SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 11
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Casca de fruta, sobra de
comida, aparas do jardim e
até guardanapo usado são
um manjar para minhocas
e mil micro-organismos.
Em vez de jogar fora
esses restos e aumentar
a poluição do planeta,
alimente essa bicharada
e faça um superadubo!
S E G U N D A E D I Ç Ã O - R E V I S T A E A M P L I A D A
GUIA DE COMPOSTAGEM CASEIRA
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 1
CUIDE DO PLANETA:
produza nutrientes em vez de poluentes
No Brasil, o lixo seco mudou de status: agora se chama “resíduo reciclável”, tem
valor estipulado (sustenta os catadores) e destino certo (indústrias de reciclagem).
Espero que aconteça o mesmo com os resíduos orgânicos, que representam bem
mais da metade de uma lixeira doméstica. Se mal manejados, poluem o solo, o ar
e a água: geram gás metano e chorume, líquido que contamina o lençol freático.
Quando bem tratados, viram ouro: adubo para a terra! Deixam de ser vistos como
poluentes e se tornam nutrientes, tudo graças à compostagem. Existem diversos
modelos de composteiro, um deles certamente será bom para você.
A primeira vez que fiz compostagem, morava em apartamento e ainda não exis-
tiam kits prontos e práticos, como o Minhocasa. Por isso, inventei moda. Sabia
que, para sofrer o processo de fermentação e decomposição, o lixo orgânico pre-
cisa do trabalho das bactérias, e que estas não vivem sem oxigênio e umidade. Em
bandejas de plástico e vasos de cerâmica, fazia a mistura: colocava terra, restos
de comida, cobria com folhas e revirava tudo de vez em quando. O resultado era
uma terra rica, repleta de minhocas. O problema é que, se caía um temporal e eu
não escoava logo a água, aparecia cheiro ruim. Aí era preciso esvaziar tudo, deixar
secar e reorganizar as camadas com terra e folhas. Hoje, morando em sítio, a
chuva não atrapalha, pois meu composteiro de alvenaria tem “chapéu”. Mas pre-
ciso ter outros cuidados, como torná-lo à prova de cachorro, ratos e insetos. A
partir dessas experiências, vi que cada caso é único e nada como um guia sobre
o assunto para ajudar quem quer produzir adubo em vez de lixo.
“Noventa e nove não é 100”, dizia um carismático personagem do documentário
Lixo Extraordinário, que mostra com poesia a vida no maior aterro sanitário da
América Latina. De fato, cada pessoa que cuida dos próprios resíduos equivale a
menos uma poluindo o meio ambiente e gerando custos para a coleta. Tem mais:
lidar com os resíduos e dejetos que produzimos, faz repensarmos nosso consumo!
Raquel Ribeiro, jornalista e adepta do projeto Lixo Mínimo
| 2 | | 3 |
lixo orgânico ®®®
tr
a
balho
dosmicro-organismoseda
s
m
inhocas®®®húmusdem
inh
o
ca
®®®terraricaesaudável
alimente o ciclo da vida
alimentos
processados
compostagem
de resíduos
hortaliças
frescas
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 2
tire suas dúvidas
Mudar hábitos dá uma preguiça danada. Mas depois que você começa a se-
parar o lixo orgânico e levar o baldinho até o composteiro, vê que é moleza
– e a ação entra na rotina. Para tornar esses primeiros passos ainda mais fá-
ceis, respondemos às perguntas mais comuns.
por que separar o lixo?
A cada dia se produz, no Brasil, milhares de toneladas de lixo. Parte do que é coletado
se destina aos aterros sanitários, usinas de compostagem e incineradores. Mas a maior
parte dos resíduos vai para lixões. Terrenos baldios, córregos, represas e rios também
recebem boa parcela de lixo. Isso provoca um tremendo impacto ambiental e social,
pois polui o meio ambiente e degrada a qualidade de vida das pessoas que moram nos
arredores. Em tese, 80% de tudo que é jogado fora poderia ser reaproveitado, mas não
é o que acontece. As empresas de reciclagem, os catadores, ONGs e algumas
prefeituras dão conta apenas de parte do lixo reciclável – mas quase nada do resíduo
orgânico é separado. Agora, se cada um de nós encaminhar o lixo seco para reci-
clagem e transformar restos orgânicos em húmus, crescem as chances de resolver o
problema do lixo e assim proteger a natureza, a cidade e, por tabela, nós mesmos.
o que é o húmus
Com textura, cor e cheiro de terra, o húmus de minhoca é o produto final do processo
de compostagem. Conhecido há mais de 3 mil anos, era usado no antigo Egito como
adubo para hortas, jardins e floreiras. Hoje pode ser comprado em lojas de jardi-
nagem, ou ser preparado em casa. A vantagem da produção caseira? Ora, sai de graça
e você dá um fim nobre aos restos de comida.
como transformar o lixo orgânico em húmus?
Na natureza esse processo se dá naturalmente. Galhos e troncos secos, folhas, flores,
dejetos e restos de animais mortos caem no solo e, com a ação da chuva, do oxigênio
presente no ar e dos agentes “decompositores”, viram húmus e nutrem a terra. Quem
mora na roça conhece esse processo e costuma jogar os restos orgânicos num buraco
na terra ou empilhá-los – e a natureza cuida do resto. Para o morador de cidade foram
criados os composteiros.
o que é um composteiro?
Construído de diversas formas e tamanhos (veja nas págs. 10 a 15), o composteiro é
uma pequena “usina” que acelera o ciclo natural de decomposição da matéria
orgânica, pois cria um ambiente propício para que os micro-organismos (fungos e
bactérias) e as minhocas trabalhem mais rápido. Vamos falar aqui apenas dos com-
posteiros aeróbicos, que dependem da ação de bactérias que consomem oxigênio.
como funciona o composteiro?
Ele fornece umidade e oxigênio para que os micro-organismos e minhocas tenham
melhores condições de transformar a matéria orgânica em húmus.
quem são os agentes decompositores?
São as bactérias, fungos e minhocas que transformam o lixo em húmus. É uma reação
em cadeia: cada grupo dessa equipe prepara o caminho para o seguinte, convertendo
um material biodegradável complexo num material mais simples, que será consumi-
do pelo próximo. Se você observar um tomate maduro fora da geladeira por vários
dias vai perceber buraquinhos e manchas na pele. São os decompositores provo-
cando uma reação bioquímica, que envolve o trabalho de animais (aspecto biológico)
e uma modificação na estrutura do tomate (fator químico). A função dos pequenos
seres é transformar restos, como o tomate podre, em cálcio, magnésio, potássio, fós-
foro, enxofre, ferro e outros nutrientes para o solo.
o que se coloca no composteiro?
Resíduos orgânicos produzidos na cozinha, horta ou jardim: aparas de grama, folhas
de árvores, cinzas e sobras de carvão, restos de verduras e frutas, casca de ovo, pó
de café, saquinho de chá, guardanapo de papel usado e restos de comida do prato.
Quanto às carnes, há restrições que abordaremos adiante. O composteiro perfeito
tem três vezes mais material rico em carbono do que material rico em nitrogênio.
Exemplos do primeiro grupo: capim, folha e grama. Materiais ricos em nitrogênio:
restos de alimentos e estrume. Um pouco de terra ou de composto pronto deve ser
incluído para garantir a presença dos micro-organismos e minhocas.
pode galho de árvore, casca de coco, restos grandes?
Pode, mas cortados em pedaços. Quanto mais fragmentado o material, mais rápida
será a compostagem, pois haverá maior superfície para o ataque dos micro-organis-
mos. Ou seja, se possível, pique ou triture o material orgânico antes de depositá-lo
no composteiro. Em todo caso, quando for retirar o húmus, peneire a terra. O mate-
rial que ainda não estiver bem decomposto deverá voltar para o composteiro.
por que não colocar os restos diretamente no solo?
Jogadas por cima da terra, as sobras de alimento podem atrair insetos e outros ani-
mais. Mesmo enterrando esses restos, corre-se o risco de criar vetores indesejáveis ou
de comprometer o lençol freático.
| 5 || 4 |
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 4
tem que ter minhoca?
Em quase todos os tipos de composteiro, sim. Ela come os restos de alimento – além
de areia e terra para facilitar a digestão – e o produto residual é um pequeno grão, a
cápsula. Em quantidade, essas cápsulas formam o famoso húmus de minhoca. Além
disso, as minhocas abrem túneis, indispensáveis à aeração da massa de lixo orgânico.
Em geral, os pacotes de húmus de minhoca das lojas especializadas já vêm rechea-
dos de ovinhos, mas você também pode comprá-las em separado (neste caso, opte
pelas resistentes e trabalhadoras “vermelhas da Califórnia”). O bom é que, depois de
povoar seu composteiro, elas se reproduzem com rapidez. De pequenos casulos,
nascem de cinco a 20 filhotes. Eles vão crescer e comer o equivalente ao seu peso a
cada 24 horas. Saiba mais sobre esse elo fundamental da cadeia biológica em
http://fugadasminhocas.blogspot.com
qual composteiro dispensa a minhoca?
As composteiras eletrônicas, como a NatureMill (ver na pág. 18), que são a cara do
consumidor norte-americano: têm design bacana, ocupam pouquíssimo espaço, são
práticas e de fácil manuseio.
que cuidados devemos ter?
¯ Só entra no composteiro o que é naturalmente absorvido pela natureza. Ex: restos
de verduras e frutas, pó de café e guardanapo de papel. Sem problema incluir, de
vez em quando, um plástico muito melado de gordura (os agentes decompositores
vão amar), pois basta retirá-lo na hora de peneirar o húmus.
¯ Para não juntar moscas, nem atrair bichos, jogue folhas mortas e o “mato” que se
tira dos canteiros de plantas. Serve também colocar serragem ou palha.
¯ Se quiser pôr restos de carne no composteiro, embrulhe-os em lenço de papel ou
papel higiênico, mas sempre em pouca quantidade.
¯ Para acelerar a compostagem, adicione húmus de minhoca, esterco, torta de ma-
mona ou farinha de osso. É bom também colocar um pouco de água em reci-
pientes usados de leite, iogurte, queijos ou doces, mexer bem e depois depositar
a mistura no composteiro. Essas sobras funcionam como aceleradores.
¯ Por causa da ação das bactérias, há produção de calor no interior do composteiro,
principalmente nas primeiras semanas. Não estranhe se o material estiver quente
(poderá chegar a 60 graus).
¯ Fique atento à umidade, já que os agentes decompositores não gostam nem de
