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Sociedade, educação e vida moral
1 O homem faz a sociedade ou a 
sociedade faz o homem? 
• Tensão entre: 
a) Sociedade como estrutura com 
poder de coerção e determinação 
sobre as ações individuais 
b) Indivíduo como agente criador e 
transformador da vida coletiva
2 Durkheim (1858-1917) e o 
pensamento sociológico 
• Influências do cientificismo e 
biologismo do século XIX 
a) Delimitação clara do objeto de 
estudo e do método da sociologia 
b) Vislumbrou a existência de um 
“reino social” ( reino moral)
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• O reino moral 
a) Lugar dos fenômenos morais 
b) Composto pelas ideias ou ideais 
coletivos 
c) Toda a vida social se passa ali 
d) O meio moral está para as 
consciências individuais assim como 
os meios físicos estão para os 
organismo vivos 
e) É determinante na vida das pessoas
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• O papel do sociólogo 
a) É o único preparado para detectar 
os estados coletivos 
b) Assumir a mesma postura dos 
físicos, químicos ou biólogos em 
seus laboratórios 
c) A sociedade, a vida coletiva, deve 
ter suas leias próprias, 
independentes das vontades 
humanas
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• A sociologia positiva e seu estudo 
a) Seguindo os métodos certos pode-se 
descobrir as leis sociais 
b) Lei como relação necessária entre 
dois fatos, descoberta da lógica 
inscrita no próprio real e 
apresentada na forma de enunciado 
c) O fator social é sempre 
determinante 
d) Separação entre teoria e prática
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• A sociologia positiva e seu estudo 
e) Meio moral deve ser tomado como 
um dado bruto à observação do 
investigador, que não deve assumir 
os valores nele contidos 
f) Religião, moral, direito, economia, 
educação, são sistemas de valores 
g) Não podemos nos contaminar com 
os valores expressos nos 
fenômenos
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• Os fatos sociais como objeto 
privilegiado da sociologia 
a) Coerção exterior 
b) Existência própria, independente 
das manifestações individuais que 
possam ter 
c) Devem ser considerados como 
coisas
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• Significado de coisas 
a) Idéia vaga e confusa dos fatos 
sociais (ilusão de conhecimento) 
b) Senso comum como contrário ao 
estudo científico dos fenômenos 
sociais 
c) Deve-se desconfiar das primeiras 
impressões 
d) Devemos nos livrar das pré-noções, 
preconceitos não científicos
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• Significado de coisas 
“Coisa” para ele é todo objeto de 
conhecimento que a inteligência 
humana não penetra de modo 
imediato, necessitando o auxílio da 
ciência. Tratar os fatos sociais como 
coisas, portanto, é uma postura 
intelectual, uma atitude mental (p. 
20).
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• Coerção dos fatos sociais 
a) moda, casamento, correntes de 
opinião são exteriores às vontades 
individuais 
b) Crime é de conhecimento coletivo 
que deva receber uma sanção – é 
fato social assim como a lei que 
prevê sua punição
2 Durkheim e o pensamento 
sociológico 
• Coerção dos fatos sociais 
São fatos sociais não só porque são 
normais, mas porque são 
percebidos como fatos sociais pelos 
membros da sociedade; e porque 
exercem alguma pressão sobre os 
indivíduos, alguma coerção, alguma 
obrigatoriedade (p. 20).
3 A sociedade na cabeça de cada um 
• A noção de representações coletivas 
a) Representações individuais 
b) Representações coletivas 
c) Na cabeça do ser social não 
trafegam apenas estados mentais 
sociais 
d) Conjunto de crenças, hábitos, 
valores, que revelam os quanto há 
dos outros em nós (pessoas que 
convivem conosco e que já 
morreram)
3 A sociedade na cabeça de cada um 
• A noção de representações coletivas 
e) Não apenas o indivíduo faz parte da 
sociedade 
f) Uma parte da sociedade faz parte 
do indivíduo 
g) Por outro lado, a sociedade só 
existe em sua plenitude se 
tomarmos o conjunto (não cabe 
completa em um só indivíduo)
3 A sociedade na cabeça de cada um 
• A noção de representações coletivas 
h) Derivam da cooperação dos 
indivíduos 
i) Sentimentos privados só se tornam 
sociais quando se combinam entre 
si, são compartilhados e geram, em 
decorrência, algo novo 
j) O todo tem precedência sobre as 
partes 
k) A sociedade tem vontade própria
3 A sociedade na cabeça de cada um 
• A noção de representações coletivas 
l) Pensa, sente, deseja, embora não o 
possa fazer a não ser através dos 
indivíduos 
m)Consciência coletiva existe através 
das consciências individuais 
n) A vida coletiva é obra também das 
gerações passadas 
o) Crenças, valores e regras – vontade 
da sociedade
3 A sociedade na cabeça de cada um 
• A noção de representações coletivas 
p) Agimos de acordo com a vontade da 
sociedade porque assim 
aprendemos, fomos educados para 
isso 
q) A educação tem conteúdos 
r) Existe um meio moral no qual 
somos educados (crenças, valores, 
e regras produzidos pelas gerações 
passadas e presentes)
4 A diferenciação da sociedade 
• O meio moral é produzido pela 
cooperação entre os indivíduos 
• Na sociedade industrial, essa 
cooperação se dá pelo processo de 
interação que Durkheim chamou de 
divisão do trabalho social 
• Condição essencial para que a 
sociedade possa existir é o 
consenso 
• Sem consenso não há cooperação
4 A diferenciação da sociedade 
• Com pouca divisão do trabalho, há 
solidariedade por semelhança entre 
os indivíduos 
• Na solidariedade orgânica (moderna 
sociedade industrial) as pessoas 
cooperam porque dependem umas 
das outras 
• A divisão do trabalho é a solução 
pacífica para a luta pela vida
4 A diferenciação da sociedade 
• O consenso e o individualismo 
a) Nas sociedades com pouca divisão 
do trabalho, a consciência coletiva é 
mais forte, as pessoas 
desempenham funções sociais 
muito semelhantes, “pensam com a 
mesma cabeça” 
b) Nas sociedades com maior divisão 
do trabalho, as pessoas têm maior 
margem de liberdade, para pensar e 
agir por conta própria – margem 
maior para a interpretação pessoal
4 A diferenciação da sociedade 
• O consenso e o individualismo 
a) Valores, crenças, normas 
compartilhados no seio de uma 
cultura pelos indivíduos são mais 
imperativos, obrigatórios e 
homogêneos numa sociedade pouco 
diferenciada 
b) Sofrem interferências de grupo, de 
status e de classe numa sociedade 
muito diferenciada
4 A diferenciação da sociedade 
• O consenso e o individualismo 
a) No primeiro caso, todos são 
rigidamente ensinados a obedecer as 
mesmas normas, a compartilhar as 
mesmas crenças e os mesmos valores 
b) No segundo, em função da divisão do 
trabalho e da especialização, cada 
indivíduo, assume valores, crenças e 
normas diferenciadas conforme o grupo 
ao qual se vincula na vida profissional, 
as regras gerais são relativizadas
4 A diferenciação da sociedade 
• O consenso e o individualismo 
Quando há forte diferenciação social há 
muitos lugares diferentes de onde se 
olhar as regras. A tendência será, 
então, o conflito, decorrente da 
competição imposta pela diferenciação. 
