1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA
CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN
HABILITAÇÃO EM PROJETO DE PRODUTO
DISCIPLINA DE TÓPICO ESPECIAL DE MODA
Bento Gustavo de Sousa Pimentel
A atividade projectual em Design de Moda
com base no método de segmentação em ASSINTECAL
e Mapeamento Mental
Belém
2011
3. SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................................................p.4
2. DA MODERNIDADE LÍQUIDA À SEGMENTAÇÃO-Mote: 'Observar do comportamento jovem, o melhor e maior comprador'....................p.5
3. QUADRO DE TENDÊNCIAS DO FASHION DESIGN SEGUNDO ASSINTECAL...........................................................................................p.8
4. QUADRO DE CONCEITOS DA PIRÂMIDE DE NECESSIDADES SEGUNDO ASSINTECAL......................................................................p.8
5. PALETAS DE CORES ASSINTECAL...................................................................................................................................................................p.9
6. DIAGNÓSTICO FOTOGRÁFICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM 'LOOK'......................................................................................p.12
7. COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO MAPAS CONCEITUAIS (REFERENCIAL)............................................................................................p.13
8. DESENVOLVIMENTO DO DESIGN....................................................................................................................................................................P.15
4. 1.INTRODUÇÃO
Este presente trabalho consiste na apresentação de um desenvolvimento de um design para a
realização de um posterior artigo, como forma avaliativa para a disicplina de Tópico Especial de
Moda, ministrada pela professora Rosângela Gouvêia em 2011.
Será apresentada inicialmente uma reflexão sobre a conjuntura sócio-econômica e sobre a
necessidade da inovação mercadológica como ferramenta normativa da gestão contemporânea, dado
uma nova constatação do sentimento de sociedade e formas de trocas que servem de material para a
segmentação de mercados. Será feito o uso de conceitos tal qual o de 'Cultura Híbrida' (CANCLINI,
2004), que permite uma compreensão profunda do estágio das trocas intangíveis mediante uma
relação cultural pautada pela ferramenta do consumo.
Para o desenvolvimento, será apresentada a ferramenta de segmentação de mercados
pesquisada por ASSINTECAL (2009, 2010, 2011) e SEBRAE (2011) comunizada em eventos
sazonais de incentivo ao setor produtivo. Tais ferramentas foram analisadas e serão aplicadas com o
objetivo de apresentar a atividade de segmentação como alicerce rígido para mapeamento de novos
e velhos comportamentos e tendências. Desta forma, o pensamento mercadológico e gestionário,
muitas das vezes pautado por conhecimento empírico, consolida-se como requisito aconselhável e
mesmo executor de grande parte da atividade projectual do designer.
5. 2.DA MODERNIDADE LÍQUIDA À SEGMENTAÇÃO
Mote: 'Observar do comportamento jovem, o melhor e maior comprador'.
As aproximações feitas em torno dos segmentos pesquisados aqui (destinados a produção de
calçados, vestuários e acessórios) foram apresentadas primeiramente na forma dos eventos regidos
por pesquisa das macrotendências e tendências para a prospecção mercadológica por ASSINTECAL
(2010, 2011), e serão expostas mediante o entendimento primeiro de que a complexidade na
conceituação deste cenário, que é dado pelo fato social junto a necessidade de um panorama
econômico-produtivo, se dá por relações complementares com o ideário, portanto mercadológico
(GOMBRICH, 1990) e indissociável.
Tendo nesta relação exercida de forma sincrônica e diacrônica (portanto sistêmica) com
matrizes de significação individuais e coletivas, e que são recepcionadas de diferenciadas formas
em atitudes de fomento (BALL-ROKEACH, DEFLEUR, 1993), cria-se uma contrapartida que
resulta na procura de um objetivo perene para as diretrizes de projeto e planejamento de escopo:
ampliar os níveis de saúde econômica do empreendimento (E-NOVA, 2011), admitindo-se que a
prospecção sobre a atividade gestionária possui variáveis inesperadas e comportamentos
imprevisíveis.
Sendo assim, as tendências mercadológicas que serão expostas a seguir convivem
simultânea e complementarmente, configurando um cenário de Hibridismo Cultural (CANCLINI,
2004), alimentado por mercado e fomento 'glocalizado' (ASSINTECAL, 2010), e que portanto
sofrem a interferência objetiva de exponenciais tendências externas, ou mesmo endógenas.