material seco nem encharcado. Faça o teste: coloque um punhado do composto
na mão e aperte. Se não esfarelar, nem molhar sua mão, está bom.
¯ Cuide da aeração do composteiro: verifique se os tubos estão desobstruídos, as
bactérias aeróbicas (como diz o próprio nome) precisam de oxigênio.
onde instalar o composteiro?
Se você for construí-lo, o ideal é que fique próximo à cozinha, mas fora da casa para
evitar bagunça ao retirar o húmus. Para quem mora em apartamento ou casa sem
quintal, o kit de minhocultura (pág. 15) é perfeito para ficar na área de serviço.
atrai rato, barata ou formiga?
Para que isso não ocorra é importante fechar todas as passagens com tela de arame
ou mosquiteiro. Quanto mais fechada for a trama das telas, melhor, pois evita-se a en-
trada de moscas e a fuga de minhocas. Se o composteiro for de alvenaria, a tampa
metálica do leite em pó serve como uma luva: faça buraquinhos usando um prego e
depois “cole” sobre os buracos dos canos. Nos outros modelos, um pedaço de tela
preso com elástico na boca de cada cano basta. Peneiras de pedreiro também dão óti-
mas tampas superiores, e você pode construir o composteiro sob medida para elas.
Outra dica: sempre que depositar material orgânico, cubra-o com bastante apara de
grama, palha ou serragem. E evite que o composteiro fique encharcado, mantendo-
o coberto em dia de chuva – com um pedaço de telha ondulada ou chapa de
alumínio, por exemplo. Caso surja alguma aranha, ótimo: será de grande ajuda no
controle de eventuais moscas. Agora, se aparer formiga, retire todo o composto e
deixe espalhado no chão por dois ou três dias. Elas naturalmente vão embora.
provoca cheiro ruim?
Só se estiver mal cuidado. Caso aconteça, ou é porque o composteiro não está
bem aerado: você pode ter colocado materiais muito grandes, que deveriam ser
previamente fragmentados para não provocar compactação. Os tubos de aeração
podem estar obstruídos pelo próprio material em decomposição. Ou o composteiro
está úmido demais: pode ter faltado proteção contra as chuvas, ou talvez haja ex-
cesso de restos ricos em nitrogênio, quando o material entra no estágio anaeróbico
e fermenta, provocando mal cheiro. A solução é remover o composto, deixar secar
ao sol e retomar a compostagem, adicionando resíduos ricos em carbono, pois eles
têm a função de aerar o sistema.
o que fazer se o composteiro produzir chorume?
O chorume é um líquido escuro extremamente poluidor, gerado pela digestão
anaeróbia de algumas bactérias e pela degradação do lixo. Seu composteiro não deve
produzir chorume! Se isso acontecer, use o buraco de saída do composteiro para adi-
cionar uma boa quantidade de serragem (também pode ser palha, areia ou até jornal
picado bem fino) e pare de colocar resíduos por cerca de uma semana. Isso deve bas-
tar para estabilizar o processo. Caso não funcione, retire todo o material orgânico, es-
palhe e deixe-o secar ao sol. Depois, recoloque no composteiro. Para evitar o
chorume, é vital cobrir o composteiro com um “chapéu” na época das chuvas.
| 7 || 6 |
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 6
ao manipular o composto, há risco para a saúde?
Em princípio, ele é livre de bactérias nocivas, pois elas não sobrevivem à alta tem-
peratura (o mesmo ocorre com os ovos de parasitas e larvas de insetos), mas não custa
usar luvas de borracha. Vale também conferir se o material não está quente demais
antes de botar a mão na massa. Um pedaço de pau fincado alguns minutos no cen-
tro do composto serve de termômetro.
por que a temperatura no composteiro sobe?
Isso é consequência da atividade dos micro-organismos durante a primeira etapa de
compostagem: eles produzem água, gás carbônico e energia (calor). Não se preocupe:
quando pronto, o húmus tem temperatura ambiente.
quando o húmus fica pronto?
O processo leva de 60 a 120 dias, de acordo com os seguintes fatores:
¯ tipo do composteiro;
¯ frequência de uso e tipo de resíduo depositado;
¯ umidade e aeração adequadas;
¯ uso ou não de ativadores (torta de mamona, esterco etc);
¯ tamanho dos restos orgânicos depositados.
para que serve o húmus?
Quanto mais nutritivos os elementos que compõem a terra, melhor para as plantas, pois
do reles arbustinho à mais frondosa das árvores, todos se alimentam do solo. O húmus,
farto em nutrientes, deixa as plantas mais sadias, resistentes e viçosas. Além disso:
¯ Regula a salinidade e melhora a umidade, a porosidade e a produtividade do solo.
¯ Regenera solos empobrecidos ou que sofreram erosão.
¯ Ajuda a controlar a erosão do solo, prevenindo a desertificação.
¯ Suaviza os efeitos negativos de agentes tóxicos como os inseticidas.
¯ É melhor do que o adubo orgânico que se compra em lojas, pois é gratuito.
E é muito superior ao adubo químico, pois não tem contraindicação.
¯ O húmus é a base para uma agricultura ecológica, já que dispensa o uso de
fertilizantes químicos.
por que o composteiro precisa ser aerado?
Porque os agentes decompositores aeróbicos não sobrevivem sem oxigênio. Quando os
restos de comida vão para os lixões e aterros sanitários, compactados e misturados ao
lixo inorgânico, esses micro-organismos acabam morrendo por falta de oxigênio.
o que acontece num lixão?
Um grande número de transformações químicas, físicas e biológicas, resultando na for-
mação de biogás, que raramente é aproveitado, e do chorume, líquido que contamina
o lençol freático e provoca alterações na fauna e na flora, afetando todos os seres da
cadeia alimentar. Ali a decomposição do lixo é um processo dinâmico comandado
pelas bactérias. Elas trabalham em duas etapas: fase aeróbia (uso do oxigênio) e
anaeróbia (sem oxigênio). As bactérias aeróbias usam o oxigênio presente no interior
do aterro e à medida que ele vai escasseando a decomposição fica mais lenta. Quando
acaba o oxigênio, começa a fase anaeróbia: cai a concentração de carbono orgânico
(produzido pelas bactérias aeróbias) e sobem os níveis de amônia e de metais pesados
(resultado da ação das anaeróbias), um problema para o meio ambiente. A existência
dos lixões e “aterros sanitários” não tem um custo apenas ambiental, mas também so-
cial, pois a qualidade de vida de toda a redondeza é seriamente comprometida.
a compostagem não pode ser feita em maior escala?
Claro que pode! Mas aí entram as questões políticas, os interesses econômicos... Em
todo caso, temos no Brasil exemplos de hotéis, restaurantes, escolas e até indústrias
que dão conta de seu lixo orgânico. Um bom referencial é o Hotel Bühler e seu pio-
neiro Projeto Lixo Mínimo, implantado inicialmente na região turística de Visconde
de Mauá, entre RJ e MG. No Distrito Federal, a Secretaria de Inclusão Social e a ONG
Mão na Terra criaram o Projeto Minhoescolas, que implantou o processo de com-
postagem em 20 escolas públicas. O composto se destina aos canteiros espirais de
ervas medicinais, uma beleza. Há dezenas de outros trabalhos que me mereceriam ser
citados e multiplicados! Para ajudar quem quer dar início à compostagem em maior es-
cala, apresentamos um modelo simples de construir e de grande eficácia (pgs 14-15).
cuidar do próprio lixo dá trabalho?
Sim, mas um pouco de organização ajuda: reserve caixas para juntar cada tipo de ma-
terial reciclável (papel, alumínio, vidro e plástico), um balde para os resíduos orgâni-
cos e um recipiente para o lixo seco não reciclável (como isopor e embalagem de café).
Depois é uma questão de incorporar o hábito à rotina. A título de inspiração, saiba que
quando aprendemos a transformar resíduo orgânico em húmus, temos uma sensação
de volta às origens, de retomar as sábias tradições dos nossos tataravós, que usavam
esterco de vaca e sobras da cozinha para produzir adubo e tornar a terra mais fértil.
Coisas simples, que remetem à célebre lei da conservação da matéria de Lavoisier:
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
| 9 || 8 |
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 8
1. Composteiro de tijolos
Use uns cem tijolos, 16 pedaços com 50 cm de tubo de PVC (40 mm ou 50 mm), uma
tábua com 30 cm de comprimento por 15 cm de largura e escolha um local mais ou
menos próximo da cozinha. Nivele o chão e desenhe um círculo de 1 m de diâmetro
– onde serão dispostos os tijolos (a). Com o auxílio da tábua, reserve espaço para a
retirada do húmus (b) e, a cada fileira de cinco tijolos, instale os tubos inclinados
para aeração do composto (c). Ao assentar os tijolos, procure dar uma forma cônica,
com cerca de 1,20 m de altura, deixando uma abertura de 50 cm de diâmetro no
topo, que é por onde os restos orgânicos serão inseridos (d). Este composteiro é à
prova de cachorro, mas não de chuva. Cubra-o sempre que for preciso.
DICAS: Evite animais indesejáveis,
instale (com arame ou elástico) recortes
de tela de mosquiteiro na saída de cada tubo
aerador. Uma peneira (daquelas usadas em obras) serve perfeitamente como tampa
para pôr no alto do composteiro. Para fechar a “porta”, use um pedaço de tábua.
modelos de composteiros
| 10 |
1,00m
50cm
a) b)
c) d)
tábua (15cm x 30cm)
tubos de PVC
± 1,20m
| 11 |
a)
b)
c)
furar com serra-copo (50mm ou 60mm)
instalar tela de mosquiteiro
(pelo lado de dentro dos furos)
cortar uma portinha e
instalar a dobradiça
2. Uso de uma bombona plástica
Compre uma bombona de 100 ou 200 litros (daquelas próprias para armazenar
azeitonas, pepinos e outras conservas) e a adapte da seguinte maneira:
a) Faça furos com serra-copo (50 mm ou 60 mm) para aeração. Toda a lateral
e o fundo da bombona devem ser perfurados.
b) Coloque tela de mosquiteiro nos furos para proteção contra insetos.
c) Na parte de baixo, em um dos lados da bombona, recorte o plástico e instale
uma dobradiça, fazendo uma portinha para tirar o composto pronto.
* Lembrar de usar a tampa da bombona quando chover demais, e de deixar uma
peneira de obra sempre apoiada no alto quando a tampa estiver aberta.
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 10
4. Feito de alvenaria
Quem tem casa com quintal impermeabilizado pode optar por uma pequena cons-
