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Por que Jane Austen era feminista?
por Alexandra Duarte

Jane Austen, linda na touca.

Sempre leio textos de blogueiras contando a vida de mulheres que foram feministas declaradas, que
lutaram por algum direito da mulher e por sua libertação. A lista é grande, e tem mulheres incríveis. As mais
conhecidas são da turma da “tiuría”: Simone de Beauvoir, francesa – o clássico que todos lembram quando
falam em feminismo -, Rosa Luxemburgo, alemã – os marxistas adoram -, Alexandra Kollontai, minha xará
russa – marxista, mas menos conhecida que a Rosa -, Emma Goldman, nascida na Lituânia – militante
anarquista, que fez contribuições imensas pro movimento, embora só tenha sido devidamente reconhecida
mais tarde -, e, para falar da atualidade, Michelle Perrot, francesa – historiadora bastante influente. Dentre
suas obras eu, particularmente, adoro As mulheres ou os silêncios da história. No âmbito da literatura,
sempre falam em Virginia Woolf, inglesa, que além de escrever diversos romances, também trabalhou como
editora.
Claro que essas escritoras foram militantes e contribuíram de diversas formas para as lutas feministas. Jane
Austen, entretanto, não se declarou feminista nem tampouco escreveu obras teorizando qualquer luta, de
qualquer movimento. Agora, vejamos: ela nasceu em 1775 e morreu em 1817. Nessa época, não havia
nenhum movimento organizado de mulheres e eram poucas as que questionavam direitos e tradições,
embora eu imagino que a maioria delas desejasse isso. É provável que Jane Austen tenha lido uma autora
que é considerada uma das pioneiras no feminismo, a inglesa Mary Wollstonecraft, que escreveu obras
sobre a educação imposta às mulheres, ainda no século XVIII, nas quais ela afirmava ser uma educação
que as tornavam “ignorantes e dependentes”. Porém, a primeira onda do feminismo só aconteceu no final
do século XIX e início do século XX, muito tempo depois de Jane partir. Porque eu acho que ela era
feminista? Porque mesmo sem existir um movimento e mesmo sem haver ainda o clima de luta no período
em que ela viveu, que tenha proporcionado a organização das mulheres, Jane foi revolucionária no modo
como escreveu seus romances.
Eu sou fã de Jane Austen desde muito tempo. Assisti à adaptação mais recente do livro Orgulho e
Preconceito quando tinha uns 14 anos e fiquei louca. Fui atrás do livro e viciei. A partir de então, não parei
mais de ler suas obras, que infelizmente são poucas, e de assistir as adaptações dos livros. Porque eu
gostava naquela época e porque hoje, mais do que gostar, acredito que ela seja um exemplo de feminista?
Porque todas as protagonistas de Jane Austen são mulheres e são fortes, independentes, inteligentes e
cultas. Mulheres que não permitem que as tradições e os preconceitos quebrem sua liberdade.
Elizabeth Bennet, minha preferida, interpretada por Keira Knightley. Inteligente, culta, espirituosa,
sarcástica, irônica e romântica.
Eu já notei que as personagens mais firmes e fortes são também as mais pobres. Talvez porque na
sociedade em que Jane viveu, a pobreza fosse um impecilho muito maior que hoje, especialmente para
mulheres, e ela própria não foi rica, mas tinha em casa uma enorme biblioteca e toda a sua família adorava
ler. A autora criticava veementemente as tradições aristocráticas e isso é perceptível nos livros, onde ela
usa de uma ironia fina para falar dos comportamentos pomposos e preconceituosos da época, bem como
para criticar a educação que era dada às mulheres de seu tempo. Uma das cenas mais interessantes na
obra orgulho e preconceito é quando uma das personagens – muito rica, diga-se de passagem – fala do que
uma mulher precisa para ser considerada prendada: “Nenhuma mulher deve ser considerada prendada se
não superar em muito o que se costuma fazer. Deve ter um conhecimento profundo de música, do canto, do
desenho, da dança e dos idiomas modernos para merecer a qualificação; e, além de tudo isso, deve possuir
algo no modo de ser e na maneira de caminhar, no tom de voz, no trato e nas expressões, para que a
palavra não seja merecida senão em parte”. Elizabeth retruca dizendo que duvida da existência de tal
mulher, e que se ela existe, certamente deve parecer um monstro.