Os indivíduos passam a guiar-se pela 
busca da satisfação de interesses que 
são cada vez mais pessoais e cada vez 
menos coletivos, na luta pela 
sobrevivência que aprendem na 
sociedade complexa em que nascem
4 A diferenciação da sociedade 
• Individualismo e liberdade 
Só numa sociedade complexa e 
diferenciada é que se torna possível 
diminuir a rigidez das regras 
sociais, sua validade geral e 
indistinta, e só assim o indivíduo 
pode ter certa liberdade de 
julgamento e de ação. Mas, quanto 
mais liberdade individual, mais 
individualismo, entendido como 
perda dos sentimentos gregários...
Sociedade, educação e 
emancipação
• O que existe por trás das aparências 
dessa nova, maravilhosa e terrível 
realidade parida a fórceps pela 
moderna sociedade industrial 
capitalista? 
• Quais os mecanismos de 
enquadramento sobre os indivíduos 
e a que interesses eles de fato 
servem? 
• Que forças sociais emergentes 
neste novo momento histórico são 
capazes de controlar as 
consciências dos homens?
• Diante do acúmulo das mazelas 
sociais já desde o berço da 
sociedade capitalista, como 
transformar esta realidade? 
• Com impedir que os muitos que 
estão por baixo sejam esmagados 
pelos poucos que estão por cima? 
• Será que o ato de educar pode ser 
algo mais do que um mecanismo de 
manutenção da ordem? 
• Será possível educar para a 
emancipação do homem, para livrá-lo 
de toda a opressão que o 
esmaga?
1 Marx (1818-1883) e o pensamento 
sociológico 
• Marcou como um corte de navalha o 
pensamento ocidental do século XIX 
• Objeto de pesquisa fundamental, 
para não dizer único, foi a 
sociedade capitalista 
• Percebeu que havia um processo 
histórico em curso que, enquanto 
levava a burguesia à condição de 
classe dominante, expropriava dos 
trabalhadores manuais seus 
instrumentos de produção e seus 
saberes, transmitidos de geração a 
geração
1 Marx (1818-1883) e o pensamento 
sociológico 
• Combinou em seu pensamento duas 
perspectivas diferentes, dois modos 
diversos de encarar a realidade 
a) Seu pensamento é analítico – ver a 
realidade, dissecá-la e reconstruí-la 
conceitualmente para entendê-la 
b) Seu pensamento é normativo – 
pretende vislumbrar como a 
realidade deveria ser, construindo 
uma utopia em nome da qual seria 
necessário agir para transformá-la
1 Marx (1818-1883) e o pensamento 
sociológico 
• Não era somente um pensador 
• Era militante político. Pretendia 
colocar suas idéias em prática 
através de um partido 
• Seu socialismo era científico 
• Sua ciência lhe dizia que o 
socialismo estava fadado a triunfar
1 Marx (1818-1883) e o pensamento 
sociológico 
• Para ele não havia contradição 
entre teoria e prática 
• Nem entre o modo como as coisas 
são e o modo como devem ser 
a) Se a sociedade verdadeiramente 
humana “deve ser” um dia uma 
sociedade sem exploração e 
opressão 
b) Esta possibilidade está dada já 
agora, no modo mesmo como a 
sociedade presente “é”
1 Marx (1818-1883) e o pensamento 
sociológico 
• Acreditou haver descoberto o 
mecanismo segundo o qual a 
história humana funciona 
• Engels (1820-1895) acreditava que 
assim como Darwin havia 
descoberto as leis da evolução das 
espécies, Marx havia descoberto as 
leis da história 
• Para Marx, o que move a história é 
a luta entre as classes sociais
1 Marx (1818-1883) e o pensamento 
sociológico 
• Compreensão da natureza da 
sociedade capitalista e a direção na 
qual ela estaria se transformando, 
graças às suas contradições
2 As leis da história 
• História humana seria a da relação 
dos homens com a natureza e dos 
homens entre si 
• Nos dois tipos, o intermediário seria 
o trabalho humano como elemento 
essencial 
• Muda a natureza e coloca-a a seu 
serviço 
• Para melhor se desencumbir de sua 
tarefa, criou instrumentos de 
trabalho, como extensões de seu 
corpo
2 As leis da história 
• Com o gênio, foi cada vez mais 
sendo capaz de aumentar e 
melhorar os resultados obtidos pelo 
trabalho 
• Nesse processo, trabalho manual e 
reflexão intelectual jamais se 
separaram, embora o predomínio de 
homens sobre outros tenha gerado 
uma distorção no modo pelo qual os 
homens tomam consciência da 
relação entre o mundo material e o 
mundo das idéias
2 As leis da história 
• Ao longo da história, cada vez mais, 
se desenvolveram as “forças 
produtivas”, responsáveis pelo 
incremento da produtividade e 
aumento do domínio do homem 
sobre a natureza, conforto e riqueza 
material acumulados ao longo da 
história 
• Para aumentar a produtividade o 
homem foi organizando a produção, 
distribuindo tarefas e benefícios 
entre os membros da sociedade
2 As leis da história 