trução de alvenaria (feita com blocos ou lajotas), inclusive aproveitando uma das
paredes da casa para ser uma das faces do composteiro. Com cerca de 1,70 metro de
altura e 63 cm de lado, o projeto ilustrado abaixo serve para uma família com até
oito pessoas. A vantagem é que não chama muita atenção, pois fica integrado à cons-
trução da casa. Por outro lado, a proximidade exige cuidado extra para que não
exale odores. Mais uma vez, o segredo para não atrair ratos e insetos passa pela
meticulosa instalação de tela-mosquiteiro nos tubos aeradores, e de tampas bem
planejadas encaixadas na entrada dos resíduos e na saída do composto. Uma boa
opção são as tampas metálicas das latas de leite em pó: basta fazer um monte de
furos com um prego e depois parafusar ou colar no composteiro.
| 13 || 12 |
3. Com anéis de concreto
Uma opção para quem quer um composteiro de visual mais arrojado é usar anéis de
concreto (manilhas) empilhados. Além dos tubos instalados ao redor dos anéis, há mais
um sistema de aeração que vai por dentro. De resto, o modo de usar e os cuidados são
os mesmos: não deixar que fique nem muito úmido nem muito seco; e proteger com
telas as possíveis entradas de insetos. Dá para caprichar no acabamento, colocando do-
bradiça e maçaneta na porta de saída do composto, e uma tampa estilosa de perfil
metálico com tela e dobradiças para abertura total ou parcial.
10cm
MATERIAL
(para um composteiro com
1,70m X 0,63m X 0,63m):
120 lajotas comuns ou
60 blocos de 30cm X 10cm
1 vara (6m) de tubo
de PVC 50mm
2 sacos de cimento
Diversas tampas de
lata de leite em pó
MATERIAL
(para um composteiro com 1,20m
de altura e 0,80m de diâmetro):
4 anéis de concreto com
diâmetro de 80cm e
altura de 30cm
1 metro de tubo de
PVC 100mm
6 conexões “Y” de
PVC 100mm
1 conexão “T” de PVC
com 100mm
2 metros de tubo
PVC de 50mm
para os aeradores
Perfil de alumínio
para a tampa
Tela metálica fina
para a tampa
2 dobradiças
grandes para a
porta e a tampa;
e 2 dobradiças
pequenas para
variar a abertura
da tampa
16 entradas p/aeração:
pedaços de tubo
50 mm com 37cm,
inclinados a 45º
Porta para saída
do composto:
20cm X 20cm
1,70m de altura
Colocar tela
metálica de
trama fina
Tampa versátil
com dobradiças
Aerador central feito com
conexões em “Y” e “T” 100mm
63cm X 63cm
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 12
5. Composteiro coletivo de alvenaria
Indicado para hotéis, restaurantes, escolas, condomínios, empresas e outros lugares que
produzam quantidade considerável de resíduos orgânicos, este modelo permite boa aera-
ção, proteção contra animais e pede os mesmos cuidados dos composteiros caseiros.
Se houver espaço no terreno, vale manter uma leira (pág. 16) por perto e intercalar cama-
das de composto bruto retirado do composteiro coletivo com camadas de folhas e apa-
ras de grama. Isso acelera bastante o processo e melhora a qualidade do adubo obtido.
2,20m
1,70m
0,50m X 0,30m 0,50m X 0,30m
0,50m
2,90m
1,45m
1,10m
CORTE SUPERIOR
CORTE FRONTAL
CORTE TRANSVERSAL
CORTE LATERAL
PROJETO DO TELHADO
Entradas de ar, com tubos
de 75mm instalados a 45º
e tampas metálicas com
furos para aeração
Duas portas tipo gaveta
para retirar o adubo
Parede
de lajota
emboçada
Hastes de madeira
ou metal para
fixar o telhado
Torre de aeração
feita com tubos
de 50mm em “Y” Tubos de 75mm
instalados a 45º
Redução em “T”
de 75mm p/ 50mm
Altura das hastes
de sustentação
do telhado: 0,50m
Telas metálicas nos vãos do
telhado para afastar animais
(para permitir a entrada dos resíduos, um
dos vãos deve ter moldura basculante)
Tubo de 75mm
fixado nas paredes
(para sustentar as
torres de aeração)
Telhas de plástico brancas
ou transparentes, para
permitir boa luminosidade
Tábuas de 0,30m
para fixar as três
torres de aeração
(para facilitar a
leitura, o esquema só
mostra duas torres)
Três torres
de aeração
Base de
concreto
Base de concreto com
2,90m X 1,45m X 0,20m
| 15 || 14 |
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 14
7. Kit de minhocultura
Projetados para grandes e também para pequenos espaços, os kits de minhocultura
são perfeitos para quem mora em apartamento. Parece, inclusive, um prédio de mi-
nhocas. A ilustração abaixo é do Minhocasa. Trata-se de um sistema feito de três
caixas plásticas empilhadas, que não produz mal cheiro, pois não há fermentação: a
relação entre nitrogênio e carbono é balanceada na proporção de um para dois, res-
pectivamente. Compacta, não atrai ratos nem insetos e não demanda muitos cuida-
dos (minhocas ficam até três meses sem alimento). Outra fabricante de composteiras
domésticas e sistemas de compostagem empresarial é a Morada da Floresta. Seus kits
– práticos, compactos, higiênicos e de fácil manuseio – podem ser usados em residên-
cias, escolas, empresas, condomínios e espaços públicos.
Mais informações: www.minhocasa.com.br e www.moradadafloresta.org.br
b) Quando a caixa do meio encher (depois
de uns 50 dias), passe a colocar o lixo
orgânico na caixa de cima. As minhocas
subirão naturalmente, através dos furos.
a) O processo começa nesta
caixa, quando as minhocas
comem as folhas secas,
sobras de alimentos e papel.
c) Saída do biofertilizante
líquido com pH neutro,
um ótimo adubo folhear.
6. Pilha de compostagem (ou leira)
Para quem tem espaço, muita poda de jardim e não tem cachorro na área, o sistema
é interessante. Coloque algumas varas de bambu ou galhos secos, formando no chão
um xadrez. A largura pode variar entre 1,5 m e 2 m. Intercale camadas de folhas
(aparas de grama, podas de árvore ou limpeza de jardim) com terra, palha, serragem
ou algo do gênero. Durante a montagem da pilha, regue o material constantemente
para agregar bastante umidade ao início do processo. Sempre que for depositar mais
material orgânico, adicione palha seca ou serragem. Comece uma pilha nova quando
essa chegar a 1,5 m de altura. O composto estará pronto quando a temperatura in-
terna baixar e a altura da pilha tiver diminuído pela metade. Peneire e use o adubo
à vontade. O material orgânico que sobrar na peneira vai para a nova pilha.
Importante: por não ser um sistema prote-
gido, convém não colocar restos de alimentos
cozidos na pilha, a menos que tenham sido
previamente compostados em um sistema aera-
do fechado. Essa, aliás, é uma ótima ideia, pois
a adição de alimentos previamente composta-
dos (ricos em nitrogênio) acelera o processo da
pilha de folhas (rica em carbono).
± 1,5m
Usando galhos cruzados,
faça uma “cama” para apoiar
a pilha de compostagem
Sobre os galhos, acumule
as aparas de grama, folhas
mortas e podas de árvores...
... até formar uma pilha
compacta com cerca de
1,5m de altura.
Quando a altura da pilha
tiver diminuido pela metade,
o composto estará pronto.
| 17 || 16 |
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 16
Edição e textos: Raquel Ribeiro
(mtb 15733) | raquel.ri@uol.com.br
Edição de arte: Jean Pierre Verdaguer
Revisão: Hellen Ribeiro
Consultoria: Norma Bühler, gerente do Hotel
Bühler, pioneiro na implantação do Projeto Lixo
Mínimo em Hotelaria | www.hotelbuhler.com.br
Fontes: Luiz Toledo, biólogo especialista em
compostagem | www.luiztoledo.net |
www.lixo.com.br | www.planetaorganico.com.br |
www.cempre.org.br | www.institutogea.org.br |
www.cm-seixal.pt/compostagem
Impresso em julho de 2011 em papel
reciclado pela gráfica Juizforana.
Tiragem: 7 mil exemplares.
A reprodução parcial ou total do
conteúdo desta obra é permitida,
desde que a fonte seja citada.
8. Composteiro eletrônico compacto
Ideal para quem não dispõe sequer de uma varanda para instalar um kit de minho-
cultura, o composteiro eletrônico é pequeno, leve, fácil de manusear e não atrai
nenhuma mosquinha. Por enquanto, o modelo da Nature Mill é o mais fácil de
importar: movido à energia elétrica, funciona de 110 a 240 V e consome apenas
5 kWh/mês. Tem capacidade para 55 kg de lixo orgânico e vem com um filtro de
carvão para eliminar odores. Segundo a empresa, este filtro dura até cinco anos;
e se você não quiser comprar o refil específico, basta trocar o carvão ativado. A
versão compacta Plus XE custa US$ 299 (somado ao valor do frete, sai por cerca
de US$ 400) e pode ser encomendada pelo site www.naturemill.com
Veja como funciona:
a) No compartimento de cima, coloque todo
resto de alimento (até carnes).
b) O lixo orgânico é misturado com aditivos
(como cal e serragem, inclusos no paco-
te), areado e aquecido.
c) Parcialmente decomposto, o material cai na
bandeja inferior, onde o processo continua.
d) Uma luz vermelha avisa quando o com-
posto está pronto (cerca de duas semanas).
REDUZINDO O LUXO,
DIMINUIREMOS O LIXO.
números que ilustram o problema
¯ Quanto mais rica é a população maior a produção de lixo. O europeu gera entre
1 kg e 1,4 kg de lixo por dia. O brasileiro, aproximadamente, 500 gramas (chega
a mais de 1 kg, dependendo do poder aquisitivo).*
¯ O Brasil produz, em média, 90 milhões de toneladas de lixo por ano.*
¯ Do lixo doméstico, 35% poderia ser reciclado; 60% viraria húmus.**
¯ Em 2008, somente 2% do lixo era coletado seletivamente. E apenas 8,2% dos mu-
nicípios brasileiros eram atendidos por serviços de coleta. Destinação final dos
resíduos nos municípios: 63,6% em lixões; 32,2%, aterros adequados (13,8% sani-
tários, 18,4% aterros controlados); 5% dos municípios não informaram para onde
destinam seus resíduos.**
¯ Somente 1,5% do lixo orgânico doméstico vai para os composteiros. Os outros
98,5% são desperdiçados.***
* Ministério do Meio Ambiente / ** IBGE (www.ibge.gov.br) / *** ONG Cempre (www.cempre.org.br)
| 18 |
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 18
AAPPOOIIOO CCUULLTTUURRAALL::
cidadão responsável
pelo lixo que produz
Consome com consciência:
Pensa antes de comprar, evita embalagens desnecessárias,
carrega suas compras em sacolas reutilizáveis.
Reutiliza:
Reaproveita embalagens, faz arte com materiais recicláveis,
dá preferência a produtos que ofereçam opção de refil.
Recicla:
Separa e encaminha o material reciclável
para que volte ao ciclo de produção.
Faz compostagem:
Transforma os restos orgânicos em húmus.
page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 20

