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III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de
Vida de Produtos e Serviços
“Novos desafios para um planeta sustentável”
03 a 06 de setembro de 2012
Maringá – PR - Brasil
IMPACTOS AMBIENTAIS DA CADEIA TÊXTIL DO ALGODÃO
POR MEIO DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA
T. L. SILVA1
, P. P. BARBOSA2
, e G. DE ANGELIS NETO3
1
UEM-PEU/UTFPR – Universidade Estadual de Maringá/ Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
taislarissa@hotmail.com
2
UEM-PEU – Universidade Estadual de Maringá - Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana,
prisbarbosa@yahoo.com.br
3
UEM-PEU – Universidade Estadual de Maringá - Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana,
ganeto@uem.br
O processo produtivo do algodão, para fins têxteis, possui um potencial de poluição elevado,
desde a obtenção da matéria-prima até a disposição final de seus produtos. Com o objetivo de
contribuir para o desenvolvimento sustentável foi desenvolvida a Avaliação do Ciclo de Vida
(ACV). Tal técnica permite avaliar os impactos potenciais associados a um produto ou
processo. A ACV é realizada mediante o uso de métodos de avaliação, os quais consideram
impactos ambientais globais e/ou relativos a regiões específicas. O objetivo do presente estudo
foi o uso da técnica ACV para a realização de um diagnóstico de impactos ambientais de parte
da cadeia têxtil do algodão, envolvendo as etapas de plantio e fiação. Para tanto, foi utilizada a
metodologia da ACV com o uso do software Simapro 7.3 e o método utilizado neste estudo foi
CML-2001. Os resultados indicaram que o processo de fiação é quem contribui mais para os
impactos ambientais. Em relação aos danos à saúde humana pode-se concluir que a etapa da
fiação é a maior responsável pelos impactos, enquanto que o plantio do algodão foi responsável
pelos impactos referentes ao ecossistema. O estudo alcançou seu objetivo, não negligenciando
as limitações do estudo, limitações estas devido à base de dados do software ser, quase sempre,
internacionais.
1. INTRODUÇÃO
A Avaliação do Ciclo de Vida é uma técnica para quantificar e avaliar os impactos ambientais
desde a extração dos recursos na natureza ao descarte final do produto. Trata-se de uma
ferramenta técnica de caráter gerencial, que se aplica ao desenvolvimento e melhoria do
produto, planejamento estratégico, elaboração de políticas públicas, marketing entre outras
(PRÉ CONSULTANTS, 2010).
Os primeiros estudos envolvendo o que hoje chamamos de ACV tiveram início durante a crise
do petróleo. Apesar do principal enfoque desses estudos na questão energética, alguns deles
chegaram a considerar vários aspectos ligados à questão ambiental, incluindo estimativas de
emissões sólidas, gasosas ou líquidas (JENSEN et al., 1997).
III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de
Vida de Produtos e Serviços
“Novos desafios para um planeta sustentável”
03 a 06 de setembro de 2012
Maringá – PR - Brasil
Em 1965 a Coca Cola financiou um estudo para a comparação de diferentes tipos de
embalagens para refrigerantes e a determinação de qual delas apresentava índices mais
adequados de emissão para o meio ambiente. Tal estudo foi aprimorado em 1974 durante a
realização de um estudo para a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos – EPA
(Environmental Protection Agency), e é muitas vezes referenciado como um marco para o
surgimento do que hoje se conceitua ACV (CHEHEBE, 2002).
No início dos anos 90, a ACV ganha ênfase na temática ambiental. No mesmo período, ocorre
grande impulso com relação à consciência ambiental, com a publicação das normas ISO 14.000.
Posteriormente surgem as normas da série ISO 14.040 (2001), relativas à análise de aspectos
ambientais e dos impactos potenciais associados aos ciclos de vida de produtos, na qual, a maior
contribuição para a padronização dessa técnica foi dada pela SETAC – Society of
Environmental Toxicology and Chemistry (CHEHEBE, 2002).
Seguindo a padronização estabelecida foram definidos quatro componentes básicos para a
realização de uma ACV: definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de
impacto e interpretação (SAIC, 2006).