• Processo de divisão do trabalho 
a) Divisão sexual 
b) Agricultura e criação de animais 
c) Campo e cidade 
d) Produção agrícola e industrial 
e) Indústria e comércio
2 As leis da história 
• Divisão do trabalho como parte do 
conjunto das forças produtivas – 
determinação mútua 
• Div. trabalho é tb. expressão da 
existência de diferentes formas de 
propriedade no seio de uma dada 
sociedade num dado tempo 
histórico 
• Div. propriedade diz respeito aos 
tipos de relações sociais 
predominantes numa sociedade a 
partir dos tipos de propriedades
2 As leis da história 
• Separação básica: 
a) Instrumentos ou meios utilizados 
para o trabalho 
b) Próprio trabalho 
Nem sempre os homens que possuem 
os meios para realizar o trabalho 
trabalham e nem sempre os que 
trabalham possuem os meios para 
isso
2 As leis da história 
• Relações de propriedade como a 
base das desigualdades sociais 
• Divisão do trabalho possibilitou a 
existência de homens que 
trabalham para outros homens que 
não precisam trabalhar 
• A esses modos específicos de 
organização do trabalho e da 
propriedade, Marx e Engels deram o 
nome de “relações sociais de 
produção”
2 As leis da história 
• Cada época histórica possui um 
conjunto de forças produtivas 
desenvolvidas, sob o controle dos 
homens que nela vivem 
• Possui também um conjunto 
instituído de relações sociais de 
produção que são o modo pelo qual 
os homens assumem o controle 
sobre as forças produtivas, relações 
de propriedade (conjunto total 
entendido como “modo de 
produção”)
2 As leis da história 
• Grandes transformações históricas 
foram as mudanças de um modo de 
produção a outro 
a) Modo de produção escravista antigo 
b) Modo de produção feudal 
c) Modo de produção capitalista 
• Diferentes estágios de 
desenvolvimento das forças 
produtivas materiais e diferentes 
formas de organização da 
propriedade
2 As leis da história 
a) Relação social básica, escravidão 
b) Relação social básica, servidão 
c) Relação social básica, 
assalariamento 
Dessa diferentes relações de 
propriedade, da posição dos 
homens com relação às formas de 
propriedade vigentes num dado 
modo de produção, é que surgem as 
classes sociais
2 As leis da história 
• Transformação de um modo a outro 
se dá pelos conflitos abertos entre a 
classe dominante e a dominada em 
cada época 
• As formas de propriedade, quando 
se estabelecem funcionam como 
uma forma de desenvolvimento das 
forças produtivas 
• Chega um momento em que as 
forças produtivas não conseguem 
mais se desenvolver sob a vigência 
daquelas relações de propriedade
3 As formas de consciência 
• O mundo das ideias, do 
conhecimento, das crenças e das 
opiniões se relaciona com o mundo 
material, da produção, do trabalho 
• Como explicar a consciência que os 
homens têm ou deixam de ter a 
respeito de seu próprio modo de 
vida, da produção material de sua 
sociedade e das relações de classe, 
sejam elas econômicas ou políticas?
3 As formas de consciência 
• A consciência que os homens têm 
das relações sociais de produção 
não condiz com as relações 
materiais reais que de fato vivem 
a) As idéias, concepções sobre como 
funciona o mundo são 
representações que os homens 
fazem a respeito de suas vidas, do 
modo como as relações aparecem 
na sua experiência cotidiana. São, 
portanto, aparência
3 As formas de consciência 
• Para Marx, essas representações 
implicam, num primeiro momento, 
numa falsa consciência, numa 
consciência invertida, pois se 
prendem à aparência e não são 
capazes de captar a essência das 
relações às quais os homens estão 
de fato submetidos
3 As formas de consciência 
• Quando se estabelece na história 
uma determinada forma de divisão 
do trabalho, ela estabelece o lugar 
de cada um dentro do processo 
produtivo.
3 As formas de consciência 
• As relações de propriedade 
vigentes, o poder político de certos 
grupos sobre outros e as formas de 
exploração do trabalho que uma 
determinada classe social consegue 
implantar numa determinada época 
histórica, estabelecem e 
determinam o que cada indivíduo 
está obrigado a fazer, o modo como 
está obrigado a trabalhar e viver
3 As formas de consciência 
• Na cabeça dos homens que vivem 
sob este sistema, isso é percebido, 
no plano das ideias, como algo 
normal, natural. Ao trabalhador lhe 
parece natural que certas pessoas 
tenham que trabalhar em troca de 
um salário para viver, como se isso 
sempre houvesse existido e, mais 
ainda, como se tivesse que continuar 
existindo para sempre. Esse 
indivíduo não vê a sociedade 
capitalista como uma sociedade 
historicamente construída.
