1. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA”
SOCIOLOGIA
2º ANO DO ENSINO MÉDIO
Eixo: TRABALHO, CIDADANIA, FÉ, VIDA E SOCIEDADE
Aluno(a): ______________________________________
Professor(a): ___________________________________
Turma/Turno: ___________________________________
Piúma, ES
2010
2. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
A SOCIOLOGIA estuda as relações sociais e as formas A educação voltada para
de associação, considerando as interações que ocorrem na
vida em sociedade. Desta forma, estudar Sociologia é A produção
buscar compreender criticamente o mundo que está ao Seja qual for a época ou o
nosso redor e entender nosso papel como agente de sistema político, trabalhar sempre foi algo
mudança nele. A Sociologia nos permite enxergar o mundo essencial para a sobrevivência de todos. Desde que
com outros olhos. Bom estudo! caçamos ou até mesmo na competitividade
empresarial dos dias atuais, trabalhar em algum
momento da vida é algo primordial para um indivíduo,
seja qual for o seu objetivo.
O problema é que a educação ficou voltada
Primeiro trimestre
apenas para o mercado de trabalho. A meta é
adquirir cada vez mais bens materiais, alimentar o
consumismo e adquirir status perante um grupo.
O conhecimento passa então a ser voltado
apenas para turbinar o currículo em busca de cargos
maiores e de salários cada vez mais recheados.
Sociologia do Trabalho Conseqüentemente o dinheiro passa a ser um fim e
não um meio na vida das pessoas, gerando assim em
menor ou maior grau, insatisfação, problemas sociais
INTRODUÇÃO e psicológicos. O ser humano então passa a ser
O que é 'trabalho'? Se mercadoria, vivendo apenas dentro de um padrão de
respondemos que 'trabalho' é toda pensamento voltado para a satisfação plena da sua
"atividade desenvolvida com a individualidade em todos os aspectos.
finalidade de atender às Esse imediatismo faz com que as pessoas
necessidades humanas", não procurem adquirir o mínimo de senso crítico para
vislumbramos o largo campo de abrangência de tal questionarem o mundo em que estão pisando.
conceito: as necessidades humanas são as mais Quantas vezes eu já ouvi alguém falar (ou pelo
variadas e o esforço de atender a elas acompanha o menos ficou estampado em sua expressão) que
homem como uma maldição ("comer o pão com o literatura, filosofia, conversar sobre política ou ver um
suor do rosto"!) ou como uma bênção ("o trabalho filme educativo não leva a nada.
dignifica e enobrece o homem!"). E assim o conhecimento também se transforma
Decorre daí que o trabalho pode ser objeto em mera mercadoria. Adquirir um pouco de cultura se
de estudo de várias ciências, e particularmente as tornou segundo plano, parecendo algo desnecessário
ciências humanas - antropologia, história, sociologia, servindo apenas para alimentar a curiosidade
direito, economia (para quem o trabalho é um dos momentânea.
fatores de produção, ao lado do capital e da matéria- Fonte: http://sagaz.wordpress.com/
prima), psicologia, a ciência política, por exemplo -
não podem deixar de considerar o trabalho humano
no âmbito de suas investigações. E vamos mais
adiante para afirmar que a complexidade do
fenômeno exige abordagem interdisciplinar, se
pretende chegar a algum resultado.
Neste sentido é a sociologia do trabalho que
pretende uma visão mais ampla da questão; "Toda e
qualquer coletividade de trabalho que apresente
traços mínimos de estabilidade (...) pode ser objeto
ATIVIDADE
de estudos para a sociologia do trabalho: assim uma
empresa industrial como um navio transatlântico ou 4) A charge abaixo retrata o desejo
um barco de pesca, tanto uma grande propriedade do autor do texto “A educação
em que se pratica a agricultura intensiva quanto uma voltada para a produção”.
fazendola em que trabalham alguns empregados com Descreva esse desejo. Você
a família do fazendeiro, não só uma grande loja concorda com o autor?
popular, mas também uma lojinha que emprega Justifique.
alguns vendedores, uma oficina de artesão e uma
repartição municipal, a tripulação de um avião, que se
reveza a intervalos regulares numa linha de
navegação aérea ou o pessoal de uma automotriz ..."
(FRIEDMANN - 81, p. 37).
(LAGE, Telma e ZIBORDI, Irineu)
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REVOLUÇÃO comercial para o industrial. Os outros dois
movimentos que a acompanham são a
INDUSTRIAL1 Independência dos Estados Unidos e a Revolução
Francesa que, sob influência dos princípios
iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna
A Revolução Industrial para a Idade Contemporânea. Para Marx, o
consistiu em um conjunto de capitalismo seria um produto da Revolução Industrial
mudanças tecnológicas com profundo impacto no e não sua causa.
processo produtivo em nível econômico e social.
Iniciada na Grã-Bretanha em meados do século XVIII,
expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
Ao longo do processo (que de acordo com
alguns autores se registra até aos nossos dias), a era TRABALHO ARTESANAL,
agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o
trabalho humano, uma nova relação entre capital e MANUFATURA E
trabalho se impôs, novas relações entre nações se
estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de GRANDE INDÚSTRIA
massa, entre outros eventos. O artesão se define como
Essa transformação foi possível devido a uma categoria a partir do século XII, na Europa. Nesta
combinação de fatores, como o liberalismo época "as populações medievais procuram se
econômico, a acumulação de capital e uma série de abastecer fora das áreas do feudo e do mosteiro,
invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo adquirindo em feiras e mercados, além dos domínios
tornou-se o sistema econômico vigente. senhoriais, artigos e mercadorias de que esses
domínios não dispunham ou que se tornam
CONTEXTO HISTÓRICO insuficientes para atender a novas exigências da vida
Antes da Revolução Industrial, a atividade urbana"(PIMENTA - 57, p. 112). O artesão, que não é
produtiva era artesanal e manual (daí o termo mais servo, porém homem livre, é um trabalhador
manufatura), no máximo com o emprego de algumas autônomo, proprietário dos meios de produção. E
máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de assim se conserva, até que as vantagens do
artesãos podiam se organizar e dividir algumas associacionismo acabam por atraí-lo para as
etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo corporações de ofícios. De fato estas se organizaram,
artesão cuidava de todo o processo, desde a a partir do séc. XI, em torno de interesses de mútuo
obtenção da matéria-prima até à comercialização do assistencialismo, conquista do mercado através da
produto final. Esses trabalhos eram realizados em 'lealdade da fabricação, e excelência dos produtos',
oficinas nas casas dos próprios artesãos e os conforme se vê de alguns estatutos das primeiras
profissionais da época dominavam muitas (se não corporações. Joaquim PIMENTA informa que "já no
todas) as etapas do processo produtivo. séc. XIII, acentuava-se no seio das corporações uma
Com a Revolução Industrial os trabalhadores tendência oligárquica entre os mestres ou patrões,
perderam o controle do processo produtivo, uma vez para fazerem da mestria um patrimônio doméstico,
que passaram a trabalhar para um patrão (na hereditário, de pais para filhos. (...) Na Inglaterra, a
qualidade de empregados ou operários), perdendo a qualidade de um membro de uma gilda constituía um
posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. direito de nascimento ou herança. O mesmo se
Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas verifica, mais cedo ou mais tarde, nos centros
que pertenciam aos donos dos meios de produção os urbanos de outros países, proporcionalmente com a
quais passaram a auferir os lucros. O trabalho monopolização, pelas corporações, dos ofícios e dos
realizado com as máquinas ficou conhecido por mercados."(PIMENTA - 64, p. 117)
maquinofatura. Se recuamos no tempo, é porque o sistema da
Esse momento de passagem marca o ponto grande indústria tem alguma cousa das corporações,
culminante de uma evolução tecnológica, econômica como se vê:
e social que vinha se processando na Europa desde "Desde que se passa às corporações do grande
