1. O PT realizou debates sobre sua experiência de governo no DF entre 2011-2014 e avaliou as eleições de 2014, nas quais sofreu sua maior derrota.
2. Fatores como a conjuntura nacional hostil ao PT e problemas locais como a postura isolacionista do governador Agnelo contribuíram para a derrota.
3. O PT reconhece erros no último período do governo Agnelo, mas também realizações positivas, e se compromete a defender os interesses dos trabalhadores.
PT-DF divulga resolução política com avaliação das eleições 2014 e do governo Agnelo
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Avaliação Politica do Governo e das Eleições 2014
O PT/DF realizou desde o início deste ano um processo de debates sobre a nossa experiência de governo no
período 2011-2014 e uma avaliação das últimas eleições. Como consequência, também refletimos sobre o novo quadro
político que emergiu no Brasil e no DF.
O Diretório Regional realizou esta discussão com a contribuição de 11 (onze) documentos oficialmente inscritos
pelas forças e/ou tendências partidárias e também por setoriais do partido, além de outras contribuições surgidas no
processo de debates.
Além disso, foi realizada uma plenária regional do partido com a participação de centenas de filiados. Na plenária
regional houve um amplo trabalho de grupos para ouvir e recolher as contribuições e observações sobre o balanço
eleitoral e político.
Como síntese dos debates com a nossa militância, sem prejuízo de qualquer outra contribuição recolhida ao
longo do processo de discussão, o PT através do seu Diretório Regional, resolve:
1. Acolher, como contribuições importantes e fundamentais para a história do PT, todos os documentos produzidos
e escritos pelas tendências e forças políticas internas, pelos setoriais partidários e pelos grupos de militantes que
participaram de reuniões e plenárias neste processo de debates. Estes documentos deverão fazer parte dos
documentos oficiais do Partido para servirem de base para futuras consultas e reflexões históricas.
2. Reconhecer que nas eleições de 2014 o PT no Distrito Federal sofreu sua maior derrota eleitoral, política e
ideológica.
3. Os resultados obtidos ficaram muito aquém do desempenho já alcançado pelo partido ao longo da sua história.
4. As razões para esse mau desempenho estiveram relacionadas com diversos fatores, dentre eles, a existência de
uma conjuntura nacional adversa, marcada pelo crescimento da hostilidade ideológica e política contra o PT.
5. Além desse ambiente nacional hostil, a derrota do PT no Distrito Federal também foi agravada por fatores locais.
6. Realizamos uma experiência de governo muito fragmentada, tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de
vista ideológico ou social. Não alcançamos um corte de classe que favorecesse a implementação de um
autêntico modo petista de governar.
7. É preciso levar em conta a postura do governador Agnelo, que subestimou a relação com o PT desconsiderando
a tradição histórica do partido. A postura de isolamento, de tomada de decisões unipessoais, de excessiva
centralização e de grande dispersão política do governador Agnelo, somadas foram a base das dificuldades
existentes no governo e no processo eleitoral.
8. O comportamento de submissão política ao governador - iniciado na própria montagem do governo, que se fez
mais por articulações de tendências do que pela participação da base e instancias partidárias - foi patrocinado
por grande parte da Direção do Partido e ajudou a acentuar as dificuldades na implantação de práticas coletivas
e experiências bem sucedidas em governos petistas.
9. A aliança com uma extensa coalizão de partidos no governo, sem um pacto em torno de um programa politico
para o DF, composta com a finalidade de alcançar governabilidade e maioria parlamentar, acabou transformando
cada parte do Governo em feudos eleitorais com projetos próprios de cada segmento. Este foi um dos elementos
decisivos para que a experiência de gestão não evidenciasse de forma clara uma grande marca do governo.
Assim, reduzindo os méritos e as qualidades das realizações governamentais. Mesmo com ampla coalizão
partidária no processo eleitoral, o que se viu foi a dispersão dos aliados e o abandono de nossas candidaturas
majoritárias por grande parte dos partidos coligados.
DIRETÓRIO
REGIONAL
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10. Os diversos e inúmeros interesses partidários e eleitorais, aliados à falta de coordenação centralizada do
governo, proporcionaram a existência de um governo formado por “ilhas” que, muitas vezes, além de não se
comunicarem e trabalharem como um conjunto, terminavam por se enfrentarem. Isto provocou, como
consequência, a inexistência de uma síntese positiva do governo.
11. Por outro lado, a contribuição hipotecada por diversos quadros políticos do PT, em diferentes áreas do governo,
proporcionou um conjunto relevante de boas realizações que são reconhecidas pela população. Estas
contribuições ajudam a compor a parte positiva do balanço desta nossa experiência e precisam ser defendidas
publicamente para esclarecer o verdadeiro resultado do nosso governo.
12. É importante reconhecer que em algumas áreas coordenadas por partidos aliados também foram construídas
boas experiências de governo com bons resultados para a população.
13. Em qualquer balanço é fundamental reconhecer que a gestão Agnelo enfrentou diferentes conjunturas políticas,
uma ampla aliança de setores poderosos que sempre dominaram a cidade, a herança de graves problemas
provocados pela crise advinda da operação Caixa de Pandora, que desorganizou todas áreas do GDF, e
passando pelos desafios de enfrentar/mudar ou construir várias políticas públicas no DF.