3 As formas de consciência 
Durkheim Marx
3 As formas de consciência 
Durkheim 
Aponta que a consciência individual é 
dada pela preponderância de uma 
consciência coletiva
3 As formas de consciência 
Marx 
Mostra que o caráter coercitivo, 
dominador, não se manifesta 
igualmente por parte “da sociedade em 
geral” sobre todos os homens 
indistintamente, mas sim de uma parte 
da sociedade sobre outra. É um situação 
criada pela luta entre as classes
3 As formas de consciência 
Marx 
Se as relações de dominação existem 
em toda e qualquer sociedade é porque 
elas são socialmente construídas. Não 
precisam existir para sempre, pois o 
homem pode construir outros tipos de 
relações, sem a dominação de uma 
classe sobre a outra
3 As formas de consciência 
• Exemplo da passagem do modo 
feudal para o capitalista: 
a) Mestre de ofício controlava todas as 
etapas de produção de uma mercadoria 
b) Desenvolvimento do comércio e 
contratação de mestres de ofício, 
submissão ao regime fabril (controle 
da produção e agilização do processo) 
c) Princípio da linha de produção 
d) Introdução de máquinas que começaram a ditar o 
ritmo da produção
3 As formas de consciência 
• Exemplo da passagem do modo 
feudal para o capitalista: 
Dupla expropriação e dupla 
dependência dos trabalhadores: 
a) Meios de produção da vida material 
b) Saber do qual dependia a fabricação de um produto 
e a própria posição social do artesão 
As forças produtivas foram enormemente 
desenvolvidas, mas através de um processo social de 
expropriação de bens materiais e saberes
3 As formas de consciência 
• A alienação: 
Bloqueio do entendimento das 
consequências do processo pelo modo 
como o indivíduo adquire consciência do 
mundo social 
Aprende apenas que deve trabalhar para viver por não 
ser dono das fábricas 
Salário desvincula o entendimento do trabalho como 
de controle do trabalhador 
Trabalho é visto como algo pertencente a outros, fora 
do trabalhador
3 As formas de consciência 
• A ideologia: 
Falsa consciência do mundo em que os 
homens vivem 
Trabalho alienado e dominação de classe como fatos 
naturais 
Compartilham uma concepção do mundo dentro da 
qual só têm acesso às aparências, sem ser capazes de 
compreender o processo histórico real
3 As formas de consciência 
• A ideologia: 
Sistema ordenado de idéias, concepções, normas, 
regras que obriga os homens a comportarem-se 
segundo a vontade do sistema, mas, como se 
estivessem se comportando segundo sua própria 
vontade 
A coerção do sistema sobre os indivíduos, na verdade, 
é a coerção da classe dominante sobre as classes 
dominadas
3 As formas de consciência 
• Diferença do capitalismo para outras 
formas de dominação: 
Em outras formas de dominação anteriores, o 
dominado sabia quem era seu dominador: 
a) Escravo sabia que era obrigado a trabalhar à força 
b) Servo sabia que o dono do feudo lhe arrancava a 
maior parte do que plantava e colhia 
b) Trabalhador considera justo que seja separado do 
fruto de seu trabalho mediante o salário
3 As formas de consciência 
• Sobre o salário: 
Mais valia 
Qualquer salário é injusto porque a relação de 
assalariamento é injusta em si 
Separa o trabalhador do resultado de seu trabalho e 
isso o aliena e o descaracteriza como ser humano 
A suprema ironia do capitalismo é que o dominado 
pensa com a cabeça do dominador
3 As formas de consciência 
• Processo que levaria à nova 
sociedade: 
Chegaria um momento em que o desenvolvimento das 
forças produtivas inevitavelmente entraria em 
contradição com as formas capitalistas de propriedade 
Se abriria uma época de revolução social e política 
Seguiria por uma fase de transição em que os 
resquícios do capitalismo seriam destruídos
3 As formas de consciência 
• A nova sociedade: 
Sem exploradores e explorados 
Sem alienação e ideologia 
Sem classes sociais e sem Estado 
O homem se reencontraria consigo mesmo, seria um 
ser autônomo, autocentrado e autoconsciente, 
trabalhador manual e intelectual ao mesmo tempo. 
Daria à sociedade todo o trabalho por livre vontade e 
receberia dela tudo o que precisasse, graças ao 
desenvolvimento material propiciado pelo capitalismo
Sociedade, educação e 
desencantamento
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
• Sociedade como resultado de uma 
enorme e inesgotável nuvem de 
interações interindividuais 
Nas ciência sociais os acontecimentos dependem 
fundamentalmente da postura e da própria ação do 
investigador 
A realidade não é uma coisa; ganha uma feição 
conforme o olhar que o cientista lança sobre ela
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
• Relação com os valores 
Os homens vêem o mundo que os cerca a partir de 
seus valores 
Valores são introjetados de modos distintos, conforme 
o processo de interação em que o indivíduo está 
inserido 
Um mesmo meio cultural pode assumir significados 
diferentes e, no momento da ação, ocasionar 
diferenças de comportamento conforme o modo de 
assimilação dessa cultura ou o tipo de racionalidade 
dos indivíduos
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
• Sociologia 
Realidade como encontro entre os homens e os 
valores aos quais se vinculam 
Sociologia como possibilidade de captação da 
interação entre os homens e valores no seio da vida 
cultural (ação social) 
Sociedade reside na interação entre os indivíduos 
No fragmento a ser estudado se encontra os valores 
do investigador
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
• Sociologia 
O objeto das ciências da cultura será a decifração da 
significação da ação social 
A única maneira de estudar esse objeto é a 
compreensão 
Ação social ocorre quando um indivíduo leva os outros 
em consideração no momento de tomar uma atitude, 
de praticar uma ação 
Agir em sociedade supõe algum grau de racionalidade 
por quem age
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
• Tipos de ação social: 
Ação racional com relação a fins 
Ação racional com relação a valores 
Ação afetiva ou emocional 
Ação tradicional
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
• Tipos puros ou ideais de ação 
Na prática, a vida não ocorre rigidamente como 
aparece segundo os tipos 
É importante isolá-los para entender a ação
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
Construção do tipo ideal: construção mental a partir 
de vários exemplos históricos. É um exagero que 
jamais será encontrado na prática (puro no sentido de 
mais racional possível) 
Seleção, na teia inesgotável de eventos e processos, do 
aspecto a ser investigado 
Comparação entre o mundo empírico e o tipo 
construído 
Complexidade do real apresentada no afastamento ou 
aproximação do tipo id.
1 Weber (1864-1920) e o pensamento 
sociológico 
O método individualista: 
Comportamentos dos agentes são dotados de 
intencionalidade 
Indivíduo como único portador de comportamento 
provido de sentido, de intencionalidade 
Estado, igreja, capitalismo reduzem-se a categorias 
que se referem a determinados modos de o homem 
agir em sociedade
2 O indivíduo e as instituições sociais 
O indivíduo, ao agir, leva em consideração, o 
comportamento dos outros. Ele é obrigado a 
relacionar-se também com as normas sociais 
consolidadas, institucionalizadas, que influenciam o 
seu agir
2 O indivíduo e as instituições sociais 
Comunidade... 
Agir em comunidade é aquele agir que se baseia nas 
expectativas que temos com relação ao 
comportamentos dos outros 
Quando agimos racionalmente, esperamos que os 
outros também ajam assim, para que possamos 
calcular as possibilidades reais de levarmos nossos 
objetivos até o fim
2 O indivíduo e as instituições sociais 
Comunidade... 
Agir em comunidade também pode se fundamentar: 
Expectativa de que os outros dêem determinado peso 
a certos valores e crenças 
Expectativa de que os outros se comportem de um 
modo regular, na média dos comportamentos 
geralmente usados para aquela situação 
Expectativa de que se comportem de modo afetivo, 
emotivo
2 O indivíduo e as instituições sociais 
Comunidade... 