a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a comércio e da indústria, aparecem desigualdades
Reforma Protestante tinha conseguido destronar a profundas, e, quando se trata de banqueiros e de
influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, industriais de tecidos, a organização se realiza sob o
Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao regime capitalista; os mestres, a miúdo agrupados
catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em em companhias, são grandes personagens,
geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar burgueses ricos e políticos influentes, separados por
aquilo que se fazia nos países mais avançados um fosso, largo e permanente, daqueles que eles
tecnologicamente: os países protestantes. empregam." (PIMENTA - 64, p. 119)”
De acordo com a teoria de Karl Marx, a Nos séculos seguintes, já sob regime de
Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha, liberdade de trabalho, as corporações evoluem para
integrou o conjunto das chamadas Revoluções as fábricas, sistema em que os comerciantes, ou
Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise mercadores, monopolizam a força de trabalho dos
do Antigo Regime, na passagem do capitalismo artesãos, na medida que lhes fornece a matéria-
prima e compram toda sua produção Uma profunda
mudança ocorre neste processo: o artesão perde
1
Fonte para pesquisa: págia na internet: site: contato com o consumidor. Entre ele e o mercado
http://pt.wikipedia.org/wiki/revolu%C3%A7%C3%A3º_Industrial interpõe-se o comerciante, que será seu único
cliente, e, em seguida, seu patrão. A fábrica
representaria mais um avanço neste processo: de
fato, o deslocamento do artesão de seu domicílio
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ARTESANATO MANUFATURA INDÚSTRIA
Iniciado com a Revolução
Baixa Idade Média Fase inicial do Capitalismo
Período Industrial
(até o séc. XVII) (1620-1750)
(1750 hoje)
Emprego maciço de máquinas e
O artesão executa sozinho Estágio intermediário entre o fontes de energia modernas
Principais todas as fases da produção e artesanato e a (carvão mineral, petróleo, etc.),
características até mesmo a comercialização maquinofatura; diferenciação produção em larga escala, grande
do produto. de cargos divisão e especialização do
trabalho
Instrumentos
Ferramentas simples Máquinas simples Maquinaria
de trabalho
Ferramentas – artesão
Meios de Artesão proprietário da oficina e
Matéria prima - Pertencentes ao capitalista
produção das ferramentas
manufatureiro
O artesão realiza todas as
etapas da produção (desde o Cada operário realizava uma
Divisão técnica e social do
Divisão do preparo da matéria-prima, até o tarefa ou parte da produção,
trabalho: cada operário executa
trabalho acabamento final); não havia mas esta ainda depende do
uma função específica
divisão do trabalho ou trabalho manual
especialização
Maior produtividade; novos
Comércio sob controle de hábitos de consumo; êxodo rural;
Aumento na produtividade do
Consequências associações, limitando o nova estratificação da sociedade;
trabalho
desenvolvimento da produção nova relação desta com a
natureza.
para a fábrica, onde se reúnem artesãos de
diferentes ramos da indústria, implica organização de
todo "processus da produção; concentra em um
corpo único e disciplinado operários de natureza
diversa, graças às relações recíprocas de hierarquia
e subordinação que ela lhes impõe; ela os reúne em ATIVIDADE
suas oficinas, põe à disposição deles todo um arsenal
de instrumentos de produção mecânica...", ao que
acrescentamos, promove a divisão do trabalho, 5) Estamos em pleno século XXI.
separando os mais fáceis, desqualificados, dos que Ainda existe outras formas de
exigem maior engenhosidade, com um grande ganho produção além da industrial? Em
de produtividade. caso afirmativo, quais?
No entanto é a emergência do Estado moderno,
Estado territorialmente centralizado, concomitante 6) Quais as vantagens e
com a revolução industrial e com a revolução política, desvantagens do modo de
que se criam as condições para o surgimento da produção industrial?
grande indústria. Diz PIMENTA que esta surgiria "da
reunião de fatores que se entrelaçam e se completam
na técnica de produção moderna", entre eles o
aperfeiçoamento das máquinas, introdução de A NASCENTE CLASSE
minérios, como ferro, manganês, bauxita etc.; novas
fontes de energia, além da água e vento, como a TRABALHADORA
hulha, o petróleo, a eletricidade etc; e o A Revolução Industrial alterou
desenvolvimento da técnica, impulsionada pelas profundamente as condições de vida
descobertas da Química, da Física, permitindo do trabalhador braçal, provocando
definitiva intervenção na natureza. inicialmente um intenso deslocamento da população
A grande indústria, portanto, se insere num rural para as cidades. Criando enormes
sistema econômico, o capitalismo, e assume uma concentrações urbanas; a população de Londres
forma de organização técnico-administrativa, que é a cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de
empresa. São suas características: 5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o início da
1° Posse privada de toda e qualquer espécie de Revolução Industrial, os operários viviam em
valores, entre eles os meios de produção: matérias- condições horríveis se comparadas às condições dos
primas, máquinas, fábricas ou locais de trabalho; trabalhadores do século seguinte. Muitos dos
2° Produção centralizada sob direção única e em trabalhadores tinham um cortiço como moradia e
escala sempre crescente ou sem limites além dos ficavam submetidos a jornadas de trabalho que
que determinam as condições de mercado; chegavam até a 80 horas por semana. O salário era
3° Concentração nos locais de produção de medíocre (em torno de 2.5 vezes o nível de
centenas ou milhares de trabalhadores subordinados subsistência) e tanto mulheres como crianças
a um mesmo regime de disciplina, os quais, também trabalhavam, recebendo um salário ainda
por força de contratos individuais ou convenções menor.
coletivas de trabalho, prestam serviços mediante A produção em larga escala e dividida em
remuneração ou salário." (PIMENTA - p. 129) etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do
produto final, já que cada grupo de trabalhadores
passava a dominar apenas uma etapa da produção,
mas sua produtividade ficava maior. Com sua
produtividade aumentava os salários reais dos
trabalhadores ingleses em mais de 300% entre 1800
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até 1870. Devido ao progresso ocorrido nos primeiros bons e baratos. O que, no fim, é ótimo para os
90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de consumidores.
trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 Então, já que o individualismo é bom para toda
horas semanais (10 horas diárias em cinco dias de a sociedade, o ideal seria que as pessoas pudessem
trabalho por semana). atender livremente a seus interesses individuais. E,
Horas de trabalho por semana para para Adam Smith, quem é que atrapalhava os
trabalhadores adultos nas indústrias têxteis: 1780 - indivíduos, quem é que impedia a livre iniciativa? O
em torno de 80 horas por semana; 1820 - 67 horas Estado, dizia ele. Para o autor escocês, "o Estado
por semana; 1860 - 53 horas por semana. deveria intervir o mínimo possível sobre a economia".
Se as forças do mercado agissem livremente, a
Segundos os socialistas, o salário, medido a economia poderia crescer com vigor. Desse modo,
partir do que era necessário para que o trabalhador cada empresário faria o que bem entendesse com
sobrevivesse (deve ser notado de que não existe seu capital, sem ter de obedecer a nenhum
definição exata para qual seja o "nível mínimo de regulamento criado pelo governo. Os investimentos e
subsistência"), cresceu à medida que os o comércio seriam totalmente liberados. Sem a
trabalhadores pressionam os seus patrões para tal, intervenção do Estado, o mercado funcionaria
ou seja, se o salário e as condições de vida automaticamente, como se houvesse uma "mão
melhoraram com o tempo, foi graças a organização e invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o vale-tudo
movimentos organizados pelos trabalhadores. Como capitalista promoveria o progresso de forma
veremos nos próximos itens. harmoniosa.
