SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 40
Baixar para ler offline
Plataformas
 de rede?

     @augustodefranco
Não se pode falar de
plataforma de rede sem
 entender o que é rede
Ninguém pode entender o
que é rede se não entender
     a diferença entre
    descentralização e
        distribuição
“On distributed communications” (1964)
O diagrama original de Paul Baran
A conectividade acompanha a distribuição
A interatividade acompanha a
conectividade-distributividade
Para pensar plataformas de rede
    é necessário entender a
  fenomenologia da interação
As quatro grandes descobertas da
   fenomenologia da interação


           Clustering
           Swarming
            Cloning
           Crunching
A primeira grande descoberta:
           Tudo que interage clusteriza
1
Tudo clusteriza independentemente do
conteúdo, em função dos graus de distribuição
e conectividade (ou interatividade) da rede
social.
A primeira grande descoberta:
            Tudo que interage clusteriza
1
Ao articular uma organização em rede
distribuída não é necessário pré-determinar
quais serão os departamentos, aquelas
caixinhas desenhadas nos organogramas.
Estando claro, para os interagentes, qual é o
propósito da iniciativa, basta deixar as forças
do aglomeramento atuarem.
A segunda grande descoberta:
    Tudo que interage pode enxamear
2
Swarming (ou swarm behavior) e suas
variantes como herding e shoaling, não
acontecem somente com insetos, formigas,
abelhas, pássaros, quadrúpedes e peixes. Em
termos genéricos esses movimentos coletivos
(também chamados de flocking) ocorrem
quando um grande número de entidades self-
propelled interagem.
A segunda grande descoberta:
    Tudo que interage pode enxamear
2
Algum tipo de inteligência coletiva (swarm
intelligence) está sempre envolvida nestes
movimentos. Isso também ocorre com
humanos, quando multidões se aglomeram
(clustering) e “evoluem” sincronizadamente
sem qualquer condução exercida por algum
líder; ou quando muitas pessoas enxameiam e
provocam grandes mobilizações sem
convocação ou coordenação centralizada.
A terceira grande descoberta:
    Imitação é uma forma de interação
3
Como pessoas – gholas sociais – todos somos
clones, na medida em que somos culturalmente
formados como réplicas variantes (embora
únicas) de configurações das redes sociais
onde estamos emaranhados.
A terceira grande descoberta:
            A imitação é uma clonagem
3
O termo clone deriva da palavra grega klónos,
usada para designar "tronco” ou “ramo",
referindo-se ao processo pelo qual uma nova
planta pode ser criada a partir de um galho.
Mas é isso mesmo. A nova planta imita a velha.
A vida imita a vida. A convivência imita a
convivência. A pessoa imita o social.
A terceira grande descoberta:
             A imitação é uma clonagem
3
Sem imitação não poderia haver ordem
emergente nas sociedades humanas ou em
qualquer coletivo de seres capazes de interagir.
Sem imitação os cupins não conseguiriam
construir seus cupinzeiros. Sem imitação, os
pássaros não voariam em bando, configurando
formas geométricas tão surpreendentes e
fazendo aquelas evoluções fantásticas.
A terceira grande descoberta:
            A imitação é uma clonagem
3
Quando tentamos orientar as pessoas sobre o
quê – e como, e quando, e onde – elas devem
aprender, nós é que estamos, na verdade,
tentando replicar, reproduzir borgs: queremos
seres que repetem. Quando deixamos as
pessoas imitarem umas as outras, não
replicamos; pelo contrário, ensejamos a
formação de gholas sociais. Como seres
humanos somos seres imitadores.
A terceira grande descoberta:
            A imitação é uma clonagem
3
Nada a ver com conteúdo. Nos mundos
altamente conectados o cloning tende a auto-
organizar boa parte das coisas que nos
esforçamos por organizar inventando
complicados processos e métodos de gestão.
Mesmo porque tudo isso vira lixo na medida em
que os mundos começam a se contrair sob
efeito de crunching.
A quarta grande descoberta:
                         Small is powerful
4
 Essa talvez seja a mais surpreendente
descoberta-fluzz de todos os tempos. Em
outras palavras, isso quer dizer que o social
reinventa o poder. No lugar do poder de
mandar nos outros, surge o poder de encorajá-
los (e encorajar-se): empowerment!
Sim, fluzz é empowerfulness.
A quarta grande descoberta:
                         Small is powerful
4
Quando aumenta a interatividade é porque os
graus de conectividade e distribuição da rede
social aumentaram; ou, dizendo de outro modo,
é porque os graus de separação diminuíram: o
mundo social se contraiu (crunch). Os graus de
separação não estão apenas diminuindo: eles
estão despencando. Estamos sob o efeito
desse amassamento (Small-World
Phenomenon).
A quarta grande descoberta:
        Tudo que interage se aproxima
4
Nada a ver com conteúdo. Tudo que interage
tende a se emaranhar mais e a se aproximar,
diminuindo o tamanho social do mundo. Quanto
menores os graus de separação do
emaranhado em você vive como pessoa, mais
empoderado por ele (por esse emaranhado)
você será. Mais alternativas de futuro terá à
sua disposição.
Pois bem...
     Como seria uma
plataforma adequada para
      redes sociais?
É adequada uma plataforma de
rede baseada em participação?
 Como seria uma plataforma
  baseada em interação?
Não seria nada parecido com
mídias sociais “egonetizadas”,
 proprietárias e p-based tipo
 Facebook e assemelhados
      (como o Google+)
Plataformas egonetizadas
    deseducam seus
 “usuários” para as redes
   sociais distribuídas.
Plataformas egonetizadas
      Em vez de fluxo, “meu quadrado”