Portanto, dado os diferenciais de significação entre os consumidores e os códigos apresentados
pelas tendências para o comportamento aquisitivo de novos bens, percebe-se continuamente uma
produção balizada por projetos conceituais próximos, e aspectos de produto idênticos - ou similares
- para produções balizadas por segmentações diferentes. Ou seja, mesmo com uma grande
quantidade de links entre as matrizes criadoras de signos e o fato destas apresentarem uma
necessidade permanente de renovação criativa por parte dos setores produtivos, também há uma boa
aceitação complementar de produtos que vêm sendo oferecidos há muito tempo, sem relevantes
inovações em seu perfil funcional, estético ou material, e que esta interação de forças gera
resultados férteis para o estudo das sociedades.
De forma simultânea a essa contínua exposição e fomento da vitrine fashionista focada no
comportamento jovem que progressivamente se acirra há 60 anos (começando a partir da geração
Babyboom), o individualismo acentuado na geração Millenium (BOX1824, 2011) e a intensificação
da busca pelo ponto de encontro como lugar comum e passagem obrigatória da comunização
(BOURRIAUD, 1998) de valores colaborativos (ASSINTECAL, 2011), também é verificável em
estudos atualizados.
A geração Millenium (18-24 anos) mudou o poder de compra da família média: hoje o
jovem lidera os discernimentos das aquisições da vida familiar e serve de cânone para várias outras
faixas etárias da sociedade (BOX1824, 2011). Na velocidade da difusão, assimilação e
ressignificação de valores reproduzidos ou criados pelas matrizes produtivas e midiáticas,
caracterizou-se nossa sociedade nos aspectos que fazem dela: uma rede de forças complementares
reagindo na velocidade ótica, com comportamento líquido, disforme e de difícil previsão
(SARAIVA, 2009).
Os paradigmas da geração Millenium são percebidos com mais força durante as revoluções
de contra-cultura da Era Hippie, resultando nas convivas gerações X (24 anos), Y (18 anos) e Z (12
anos). A geração Millenium possui uma tendência a apresentar comportamentos de difícil
classificação, porém, de pensamento voltado a organicidade das relações: com tendências a
comportamentos de afetividade na coletividade (BOURRIAUD, 1998), e que são mediados por sua
própria condição cognitiva. Ou seja, reitera uma necessidade predisposta ao aumento do nível de
insegurança dos investimentos, uma vez que inverte a direção normal da relação criada pelo fetiche
e despotismo social oferecidos pela estética da mercadoria em sua apresentação keynesiana
(HAUG, 1996).
A possibilidade de tal desnível no momento da aquisição, entre estratégias de indução
6. mercadológica e demanda jovem, é um reflexo do desacordo exercido pelo pensamento projectual
na forma das clássicas estratégias de fidelização de marcas, o que gera um gap no desenvolvimento,
uma necessidade de atualizar o desenho estratégico dos produtos através de uma revisão das
técnicas capazes de auxiliar a gestão estratégica (E-NOVA, 2011), tais como o Brand Equity
(PIZZOLI, 2004), o Brand Strategy (DESIGN TO BRANDING MAGAZINE, 2006) e o Brand
Types (COELHO, 2008).
Como resultado social deste amálgama de interações humanas mediadas pela compra e
atividade projectual, um sentimento coletivo, um ideário lançado por esta relação complementar de
anseios, comportamentos e atitudes de compra, e o próprio referencial de novos cânones de
comportamento de nossa época, sofrem um processo de integração ideológica: descem da
superestrutura tornado-se populares no sentido mais 'glocalizável'. Tais iniciativas podem ser
conhecidas via web em divulgação audiovisual de suas atividades, ou por meio do serviço
http:/www.youtube.com como apontado por BENJAMIN (1955), ou mesmo através de obras
literárias construídas como relatos da vida real, tal como o romance de não-ficção.
A base fundamentadora do pensamento apresentado por ASSINTECAL (2011) para o ano de
2012, é dado pela recorrente estrutura alegórica da pirâmide de desejos, utilizada de forma
recorrente nos dados pesquisados (2010, 2011 e 2012). Sendo assim, de 100% dos entes abrangidos
pela pesquisa e que são consumidores em potencial tendo acesso a formatos comunicacionais
tecnológicos, tais quais celulares, internet, televisão e publicações populares em suas modalidades
atualizadas, estão divididos em 3 categorias: 10% , 30% e 60 %.
Os usuários que se encaixam nos primeiros 10% classificados mediante similaridade
comportamental a ser induzida, representam consumidores que possuem acesso a produtos restritos
por ordem econômica de altos preços, localizados na alta sociedade e cujo patrimônio advêm de
uma transição de riquezas levada a cabo por descendência hereditária ou altos cargos e ocupações.