ATIVIDADE ATIVIDADE
7) O que foi a Revolução Industrial? 9) Por que, para Adam Smith, o
egoísmo seria útil para a
8) Quais as mudanças provocadas sociedade?
pela Revolução Industrial?
MOVIMENTOS
O LIBERALISMO DE SOCIAIS NO CONTEXTO
ADAM SMITH DA REVOLUÇÃO
As novidades da Revolução INDUSTRIAL
Industrial trouxeram muitas dúvidas. O Alguns trabalhadores, indignados com sua
pensador escocês Adam Smith situação, reagiam das mais diferentes formas, das
procurou responder racionalmente às perguntas da quais se destacam:
época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é MOVIMENTO LUDITA (1811-1812)
considerado uma das obras fundadoras da ciência Reclamações contra as máquinas inventadas
econômica. Os argumentos de Smith foram após a revolução para poupar a mão-de-obra já eram
surpreendentes. Ele dizia que o egoísmo é útil para a normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e
sociedade. surgiu o movimento ludista, uma forma mais radical
Seu raciocínio era este: quando uma pessoa de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos
busca o melhor para si, toda a sociedade é líderes do movimento. Os luditas chamaram muita
beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e
prepara uma deliciosa carne assada, você saberia destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por
explicar quais os motivos dela? Será porque ama o serem mais eficientes que os homens, tiravam seus
seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de
pensando, em primeiro lugar, nela mesma ou no jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma
pagamento que receberá no final do mês? De violenta repressão, foram condenados à prisão, à
qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário deportação e até à forca. Os luditas ficaram
dela, seu individualismo será benéfico para ela e para lembrados como "os quebradores de máquinas".
seu patrão. Anos depois os operários ingleses mais experientes
E por que um açougueiro vende uma carne adotaram métodos mais eficientes de luta, como a
muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? greve e o movimento sindical.
Porque deseja que ela se alimente bem ou porque MOVIMENTO CARTISTA (1837-1848)
está olhando para o lucro que terá com a venda? Em seqüência veio o movimento "cartista",
Ora, graças ao individualismo dele o freguês pode organizado pela "Associação dos Operários", que
comprar a carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores exigia melhores condições de trabalho como:
pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder
garantir seu salário e emprego. Portanto, é correto 1. particularmente a limitação de 8 horas
afirmar que os capitalistas só pensam em seus da jornada de trabalho
lucros. Mas, para lucrar, têm que vender produtos
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6. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
2. a regulamentação do trabalho poder de dispor deles transferindo-os a outros
feminino agentes. Os agentes que são donos de produtos
3. a extinção do trabalho infantil diferentes confrontam-se num processo de barganha
4. a folga semanal pelo qual trocam seus produtos. Nesse processo,
uma quantidade definida de um produto troca de
5. o salário mínimo
lugar com uma quantidade definida de outro.
A mercadoria tem, portanto, duas
Além de direitos políticos como:
características: pode satisfazer a alguma
estabelecimento do sufrágio universal e extinção da
necessidade humana, isto é, tem aquilo que Adam
exigência de propriedade para se integrar ao
Smith chamou de VALOR DE USO.
parlamento e o fim do voto censitário. Esse
Na verdade, essa necessidade pode ser de
movimento se destacou por sua organização, e por
dois tipos: vitais ou sociais. Por vitais nós temos
sua forma de atuação, chegando a conquistar
como exemplo a fome, o frio e a sede. As
diversos direitos políticos para os trabalhadores.
necessidades sociais são impostas ao homem pelas
convenções que existem na sociedade. Por
As "trade-unions" necessidade social nós podemos mencionar, por
Os empregados das fábricas também formaram exemplo, a de um rico que precisa morar em uma
associações denominadas trade unions, que tiveram casa espaçosa, bem ornamentada, com piscina,
uma evolução lenta em suas reivindicações. Na jardim, garagem para quatro carros etc. ·.
segunda metade do século XIX, as trade unions A outra característica é o fato de que ela
evoluíram para os sindicatos, forma de organização pode obter outras mercadorias em troca, poder de
dos trabalhadores com um considerável nível de permutabilidade que Marx chamou de VALOR DE
ideologização e organização, pois o século XIX foi um TROCA.
período muito fértil na produção de idéias antiliberais Portanto, Mercadoria é tudo o que é
que serviram à luta da classe operária, seja para produzido não tendo em vista o valor de uso, mas o
obtenção de conquistas na relação com o valor de troca, isto é, a venda do produto. Sendo a
capitalismo, seja na organização do movimento mercadoria um produto do trabalho, o seu valor é
revolucionário cuja meta era construir o Socialismo determinado pelo total de trabalho socialmente
objetivando o Comunismo. O mais eficiente e necessário para produzi-la.
principal instrumento de luta das trade unions era a Enfim, para que um produto seja uma
greve. mercadoria, seu possuidor deve ver nele não uma
coisa boa para seu uso pessoal, mas um objeto bom
para ser trocado.
ATIVIDADE Alienação, Fetichismo e Reificação
Para Marx é na vida econômica que a
10) Diferencie o alienação tem origem. Conforme vimos, quando o
movimento operário vende no mercado a sua força de trabalho, o
Ludista do movimento cartista. produto não mais lhe pertence e adquire uma
existência independente dele próprio.
11) Quais as semelhanças entre os Mas a perda do produto determina outras
movimentos cartistas com os perdas para o operário: ele não mais projeta ou
movimentos dos trabalhadores concebe aquilo que vai executar (dá-se a dicotomia
na atualidade? concepção-execução do trabalho, a separação entre
o pensar e o agir); com o aceleramento da produção,
12) Você acha importante a provocado pela crescente mecanização do trabalho
existência dos movimentos (linha de montagem), o operário executa cada vez
sociais nos dias atuais? mais apenas uma parte do produto (trabalho
Justifique. parcelado ou trabalho “em migalhas”); o ritmo do
trabalho é dado exteriormente e não obedece ao
próprio ritmo natural do seu corpo.
O produto do trabalho do operário subtrai-se,
portanto à sua vontade, à sua consciência e ao seu
CONTRIBUIÇÕES DE controle, e o produtor já não mais se reconhece no
que produz. O produto surge como um poder
KARL MARX PARA A separado do produtor, como uma realidade soberana
COMPREENSÃO DA e tirânica que domina e ameaça. A esse processo
Marx chama fetichismo da mercadoria.
REALIDADE SOCIAL: Quando a mercadoria chega ao mercado,
tudo muda: o trabalho social aparece como uma
CONCEITOS BÁSICOS qualidade das próprias mercadorias. No
funcionamento do mercado, os produtores, ou seja,
os trabalhadores, foram esquecidos completamente.
Mercadoria O movimento contínuo das mercadorias, aparece
então como um movimento de coisas incontroláveis
A mercadoria é a forma que os produtos que submetem os homens à sua dominação. Sendo
tomam quando a produção é organizada por meio da as mercadorias coisas independentes, superiores ao
troca. Nesse sistema, uma vez criados, os produtos próprio homem é claro que o trabalhador que
são propriedade de agentes particulares que têm o
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produziu as mercadorias, também, não terá
importância.
A palavra fetiche tem a mesma raiz da Tp = Ts = 6 = 1,5 = 150%
palavra feitiço, que do ponto de vista místico e Tn 4
religioso significa um artefato com forças estranhas,
capaz de exercer poder sobre os crentes e Como a reprodução da sociedade de classes
adoradores. Da mesma forma, a mercadoria surge está ligada à produção de mercadorias em grande
não como resultado de relação de produção, mas escala, é lógico que a maior parte da mais-valia deve
valendo por si mesma, como realidade autônoma e, servir para produzir mais mercadorias. É assim que a
mais ainda, como determinante da vida dos homens. mais-valia se transforma em capital.