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt? (20)

Lixo
LixoLixo
Lixo
 
Conscientização ambiental
Conscientização ambientalConscientização ambiental
Conscientização ambiental
 
Destino Do Lixo Na Escola
Destino Do Lixo Na EscolaDestino Do Lixo Na Escola
Destino Do Lixo Na Escola
 
Stc7
Stc7Stc7
Stc7
 
O que é lixão ?
O que é lixão ? O que é lixão ?
O que é lixão ?
 
Preservação do Meio Ambiente
Preservação do Meio AmbientePreservação do Meio Ambiente
Preservação do Meio Ambiente
 
Slide josirlena
Slide josirlenaSlide josirlena
Slide josirlena
 
Slide sobre o lixo
Slide sobre o lixoSlide sobre o lixo
Slide sobre o lixo
 
Aula - Lixo (6° ano)
Aula - Lixo (6° ano)Aula - Lixo (6° ano)
Aula - Lixo (6° ano)
 
Reciclagem
ReciclagemReciclagem
Reciclagem
 
IPA - Permacultura e Bioconstrução
IPA  - Permacultura e BioconstruçãoIPA  - Permacultura e Bioconstrução
IPA - Permacultura e Bioconstrução
 
Permacultura e emissao_zero
Permacultura e emissao_zeroPermacultura e emissao_zero
Permacultura e emissao_zero
 
A preservação do meio ambiente começa em casa
A preservação do meio ambiente começa em casaA preservação do meio ambiente começa em casa
A preservação do meio ambiente começa em casa
 
Preservação & meio ambiente
Preservação & meio ambientePreservação & meio ambiente
Preservação & meio ambiente
 
Lixo
LixoLixo
Lixo
 
Cartilha Manejo Apropriado de Água
Cartilha Manejo Apropriado de ÁguaCartilha Manejo Apropriado de Água
Cartilha Manejo Apropriado de Água
 
3rs
3rs3rs
3rs
 
Reciclagem
Reciclagem Reciclagem
Reciclagem
 
Gestão dos resíduos sólidos
Gestão dos resíduos sólidosGestão dos resíduos sólidos
Gestão dos resíduos sólidos
 
Lixo: consequências e solucões
Lixo: consequências e solucõesLixo: consequências e solucões
Lixo: consequências e solucões
 

Andere mochten auch

Pnuma panorama biodiversidade-global-4
Pnuma panorama biodiversidade-global-4Pnuma panorama biodiversidade-global-4
Pnuma panorama biodiversidade-global-4Míriam Morata Novaes
 
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014Relatório do Desenvolvimento Humano 2014
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014Míriam Morata Novaes
 
Adubação orgânica para recuperação do solo
Adubação orgânica para recuperação do soloAdubação orgânica para recuperação do solo
Adubação orgânica para recuperação do soloVALDECIR QUEIROZ
 
SEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMA
SEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMASEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMA
SEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMAMUNICÍPIO DE LOURES
 
Degradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e Orgânica
Degradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e OrgânicaDegradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e Orgânica
Degradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e Orgânicafabiopacheco19
 
Manual de sobrevivencia para a crise
Manual de sobrevivencia para a criseManual de sobrevivencia para a crise
Manual de sobrevivencia para a criseMíriam Morata Novaes
 
Solo e agricultura
Solo e agriculturaSolo e agricultura
Solo e agriculturaPessoal
 
Agricultura sustentável
Agricultura sustentável Agricultura sustentável
Agricultura sustentável Samanta Lacerda
 

Andere mochten auch (20)

Estado do mundo_2015
Estado do mundo_2015Estado do mundo_2015
Estado do mundo_2015
 
Projeto recriar liderança
Projeto recriar   liderançaProjeto recriar   liderança
Projeto recriar liderança
 
Banheiroseco
BanheirosecoBanheiroseco
Banheiroseco
 
Pnuma panorama biodiversidade-global-4
Pnuma panorama biodiversidade-global-4Pnuma panorama biodiversidade-global-4
Pnuma panorama biodiversidade-global-4
 
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014Relatório do Desenvolvimento Humano 2014
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014
 
Como hacer hornos_de_barro
Como hacer hornos_de_barroComo hacer hornos_de_barro
Como hacer hornos_de_barro
 
Reboco Natural
Reboco NaturalReboco Natural
Reboco Natural
 
Manual de Arborização
Manual de Arborização Manual de Arborização
Manual de Arborização
 
Adubação orgânica para recuperação do solo
Adubação orgânica para recuperação do soloAdubação orgânica para recuperação do solo
Adubação orgânica para recuperação do solo
 
Cartilha construcoes sustentaveis_
Cartilha construcoes sustentaveis_Cartilha construcoes sustentaveis_
Cartilha construcoes sustentaveis_
 
Artigo unicamp
Artigo unicampArtigo unicamp
Artigo unicamp
 
SEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMA
SEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMASEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMA
SEMINÁRIO AGRICULTURA SUSTENTAVEL - PROGRAMA
 
Degradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e Orgânica
Degradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e OrgânicaDegradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e Orgânica
Degradação dos Solos/ Agricultura Sustentável e Orgânica
 
Pitch Cultive
Pitch CultivePitch Cultive
Pitch Cultive
 
Manual de sobrevivencia para a crise
Manual de sobrevivencia para a criseManual de sobrevivencia para a crise
Manual de sobrevivencia para a crise
 