A pessoa tende a achar que a sua página é o
seu espaço proprietário, a partir do qual ela vai
interagir. Em vez de se jogar no fluxo, ela se
aboleta no seu bunker (chamado de “Minha
Página”). E é induzida a achar que ali pode
colocar todas as “suas” coisas. E fica até
ofendida quando alguém lhe lembra que o
concurso de Miss Universo não tem muito a ver
com astrofísica...
Plataformas proprietárias
 Em vez de distribuição, centralização

São urdidas pelos trancadores de códigos. Ao
construírem caixas-pretas para esconder seus
algoritmos ou para montar seus alçapões de
dados (Google ou Facebook), erigem na
verdade pirâmides para proteger suas
operações centralizadoras da rede social. Não
é por acaso que essas plataformas
desenhadas a partir de uma instância
proprietária tentem disciplinar a interação.
Plataformas p-based
     Em vez de interação, participação

Plataformas p-based (baseadas em
participação) envolvem sempre algum tipo de
escolha de preferências geradora de escassez.
E suas funcionalidades estão voltadas ao
arquivamento de passado (para aumentar o
repositório ao qual somente seus proprietários
têm pleno acesso, na medida em que só eles
podem programá-las sem restrições).
Qual é, no fundo, no fundo, o
 problema de todas essas
 plataformas egonetizadas,
  proprietárias e p-based?
Um problema de concepção
Midias sociais inadequadas ao netweaving

 O que está por trás de tudo isso é a idéia de
 que o indivíduo é o átomo social, quando, na
 verdade, para ser social, é preciso ser
 molécula. Redes sociais são redes de pessoas
 e pessoas são produtos de interação e não
 unidades anteriores à interação.
Um problema de ignorância mesmo
Midias sociais inadequadas ao netweaving

 Em geral os que se metem a construir
 plataformas de rede não conhecem (não
 estudam, não investigam) a nova ciências das
 redes e não estão familiarizados com a
 fenomenologia da interação.
Um exemplo recente
Midias sociais inadequadas ao netweaving

 O exemplo mais recente pode ser fornecido
 pelos Círculos do Google+ - a nova mídia
 social egonetizada, proprietária e p-based - que
 o Google lançou para ter o seu próprio
 Facebook. Os Círculos são clusters não
 conformados pelo clustering e sim por escolha
 ex ante à interação. Construir um Círculo é
 assim como gerenciar uma agenda de
 contatos.
Bem, infelizmente a
conversa está apenas
  começando... Mas
  felizmente já está
      começando!
http://escoladeredes.ning.com

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Redes Sociais e Aprendizagem
Redes Sociais e AprendizagemRedes Sociais e Aprendizagem
Redes Sociais e Aprendizagemaugustodefranco .
 