Produz-se aqui uma grande inversão: o
homem, que devia ser senhor soberano do seu Modo de produção
produto, passa a ser comandado e dirigido por aquilo Modo de produção é a maneira como se
que produziu. As leis do mercado fazem o homem organiza a produção material em um dado estágio de
sucumbir a forças hostis que o arrastam a um destino desenvolvimento social. Essa maneira depende do
inumano de crises, guerras e desemprego. desenvolvimento das forças produtivas (a força de
Assim, se por um lado a mercadoria se trabalho humano e os meios de produção, tais como
“humaniza”, o próprio homem se “desumaniza”, se máquinas, ferramentas etc.) e da forma das relações
reifica (res, em latim, significa “coisa”). de produção.
Embora a definição dos modos de produção
O Trabalho é uma mercadoria: Mais-valia seja um aspecto complexo na obra de Marx e entre
Para sobreviver, o trabalhador vende ao os seus comentadores, temos no livro Ideologia
capitalista a única mercadoria que possui, que é sua alemã a exposição dos seguintes modos de produção
capacidade de trabalhar. Qual deve ser o valor da dominantes em cada época: o comunismo primitivo, o
sua força de trabalho? Sendo um ser vivo, o escravismo na Antiguidade, o feudalismo na Idade
trabalhador precisa receber o necessário para a Média e o capitalismo na Idade Moderna.
subsistência e reprodução de sua capacidade de Ele afirma que a passagem de um modo de
trabalho, ou seja, alimento, roupa, moradia, produção a outro se dá no momento em que o nível
possibilidade de criar os filhos etc. O salário deve ser de desenvolvimento das forças produtivas entra em
portanto o correspondente ao custo de sua contradição com as relações sociais de produção.
manutenção e de sua família. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção
O operário se distingue dos escravos e dos em virtude da inadequação das relações nas quais
servos por receber um salário a partir de um contrato ela se dá. Nesse momento, surgem as possibilidades
livremente aceito entre as partes. No entanto, na objetivas de transformação desse modo de produção.
famosa obra O Capital, Marx explica que essa
relação de contrato livre é mera aparência e que, na
verdade, o desenvolvimento do capitalismo supõe a ATIVIDADE
exploração do trabalho do operário. Isso porque o
capitalista contrata o operário para trabalhar durante
um certo período de horas a fim de alcançar uma 4) O que é mercadoria na
determinada produção. Mas ocorre que o trabalhador, visão marxista?
estando disponível todo o tempo, acaba produzindo 5) Explique com suas
mais do que foi calculado inicialmente. Ou seja, a
palavras o que é Alienação,
força de trabalho pode criar um valor superior. A
Fetichismo e Reificação.
parte do trabalho excedente não e paga ao operário,
6) Como ocorre a mais-valia?
mas serve para aumentar cada vez mais o capital.
Chama-se mais-valia, portanto, ao valor que
o operário cria além do valor de sua força de
trabalho, e que é apropriado pelo capitalista.
Se, por exemplo, um operário trabalha em
média diariamente 10 horas por dia e precisa apenas A INDUSTRIALIZAÇÃO NO
4 horas de trabalho para pagar os meios de
subsistência, as outras 6 horas vão parar nas mãos
BRASIL
do empresário e representam a mais-valia. Vemos
assim que o trabalhador realizou 4 horas de trabalho A história da
necessário para produzir o seu sustento e 6 horas industrialização no Brasil pode ser
de trabalho suplementar em uma jornada de 10 dividida em quatro períodos principais:
horas. Dizemos então que a parte da jornada de o primeiro período, de 1500 a 1808,
trabalho que serve para a reprodução da força de chamado de "Proibição"; o segundo
trabalho é o tempo de trabalho necessário. período, de 1808 a 1930, chamado de "Implantação";
Para determinar a taxa de mais-valia só precisamos o terceiro período, de 1930 a 1956, conhecido como
dividir o tempo de trabalho suplementar pelo tempo fase da Revolução Industrial Brasileira e finalmente o
de trabalho necessário de maneira seguinte: quarto período, após 1956, chamado de fase da
internacionalização da economia brasileira.
Taxa de mais-valia (Tp) = trabalho suplementar PRIMEIRO PERIODO (1500 - 1808): OU DE
trabalho necessário “PROIBIÇÃO”
Nesta época Portugal fazia restrição ao
desenvolvimento de atividades industriais no Brasil.
Tn Apenas uma pequena indústria para consumo interno
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8. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
era permitida, devido às distâncias entre a metrópole Entre 1914 e 1918 ocorreu a Primeira
e a colônia. Eram, principalmente, de fiação, Guerra Mundial e, a partir dai, vamos constatar que
calçados, vasilhames. os períodos de crise foram favoráveis ao nosso
Na segunda metade do século XVIII crescimento industrial. Isso ocorreu também em 1929
algumas indústrias começaram a crescer, como a do com a Crise Econômica Mundial e, mais tarde, em
ferro e a têxtil. Isso não agradava Portugal porque já 1939 com a 2ª Guerra Mundial, até 1945.
faziam concorrência ao comércio da corte e poderiam Nesses períodos a exportação do café era
tornar a colônia independente financeiramente e daí a prejudicada e havia dificuldade em se importar os
possibilidade da independência política. Assim em 5 bens industrializados, estimulando dessa forma os
de janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará, investimentos e a produção interna, basicamente
extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia, indústria de bens de consumo.
exceto a dos panos grossos para uso dos escravos, e Em 1907 foi realizado o 1° censo industrial do Brasil,
criando restrições à indústria do ferro. indicando a existência de pouco mais de 3.000
Em 1795 foram feitas algumas concessões empresas. O 2° censo, em 1920, mostrava
às restrições do Alvará, principalmente as relativas à
indústria do ferro, novamente devido às distâncias. a existência de mais de 13.000 empresas,
caracterizando um novo grande crescimento
SEGUNDO PERIODO (1808-1930) industrial nesse período, principalmente durante a 1ª
Primeira fase (1808-1850) Guerra Mundial quando surgiram quase 6.000
Em 1808 chegando ao Brasil a família real empresas.
portuguesa, D. João VI revogou o alvará, abriu os Predominava a indústria de bens de
portos ao comércio exterior e fixou taxa de 24% para consumo que já abastecia boa parte do mercado
produtos importados, exceto para os portugueses que interno. O setor alimentício cresceu bastante,
foram taxados em 16%. Em 1810, através de um principalmente exportação de carne, ultrapassando o
contrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em setor têxtil. A economia do país continuava, no
15% a taxa para as mercadorias inglesas por um entanto, dependente do setor agroexportador,
período de 15 anos. Neste período, o especialmente o café, que respondia por
desenvolvimento industrial brasileiro foi mínimo aproximadamente 70% das exportações brasileiras.
devido à forte concorrência dos produtos ingleses
que plenamente "invadiram" o mercado consumidor TERCEIRO PERÍODO (1930-1956): de
brasileiro. "Revolução Industrial"
Em 1828 foi renovado o protecionismo O início desse período foi marcado pela crise
econômico cobrando-se uma taxa de 15% sobre os econômica de 1920/30, decorrente da grande
produtos estrangeiros, agora sem exceção para todos depressão norte-americana com a quebra da Bolsa
os países. Porém essa taxa era ainda era pequena de Nova York.
para formar-se no País um certo desenvolvimento Outro marco foi a Revolução de 1930, com
industrial. Getúlio Vargas, que operou uma mudança decisiva
Em 1844 o então Ministro da Fazenda no plano da política interna, afastando do poder do
Manuel Alves Branco decretou uma lei que ampliava estado oligarquias tradicionais que representavam os
as taxas de importação para 30% sobre produtos interesses agrários-comerciais. Getúlio Vargas
sem similar nacional e 60% sobre os com similar adotou uma política industrializante, regulamentando
nacional. o mercado de trabalho urbano, limitando algumas
Segunda fase (1850-1930) importações e, mais tarde, dirigindo investimentos
Em 1850 é assinada a Lei Eusébio de estatais para a indústria de base.