Agir em comunidade é comportar-se com base na 
expectativa de que os outros também se comportem 
de um determinado modo
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
É um agir no qual as expectativas se baseiam nos 
regulamentos sociais vigentes 
Quando o indivíduo calcula que é melhor agir com 
base nas regras também porque os outros igualmente 
agem segundo as regras, ele está agindo em sociedade 
Regras funcionam como uma espécie de condensação 
de expectativas recíprocas, tornando o universo 
organizado e inteligível pelos atores individuais
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
Ordem social 
Quanto mais disseminada socialmente estiver a 
convicção de cada um de que as regras são 
obrigatórias para eles, melhor fundamentadas serão 
as expectativas de uns com relação ao comportamento 
dos outros 
Convenção 
Direito
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
Associação racional com fins 
Em busca de seus objetivos e levando em consideração 
a existência das normas, o ator social pode 
deliberadamente fazer parte de uma coletividade 
orientada de modo comum por estes referenciais 
Estipula-se os órgãos, os fins, os estatutos e o aparato 
da coação da associação. Cada sócio confia que os 
demais se comportarão conforme as normas e orienta 
por isso sua ação
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
Institucionalização das associações 
São instituições sociais as formas de comunidade 
religiosa que chamamos de igreja ou formas mais 
estruturais de vida política entre os homens, que 
costumamos chamar de Estado 
Quanto mais as pessoas assimilam subjetivamente as 
regras, mas a previsibilidade aumenta
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
Estado 
A durabilidade dessa associação através das gerações 
de indivíduos e a necessidade de estabelecer uma 
regulamentação que recubra toda a vida social faz com 
que o pertencimento a ela não seja voluntário
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
Estado 
Historicamente, as associações políticas humanas e o 
Estado em particular, passaram por um processo de 
institucionalização. Neste processo, as regras foram se 
tornando cada vez mais racionais e estabelecendo os 
meios mais adequados para levá-los a cabo (como 
punições que vão de multas em dinheiro a meses de 
reclusão)
2 O indivíduo e as instituições sociais 
...sociedade 
Estado 
Poder de imposição (dominação) de homens concretos 
sobre a “ação em associação” de outros homens 
Possibilidade de aplicação de uma coação (física ou 
psíquica) 
Agir segundo os fins da associação é agir segundo o 
consenso 
As possibilidades do consenso ser posto em prática na 
vida social serão tanto maiores quanto mais houver 
legitimidade
3 Desencantar o mundo 
Sentido histórico do processo de racionalização 
Crescente transformação das associações em 
instituições organizadas de maneira racional 
referentes a fins se opera na sociedade 
Abandono crescente das concepções mágicas e 
tradicionais como justificativas para o comportamento 
dos homens e para a administração social
3 Desencantar o mundo 
Sentido histórico do processo de racionalização 
a) Dominação tradicional 
b) Dominação carismática 
c) Dominação racional-legal 
a – legitimidade baseada na tradição 
b – legitimidade baseada no carisma do líder 
c – legitimidade baseada na lei e na racionalidade que 
está por trás da lei
3 Desencantar o mundo 
Sentido histórico do processo de racionalização 
Se a associação estatal passa por um processo de 
racionalização e de burocratização, as formas de 
dominação no Ocidente caminham tendencialmente 
para o tipo racional-legal
3 Desencantar o mundo 
Sentido histórico do processo de racionalização 
Quanto mais complexa a sociedade, mais conflitiva 
tende a ser a interação entre os indivíduos e grupos, 
uma vez que maiores serão as constelações de 
interesses que se contrapõem e maior tb a 
necessidade de regulamentá-los 
Na dominação racional-legal a obediência não é 
devida à figura do líder, mas à posição que ele ocupa 
no aparato de dominação, devidamente garantida pela 
legislação racional
3 Desencantar o mundo 
Sentido histórico do processo de racionalização 
O exercício da autoridade racional depende de um 
quadro administrativo hierarquizado e profissional, 
que se caracteriza pela existência de uma burocracia 
O sentido histórico do processo de racionalização é 
uma crescente transformação dos modos informais e 
tradicionais de legitimidade em instituições 
organizadas racionalmente, impessoal e legalmente 
legítimas
3 Desencantar o mundo 
Formação do Estado moderno e capitalismo, e seus 
dois aspectos: 
Lógica da racionalidade, da obediência à lei e 
treinamento das pessoas para administrar as tarefas 
burocráticas do Estado 
a) Constituição de um direito racional 
b) Constituição de uma administração racional em 
moldes burocráticos
3 Desencantar o mundo 
Formação do Estado moderno e capitalismo, e seus 
dois aspectos: 
a) Oferece as garantias contratuais e a codificação 
básica das relações de troca econômica e troca política 
que os sustentam 
b) Desenvolvimento da empresa capitalista moderna 
oferece o modelo para a constituição da empresa de 
dominação política própria do capitalismo, o Estado 
burocrático

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Sociedade, educação e emancipação segundo Durkheim e Marx

  • 2. 1 O homem faz a sociedade ou a sociedade faz o homem? • Tensão entre: a) Sociedade como estrutura com poder de coerção e determinação sobre as ações individuais b) Indivíduo como agente criador e transformador da vida coletiva
  • 3. 2 Durkheim (1858-1917) e o pensamento sociológico • Influências do cientificismo e biologismo do século XIX a) Delimitação clara do objeto de estudo e do método da sociologia b) Vislumbrou a existência de um “reino social” ( reino moral)
  • 4. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • O reino moral a) Lugar dos fenômenos morais b) Composto pelas ideias ou ideais coletivos c) Toda a vida social se passa ali d) O meio moral está para as consciências individuais assim como os meios físicos estão para os organismo vivos e) É determinante na vida das pessoas
  • 5. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • O papel do sociólogo a) É o único preparado para detectar os estados coletivos b) Assumir a mesma postura dos físicos, químicos ou biólogos em seus laboratórios c) A sociedade, a vida coletiva, deve ter suas leias próprias, independentes das vontades humanas
  • 6. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • A sociologia positiva e seu estudo a) Seguindo os métodos certos pode-se descobrir as leis sociais b) Lei como relação necessária entre dois fatos, descoberta da lógica inscrita no próprio real e apresentada na forma de enunciado c) O fator social é sempre determinante d) Separação entre teoria e prática
  • 7. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • A sociologia positiva e seu estudo e) Meio moral deve ser tomado como um dado bruto à observação do investigador, que não deve assumir os valores nele contidos f) Religião, moral, direito, economia, educação, são sistemas de valores g) Não podemos nos contaminar com os valores expressos nos fenômenos
  • 8. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • Os fatos sociais como objeto privilegiado da sociologia a) Coerção exterior b) Existência própria, independente das manifestações individuais que possam ter c) Devem ser considerados como coisas
  • 9. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • Significado de coisas a) Idéia vaga e confusa dos fatos sociais (ilusão de conhecimento) b) Senso comum como contrário ao estudo científico dos fenômenos sociais c) Deve-se desconfiar das primeiras impressões d) Devemos nos livrar das pré-noções, preconceitos não científicos
  • 10. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • Significado de coisas “Coisa” para ele é todo objeto de conhecimento que a inteligência humana não penetra de modo imediato, necessitando o auxílio da ciência. Tratar os fatos sociais como coisas, portanto, é uma postura intelectual, uma atitude mental (p. 20).