A definição de objetivo e escopo é a etapa que define e descreve o processo ou produto,
estabelecendo o contexto no qual a avaliação será realizada e identificando os limites e efeitos
ambientais a serem revistos para a avaliação. A análise do inventário identifica e quantifica as
entradas e saídas do sistema. A avaliação de impacto analisa os efeitos humanos e ecológicos da
utilização de energia, água, materiais e descargas ambientais identificadas na análise do
inventário. Por fim, a interpretação avalia os resultados da análise do inventário (SAIC, 2006).
Chehebe (2002) define que dos resultados dessa etapa podem ser tiradas as conclusões e
recomendações às tomadas de decisão.
Para o setor têxtil, o Brasil abriga cerca de 30 mil empresas, as quais são responsáveis por 1,7
milhões de empregos diretos (FIEPR, 2010). Tal setor representa uma parte significativa dos
impactos ambientais globais devido ao consumo de água, energia e produtos químicos.
Sendo a fibra de algodão a fibra têxtil mais consumida no mundo, o presente estudo buscou
realizar um diagnóstico dos impactos ambientais da cadeia têxtil do algodão (MAPA, 2007).
Dentro das limitações existentes, como o tempo, o estudo começa na obtenção de matéria-prima
(plantio do algodão) e segue até a fase de fiação do mesmo.
Para a realização dessa ACV, verificou-se a necessidade do uso de recursos computacionais, e
optou-se por usar o banco de dados do software Simapro.
Simapro é o nome dado a uma família de software que foi introduzido em 1990 e vem sendo o
software mais utilizado para estudos de ACV.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia da ACV utilizada por este trabalho tem como base os princípios definidos pelas
normas ISO 14.040 (2006) e ISO 14.044 (2006). A análise dos dados foi realizada por
intermédio do software Simapro 7.3, um programa da empresa Pré Consultants especializado
em avaliação do ciclo de vida. A avaliação foi dividida em quatro etapas: definição de objetivos
e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação.
III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de
Vida de Produtos e Serviços
“Novos desafios para um planeta sustentável”
03 a 06 de setembro de 2012
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2.1 Definições de objetivos e escopo
O objetivo do estudo consiste em avaliar, do ponto de vista ambiental, a cadeia têxtil do
algodão, nas etapas de plantio e fiação. A unidade funcional deste estudo é a de 1kg de tecido de
algodão.
Os dados mais representativos para qualquer avaliação do ciclo de vida são os dados primários,
entretanto, para este estudo foram utilizados dados secundários da base do software Simapro.
O estudo abordou as seguintes unidades de processo:
 Matéria-prima: Plumas de algodão; e
 Fiação do algodão.
2.2 Análise do Inventário
No software Simapro foram criados três processos: Matéria-prima: Plumas de algodão
(Cotonicultura + Algodoeira), Fiação e Tecelagem.
O inventário do primeiro processo inclui o cultivo do solo, semeadura, controle de plantas
daninhas, adubação, controle de pragas e patogênicos, colheita e descaroçamento do algodão,
além da infraestrutura, como maquinário e galpão.
Neste estudo foram consideradas as entradas de fertilizantes, pesticidas, sementes, bem como
seus meios de transporte e emissões diretas ao campo.
A unidade funcional para o inventário da obtenção de matéria-prima é a produção de fibras de 1
kg de sementes de algodão, ambos com teor de umidade de 6%.
O inventário da fiação do algodão inclui o consumo de energia, transportes e infraestruturas
relacionadas ao processo de fiação do algodão como limpeza, cardação e a fiação propriamente
dita.
A unidade funcional para o inventário da fiação é a produção de fios de algodão para 1 kg de
plumas de algodão.
A avaliação foi conduzida até a etapa de caracterização. No software Simapro 7.3 optou-se pelo
método CML-2001, onde foram realizados os cálculos dos potenciais impactos ambientais.
As categorias do método CML-2001 utilizadas foram: Depleção de recursos abióticos,
Acidificação, Eutrofização, Aquecimento Global, Depleção de ozônio estratosférico, Toxicidade
humana, Ecotoxicidade de água doce, Ecotoxicidade marinha, Ecotoxicidade terrestre, e
Formação de ozônio fotoquímico.
No próximo subitem estão apresentados os gráficos referentes às participações dos processos no
impacto final de cada categoria disposta acima.
2.3 Avaliação de Impacto
A avaliação foi conduzida até a etapa de caracterização. No software Simapro 7.3 optou-se pelo
método CML-2001, onde foram realizados os cálculos dos potenciais impactos ambientais.