Tais consumidores geralmente adquirem itens conceituais, únicos ou de tiragem limitada, de arte ou
assinados por customização, sem anular a opção de consumo da ordem mais normal. Mas o que
lhes diferencia é de fato '(…) o nascimento da idéia, experimentação, inovação e expressão dos
desejos (…)' (ASSINTECAL, 2010, p.5)
Os seguintes 30% adquirem os mesmos produtos acima apontados, porém com a diferença
capaz de configurar novos produtos e novas formas de compra: tais bens, para serem assimilados
por novos mercados com poder aquisitivo menor, passarão por um processo de integração
mercadológica, que consiste na transição em que o projeto do produto sofrerá modificações
prioritárias dado o tempo necessário acordado entre assimilação/fomento midiático da tendência,
passando por reformas que permitam a viabilidade técnica industrial de alta escala ao final da
reconcepção integrante, bem como a possibilidade de reaproveitamento, reciclagem ou reuso
(HEEMAN, 2007). Então reconcebidos, estes produtos passarão agora pelo ciclo de vida e morte do
produto (LOBACH, 2006) em sua utilidade extendida (MANZINI, VEZZOLI, 2008). A viabilidade
técnica dos produtos nesse segmento necessita também de afunilar com baixa onerosidade a
inovação tecnológica de alto nível apresentada anteriormente em seu lançamento aos usuários
pertencentes ao grupo dos 10%: '(…) estratégia, planejamento, aceitação e racionalização do
produto (…)' (ASSINTECAL, 2010, p. 5).
Os últimos 60% consomem os itens de consumo popularizados entre o comportamento de
renda média e massificados no acordo de assimilação/fomento e viabilidade técnica: são produtos
consagrados pelo gosto do grande público e passam constantemente por renovações projectuais
reconceptivas para o ciclo de vida extendido ou mesmo para alcançar novos segmentos de consumo:
'(…) representando a base da pirâmide, engloba o fabricar em série e a massificação do produto,
incluindo até mesmo as criações genéricas (…)' (ASSINTECAL, 2010, p. 5).
Percebe-se também de forma complementar, que estes comportamentos mercadológicos
admitem aspectos não-lineares nos 3 principais segmentos. Mediante isto e diante do
acompanhamento e redefinição da atuação do Design Estratégico (NIEMEYER, DATA), constatase que mesmo as tendências há algum tempo apresentadas como passageiras, dado uma nova
configuração sócio-econômica de pós-crise, apresentam-se como comportamento percebível e em
7. constante evolução. Elas são formas de comportamento social aquisitivo perenes, e não mais
sazonais, são perfis permanentes de grupos sociais que possuem (mediante a sociedade em que
estão) forma líquida (SARAIVA, K. NETO, 2009), mas também: pensamento aceitável pela
segmentação. Estas tendências apontadas pela pesquisa mercadológica, que aparentemente se
configurariam novamente em tempo sazonal, conseguem sobreviver evoluindo e se materializando
de forma permutada entre os segmentos sociais do pensamento piramidal apresentado em
ASSINTECAL (2010), tal qual em: '(...) inspirações não são simplesmente tendências
momentâneas, mas fenômenos de longo prazo (…) contribuindo para definir a arqueologia de
gerações futuras (p. 9).
Também como aspectos não-lineares perenes, é percebido que este processo de integração
mercadológica e técnica, pode ser induzida pelo fomento midiático ou mesmo por demanda social
percebida mediante o comportamento de 'usuários-líder', capazes de formar opinião ou ainda
apontar o vanguardismo comportamental. Tendo diagnosticado a expansão da adesão destes
comportamentos vanguardistas, tais traços podem ser assimilados como necessidades a serem
expandidas pelo mercado, de modo a gerar novos projetos de produtos concebidos como já fora
apontado.