O PODER NAS REDES SOCIAIS 2a Versao
O PODER NAS REDES SOCIAIS 2a VersaoO PODER NAS REDES SOCIAIS 2a Versao
O PODER NAS REDES SOCIAIS 2a Versaoaugustodefranco .
 
Capra entrevista a francis pisani
Capra entrevista a francis pisaniCapra entrevista a francis pisani
Capra entrevista a francis pisaniaugustodefranco .
 
Para configurar ambientes de cocriação interativa
Para configurar ambientes de cocriação interativaPara configurar ambientes de cocriação interativa
Para configurar ambientes de cocriação interativaaugustodefranco .
 
Redes sociais: você pode fazer
Redes sociais: você pode fazerRedes sociais: você pode fazer
Redes sociais: você pode fazeraugustodefranco .
 
REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO
REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃOREDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO
REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃOaugustodefranco .
 
Resista à tentação de pertencer a um grupo
Resista à tentação de pertencer a um grupoResista à tentação de pertencer a um grupo
Resista à tentação de pertencer a um grupoaugustodefranco .
 
Escritos Espirituais de Augusto de Franco
Escritos Espirituais de Augusto de FrancoEscritos Espirituais de Augusto de Franco
Escritos Espirituais de Augusto de Francoaugustodefranco .
 
Uma nova proposta para a Escola de-Redes
Uma nova proposta para a Escola de-RedesUma nova proposta para a Escola de-Redes
Uma nova proposta para a Escola de-Redesaugustodefranco .
 

Mais procurados (17)

Redes Sociais e Aprendizagem
Redes Sociais e AprendizagemRedes Sociais e Aprendizagem
Redes Sociais e Aprendizagem
 
O PODER NAS REDES SOCIAIS 2a Versao
O PODER NAS REDES SOCIAIS 2a VersaoO PODER NAS REDES SOCIAIS 2a Versao
O PODER NAS REDES SOCIAIS 2a Versao
 
CADA UM NO SEU QUADRADO
CADA UM NO SEU QUADRADOCADA UM NO SEU QUADRADO
CADA UM NO SEU QUADRADO
 
Capra entrevista a francis pisani
Capra entrevista a francis pisaniCapra entrevista a francis pisani
Capra entrevista a francis pisani
 
Redes & Inovação
Redes & InovaçãoRedes & Inovação
Redes & Inovação
 
Como se tornar um netweaver
Como se tornar um netweaverComo se tornar um netweaver
Como se tornar um netweaver
 
A LÓGICA DA ABUNDÂNCIA
A LÓGICA DA ABUNDÂNCIAA LÓGICA DA ABUNDÂNCIA
A LÓGICA DA ABUNDÂNCIA
 
Para configurar ambientes de cocriação interativa
Para configurar ambientes de cocriação interativaPara configurar ambientes de cocriação interativa
Para configurar ambientes de cocriação interativa
 
Redes sociais: você pode fazer
Redes sociais: você pode fazerRedes sociais: você pode fazer
Redes sociais: você pode fazer
 
NOVAS VISÕES
NOVAS VISÕESNOVAS VISÕES
NOVAS VISÕES
 
REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO
REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃOREDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO
REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO
 
O futuro e a rede miemis
O futuro e a rede miemisO futuro e a rede miemis
O futuro e a rede miemis
 
VOCÊ É O INIMIGO
VOCÊ É O INIMIGOVOCÊ É O INIMIGO
VOCÊ É O INIMIGO
 
Fluzz pilulas 28
Fluzz pilulas 28Fluzz pilulas 28
Fluzz pilulas 28
 
Resista à tentação de pertencer a um grupo
Resista à tentação de pertencer a um grupoResista à tentação de pertencer a um grupo
Resista à tentação de pertencer a um grupo
 
Escritos Espirituais de Augusto de Franco
Escritos Espirituais de Augusto de FrancoEscritos Espirituais de Augusto de Franco
Escritos Espirituais de Augusto de Franco
 
Uma nova proposta para a Escola de-Redes
Uma nova proposta para a Escola de-RedesUma nova proposta para a Escola de-Redes
Uma nova proposta para a Escola de-Redes
 

Semelhante a Plataformas de rede

FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!
FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!
FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!Fabio Pedrazzi
 
Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...
Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...
Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...CICI2011
 
Série FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZ
Série FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZSérie FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZ
Série FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZaugustodefranco .
 
Bem-vindos aos novos mundos-fluzz
Bem-vindos aos novos mundos-fluzzBem-vindos aos novos mundos-fluzz
Bem-vindos aos novos mundos-fluzzaugustodefranco .
 
FRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupo
FRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupoFRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupo
FRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupoFabio Pedrazzi
 
FRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um Grupo
FRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um GrupoFRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um Grupo
FRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um GrupoFabio Pedrazzi
 
2009 10 Escritos Sobre Redes S
2009 10 Escritos Sobre Redes S2009 10 Escritos Sobre Redes S
2009 10 Escritos Sobre Redes SIsrael Degasperi
 
2009: 10 escritos sobre redes sociais
2009: 10 escritos sobre redes sociais2009: 10 escritos sobre redes sociais
2009: 10 escritos sobre redes sociaisaugustodefranco .
 
Para entender a cocriação interativa
Para entender a cocriação interativaPara entender a cocriação interativa
Para entender a cocriação interativaaugustodefranco .
 

Semelhante a Plataformas de rede (20)

REDES SOCIAIS
REDES SOCIAISREDES SOCIAIS
REDES SOCIAIS
 
É o social, estúpido!
É o social, estúpido!É o social, estúpido!
É o social, estúpido!
 
FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!
FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!
FRANCO, Augusto - É o Social, Estúpido!
 
Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...
Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...
Augusto de Franco - Minicurso Programa de Aprendizagem sobre Redes Sociais_CI...
 
Netweaving 17set08
Netweaving 17set08Netweaving 17set08
Netweaving 17set08
 
Fluzz pilulas 89
Fluzz pilulas 89Fluzz pilulas 89
Fluzz pilulas 89
 
Fluzz capítulo 11
Fluzz capítulo 11Fluzz capítulo 11
Fluzz capítulo 11
 
Série FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZ
Série FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZSérie FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZ
Série FLUZZ Volume 9 BEM-VINDOS AOS NOVOS MUNDOS-FLUZZ
 
Fluzz pilulas 82
Fluzz pilulas 82Fluzz pilulas 82
Fluzz pilulas 82
 
Bem-vindos aos novos mundos-fluzz
Bem-vindos aos novos mundos-fluzzBem-vindos aos novos mundos-fluzz
Bem-vindos aos novos mundos-fluzz
 
FRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupo
FRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupoFRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupo
FRANCO, Augusto - Resista à tentação de pertencer a um grupo
 
FRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um Grupo
FRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um GrupoFRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um Grupo
FRANCO, Augusto - Resista à Tentação de Pertencer a um Grupo
 
2009 10 Escritos Sobre Redes S
2009 10 Escritos Sobre Redes S2009 10 Escritos Sobre Redes S
2009 10 Escritos Sobre Redes S
 
2009: 10 escritos sobre redes sociais
2009: 10 escritos sobre redes sociais2009: 10 escritos sobre redes sociais
2009: 10 escritos sobre redes sociais
 
Fluzz pilulas 38
Fluzz pilulas 38Fluzz pilulas 38
Fluzz pilulas 38
 
Fluzz pilulas 24
Fluzz pilulas 24Fluzz pilulas 24
Fluzz pilulas 24
 
Como as redes podem mudar o mundo
Como as redes podem mudar o mundoComo as redes podem mudar o mundo
Como as redes podem mudar o mundo
 
Fluzz pilulas 67
Fluzz pilulas 67Fluzz pilulas 67
Fluzz pilulas 67
 
Para entender a cocriação interativa
Para entender a cocriação interativaPara entender a cocriação interativa
Para entender a cocriação interativa
 
Como as redes podem mudar o mundo
Como as redes podem mudar o mundoComo as redes podem mudar o mundo
Como as redes podem mudar o mundo
 

Mais de augustodefranco .

Franco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democracia
Franco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democraciaFranco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democracia
Franco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democraciaaugustodefranco .
 
Franco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasil
Franco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasilFranco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasil
Franco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasilaugustodefranco .
 
A democracia sob ataque terá de ser reinventada
A democracia sob ataque terá de ser reinventadaA democracia sob ataque terá de ser reinventada
A democracia sob ataque terá de ser reinventadaaugustodefranco .
 
Algumas notas sobre os desafios de empreender em rede
Algumas notas sobre os desafios de empreender em redeAlgumas notas sobre os desafios de empreender em rede
Algumas notas sobre os desafios de empreender em redeaugustodefranco .
 
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA augustodefranco .
 
CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...
CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...
CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...augustodefranco .
 
NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...
NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...
NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...augustodefranco .
 
100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA
100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA
100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMAaugustodefranco .
 
Nunca a humanidade dependeu tanto da rede social
Nunca a humanidade dependeu tanto da rede socialNunca a humanidade dependeu tanto da rede social
Nunca a humanidade dependeu tanto da rede socialaugustodefranco .
 
Um sistema estatal de participação social?
Um sistema estatal de participação social?Um sistema estatal de participação social?
Um sistema estatal de participação social?augustodefranco .
 
Quando as eleições conspiram contra a democracia
Quando as eleições conspiram contra a democraciaQuando as eleições conspiram contra a democracia
Quando as eleições conspiram contra a democraciaaugustodefranco .
 
Democracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey
Democracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John DeweyDemocracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey
Democracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Deweyaugustodefranco .
 
RELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELA
RELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELARELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELA
RELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELAaugustodefranco .
 
Diálogo democrático: um manual para practicantes
Diálogo democrático: um manual para practicantesDiálogo democrático: um manual para practicantes
Diálogo democrático: um manual para practicantesaugustodefranco .
 

Mais de augustodefranco . (20)

Franco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democracia
Franco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democraciaFranco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democracia
Franco, Augusto (2017) Conservadorismo, liberalismo econômico e democracia
 
Franco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasil
Franco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasilFranco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasil
Franco, Augusto (2018) Os diferentes adversários da democracia no brasil
 
Hiérarchie
Hiérarchie Hiérarchie
Hiérarchie
 
A democracia sob ataque terá de ser reinventada
A democracia sob ataque terá de ser reinventadaA democracia sob ataque terá de ser reinventada
A democracia sob ataque terá de ser reinventada
 
JERARQUIA
JERARQUIAJERARQUIA
JERARQUIA
 
Algumas notas sobre os desafios de empreender em rede
Algumas notas sobre os desafios de empreender em redeAlgumas notas sobre os desafios de empreender em rede
Algumas notas sobre os desafios de empreender em rede
 
AS EMPRESAS DIANTE DA CRISE
AS EMPRESAS DIANTE DA CRISEAS EMPRESAS DIANTE DA CRISE
AS EMPRESAS DIANTE DA CRISE
 
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
 
CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...
CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...
CONDORCET, Marquês de (1792). Relatório de projeto de decreto sobre a organiz...
 
NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...
NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...
NIETZSCHE, Friederich (1888). Os "melhoradores" da humanidade, Parte 2 e O qu...
 
100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA
100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA
100 DIAS DE VERÃO BOOK DO PROGRAMA
 
Nunca a humanidade dependeu tanto da rede social
Nunca a humanidade dependeu tanto da rede socialNunca a humanidade dependeu tanto da rede social
Nunca a humanidade dependeu tanto da rede social
 
Um sistema estatal de participação social?
Um sistema estatal de participação social?Um sistema estatal de participação social?
Um sistema estatal de participação social?
 
Quando as eleições conspiram contra a democracia
Quando as eleições conspiram contra a democraciaQuando as eleições conspiram contra a democracia
Quando as eleições conspiram contra a democracia
 
100 DIAS DE VERÃO
100 DIAS DE VERÃO100 DIAS DE VERÃO
100 DIAS DE VERÃO
 
Democracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey
Democracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John DeweyDemocracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey
Democracia cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey
 
MULTIVERSIDADE NA ESCOLA
MULTIVERSIDADE NA ESCOLAMULTIVERSIDADE NA ESCOLA
MULTIVERSIDADE NA ESCOLA
 
DEMOCRACIA E REDES SOCIAIS
DEMOCRACIA E REDES SOCIAISDEMOCRACIA E REDES SOCIAIS
DEMOCRACIA E REDES SOCIAIS
 
RELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELA
RELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELARELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELA
RELATÓRIO DO HUMAN RIGHTS WATCH SOBRE A VENEZUELA
 
Diálogo democrático: um manual para practicantes
Diálogo democrático: um manual para practicantesDiálogo democrático: um manual para practicantes
Diálogo democrático: um manual para practicantes
 

Plataformas de rede

  • 1. Plataformas de rede? @augustodefranco
  • 2. Não se pode falar de plataforma de rede sem entender o que é rede
  • 3. Ninguém pode entender o que é rede se não entender a diferença entre descentralização e distribuição
  • 5. O diagrama original de Paul Baran
  • 6. A conectividade acompanha a distribuição
  • 7. A interatividade acompanha a conectividade-distributividade
  • 8.
  • 9. Para pensar plataformas de rede é necessário entender a fenomenologia da interação
  • 10. As quatro grandes descobertas da fenomenologia da interação Clustering Swarming Cloning Crunching
  • 11.
  • 12. A primeira grande descoberta: Tudo que interage clusteriza 1 Tudo clusteriza independentemente do conteúdo, em função dos graus de distribuição e conectividade (ou interatividade) da rede social.
  • 13. A primeira grande descoberta: Tudo que interage clusteriza 1 Ao articular uma organização em rede distribuída não é necessário pré-determinar quais serão os departamentos, aquelas caixinhas desenhadas nos organogramas. Estando claro, para os interagentes, qual é o propósito da iniciativa, basta deixar as forças do aglomeramento atuarem.
  • 14.
  • 15. A segunda grande descoberta: Tudo que interage pode enxamear 2 Swarming (ou swarm behavior) e suas variantes como herding e shoaling, não acontecem somente com insetos, formigas, abelhas, pássaros, quadrúpedes e peixes. Em termos genéricos esses movimentos coletivos (também chamados de flocking) ocorrem quando um grande número de entidades self- propelled interagem.
  • 16. A segunda grande descoberta: Tudo que interage pode enxamear 2 Algum tipo de inteligência coletiva (swarm intelligence) está sempre envolvida nestes movimentos. Isso também ocorre com humanos, quando multidões se aglomeram (clustering) e “evoluem” sincronizadamente sem qualquer condução exercida por algum líder; ou quando muitas pessoas enxameiam e provocam grandes mobilizações sem convocação ou coordenação centralizada.
  • 17.
  • 18. A terceira grande descoberta: Imitação é uma forma de interação 3 Como pessoas – gholas sociais – todos somos clones, na medida em que somos culturalmente formados como réplicas variantes (embora únicas) de configurações das redes sociais onde estamos emaranhados.
  • 19. A terceira grande descoberta: A imitação é uma clonagem 3 O termo clone deriva da palavra grega klónos, usada para designar "tronco” ou “ramo", referindo-se ao processo pelo qual uma nova planta pode ser criada a partir de um galho. Mas é isso mesmo. A nova planta imita a velha. A vida imita a vida. A convivência imita a convivência. A pessoa imita o social.
  • 20. A terceira grande descoberta: A imitação é uma clonagem 3 Sem imitação não poderia haver ordem emergente nas sociedades humanas ou em qualquer coletivo de seres capazes de interagir. Sem imitação os cupins não conseguiriam construir seus cupinzeiros. Sem imitação, os pássaros não voariam em bando, configurando formas geométricas tão surpreendentes e fazendo aquelas evoluções fantásticas.
  • 21. A terceira grande descoberta: A imitação é uma clonagem 3 Quando tentamos orientar as pessoas sobre o quê – e como, e quando, e onde – elas devem aprender, nós é que estamos, na verdade, tentando replicar, reproduzir borgs: queremos seres que repetem. Quando deixamos as pessoas imitarem umas as outras, não replicamos; pelo contrário, ensejamos a formação de gholas sociais. Como seres humanos somos seres imitadores.
  • 22. A terceira grande descoberta: A imitação é uma clonagem 3 Nada a ver com conteúdo. Nos mundos altamente conectados o cloning tende a auto- organizar boa parte das coisas que nos esforçamos por organizar inventando complicados processos e métodos de gestão. Mesmo porque tudo isso vira lixo na medida em que os mundos começam a se contrair sob efeito de crunching.
  • 23.
  • 24. A quarta grande descoberta: Small is powerful 4 Essa talvez seja a mais surpreendente descoberta-fluzz de todos os tempos. Em outras palavras, isso quer dizer que o social reinventa o poder. No lugar do poder de mandar nos outros, surge o poder de encorajá- los (e encorajar-se): empowerment! Sim, fluzz é empowerfulness.
  • 25. A quarta grande descoberta: Small is powerful 4 Quando aumenta a interatividade é porque os graus de conectividade e distribuição da rede social aumentaram; ou, dizendo de outro modo, é porque os graus de separação diminuíram: o mundo social se contraiu (crunch). Os graus de separação não estão apenas diminuindo: eles estão despencando. Estamos sob o efeito desse amassamento (Small-World Phenomenon).
  • 26. A quarta grande descoberta: Tudo que interage se aproxima 4 Nada a ver com conteúdo. Tudo que interage tende a se emaranhar mais e a se aproximar, diminuindo o tamanho social do mundo. Quanto menores os graus de separação do emaranhado em você vive como pessoa, mais empoderado por ele (por esse emaranhado) você será. Mais alternativas de futuro terá à sua disposição.
  • 27. Pois bem... Como seria uma plataforma adequada para redes sociais?
  • 28. É adequada uma plataforma de rede baseada em participação? Como seria uma plataforma baseada em interação?
  • 29.
  • 30. Não seria nada parecido com mídias sociais “egonetizadas”, proprietárias e p-based tipo Facebook e assemelhados (como o Google+)
  • 31. Plataformas egonetizadas deseducam seus “usuários” para as redes sociais distribuídas.
  • 32. Plataformas egonetizadas Em vez de fluxo, “meu quadrado” A pessoa tende a achar que a sua página é o seu espaço proprietário, a partir do qual ela vai interagir. Em vez de se jogar no fluxo, ela se aboleta no seu bunker (chamado de “Minha Página”). E é induzida a achar que ali pode colocar todas as “suas” coisas. E fica até ofendida quando alguém lhe lembra que o concurso de Miss Universo não tem muito a ver com astrofísica...
  • 33. Plataformas proprietárias Em vez de distribuição, centralização São urdidas pelos trancadores de códigos. Ao construírem caixas-pretas para esconder seus algoritmos ou para montar seus alçapões de dados (Google ou Facebook), erigem na verdade pirâmides para proteger suas operações centralizadoras da rede social. Não é por acaso que essas plataformas desenhadas a partir de uma instância proprietária tentem disciplinar a interação.
  • 34. Plataformas p-based Em vez de interação, participação Plataformas p-based (baseadas em participação) envolvem sempre algum tipo de escolha de preferências geradora de escassez. E suas funcionalidades estão voltadas ao arquivamento de passado (para aumentar o repositório ao qual somente seus proprietários têm pleno acesso, na medida em que só eles podem programá-las sem restrições).
  • 35. Qual é, no fundo, no fundo, o problema de todas essas plataformas egonetizadas, proprietárias e p-based?
  • 36. Um problema de concepção Midias sociais inadequadas ao netweaving O que está por trás de tudo isso é a idéia de que o indivíduo é o átomo social, quando, na verdade, para ser social, é preciso ser molécula. Redes sociais são redes de pessoas e pessoas são produtos de interação e não unidades anteriores à interação.
  • 37. Um problema de ignorância mesmo Midias sociais inadequadas ao netweaving Em geral os que se metem a construir plataformas de rede não conhecem (não estudam, não investigam) a nova ciências das redes e não estão familiarizados com a fenomenologia da interação.
  • 38. Um exemplo recente Midias sociais inadequadas ao netweaving O exemplo mais recente pode ser fornecido pelos Círculos do Google+ - a nova mídia social egonetizada, proprietária e p-based - que o Google lançou para ter o seu próprio Facebook. Os Círculos são clusters não conformados pelo clustering e sim por escolha ex ante à interação. Construir um Círculo é assim como gerenciar uma agenda de contatos.
  • 39. Bem, infelizmente a conversa está apenas começando... Mas felizmente já está começando!