Queirós proibindo o tráfico de escravos, e que trouxe Foram criadas grandes restrições a entrada
duas consequências importantes para o de imigrantes, caracterizando a substituição de mão-
desenvolvimento industrial: de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra
• Os capitais que eram aplicados na era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em
compra de escravos ficaram disponíveis e foram função do êxodo rural (decadência cafeeira) e
aplicados no setor industrial. movimentos migratórios de nordestinos. Vargas
• A cafeicultura que estava em pleno investiu forte na criação da infra-estrutura industrial:
desenvolvimento necessitava de mão-de-obra. Isso indústria de base e energia. Destacando-se a criação
estimulou a entrada de um número considerável de de:
imigrantes, que trouxeram novas técnicas de • Conselho Nacional do Petróleo (1938)
produção de manufaturados e foi a primeira mão-de- • Companhia Siderúrgica Nacional (1941)
obra assalariada no Brasil. Assim constituíram um • Companhia Vale do Rio Doce (1943)
mercado consumidor indispensável ao • Companhia Hidrelétrica do São
desenvolvimento industrial, bem como força de Francisco (1945)
trabalho especializada. Foram fatores que contribuíram para o
O setor que mais cresceu foi o têxtil, desenvolvimento industrial a partir de 1930:
favorecido em parte pelo crescimento da cultura do
• o grande êxodo rural, devido a crise do
algodão em razão da Guerra de Secessão dos
café, com o aumento da população urbana que foi
Estados Unidos, entre 1861 e 1865.
constituir um mercado consumidor.
Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto
industrial quando a quantidade de estabelecimentos • a redução das importações em função
passou de 200, em 1881, para 600, em 1889. da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que
Esse primeiro momento de crescimento favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de
industrial inaugurou o processo de Substituição de concorrência estrangeira.
Importações.
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9. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
Esse desenvolvimento ocorreu Aumentou a produção de petróleo e a
principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas potência de energia elétrica instalada, visando a
Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a grande assegurar a instalação de indústrias.Desenvolveu-se
concentração espacial da indústria, que permanece o setor rodoviário.
até hoje. Houve um grande crescimento da indústria
Uma característica das indústrias que foram de bens de produção que cresceu 37% contra 63%
criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas da de bens de consumo.
delas fazem apenas a montagem de peças Percebe-se, por esses números, que na
produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias década de 50 alterou-se a orientação da
das matrizes estrangeiras. industrialização do Brasil. Contribuiu para isso a .
No início da 2ª Guerra Mundial o crescimento Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do
diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os Crédito (SUMOC), instituída em 1955, no governo
equipamentos e máquinas que precisava. Café Filho. Essa Instrução permitia a entrada de
Isso ressalta a importância de possuir uma máquinas e equipamentos sem cobertura cambial
Indústria de Bens de Capital. (sem depósito de dólares para a aquisição no Banco
Apesar disso as nossas exportações do Brasil).
continuaram a se manter acarretando um acúmulo de O crescimento da indústria de bens de
divisas. A matéria-prima nacional substituiu a produção refletiu-se principalmente nos seguintes
importada. Ao final da guerra já existiam indústrias setores:
com capital e tecnologia nacionais, como a indústria • siderúrgico e metalúrgico (automóveis);
de autopeças. • químico e farmacêutico;
No segundo governo Vargas (1951-1954),
os projetos de desenvolvimento baseados no
• construção naval, implantado no Rio de
Janeiro em 1958 com a criação do Grupo Executivo
capitalismo de Estado, através de investimentos
da Indústria de Construção Naval (GEICON).
públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC,
No entanto, o desenvolvimento industrial foi
em 1951), BNDES (1952), Petrobrás (1954), dentre
calcado, em grande parte, com capital estrangeiro,
outros, forneceram importantes subsídios para
atraído por incentivos cambiais, tarifários e fiscais
Juscelino Kubistchek lançar seu Plano de Metas,
oferecidos pelo governo. Nesse período teve início
ainda que à um elevado custo de internacionalização
em maior escala a internacionalização da economia
da economia brasileira.
brasileira, através das multinacionais.
Quarto Período(1956...): de
A década de 60 começou com sérios
"Internacionalização"
problemas políticos: a renúncia de Jânio Quadros em
Ao final da Segunda Guerra Mundial o Brasil
1961, a posse do vice-presidente João Goulart,
dispunha de grandes reservas de moeda estrangeira,
discussões em torno de presidencialismo ou
divisas, fruto de ter exportado mais do que importado.
parlamentarismo. Esses fatos ocasionaram um
O governo de Eurico Gaspar Dutra estimulou
declínio no crescimento econômico e industrial.
as importações esgotando as reservas mas
Após 1964, os governos militares,
favorecendo o reequipamento de vários setores
retomaram e aceleraram o crescimento econômico e
industriais, que veio contribuir para o seu
industrial brasileiro. O Estado assumiu a função de
crescimento. O governo adotou uma política de
órgão supervisor das relações econômicas. O
seleção de importações para evitar um desequilíbrio
desenvolvimento industrial pós 64 foi significativo.
em nossa balança de pagamentos. Houve um
Ocorreu uma maior diversificação da
crescimento de 8,9% de 1946 a 1950.
produção industrial. O Estado assumiu certos
Enquanto nas décadas anteriores houve
empreendimentos como: produção de energia
predominância da indústria de bens de consumo, na
elétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura de
década de 40 outros tipos de atividade industrial
rodovias e outros, assegurando para a iniciativa
começam a se desenvolver como no setor de
privada as condições de expansão ou crescimento de
minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja setores mais
seus negócios.
sofisticados tecnologicamente.
Houve grande expansão da indústria de
Em 1946 teve início a produção de aço da
bens de consumo não-duráveis e duráveis com a
CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Volta
produção inclusive de artigos sofisticados. Aumentou,
Redonda, que abriu perspectivas para o
entre 1960 e 1980, em números significativos a
desenvolvimento industrial do pais, já que o aço
produção de aço, ferro-gusa, laminados, cimento,
constitui a base ou a "matriz" para vários ramos ou
petróleo
tipos de indústria.
Para sustentar o crescimento industrial,
Em 1950 alguns problemas de grande
houve o aumento da capacidade aquisitiva da classe
importância dificultaram o desenvolvimento industrial:
média alta, através de financiamento de consumo.
• falta de energia elétrica; Foi estimulada, também, a exportação de produtos
• baixa produção de petróleo; manufaturados através de incentivos
• rede de transporte e comunicação governamentais. Em 1979, pela 1ª vez, as
deficientes. exportações de produtos industrializados e semi-
Para tentar sanar os dois primeiros industrializados superaram as exportações de bens
problemas o presidente Getúlio Vargas inaugurou a primários (produtos da agricultura, minérios,
Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Usina matérias-primas).
Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobrás. Com a autosuficiência no setor de petróleo,
No governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a que minimizou o problema da dependência do setor
1961, criou-se um Plano de Metas que dedicou mais industrial em relação ao mesmo, só falta ao Brasil
de 2/3 de seus recursos para estimular o setor de enfrentar um desafio atual, cada vez mais imposto
energia e transporte.
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10. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
pelo mundo globalizado: a geração de tecnologia de
ponta nacional. Modelo Toyotista
Na produção
em série da Ford ainda
vai houve muitos
desperdícios de matéria
ATIVIDADE prima e tempo de mão-
de-obra na correção de
defeitos do produto.