14. Embora tenha superado de forma positiva muitos dos desafios conjunturais apresentados ao longo dos últimos
quatro anos, a gestão Agnelo não conseguiu administrar de forma adequada e transparente a crise financeira
que marcou o final da gestão. Isto possibilitou que o atual governador criasse uma “nuvem de fumaça” sobre a
situação financeira do governo, usando informações manipuladas das contas para tentar imputar ao nosso
Partido e ao ex-governador Agnelo todas as responsabilidades sobre as dificuldades do DF.
15. A forma como foi gerida a crise de pagamentos impactou seriamente vários segmentos da população. Esmaeceu
quase por completo os diversos resultados positivos da nossa gestão, que ficarão para a população do DF como
legados mal compreendidos ou não reconhecidos.
16. O PT reconhece e lamenta os erros da gestão Agnelo, particularmente os ocorridos no último período do
governo decorrentes da crise financeira. O partido se solidariza com os trabalhadores/as e a população que
foram atingidos por atrasos no pagamento de salários ou benefícios. Ao mesmo tempo em que reconhecemos
os erros, nos comprometemos a contribuir para a superação de todas as dificuldades enfrentadas pela
população, assumindo e defendendo intransigentemente suas demandas e reivindicações, através de sua
bancada e atuação da militância.
17. Reconhecer os erros e equívocos não pode impedir o nosso Partido e nossa militância de também reconhecer,
exaltar e defender os avanços produzidos em muitas áreas do governo, especialmente por companheiros e
companheiras petistas.
18. Nosso balanço enaltece o esforço da militância do PT na defesa do nosso governo durante os quatro anos.
Reconhecemos que a militância muitas vezes cobrou, sem ser ouvida, a correção de rumos e uma maior e mais
democrática interlocução com o governador e com a direção do partido. Dentre as diversas críticas procedentes
feitas pela militância, destacamos a dificuldade do governo de criar e implantar uma política de comunicação,
adequada ao enfrentamento dos monopólios das mídias e de valorização da comunicação comunitária, que
conseguisse demonstrar os avanços e acertos da administração, ao mesmo tempo, que esclarecesse as
dificuldades impostas pelas conjunturas e pelas limitações dos processos políticos.
19. A presente síntese não esgota o rico debate de avaliação que o partido fez e poderá continuar a fazer. O
momento político, no entanto, exige do PT do DF uma nova agenda. Uma agenda capaz de superar os erros do
passado e voltar as suas energias políticas e sociais para os desafios do presente e do nosso futuro.
20. O PT-DF se compromete, ainda, a defender, no plano nacional, o projeto político à frente do Governo Federal, a
rechaçar vigorosamente o conjunto de ataques que vem sendo desferido pela direita nacional e internacional e
por seus porta-vozes da imprensa. É preciso resgatar a contribuição histórica do PT na defesa da soberania
nacional, do crescimento econômico com distribuição de renda, dos mais legítimos interesses dos
trabalhadores/as e do povo brasileiro.
21. Ao concluir este processo de avaliação, o Diretório Regional do PT se compromete a assimilar as críticas e
observações da nossa militância, aprofundar os métodos democráticos que sempre marcaram nosso Partido
para a tomada de decisões e ampliar as formas e espaços de consultas e debates para que possamos voltar a
dialogar e representar os anseios dos/as trabalhadores/as e de toda a população do Distrito Federal.
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22. Dessa forma o Diretório Regional se compromete:
a. A participação integral do PT-DF em todas as iniciativas impulsionadas nacionalmente que visem à defesa
da democracia, dos direitos dos trabalhadores, das nossas estatais, do Governo legitimamente eleito,
aderindo ao calendário de lutas das centrais sindicais e movimentos sociais;
b. Ao diálogo e organização da juventude do DF nas suas lutas por mudanças sociais e por políticas públicas
que considerem os direitos específicos da juventude;
c. A promover a emancipação, organização e participação das mulheres petistas realizando atividades
específicas de formação politica, nas zonais e debates sobre os grandes temas nacionais como a reforma
politica.
d. A realização de plenárias zonais, visando à rearticulação dos filiados, com base na presente Avaliação e nas
propostas emanadas dos grupos de discussão da Plenária realizada em 28 de março, visando a construção
de um plano de ação.
e. A constituição no DF de um Fórum Politico de Partidos Progressistas e de Movimentos Sociais em defesa da
Reforma Política e outras agendas a serem construídas coletivamente;
f. A realizar atividades de formação política que visem à elevação da consciência militante e comprometimento
com as tarefas históricas do nosso Partido;
g. A constituição de novos instrumentos de comunicação do Partido com sua militância e com a sociedade;
h. Elaborar ao longo desse ano um conjunto de documentos setoriais de diagnóstico e propostas do PT para o
Distrito Federal, assim atualizando o programa politico do PT para o DF e contribuindo para atuação
partidária e dos nossos parlamentares.
i. O acompanhamento crítico permanente das ações do atual Governo do DF, coerente com a postura de
oposição já aprovada pelo partido, visando a defesa dos interesses da classe trabalhadora e do povo do
Distrito Federal.
14 de março de 2015.
DIRETÓRIO REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES