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Diagnóstico sobre o planejamento e controle da produção de obras
                       residenciais em Curitiba-PR.

     Bruno S. Carvalho (1) Programa de Pós-graduação em Construção Civil - Setor de Tecnologia -
     Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico - Bloco LAME/CESEC - Jd. Américas. CEP
                     81531-990 - Curitiba (PR), Brasil - e-mail: bruno@aiza.com.br
      Juliana A. Lahóz (2) Programa de Pós-graduação em Construção Civil - Setor de Tecnologia
     Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico - Bloco LAME/CESEC - Jd. Américas. CEP
                 81531-990 - Curitiba (PR), Brasil - e-mail: juliana@julianalahoz.arq.br
     Ricardo M. Junior (3) Programa de Pós-graduação em Construção Civil - Setor de Tecnologia
     Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico - Bloco LAME/CESEC - Jd. Américas. CEP
                      81531-990 - Curitiba (PR), Brasil - e-mail: mendesjr@ufpr.br

Resumo: Este trabalho teve por finalidade relatar os diagnósticos realizados durante o período de pesquisa em
cinco obras de construtoras distintas de Curitiba. O estudo buscou traçar um panorama de como o planejamento
e controle da produção é conduzido nestas obras residenciais. O método adotado foi o estudo de caso com uma
pesquisa investigativa através do levantamento, formalização e verificação de conclusão das atividades de curto
prazo utilizando planilhas para o Last Planner®. As planilhas foram preenchidas em visitas semanais,
descrevendo as atividades planejadas para a semana subseqüente e posteriormente era feita a conferência da
execução destas atividades, e assim sucessivamente. O resultado foi a coleta de informações suficientes para o
cálculo do ritmo de trabalho real em algumas das obras estudadas, que possibilitou analisar os indicadores de
desempenho sobre problemas relacionados ao não cumprimento de tarefas planejadas e desenvolvimento de
planejamento de curto prazo. Estas informações foram comparadas com documentos existentes nas construtoras
referentes ao planejamento. Ao final, foram elaborados relatórios de diagnóstico das obras estudadas, baseados
na análise dos dados coletados e informações levantadas através de observação direta, a luz dos princípios da
Lean Construction apoiados em revisão bibliográfica. A análise dos relatórios gerados identificou em que
condições encontram-se as construtoras de Curitiba e permite a recomendação de que trabalhos futuros sejam
direcionados no desenvolvimento e disseminação das técnicas de PCP entre as empresas.


Palavras-chave: Construção Enxuta, Diagnóstico, Planejamento de curto prazo.