Essa estrutura durou até
13) Quais as principais o final da Segunda Guerra Mundial, quando também
características de cada um dos numa fábrica de automóveis no Japão, aparece um
três períodos da industrialização outro sistema de produção - o toyotismo, que se
brasileira. caracterizou pela concepção "enxuta" (clean, magra,
sem gorduras). Esse novo modo de pensar a
produção sofreu forte influência do engenheiro
americano W. Edwards Deming, que atuou como
consultor das forças de ocupação dos EUA no Japão
PRODUÇÃO EM MASSA OU após a Segunda Guerra. Deming argumentava com
os industriais da nação quase em ruínas que
ENXUTA? Taylorismo, Fordismo e Toyotismo melhorar a qualidade não diminuiria a produtividade.
A proposta é de que o próprio consumidor
escolha seu produto. O estabelecimento ou a fábrica
Taylorismo deixa de "empurrar" a mercadoria para o cliente, para
Em 1911, o engenheiro que este a "puxe" de acordo com as suas próprias
norte-americano Frederick W. Taylor necessidades.
publicou “Os princípios da Ao contrário do sistema de massa, essa
administração científica”, ele outra concepção de produção delega aos
propunha uma intensificação da trabalhadores a ação de escolher qual a melhor
divisão do trabalho, ou seja, fracionar maneira de exercerem seus trabalhos, assim eles
as etapas do processo produtivo de têm a chance de inovar no processo de produção.
modo que o trabalhador Com isso, o trabalhador deve ser capacitado, para
desenvolvesse tarefas ultra- qualificar suas habilidades e competências, que antes
especializadas e repetitivas. não eram necessárias. Dessa forma, os industriais
Diferenciando o trabalho intelectual investem na melhoria dos funcionários, dentro e fora
do trabalho manual. Fazendo um das indústrias.
controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um A Toyota, ao adotar a concepção "enxuta" e
constante esforço de racionalização, para que a rompendo com a produção em série, possibilitou
tarefa seja executada num prazo mínimo. Portanto, o oferecer um produto personalizado ao consumidor.
trabalhador que produzisse mais em menos tempo As ferramentas utilizadas eram de acordo com cada
receberia prêmios como incentivos. proposta demandada pelo cliente. Inclusive, passou a
produzir automóveis com larga escala de cores, sem
gerar custos adicionais.
Fordismo Os operários japoneses utilizam uma cartela
O norte-americano (kaban, sinal) para indicar ao colega antecedente
Henry Ford foi o primeiro a por qual a peça deveria ser produzida e entregue. Dessa
em prática, na sua empresa forma, conseguem eliminar o estoque e o
“Ford Motor Company”, o desperdício, produzindo somente o que for
taylorismo. Posteriormente, ele necessário, JIT - "just in time".
inovou com o processo do A fábrica centralizada da Ford, que ocupava
fordismo, que, absorveu um enorme espaço, deixa de existir. As fábricas da
aspectos do taylorismo. Toyota, sem necessitar de grande área para estoque,
Consistia em organizar a linha são descentralizadas em menores proporções,
de montagem de cada fábrica interligadas por sistemas de informação, com
para produzir mais, controlando sofisticadas tecnologias de informação e
melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os comunicação.
transportes, a formação da mão-de-obra. Ele adotou Dois conceitos inovadores que surgiram na
três princípios básicos; Toyota merecem destaque: equipe de trabalho (team
1) Princípio de Intensificação: Diminuir o work) e qualidade total. Em uma fábrica "enxuta" todo
tempo de duração com o emprego imediato dos o trabalho é feito por equipes. Quando um problema
equipamentos e da matéria-prima e a rápida aparece, toda a equipe é responsável. Quando ocorre
colocação do produto no mercado. um defeito na montagem de uma peça, a equipe de
2) Princípio de Economia: Consiste em montagem se organiza na busca de maneiras de
reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria- resolver o problema. Há uma cobrança entre os pares
prima em transformação. para que cada membro atue de uma maneira que não
3) Princípio de Produtividade: Aumentar a prejudique os companheiros. Algumas fábricas
capacidade de produção do homem no mesmo delegam à equipe a função de demitir ou aceitar
período (produtividade) por meio da especialização e novos funcionários.
da linha de montagem. O operário ganha mais e o
empresário tem maior produção.
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11. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
Junto com a qualidade total também foram Muitas vezes o trabalho é considerado por
inseridas novas máquinas para o interior das aqueles que o executam uma tortura, ou seja, um
indústrias, com maior precisão e produtividade. A elemento coercitivo, uma imposição, sendo realizado
substituição da mão-operária pelas máquinas fez com devido a uma tendência objetiva, podendo ser uma
que aumentasse o desemprego em escala mundial, satisfação de determinada carência ou ainda a
inclusive nos países desenvolvidos economicamente. conseqüência de uma necessidade. Dessa forma,
Contudo, a concepção "enxuta" passou a exigir maior procuraremos descrever as três principais formas que
autonomia tanto do trabalhador para expor as suas podemos encontrar nas relações de trabalho:
habilidades, quanto do consumidor para dar vez à Trabalho enquanto ação
sua vontade. É nesse modelo que o sujeito tem a Se o trabalho é visto como obrigação moral
chance de escolher, tomar decisões, propor soluções de todos, torna-se ação desejada, podendo levar a
e gerar novas idéias. uma integração maior da sociedade. Adquirimos, com
Se a equipe de trabalho gerou a qualidade esse significado, uma referência de vida moralmente
total na concepção "enxuta", podemos então propor correta.
um processo de design que seja construído de O trabalho caracteriza-se ação, segundo
acordo com as qualidades do cliente, que contemple Friedmann, quando se alimenta de uma disciplina
suas necessidades, seu gosto e o requinte do livremente aceita, como às vezes a do artista, que
designer. realiza uma obra sem fôlego, sem ser punido pela
necessidade, quando exprime as tendências
profundas da personalidade e ajuda a realizar-se. É o
trabalho relacionado ao prazer; é o que distingue o
homem dos demais animais. Este tipo de atividade
pressupõe liberdade, uma vez que corresponde a
uma escolha livremente feira, segundo as aptidões da
pessoa e pode ter efeitos positivos sobre a
ATIVIDADE personalidade.
Percebe-se que o trabalho exercido no dia-a-
14) Afinal, qual o melhor modo de dia sob a pressão da produção intensa, sob a batuta
produção nos dias atuais de ritmos impostos e realizado em ambientes
(opinião pessoal)? Por que? competitivos distancia-se completamente da definição
de trabalho como ação, pois não é livremente
15) O que seria uma produção em selecionado e executado. Conclui-se que o trabalho
massa e uma produção enxuta? enquanto ação é bem raro de ocorrer.
Trabalho enquanto necessidade
O LABOR está relacionado ao trabalho de
manutenção da vida, a necessidade de sobrevivência
e reprodução da espécie humana. É o trabalho com
dor, associado ao sofrimento, às dores do parto, ao
DIVISÃO SOCIAL DO esforço físico. Na Grécia antiga, onde esta distinção
TRABALHO - se originou, o LABOR era aquilo que os escravos, as
mulheres e os homens, que não eram considerados
EXPLORAÇÃO E cidadãos realizavam. É típico da esfera privada, do
lar, da família.
ALIENAÇÃO O trabalho entendido como necessidade é
considerado um produtor de utilidades (valores de
Sabemos que as idéias de organização, uso), bem como de mercadorias; refere-se ao
coação, disciplina, obrigação estão presentes nas estímulo associado aos bens adquiridos pelo
relações de trabalho. Sabemos também que o trabalho. Neste caso, temos uma relação instrumental
trabalho moderno levou às últimas conseqüências a com o trabalho e a nossa referência é a necessidade
'divisão de trabalho', alimentando o processo de ou sobrevivência física. Ou seja, queremos um
exploração e de alienação. Mas o que representa a trabalho devido ao salário.