Sendo assim, percebe-se nesta mudança do ponto de vista dos afetos de significação do valor
(HAUG, 1996) junto a toda revisão do pensamento projectual na cadeia produtiva, um
deslocamento no centro da significação do sentimento de fetiche mercadológico para o usuário. A
apreciação por processos de desenvolvimento configura um alto nível de exigência dos interessados
(stakeholders), bem como necessita de certo arcabouço intelectual para fazer-se entendida em
respeito as conceituações da sustentabilidade (AMÂNCIO, CLARO, CLARO. 2008). Estes
aspectos configuram uma espécie de auditoria mediada pela aquisição do produto (AMSTEL,
2008), uma progressiva consolidação do consumo racional centrado nos aspectos intangíveis da
aquisição de produtos, o 'consumo consciente' (ALMANAQUE SOCIOAMBIENTAL, 2008), uma
'desmaterialização da economia' (BAUMAN apud SARAIVA, 2009) e a agregação de valores
balizados pela visibilidade de práticas e processos produtivos que incluem éticas ecológicas, sociais
e uma revisão daquelas mercadológicas (tripolaridade), tal qual pode ser averiguado em
ASSINTECAL (2011): '(...) abreviação de uma tendência humanista e responsável conduz a uma
atitude de mercado holísitca, inovadora, sustentável e ética (...) (p. 47) e '(...) políticas estão sendo
revistas e a economia mundial está tomando novos rumos (...)'; (p. 9).
Tais comportamentos, mediante a velocidade de fortes recessões econômicas (2009) e a já
caracterizada forma líquida no qual o cenário econômico e produtivo se materializa, ajuda a
configurar a Pós-modernidade frente a este corpo de prova sem rigidez em suas relações de troca, e
a dificuldade de previsão e prospecção, denominando-a assim em acordo com o comportamento de
um novo realizar produtivo e econômico, de 'Modernidade Líquida'.
Sendo assim, se há uma mudança sobre as significações concernentes ao valor, há portanto
uma mudança na tendência dos comportamentos afetivos. Somando-se isto ao nível de insegurança
no qual os empreendimentos se apresentam, então percebe-se a necessidade de atingir os mercados
das afetividades de forma objetiva, buscar nestes o que pode ser segmentado: o consumo dos afetos
abrangendo sentimentos de coletividade e pequenos comportamentos grupais balizados pela
individualidade (ASSINTECAL, 2011), além das tendências macro. Desta forma a atividade de
segmentação aqui, torna-se uma parte expandida da atividade projectual, como pode ser verificado
em:
englobando também todos os processos de criação, distribuição, varejos e preços, pronta
para fisgar o consumidor ávido, rápido, informado e smart, propiciando inclusive uma
democratização da moda e abrindo caminhos para a força da originalidade.
Vale ressaltar que nessa busca incansável de superação, focada aqui na segmentação de
produtos, as empresas contam com as inovações tecnológicas como grandes aliadas no
desenvolvimento, porém a emoção é a força motriz para uma criação bem-sucedida e é o
que injeta o 'novo' ao produto nosso de cada dia (ASSINTECAL, p. 61).
8. 3.QUADRO DE TENDÊNCIAS DO FASHION DESIGN SEGUNDO ASSINTECAL
(ASSINTECAL, 2011)
O quadro abaixo apresenta uma definição sintética do comportamento predominante em
acordo com as décadas em que ocorreu, nos últimos 60 anos. Nota-se no último comportamento
predominante para mercado, um retorno sexagenário à tendência do 'bom mocismo'.
Década
Comportamento predominante/ tendência
Anos 50
Conformismo, égide da boa família
Anos 60
Fomento inicial dos formatos midiáticos
Anos 70
Comportamento Roquenrou
Anos 80
Japonismo
Anos 90
Grunge e Multipolaridade
2000
Clean
2010 até ?
Voltamos 'a uma moda mais tradicional, com requinte e
bom gosto' (p. 83) com 'uma busca à tradição e à
qualidade com as vantagens da modernidade' (p.84). Um
abraço da juventude com o passado.
4.QUADRO DE CONCEITOS DA PIRÂMIDE DE NECESSIDADES SEGUNDO ASSINTECAL
ASSINTECAL (2009, 2011).