  • 11. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • Coerção dos fatos sociais a) moda, casamento, correntes de opinião são exteriores às vontades individuais b) Crime é de conhecimento coletivo que deva receber uma sanção – é fato social assim como a lei que prevê sua punição
  • 12. 2 Durkheim e o pensamento sociológico • Coerção dos fatos sociais São fatos sociais não só porque são normais, mas porque são percebidos como fatos sociais pelos membros da sociedade; e porque exercem alguma pressão sobre os indivíduos, alguma coerção, alguma obrigatoriedade (p. 20).
  • 13. 3 A sociedade na cabeça de cada um • A noção de representações coletivas a) Representações individuais b) Representações coletivas c) Na cabeça do ser social não trafegam apenas estados mentais sociais d) Conjunto de crenças, hábitos, valores, que revelam os quanto há dos outros em nós (pessoas que convivem conosco e que já morreram)
  • 14. 3 A sociedade na cabeça de cada um • A noção de representações coletivas e) Não apenas o indivíduo faz parte da sociedade f) Uma parte da sociedade faz parte do indivíduo g) Por outro lado, a sociedade só existe em sua plenitude se tomarmos o conjunto (não cabe completa em um só indivíduo)
  • 15. 3 A sociedade na cabeça de cada um • A noção de representações coletivas h) Derivam da cooperação dos indivíduos i) Sentimentos privados só se tornam sociais quando se combinam entre si, são compartilhados e geram, em decorrência, algo novo j) O todo tem precedência sobre as partes k) A sociedade tem vontade própria
  • 16. 3 A sociedade na cabeça de cada um • A noção de representações coletivas l) Pensa, sente, deseja, embora não o possa fazer a não ser através dos indivíduos m)Consciência coletiva existe através das consciências individuais n) A vida coletiva é obra também das gerações passadas o) Crenças, valores e regras – vontade da sociedade
  • 17. 3 A sociedade na cabeça de cada um • A noção de representações coletivas p) Agimos de acordo com a vontade da sociedade porque assim aprendemos, fomos educados para isso q) A educação tem conteúdos r) Existe um meio moral no qual somos educados (crenças, valores, e regras produzidos pelas gerações passadas e presentes)
  • 18. 4 A diferenciação da sociedade • O meio moral é produzido pela cooperação entre os indivíduos • Na sociedade industrial, essa cooperação se dá pelo processo de interação que Durkheim chamou de divisão do trabalho social • Condição essencial para que a sociedade possa existir é o consenso • Sem consenso não há cooperação
  • 19. 4 A diferenciação da sociedade • Com pouca divisão do trabalho, há solidariedade por semelhança entre os indivíduos • Na solidariedade orgânica (moderna sociedade industrial) as pessoas cooperam porque dependem umas das outras • A divisão do trabalho é a solução pacífica para a luta pela vida
  • 20. 4 A diferenciação da sociedade • O consenso e o individualismo a) Nas sociedades com pouca divisão do trabalho, a consciência coletiva é mais forte, as pessoas desempenham funções sociais muito semelhantes, “pensam com a mesma cabeça” b) Nas sociedades com maior divisão do trabalho, as pessoas têm maior margem de liberdade, para pensar e agir por conta própria – margem maior para a interpretação pessoal
  • 21. 4 A diferenciação da sociedade • O consenso e o individualismo a) Valores, crenças, normas compartilhados no seio de uma cultura pelos indivíduos são mais imperativos, obrigatórios e homogêneos numa sociedade pouco diferenciada b) Sofrem interferências de grupo, de status e de classe numa sociedade muito diferenciada
  • 22. 4 A diferenciação da sociedade • O consenso e o individualismo a) No primeiro caso, todos são rigidamente ensinados a obedecer as mesmas normas, a compartilhar as mesmas crenças e os mesmos valores b) No segundo, em função da divisão do trabalho e da especialização, cada indivíduo, assume valores, crenças e normas diferenciadas conforme o grupo ao qual se vincula na vida profissional, as regras gerais são relativizadas
  • 23. 4 A diferenciação da sociedade • O consenso e o individualismo Quando há forte diferenciação social há muitos lugares diferentes de onde se olhar as regras. A tendência será, então, o conflito, decorrente da competição imposta pela diferenciação. Os indivíduos passam a guiar-se pela busca da satisfação de interesses que são cada vez mais pessoais e cada vez menos coletivos, na luta pela sobrevivência que aprendem na sociedade complexa em que nascem
  • 24. 4 A diferenciação da sociedade • Individualismo e liberdade Só numa sociedade complexa e diferenciada é que se torna possível diminuir a rigidez das regras sociais, sua validade geral e indistinta, e só assim o indivíduo pode ter certa liberdade de julgamento e de ação. Mas, quanto mais liberdade individual, mais individualismo, entendido como perda dos sentimentos gregários...
  • 25. Sociedade, educação e emancipação
  • 26. • O que existe por trás das aparências dessa nova, maravilhosa e terrível realidade parida a fórceps pela moderna sociedade industrial capitalista? • Quais os mecanismos de enquadramento sobre os indivíduos e a que interesses eles de fato servem? • Que forças sociais emergentes neste novo momento histórico são capazes de controlar as consciências dos homens?
