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A LITERATURA  COMPARADA
As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando Cantando espalharei por toda a parte Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cantem Poetas o poder Romano,  Submetendo Nações ao jugo duro;  O Mantuano pinte o Rei Troiano,  Descendo à confusão do Reino escuro;  Que eu canto um Albuquerque soberano,  Da Fé, da cara Pátria firme muro,  Cujo valor a ser, que o Céu lhe inspira,  Pode estancar a Lácia e Grega lira.  As Délficas irmãs chamar não quero,  Que tal invocação é vão estudo;  Aquele chamo só, de quem espero  A vida que se espera em fim de tudo.  Ele fará meu Verso tão sincero,  Quanto fora sem ele tosco e rudo,  Que por razão negar não deve o menos  Quem deu o mais a míseros terrenos
Nel mezzo del cammin di nostra vita mi ritrovai per una selva oscura ché la diritta via era smarrita.
Inferno, Canto I No meio do caminho desta vida me vi perdido numa selva escura, solitário, sem sol e sem saída. Ah, como armar no ar uma figura desta selva selvagem, dura, forte, que, só de eu a pensar, me desfigura? É quase tão amargo como a morte; mas para expor o bem que encontrei, outros dados darei da minha sorte.
Nel mezzo del camin (Olavo Bilac)   Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha... E paramos de súbito na estrada Da vida : longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha Hoje segues de novo...na partida Nem o pranto os teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida. E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo
No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra.
“ (...) quando eu era jovem uma Flor da montanha sim quando eu pus a rosa em meus cabelos como as moças andaluzas ou de certo uma vermelha sim e como ele me beijou sob o muro mourisco e eu pensei bem tanto faz ele como outro e então convidei-o com os olhos a perguntar-me de novo sim ele perguntou-me se eu queria sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro enlacei-o com meus braços sim e puxei-o para mim para que pudesse sentir meus seios só perfume sim e seu coração disparando como louco e sim eu disse sim eu quero Sim."   Monólogo de Molly Bloom, de James Joyce em Ulisses
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo Tomas-me o corpo. E que descanso me dás Depois das lidas. Sonhei penhascos Quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros. Extasiada, fodo contigo Ao invés de ganir diante do Nada. Hilda Hilst
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece Como eu mergulhei. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento Clarice Lispector
Athena, História e Tempo Francesco Solimena (1700)

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  • 1. A LITERATURA COMPARADA
  • 2. As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando Cantando espalharei por toda a parte Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
  • 3. Cantem Poetas o poder Romano, Submetendo Nações ao jugo duro; O Mantuano pinte o Rei Troiano, Descendo à confusão do Reino escuro; Que eu canto um Albuquerque soberano, Da Fé, da cara Pátria firme muro, Cujo valor a ser, que o Céu lhe inspira, Pode estancar a Lácia e Grega lira. As Délficas irmãs chamar não quero, Que tal invocação é vão estudo; Aquele chamo só, de quem espero A vida que se espera em fim de tudo. Ele fará meu Verso tão sincero, Quanto fora sem ele tosco e rudo, Que por razão negar não deve o menos Quem deu o mais a míseros terrenos
  • 4. Nel mezzo del cammin di nostra vita mi ritrovai per una selva oscura ché la diritta via era smarrita.
  • 5. Inferno, Canto I No meio do caminho desta vida me vi perdido numa selva escura, solitário, sem sol e sem saída. Ah, como armar no ar uma figura desta selva selvagem, dura, forte, que, só de eu a pensar, me desfigura? É quase tão amargo como a morte; mas para expor o bem que encontrei, outros dados darei da minha sorte.
  • 6. Nel mezzo del camin (Olavo Bilac) Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha... E paramos de súbito na estrada Da vida : longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha Hoje segues de novo...na partida Nem o pranto os teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida. E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo
  • 7. No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra.
  • 8. “ (...) quando eu era jovem uma Flor da montanha sim quando eu pus a rosa em meus cabelos como as moças andaluzas ou de certo uma vermelha sim e como ele me beijou sob o muro mourisco e eu pensei bem tanto faz ele como outro e então convidei-o com os olhos a perguntar-me de novo sim ele perguntou-me se eu queria sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro enlacei-o com meus braços sim e puxei-o para mim para que pudesse sentir meus seios só perfume sim e seu coração disparando como louco e sim eu disse sim eu quero Sim." Monólogo de Molly Bloom, de James Joyce em Ulisses
  • 9. Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo Tomas-me o corpo. E que descanso me dás Depois das lidas. Sonhei penhascos Quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros. Extasiada, fodo contigo Ao invés de ganir diante do Nada. Hilda Hilst
  • 10. Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece Como eu mergulhei. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento Clarice Lispector
  • 11. Athena, História e Tempo Francesco Solimena (1700)