Caroline Bingley, de vermelho, discorrendo para a pobre Elizabeth as qualidades da mulher prendada.

Esse tipo de cena demonstra a crítica de Jane Austen à educação da mulher. Toda a educação delas tinha
uma preocupação com a estética e se baseava numa submissão feminina. Prezava-se por um
comportamento pouco crítico, embora cheio de habilidades artísticas, sem reflexão e sem desenvolvimento
da autonomia. Além disso, era o tipo de educação a qual as mulheres pobres jamais teriam acesso. Não
havia escolas, eram tutores particulares que ensinavam as meninas a serem “ladies” prendadas. As
heroínas de Jane, entretanto, eram cultas porque aprenderam a ler e estavam sempre exercendo a prática,
fazendo reflexões a respeito de sua vida e da sociedade em que viviam, dos costumes e das tradições. Isso
bastava para que elas fossem cultas e não prendadas, o que não as interessava.
Sim, nas histórias de Austen o final é sempre feliz com o casamento. Final que a própria autora não teve.
Jane Austen se recusava, assim como suas pergonagens se recusam, a casar se não for por amor. Casar
por convenção, dinheiro ou tradição é contra a liberdade e a integridade delas. Jane teve um único amor em
toda a sua vida. Mas ele era pobre e dependia do dinheiro do tio para sustentar a mãe e a dezenas de
irmãos. Se casasse com ela, perderia a mesada e deixaria a todos na miséria. Ela nunca se casou e se
tornou escritora conhecida ainda em vida, embora tenha escondido sua identidade durante bom tempo,
assinando “by a lady”. Pelo menos ela dizia que era uma senhora.
Um leitor desavisado e pouco sensível não consegue perceber a ironia presente nas obras de Jane Austen,
nem a rebeldia de suas personagens. Pode achar que suas histórias são românticas e ingênuas demais.
Sim, elas querem se casar. Mas se recusam a casar se não for por amor, odeiam casamentos por dinheiro
ou por sina e isso não as tornam mocinhas de contos de fada. A obra de Austen é, na verdade, bastante
realista. Na época dela, as mulheres não herdavam nem a herança do pai, portanto, o maior objetivo de
vida da maioria era ter um meio de sustento e o casamento era praticamente a única forma de alcançá-lo.
“Só mulheres ricas podem ser solteiras”, é o que diz Emma, protagonista que dá nome ao livro. Tanto as
solteiras ricas podiam se bancar, como eram respeitadas. Emma é a única personagem rica de Austen e
também a única que não pretende se casar – embora case no final. Por amor, claro.

Emma, interpretada por Gwynneth Paltrow. Rica, inteligente e bondosa, porém mimada e egocêntrica. Aprende uma bela lição no final.

Eu considero Jane Austen feminista porque acredito que o feminismo esteja primeiramente ligado à quebra
das correntes dentro de nós mesmas. Tudo começa dentro da gente, dentro de casa, na nossa relação com
outras pessoas, na vida em sociedade. Começa quando questionamos nossa educação, o que Jane fez
com muita inteligência e coerência. Por isso eu considero feministas mulheres que, mesmo sem nunca
terem refletido sobre o feminismo propriamente dito, em casa e na rua se recusam a qualquer tipo de
submissão e são livres e independentes o máximo que podem.
Não podemos supor que é exclusivamente feminista quem levanta cartaz na rua e põe a mão no megafone.
A luta é a organização, a conscientização de outras pessoas e isso é primordial. A maioria das mulheres e
dos homens vive segundo uma lógica imposta, segundo preconceitos enraizados na cultura, por isso é que
se torna imprescindível fazer todo o tipo de ação que leve à conscientização. A literatura e o cinema têm
papel crucial porque são massivos. Devemos fazer uso disso, bem como da música e outras artes. Se
conseguirmos utilizá-los na conscientização de outras pessoas, junto com cartazes e megafone, melhor
ainda. É imprescindível que nossas reflexões e lutas sejam massivas, exploradas em debates e
manifestações, que sejam demonstradas, discutidas, “gritadas”. E Jane Austen gritou e continua gritando
para milhões de fãs ao redor do mundo.