  • 27. • Diante do acúmulo das mazelas sociais já desde o berço da sociedade capitalista, como transformar esta realidade? • Com impedir que os muitos que estão por baixo sejam esmagados pelos poucos que estão por cima? • Será que o ato de educar pode ser algo mais do que um mecanismo de manutenção da ordem? • Será possível educar para a emancipação do homem, para livrá-lo de toda a opressão que o esmaga?
  • 28. 1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico • Marcou como um corte de navalha o pensamento ocidental do século XIX • Objeto de pesquisa fundamental, para não dizer único, foi a sociedade capitalista • Percebeu que havia um processo histórico em curso que, enquanto levava a burguesia à condição de classe dominante, expropriava dos trabalhadores manuais seus instrumentos de produção e seus saberes, transmitidos de geração a geração
  • 29. 1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico • Combinou em seu pensamento duas perspectivas diferentes, dois modos diversos de encarar a realidade a) Seu pensamento é analítico – ver a realidade, dissecá-la e reconstruí-la conceitualmente para entendê-la b) Seu pensamento é normativo – pretende vislumbrar como a realidade deveria ser, construindo uma utopia em nome da qual seria necessário agir para transformá-la
  • 30. 1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico • Não era somente um pensador • Era militante político. Pretendia colocar suas idéias em prática através de um partido • Seu socialismo era científico • Sua ciência lhe dizia que o socialismo estava fadado a triunfar
  • 31. 1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico • Para ele não havia contradição entre teoria e prática • Nem entre o modo como as coisas são e o modo como devem ser a) Se a sociedade verdadeiramente humana “deve ser” um dia uma sociedade sem exploração e opressão b) Esta possibilidade está dada já agora, no modo mesmo como a sociedade presente “é”
  • 32. 1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico • Acreditou haver descoberto o mecanismo segundo o qual a história humana funciona • Engels (1820-1895) acreditava que assim como Darwin havia descoberto as leis da evolução das espécies, Marx havia descoberto as leis da história • Para Marx, o que move a história é a luta entre as classes sociais
  • 33. 1 Marx (1818-1883) e o pensamento sociológico • Compreensão da natureza da sociedade capitalista e a direção na qual ela estaria se transformando, graças às suas contradições
  • 34. 2 As leis da história • História humana seria a da relação dos homens com a natureza e dos homens entre si • Nos dois tipos, o intermediário seria o trabalho humano como elemento essencial • Muda a natureza e coloca-a a seu serviço • Para melhor se desencumbir de sua tarefa, criou instrumentos de trabalho, como extensões de seu corpo
  • 35. 2 As leis da história • Com o gênio, foi cada vez mais sendo capaz de aumentar e melhorar os resultados obtidos pelo trabalho • Nesse processo, trabalho manual e reflexão intelectual jamais se separaram, embora o predomínio de homens sobre outros tenha gerado uma distorção no modo pelo qual os homens tomam consciência da relação entre o mundo material e o mundo das idéias
  • 36. 2 As leis da história • Ao longo da história, cada vez mais, se desenvolveram as “forças produtivas”, responsáveis pelo incremento da produtividade e aumento do domínio do homem sobre a natureza, conforto e riqueza material acumulados ao longo da história • Para aumentar a produtividade o homem foi organizando a produção, distribuindo tarefas e benefícios entre os membros da sociedade
  • 37. 2 As leis da história • Processo de divisão do trabalho a) Divisão sexual b) Agricultura e criação de animais c) Campo e cidade d) Produção agrícola e industrial e) Indústria e comércio
  • 38. 2 As leis da história • Divisão do trabalho como parte do conjunto das forças produtivas – determinação mútua • Div. trabalho é tb. expressão da existência de diferentes formas de propriedade no seio de uma dada sociedade num dado tempo histórico • Div. propriedade diz respeito aos tipos de relações sociais predominantes numa sociedade a partir dos tipos de propriedades
  • 39. 2 As leis da história • Separação básica: a) Instrumentos ou meios utilizados para o trabalho b) Próprio trabalho Nem sempre os homens que possuem os meios para realizar o trabalho trabalham e nem sempre os que trabalham possuem os meios para isso
  • 40. 2 As leis da história • Relações de propriedade como a base das desigualdades sociais • Divisão do trabalho possibilitou a existência de homens que trabalham para outros homens que não precisam trabalhar • A esses modos específicos de organização do trabalho e da propriedade, Marx e Engels deram o nome de “relações sociais de produção”
  • 41. 2 As leis da história • Cada época histórica possui um conjunto de forças produtivas desenvolvidas, sob o controle dos homens que nela vivem • Possui também um conjunto instituído de relações sociais de produção que são o modo pelo qual os homens assumem o controle sobre as forças produtivas, relações de propriedade (conjunto total entendido como “modo de produção”)
  • 42. 2 As leis da história • Grandes transformações históricas foram as mudanças de um modo de produção a outro a) Modo de produção escravista antigo b) Modo de produção feudal c) Modo de produção capitalista • Diferentes estágios de desenvolvimento das forças produtivas materiais e diferentes formas de organização da propriedade
  • 43. 2 As leis da história a) Relação social básica, escravidão b) Relação social básica, servidão c) Relação social básica, assalariamento Dessa diferentes relações de propriedade, da posição dos homens com relação às formas de propriedade vigentes num dado modo de produção, é que surgem as classes sociais
  • 44. 2 As leis da história • Transformação de um modo a outro se dá pelos conflitos abertos entre a classe dominante e a dominada em cada época • As formas de propriedade, quando se estabelecem funcionam como uma forma de desenvolvimento das forças produtivas • Chega um momento em que as forças produtivas não conseguem mais se desenvolver sob a vigência daquelas relações de propriedade
  • 45. 3 As formas de consciência • O mundo das ideias, do conhecimento, das crenças e das opiniões se relaciona com o mundo material, da produção, do trabalho • Como explicar a consciência que os homens têm ou deixam de ter a respeito de seu próprio modo de vida, da produção material de sua sociedade e das relações de classe, sejam elas econômicas ou políticas?