'divisão de trabalho'? Todas as sociedades produzem artigos para
Mesmo as sociedades primitivas conhecem suprir as necessidades das pessoas. Tais artigos
uma divisão 'natural' do trabalho, que é a que se dá bastam-se em cumprir utilidades, seu valor está em
pela especialização das funções, segundo as seu uso, portanto têm valor de uso para que o
habilidades e talentos inatos dos indivíduos. Assim é produziu, o trabalhador. Já a mercdoria pode ser
que os mais lentos se dedicam à pesca, enquanto os considerada valor de uso produzido para outros, que
mais ágeis/magros á caça, as mulheres ao cuidado obterão mediante uma troca. Tais artigos têm valor
dos filhos etc. e a especialização leva a um melhor de troca. Tanto os produtos com valor de uso quanto
rendimento, o que se dá em proveito do grupo. os com valor de troca objetivam suprir necessidades,
mas o que é considerado necessidade não é um
valor atemporal. A necessidade deve ser
contextualizada, pois altera-se conforme a
organização social e o momento histórico
Trabalho: Ação, necessidade e considerado.
Trabalho enquanto coerção
coerção O trabalho quando forçoso, seja pela
Por Tatiana Claro consecução de uma necessidade ou satisfação de
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12. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
uma carência, caracteriza-se como uma coerção. É grupo Gerdau controla a Margusa. Simasa e Margusa
imposto por uma exigência que deve ser atendida. são acusadas pelo Ministério Público do Trabalho de
A compulsão que caracteriza a atividade de usarem mão-de-obra escrava em carvoarias ilegais.
trabalho pode ser de origem externa (como força Esse carvão é usado na produção do ferro gusa
física, persuasão moral ou coação econômica – esta exportado aos Estados Unidos para a produção de
última sendo a mais freqüente) ou interna (quando aço, que por sua vez é matéria prima de automóveis
provém de um ideal se servir à sociedade ou da e diversos outros produtos.
necessidade de criação artística, científica ou A Vale do Rio Doce e a Nucor não estão
técnica). sendo acusadas de envolvimento direto com o
Tipos de coerção: a força física, a persuasão trabalho escravo. Contudo, fazem negócios
moral, a coação econômica e coerção da lei. comerciais com empresas envolvidas na exploração
de trabalho escravo. A sociedade, a Constituição
brasileira, normas internacionais e até os princípios
Reportagem: de responsabilidade social empresarial, como se
pode ler mais adiante, não admitem o uso de
Escravos do aço escravidão em nenhum elo da cadeia produtiva.
(Junho de 2004)
Pior que gado
Por Dauro Veras e Marques Casara
Mesmo nas
carvoarias onde
Siderúrgicas se não existe
beneficiam de trabalho trabalho escravo,
escravo em carvoarias na selva a legislação é
amazônica sistematicamente
Esta é a ponta inicial descumprida. Os
de uma cadeia de produção que trabalhadores não recebem equipamentos de
envolve, com diversos graus de proteção individual, não têm alojamento nem
responsabilidade, gigantes assistência médica. Também não são registrados em
industriais. Empresas carteira nem têm direito aos benefícios legais. "É uma
controladas pelos grupos realidade assustadora", define o procurador do
Queiroz Galvão e Gerdau são Ministério Público do Trabalho em São Luís (MA),
acusadas pelo Ministério Maurício Pessoa Lima. "Em inspeções realizadas em
Público Federal de se beneficiarem da escravidão carvoarias, eu vi o gado vivendo em melhores
para produzir ferro gusa. A Companhia Vale do Rio condições que os trabalhadores".
Doce e a maior produtora de aço dos Estados Em um relatório de inspeção realizada em
Unidos, Nucor Corporation, relacionam-se carvoarias ligadas à Simasa e à Margusa, entre os
comercialmente com essas empresas. Uma atividade dias 8 e 17 de março deste ano, o procurador do
econômica bilionária tem em sua base a violação dos trabalho Luercy Lino Lopes apontou o envolvimento
direitos humanos. direto das siderúrgicas com o trabalho escravo.
A Amazônia brasileira produz o melhor ferro Escreveu Lopes:
gusa do mundo, usado principalmente na produção "De um modo geral, em todas as carvoarias
de peças automotivas. É um mercado que movimenta inspecionadas observou-se: (...) O trabalho é
400 milhões de dólares anuais somente na região realizado em condições absolutamente aviltantes e
Norte - 2,2 milhões de toneladas/ano - e tem como degradantes, em total ofensa à própria dignidade dos
principal compradora a indústria siderúrgica dos trabalhadores, o que, segundo entendo pela atual
Estados Unidos. Esse gusa alimenta um mercado de redação do artigo 149 do Código Penal Brasileiro,
alta tecnologia, o dos aços especiais. A produção, tipifica a conduta pertinente à redução à condição
contudo, tem na base de sua cadeia de valor uma análoga à de escravo".
das piores formas de exploração humana: o trabalho Em outro trecho, o procurador acrescenta:
escravo, que acontece em carvoarias localizadas na "Raramente algum trabalhador é flagrado de
floresta amazônica. posse de EPI (equipamento de proteção individual);
Vivem lá homens que perderam a liberdade, trabalham em meio à fuligem e fumaça de carvão,
não recebem salários, dormem em currais, comem sem camisa ou com a camisa toda rasgada e suja;
como animais, não têm assistência médica e, em com calção e sem botinas e luvas. Em nenhuma das
muitos casos, são vigiados por pistoleiros autorizados carvoarias vistoriadas foi encontrada água potável".
a matar quem tentar fugir. Esses trabalhadores, em Reincidência
sua maioria, não sabem ler nem escrever. Em geral, O uso de trabalho
esqueceram a data do aniversário. Têm dificuldades escravo envolvendo
de se expressar, sentem medo, vivem acuados e não siderúrgicas não é recente.
gostam de falar sobre si mesmos. Quase sempre, Em 1995, ano em que o
não possuem carteira de identidade nem título de Ministério do Trabalho criou o
eleitor. São como fantasmas, com futuro incerto. Grupo Especial de
As carvoarias da Amazônia são controladas Fiscalização Móvel, quatro
por 13 siderúrgicas com sede no Maranhão e no siderúrgicas localizadas no
Pará. Algumas siderúrgicas são de propriedade de Mato Grosso e em Minas
gigantes da economia, com atuação em quase todo o Gerais foram acusadas de
território brasileiro e também no exterior. O grupo manter trabalhadores
Queiroz Galvão é dono da Simasa e da Pindaré. O escravos em carvoarias. No
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13. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
Mato Grosso, a pequena cidade de Ribas do Rio - Não é! Isso é coisa do demônio e se
Pardo se tornou uma espécie de pólo escravagista, continuar… quando morrer as portas do paraíso,
com denúncias em vários setores da economia. estarás fechadas para ti.
No ano seguinte surgiram pela primeira vez, - E o senhor quando morrer vai estar lá no
nos relatórios do Grupo Móvel, os nomes de paraíso?
siderúrgicas ligadas a grandes conglomerados - Vou sim, a eternidade me espera, os mais
econômicos. É o caso da siderúrgica Pindaré, da belos anjos me acolherão e tudo será lindo e
Queiroz Galvão, com sede em Açailândia (MA). Ela maravilhoso. Mas por que me fazes essa pergunta?
aparece em relatórios do Grupo Móvel em 1996, - Porque eu prefiro ir direto para o inferno ao
1997, 1998, 2002 e 2003. A Simasa, também da encontrar o senhor por lá.
Queiroz Galvão, aparece pela primeira vez em 2002,
tornando-se freqüente desde então. A Margusa,
comprada pela Gerdau no dia 2 de dezembro de
2003, aparece em março de 2004.
