1. Observações e reflexões sobre o livro do Prof. Marco Silva, por Fábio Queiroz
CRÍTICAS À INTERATIVIDADE
As três principais críticas à interatividade:
3) Reutilização oportunista de termos como diálogo e comunicação;
4) Ideologia que conforma a opinião pública à expansão da globalização;
5) “Regressão do homem a condição de máquina”.
2. TRANSIÇÃO
- “(...) da modalidade comunicacional massiva para a modalidade interativa”.
-O hipertexto liberta o usuário da lógica unívoca, da lógica da distribuição.
- “O que é um hipertexto?: (...) podemos explicá-lo da seguinte maneira: todo texto desde a
invenção da escrita, foi pensado e praticado como um dispositivo linear (...) apoiada num suporte
plano. A idéia básica do hipertexto é aproveitar a arquitetura não-linear do computador para
viabilizar textos tridimensionais (...) dotados de uma estrutura dinâmica que os torne manipuláveis
interativamente. (...) através de janelas (windows) paralelas, que se pode ir abrindo sempre que
necessário, e também através dos “elos’ (links) que ligam determinadas palavras chave de um
texto a outro disponíveis na memória” (MACHADO, Arlindo. Máquinas e imaginário: o desafio das
poéticas tecnológicas)
3. SURGIMENTO DA INTERATIVIDADE
“(...) emerge com a instauração de uma nova configuração tecnológica (...) e
mercadológica”.
“Mas isso ocorre em transformações que se dão na esfera social (...) quando
ocorre o enfraquecimento dos grandes referentes”.
Menor passividade. Crescente autonomia. Maior autoria.
“(...) cada indivíduo faz por si mesmo”.
4. RECURSIVIDADE
-“(...) os produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores
daquilo que os produziu”.
- “As novas tecnologias interativas renovam a relação do usuário com a
imagem, com o texto, com o conhecimento. São de fato um novo modo de
produção do espaço visual e temporal mediado”. Elas permitem o
redimensionamento da mensagem da emissão e da recepção”.
- “O emissor é um contador de histórias, que atrai o receptor de maneira
mais ou menos sedutora e/ou impositora para o seu universo mental, seu
imaginário, sua récita”.
5. LÓGICA DA COMUNICAÇÃO
-“(...) a sociedade transita da lógica da distribuição para a lógica da
comunicação”.
- esta apresenta-se como um diálogo que se introduz em todos os níveis da
produção e da socialização de signos (SILVA, p. 10);
- Proporciona a autoria, onde os usuários serão autores e co-autores.
6. NOVO RECEPTOR
O novo receptor é um ator social inquieto diante da emissão “fechada”.
Em seu novo estatuto, o receptor opena na lógica contrária à aprendizagem
passiva.
Mais próximo da hipertextualidade.
7. COMPLEXIDADE
- O paradigma da simplificação separa noções dicotômicas. Para este
princípio, ideias como “ordem” e “desordem”, são excludentes. Entretanto,
cabe considerar que a complexidade concebe operar com logicas duais.
- A realidade coloca-se muito mais complexa, polissêmica, diversa.
-Epistemologia da complexidade prescinde de uma elaboração de conteúdos
“imbricados”, convivendo com a hibridação latente aos fenômenos.
-O contrário, poderia supor uma “assepsia” conceitual, mais determinista-
positivista, que provoca viés pela expectativa de uma realidade simétrica.
- O “certo” e o “errado” estão diluídos, na dinâmica fluida dos novos tempos.
- Lembrar do padrão de seremdiptidade...
8. FUTURO
-“O modus operandi que adoto é o adentramento dialógico pela floresta
intrincada de idéias sobre o que seja comunicação interativa” (SILVA, p. 24);
- “Daqui há dez anos vai parecer completamente absurdo ter um aparelho de
tv em casa, pelo qual você não pode transmitir nada apenas receber”
(SILVA, p. 24);
- A seguir o argumento propõe que o convite ao diálogo, feito no início da
introdução, encontre suporte nas pesquisas que deverão “desbravar” este
campo em crecimento;
- a partir do campo da sociologia, reitero o carater de negociação
permanente que tais tecnologias deverão travar com o social: Que tipo de
transmissão será essa? Será mais qualitativa que quantitativa?
Poderá ser reodenada e desordenada pelo social? Como participar de
sua elaboração? Seremos ser co-autores somente daquilo que interessar ao
mercado? E o que não interessar, será controlado pelo Estado?
9. PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO
- Na interatividade, o professor pode lançar mão de fundamentos que
rompem com a tradição do falar-ditar. No caso:
- Múltiplas Aberturas: A participação dos alunos nas concepções de ensino e
aprendizagem.
- Bidirecionalidade, relações horizontais e ruptura com o espaço de
transmissão unidirecional, propiciando mais autonomia.
- Autoria e co-autoria: comunicação conjunta da emissão e da recepção.
- Colaborativamente, permitir que o aluno faça por si mesmo.
10. POSFÁCIO
-“[...] informação manipulável pode ser informação interativa” (SILVA, p.
252).
- “[...] autoria do professor em educação interativa reúne sugestões para
superar a “pedagogia da transmissão”: um modelo descentralizado e plural,
encontro de texto com o hipertexto.
- A transmissão unidirecional perde força por 2 fatores: 1) Tecnológico: o PC
não é apenas um irradiador; 2) Social: A iminência de um novo espectador,
menos passivo.
- O “conteúdo da aprendizagem” não é mais sagrado.
- Fundamentos da comunicação interativa: 1) participação-interação; 2)
Bidirecionalidade-Hibridação; 3) permutabilidade-potencialidade.
- Professor como algo mais que “conselheiro”, “ponte” ou “facilitador”.
Hinweis der Redaktion
Comentários e reflexões abertos a sugestões, comentários e reflexões: Como não li o livro todo, não sei se os pontos que abordo, abaixo, já foram discutidos nos capítulos seguintes. De todo modo, segue alguns apontamentos sobre a questão da “temporalidade da interação”, um ponto que foi muito importante no exercício da minha prática. A interação, sob este aspecto prescinde de permanência, continuidade, caso contrário, fica refém do “fazer”, do “aqui agora”. - O corpo é parte da materialidade da interação, assim como o computador a técnica, o texto... é a parte visível. A interação se manifesta no pensamento e pode deslocar-se para além das relações espaço-temporais, que prescindem da mediação do corpo. - A interação pode permanecer ativa, enquanto a pessoa decidir “carregá-la” consigo. A “ficha pode cair” quando esse indivíduo chega em casa, quando esta no ônibus, etc., pode ficar “dialogando” com o seu interlocutor, tentando respondê-lo, decifrá-lo, inquirindo-lhe, enquanto esse pode estar em outro lugar, em outro país. Pode imaginar suas perguntas e respondê-las, pode perceber suas respostas e contra-argumentar sobre elas.
Visualizar uma prosseguimento da modalidade comunicacional massiva para a interativa, como transição/passagem, instaura uma lógica dicotômica, uma dualidade simétrica, uma polarização que simplifica os processos de mudança entre as categorias “antes” e “depois”. Existem “sobrevivências” de uma perspectiva na outra. Resumidamente, a idéia dos “paradigmas de Kuhn” (Thomas Kuhn) pressupõe a possibilidade da concomitância de paradigmas, e não uma “escada” de paradigmas. Um exemplo é a física de Newton e de Einsten. O paradigma do segundo não suprime o do primeiro. Um “constrói prédios” o outro “foguetes”.
Sobrevivência do paradigma anterior concomitantemente com a idéia de recursividade. Destacar a ambivalência deste processo. Supondo que o termo “Contador de Histórias” significa a mediação cultural de contar histórias para crianças, acho até que o “Contador de Histórias” produz interatividade. Em 2010 participei até de um congresso no RJ sobre o setor. Conheci a performance de alguns grupos e profissionais da contação. Eles supõem a realização da interatividade, só que ela age sobre si mesma: no caso a técnica da provocação não é um recurso, é um fim. Tem caráter quantitativo. Muitas vezes as histórias não são contextualizadas e o expectador reage à provocação, as vezes sem entender o conteúdo. Acaba sendo mais parte do espetáculo do que oportunidade interativa. É a técnica pela técnica, dentro da lógica do “aqui agora” da interatividade. Entretanto, um grupo mais “atento”, pode contextualizar a história, antes e depois da apresentação. Pode perguntar “o que vcs acharam ?” e se preocupar com as respostas, construindo uma nova interação, “mais interativa”, depois de fechar as cortinas…
A sociedade comunicacional é que estimula o desenvolvimento tecnológico para atender suas demandas e não contrário. Será que a Apple não estaria subvertendo essa lógica “construíndo” demanda a partir de seus novos produtos ?