1.        Introdução
O processo de construção civil possui um alto grau de complexidade e incertezas. A obtenção
de resultados satisfatórios, tanto para o construtor, quanto para o usuário final da edificação, é
alcançada quando todo o processo é bem gerenciado. Segundo Bernardes (2001), o
planejamento e controle da produção (PCP) é uma ferramenta capaz de proporcionar a
introdução de melhorias nos aspectos organizacionais e temporais, reduzindo atividades que
não agregam valor e aumentando a confiabilidade da produção.
Um dos grandes problemas enfrentado dentro dos canteiros de obra e apontado por diversos
autores, é a realização de um planejamento deficiente e até mesmo falta de planejamento
(BERNARDES e FORMOSO, 2002; ALARCÓN, 1997; KUREK et alli, 2005).
Este trabalho trata de um diagnóstico elaborado com a colaboração do corpo técnico das
construtoras diretamente ligadas ao processo produtivo nas obras – engenheiro residente,
técnico residente e/ou mestre de obras. Foi realizado no período entre junho e outubro de
2007, com visitas periódicas semanais às obras, tem por objetivo demonstrar a atual situação
das construtoras de Curitiba frente ao tratamento e a importância dado ao Planejamento e
Controle de Produção, através da identificação de pontos críticos com a proposta de melhorias
de desempenho na produção.
2.     Estratégia de pesquisa
A estratégia de pesquisa utilizada no trabalho é composta por 3 etapas. A primeira etapa
refere-se a revisão bibliográfica dos temas abordados. A segunda etapa compõe-se de um
estudo exploratório em alguns canteiros que realizam obras residenciais com características
semelhantes na cidade de Curitiba. A terceira etapa, final, é a análise e elaboração do
diagnóstico, através do tratamento das informações coletadas em visitas, de cada uma das
obras e com uma posterior proposta de melhorias sobre os problemas verificados nestas obras
em relação ao PCP.
Este diagnóstico teve por delimitação do trabalho, a escolha de 5 obras distintas, de 5
construtoras diferentes, estas de pequeno e médio porte. As obras são todas residenciais,
diversificadas quanto aos padrões de acabamento que atingem dois níveis de mercado, classes
A e B, sendo todas com repetições de unidades. A fim de preservar a identidade das
construtoras que colaboraram com este trabalho, as obras serão aqui identificadas como obra
A, B, C, D e obra E.
A realização do diagnóstico foi possível após um contato prévio entre o coordenador do grupo
de pesquisa - GRUPOTIC da Universidade Federal do Paraná - e pelo menos um membro da
diretoria de cada uma das construtoras, que autorizou a entrada dos pesquisadores nas obras e
a realização de uma pesquisa investigativa.
Como referencia teórica, podemos considerar que a ferramenta Last Planner® retrata os
planos de curto prazo. E de acordo Ballard e Howell (1997), é este nível de planejamento que
contempla as últimas decisões no fluxo de trabalho, além de permitir pequenos ajustes
necessários para o cumprimento das tarefas antecedentes em conformidade com os recursos
de mão de obra, equipamento e material presentes na obra.
Para a realização deste plano de curto prazo Ballard (2000) recomenda que sejam seguidas as
seguintes características:
     a) Uma boa definição do pacote de trabalho
     b) Selecionar a seqüência certa de trabalho
     c) Selecionar um tamanho compatível ao trabalho que será realizado
     d) Planejar apenas o trabalho que pode ser realizado com as condições existentes na obra
         no momento do planejamento. Ou seja, o pacote de trabalho deve ser adequado.
Entende-se por um pacote de trabalho bem definido um determinado conjunto de atividades
da obra que é identificado e que essa identificação não pode ser ambígua sendo único dentro
do canteiro (BALLARD, 2000).
Com estes conceitos definidos, inicialmente foi aplicado um questionário semi-estruturado
com o responsável pela obra, baseado nos princípios da Lean Construction, associado às 14
práticas para avaliação do PCP proposto por Bernardes e Formoso (2002), na busca de
identificar a importância que o responsável pela obra destinava a tarefa de PCP e como cada
um gerenciava estas atividades.
Também foram feitas visitas semanais aos canteiros, normalmente acompanhadas ou pelo
mestre de obra, ou quando fosse o caso, pelo engenheiro residente da obra, para a coleta de
dados, que serão mostrados adiante. Tais colaboradores foram de fundamental importância ao
fornecerem as informações indispensáveis do dia-a-dia nos canteiros estudados, possibilitando
o estabelecimento de um quadro de análise de cada uma das obras.
Nestas visitas eram realizadas reuniões de ações com o responsável pelo canteiro, que era
questionado sobre quais deveriam ser as atividades previstas para a próxima semana,
estabelecendo um plano de curto prazo, indicando qual a equipe de operários que estaria
realizando a atividade e por quantos dias ocorreriam as atividades. Estas reuniões
normalmente duravam de 15 a 30 minutos e tinham para cada obra um horário e dia
específico na semana, combinado anteriormente com o responsável pelo canteiro.
A programação das atividades era descrita conforme a disponibilidade que o canteiro
proporcionava para a realização da mesma, Ou seja, para que uma atividade fosse inserida na
programação semanal era necessário que a maior parte das restrições fossem eliminadas.
Entende-se por restrições qualquer situação que impeça a não realização dos pacotes de
trabalho por exemplo: falta de materiais, falta de mão de obra, informações de projetos não
definidas, etc. (ALLARCON, 1997).
Esta situação evitava que uma determinada atividade não fosse cumprida pela presença de
uma restrição qualquer que poderia impedir a realização o pacote de trabalho do plano de
curto prazo.
Os pesquisadores anotavam as atividades em uma planilha de programação semanal, baseadas
no sistema Last Planner®, definindo claramente os pacotes de trabalhos e analisando as
restrições com os responsáveis da obra. Na semana seguinte eram conferidas as atividades que
haviam sido programadas na semana anterior, gerando o indicador PPC (Percentual de
Tarefas Programadas Concluídas) e também era realizada a nova programação.
Segundo Akkari et al (2006), a importância da remoção das restrições está relacionada à
diminuição das incertezas que normalmente estão inerentes ao processo de produção, à
liberação de pacotes de trabalho, para a execução e à integração entre os planos de médio e
curto prazo.
Conforme exemplifica Ballard e Howell (1997), através desta conferência de atividades
programadas, pode-se identificar as causas do não cumprimento dos pacotes de trabalho,
quando o mesmo não for executado. Desta forma eram gerados indicadores sobre a
quantificação e classificação dos tipos de problemas ocorridos no decorrer da semana que
impediram a realização da atividade.
Segundo Ballard (2000) estes problemas estão vinculados principalmente aos seguintes
fatores:
   a) Falhas no sistema de informação disponível para o Last Planner®
   b) Falha no critério qualitativo de aplicação do pacote de trabalho (muito trabalho
      planejado).
   c) Falha na coordenação e na divisão das tarefas.
   d) Mudanças de prioridades de tarefas repentinas durante a semana
   e) Erros de projeto (atrasos de entregas, informações conflitantes, não compatibilização)
Assim eram gerados indicadores que possibilitam que a empresa vislumbre, de maneira mais
clara, a melhoria contínua do processo, identificando os pontos críticos que impediam o
cumprimento dos pacotes de trabalho.
Desta forma, à medida que as empresas melhoram seu desempenho nos índices de PPC seria
perceptível a evolução e a confiança no trabalho de Planejamento e Controle da Produção.
Com o aumento da confiabilidade seria possível aumentar o tamanho dos pacotes de trabalho,
para se estabelecer o plano de médio prazo.
Foi estabelecido que as atividades relacionadas aos estudos de planejamento de médio prazo
somente iniciariam após um período de experiência e aprendizado, de no mínimo 04 semanas
consecutivas, da aplicação e assimilação, pela equipe da obra e pesquisadores, da
programação de curto prazo (ou também chamada de semanal). Bernardes (2001) e Coelho e
Formoso (2005) afirmam que se a técnica for aplicada imediatamente ao início da pesquisa,
poderia confundir o entrevistado, que ainda não possui a habilidade de planejamento
disseminada entre ele e sua equipe de obra.
3.     Descrição das obras
A construtora responsável pela obra A é uma empresa de pequeno porte especializada em
realizar edificações residências de alto padrão com certificação PBQP-H.
Esta obra trata-se de um conjunto residencial formado por um total de 160 apartamentos e
aproximadamente 16.000 m2 de área construída. O empreendimento é composto por um total
de 12 edifícios residenciais com quatro pavimentos cada.
O prazo total da obra é de três anos. Contudo, o ritmo de execução segue conforme a
demanda de mercado, uma vez que cada um dos edifícios residenciais concluído é
imediatamente vendido e ocupado pelos proprietários. Três já estão concluídos e com
moradores.
A obra B trata-se de um conjunto habitacional com 18 casas, de padrão médio, cada uma com
três quartos, dois banheiros, cozinha, sala e área externa com lavanderia. São casas de 66 m²
de área construída, inseridas em um terreno com área total aproximada de 3000 m², incluindo
uma área de lazer interna ao residencial.
A obra C é de alto padrão de acabamento composta por 03 torres, sendo uma delas com 07
pavimentos e 03 apartamentos por andar e as outras duas torres com 08 pavimentos e 04
apartamentos por andar. Mais os pavimentos de área comum: térreo e garagem.
A construtora possui certificação nível “A” do Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade do Habitat (PBQP-H), o que de certa forma padroniza a maneira de trabalho no
canteiro conforme normas vigentes desta certificação.
Com previsão de entrega em julho de 2008, a obra D é composta por um conjunto de 44 casas
geminadas com dois tipos de plantas diferentes, uma área comum de ruas pavimentadas,
parque infantil e salão de festas. Todas as casas possuem garagem, dois pavimentos e ático.
Os serviços são realizados somente por empreiteiros terceirizados e para cada atividade a ser
realizada são abertas licitações internas entre os empreiteiros que já estão executando os
serviços na obra.
O Conjunto residencial composto por 18 sobrados triplex com aproximadamente 80m² cada
foi chamado de obra E, sendo 04 deles com fachadas externas e 14 internos, formando um
condomínio. A obra foi iniciada em março de 2007, segundo informações da construtora.
Toda a mão-de-obra é contratada em regime de empreita, sob responsabilidade do mestre-de-
obras e pelo engenheiro proprietário da construtora. O encarregado foi quem forneceu a
maioria das informações coletadas para este estudo, juntamente com a técnica residente.