Texto publicado no blog: Descaminho de Leite, escrito por Alexandra Duarte em 04 de maio de 2013.
Link: http://descaminhodeleite.wordpress.com/2013/05/04/porque-jane-austen-era-feminista/comment-page-1/#comment-12

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Como Jane Austen foi uma pioneira feminista através de suas heroínas fortes

  • 1. Por que Jane Austen era feminista? por Alexandra Duarte Jane Austen, linda na touca. Sempre leio textos de blogueiras contando a vida de mulheres que foram feministas declaradas, que lutaram por algum direito da mulher e por sua libertação. A lista é grande, e tem mulheres incríveis. As mais conhecidas são da turma da “tiuría”: Simone de Beauvoir, francesa – o clássico que todos lembram quando falam em feminismo -, Rosa Luxemburgo, alemã – os marxistas adoram -, Alexandra Kollontai, minha xará russa – marxista, mas menos conhecida que a Rosa -, Emma Goldman, nascida na Lituânia – militante anarquista, que fez contribuições imensas pro movimento, embora só tenha sido devidamente reconhecida mais tarde -, e, para falar da atualidade, Michelle Perrot, francesa – historiadora bastante influente. Dentre suas obras eu, particularmente, adoro As mulheres ou os silêncios da história. No âmbito da literatura, sempre falam em Virginia Woolf, inglesa, que além de escrever diversos romances, também trabalhou como editora. Claro que essas escritoras foram militantes e contribuíram de diversas formas para as lutas feministas. Jane Austen, entretanto, não se declarou feminista nem tampouco escreveu obras teorizando qualquer luta, de qualquer movimento. Agora, vejamos: ela nasceu em 1775 e morreu em 1817. Nessa época, não havia nenhum movimento organizado de mulheres e eram poucas as que questionavam direitos e tradições, embora eu imagino que a maioria delas desejasse isso. É provável que Jane Austen tenha lido uma autora que é considerada uma das pioneiras no feminismo, a inglesa Mary Wollstonecraft, que escreveu obras sobre a educação imposta às mulheres, ainda no século XVIII, nas quais ela afirmava ser uma educação que as tornavam “ignorantes e dependentes”. Porém, a primeira onda do feminismo só aconteceu no final do século XIX e início do século XX, muito tempo depois de Jane partir. Porque eu acho que ela era feminista? Porque mesmo sem existir um movimento e mesmo sem haver ainda o clima de luta no período em que ela viveu, que tenha proporcionado a organização das mulheres, Jane foi revolucionária no modo como escreveu seus romances. Eu sou fã de Jane Austen desde muito tempo. Assisti à adaptação mais recente do livro Orgulho e Preconceito quando tinha uns 14 anos e fiquei louca. Fui atrás do livro e viciei. A partir de então, não parei mais de ler suas obras, que infelizmente são poucas, e de assistir as adaptações dos livros. Porque eu gostava naquela época e porque hoje, mais do que gostar, acredito que ela seja um exemplo de feminista? Porque todas as protagonistas de Jane Austen são mulheres e são fortes, independentes, inteligentes e cultas. Mulheres que não permitem que as tradições e os preconceitos quebrem sua liberdade.
  • 2. Elizabeth Bennet, minha preferida, interpretada por Keira Knightley. Inteligente, culta, espirituosa, sarcástica, irônica e romântica. Eu já notei que as personagens mais firmes e fortes são também as mais pobres. Talvez porque na sociedade em que Jane viveu, a pobreza fosse um impecilho muito maior que hoje, especialmente para mulheres, e ela própria não foi rica, mas tinha em casa uma enorme biblioteca e toda a sua família adorava ler. A autora criticava veementemente as tradições aristocráticas e isso é perceptível nos livros, onde ela usa de uma ironia fina para falar dos comportamentos pomposos e preconceituosos da época, bem como para criticar a educação que era dada às mulheres de seu tempo. Uma das cenas mais interessantes na obra orgulho e preconceito é quando uma das personagens – muito rica, diga-se de passagem – fala do que uma mulher precisa para ser considerada prendada: “Nenhuma mulher deve ser considerada prendada se não superar em muito o que se costuma fazer. Deve ter um conhecimento profundo de música, do canto, do desenho, da dança e dos idiomas modernos para merecer a qualificação; e, além de tudo isso, deve possuir algo no modo de ser e na maneira de caminhar, no tom de voz, no trato e nas expressões, para que a