”; (Aluno 10). Percebe-se que a opção pelos estudos emerge da necessidade do próprio trabalho, tendo em visto que as mudanças do mundo globalizado exigem um preparo constante dos indivíduos para garantir a sua condição de cidadania. Os avanços tecnológicos ao tempo em que propiciam a melhoria da qualidade dos serviços e produtos exigem dos trabalhadores uma formação capaz de permitir- lhes usá-los de forma racional, pois como afirma Oliveira (2001). “Deve-se, finalmente, lidar com os recursos tecnológicos da sociedade do conhecimento de forma critica, o que envolve o entendimento de que: a) esses recursos estão escritos nas relações capitalistas de produção, num contexto de redefinição da teoria do capital humano, que é reconceitualizado, nas novas organizações, como capital intelectual; b) esses recursos articulam-se com questões atuais de desempregos estrutural e subemprego; c) no entanto, o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico são forças matérias também na concretização de valores que se relacionam com os interesses dos excluídos, contradizendo os valores próprios da acumulação capitalista; d) em todo o contexto discutido, a educação assume o papel crucial na socialização do construção do conhecimento e da cultura podendo ultrapassar o caráter instrumental do conhecimento, tendo em vista a formação de cidadãos comprometidos com: a democracia, a igualdade e a inclusão social; a tolerância e o diálogo intercultural (p. 107).
  • 38. 38 Os alunos trabalhadores buscam na escola um meio para o trabalho, visando uma melhoria salarial, tornando-se um profissional habilitado para futuramente atender as exigências do mercado devido à era informatizada e aos avanços tecnológicos. 4.2.3 A escola como espaço difícil de ser freqüentado A questão da freqüência à escola é um problema enfrentado pelos alunos trabalhadores que tentam conciliar escola e trabalho. O que quer dizer que existe interferência do horário do trabalho com o da escola, apontado pelos alunos trabalhadores. Os alunos-trabalhadores afirmam: “Sim, tenho pouco tempo para estudar, sempre chego atrasado, o meu trabalho é muito exaustivo. Sou gari ’. (Aluno 2). “Só não chego atrasada quando saio cedo do trabalho, sou doméstica” (Aluno 3). “Chego atrasado todos os dias, trabalho e moro na zona rural”. (Aluno 11). De acordo com Gadotti (1997): O trabalhador torna-se, ele próprio, uma mercadoria cujo valor depende apenas da magnitude do dinheiro - medida de valores pela qual ele é trocado. Essa magnitude é definida pela quantidade de trabalho socialmente necessário para reproduzi-lo (p.50). Percebe-se que o aluno-trabalhador não tem tempo disponível para crescer intelectualmente, tornando-se refém do sistema que lhe mantém preso devido à necessidade de manter o emprego e garantir a sua sobrevivência. Prova disso é o trabalho por turnos que não são fixos, ou seja, trabalha-se pela manhã, na semana
  • 39. 39 seguinte este mesmo trabalhador cumpre sua carga horária à tarde, na semana seguinte tem que trabalhar à noite. Desta forma é difícil conciliar trabalho e estudo. 4.2.4 – A escola como ambiente de formação e informação Nessa categoria os alunos trabalhadores apontaram diferentes aspectos de como são adquiridos; e para que servem os conhecimentos obtidos na escola. . Eis abaixo algumas falas, de alguns alunos: “Os conhecimentos adquiridos na escola são importantes porque nos fazem crescer pessoalmente e profissionalmente”. (Aluno 2). “Para desenvolver o meu desempenho no meu trabalho e na minha vida profissional”. (Aluno 4). “Para estar informado com o mundo globalizado, e nos tornarmos cultos em conhecimentos gerais”. (Aluno 9). Ao analisarmos as respostas dos alunos trabalhadores, notamos que o aprendizado escolar é uma das principais características para a atualização de seus conhecimentos, onde os mesmos poderão enfrentar um mundo globalizado. Como nos fala Gadotti (1991): (...) Através e na educação, os homens de uma época, de uma sociedade historicamente situada, se exprimem em relação àquilo que convém ser, que convém fazer e agem em conseqüência nela, é toda uma sociedade que se encontra empenhada, implicada. Na medida em que hoje em dia, a nossa sociedade está em crise, se interroga e hesita, a educação torna-se por sua vez, um lugar posto em questão, um lugar de tensão e de debate. Nesse sentido, ela se constitui num espaço político-pedagógico e de liberdade, portanto, onde os homens preocupados em se situar podem lutar por uma existência mais autêntica e uma sociedade mais justa (...) (p.21). É necessário, porém que se lance um novo olhar sobre esses alunos- trabalhadores que buscam na escola a melhoria da sua formação. È importante que
  • 40. 40 haja uma preparação desse aluno, tanto para o trabalho quanto para o exercício da cidadania, trabalhando valores, crenças e idéias de soberania, visando à formação de sujeitos autônomos. Diante de todas as respostas, observamos desta forma que todos aqueles que procuram a escola têm pretensões e percebe-se que esta escola tem como função garantir o acesso ao conjunto de informações, desarticulando a diversidade real dos alunos-trabalhadores que buscam na escola suporte para a inclusão no mundo do trabalho.