4.     Diagnóstico das obras analisadas
4.1    Obra - A
O cronograma formalizado não foi visualizado por nossa equipe nas visitas ao canteiro de
obra, apesar do engenheiro responsável possuir em seus arquivos um cronograma físico
financeiro, mas que não é disponibilizado para os operários da obra. Um dos princípios da
construção enxuta é a transparência no processo de produção, com dispositivos visuais
acessíveis a todos, neste caso, mostrou-se a ausência deste (BERNARDES, 2001).
A empresa trabalha em sistema de execução por empreitada. Todos os funcionários da obra
são terceirizados: mestre, almoxarife, encarregado e equipes de produção. Durante o período
de estudo a obra contou em média com a colaboração de 60 trabalhadores.
Para este trabalho foi estabelecido que somente fosse avaliado o bloco 06 que era o bloco em
execução na época das visitas na obra e este bloco foi concluído em um período de 120 dias.
Considerando um ciclo de produção de 06 dias por unidade, sendo 02 unidades no térreo e 12
unidades distribuídas em 03 andares com 04 apartamentos por andar, foi estabelecida a linha
de balanceamento.
No diagnóstico ainda foi identificado que o PPC médio avaliado em 6 semanas de trabalho foi
de 70% sendo que o PPC mínimo ocorreu na segunda semana coletada com 54% e o máximo
foi de 100% na ultima semana da coleta. Essa evolução no índice do PPC demonstra o efeito
aprendizagem sobre a ferramenta de PCP, mesmo esta sendo discutida com o responsável pela
obra apenas na visita do pesquisador. O principal problema identificado, com 77% de
incidência dentre todos os problemas, foram os erros na programação das atividades nas
tarefas semanais.
4.2    Obra – B
Para facilitar a identificação, as casas do condomínio foram numeradas de 01 a 18 sendo que
a primeira etapa da obra foi à execução das casas 12 a 18 e a segunda parte das casas 01 até
11. A primeira etapa antecedeu o estudo de PCP, pois as casas já tinham sido concluídas e a
maioria delas entregues aos proprietários quando iniciadas as visitas. A segunda etapa
acompanhada, e que foi feito o estudo para este trabalho, iniciou em abril de 2007 e tinha
prazo previsto para entrega em agosto do mesmo ano. O prazo foi estendido e a obra
encerrada em novembro.
A execução da maior parte dessa obra foi realizada por empreiteira terceirizada, sendo apenas
os serviços de funilaria, pintura e gesso realizados por funcionários da construtora. O mestre
de obra era um dos sócios da empresa empreiteira e foi quem forneceu as informações para o
preenchimento das planilhas semanais em visitas todas as sextas feiras.
Durante a fase de conclusão deste trabalho aplicou-se a dimensão de curto prazo. E para que
pudesse ser comparado o desempenho entre o planejado e o executado foi solicitado a
empresa o cronograma da obra, porém o mesmo não foi disponibilizado até a conclusão do
estudo.
Neste diagnóstico, ainda, foi identificado que o PPC médio avaliado entre as semanas 06 e 11
foi de 55% sendo que o PPC mínimo ocorreu na sexta semana de coleta com 35% e o máximo
foi de 70% na décima semana da coleta. Novamente a evolução no índice do PPC demonstra
o efeito aprendizagem sobre a ferramenta de PCP. O principal problema identificado com
92% de incidência dentre todos os problemas foram erros cometidos na programação das
atividades nas tarefas semanais, sendo identificada a dificuldade de transmissão das
informações entre o mestre de obras e os operários da obra, justificando o alto índice
apresentado.
4.3    Obra – C
O diagnóstico desta obra iniciou com a solicitação, ao engenheiro residente, do cronograma
elaborado pela construtora. Foi relatado que a obra possuía um cronograma, porém o mesmo
estava desatualizado. Até o término dos trabalhos o cronograma ainda não tinha sido
fornecido.
A falta de informação não inviabilizou os trabalhos. Com a ausência do cronograma, o
engenheiro residente se orientava por duas datas chaves que serviram como marco de
referência . A primeira é a data de início das vendas dos apartamentos 01/01/08. E a segunda
é a data de quando os proprietários dos apartamentos poderão mudar para o edifício, neste
caso 28/02/08.
Baseado nestas informações o ritmo da obra era traçado de maneira informal pelo engenheiro
residente. Porém nesta obra existe ainda um fator externo que interfere diretamente no ritmo
da obra. Como esta não é a única obra da construtora, as equipes especializadas de carpintaria,
alvenaria, gesso e instalações se revezam entre as diversas obras da empresa, o que pode
atrasar o início das atividades, se existirem problemas vinculados ao cronograma em alguma
outra obra em que estas equipes estejam trabalhando anteriormente à torre analisada nesse
processo.
De acordo com o responsável da obra é possível melhorar o desempenho realizado pela sua
equipe através das ferramentas de PCP, pois ele relatou sua evolução na maneira como
gerencia suas atividades nos horizontes de curto e médio prazo.
O PPC médio da obra C foi de 67%, atingindo o pico de 91% na sexta e última semana de
coleta. A coleta de dados foi interrompida na quarta semana, devido a férias coletivas da
empresa e o desempenho mais fraco ocorreu justamente no retorno, a quinta semana de coleta
de dados com PPC igual a 53%. Os principais problemas relatados na obra C foram referentes
aos erros de programação com 63% e com falta de pessoal 21% de todos os problemas
identificados que impediram a realização dos pacotes planejados.
4.4    Obra – D
O engenheiro da obra devido à sobrecarga de atividades comparece pouco ao canteiro,
delegando parte de suas atividades de controle e planejamento de produção aos subordinados.
Foi constatado que devido à grande quantidade de equipes de empreiteiros terceirizados na
obra, foram abertas muitas frentes de serviços de maneira que todas as 44 casas do
condomínio estavam na mesma etapa de construção com muitas frentes abertas e sem equipes
para ocupar todos os postos de trabalho disponíveis.
Esta situação prejudica a racionalização dos processos construtivos e dificulta a aplicação de
ferramentas vinculadas ao planejamento como a linha de balanceamento. Pois os processos
são descontínuos causando interrupções não programadas e falta de ritmo de produção
(MENDES JUNIOR, 1999).
No decorrer da coleta de informações houve um problema interno da construtora em que a
equipe técnica, engenheiro e mestre-de-obras foram deslocados para outras obras. O trabalho
pode ser desenvolvido por apenas mais 3 semanas e não foi possível a execução do
planejamento de médio prazo e linha de balanceamento.
O PPC médio desta obra foi de 57%, na qual o mínimo foi de 41% e o máximo de 76%. O
principal problema enfrentado nesta obra, como já foi diagnosticado anteriormente, é
referente à falta de pessoal com 44% e problemas de erros na programação com 36% das
incidências em relação a todos os problemas enfrentados que impediram a realização dos
pacotes de trabalho.
4.5    Obra – E
A empresa apresentou um cronograma físico financeiro da obra e a técnica residente
permanece na obra meio período (manhãs) e gera um relatório diário sobre as atividades e
situação da obra. O Cronograma Físico Financeiro foi fornecido pela construtora, mas não
tivemos acesso aos relatórios diários da técnica.
Esta obra em especial, apresentou diversos problemas que acarretaram no encerramento da
pesquisa de acompanhamento junto a mesma. Gradativamente, a cada semana, a obra teve seu
ritmo reduzido – inicialmente o mestre alegava falta de material, depois problemas com
pessoal – até que só estavam no canteiro o mestre e a técnica residente e mais nenhuma
atividade em andamento. Diante de tal fato, a equipe de pesquisa questionou a construtora
responsável sobre os motivos da paralisação. Foi-nos informada uma decisão estratégica
devido a mudanças em relação a parcerias financeiras que estariam sendo firmadas e,
portanto, a obra seria retomada em tempo futuro, não informado.
Foi possível diagnosticar que esta obra obteve o pior desempenho no PPC semanal entre todas
as obras estudadas comprovando que decisões de fluxo de caixa prejudicam o planejamento
da obra e conseqüentemente a racionalização dos processos.
As informações referentes à obra E foram coletadas em 7 planilhas de planejamento semanal.
O PPC mínimo da obra foi de 36% na segunda semana e o máximo de 55% na quinta semana
com uma média de 41%. A evolução identificada da segunda para quinta semana no índice de
PPC não pode ser atribuída ao efeito aprendizagem devido à grande quantidade de problemas
que interferiram na coleta dos dados, uma vez que o PPC coletado na última semana foi de
apenas 38%.
5.     Resultados obtidos
Este diagnóstico indica a pouca preocupação das empresas construtoras de Curitiba em
realizar o planejamento e controle de produção (PCP) de suas atividades nas obras. Pois de
acordo com as entrevistas semi estruturadas realizadas e com os indicadores de PPC foi
identificado que os responsáveis pelas obras não realizam rotineiramente a operação de
planejamento causando diversos problemas na produtividade que não são sequer percebidos
pelos encarregados das obras.
Apesar de todos os responsáveis pelas obras analisadas concordarem que o desenvolvimento e
a manutenção do planejamento e controle de produção é uma maneira organizada e
racionalizada de distribuir as atividades dentro do canteiro, contribuindo para reduzir
atividades desperdícios e ineficácia, os mesmos possuem dificuldades na elaboração do
planejamento e talvez por isso não o apliquem de maneira correta. Tais dificuldades, em
geral, podem ser atribuídas a falta de organização de um modo geral, e falta de conhecimento
das ferramentas existentes de planejamento e controle, pois uma vez conhecidos os métodos
aplicados, todos concordaram com a sua simplicidade.
Este fato se demonstrou evidente em todas as visitas. Ou seja, que o planejamento de curto
prazo e o controle desta programação é uma ferramenta de fácil acesso aos responsáveis do
canteiro, que quando treinados para tal, são plenamente possíveis de serem aplicados na rotina
diária do canteiro. Todos também concordaram que o auxilio propiciado por estas ferramentas
na organização das atividades melhora o fluxo de trabalho e pode reduzir as interrupções na
produção causadas por incertezas.
Pode-se dizer que as atividades vinculadas ao planejamento e ainda, inseridas nos princípios
da Lean Construction, minimizam as deficiências diagnosticadas nas obras aqui estudadas,
contribuindo na melhorias de desempenho das construtoras no que se refere, principalmente, a
organização dos canteiros e aos prazos realizados em suas obras.
O ganho na produtividade, a precisão no tempo total de execução da obra e a redução de
atividades que não agregam valor ao produto final são algumas das vantagens da aplicação do
PCP. O gráfico 1 mostra que a maior dificuldade a ser superada, com 55% das ocorrências, é
capacitar os responsáveis pelas obras a realizarem o planejamento de forma correta.
Problemas identificados, que são comumente citados como principais causadores pelo não
cumprimento dos pacotes de trabalho, tais como falta de material e problemas com a falta de
operários apareceram respectivamente em 7% e 18% dos casos, não sendo os maiores
causadores das falhas na programação nas obras estudadas. Segundo Bernardes e Formoso
(2002) os principais problemas enfrentados nas obras são referentes à: Acidentes, Clima,
Contrato, Equipamentos, Material, Pessoal, Programação, Projeto, Tarefas Anteriores.