A seguir apresenta-se a tendência predominante, presente em ASSINTECAL (2009, 2011) e
SEBRAE (2011), nos últimos 4 anos de exposições das pesquisas em que o autor participou:
Tendência do comportamento
Estação do ano
Segmento 10% Segmento 30% Segmento 60%
Inverno 2010
O único no meio
urbano
Acervo particular
das regiões
Transversalidade
étnica
Verão 2010
Aquisição de
aspectos tácteis
Consumo
Consciente e
Intangibilidade
Consumo de
afetividades
Verão 2012
Abraço da
juventude com o
passado
Setentismo e
Contracultura
Pulverização de
Influências
Inverno 2012 (Diário de Inspirações 31.05.2011)
SEBRAE
Encanto da
descoberta com
lugares e bens
balizados pela
Biomimética e a
Biônica
Cognitivo,
consumo de
afetividades
Pulverização de
Influências
11. 6.DIAGNÓSTICO FOTOGRÁFICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM 'LOOK'
Como proposto mediante formalização de avaliação final para o semestre, se apresentará a
partir deste trecho o processo construtivo para a criação de um 'look' conceitual. Para tal, fora
realizado um levantamento das tendências utilizadas por transeuntes da Rua Braz de Aguiar, entre
15 e 17 horas de um dia útil da semana, portanto as fotografias realizadas apresentarão usuários em
atividade transitória, na sua maioria de poder aquisitivo médio e médio alto (segmentos 30% e 60%
segundo ASSINTECAL, 2010) usando trajes no estilo 'pret-a-porter' destinado primoridialmente à
funcionalidade, com poucas características de moda conceitual ou mesmo alta costura. A
necessidade de certa desenvoltura ergonômica para o comportamento do vestuário é percebível,
bem como a necessidade de conveniência mediante o conforto térmico.
Imagens do acervo de FURTADO, E. J. C.(2011)
Imagens do acervo de FURTADO, E. J. C.(2011)
Imagens do acervo de FURTADO, E. J. C.(2011)
12. 7.DESENVOLVIMENTO DE MAPAS CONCEITUAIS
Para as conceituações acerca do estilo a ser desenvolvido na atividade projetual do design
neste trabalho, será utilizado além das bases recorrentes no corpo desta pesquisa, o texto 'O uso de
mapas conceituais no processo de pesqusia de moda – Uma análise metodológica dos Cadernos de
Inspirações para o Design de Moda' (MOREIRA MONÇORES, Aline). Tal elaboração expõe a
necessidade de realizar 'mind mapping' nos locais aonde a atividade projectual é elaborada, como
ferramenta para constatação e homologação das percepções a respeito de determinado aspecto de
mercado, bem como útil ferramenta para a visualização de características principais do pensamento
do autor, do público-alvo e da atividade. A atividade de mapeamento será descrita e pode ser
avaliada a seguir.
Sendo assim, o entendimento amadurecido dos objetivos finais em acordo com certos
anseios estéticos, mercadológicos, e portanto ideológicos, afunila a diretriz e escopo do projeto do
'look' a ser desenvolvido em uma direção conceitual, portanto destinado ao segmento de 10% dentro
da pirâmide de desejos, estando embasado por SEBRAE (2009, 2010, 2011) e pela constatação da
'burguesificação' de tendências e comportamentos menores (estilemas) tais quais o exercício do
estilo Kitsch e o Camp (ECO, 1979), em uma compreensão que pode ser abordada pelo conceito de
Hibridismo Cultural (CANCLINI, 20054).
Para cumprir a finalidade estética levada a cabo pelo tipo de projeto realizado aqui, o
desenvolvimento estará diretamente relacionado com o plano das subjetividades. De forma
particular, o cenário conveniente entre conceito e ideário, será produzido por intermédio de um
anteparo poético, que aqui no caso será a música 'All along the watchtower' de Bob Dylan (1968).
Segue a tradução da letra:
Dever haver algum jeito de sair daqui
Disse o coringa ao ladrão
Há muita confusão
Eu não consigo me libertar
Homens do dinheiro bebem meu vinho
Homens de capa cavam na minha terra
Ninguém com nível mental
Ninguém de fora desse mundo
Sem motivo pra se excitar
O ladrão docemente fala:
'Muitos de nós
pensam que a vida é uma piada'
Mas você e eu estivemos dentro disso
É nosso destino
Então vamos parar de falsear agora
Está ficando tarde
De cima da torre príncipes mantém a vista
Enquanto todas as mulheres vieram e então
Empresários descalços também
Lá fora na fria distância
Um gato selvagem rosnou
Dois motoqueiros se aproximam
E o vento começa a uivar
Todos espalhados pela torre
Dada a análise de letra e entendimento do conteúdo poético, pontuam-se as principais
características da profundidade na mensagem, tais quais: a atividade lírica é direcionada à
elaboração fantástica cujo objetivo se dá por meio do escapismo da realidade apreendida e
13. conflitada, portanto prevalece o tom da crítica. Há o sentimento de saudosismo de uma realidade
não exposta, uma vez que o diálogo (o texto poético) ocorre entre dois entes de sabedoria
onisciente, na forma peculiar de um ladrão e um bobo da corte, personagens clássicos abordados
por diversas vezes na literatura universal, principalmente a de cunho dramático medieval. No
desenvolver da narrativa, a conversa particular dá lugar à comunização da constatação existencial
de mudanças no meio social, junto aos indivíduos que eram observados do alto da torre e que foram
os protagonistas do mesmo comportamento condenável. Esta torre, que pode ser paralelizada com
as torres de marfim presentes nas alegorias do estilo Simbolista, reafirma uma extensão do
sentimento de dissociação socrática ocidental entre sujeito e meio.