  • 41. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho possibilitou um estudo acerca de uma temática que tem sua origem na complexa conjuntura sociopolítica e cultural, historicamente implantada em nosso país, marcada por profundas desigualdades sociais herdadas desde o regime colonial e imperial brasileiro e que ainda, lamentavelmente, persiste em nossa sociedade contemporânea e globalizada que, a cada dia, diante das novas tecnologias se torna mais evoluída sob esse aspecto, contudo, acentua-se a incerteza de uma sociedade mais humana, menos violenta e igualitária. Considerando aqui os aspectos abordados procuramos definir o questionamento levantado na problemática, respaldado nos teóricos, pois através deste estudo buscamos compreender a importância da escola para os alunos trabalhadores, que buscam através da mesma realização pessoal e também profissional, percebendo assim as oportunidades para o acesso ou a permanência no mercado de trabalho. Não temos a pretensão de apontar a solução definitiva, até porque nenhuma pesquisa educacional se esgota em si mesma, mas contribui através dos dados e sua interpretação para uma reflexão. Todo o processo de construção deste trabalho envolveu diversas leituras, tendo como base teóricos tais como: Arroyo, Freire, Gadotti, Soares, Fávero e outros, dos quais este trabalho faz várias referências, foi de fundamental importância para aprimorar e fundamentar o nosso trabalho. A escola muitas vezes não atende as expectativas em termo de profissionalização para o ingresso no mercado. Em termos de conhecimentos, os alunos ainda reconhecem a importância da escola para a ampliação de sua formação intelectual.
  • 42. 42 Portanto, focamos a importância de uma abordagem sobre a EJA, ou seja, na perspectiva do aluno trabalhador, tendo como reflexão: porque retornam a escola depois de alguns anos? Quais as suas expectativas em relação à mesma? Sendo que a maioria dos nossos entrevistados apresenta os mesmos argumentos. Constatando-se: 1- Retorno à escola para a busca de conhecimento; 2- Realização profissional; 3- Ascensão dentro do mercado de trabalho. Também pudemos constatar algumas dificuldades: 1- Conciliar o horário de trabalho com o da escola; 2- Cansaço físico; 3- Deslocamento de casa para a escola. Acreditamos que esta pesquisa é relevante, pois contribui para uma melhor compreensão da realidade de EJA, mas, sobretudo, proporcionar caminhos ou alternativas e, principalmente, aguçar os olhares sobre as práticas e políticas públicas dirigidas a essa modalidade de ensino bem como se ofereça o mínimo de qualidade ao público alvo em sua maioria, trabalhadores. As divergências existirão, pois fazem parte do processo, porém exige de todos a disposição de discutir publicamente a importância do aluno trabalhador com relação a escola comprometida com a luta pelo reconhecimento e valorização, ,refletindo sobre os resultados obtidos onde evidenciamos as dificuldades e facilidades que os alunos trabalhadores pesquisados demonstraram da realidade vivida. É urgente que construamos um arcabouço teórico-metodológico, isto é, um saber técnico-profissional que resulte numa didática para o mundo do adulto. Constatou-se que todas as lutas e anseios de uma população perpassam o contexto escolar, indo além dele, exigindo que a escola, entidade responsável pela
  • 43. 43 sistematização do conhecimento, possa trabalhar para proporcionar a homens e mulheres condições de melhor interagir e participar nas transformações tão necessárias, pois, à volta e a permanência dos jovens e adultos à escola é, segundo Paulo Freire, muito mais do que um ato político ou um ato de conhecimento: constitui-se num fundador que provoca uma reflexão constante a respeito do seu papel social, enquanto indivíduo inserido em um contexto social e criador desse contexto. Portanto a Educação de Jovens e Adultos deve possibilitar a todos, a construção de uma nova história em igualdade de condições, de participação e não simplesmente estar inserido nela.