                      Principais problemas vinculados ao não cumprimento
                                    das atividades planejadas.
                                                  Outros
                             Tarefas Anteriores
                                                   3%
                                     7%                           Material
                                                          Clima
                                                                    7%
                                                           5%
                                       Projeto
                                         5%

                                                                      Pessoal
                                                                       18%



                                            Programação
                                                55%




        Gráfico 1 – Principais problemas vinculados ao não cumprimento das atividades planejadas

Para a melhoria no desempenho do principal fator identificado no plano de curto prazo,
propõe-se a utilização do plano de médio prazo em conjunto com o curto prazo. Espera-se que
com esta outra ferramenta do planejamento e controle de produção pode-se melhorar o índice
do PPC identificado nas obras analisadas.
Pois o plano de curto prazo quando aplicado de forma única sem a preocupação com a análise
das restrições, que são identificadas no plano de médio prazo, não obtém resultados
satisfatórios ao ponto de serem expandidos e adotados pelas empresas como uma ferramenta
rotineira em suas obras.
Pois em nenhum caso analisado a empresa pesquisada deu continuidade a realização da
formalização dos planos de curto prazo após a saída dos pesquisadores das obras.
Pode-se verificar que a não utilização e difusão de um plano elaborado de médio prazo, de
aproximadamente 4 a 6 semanas, prejudicou a análise de curto prazo, pois as eliminação das
restrições não eram contempladas pelas obras.
Com esta nova proposta de abordagem para trabalhos futuros, que engloba o planejamento de
curto e médio prazo, espera-se um aumento no índice de desempenho do PPC em relação a
programação feita apenas com curto prazo, pois como podemos observar a utilização continua
de técnicas de planejamento tendem a reduzir incertezas dentro do canteiro
Conforme o gráfico 2, a medida que o planejamento passa a ser inserido na cultura das
empresas, o mesmo passa a apresentar melhores índices de PPC além de ganhos de
produtividade e organização das atividades na obra, uma vez que a linha média apresenta um
crescimento no seus índices a medida que as semanas avançam, principalmente com a coleta
das planilhas semanais.

                120%

                100%
                                                                            OBRA - A
                 80%
                                                                            OBRA - B
                 60%                                                        OBRA - C
                                                                            OBRA - D
                 40%
                                                                            OBRA - E
                 20%
                                                                            MÉDIA GERAL

                  0%
                         1       2         3        4       5       6



                                     Gráfico 2 – Índices coletatos de PPC

Este trabalho procurou identificar em que condições encontram-se as construtoras de Curitiba
e a análise dos dados coletados permite a recomendação de que trabalhos futuros sejam
direcionados no desenvolvimento e disseminação das técnicas de PCP entre as empresas
construtoras para tentar reduzir os índices apontados aqui. Futuras pesquisas poderão
contribuir na racionalização dos processos, melhorando o fluxo de trabalho, aumentando a
transparência das atividades entre os operários e conseqüentemente, fazendo com que os
índices de PPC, dentro dos canteiros de obra, enquadrem-se em números mais próximos dos
aceitáveis pela literatura, demonstrando uma melhoria contínua no processo de construção
civil em Curitiba.
Os relatórios elaborados nestes estudos foram entregues para as construtoras, e serviram de
apoio ao planejamento de ações para implantação da Lean Construction junto a um grupo de
empresas do projeto Construindo o Futuro (Grupo 2) do Sinduscon-PR. Este trabalho também
serviu de preparação exploratória e metodológica para os estudos em 2008 no Projeto
Técnicas de Produção e Materiais para Fluxo de Informação em Canteiros de Obras, em
parceria com a Universidade de Karlsruhe em andamento (2007/08).
Participaram deste trabalho também os alunos do Programa de Iniciação Científica e do
Programa Especial de Treinamento. Este foi o primeiro contato destes estudantes de
Engenharia com as técnicas utilizadas e com a realidade das obras, tendo sido sua primeira
experiência deste tipo e, por isso, muito importante para sua formação.
Agradecemos às empresas, seus responsáveis no canteiro de obras e seus colaboradores, que
permitiram e apoiaram este trabalho.


1   REFERÊNCIAS
ALARCÓN, L. The importance of research to develop lean construction. In: Seminário Internacional sobre
Lean Construction, 2, 20-21 Out., 1997b. São Paulo. Anais..., 1997.
ALARCÓN, L. Tools for the Identification and Reduction of Waste in Construction Projects. In: ALARCÓN,
Luis. (Ed.). Lean Construction. Rotterdam: A.A. Balkema, 1997a, p. 365-377.
BALLARD, G. The last planner system of productions control. 2000. (Thesis) - Dpt. Of Civil Engineering,
University of Birmingham, Birmingham, U.K., June, 2000.
BERNARDES M. M.; FORMOSO C. T. Diretrizes para avaliação de sistemas de planejamento e controle da
produção de micro e pequenas empresas de construção. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO
AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2002, Foz do Iguaçu- PR, Brasil.
BERNARDES, M. M. S. Desenvolvimento de um Modelo de Planejamento e Controle da Produção para Micro
e Pequenas Empresas da Construção. Tese (Doutorado em Engenharia) - Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001.
COELHO, H.; FORMOSO C. Diretrizes e requisitos para o planejamento e controle da produção em nível de
médio prazo na construção civil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 2005,
Porto Alegre – RS, Brasil.
KUREK J.; PANDOLFO A.; BRANDLI L.; ROJAS J. Implantação de um sistema de planejamento e
Controle da produção em uma empresa construtora In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA
CONSTRUÇÃO, 2005, Porto Alegre – RS, Brasil.
MENDES JUNIOR, R. Programação da produção na construção de edifícios de múltiplos pavimentos. Tese
(Doutorado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal
de Santa Catarina, 1999, Florianópolis – SC, Brasil.
BALLARD G.; HOWELL G. Shielding Production: An Essential Step in Production Control. Technical
Report No. 97-1, Construction Engineering and Management Program, Department of Civil and Environmental
Engineering, University of California, 1997.
AKKARI A.; SILVA C.; VALE F.; ESPINHEIRA R.; SENA R. Impacto do indicador de remoção de
restrição em relaçãoo ao prazo da obra e ao indicador de avanço físico no planejamento e controle da
produção avaliação de 14 empreendimentos da cidade de Salvador-BA. In: XI ENCONTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2006, Florianópolis – SC, Brasil.