As categorias do método CML-2001 utilizadas foram: Depleção de recursos abióticos,
Acidificação, Eutrofização, Aquecimento Global, Depleção de ozônio estratosférico, Toxicidade
humana, Ecotoxicidade de água doce, Ecotoxicidade marinha, Ecotoxicidade terrestre, e
Formação de ozônio fotoquímico, conforme a Tabela 1.
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“Novos desafios para um planeta sustentável”
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Tabela1 – Contribuição dos processos para os impactos ambientais
Categoria Unidade Matéria-prima Fiação
Depleção de recursos abióticos kg Sb eq 18.7% 81.3%
Acidificação kg SO2 eq 20.6% 79.4%
Eutrofização kg PO4 eq 64.1% 35.9%
Aquecimento global kg CO2 eq 22.6% 77.4%
Depleção de ozônio estratosférico kg CFC-11 eq 64.8% 35.2%
Toxicidade humana kg 1,4-DB eq 32.2% 67.8%
Ecotoxicidade de água doce kg 1,4-DB eq 88.3% 11.7%
Ecotoxicidade marinha kg 1,4-DB eq 17% 83%
Ecotoxicidade terrestre kg 1,4-DB eq 94.5% 5.52%
Formação de ozônio fotoquímico kg C2H4 eq 12.8% 87.2%
Fonte: Simapro, 2012
No próximo subitem estão apresentados os gráficos referentes às participações dos processos no
impacto final de cada categoria disposta acima.
2.4 Interpretação
Ao analisar a Tabela 1 podemos concluir de um modo geral, que o processo de fiação é a
atividade que dentre todas as categorias de impacto, onde se percebe maior contribuição de
impactos ambientais, seguida da etapa de plantio do algodão. A Figura 1 ilustra esta divisão na
participação final dos impactos.
Figura 1 – Participação dos processos nas categorias de impacto
A depleção de recursos abióticos está relaciona com a extração de recursos minerais e
combustíveis fósseis que entram no sistema. O padrão adotado neste indicador é o quilograma
de antimônio equivalente, de abreviação Sb na tabela periódica. A etapa da fiação é quem mais
contribui para os impactos dessa categoria (81,3%).
A acidificação, aumento da acidez do meio resultante da emissão de nitrogênio e enxofre pra
atmosfera, para o solo ou água, pode trazer danos tanto para a fauna quanto para a flora de uma
região. O indicador desta categoria é expresso em máxima liberação de prótons H+
e seu fator de
caracterização é o potencial de acidificação de cada emissão (kg SO2 eq/kg emissão). O
processo de fiação dos fios de algodão é quem mais contribui nessa categoria de impacto
III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de
Vida de Produtos e Serviços
“Novos desafios para um planeta sustentável”
03 a 06 de setembro de 2012
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(79,4%). Em contato com o ar, o SO2 forma junto com a água um ácido, podendo vir a
ocasionar a chuva ácida na região.
Para a categoria de eutrofização, enriquecimento da água ou do solo em nutrientes, nitrogênio
(N) e fósforo (P), a etapa do plantio do algodão é quem mais contribui para os impactos
(64,1%). Tal impacto pode causar uma indesejável mudança na composição de espécies nos
ecossistemas e uma redução na diversidade ecológica, e neste caso pode ser explicado devido ao
uso de fertilizantes nas lavouras de algodão.
A exaustão da camada de ozônio conduz ao aumento da quantidade de raios ultravioletas que
atingem a superfície da Terra. O ozônio é um gás que filtra os raios ultravioletas. Referente a
categoria de depleção do ozônio o plantio do algodão é quem causa mais impacto. O potencial
de aquecimento global de uma substância é a relação entre a contribuição para a absorção do
calor de radiação resultante da descarga instantânea de 1 kg de um gás, com efeito estufa e igual
emissão de CO2 integrada ao longo do tempo. Para o aquecimento global a etapa de fiação
apresentou maior contribuição de impacto (77,4%).
Quanto a toxicidade humana, relativa exposição do homem a substâncias tóxicas por ingestão
ou inalação, o processo de fiação do algodão também é quem mais contribui para o impacto
(67,8%), isto devido a elevada emissão de particulados na indústria.