Diversos relatos do Grupo Móvel não
caracterizam as situações encontradas como trabalho
escravo, mas "trabalho degradante", o que é
diferente. Enquadra- se na condição de trabalho
degradante aquele em que o trabalhador não tem Fragmento de música: Até
registro em carteira, não dispõe de equipamento de
proteção, dorme em um curral sem paredes, não tem quando?
acesso a água potável ou a assistência média, férias, Gabriel Pensador
13o salário. Em quase 100% dos casos não conta
com um banheiro no local de trabalho. “(...) Acordo num tenho trabalho, procuro
O trabalho escravo, segundo a OIT, trabalho, quero trabalhar
acontece quando existe coação e privação da O cara me pede diploma, num tenho
liberdade. Em 2003, com a mudança do artigo 149 do diploma, num pude estudar
Código Penal, o que acima foi descrito como trabalho E querem que eu seja educado, que eu ande
degradante passou a ser interpretado, por alguns arrumado que eu saiba falar
especialistas, como escravidão. É o caso de Aquilo que o mundo me pede não é o que o
situações extremamente degradantes como as que mundo me dá
são encontradas pelo Grupo Móvel nas carvoarias, Consigo emprego, começo o emprego, me
explica o procurador do Ministério Público do mato de tanto ralar
Trabalho, Maurício Pessoa Lima. Acordo bem cedo, não tenho sossego nem
O procurador Luercy Lino Lopes, em seu tempo pra raciocinar
relatório de março, não hesitou em acusar Simasa e Não peço arrego mas na hora que chego só
Margusa de envolvimento com trabalho escravo. fico no mesmo lugar
"Diante das impressões que tive no local, a situação Brinquedo que o filho me pede num tenho
das carvoarias, sobretudo no Pará, é muito grave e dinheiro pra dar
reclama providências urgentes. Penso ser necessária Escola, esmola
uma imediata investida contra as siderúrgicas", Favela, cadeia
afirmou. Sem terra, enterra
Lopes, que acompanhou o trabalho Sem renda, se renda. Não, não.”
realizado pelo Grupo Móvel durante nove dias e
esteve em oito carvoarias entre os municípios de
Dom Eliseu (PA) e Pastos Bons (MA), relacionou a
existência de 37 trabalhadores na carvoaria da
Simasa e 20 na carvoaria da Margusa. Segundo o
relatório:
"Não há salário definido, existe a prática de ATIVIDADE
endividamento do trabalhador (sistema de barracão
ou cantina); as condições de conforto e higiene são
péssimas".
Fonte:http://www.observatoriosocial.org.br
16) Quais as
mensagens transmitidas no
Poema “Redenção” e na música
“Até quando”?
17) Em quais pontos podemos
Poema: Redenção relacionar a música “Até
por Inã Candido quando” com a reportagem
- Em nome do Senhor, saia dessa rotina de “Escrava do Aço”?
devassidão. Se continuar nessa vida de prostituição
estarás condenada a eterna danação.
- Mas esse é o meu trabalho! Preciso dele
para sobreviver. O mundo não me deu outra
escolha… No mais, é uma profissão como outra
qualquer!
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14. E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart
Segundo trimestre
sistema de castas foi abolido oficialmente em 1947,
mas a força da tradição faz com que persista, na
prática, até os dias de hoje.
Estamentos
A sociedade feudal da Europa na Idade
Média foi um exemplo típico de uma sociedade
Estratificação Social estratificada em estamentos.
Estamento ou estado é uma camada social
A estratificação social indica a semelhante à casta, porém mais aberta. Na
existência de diferenças, de sociedade estamental a mobilidade social ascendente
desigualdades entre pessoas de uma é difícil, porém não impossível, como na sociedade
determinada sociedade. Ela indica a de castas.
existência de grupos de pessoas que ocupam Na sociedade feudal, os indivíduos só muito
posições diferentes. raramente conseguiam ascender socialmente. Essa
São três os principais tipo de estratificação ascensão só era possível em alguns casos: quando a
social: Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros
Estratificação econômica: baseada na entre os mais pobres, caso o rei conferisse um título
posse de bens materiais, fazendo com que haja de nobreza a um homem do povo, ou ainda se a filha
pessoas ricas, pobres e em situação intermediária; de um rico comerciante casasse com um nobre,
Estratificação política: baseada na tornando-se, assim, membro da aristocracia.
situação de mando na sociedade (grupos que têm e Essas situações eram difíceis de acontecer e
grupos que não têm poder); normalmente as pessoas permaneciam no estamento
Estratificação profissional: baseada nos em que haviam nascido.
diferentes graus de importância atribuídos a cada Classes sociais
profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa Podemos dividir a sociedade capitalista em
sociedade valorizamos muito mais a profissão de dois grupos, segundo suas situação em relação aos
médico do que a profissão de pedreiro. elementos da produção: proprietários e não
É importante ressaltar que todos os proprietários dos meios de produção. As relações de
aspectos de uma sociedade – economia, política, produção dão origem a duas camadas sociais
social, cultural, etc. – estão interligados. Assim, os diferentes. A essas camadas damos o nome de
vários tipos de estratificação não podem ser classes sociais. Classicamente, designamos essas
entendidos separadamente. Por exemplo, as pessoas classes sociais como burguesia e proletariado.
que ocupam altas posições econômicas em geral Apesar de ser correntemente usada para
também têm poder e desempenham posições designar as camadas sociais em vários momentos da
profissionais valorizadas socialmente. história da humanidade, esta designação é aplicada
Também importante lembrar que a com maior precisão para a sociedade capitalista.
constituição de sociedades estratificadas socialmente Assim, o prestígio social, o poder político e a
é um fenômeno histórico; ou seja, as diferenciações capacidade de consumo de luxo, de modo geral, são
sociais e a formação de suas características ocorrem privilégios dos proprietários dos meios de produção.
em função de processos históricos explicáveis dentro As transformações por que passaram as
de suas próprias lógicas. Portanto, não são sociedades capitalistas no século XX também nos
fenômenos "naturais", derivados de alguma lógica mostram que houve mudanças significativas na
exterior ao próprio ser humano. São processos sociedade capitalista tornando-a muito mais
construídos por agentes humanos que se opõem, sob complexa do que em sua fase inicial de
a forma de grupos, no campo do conflito. desenvolvimento. A mudança mais notável foi o
A estratificação social é a divisão da crescimento de uma forte e volumosa classe média
sociedade em estratos ou camadas sociais. nos países centrais do capitalismo, ocupando
Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou funções nos diversos setores dos ramos de prestação
camadas podem ser: castas (Índia), estamentos de serviços e da pequena e média propriedade.
(Europa Ocidental durante o feudalismo) e classes Assim, a análise das sociedades capitalistas do final
sociais (sociedades capitalistas). do século XX deve, necessariamente, levar em
Castas consideração esta camada social intermediária entre
Existem sociedades em que os indivíduos os proprietários e os não proprietários dos meios de
nascem numa camada social mais baixa e podem produção.
alcançar, com o decorrer do tempo, uma posição
social mais elevada. No entanto, existem sociedades Texto adaptado de Oliveira, Pérsio
em que, mesmo usando de toda a sua capacidade e Santos de; Introdução à Sociologia, São Paulo,
todo os seus esforços, o indivíduo não consegue Ática, 1997, 17ª edição, pp. 71-80.
alcançar uma posição social mais elevada. Nesses
casos, a posição social lhe é atribuída por ocasião do
nascimento, independentemente de sua vontade e
sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo,
por toda a vida, a posição social herdada. ATIVIDADE
A sociedade indiana é estratificada dessa
maneira; um sistema de estratificação social muito
rígido e fechado que não oferece a menor
possibilidade de mobilidade social. É o sistema de 18) O que é estratificação social?
castas que, por exemplo, permite casamentos 19) Diferencie “Casta” de “Classes
apenas entre pessoas de uma mesma casta. Tal Sociais”.
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