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Controle de planejamento

  • 1. Diagnóstico sobre o planejamento e controle da produção de obras residenciais em Curitiba-PR. Bruno S. Carvalho (1) Programa de Pós-graduação em Construção Civil - Setor de Tecnologia - Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico - Bloco LAME/CESEC - Jd. Américas. CEP 81531-990 - Curitiba (PR), Brasil - e-mail: bruno@aiza.com.br Juliana A. Lahóz (2) Programa de Pós-graduação em Construção Civil - Setor de Tecnologia Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico - Bloco LAME/CESEC - Jd. Américas. CEP 81531-990 - Curitiba (PR), Brasil - e-mail: juliana@julianalahoz.arq.br Ricardo M. Junior (3) Programa de Pós-graduação em Construção Civil - Setor de Tecnologia Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico - Bloco LAME/CESEC - Jd. Américas. CEP 81531-990 - Curitiba (PR), Brasil - e-mail: mendesjr@ufpr.br Resumo: Este trabalho teve por finalidade relatar os diagnósticos realizados durante o período de pesquisa em cinco obras de construtoras distintas de Curitiba. O estudo buscou traçar um panorama de como o planejamento e controle da produção é conduzido nestas obras residenciais. O método adotado foi o estudo de caso com uma pesquisa investigativa através do levantamento, formalização e verificação de conclusão das atividades de curto prazo utilizando planilhas para o Last Planner®. As planilhas foram preenchidas em visitas semanais, descrevendo as atividades planejadas para a semana subseqüente e posteriormente era feita a conferência da execução destas atividades, e assim sucessivamente. O resultado foi a coleta de informações suficientes para o cálculo do ritmo de trabalho real em algumas das obras estudadas, que possibilitou analisar os indicadores de desempenho sobre problemas relacionados ao não cumprimento de tarefas planejadas e desenvolvimento de planejamento de curto prazo. Estas informações foram comparadas com documentos existentes nas construtoras referentes ao planejamento. Ao final, foram elaborados relatórios de diagnóstico das obras estudadas, baseados na análise dos dados coletados e informações levantadas através de observação direta, a luz dos princípios da Lean Construction apoiados em revisão bibliográfica. A análise dos relatórios gerados identificou em que condições encontram-se as construtoras de Curitiba e permite a recomendação de que trabalhos futuros sejam direcionados no desenvolvimento e disseminação das técnicas de PCP entre as empresas. Palavras-chave: Construção Enxuta, Diagnóstico, Planejamento de curto prazo. 1. Introdução O processo de construção civil possui um alto grau de complexidade e incertezas. A obtenção de resultados satisfatórios, tanto para o construtor, quanto para o usuário final da edificação, é alcançada quando todo o processo é bem gerenciado. Segundo Bernardes (2001), o planejamento e controle da produção (PCP) é uma ferramenta capaz de proporcionar a introdução de melhorias nos aspectos organizacionais e temporais, reduzindo atividades que não agregam valor e aumentando a confiabilidade da produção. Um dos grandes problemas enfrentado dentro dos canteiros de obra e apontado por diversos autores, é a realização de um planejamento deficiente e até mesmo falta de planejamento (BERNARDES e FORMOSO, 2002; ALARCÓN, 1997; KUREK et alli, 2005). Este trabalho trata de um diagnóstico elaborado com a colaboração do corpo técnico das
  • 2. construtoras diretamente ligadas ao processo produtivo nas obras – engenheiro residente, técnico residente e/ou mestre de obras. Foi realizado no período entre junho e outubro de 2007, com visitas periódicas semanais às obras, tem por objetivo demonstrar a atual situação das construtoras de Curitiba frente ao tratamento e a importância dado ao Planejamento e Controle de Produção, através da identificação de pontos críticos com a proposta de melhorias de desempenho na produção. 2. Estratégia de pesquisa A estratégia de pesquisa utilizada no trabalho é composta por 3 etapas. A primeira etapa refere-se a revisão bibliográfica dos temas abordados. A segunda etapa compõe-se de um estudo exploratório em alguns canteiros que realizam obras residenciais com características semelhantes na cidade de Curitiba. A terceira etapa, final, é a análise e elaboração do diagnóstico, através do tratamento das informações coletadas em visitas, de cada uma das obras e com uma posterior proposta de melhorias sobre os problemas verificados nestas obras em relação ao PCP. Este diagnóstico teve por delimitação do trabalho, a escolha de 5 obras distintas, de 5 construtoras diferentes, estas de pequeno e médio porte. As obras são todas residenciais, diversificadas quanto aos padrões de acabamento que atingem dois níveis de mercado, classes A e B, sendo todas com repetições de unidades. A fim de preservar a identidade das construtoras que colaboraram com este trabalho, as obras serão aqui identificadas como obra A, B, C, D e obra E. A realização do diagnóstico foi possível após um contato prévio entre o coordenador do grupo de pesquisa - GRUPOTIC da Universidade Federal do Paraná - e pelo menos um membro da diretoria de cada uma das construtoras, que autorizou a entrada dos pesquisadores nas obras e a realização de uma pesquisa investigativa. Como referencia teórica, podemos considerar que a ferramenta Last Planner® retrata os planos de curto prazo. E de acordo Ballard e Howell (1997), é este nível de planejamento que contempla as últimas decisões no fluxo de trabalho, além de permitir pequenos ajustes necessários para o cumprimento das tarefas antecedentes em conformidade com os recursos de mão de obra, equipamento e material presentes na obra. Para a realização deste plano de curto prazo Ballard (2000) recomenda que sejam seguidas as seguintes características: a) Uma boa definição do pacote de trabalho b) Selecionar a seqüência certa de trabalho c) Selecionar um tamanho compatível ao trabalho que será realizado d) Planejar apenas o trabalho que pode ser realizado com as condições existentes na obra no momento do planejamento. Ou seja, o pacote de trabalho deve ser adequado. Entende-se por um pacote de trabalho bem definido um determinado conjunto de atividades da obra que é identificado e que essa identificação não pode ser ambígua sendo único dentro do canteiro (BALLARD, 2000). Com estes conceitos definidos, inicialmente foi aplicado um questionário semi-estruturado com o responsável pela obra, baseado nos princípios da Lean Construction, associado às 14 práticas para avaliação do PCP proposto por Bernardes e Formoso (2002), na busca de identificar a importância que o responsável pela obra destinava a tarefa de PCP e como cada um gerenciava estas atividades. Também foram feitas visitas semanais aos canteiros, normalmente acompanhadas ou pelo