  • 44. 44 REFERÊNCIAS ALVES, Magda. Como escrever teses e monografia (um roteiro passo a passo) 5ª reimpressão: Rio de janeiro: Elsevier, 2003. ANDRADE, Eliana Ribeiro. Os jovens da EJA e a EJA dos jovens. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa de; PAIVA, Jane (Orgs.) Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. ARANHA, Antônia Vitória S. Relação entre o conhecimento escolar e o conhecimento produzido no trabalho: dilemas da educação do adulto trabalhador. In: Trabalho & Educação. Belo Horizonte: NETE/FaE/UFMG, n. 12, jan/jun, 2003. ARROYO, Miguel. Da escola carente à escola Possível.5 edição. São Paulo loyola, 2001. BARALDI , A inserção do jovem no mercado de trabalho. São Paulo, Cortez, 1998. BOGDAN, R. e BIKLEN. S K Qualitative Research for educationa. Boston, Aellyn and Bacon, inc; 1982. BRASIL, Lei de Diretrizes e Base da Educação nº 5692 de 11.08.71, capítulo IV. Ensino Supletivo. Legislação do Ensino Supletivo, MEC, DFU, Departamento de Documentação e Divulgação, Brasília, 1974. BRASIL, Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Repubica Federativa do Brasil, Poder Legislastivo, Brasilia, DF, 21 de dez. 1996. CARVALHO, Célia Pezzolo. Ensino noturno: realidade ilusão. Coleção polêmicas do Nosso Tempo, n. 12, São Paulo: Cortez Edit. 2000. CUNHA, Conceição Maria da. Introdução – discutindo conceitos básicos. In: SEED-MEC Salto para o futuro – Educação de jovens e adultos. Brasília, 1999. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. São Paulo: Ed. Cortez, 2003.
  • 45. 45 FÁVERO, Osmar. Lições da história: os avanços de sessenta anos e a relação Com as políticas de negação de direitos que alimentam as condições do analfabetismo no Brasil. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa de; PAIVA, Jane (Orgs.) Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. FREIRE, Paulo. Ação Cultural como Prática para Principiantes.3 edição. São Paulo: Summus,1980. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro; Paz e Terra, 1987. FREIRE,Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil. São Paulo. Editora Cortez 1989. GADOTTI, Moacir: Concepção Dialética da Educação; um estudo introdutório. 1 ed.São Paulo ,Cortez,1997 GADOTTI,Moacir: Educaão e Poder : Introdução á Pedagogia do conflito.10 ed. São Paulo.Cortez,Aurores associados ,1991 GIOVAZZO, Renata A. Fundamentos e reflexões focus group em pesquisa qualitativa. Vol. 2- n4, 2001-Fecap. HADDAD, Sérgio. Tendências atuais na Educação de jovens e adultos. Revista Em tempo. Vol. 11, Nº. 56. Brasília: 2001. HERNANDEZ, Fernando: Transgressão e mudança na educação: Os projetos de trabalho trad. Jussara: Haubert Rodrigues. Porto Alegre. Artmed,1998, LAKATOS,EVA.MARIA, Técnicas de pesquisa. Eva Maria Lakatos, Marina de Andrade Marconi,2 ed. São Paulo: Atlas,1996. LUDKE, Menga; ANDRÉ Marli E.D.A. A pesquisa em educação. Abordagens qualitativas, São Paulo: EPU, 1986.