Solo e agricultura
Solo e agriculturaSolo e agricultura
Solo e agricultura
 
Projeto recriar fec unicamp
Projeto recriar   fec unicampProjeto recriar   fec unicamp
Projeto recriar fec unicamp
 
Agricultura sustentável
Agricultura sustentável Agricultura sustentável
Agricultura sustentável
 
Adubação orgânica
Adubação orgânicaAdubação orgânica
Adubação orgânica
 
Receita Agronômica
Receita AgronômicaReceita Agronômica
Receita Agronômica
 

Ähnlich wie Guia de Compostagem Caseira

Ähnlich wie Guia de Compostagem Caseira (20)

guia_compostagem_2011_web.pdf
guia_compostagem_2011_web.pdfguia_compostagem_2011_web.pdf
guia_compostagem_2011_web.pdf
 
O lixo urbano
O lixo urbanoO lixo urbano
O lixo urbano
 
Reciccabio história
Reciccabio históriaReciccabio história
Reciccabio história
 
Reciccabio história
Reciccabio históriaReciccabio história
Reciccabio história
 
Slide sobre o lixo
Slide sobre o lixoSlide sobre o lixo
Slide sobre o lixo
 
Compostagem bruna e danilo 4 c
Compostagem bruna e danilo 4 cCompostagem bruna e danilo 4 c
Compostagem bruna e danilo 4 c
 
Residuos8ano
Residuos8anoResiduos8ano
Residuos8ano
 
Aula_O que é Compostagem.pdf
Aula_O que é Compostagem.pdfAula_O que é Compostagem.pdf
Aula_O que é Compostagem.pdf
 
Olixourbano 100629124536-phpapp01
Olixourbano 100629124536-phpapp01Olixourbano 100629124536-phpapp01
Olixourbano 100629124536-phpapp01
 
Bx casa saudavel
Bx casa saudavelBx casa saudavel
Bx casa saudavel
 
Compostagem gustavo s e guilherme 4ºc
Compostagem gustavo s e guilherme 4ºcCompostagem gustavo s e guilherme 4ºc
Compostagem gustavo s e guilherme 4ºc
 
Autor
AutorAutor
Autor
 
Palestra Coleta seletiva.ppt
Palestra Coleta seletiva.pptPalestra Coleta seletiva.ppt
Palestra Coleta seletiva.ppt
 
Resumo de Ciências - 2º Bimestre
Resumo de Ciências - 2º BimestreResumo de Ciências - 2º Bimestre
Resumo de Ciências - 2º Bimestre
 
SUSTENTABILIDADE
SUSTENTABILIDADESUSTENTABILIDADE
SUSTENTABILIDADE
 
Condição ambiental da cidade de juazeiro do norte
Condição ambiental da cidade de juazeiro do norteCondição ambiental da cidade de juazeiro do norte
Condição ambiental da cidade de juazeiro do norte
 
Condição ambiental da cidade de juazeiro do norte
Condição ambiental da cidade de juazeiro do norteCondição ambiental da cidade de juazeiro do norte
Condição ambiental da cidade de juazeiro do norte
 
Reflexões sobre sustentabilidade
Reflexões sobre sustentabilidadeReflexões sobre sustentabilidade
Reflexões sobre sustentabilidade
 
Projeto Cuidar de Planeta
Projeto Cuidar de PlanetaProjeto Cuidar de Planeta
Projeto Cuidar de Planeta
 
TRABALHO COMPLETO SOBRE O LIXO
TRABALHO COMPLETO SOBRE O LIXO TRABALHO COMPLETO SOBRE O LIXO
TRABALHO COMPLETO SOBRE O LIXO
 

Mehr von Míriam Morata Novaes

Introdução à Permacultura - BILL MOLLISON
Introdução à Permacultura - BILL MOLLISONIntrodução à Permacultura - BILL MOLLISON
Introdução à Permacultura - BILL MOLLISONMíriam Morata Novaes
 
Cartilha de construcao casa sustentável
Cartilha de construcao casa sustentávelCartilha de construcao casa sustentável
Cartilha de construcao casa sustentávelMíriam Morata Novaes
 
Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown
Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown
Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown Míriam Morata Novaes
 
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdfLivro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdfMíriam Morata Novaes
 

Mehr von Míriam Morata Novaes (19)

Manual de hortas verticais
Manual de hortas verticaisManual de hortas verticais
Manual de hortas verticais
 
Hortas urbanas
Hortas urbanasHortas urbanas
Hortas urbanas
 
Projeto recriar bioconstrução
Projeto recriar   bioconstruçãoProjeto recriar   bioconstrução
Projeto recriar bioconstrução
 
De olho na_agua_guia_de_referencia
De olho na_agua_guia_de_referenciaDe olho na_agua_guia_de_referencia
De olho na_agua_guia_de_referencia
 
Projeto recriar na escola pdf
Projeto recriar na escola   pdfProjeto recriar na escola   pdf
Projeto recriar na escola pdf
 
Telhados Verdes - Gernot Minke
Telhados Verdes - Gernot Minke Telhados Verdes - Gernot Minke
Telhados Verdes - Gernot Minke
 
Governando para sustentabilidade
Governando para sustentabilidadeGovernando para sustentabilidade
Governando para sustentabilidade
 
Horta em pequenos_espacos
Horta em pequenos_espacosHorta em pequenos_espacos
Horta em pequenos_espacos
 
05 11 final
05 11 final05 11 final
05 11 final
 
05 11 final_capa
05 11 final_capa05 11 final_capa
05 11 final_capa
 
Introdução à Permacultura - BILL MOLLISON
Introdução à Permacultura - BILL MOLLISONIntrodução à Permacultura - BILL MOLLISON
Introdução à Permacultura - BILL MOLLISON
 
Cartilha de construcao casa sustentável
Cartilha de construcao casa sustentávelCartilha de construcao casa sustentável
Cartilha de construcao casa sustentável
 
Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown
Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown
Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização - Lester Brown
 
Permacultura fundamentos
Permacultura fundamentosPermacultura fundamentos
Permacultura fundamentos
 
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdfLivro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf
 
Correio Popular de Campinas
Correio Popular de CampinasCorreio Popular de Campinas
Correio Popular de Campinas
 
Como construir paredes de taipa
Como construir paredes de taipaComo construir paredes de taipa
Como construir paredes de taipa
 
Manual Gernot Minke
Manual Gernot MinkeManual Gernot Minke
Manual Gernot Minke
 
Manual ses(1)
Manual ses(1)Manual ses(1)
Manual ses(1)
 