  • 3. mestre de obra, ou quando fosse o caso, pelo engenheiro residente da obra, para a coleta de dados, que serão mostrados adiante. Tais colaboradores foram de fundamental importância ao fornecerem as informações indispensáveis do dia-a-dia nos canteiros estudados, possibilitando o estabelecimento de um quadro de análise de cada uma das obras. Nestas visitas eram realizadas reuniões de ações com o responsável pelo canteiro, que era questionado sobre quais deveriam ser as atividades previstas para a próxima semana, estabelecendo um plano de curto prazo, indicando qual a equipe de operários que estaria realizando a atividade e por quantos dias ocorreriam as atividades. Estas reuniões normalmente duravam de 15 a 30 minutos e tinham para cada obra um horário e dia específico na semana, combinado anteriormente com o responsável pelo canteiro. A programação das atividades era descrita conforme a disponibilidade que o canteiro proporcionava para a realização da mesma, Ou seja, para que uma atividade fosse inserida na programação semanal era necessário que a maior parte das restrições fossem eliminadas. Entende-se por restrições qualquer situação que impeça a não realização dos pacotes de trabalho por exemplo: falta de materiais, falta de mão de obra, informações de projetos não definidas, etc. (ALLARCON, 1997). Esta situação evitava que uma determinada atividade não fosse cumprida pela presença de uma restrição qualquer que poderia impedir a realização o pacote de trabalho do plano de curto prazo. Os pesquisadores anotavam as atividades em uma planilha de programação semanal, baseadas no sistema Last Planner®, definindo claramente os pacotes de trabalhos e analisando as restrições com os responsáveis da obra. Na semana seguinte eram conferidas as atividades que haviam sido programadas na semana anterior, gerando o indicador PPC (Percentual de Tarefas Programadas Concluídas) e também era realizada a nova programação. Segundo Akkari et al (2006), a importância da remoção das restrições está relacionada à diminuição das incertezas que normalmente estão inerentes ao processo de produção, à liberação de pacotes de trabalho, para a execução e à integração entre os planos de médio e curto prazo. Conforme exemplifica Ballard e Howell (1997), através desta conferência de atividades programadas, pode-se identificar as causas do não cumprimento dos pacotes de trabalho, quando o mesmo não for executado. Desta forma eram gerados indicadores sobre a quantificação e classificação dos tipos de problemas ocorridos no decorrer da semana que impediram a realização da atividade. Segundo Ballard (2000) estes problemas estão vinculados principalmente aos seguintes fatores: a) Falhas no sistema de informação disponível para o Last Planner® b) Falha no critério qualitativo de aplicação do pacote de trabalho (muito trabalho planejado). c) Falha na coordenação e na divisão das tarefas. d) Mudanças de prioridades de tarefas repentinas durante a semana e) Erros de projeto (atrasos de entregas, informações conflitantes, não compatibilização) Assim eram gerados indicadores que possibilitam que a empresa vislumbre, de maneira mais clara, a melhoria contínua do processo, identificando os pontos críticos que impediam o cumprimento dos pacotes de trabalho.
  • 4. Desta forma, à medida que as empresas melhoram seu desempenho nos índices de PPC seria perceptível a evolução e a confiança no trabalho de Planejamento e Controle da Produção. Com o aumento da confiabilidade seria possível aumentar o tamanho dos pacotes de trabalho, para se estabelecer o plano de médio prazo. Foi estabelecido que as atividades relacionadas aos estudos de planejamento de médio prazo somente iniciariam após um período de experiência e aprendizado, de no mínimo 04 semanas consecutivas, da aplicação e assimilação, pela equipe da obra e pesquisadores, da programação de curto prazo (ou também chamada de semanal). Bernardes (2001) e Coelho e Formoso (2005) afirmam que se a técnica for aplicada imediatamente ao início da pesquisa, poderia confundir o entrevistado, que ainda não possui a habilidade de planejamento disseminada entre ele e sua equipe de obra. 3. Descrição das obras A construtora responsável pela obra A é uma empresa de pequeno porte especializada em realizar edificações residências de alto padrão com certificação PBQP-H. Esta obra trata-se de um conjunto residencial formado por um total de 160 apartamentos e aproximadamente 16.000 m2 de área construída. O empreendimento é composto por um total de 12 edifícios residenciais com quatro pavimentos cada. O prazo total da obra é de três anos. Contudo, o ritmo de execução segue conforme a demanda de mercado, uma vez que cada um dos edifícios residenciais concluído é imediatamente vendido e ocupado pelos proprietários. Três já estão concluídos e com moradores. A obra B trata-se de um conjunto habitacional com 18 casas, de padrão médio, cada uma com três quartos, dois banheiros, cozinha, sala e área externa com lavanderia. São casas de 66 m² de área construída, inseridas em um terreno com área total aproximada de 3000 m², incluindo uma área de lazer interna ao residencial. A obra C é de alto padrão de acabamento composta por 03 torres, sendo uma delas com 07 pavimentos e 03 apartamentos por andar e as outras duas torres com 08 pavimentos e 04 apartamentos por andar. Mais os pavimentos de área comum: térreo e garagem. A construtora possui certificação nível “A” do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), o que de certa forma padroniza a maneira de trabalho no canteiro conforme normas vigentes desta certificação. Com previsão de entrega em julho de 2008, a obra D é composta por um conjunto de 44 casas geminadas com dois tipos de plantas diferentes, uma área comum de ruas pavimentadas, parque infantil e salão de festas. Todas as casas possuem garagem, dois pavimentos e ático. Os serviços são realizados somente por empreiteiros terceirizados e para cada atividade a ser realizada são abertas licitações internas entre os empreiteiros que já estão executando os serviços na obra. O Conjunto residencial composto por 18 sobrados triplex com aproximadamente 80m² cada foi chamado de obra E, sendo 04 deles com fachadas externas e 14 internos, formando um condomínio. A obra foi iniciada em março de 2007, segundo informações da construtora. Toda a mão-de-obra é contratada em regime de empreita, sob responsabilidade do mestre-de- obras e pelo engenheiro proprietário da construtora. O encarregado foi quem forneceu a maioria das informações coletadas para este estudo, juntamente com a técnica residente. 4. Diagnóstico das obras analisadas
  • 5. 4.1 Obra - A O cronograma formalizado não foi visualizado por nossa equipe nas visitas ao canteiro de obra, apesar do engenheiro responsável possuir em seus arquivos um cronograma físico financeiro, mas que não é disponibilizado para os operários da obra. Um dos princípios da construção enxuta é a transparência no processo de produção, com dispositivos visuais acessíveis a todos, neste caso, mostrou-se a ausência deste (BERNARDES, 2001). A empresa trabalha em sistema de execução por empreitada. Todos os funcionários da obra são terceirizados: mestre, almoxarife, encarregado e equipes de produção. Durante o período de estudo a obra contou em média com a colaboração de 60 trabalhadores. Para este trabalho foi estabelecido que somente fosse avaliado o bloco 06 que era o bloco em execução na época das visitas na obra e este bloco foi concluído em um período de 120 dias. Considerando um ciclo de produção de 06 dias por unidade, sendo 02 unidades no térreo e 12 unidades distribuídas em 03 andares com 04 apartamentos por andar, foi estabelecida a linha de balanceamento. No diagnóstico ainda foi identificado que o PPC médio avaliado em 6 semanas de trabalho foi de 70% sendo que o PPC mínimo ocorreu na segunda semana coletada com 54% e o máximo foi de 100% na ultima semana da coleta. Essa evolução no índice do PPC demonstra o efeito aprendizagem sobre a ferramenta de PCP, mesmo esta sendo discutida com o responsável pela obra apenas na visita do pesquisador. O principal problema identificado, com 77% de incidência dentre todos os problemas, foram os erros na programação das atividades nas tarefas semanais. 