  • 46. 46 MICHALISZYN , Mario Sérgio e TOMASINI Ricardo. Pesquisa: Orientações e normas para elaboração de projetos, monografias e artigos científicos. – Petropólis, RJ: Vozes, 2005. MINAYO, M.C.de S. (Org). Pesquisa social. Teoria, métodos e criatividade. Petrópolis, vozes, 1994. OLIVEIRA,Maria Rita Neto Sales. Do mito da tecnologia ao paradigma tecnológico: a mediação tecnológica nas práticas didático-pedagógica .2001. RIBEIRO, Vera M. Masagão. Alfabetismo e atitudes: pesquisa juntos a jovens e adultos. São Paulo, Campinas: Ação Educativa, Papirus, 1998. ROCCO,G.M.J. Educação de Adultos: Uma contribuição para seu estudo no Brasil, São Paulo :Ed. Loyola,1979. ROMMANELI, O.O. História da educação no Brasil. 17 ed. Petropólis-RJ: Vozes,1992. SALTEZ, H, K. Métodos em pesquisa social, RJ, , Cia, Editora Nacional 1997. SACRISTÁN. J.G & GOMÉZ, A.I.P. As funções sociais da escola: da reprodução a reconstrução, criticado conhecimento e da experiência.Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre, Artmed,2000. SOARES, Leôncio José Gomes. A educação de jovens e adultos: momentos históricos e desafios atuais. Revista Presença Pedagógica, v.2, nº11, Dimensão, set/out 1996. ___________________. Diretrizes Curriculares Nacionais: Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. TRIVIÑOS:Augusto Nibaldo Silva: Introdução à pesquisa em Ciências sociais para a pesquisa qualitativa e educação, São Paulo, /atlas,1987.
  • 47. 47 APÊNDICES Universidade do Estado da Bahia – UNEB
  • 48. 48 Pró-Reitoria de ensino em graduação – PROGRAD Departamento de Educação – DEDE Campus VII Caro aluno: Agradecemos a sua colaboração e manteremos sigilo quanto à autoria das respostas. APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO FECHADO 01 – Sexo: ( ) masculino ( )Feminino 02 - Idade ( )Menos de quinze anos ( )de 15 a 17 anos ( )de 18 a 20 anos ( )de 21 a 25 anos ( )mais de trinta anos 03 – Quando entrou na escola noturna? ( )Menos de quinze anos de idade ( )de 15 a 17 anos de idade( ( )de 18 a 20 anos de idade ( )mais de 20 anos de idade
  • 49. 49 04 – Quando começou a trabalhar? ( )com menos de 10 anos ( )com idade entre 11 e 14 anos ( )com idade entre15 e 17 anos ( )com idade superior a 17 anos 05 – Renda familiar: ( ) até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) até três salários mínimos ( ) mais de três salários mínimos 06 – Situação enquanto trabalhador (a): ( ) empregado ( )trabalho próprio ou da família 07 – Tem registro em carteira profissional? ( )sim ( )não 08 – Trabalha no fim de semana? ( ) sim ( ) não 09 – Chega atrasado (a) à escola? ( )não chego atrasado(a) ( ) poucas vezes chego atrasado (a) ( ) muitas vezes chego atrasado (a)
  • 50. 50 ( ) chego atrasado (a) todos os dias 10 – Freqüência escolar: ( ) não falto as aulas ( ) poucas vezes falto as aulas ( ) falto muito as aulas 11 – Quando falta as aulas ( se falta ), qual o principal motivo de tal falta? ( ) por motivo de saúde, por estar doente ( )por compromisso social ( ) por compromisso de trabalho ( ) porque não estou com os trabalhos prontos para entregar 12 – Já foi reprovado em algum ano letivo? ( ) sim ( ) não
  • 51. 51 Universidade do Estado da Bahia – UNEB Pró-Reitoria de ensino em graduação – PROGRAD Departamento de Educação – DEDE Campus VII Caro aluno: Agradecemos a sua colaboração e manteremos sigilo quanto à autoria das respostas. APÊNDICE B - ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 1. Qual a importância da escola para você? 2. O que levou você a estudar? 3. A sua jornada de trabalho interfere no seu estudo? De que forma? 4. Para que serve os conhecimentos adquiridos na escola?