Guia de Compostagem Caseira

  • 1. Casca de fruta, sobra de comida, aparas do jardim e até guardanapo usado são um manjar para minhocas e mil micro-organismos. Em vez de jogar fora esses restos e aumentar a poluição do planeta, alimente essa bicharada e faça um superadubo! S E G U N D A E D I Ç Ã O - R E V I S T A E A M P L I A D A GUIA DE COMPOSTAGEM CASEIRA page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 1
  • 2. CUIDE DO PLANETA: produza nutrientes em vez de poluentes No Brasil, o lixo seco mudou de status: agora se chama “resíduo reciclável”, tem valor estipulado (sustenta os catadores) e destino certo (indústrias de reciclagem). Espero que aconteça o mesmo com os resíduos orgânicos, que representam bem mais da metade de uma lixeira doméstica. Se mal manejados, poluem o solo, o ar e a água: geram gás metano e chorume, líquido que contamina o lençol freático. Quando bem tratados, viram ouro: adubo para a terra! Deixam de ser vistos como poluentes e se tornam nutrientes, tudo graças à compostagem. Existem diversos modelos de composteiro, um deles certamente será bom para você. A primeira vez que fiz compostagem, morava em apartamento e ainda não exis- tiam kits prontos e práticos, como o Minhocasa. Por isso, inventei moda. Sabia que, para sofrer o processo de fermentação e decomposição, o lixo orgânico pre- cisa do trabalho das bactérias, e que estas não vivem sem oxigênio e umidade. Em bandejas de plástico e vasos de cerâmica, fazia a mistura: colocava terra, restos de comida, cobria com folhas e revirava tudo de vez em quando. O resultado era uma terra rica, repleta de minhocas. O problema é que, se caía um temporal e eu não escoava logo a água, aparecia cheiro ruim. Aí era preciso esvaziar tudo, deixar secar e reorganizar as camadas com terra e folhas. Hoje, morando em sítio, a chuva não atrapalha, pois meu composteiro de alvenaria tem “chapéu”. Mas pre- ciso ter outros cuidados, como torná-lo à prova de cachorro, ratos e insetos. A partir dessas experiências, vi que cada caso é único e nada como um guia sobre o assunto para ajudar quem quer produzir adubo em vez de lixo. “Noventa e nove não é 100”, dizia um carismático personagem do documentário Lixo Extraordinário, que mostra com poesia a vida no maior aterro sanitário da América Latina. De fato, cada pessoa que cuida dos próprios resíduos equivale a menos uma poluindo o meio ambiente e gerando custos para a coleta. Tem mais: lidar com os resíduos e dejetos que produzimos, faz repensarmos nosso consumo! Raquel Ribeiro, jornalista e adepta do projeto Lixo Mínimo | 2 | | 3 | lixo orgânico ®®® tr a balho dosmicro-organismoseda s m inhocas®®®húmusdem inh o ca ®®®terraricaesaudável alimente o ciclo da vida alimentos processados compostagem de resíduos hortaliças frescas page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 2
  • 3. tire suas dúvidas Mudar hábitos dá uma preguiça danada. Mas depois que você começa a se- parar o lixo orgânico e levar o baldinho até o composteiro, vê que é moleza – e a ação entra na rotina. Para tornar esses primeiros passos ainda mais fá- ceis, respondemos às perguntas mais comuns. por que separar o lixo? A cada dia se produz, no Brasil, milhares de toneladas de lixo. Parte do que é coletado se destina aos aterros sanitários, usinas de compostagem e incineradores. Mas a maior parte dos resíduos vai para lixões. Terrenos baldios, córregos, represas e rios também recebem boa parcela de lixo. Isso provoca um tremendo impacto ambiental e social, pois polui o meio ambiente e degrada a qualidade de vida das pessoas que moram nos arredores. Em tese, 80% de tudo que é jogado fora poderia ser reaproveitado, mas não é o que acontece. As empresas de reciclagem, os catadores, ONGs e algumas prefeituras dão conta apenas de parte do lixo reciclável – mas quase nada do resíduo orgânico é separado. Agora, se cada um de nós encaminhar o lixo seco para reci- clagem e transformar restos orgânicos em húmus, crescem as chances de resolver o problema do lixo e assim proteger a natureza, a cidade e, por tabela, nós mesmos. o que é o húmus Com textura, cor e cheiro de terra, o húmus de minhoca é o produto final do processo de compostagem. Conhecido há mais de 3 mil anos, era usado no antigo Egito como adubo para hortas, jardins e floreiras. Hoje pode ser comprado em lojas de jardi- nagem, ou ser preparado em casa. A vantagem da produção caseira? Ora, sai de graça e você dá um fim nobre aos restos de comida. como transformar o lixo orgânico em húmus? Na natureza esse processo se dá naturalmente. Galhos e troncos secos, folhas, flores, dejetos e restos de animais mortos caem no solo e, com a ação da chuva, do oxigênio presente no ar e dos agentes “decompositores”, viram húmus e nutrem a terra. Quem mora na roça conhece esse processo e costuma jogar os restos orgânicos num buraco na terra ou empilhá-los – e a natureza cuida do resto. Para o morador de cidade foram criados os composteiros. o que é um composteiro? Construído de diversas formas e tamanhos (veja nas págs. 10 a 15), o composteiro é uma pequena “usina” que acelera o ciclo natural de decomposição da matéria orgânica, pois cria um ambiente propício para que os micro-organismos (fungos e bactérias) e as minhocas trabalhem mais rápido. Vamos falar aqui apenas dos com- posteiros aeróbicos, que dependem da ação de bactérias que consomem oxigênio. como funciona o composteiro? Ele fornece umidade e oxigênio para que os micro-organismos e minhocas tenham melhores condições de transformar a matéria orgânica em húmus. quem são os agentes decompositores? São as bactérias, fungos e minhocas que transformam o lixo em húmus. É uma reação em cadeia: cada grupo dessa equipe prepara o caminho para o seguinte, convertendo um material biodegradável complexo num material mais simples, que será consumi- do pelo próximo. Se você observar um tomate maduro fora da geladeira por vários dias vai perceber buraquinhos e manchas na pele. São os decompositores provo- cando uma reação bioquímica, que envolve o trabalho de animais (aspecto biológico) e uma modificação na estrutura do tomate (fator químico). A função dos pequenos seres é transformar restos, como o tomate podre, em cálcio, magnésio, potássio, fós- foro, enxofre, ferro e outros nutrientes para o solo. o que se coloca no composteiro? Resíduos orgânicos produzidos na cozinha, horta ou jardim: aparas de grama, folhas de árvores, cinzas e sobras de carvão, restos de verduras e frutas, casca de ovo, pó de café, saquinho de chá, guardanapo de papel usado e restos de comida do prato. Quanto às carnes, há restrições que abordaremos adiante. O composteiro perfeito tem três vezes mais material rico em carbono do que material rico em nitrogênio. Exemplos do primeiro grupo: capim, folha e grama. Materiais ricos em nitrogênio: restos de alimentos e estrume. Um pouco de terra ou de composto pronto deve ser incluído para garantir a presença dos micro-organismos e minhocas. pode galho de árvore, casca de coco, restos grandes? Pode, mas cortados em pedaços. Quanto mais fragmentado o material, mais rápida será a compostagem, pois haverá maior superfície para o ataque dos micro-organis- mos. Ou seja, se possível, pique ou triture o material orgânico antes de depositá-lo no composteiro. Em todo caso, quando for retirar o húmus, peneire a terra. O mate- rial que ainda não estiver bem decomposto deverá voltar para o composteiro. por que não colocar os restos diretamente no solo? Jogadas por cima da terra, as sobras de alimento podem atrair insetos e outros ani- mais. Mesmo enterrando esses restos, corre-se o risco de criar vetores indesejáveis ou de comprometer o lençol freático. | 5 || 4 | page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 4
  • 4. tem que ter minhoca? Em quase todos os tipos de composteiro, sim. Ela come os restos de alimento – além de areia e terra para facilitar a digestão – e o produto residual é um pequeno grão, a cápsula. Em quantidade, essas cápsulas formam o famoso húmus de minhoca. Além disso, as minhocas abrem túneis, indispensáveis à aeração da massa de lixo orgânico. Em geral, os pacotes de húmus de minhoca das lojas especializadas já vêm rechea- dos de ovinhos, mas você também pode comprá-las em separado (neste caso, opte pelas resistentes e trabalhadoras “vermelhas da Califórnia”). O bom é que, depois de povoar seu composteiro, elas se reproduzem com rapidez. De pequenos casulos, nascem de cinco a 20 filhotes. Eles vão crescer e comer o equivalente ao seu peso a cada 24 horas. Saiba mais sobre esse elo fundamental da cadeia biológica em http://fugadasminhocas.blogspot.com qual composteiro dispensa a minhoca? As composteiras eletrônicas, como a NatureMill (ver na pág. 18), que são a cara do consumidor norte-americano: têm design bacana, ocupam pouquíssimo espaço, são práticas e de fácil manuseio. que cuidados devemos ter? ¯ Só entra no composteiro o que é naturalmente absorvido pela natureza. Ex: restos de verduras e frutas, pó de café e guardanapo de papel. Sem problema incluir, de vez em quando, um plástico muito melado de gordura (os agentes decompositores vão amar), pois basta retirá-lo na hora de peneirar o húmus. ¯ Para não juntar moscas, nem atrair bichos, jogue folhas mortas e o “mato” que se tira dos canteiros de plantas. Serve também colocar serragem ou palha. ¯ Se quiser pôr restos de carne no composteiro, embrulhe-os em lenço de papel ou papel higiênico, mas sempre em pouca quantidade. ¯ Para acelerar a compostagem, adicione húmus de minhoca, esterco, torta de ma- mona ou farinha de osso. É bom também colocar um pouco de água em reci- pientes usados de leite, iogurte, queijos ou doces, mexer bem e depois depositar a mistura no composteiro. Essas sobras funcionam como aceleradores. ¯ Por causa da ação das bactérias, há produção de calor no interior do composteiro, principalmente nas primeiras semanas. Não estranhe se o material estiver quente (poderá chegar a 60 graus). ¯ Fique atento à umidade, já que os agentes decompositores não gostam nem de material seco nem encharcado. Faça