Semelhante a toxicidade humana, a ecotoxicidade é a exposição da fauna e da flora a
substâncias tóxicas. Esta categoria é definida tanto para água como para o solo. O fator de
caracterização é expresso em 1,4 diclorobenzeno equivalente. Para ecotoxicidade de água doce a
etapa de plantio do algodão é a etapa de maior impacto (88,3%), enquanto que para a
ecotoxicidade marinha é o processo de fiação que mais contribui com 83%. A ecotoxicidade
terrestre tem o seu maior impacto na etapa do plantio do algodão (94,5%). Referente a esta
etapa, o maior impacto se dá por conta do uso de inseticidas, agrotóxicos e herbicidas.
A formação do ozônio fotoquímico é um tipo de impacto que pode receber contribuições do
monóxido de carbono (CO) e de todos os compostos orgânicos voláteis (COV) capazes de
reagirem com o radical hidróxido k(OH) para formar radicais peróxidos, que na presença de
óxidos de nitrogênio (NOx) e luz ultra violeta (UV) podem induzir a formação de ozônio e
outros compostos reativos na troposfera. O processo de fiação é o mais impactante com 87,2%,
sendo o óxido de nitrogênio a substância com maior potencial de criação de ozônio fotoquímico.
CONCLUSÕES
Em comparação aos resultados apresentados foram avaliados os parâmetros para danos a saúde
humana e danos ao ecossistema.
Dentre as categorias analisada, para danos a saúde humana: toxicidade humana, a fiação é quem
mais contribui (67,8%) para os impactos ambientais. Essa toxicidade pode-se explicar por conta
do pó composto por fibrilas de algodão resultantes do processo de fiação.
Em relação aos danos ao ecossistema (categorias: Acidificação, Eutrofização e Ecotoxicidade
terrestre, marinha e de água doce) a etapa do plantio do algodão é quem apresenta maior
contribuição. O maior índice de impacto nesta categoria foi encontrado para a ecotoxicidade
terrestre, devido ao uso de inseticidas, herbicidas e agrotóxicos.
III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de
Vida de Produtos e Serviços
“Novos desafios para um planeta sustentável”
03 a 06 de setembro de 2012
Maringá – PR - Brasil
Referente ao aquecimento global, a etapa da fiação apresenta maior impacto (77,4%) e, quanto à
depleção do ozônio estratosférico, é o plantio do algodão quem mais contribui (64,8%).
Em relação aos danos à recursos naturais e combustíveis fósseis, representados pela categoria
depleção abiótica, concluiu-se que a fiação é quem mais contribui (81,3%), no qual o carvão é a
substância que possui maior percentual de impacto.
Apesar da utilização de dados secundários para o inventário realizado, os dados finais
apresentam uma estimativa dos aspectos ambientais decorrentes da cadeia têxtil do algodão até
a etapa de fiação.
Referente à toxicidade humana, encontrada na etapa de fiação, a manutenção regular nos
equipamentos produtivos e operar com os equipamentos dentro da capacidade nominal pode
diminuir a quantidade de poluentes gerados. Outra alternativa é a instalação de dispositivos
catalisadores que retenham essas partículas, podendo estas serem até reutilizadas como fontes
energéticas.
No caso dos agrotóxicos, o uso de forma correta, com cuidados e acompanhamento já o torna
bem menos agressivo, outra medida para diminuir o uso destes, é o controle biológico, um
procedimento que envolve a manipulação dos inimigos naturais de pragas. Acredita-se que o
uso de alternativas para diminuir o uso de agrotóxicos é algo que precisa ser colocado em
prática, no entanto, é um processo lento e que precisa ser bem avaliado para não provocar
problemas futuros.
Para uma avaliação mais consistente faz-se necessário a coleta de dados de inventário para o uso
de dados primários no estudo, além da criação de um banco de dados brasileiro.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHEHEBE, J. R. B. Análise do Ciclo de Vida de Produtos: Ferramenta Gerencial da ISO 14000. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2002.
FIEPR. Federação das Indústrias do Estado do Paraná. 2010. Disponível em:
<http://www.fiepr.org.br/fiepr> Acesso em: 5 jan. 2011.
JENSEN, A. A.; HOFFMAN, L.; MOLLER, B. T.; SCHMIDT, A. Life Cycle Assessment (LCA) - A
guide to approaches, experiences and information sources. 1997. Disponível em:
<http://themes.eea.eu.in/index.php>. Acesso em 03 mar 2011.
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia Produtiva do Algodão.
Agronegócios, v.4. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007.
PRÉ CONSULTANTS. Simapro Database Manual – Methods Library. 2010.
SAIC - SCIENTIFIC APPLICATIONS INTERNATIONAL CORPORATION. Life cycle assessment:
principles and practice. Cincinnati: EPA, 2006.

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Impactos ambientais da cadeia têxtil do algodão por meio da avaliacão do ciclo de vida 04.07

  • 1. III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços “Novos desafios para um planeta sustentável” 03 a 06 de setembro de 2012 Maringá – PR - Brasil IMPACTOS AMBIENTAIS DA CADEIA TÊXTIL DO ALGODÃO POR MEIO DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA T. L. SILVA1 , P. P. BARBOSA2 , e G. DE ANGELIS NETO3 1 UEM-PEU/UTFPR – Universidade Estadual de Maringá/ Universidade Tecnológica Federal do Paraná, taislarissa@hotmail.com 2 UEM-PEU – Universidade Estadual de Maringá - Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana, prisbarbosa@yahoo.com.br 3 UEM-PEU – Universidade Estadual de Maringá - Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana, ganeto@uem.br O processo produtivo do algodão, para fins têxteis, possui um potencial de poluição elevado, desde a obtenção da matéria-prima até a disposição final de seus produtos. Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável foi desenvolvida a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Tal técnica permite avaliar os impactos potenciais associados a um produto ou processo. A ACV é realizada mediante o uso de métodos de avaliação, os quais consideram impactos ambientais globais e/ou relativos a regiões específicas. O objetivo do presente estudo foi o uso da técnica ACV para a realização de um diagnóstico de impactos ambientais de parte da cadeia têxtil do algodão, envolvendo as etapas de plantio e fiação. Para tanto, foi utilizada a metodologia da ACV com o uso do software Simapro 7.3 e o método utilizado neste estudo foi CML-2001. Os resultados indicaram que o processo de fiação é quem contribui mais para os impactos ambientais. Em relação aos danos à saúde humana pode-se concluir que a etapa da fiação é a maior responsável pelos impactos, enquanto que o plantio do algodão foi responsável pelos impactos referentes ao ecossistema. O estudo alcançou seu objetivo, não negligenciando as limitações do estudo, limitações estas devido à base de dados do software ser, quase sempre, internacionais. 1. INTRODUÇÃO A Avaliação do Ciclo de Vida é uma técnica para quantificar e avaliar os impactos ambientais desde a extração dos recursos na natureza ao descarte final do produto. Trata-se de uma ferramenta técnica de caráter gerencial, que se aplica ao desenvolvimento e melhoria do produto, planejamento estratégico, elaboração de políticas públicas, marketing entre outras (PRÉ CONSULTANTS, 2010). Os primeiros estudos envolvendo o que hoje chamamos de ACV tiveram início durante a crise do petróleo. Apesar do principal enfoque desses estudos na questão energética, alguns deles chegaram a considerar vários aspectos ligados à questão ambiental, incluindo estimativas de emissões sólidas, gasosas ou líquidas (JENSEN et al., 1997).
  • 2. III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços “Novos desafios para um planeta sustentável” 03 a 06 de setembro de 2012 Maringá – PR - Brasil Em 1965 a Coca Cola financiou um estudo para a comparação de diferentes tipos de embalagens para refrigerantes e a determinação de qual delas apresentava índices mais adequados de emissão para o meio ambiente. Tal estudo foi aprimorado em 1974 durante a realização de um estudo para a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos – EPA (Environmental Protection Agency), e é muitas vezes referenciado como um marco para o surgimento do que hoje se conceitua ACV (CHEHEBE, 2002). No início dos anos 90, a ACV ganha ênfase na temática ambiental. No mesmo período, ocorre grande impulso com relação à consciência ambiental, com a publicação das normas ISO 14.000. Posteriormente surgem as normas da série ISO 14.040 (2001), relativas à análise de aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados aos ciclos de vida de produtos, na qual, a maior contribuição para a padronização dessa técnica foi dada pela SETAC – Society of Environmental Toxicology and Chemistry (CHEHEBE, 2002). Seguindo a padronização estabelecida foram definidos quatro componentes básicos para a realização de uma ACV: definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de impacto e interpretação (SAIC, 2006). A definição de objetivo e escopo é a etapa que define e descreve o processo ou produto, estabelecendo o contexto no qual a avaliação será realizada e identificando os limites e efeitos ambientais a serem revistos para a avaliação. A análise do inventário identifica e quantifica as entradas e saídas do sistema. A avaliação de impacto analisa os efeitos humanos e ecológicos da utilização de energia, água, materiais e descargas ambientais identificadas na análise do inventário. Por fim, a interpretação avalia os resultados da análise do inventário (SAIC, 2006). Chehebe (2002) define que dos resultados dessa etapa podem ser tiradas as conclusões e recomendações às tomadas de decisão. Para o setor têxtil, o Brasil abriga cerca de 30 mil empresas, as quais são responsáveis por 1,7 milhões de empregos diretos (FIEPR, 2010). Tal setor representa uma parte significativa dos impactos ambientais globais devido ao consumo de água, energia e produtos químicos. Sendo a fibra de algodão a fibra têxtil mais consumida no mundo, o presente estudo buscou realizar um diagnóstico dos impactos ambientais da cadeia têxtil do algodão (MAPA, 2007). Dentro das limitações existentes, como o tempo, o estudo começa na obtenção de matéria-prima (plantio do algodão) e segue até a fase de fiação do mesmo. Para a realização dessa ACV, verificou-se a necessidade do uso de recursos computacionais, e optou-se por usar o banco de dados do software Simapro. Simapro é o nome dado a uma família de software que foi introduzido em 1990 e vem sendo o software mais utilizado para estudos de ACV. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia da ACV utilizada por este trabalho tem como base os princípios definidos pelas normas ISO 14.040 (2006) e ISO 14.044 (2006). A análise dos dados foi realizada por intermédio do software Simapro 7.3, um programa da empresa Pré Consultants especializado em avaliação do ciclo de vida. A avaliação foi dividida em quatro etapas: definição de objetivos e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação.
  • 3. III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços “Novos desafios para um planeta sustentável” 03 a 06 de setembro de 2012 Maringá – PR - Brasil 2.1 Definições de objetivos e escopo O objetivo do estudo consiste em avaliar, do ponto de vista ambiental, a cadeia têxtil do algodão, nas etapas de plantio e fiação. A unidade funcional deste estudo é a de 1kg de tecido de algodão. Os dados mais representativos para qualquer avaliação do ciclo de vida são os dados primários, entretanto, para este estudo foram utilizados dados secundários da base do software Simapro. O estudo abordou as seguintes unidades de processo:  Matéria-prima: Plumas de algodão; e  Fiação do algodão. 2.2 Análise do Inventário No software Simapro foram criados três processos: Matéria-prima: Plumas de algodão (Cotonicultura + Algodoeira), Fiação e Tecelagem. O inventário do primeiro processo inclui o cultivo do solo, semeadura, controle de plantas daninhas, adubação, controle de pragas e patogênicos, colheita e descaroçamento do algodão, além da infraestrutura, como maquinário e galpão. Neste estudo foram consideradas as entradas de fertilizantes, pesticidas, sementes, bem como seus meios de transporte e emissões diretas ao campo. A unidade funcional para o inventário da obtenção de matéria-prima é a produção de fibras de 1 kg de sementes de algodão, ambos com teor de umidade de 6%. O inventário da fiação do algodão inclui o consumo de energia, transportes e infraestruturas relacionadas ao processo de fiação do algodão como limpeza, cardação e a fiação propriamente dita. A unidade funcional para o inventário da fiação é a produção de fios de algodão para 1 kg de plumas de algodão. A avaliação foi conduzida até a etapa de caracterização. No software Simapro 7.3 optou-se pelo método CML-2001, onde foram realizados os cálculos dos potenciais impactos ambientais. As categorias do método CML-2001 utilizadas foram: Depleção de recursos abióticos, Acidificação, Eutrofização, Aquecimento Global, Depleção de ozônio estratosférico, Toxicidade humana, Ecotoxicidade de água doce, Ecotoxicidade marinha, Ecotoxicidade terrestre, e Formação de ozônio fotoquímico. No próximo subitem estão apresentados os gráficos referentes às participações dos processos no impacto final de cada categoria disposta acima. 2.3 Avaliação de Impacto A avaliação foi conduzida até a etapa de caracterização. No software Simapro 7.3 optou-se pelo método CML-2001, onde foram realizados os cálculos dos potenciais impactos ambientais. As categorias do método CML-2001 utilizadas foram: Depleção de recursos abióticos, Acidificação, Eutrofização, Aquecimento Global, Depleção de ozônio estratosférico, Toxicidade humana, Ecotoxicidade de água doce, Ecotoxicidade marinha, Ecotoxicidade terrestre, e Formação de ozônio fotoquímico, conforme a Tabela 1.