4.2 Obra – B Para facilitar a identificação, as casas do condomínio foram numeradas de 01 a 18 sendo que a primeira etapa da obra foi à execução das casas 12 a 18 e a segunda parte das casas 01 até 11. A primeira etapa antecedeu o estudo de PCP, pois as casas já tinham sido concluídas e a maioria delas entregues aos proprietários quando iniciadas as visitas. A segunda etapa acompanhada, e que foi feito o estudo para este trabalho, iniciou em abril de 2007 e tinha prazo previsto para entrega em agosto do mesmo ano. O prazo foi estendido e a obra encerrada em novembro. A execução da maior parte dessa obra foi realizada por empreiteira terceirizada, sendo apenas os serviços de funilaria, pintura e gesso realizados por funcionários da construtora. O mestre de obra era um dos sócios da empresa empreiteira e foi quem forneceu as informações para o preenchimento das planilhas semanais em visitas todas as sextas feiras. Durante a fase de conclusão deste trabalho aplicou-se a dimensão de curto prazo. E para que pudesse ser comparado o desempenho entre o planejado e o executado foi solicitado a empresa o cronograma da obra, porém o mesmo não foi disponibilizado até a conclusão do estudo. Neste diagnóstico, ainda, foi identificado que o PPC médio avaliado entre as semanas 06 e 11 foi de 55% sendo que o PPC mínimo ocorreu na sexta semana de coleta com 35% e o máximo foi de 70% na décima semana da coleta. Novamente a evolução no índice do PPC demonstra o efeito aprendizagem sobre a ferramenta de PCP. O principal problema identificado com 92% de incidência dentre todos os problemas foram erros cometidos na programação das atividades nas tarefas semanais, sendo identificada a dificuldade de transmissão das informações entre o mestre de obras e os operários da obra, justificando o alto índice apresentado. 4.3 Obra – C
  • 6. O diagnóstico desta obra iniciou com a solicitação, ao engenheiro residente, do cronograma elaborado pela construtora. Foi relatado que a obra possuía um cronograma, porém o mesmo estava desatualizado. Até o término dos trabalhos o cronograma ainda não tinha sido fornecido. A falta de informação não inviabilizou os trabalhos. Com a ausência do cronograma, o engenheiro residente se orientava por duas datas chaves que serviram como marco de referência . A primeira é a data de início das vendas dos apartamentos 01/01/08. E a segunda é a data de quando os proprietários dos apartamentos poderão mudar para o edifício, neste caso 28/02/08. Baseado nestas informações o ritmo da obra era traçado de maneira informal pelo engenheiro residente. Porém nesta obra existe ainda um fator externo que interfere diretamente no ritmo da obra. Como esta não é a única obra da construtora, as equipes especializadas de carpintaria, alvenaria, gesso e instalações se revezam entre as diversas obras da empresa, o que pode atrasar o início das atividades, se existirem problemas vinculados ao cronograma em alguma outra obra em que estas equipes estejam trabalhando anteriormente à torre analisada nesse processo. De acordo com o responsável da obra é possível melhorar o desempenho realizado pela sua equipe através das ferramentas de PCP, pois ele relatou sua evolução na maneira como gerencia suas atividades nos horizontes de curto e médio prazo. O PPC médio da obra C foi de 67%, atingindo o pico de 91% na sexta e última semana de coleta. A coleta de dados foi interrompida na quarta semana, devido a férias coletivas da empresa e o desempenho mais fraco ocorreu justamente no retorno, a quinta semana de coleta de dados com PPC igual a 53%. Os principais problemas relatados na obra C foram referentes aos erros de programação com 63% e com falta de pessoal 21% de todos os problemas identificados que impediram a realização dos pacotes planejados. 4.4 Obra – D O engenheiro da obra devido à sobrecarga de atividades comparece pouco ao canteiro, delegando parte de suas atividades de controle e planejamento de produção aos subordinados. Foi constatado que devido à grande quantidade de equipes de empreiteiros terceirizados na obra, foram abertas muitas frentes de serviços de maneira que todas as 44 casas do condomínio estavam na mesma etapa de construção com muitas frentes abertas e sem equipes para ocupar todos os postos de trabalho disponíveis. Esta situação prejudica a racionalização dos processos construtivos e dificulta a aplicação de ferramentas vinculadas ao planejamento como a linha de balanceamento. Pois os processos são descontínuos causando interrupções não programadas e falta de ritmo de produção (MENDES JUNIOR, 1999). No decorrer da coleta de informações houve um problema interno da construtora em que a equipe técnica, engenheiro e mestre-de-obras foram deslocados para outras obras. O trabalho pode ser desenvolvido por apenas mais 3 semanas e não foi possível a execução do planejamento de médio prazo e linha de balanceamento. O PPC médio desta obra foi de 57%, na qual o mínimo foi de 41% e o máximo de 76%. O principal problema enfrentado nesta obra, como já foi diagnosticado anteriormente, é referente à falta de pessoal com 44% e problemas de erros na programação com 36% das incidências em relação a todos os problemas enfrentados que impediram a realização dos pacotes de trabalho.
  • 7. 4.5 Obra – E A empresa apresentou um cronograma físico financeiro da obra e a técnica residente permanece na obra meio período (manhãs) e gera um relatório diário sobre as atividades e situação da obra. O Cronograma Físico Financeiro foi fornecido pela construtora, mas não tivemos acesso aos relatórios diários da técnica. Esta obra em especial, apresentou diversos problemas que acarretaram no encerramento da pesquisa de acompanhamento junto a mesma. Gradativamente, a cada semana, a obra teve seu ritmo reduzido – inicialmente o mestre alegava falta de material, depois problemas com pessoal – até que só estavam no canteiro o mestre e a técnica residente e mais nenhuma atividade em andamento. Diante de tal fato, a equipe de pesquisa questionou a construtora responsável sobre os motivos da paralisação. Foi-nos informada uma decisão estratégica devido a mudanças em relação a parcerias financeiras que estariam sendo firmadas e, portanto, a obra seria retomada em tempo futuro, não informado. Foi possível diagnosticar que esta obra obteve o pior desempenho no PPC semanal entre todas as obras estudadas comprovando que decisões de fluxo de caixa prejudicam o planejamento da obra e conseqüentemente a racionalização dos processos. As informações referentes à obra E foram coletadas em 7 planilhas de planejamento semanal. O PPC mínimo da obra foi de 36% na segunda semana e o máximo de 55% na quinta semana com uma média de 41%. A evolução identificada da segunda para quinta semana no índice de PPC não pode ser atribuída ao efeito aprendizagem devido à grande quantidade de problemas que interferiram na coleta dos dados, uma vez que o PPC coletado na última semana foi de apenas 38%. 5. Resultados obtidos Este diagnóstico indica a pouca preocupação das empresas construtoras de Curitiba em realizar o planejamento e controle de produção (PCP) de suas atividades nas obras. Pois de acordo com as entrevistas semi estruturadas realizadas e com os indicadores de PPC foi identificado que os responsáveis pelas obras não realizam rotineiramente a operação de planejamento causando diversos problemas na produtividade que não são sequer percebidos pelos encarregados das obras. Apesar de todos os responsáveis pelas obras analisadas concordarem que o desenvolvimento e a manutenção do planejamento e controle de produção é uma maneira organizada e racionalizada de distribuir as atividades dentro do canteiro, contribuindo para reduzir atividades desperdícios e ineficácia, os mesmos possuem dificuldades na elaboração do planejamento e talvez por isso não o apliquem de maneira correta. Tais dificuldades, em geral, podem ser atribuídas a falta de organização de um modo geral, e falta de conhecimento das ferramentas existentes de planejamento e controle, pois uma vez conhecidos os métodos aplicados, todos concordaram com a sua simplicidade. Este fato se demonstrou evidente em todas as visitas. Ou seja, que o planejamento de curto prazo e o controle desta programação é uma ferramenta de fácil acesso aos responsáveis do canteiro, que quando treinados para tal, são plenamente possíveis de serem aplicados na rotina diária do canteiro. Todos também concordaram que o auxilio propiciado por estas ferramentas na organização das atividades melhora o fluxo de trabalho e pode reduzir as interrupções na produção causadas por incertezas. Pode-se dizer que as atividades vinculadas ao planejamento e ainda, inseridas nos princípios da Lean Construction, minimizam as deficiências diagnosticadas nas obras aqui estudadas, contribuindo na melhorias de desempenho das construtoras no que se refere, principalmente, a