o teste: coloque um punhado do composto na mão e aperte. Se não esfarelar, nem molhar sua mão, está bom. ¯ Cuide da aeração do composteiro: verifique se os tubos estão desobstruídos, as bactérias aeróbicas (como diz o próprio nome) precisam de oxigênio. onde instalar o composteiro? Se você for construí-lo, o ideal é que fique próximo à cozinha, mas fora da casa para evitar bagunça ao retirar o húmus. Para quem mora em apartamento ou casa sem quintal, o kit de minhocultura (pág. 15) é perfeito para ficar na área de serviço. atrai rato, barata ou formiga? Para que isso não ocorra é importante fechar todas as passagens com tela de arame ou mosquiteiro. Quanto mais fechada for a trama das telas, melhor, pois evita-se a en- trada de moscas e a fuga de minhocas. Se o composteiro for de alvenaria, a tampa metálica do leite em pó serve como uma luva: faça buraquinhos usando um prego e depois “cole” sobre os buracos dos canos. Nos outros modelos, um pedaço de tela preso com elástico na boca de cada cano basta. Peneiras de pedreiro também dão óti- mas tampas superiores, e você pode construir o composteiro sob medida para elas. Outra dica: sempre que depositar material orgânico, cubra-o com bastante apara de grama, palha ou serragem. E evite que o composteiro fique encharcado, mantendo- o coberto em dia de chuva – com um pedaço de telha ondulada ou chapa de alumínio, por exemplo. Caso surja alguma aranha, ótimo: será de grande ajuda no controle de eventuais moscas. Agora, se aparer formiga, retire todo o composto e deixe espalhado no chão por dois ou três dias. Elas naturalmente vão embora. provoca cheiro ruim? Só se estiver mal cuidado. Caso aconteça, ou é porque o composteiro não está bem aerado: você pode ter colocado materiais muito grandes, que deveriam ser previamente fragmentados para não provocar compactação. Os tubos de aeração podem estar obstruídos pelo próprio material em decomposição. Ou o composteiro está úmido demais: pode ter faltado proteção contra as chuvas, ou talvez haja ex- cesso de restos ricos em nitrogênio, quando o material entra no estágio anaeróbico e fermenta, provocando mal cheiro. A solução é remover o composto, deixar secar ao sol e retomar a compostagem, adicionando resíduos ricos em carbono, pois eles têm a função de aerar o sistema. o que fazer se o composteiro produzir chorume? O chorume é um líquido escuro extremamente poluidor, gerado pela digestão anaeróbia de algumas bactérias e pela degradação do lixo. Seu composteiro não deve produzir chorume! Se isso acontecer, use o buraco de saída do composteiro para adi- cionar uma boa quantidade de serragem (também pode ser palha, areia ou até jornal picado bem fino) e pare de colocar resíduos por cerca de uma semana. Isso deve bas- tar para estabilizar o processo. Caso não funcione, retire todo o material orgânico, es- palhe e deixe-o secar ao sol. Depois, recoloque no composteiro. Para evitar o chorume, é vital cobrir o composteiro com um “chapéu” na época das chuvas. | 7 || 6 | page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 6
  • 5. ao manipular o composto, há risco para a saúde? Em princípio, ele é livre de bactérias nocivas, pois elas não sobrevivem à alta tem- peratura (o mesmo ocorre com os ovos de parasitas e larvas de insetos), mas não custa usar luvas de borracha. Vale também conferir se o material não está quente demais antes de botar a mão na massa. Um pedaço de pau fincado alguns minutos no cen- tro do composto serve de termômetro. por que a temperatura no composteiro sobe? Isso é consequência da atividade dos micro-organismos durante a primeira etapa de compostagem: eles produzem água, gás carbônico e energia (calor). Não se preocupe: quando pronto, o húmus tem temperatura ambiente. quando o húmus fica pronto? O processo leva de 60 a 120 dias, de acordo com os seguintes fatores: ¯ tipo do composteiro; ¯ frequência de uso e tipo de resíduo depositado; ¯ umidade e aeração adequadas; ¯ uso ou não de ativadores (torta de mamona, esterco etc); ¯ tamanho dos restos orgânicos depositados. para que serve o húmus? Quanto mais nutritivos os elementos que compõem a terra, melhor para as plantas, pois do reles arbustinho à mais frondosa das árvores, todos se alimentam do solo. O húmus, farto em nutrientes, deixa as plantas mais sadias, resistentes e viçosas. Além disso: ¯ Regula a salinidade e melhora a umidade, a porosidade e a produtividade do solo. ¯ Regenera solos empobrecidos ou que sofreram erosão. ¯ Ajuda a controlar a erosão do solo, prevenindo a desertificação. ¯ Suaviza os efeitos negativos de agentes tóxicos como os inseticidas. ¯ É melhor do que o adubo orgânico que se compra em lojas, pois é gratuito. E é muito superior ao adubo químico, pois não tem contraindicação. ¯ O húmus é a base para uma agricultura ecológica, já que dispensa o uso de fertilizantes químicos. por que o composteiro precisa ser aerado? Porque os agentes decompositores aeróbicos não sobrevivem sem oxigênio. Quando os restos de comida vão para os lixões e aterros sanitários, compactados e misturados ao lixo inorgânico, esses micro-organismos acabam morrendo por falta de oxigênio. o que acontece num lixão? Um grande número de transformações químicas, físicas e biológicas, resultando na for- mação de biogás, que raramente é aproveitado, e do chorume, líquido que contamina o lençol freático e provoca alterações na fauna e na flora, afetando todos os seres da cadeia alimentar. Ali a decomposição do lixo é um processo dinâmico comandado pelas bactérias. Elas trabalham em duas etapas: fase aeróbia (uso do oxigênio) e anaeróbia (sem oxigênio). As bactérias aeróbias usam o oxigênio presente no interior do aterro e à medida que ele vai escasseando a decomposição fica mais lenta. Quando acaba o oxigênio, começa a fase anaeróbia: cai a concentração de carbono orgânico (produzido pelas bactérias aeróbias) e sobem os níveis de amônia e de metais pesados (resultado da ação das anaeróbias), um problema para o meio ambiente. A existência dos lixões e “aterros sanitários” não tem um custo apenas ambiental, mas também so- cial, pois a qualidade de vida de toda a redondeza é seriamente comprometida. a compostagem não pode ser feita em maior escala? Claro que pode! Mas aí entram as questões políticas, os interesses econômicos... Em todo caso, temos no Brasil exemplos de hotéis, restaurantes, escolas e até indústrias que dão conta de seu lixo orgânico. Um bom referencial é o Hotel Bühler e seu pio- neiro Projeto Lixo Mínimo, implantado inicialmente na região turística de Visconde de Mauá, entre RJ e MG. No Distrito Federal, a Secretaria de Inclusão Social e a ONG Mão na Terra criaram o Projeto Minhoescolas, que implantou o processo de com- postagem em 20 escolas públicas. O composto se destina aos canteiros espirais de ervas medicinais, uma beleza. Há dezenas de outros trabalhos que me mereceriam ser citados e multiplicados! Para ajudar quem quer dar início à compostagem em maior es- cala, apresentamos um modelo simples de construir e de grande eficácia (pgs 14-15). cuidar do próprio lixo dá trabalho? Sim, mas um pouco de organização ajuda: reserve caixas para juntar cada tipo de ma- terial reciclável (papel, alumínio, vidro e plástico), um balde para os resíduos orgâni- cos e um recipiente para o lixo seco não reciclável (como isopor e embalagem de café). Depois é uma questão de incorporar o hábito à rotina. A título de inspiração, saiba que quando aprendemos a transformar resíduo orgânico em húmus, temos uma sensação de volta às origens, de retomar as sábias tradições dos nossos tataravós, que usavam esterco de vaca e sobras da cozinha para produzir adubo e tornar a terra mais fértil. Coisas simples, que remetem à célebre lei da conservação da matéria de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. | 9 || 8 | page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 8
  • 6. 1. Composteiro de tijolos Use uns cem tijolos, 16 pedaços com 50 cm de tubo de PVC (40 mm ou 50 mm), uma tábua com 30 cm de comprimento por 15 cm de largura e escolha um local mais ou menos próximo da cozinha. Nivele o chão e desenhe um círculo de 1 m de diâmetro – onde serão dispostos os tijolos (a). Com o auxílio da tábua, reserve espaço para a retirada do húmus (b) e, a cada fileira de cinco tijolos, instale os tubos inclinados para aeração do composto (c). Ao assentar os tijolos, procure dar uma forma cônica, com cerca de 1,20 m de altura, deixando uma abertura de 50 cm de diâmetro no topo, que é por onde os restos orgânicos serão inseridos (d). Este composteiro é à prova de cachorro, mas não de chuva. Cubra-o sempre que for preciso. DICAS: Evite animais indesejáveis, instale (com arame ou elástico) recortes de tela de mosquiteiro na saída de cada tubo aerador. Uma peneira (daquelas usadas em obras) serve perfeitamente como tampa para pôr no alto do composteiro. Para fechar a “porta”, use um pedaço de tábua. modelos de composteiros | 10 | 1,00m 50cm a) b) c) d) tábua (15cm x 30cm) tubos de PVC ± 1,20m | 11 | a) b) c) furar com serra-copo (50mm ou 60mm) instalar tela de mosquiteiro (pelo lado de dentro dos furos) cortar uma portinha e instalar a dobradiça 2. Uso de uma bombona plástica Compre uma bombona de 100 ou 200 litros (daquelas próprias para armazenar azeitonas, pepinos e outras conservas) e a adapte da seguinte maneira: a) Faça furos com serra-copo (50 mm ou 60 mm) para aeração. Toda a lateral e o fundo da bombona devem ser perfurados. b) Coloque tela de mosquiteiro nos furos para proteção contra insetos. c) Na parte de baixo, em um dos lados da bombona, recorte o plástico e instale uma dobradiça, fazendo uma portinha para tirar o composto pronto. * Lembrar de usar a tampa da bombona quando chover demais, e de deixar uma peneira de obra sempre apoiada no alto quando a tampa estiver aberta. page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 10