Relacionam-se então os conceitos apontados na letra da música com o estado de espírito
pós-moderno retratado anteriormente, constatando que ambos atores, o sujeito performático da
geração Millenium e o mito atemporal contado por Bob Dylan, possuem traços de semelhança tal a
postura naturalmente líder, de fazer discernimentos de cunho dissociativo, e uma sensação de ser
eternamente jovem. Esta relação entre a gênese desta categoria social que agora se torna o principal
eixo de estudo da pós-modernidade está em Dylan e em 'All along the watchtower', exatamente
como fora apresentado por (BOX1824, 2011).
Para uma correlação efetiva entre tal comportamento e a aplicação mercadológica do
mesmo, fora registrado por este autor no formato fotográfico, imagens de um pequeno grupo de
jovens participantes de um evento destinado ao grupo 'gótico urbano'. Percebe-se aqui de forma
acentuada, um desprendimento da finalidade residida na função ergonômica e a funcionalidade que
o traje cotidiano exige, dando lugar a aplicações de vestuário escolhidas em função de um estilo
maior, portanto dá-se a adesão de um pensamento maior. Trajes de inverno, palheta de cores
escurecidas, acessórios monocromáticos e metálicos, uso de mais de 2 peças de roupa e maquiagem
monocromática são algumas destas características. É possível realizar um paralelo com o
comportamento de usuários expostos por ASSINTECAL (FILHO, SOBRAL, MIRANDA. 2011), da
adesão e prática do estilo nipônico denominado Harajuku, no qual jovens integrantes da sociedade
recifense trajam-se não só identicamente ao estilo maior Harajuku, como realmente se personificam
em um jogo social balizado por relações hierárquicas, no qual o vestuário é a ferramenta da
exposição conceitual do pensamento individual, envolvido pelo exercício do conceito deslocado de
seu ambiente original, que é a fantasia e a abstração.
Foto do acervo do autor (2011)
14. Foto do acervo do autor (2011)
Tendo entrelaçado o conceito artístico com o entendimento sistêmico e a materialização do
pensamento conceitual na aplicação cotidiana, é possível iniciar a atividade criativa mediante um
melhor embasamento sobre o tema. Antes de expô-la contudo será objetivada a atividade criativa
sob o conceito de 'Euforia', apresentado no Diário de Inspirações do dia 31.05.2011 por Fernanda
Carlos (SEBRAE, 2011). Tal conceito explora entre outros, as estéticas do Kitsch (ECO, 1979) e do
Camp (ECO, 2008) , que podem ser atestadas nos formatos de divulgação, performance e venda dos
personagens midiáticos Lady Gaga e Marlyn Manson (material fotográfico retirado de Yahoo.com).
8.DESENVOLVIMENTO DO DESIGN:
De tal maneira embasado dos conceitos, das aplicabilidades e do comportamento, dá-se
início ao processo de desenvolvimento de um 'look' destinado a apresentação do conceito, portanto
carregado do elemento artístico e utilizando as premissas apresentadas nos registros fotográficos,
usando uma segmentação 'eufórica' com paleta de cores escurecida. Será apresentado a seguir
somente o desenvolvimento levado por imagens de Ambiência, Sketches, e ao final, o Croqui do
estilo alcançado pela pesquisa. Todas as imagens apresentadas aqui que não forem da autoria do
15. autor não poder ser correlacionadas a qualquer tipo de intuito ou inferência mercantil. Tal uso é de
destino acadêmico e fundamento científico:
17. Para a criação do 'look' conceitual fora estabelecida uma relação de dependência hierárquica
com o conteúdo literário de 'All along the watchtower' (DYLAN, 1968). Sendo assim, o decorrer da
estória cantada que seria o próprio desfile em si, seria protagonizada por um ladrão e um bobo da
corte, dividindo os outros posteriores looks em duas árvores, uma de palheta eufórica e outra de
palheta escurecida. Não se desenvolveu o conceito do bobo da corte, por uma opção de
identificação pessoal e objetivo da avaliação.
Conceito do Coringa: