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Edição em 92 tópicos da versão preliminar integral do livro de Augusto de
Franco (2011), FLUZZ: Vida humana e convivência social nos novos mundos
altamente conectados do terceiro milênio




                            57
         (Corresponde ao vigésimo-primeiro tópico do Capítulo 7,
             intitulado Alterando a estrutura das sociosferas)




                        Negócios em rede

Administrar pessoas como forma de conduzí-las a gerar valor para se
apropriar de um sobrevalor, é uma função social própria de uma época de
baixa conectividade social

O que chamamos de ‘negócios’ são uma interpretação possível de um tipo
de interação social. O tipo de interação que denominamos assim permanece
ainda relativamente desconhecido do ponto de vista do que se passa no
espaço-tempo dos fluxos.

Uma coisa que a nós parece ser um negócio, em uma sociedade não-
mercantil talvez pareça ser uma simples troca e em uma sociedade
fortemente verticalizada de predadores ecossociais (como, por exemplo,
entre cavaleiros medievais), pareceria ser uma justa, uma disputa de vida
ou morte. As interações entre pessoas que estão na raiz do fenômeno têm
uma precedência ontológica (se for possível falar assim) às interpretações
de suas manifestações em sociedades determinadas: para o persa vendedor
de seda no mercado, comércio era uma coisa diferente do que era para o
mercador veneziano e do que é para o vendedor da Avon. O status do
conceito (a epistemologia) varia com a ontologia; ou seja, negócios em uma
rede não são anteriores ao tipo particular de interação que, em uma dada
circunstância, interpretamos como negócio.

Isso coloca algumas perguntas fundamentais: os negócios, como acreditam
alguns, fazem parte (“naturalmente”) da vida em sociedade? Quais tipos de
intercâmbios de energia (incluindo matéria) e informação característicos do
“metabolismo” de um corpo comunitário podem se chamar de negócios? Ou,
imaginando uma comunidade como um ecossistema, o que seria um
negócio?

Vamos tomar como exemplo de um tipo de interação que, segundo a
opinião geral, ocorre em uma rede: a aprendizagem. Mas aprendizagem
também é um tipo de interação, que, dependendo das circunstâncias, pode
ser interpretado como negócio (e vice-versa). E aprendizagem também
pode ser interpretada como desenvolvimento (a organização que aprende é
aquela que se desenvolve). E desenvolvimento pode ser interpretado, em
um sentido ampliado, como vida (do ponto de vista da sustentabilidade). E
vida pode ser interpretada como conhecimento (como nos mostraram
Maturana e Varela na chamada de teoria do conhecimento de Santiago).

Estamos aqui como aqueles caras que olham a mesma montanha de
diferentes perspectivas e juram, um, que a montanha é assim, com uma
ponta para o lado esquerdo, outro, que a montanha é assado, com uma
inclinação para a direta, outro, ainda, que ela tem a forma de cone... Mas
como ela é realmente?

Enquanto não desvendarmos o que se passa no espaço-tempo dos fluxos,
enquanto não decifrarmos os padrões que transitam como mensagens, ou
melhor, que se configuram como emaranhamentos na rede social, não
poderemos saber o que é (e de que forma é) – ou o que não é – próprio da
“fisiologia” da rede.

Sabemos mais ou menos como devem funcionar os negócios em uma
estrutura hierárquica (ou mais centralizada do que distribuída). Não
sabemos, entretanto, como devem funcionar em uma rede (mais distribuída



                                    2
do que centralizada). E não sabemos porque as estruturas de negócios até
hoje (ou, pelo menos, desde que se chamaram ‘negócios’) foram estruturas
mais centralizadas do que distribuídas.

Se tomarmos ‘redes’ por estruturas mais distribuídas do que centralizadas,
negócios em uma rede podem ser julgados como positivos ou negativos do
ponto de vista do que contribui para manter a rede como tal (quer dizer,
com graus de distribuição maiores do que de centralização). Ou, dizendo de
outro modo, isso depende do que incrementa ou dilapida capital social. Ou,
ainda, depende do que aumenta ou diminui a cooperação.

Por exemplo, qualquer repartição de excedente, em uma rede distribuída,
que reserve uma parcela maior ao administrador, não pelo fato de ele ter se
esforçado mais ou inovado mais e sim pelo fato de ele ter um acesso
diferencial a fatores que poderiam ser compartilhados, mas não foram
(conhecimento mantido em sigilo, às vezes, sob pretextos de "segurança da
informação", apoio político privilegiado e outros) gera centralização, diminui
o capital social, diminui a cooperação.

Os negócios que são feitos no mundo ainda são, em grande parte, negócios
de intermediação. Mas nos mundos hiperconectados que estão emergindo, a
figura do intermediário tente a desaparecer. Há uma espécie de
esgotamento histórico de um papel social que foi adequado a uma época
que está se desfazendo.

Unidades econômicas hierárquicas precisam, por certo, de intermediários; e
quanto mais centralizadas forem, mais precisam. Ou, dizendo de outro
modo, pelo inverso, a intermediação é uma centralização: o fluxo não
escorre livremente sem passar por aquela "estação"... Porém unidades mais
distribuídas do que centralizadas podem dispensar tais intermediários na
medida do seu grau de distribuição (que, como se sabe, acompanha o seu
grau de conectividade).

Em rede, ao que tudo indica, os negócios não poderão ser baseados na
manipulação alheia (arregimentação, constrangimento e condução de
pessoas) para embolsar trabalho não-pago. Administradores do excedente
que submetem pessoas à esquemas de comando-e-controle (e acabam
administrando pessoas ao invés de coisas), tendem a fenecer. Se alguém se
propõe a administrar pessoas como forma de conduzí-las a gerar valor para
se apropriar de um sobrevalor, então está cumprindo uma função social
própria de uma época de baixa conectividade social.




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Fluzz pilulas 57

  • 1. Em pílulas Edição em 92 tópicos da versão preliminar integral do livro de Augusto de Franco (2011), FLUZZ: Vida humana e convivência social nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio 57 (Corresponde ao vigésimo-primeiro tópico do Capítulo 7, intitulado Alterando a estrutura das sociosferas) Negócios em rede Administrar pessoas como forma de conduzí-las a gerar valor para se apropriar de um sobrevalor, é uma função social própria de uma época de baixa conectividade social O que chamamos de ‘negócios’ são uma interpretação possível de um tipo de interação social. O tipo de interação que denominamos assim permanece ainda relativamente desconhecido do ponto de vista do que se passa no espaço-tempo dos fluxos. Uma coisa que a nós parece ser um negócio, em uma sociedade não- mercantil talvez pareça ser uma simples troca e em uma sociedade
  • 2. fortemente verticalizada de predadores ecossociais (como, por exemplo, entre cavaleiros medievais), pareceria ser uma justa, uma disputa de vida ou morte. As interações entre pessoas que estão na raiz do fenômeno têm uma precedência ontológica (se for possível falar assim) às interpretações de suas manifestações em sociedades determinadas: para o persa vendedor de seda no mercado, comércio era uma coisa diferente do que era para o mercador veneziano e do que é para o vendedor da Avon. O status do conceito (a epistemologia) varia com a ontologia; ou seja, negócios em uma rede não são anteriores ao tipo particular de interação que, em uma dada circunstância, interpretamos como negócio. Isso coloca algumas perguntas fundamentais: os negócios, como acreditam alguns, fazem parte (“naturalmente”) da vida em sociedade? Quais tipos de intercâmbios de energia (incluindo matéria) e informação característicos do “metabolismo” de um corpo comunitário podem se chamar de negócios? Ou, imaginando uma comunidade como um ecossistema, o que seria um negócio? Vamos tomar como exemplo de um tipo de interação que, segundo a opinião geral, ocorre em uma rede: a aprendizagem. Mas aprendizagem também é um tipo de interação, que, dependendo das circunstâncias, pode ser interpretado como negócio (e vice-versa). E aprendizagem também pode ser interpretada como desenvolvimento (a organização que aprende é aquela que se desenvolve). E desenvolvimento pode ser interpretado, em um sentido ampliado, como vida (do ponto de vista da sustentabilidade). E vida pode ser interpretada como conhecimento (como nos mostraram Maturana e Varela na chamada de teoria do conhecimento de Santiago). Estamos aqui como aqueles caras que olham a mesma montanha de diferentes perspectivas e juram, um, que a montanha é assim, com uma ponta para o lado esquerdo, outro, que a montanha é assado, com uma inclinação para a direta, outro, ainda, que ela tem a forma de cone... Mas como ela é realmente? Enquanto não desvendarmos o que se passa no espaço-tempo dos fluxos, enquanto não decifrarmos os padrões que transitam como mensagens, ou melhor, que se configuram como emaranhamentos na rede social, não poderemos saber o que é (e de que forma é) – ou o que não é – próprio da “fisiologia” da rede. Sabemos mais ou menos como devem funcionar os negócios em uma estrutura hierárquica (ou mais centralizada do que distribuída). Não sabemos, entretanto, como devem funcionar em uma rede (mais distribuída 2
  • 3. do que centralizada). E não sabemos porque as estruturas de negócios até hoje (ou, pelo menos, desde que se chamaram ‘negócios’) foram estruturas mais centralizadas do que distribuídas. Se tomarmos ‘redes’ por estruturas mais distribuídas do que centralizadas, negócios em uma rede podem ser julgados como positivos ou negativos do ponto de vista do que contribui para manter a rede como tal (quer dizer, com graus de distribuição maiores do que de centralização). Ou, dizendo de outro modo, isso depende do que incrementa ou dilapida capital social. Ou, ainda, depende do que aumenta ou diminui a cooperação. Por exemplo, qualquer repartição de excedente, em uma rede distribuída, que reserve uma parcela maior ao administrador, não pelo fato de ele ter se esforçado mais ou inovado mais e sim pelo fato de ele ter um acesso diferencial a fatores que poderiam ser compartilhados, mas não foram (conhecimento mantido em sigilo, às vezes, sob pretextos de "segurança da informação", apoio político privilegiado e outros) gera centralização, diminui o capital social, diminui a cooperação. Os negócios que são feitos no mundo ainda são, em grande parte, negócios de intermediação. Mas nos mundos hiperconectados que estão emergindo, a figura do intermediário tente a desaparecer. Há uma espécie de esgotamento histórico de um papel social que foi adequado a uma época que está se desfazendo. Unidades econômicas hierárquicas precisam, por certo, de intermediários; e quanto mais centralizadas forem, mais precisam. Ou, dizendo de outro modo, pelo inverso, a intermediação é uma centralização: o fluxo não escorre livremente sem passar por aquela "estação"... Porém unidades mais distribuídas do que centralizadas podem dispensar tais intermediários na medida do seu grau de distribuição (que, como se sabe, acompanha o seu grau de conectividade). Em rede, ao que tudo indica, os negócios não poderão ser baseados na manipulação alheia (arregimentação, constrangimento e condução de pessoas) para embolsar trabalho não-pago. Administradores do excedente que submetem pessoas à esquemas de comando-e-controle (e acabam administrando pessoas ao invés de coisas), tendem a fenecer. Se alguém se propõe a administrar pessoas como forma de conduzí-las a gerar valor para se apropriar de um sobrevalor, então está cumprindo uma função social própria de uma época de baixa conectividade social. 3