  • 8. organização dos canteiros e aos prazos realizados em suas obras. O ganho na produtividade, a precisão no tempo total de execução da obra e a redução de atividades que não agregam valor ao produto final são algumas das vantagens da aplicação do PCP. O gráfico 1 mostra que a maior dificuldade a ser superada, com 55% das ocorrências, é capacitar os responsáveis pelas obras a realizarem o planejamento de forma correta. Problemas identificados, que são comumente citados como principais causadores pelo não cumprimento dos pacotes de trabalho, tais como falta de material e problemas com a falta de operários apareceram respectivamente em 7% e 18% dos casos, não sendo os maiores causadores das falhas na programação nas obras estudadas. Segundo Bernardes e Formoso (2002) os principais problemas enfrentados nas obras são referentes à: Acidentes, Clima, Contrato, Equipamentos, Material, Pessoal, Programação, Projeto, Tarefas Anteriores. Principais problemas vinculados ao não cumprimento das atividades planejadas. Outros Tarefas Anteriores 3% 7% Material Clima 7% 5% Projeto 5% Pessoal 18% Programação 55% Gráfico 1 – Principais problemas vinculados ao não cumprimento das atividades planejadas Para a melhoria no desempenho do principal fator identificado no plano de curto prazo, propõe-se a utilização do plano de médio prazo em conjunto com o curto prazo. Espera-se que com esta outra ferramenta do planejamento e controle de produção pode-se melhorar o índice do PPC identificado nas obras analisadas. Pois o plano de curto prazo quando aplicado de forma única sem a preocupação com a análise das restrições, que são identificadas no plano de médio prazo, não obtém resultados satisfatórios ao ponto de serem expandidos e adotados pelas empresas como uma ferramenta rotineira em suas obras. Pois em nenhum caso analisado a empresa pesquisada deu continuidade a realização da formalização dos planos de curto prazo após a saída dos pesquisadores das obras. Pode-se verificar que a não utilização e difusão de um plano elaborado de médio prazo, de aproximadamente 4 a 6 semanas, prejudicou a análise de curto prazo, pois as eliminação das restrições não eram contempladas pelas obras. Com esta nova proposta de abordagem para trabalhos futuros, que engloba o planejamento de curto e médio prazo, espera-se um aumento no índice de desempenho do PPC em relação a programação feita apenas com curto prazo, pois como podemos observar a utilização continua de técnicas de planejamento tendem a reduzir incertezas dentro do canteiro
  • 9. Conforme o gráfico 2, a medida que o planejamento passa a ser inserido na cultura das empresas, o mesmo passa a apresentar melhores índices de PPC além de ganhos de produtividade e organização das atividades na obra, uma vez que a linha média apresenta um crescimento no seus índices a medida que as semanas avançam, principalmente com a coleta das planilhas semanais. 120% 100% OBRA - A 80% OBRA - B 60% OBRA - C OBRA - D 40% OBRA - E 20% MÉDIA GERAL 0% 1 2 3 4 5 6 Gráfico 2 – Índices coletatos de PPC Este trabalho procurou identificar em que condições encontram-se as construtoras de Curitiba e a análise dos dados coletados permite a recomendação de que trabalhos futuros sejam direcionados no desenvolvimento e disseminação das técnicas de PCP entre as empresas construtoras para tentar reduzir os índices apontados aqui. Futuras pesquisas poderão contribuir na racionalização dos processos, melhorando o fluxo de trabalho, aumentando a transparência das atividades entre os operários e conseqüentemente, fazendo com que os índices de PPC, dentro dos canteiros de obra, enquadrem-se em números mais próximos dos aceitáveis pela literatura, demonstrando uma melhoria contínua no processo de construção civil em Curitiba. Os relatórios elaborados nestes estudos foram entregues para as construtoras, e serviram de apoio ao planejamento de ações para implantação da Lean Construction junto a um grupo de empresas do projeto Construindo o Futuro (Grupo 2) do Sinduscon-PR. Este trabalho também serviu de preparação exploratória e metodológica para os estudos em 2008 no Projeto Técnicas de Produção e Materiais para Fluxo de Informação em Canteiros de Obras, em parceria com a Universidade de Karlsruhe em andamento (2007/08). Participaram deste trabalho também os alunos do Programa de Iniciação Científica e do Programa Especial de Treinamento. Este foi o primeiro contato destes estudantes de Engenharia com as técnicas utilizadas e com a realidade das obras, tendo sido sua primeira experiência deste tipo e, por isso, muito importante para sua formação. Agradecemos às empresas, seus responsáveis no canteiro de obras e seus colaboradores, que permitiram e apoiaram este trabalho. 1 REFERÊNCIAS ALARCÓN, L. The importance of research to develop lean construction. In: Seminário Internacional sobre Lean Construction, 2, 20-21 Out., 1997b. São Paulo. Anais..., 1997. ALARCÓN, L. Tools for the Identification and Reduction of Waste in Construction Projects. In: ALARCÓN, Luis. (Ed.). Lean Construction. Rotterdam: A.A. Balkema, 1997a, p. 365-377.
  • 10. BALLARD, G. The last planner system of productions control. 2000. (Thesis) - Dpt. Of Civil Engineering, University of Birmingham, Birmingham, U.K., June, 2000. BERNARDES M. M.; FORMOSO C. T. Diretrizes para avaliação de sistemas de planejamento e controle da produção de micro e pequenas empresas de construção. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2002, Foz do Iguaçu- PR, Brasil. BERNARDES, M. M. S. Desenvolvimento de um Modelo de Planejamento e Controle da Produção para Micro e Pequenas Empresas da Construção. Tese (Doutorado em Engenharia) - Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001. COELHO, H.; FORMOSO C. Diretrizes e requisitos para o planejamento e controle da produção em nível de médio prazo na construção civil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 2005, Porto Alegre – RS, Brasil. KUREK J.; PANDOLFO A.; BRANDLI L.; ROJAS J. Implantação de um sistema de planejamento e Controle da produção em uma empresa construtora In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 2005, Porto Alegre – RS, Brasil. MENDES JUNIOR, R. Programação da produção na construção de edifícios de múltiplos pavimentos. Tese (Doutorado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catarina, 1999, Florianópolis – SC, Brasil. BALLARD G.; HOWELL G. Shielding Production: An Essential Step in Production Control. Technical Report No. 97-1, Construction Engineering and Management Program, Department of Civil and Environmental Engineering, University of California, 1997. AKKARI A.; SILVA C.; VALE F.; ESPINHEIRA R.; SENA R. Impacto do indicador de remoção de restrição em relaçãoo ao prazo da obra e ao indicador de avanço físico no planejamento e controle da produção avaliação de 14 empreendimentos da cidade de Salvador-BA. In: XI ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2006, Florianópolis – SC, Brasil.