  • 4. III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços “Novos desafios para um planeta sustentável” 03 a 06 de setembro de 2012 Maringá – PR - Brasil Tabela1 – Contribuição dos processos para os impactos ambientais Categoria Unidade Matéria-prima Fiação Depleção de recursos abióticos kg Sb eq 18.7% 81.3% Acidificação kg SO2 eq 20.6% 79.4% Eutrofização kg PO4 eq 64.1% 35.9% Aquecimento global kg CO2 eq 22.6% 77.4% Depleção de ozônio estratosférico kg CFC-11 eq 64.8% 35.2% Toxicidade humana kg 1,4-DB eq 32.2% 67.8% Ecotoxicidade de água doce kg 1,4-DB eq 88.3% 11.7% Ecotoxicidade marinha kg 1,4-DB eq 17% 83% Ecotoxicidade terrestre kg 1,4-DB eq 94.5% 5.52% Formação de ozônio fotoquímico kg C2H4 eq 12.8% 87.2% Fonte: Simapro, 2012 No próximo subitem estão apresentados os gráficos referentes às participações dos processos no impacto final de cada categoria disposta acima. 2.4 Interpretação Ao analisar a Tabela 1 podemos concluir de um modo geral, que o processo de fiação é a atividade que dentre todas as categorias de impacto, onde se percebe maior contribuição de impactos ambientais, seguida da etapa de plantio do algodão. A Figura 1 ilustra esta divisão na participação final dos impactos. Figura 1 – Participação dos processos nas categorias de impacto A depleção de recursos abióticos está relaciona com a extração de recursos minerais e combustíveis fósseis que entram no sistema. O padrão adotado neste indicador é o quilograma de antimônio equivalente, de abreviação Sb na tabela periódica. A etapa da fiação é quem mais contribui para os impactos dessa categoria (81,3%). A acidificação, aumento da acidez do meio resultante da emissão de nitrogênio e enxofre pra atmosfera, para o solo ou água, pode trazer danos tanto para a fauna quanto para a flora de uma região. O indicador desta categoria é expresso em máxima liberação de prótons H+ e seu fator de caracterização é o potencial de acidificação de cada emissão (kg SO2 eq/kg emissão). O processo de fiação dos fios de algodão é quem mais contribui nessa categoria de impacto
  • 5. III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços “Novos desafios para um planeta sustentável” 03 a 06 de setembro de 2012 Maringá – PR - Brasil (79,4%). Em contato com o ar, o SO2 forma junto com a água um ácido, podendo vir a ocasionar a chuva ácida na região. Para a categoria de eutrofização, enriquecimento da água ou do solo em nutrientes, nitrogênio (N) e fósforo (P), a etapa do plantio do algodão é quem mais contribui para os impactos (64,1%). Tal impacto pode causar uma indesejável mudança na composição de espécies nos ecossistemas e uma redução na diversidade ecológica, e neste caso pode ser explicado devido ao uso de fertilizantes nas lavouras de algodão. A exaustão da camada de ozônio conduz ao aumento da quantidade de raios ultravioletas que atingem a superfície da Terra. O ozônio é um gás que filtra os raios ultravioletas. Referente a categoria de depleção do ozônio o plantio do algodão é quem causa mais impacto. O potencial de aquecimento global de uma substância é a relação entre a contribuição para a absorção do calor de radiação resultante da descarga instantânea de 1 kg de um gás, com efeito estufa e igual emissão de CO2 integrada ao longo do tempo. Para o aquecimento global a etapa de fiação apresentou maior contribuição de impacto (77,4%). Quanto a toxicidade humana, relativa exposição do homem a substâncias tóxicas por ingestão ou inalação, o processo de fiação do algodão também é quem mais contribui para o impacto (67,8%), isto devido a elevada emissão de particulados na indústria. Semelhante a toxicidade humana, a ecotoxicidade é a exposição da fauna e da flora a substâncias tóxicas. Esta categoria é definida tanto para água como para o solo. O fator de caracterização é expresso em 1,4 diclorobenzeno equivalente. Para ecotoxicidade de água doce a etapa de plantio do algodão é a etapa de maior impacto (88,3%), enquanto que para a ecotoxicidade marinha é o processo de fiação que mais contribui com 83%. A ecotoxicidade terrestre tem o seu maior impacto na etapa do plantio