palavra não seja merecida senão em parte”. Elizabeth retruca dizendo que duvida da existência de tal mulher, e que se ela existe, certamente deve parecer um monstro. Caroline Bingley, de vermelho, discorrendo para a pobre Elizabeth as qualidades da mulher prendada. Esse tipo de cena demonstra a crítica de Jane Austen à educação da mulher. Toda a educação delas tinha uma preocupação com a estética e se baseava numa submissão feminina. Prezava-se por um comportamento pouco crítico, embora cheio de habilidades artísticas, sem reflexão e sem desenvolvimento da autonomia. Além disso, era o tipo de educação a qual as mulheres pobres jamais teriam acesso. Não havia escolas, eram tutores particulares que ensinavam as meninas a serem “ladies” prendadas. As heroínas de Jane, entretanto, eram cultas porque aprenderam a ler e estavam sempre exercendo a prática, fazendo reflexões a respeito de sua vida e da sociedade em que viviam, dos costumes e das tradições. Isso bastava para que elas fossem cultas e não prendadas, o que não as interessava. Sim, nas histórias de Austen o final é sempre feliz com o casamento. Final que a própria autora não teve. Jane Austen se recusava, assim como suas pergonagens se recusam, a casar se não for por amor. Casar por convenção, dinheiro ou tradição é contra a liberdade e a integridade delas. Jane teve um único amor em toda a sua vida. Mas ele era pobre e dependia do dinheiro do tio para sustentar a mãe e a dezenas de
  • 3. irmãos. Se casasse com ela, perderia a mesada e deixaria a todos na miséria. Ela nunca se casou e se tornou escritora conhecida ainda em vida, embora tenha escondido sua identidade durante bom tempo, assinando “by a lady”. Pelo menos ela dizia que era uma senhora. Um leitor desavisado e pouco sensível não consegue perceber a ironia presente nas obras de Jane Austen, nem a rebeldia de suas personagens. Pode achar que suas histórias são românticas e ingênuas demais. Sim, elas querem se casar. Mas se recusam a casar se não for por amor, odeiam casamentos por dinheiro ou por sina e isso não as tornam mocinhas de contos de fada. A obra de Austen é, na verdade, bastante realista. Na época dela, as mulheres não herdavam nem a herança do pai, portanto, o maior objetivo de vida da maioria era ter um meio de sustento e o casamento era praticamente a única forma de alcançá-lo. “Só mulheres ricas podem ser solteiras”, é o que diz Emma, protagonista que dá nome ao livro. Tanto as solteiras ricas podiam se bancar, como eram respeitadas. Emma é a única personagem rica de Austen e também a única que não pretende se casar – embora case no final. Por amor, claro. Emma, interpretada por Gwynneth Paltrow. Rica, inteligente e bondosa, porém mimada e egocêntrica. Aprende uma bela lição no final. Eu considero Jane Austen feminista porque acredito que o feminismo esteja primeiramente ligado à quebra das correntes dentro de nós mesmas. Tudo começa dentro da gente, dentro de casa, na nossa relação com outras pessoas, na vida em sociedade. Começa quando questionamos nossa educação, o que Jane fez com muita inteligência e coerência. Por isso eu considero feministas mulheres que, mesmo sem nunca terem refletido sobre o feminismo propriamente dito, em casa e na rua se recusam a qualquer tipo de submissão e são livres e independentes o máximo que podem. Não podemos supor que é exclusivamente feminista quem levanta cartaz na rua e põe a mão no megafone. A luta é a organização, a conscientização de outras pessoas e isso é primordial. A maioria das mulheres e dos homens vive segundo uma lógica imposta, segundo preconceitos enraizados na cultura, por isso é que se torna imprescindível fazer todo o tipo de ação que leve à conscientização. A literatura e o cinema têm papel crucial porque são massivos. Devemos fazer uso disso, bem como da música e outras artes. Se conseguirmos utilizá-los na conscientização de outras pessoas, junto com cartazes e megafone, melhor ainda. É imprescindível que nossas reflexões e lutas sejam massivas, exploradas em debates e manifestações, que sejam demonstradas, discutidas, “gritadas”. E Jane Austen gritou e continua gritando para milhões de fãs ao redor do mundo. Texto publicado no blog: Descaminho de Leite, escrito por Alexandra Duarte em 04 de maio de 2013. Link: http://descaminhodeleite.wordpress.com/2013/05/04/porque-jane-austen-era-feminista/comment-page-1/#comment-12