Poderíamos discutir mais com Auton. Como não li todo o livro, não sei se já esta mais a diante. Podemos fazer isso ? Utilizando a critica de Walter Benjamn, percebo a educação online como parte da concepção da era da reprodutibilidade técnica, uma aula produzida massivamente. No contexto brasileiro feita para apressar a formação de material humano com nivel superior e construir mais massa crítica e atuante... Entretanto esse processo precisa de ajustes. Parafreseanddo Benjamin, a aula presencial guarda um aspecto da obra de arte, pois tem sua “aura”, é única, não pode ser reproduzida, nunca será a mesma no espaço-tempo... Até a contemplação da obra de arte reflete a necessidade de mergulhar, de penetrá-la, o que pressupõe uma articulação interativa, como já foi comentado, mais ligada ao pensamento. Não sou defensor da aula presencial, nem contra a educação online. Mas acho importante refletir sobre as duas modalidades e questioná-las, conextualizando seus propósitos nortadores, diante das experiências e resultados...
A ciência é fragmentária. Sua superespecialização permite avanços.
A previsão sobre o uso do aparelho receptivo se tornar obsoleto poderia ser mais contextualizada. É importante considerar os avanços da interatividade neste campo, mas é preciso salientar que a critica mercadológica implica numa atenção significativa. Tais aparelhos estão sendo construídos no Brasil e a previsão da sua inserção no mercado foi adiada. Já estão sendo elaborados sem a participação da sociedade, de certa forma. São testados, possivelmente, tal como um filme é testado antes de ser lançado. Um filme para o grande público, neste sentido, recicla o “pastiche”, atualiza a luta “capa e espada”, “o beijo no final”, etc. É preparado para agradar o público dentro dos padrões aos quais este público esta adaptado a ser platéia, pronto para gostar, pronto para aplaudir. Mas, do que precisa realmente ? Talvez esse recurso possa ser fundamenal junto ao TRE vinculando o voto dos politicos em suas comissões ao controle remoto dos eleitores que os elegeram. Poderíamos controlá-los, enfim? Ao agradar o público para vender produtos, o mercado, em parte, destitui o impacto renovador do público. Este é um espaço de negociação, mais ou menos aberto ou fechado, dependendo do setor. A curiosidade/indagação sobre essa tv interativa seria até que ponto os recursos disponibilizados se tornaram limites, simulacros (Baudrillard) que adestrarão o público a interagir num ambienta fechado, tal como pesquisas de opinião na internet, onde facilitamos o trabalho dos departamentos de marketing, respondendo seu questionário de perguntas fechadas, ou sendo “filtrado” pelos canais de comentários. Portanto, para finalizar, não acho que a blogueira cubana, por exemplo, seja insuspeita. O jornalista da ESPN Lucio de Castro, apresenta reportagem com pontos contraditórios, sobre o seu veradeiro papel. Não sou “marxista ferrenho”, nem defensor de Cuba, mas acho que este exemplo reforça a cautela necessária diante do mar de signos e ideologias aos quais estamos navegando. Junto com o entusiasmo, a investigação e a crítica são ilhas de segurança para nos abastecermos diante dessa longa jornada para o futuro. Os icebergs estão por toda a parte e o “Titanic da cibercultura” ainda funciona “a todo vapor”... O vapor bem representa um elemento do posmoderno: nossas misérias, nossas ideologias, que ainda nos alimentam e nos consomem. Precisamos encontrar alternativas de combustível para melhor conduzirmos esse futuro.
Riscos: Autoria X “copia e cola” -> Discussão sobre a finalidade da educação x competitividade/; Potencial x solução –> Risco de pragmatismo: ao instituir o carater potencial da informática como solução, transforma um “meio” num “fim”. Mobiblidade X Imobilidade -> A “informatização” poderia “falsear” um paradigma da ação, supondo um distanciamento entre as categorias imobilidade e mobiblidade. A informática também pode “instaurar” imobilismos. O discurso pode sugerir/naturalizar o analógico como um “imobiblismo”, quando considera a superação do analógico pela “cultura do digital”. A instâcia humana recorre aos dois ambientes simultaneamente, “imbricadamente”: ambivalência...
Devemos considerar a importância de aprofundar o trabalho com dialogia sem o computador, caso contrário estaremos transferindo para a plataforma da informática, o mesmo modelo de aprendizagem “transmissionista”. “interatividade não é uma prerrogativa da informática e da internet” (SILVA, 2011, P. 257). O argumento interativo é usado para estratégias de venda de produtos. A dimensão da “negociação” entre educadores e educandos poderia ser mais desenvolvida. Como não li o livro todo, não sei se estaria antecipando uma discussão abordada. Valorizar a autoria, a dialogia e a autonomia, passa pela “negociação”, onde o educador-professor flexibilizará o seu próprio “campo”, seu habitus e suas prerrogativas.