do algodão (94,5%). Referente a esta etapa, o maior impacto se dá por conta do uso de inseticidas, agrotóxicos e herbicidas. A formação do ozônio fotoquímico é um tipo de impacto que pode receber contribuições do monóxido de carbono (CO) e de todos os compostos orgânicos voláteis (COV) capazes de reagirem com o radical hidróxido k(OH) para formar radicais peróxidos, que na presença de óxidos de nitrogênio (NOx) e luz ultra violeta (UV) podem induzir a formação de ozônio e outros compostos reativos na troposfera. O processo de fiação é o mais impactante com 87,2%, sendo o óxido de nitrogênio a substância com maior potencial de criação de ozônio fotoquímico. CONCLUSÕES Em comparação aos resultados apresentados foram avaliados os parâmetros para danos a saúde humana e danos ao ecossistema. Dentre as categorias analisada, para danos a saúde humana: toxicidade humana, a fiação é quem mais contribui (67,8%) para os impactos ambientais. Essa toxicidade pode-se explicar por conta do pó composto por fibrilas de algodão resultantes do processo de fiação. Em relação aos danos ao ecossistema (categorias: Acidificação, Eutrofização e Ecotoxicidade terrestre, marinha e de água doce) a etapa do plantio do algodão é quem apresenta maior contribuição. O maior índice de impacto nesta categoria foi encontrado para a ecotoxicidade terrestre, devido ao uso de inseticidas, herbicidas e agrotóxicos.
  • 6. III Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços “Novos desafios para um planeta sustentável” 03 a 06 de setembro de 2012 Maringá – PR - Brasil Referente ao aquecimento global, a etapa da fiação apresenta maior impacto (77,4%) e, quanto à depleção do ozônio estratosférico, é o plantio do algodão quem mais contribui (64,8%). Em relação aos danos à recursos naturais e combustíveis fósseis, representados pela categoria depleção abiótica, concluiu-se que a fiação é quem mais contribui (81,3%), no qual o carvão é a substância que possui maior percentual de impacto. Apesar da utilização de dados secundários para o inventário realizado, os dados finais apresentam uma estimativa dos aspectos ambientais decorrentes da cadeia têxtil do algodão até a etapa de fiação. Referente à toxicidade humana, encontrada na etapa de fiação, a manutenção regular nos equipamentos produtivos e operar com os equipamentos dentro da capacidade nominal pode diminuir a quantidade de poluentes gerados. Outra alternativa é a instalação de dispositivos catalisadores que retenham essas partículas, podendo estas serem até reutilizadas como fontes energéticas. No caso dos agrotóxicos, o uso de forma correta, com cuidados e acompanhamento já o torna bem menos agressivo, outra medida para diminuir o uso destes, é o controle biológico, um procedimento que envolve a manipulação dos inimigos naturais de pragas. Acredita-se que o uso de alternativas para diminuir o uso de agrotóxicos é algo que precisa ser colocado em prática, no entanto, é um processo lento e que precisa ser bem avaliado para não provocar problemas futuros. Para uma avaliação mais consistente faz-se necessário a coleta de dados de inventário para o uso de dados primários no estudo, além da criação de um banco de dados brasileiro. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHEHEBE, J. R. B. Análise do Ciclo de Vida de Produtos: Ferramenta Gerencial da ISO 14000. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. FIEPR. Federação das Indústrias do Estado do Paraná. 2010. Disponível em: <http://www.fiepr.org.br/fiepr> Acesso em: 5 jan. 2011. JENSEN, A. A.; HOFFMAN, L.; MOLLER, B. T.; SCHMIDT, A. Life Cycle Assessment (LCA) - A guide to approaches, experiences and information sources. 1997. Disponível em: <http://themes.eea.eu.in/index.php>. Acesso em 03 mar 2011. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia Produtiva do Algodão. Agronegócios, v.4. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007. PRÉ CONSULTANTS. Simapro Database Manual – Methods Library. 2010. SAIC - SCIENTIFIC APPLICATIONS INTERNATIONAL CORPORATION. Life cycle assessment: principles and practice. Cincinnati: EPA, 2006.