  • 7. 4. Feito de alvenaria Quem tem casa com quintal impermeabilizado pode optar por uma pequena cons- trução de alvenaria (feita com blocos ou lajotas), inclusive aproveitando uma das paredes da casa para ser uma das faces do composteiro. Com cerca de 1,70 metro de altura e 63 cm de lado, o projeto ilustrado abaixo serve para uma família com até oito pessoas. A vantagem é que não chama muita atenção, pois fica integrado à cons- trução da casa. Por outro lado, a proximidade exige cuidado extra para que não exale odores. Mais uma vez, o segredo para não atrair ratos e insetos passa pela meticulosa instalação de tela-mosquiteiro nos tubos aeradores, e de tampas bem planejadas encaixadas na entrada dos resíduos e na saída do composto. Uma boa opção são as tampas metálicas das latas de leite em pó: basta fazer um monte de furos com um prego e depois parafusar ou colar no composteiro. | 13 || 12 | 3. Com anéis de concreto Uma opção para quem quer um composteiro de visual mais arrojado é usar anéis de concreto (manilhas) empilhados. Além dos tubos instalados ao redor dos anéis, há mais um sistema de aeração que vai por dentro. De resto, o modo de usar e os cuidados são os mesmos: não deixar que fique nem muito úmido nem muito seco; e proteger com telas as possíveis entradas de insetos. Dá para caprichar no acabamento, colocando do- bradiça e maçaneta na porta de saída do composto, e uma tampa estilosa de perfil metálico com tela e dobradiças para abertura total ou parcial. 10cm MATERIAL (para um composteiro com 1,70m X 0,63m X 0,63m): 120 lajotas comuns ou 60 blocos de 30cm X 10cm 1 vara (6m) de tubo de PVC 50mm 2 sacos de cimento Diversas tampas de lata de leite em pó MATERIAL (para um composteiro com 1,20m de altura e 0,80m de diâmetro): 4 anéis de concreto com diâmetro de 80cm e altura de 30cm 1 metro de tubo de PVC 100mm 6 conexões “Y” de PVC 100mm 1 conexão “T” de PVC com 100mm 2 metros de tubo PVC de 50mm para os aeradores Perfil de alumínio para a tampa Tela metálica fina para a tampa 2 dobradiças grandes para a porta e a tampa; e 2 dobradiças pequenas para variar a abertura da tampa 16 entradas p/aeração: pedaços de tubo 50 mm com 37cm, inclinados a 45º Porta para saída do composto: 20cm X 20cm 1,70m de altura Colocar tela metálica de trama fina Tampa versátil com dobradiças Aerador central feito com conexões em “Y” e “T” 100mm 63cm X 63cm page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:55 PM Page 12
  • 8. 5. Composteiro coletivo de alvenaria Indicado para hotéis, restaurantes, escolas, condomínios, empresas e outros lugares que produzam quantidade considerável de resíduos orgânicos, este modelo permite boa aera- ção, proteção contra animais e pede os mesmos cuidados dos composteiros caseiros. Se houver espaço no terreno, vale manter uma leira (pág. 16) por perto e intercalar cama- das de composto bruto retirado do composteiro coletivo com camadas de folhas e apa- ras de grama. Isso acelera bastante o processo e melhora a qualidade do adubo obtido. 2,20m 1,70m 0,50m X 0,30m 0,50m X 0,30m 0,50m 2,90m 1,45m 1,10m CORTE SUPERIOR CORTE FRONTAL CORTE TRANSVERSAL CORTE LATERAL PROJETO DO TELHADO Entradas de ar, com tubos de 75mm instalados a 45º e tampas metálicas com furos para aeração Duas portas tipo gaveta para retirar o adubo Parede de lajota emboçada Hastes de madeira ou metal para fixar o telhado Torre de aeração feita com tubos de 50mm em “Y” Tubos de 75mm instalados a 45º Redução em “T” de 75mm p/ 50mm Altura das hastes de sustentação do telhado: 0,50m Telas metálicas nos vãos do telhado para afastar animais (para permitir a entrada dos resíduos, um dos vãos deve ter moldura basculante) Tubo de 75mm fixado nas paredes (para sustentar as torres de aeração) Telhas de plástico brancas ou transparentes, para permitir boa luminosidade Tábuas de 0,30m para fixar as três torres de aeração (para facilitar a leitura, o esquema só mostra duas torres) Três torres de aeração Base de concreto Base de concreto com 2,90m X 1,45m X 0,20m | 15 || 14 | page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 14
  • 9. 7. Kit de minhocultura Projetados para grandes e também para pequenos espaços, os kits de minhocultura são perfeitos para quem mora em apartamento. Parece, inclusive, um prédio de mi- nhocas. A ilustração abaixo é do Minhocasa. Trata-se de um sistema feito de três caixas plásticas empilhadas, que não produz mal cheiro, pois não há fermentação: a relação entre nitrogênio e carbono é balanceada na proporção de um para dois, res- pectivamente. Compacta, não atrai ratos nem insetos e não demanda muitos cuida- dos (minhocas ficam até três meses sem alimento). Outra fabricante de composteiras domésticas e sistemas de compostagem empresarial é a Morada da Floresta. Seus kits – práticos, compactos, higiênicos e de fácil manuseio – podem ser usados em residên- cias, escolas, empresas, condomínios e espaços públicos. Mais informações: www.minhocasa.com.br e www.moradadafloresta.org.br b) Quando a caixa do meio encher (depois de uns 50 dias), passe a colocar o lixo orgânico na caixa de cima. As minhocas subirão naturalmente, através dos furos. a) O processo começa nesta caixa, quando as minhocas comem as folhas secas, sobras de alimentos e papel. c) Saída do biofertilizante líquido com pH neutro, um ótimo adubo folhear. 6. Pilha de compostagem (ou leira) Para quem tem espaço, muita poda de jardim e não tem cachorro na área, o sistema é interessante. Coloque algumas varas de bambu ou galhos secos, formando no chão um xadrez. A largura pode variar entre 1,5 m e 2 m. Intercale camadas de folhas (aparas de grama, podas de árvore ou limpeza de jardim) com terra, palha, serragem ou algo do gênero. Durante a montagem da pilha, regue o material constantemente para agregar bastante umidade ao início do processo. Sempre que for depositar mais material orgânico, adicione palha seca ou serragem. Comece uma pilha nova quando essa chegar a 1,5 m de altura. O composto estará pronto quando a temperatura in- terna baixar e a altura da pilha tiver diminuído pela metade. Peneire e use o adubo à vontade. O material orgânico que sobrar na peneira vai para a nova pilha. Importante: por não ser um sistema prote- gido, convém não colocar restos de alimentos cozidos na pilha, a menos que tenham sido previamente compostados em um sistema aera- do fechado. Essa, aliás, é uma ótima ideia, pois a adição de alimentos previamente composta- dos (ricos em nitrogênio) acelera o processo da pilha de folhas (rica em carbono). ± 1,5m Usando galhos cruzados, faça uma “cama” para apoiar a pilha de compostagem Sobre os galhos, acumule as aparas de grama, folhas mortas e podas de árvores... ... até formar uma pilha compacta com cerca de 1,5m de altura. Quando a altura da pilha tiver diminuido pela metade, o composto estará pronto. | 17 || 16 | page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 16
  • 10. Edição e textos: Raquel Ribeiro (mtb 15733) | raquel.ri@uol.com.br Edição de arte: Jean Pierre Verdaguer Revisão: Hellen Ribeiro Consultoria: Norma Bühler, gerente do Hotel Bühler, pioneiro na implantação do Projeto Lixo Mínimo em Hotelaria | www.hotelbuhler.com.br Fontes: Luiz Toledo, biólogo especialista em compostagem | www.luiztoledo.net | www.lixo.com.br | www.planetaorganico.com.br | www.cempre.org.br | www.institutogea.org.br | www.cm-seixal.pt/compostagem Impresso em julho de 2011 em papel reciclado pela gráfica Juizforana. Tiragem: 7 mil exemplares. A reprodução parcial ou total do conteúdo desta obra é permitida, desde que a fonte seja citada. 8. Composteiro eletrônico compacto Ideal para quem não dispõe sequer de uma varanda para instalar um kit de minho- cultura, o composteiro eletrônico é pequeno, leve, fácil de manusear e não atrai nenhuma mosquinha. Por enquanto, o modelo da Nature Mill é o mais fácil de importar: movido à energia elétrica, funciona de 110 a 240 V e consome apenas 5 kWh/mês. Tem capacidade para 55 kg de lixo orgânico e vem com um filtro de carvão para eliminar odores. Segundo a empresa, este filtro dura até cinco anos; e se você não quiser comprar o refil específico, basta trocar o carvão ativado. A versão compacta Plus XE custa US$ 299 (somado ao valor do frete, sai por cerca de US$ 400) e pode ser encomendada pelo site www.naturemill.com Veja como funciona: a) No compartimento de cima, coloque todo resto de alimento (até carnes). b) O lixo orgânico é misturado com aditivos (como cal e serragem, inclusos no paco- te), areado e aquecido. c) Parcialmente decomposto, o material cai na bandeja inferior, onde o processo continua. d) Uma luz vermelha avisa quando o com- posto está pronto (cerca de duas semanas). REDUZINDO O LUXO, DIMINUIREMOS O LIXO. números que ilustram o problema ¯ Quanto mais rica é a população maior a produção de lixo. O europeu gera entre 1 kg e 1,4 kg de lixo por dia. O brasileiro, aproximadamente, 500 gramas (chega a mais de 1 kg, dependendo do poder aquisitivo).* ¯ O Brasil produz, em média, 90 milhões de toneladas de lixo por ano.* ¯ Do lixo doméstico, 35% poderia ser reciclado; 60% viraria húmus.** ¯ Em 2008, somente 2% do lixo era coletado seletivamente. E apenas 8,2% dos mu- nicípios brasileiros eram atendidos por serviços de coleta. Destinação final dos resíduos nos municípios: 63,6% em lixões; 32,2%, aterros adequados (13,8% sani- tários, 18,4% aterros controlados); 5% dos municípios não informaram para onde destinam seus resíduos.** ¯ Somente 1,5% do lixo orgânico doméstico vai para os composteiros. Os outros 98,5% são desperdiçados.*** * Ministério do Meio Ambiente / ** IBGE (www.ibge.gov.br) / *** ONG Cempre (www.cempre.org.br) | 18 | page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 18
  • 11. AAPPOOIIOO CCUULLTTUURRAALL:: cidadão responsável pelo lixo que produz Consome com consciência: Pensa antes de comprar, evita embalagens desnecessárias, carrega suas compras em sacolas reutilizáveis. Reutiliza: Reaproveita embalagens, faz arte com materiais recicláveis, dá preferência a produtos que ofereçam opção de refil. Recicla: Separa e encaminha o material reciclável para que volte ao ciclo de produção. Faz compostagem: Transforma os restos orgânicos em húmus. page cartilha 2011 colorida:Layout 1 7/22/11 1:56 PM Page 20