  • 46. 3 As formas de consciência • A consciência que os homens têm das relações sociais de produção não condiz com as relações materiais reais que de fato vivem a) As idéias, concepções sobre como funciona o mundo são representações que os homens fazem a respeito de suas vidas, do modo como as relações aparecem na sua experiência cotidiana. São, portanto, aparência
  • 47. 3 As formas de consciência • Para Marx, essas representações implicam, num primeiro momento, numa falsa consciência, numa consciência invertida, pois se prendem à aparência e não são capazes de captar a essência das relações às quais os homens estão de fato submetidos
  • 48. 3 As formas de consciência • Quando se estabelece na história uma determinada forma de divisão do trabalho, ela estabelece o lugar de cada um dentro do processo produtivo.
  • 49. 3 As formas de consciência • As relações de propriedade vigentes, o poder político de certos grupos sobre outros e as formas de exploração do trabalho que uma determinada classe social consegue implantar numa determinada época histórica, estabelecem e determinam o que cada indivíduo está obrigado a fazer, o modo como está obrigado a trabalhar e viver
  • 50. 3 As formas de consciência • Na cabeça dos homens que vivem sob este sistema, isso é percebido, no plano das ideias, como algo normal, natural. Ao trabalhador lhe parece natural que certas pessoas tenham que trabalhar em troca de um salário para viver, como se isso sempre houvesse existido e, mais ainda, como se tivesse que continuar existindo para sempre. Esse indivíduo não vê a sociedade capitalista como uma sociedade historicamente construída.
  • 51. 3 As formas de consciência Durkheim Marx
  • 52. 3 As formas de consciência Durkheim Aponta que a consciência individual é dada pela preponderância de uma consciência coletiva
  • 53. 3 As formas de consciência Marx Mostra que o caráter coercitivo, dominador, não se manifesta igualmente por parte “da sociedade em geral” sobre todos os homens indistintamente, mas sim de uma parte da sociedade sobre outra. É um situação criada pela luta entre as classes
  • 54. 3 As formas de consciência Marx Se as relações de dominação existem em toda e qualquer sociedade é porque elas são socialmente construídas. Não precisam existir para sempre, pois o homem pode construir outros tipos de relações, sem a dominação de uma classe sobre a outra
  • 55. 3 As formas de consciência • Exemplo da passagem do modo feudal para o capitalista: a) Mestre de ofício controlava todas as etapas de produção de uma mercadoria b) Desenvolvimento do comércio e contratação de mestres de ofício, submissão ao regime fabril (controle da produção e agilização do processo) c) Princípio da linha de produção d) Introdução de máquinas que começaram a ditar o ritmo da produção
  • 56. 3 As formas de consciência • Exemplo da passagem do modo feudal para o capitalista: Dupla expropriação e dupla dependência dos trabalhadores: a) Meios de produção da vida material b) Saber do qual dependia a fabricação de um produto e a própria posição social do artesão As forças produtivas foram enormemente desenvolvidas, mas através de um processo social de expropriação de bens materiais e saberes
  • 57. 3 As formas de consciência • A alienação: Bloqueio do entendimento das consequências do processo pelo modo como o indivíduo adquire consciência do mundo social Aprende apenas que deve trabalhar para viver por não ser dono das fábricas Salário desvincula o entendimento do trabalho como de controle do trabalhador Trabalho é visto como algo pertencente a outros, fora do trabalhador
  • 58. 3 As formas de consciência • A ideologia: Falsa consciência do mundo em que os homens vivem Trabalho alienado e dominação de classe como fatos naturais Compartilham uma concepção do mundo dentro da qual só têm acesso às aparências, sem ser capazes de compreender o processo histórico real
  • 59. 3 As formas de consciência • A ideologia: Sistema ordenado de idéias, concepções, normas, regras que obriga os homens a comportarem-se segundo a vontade do sistema, mas, como se estivessem se comportando segundo sua própria vontade A coerção do sistema sobre os indivíduos, na verdade, é a coerção da classe dominante sobre as classes dominadas
  • 60. 3 As formas de consciência • Diferença do capitalismo para outras formas de dominação: Em outras formas de dominação anteriores, o dominado sabia quem era seu dominador: a) Escravo sabia que era obrigado a trabalhar à força b) Servo sabia que o dono do feudo lhe arrancava a maior parte do que plantava e colhia b) Trabalhador considera justo que seja separado do fruto de seu trabalho mediante o salário
  • 61. 3 As formas de consciência • Sobre o salário: Mais valia Qualquer salário é injusto porque a relação de assalariamento é injusta em si Separa o trabalhador do resultado de seu trabalho e isso o aliena e o descaracteriza como ser humano A suprema ironia do capitalismo é que o dominado pensa com a cabeça do dominador
  • 62. 3 As formas de consciência • Processo que levaria à nova sociedade: Chegaria um momento em que o desenvolvimento das forças produtivas inevitavelmente entraria em contradição com as formas capitalistas de propriedade Se abriria uma época de revolução social e política Seguiria por uma fase de transição em que os resquícios do capitalismo seriam destruídos
  • 63. 3 As formas de consciência • A nova sociedade: Sem exploradores e explorados Sem alienação e ideologia Sem classes sociais e sem Estado O homem se reencontraria consigo mesmo, seria um ser autônomo, autocentrado e autoconsciente, trabalhador manual e intelectual ao mesmo tempo. Daria à sociedade todo o trabalho por livre vontade e receberia dela tudo o que precisasse, graças ao desenvolvimento material propiciado pelo capitalismo
  • 64. Sociedade, educação e desencantamento
  • 65. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico • Sociedade como resultado de uma enorme e inesgotável nuvem de interações interindividuais Nas ciência sociais os acontecimentos dependem fundamentalmente da postura e da própria ação do investigador A realidade não é uma coisa; ganha uma feição conforme o olhar que o cientista lança sobre ela
  • 66. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico • Relação com os valores Os homens vêem o mundo que os cerca a partir de seus valores Valores são introjetados de modos distintos, conforme o processo de interação em que o indivíduo está inserido Um mesmo meio cultural pode assumir significados diferentes e, no momento da ação, ocasionar diferenças de comportamento conforme o modo de assimilação dessa cultura ou o tipo de racionalidade dos indivíduos
  • 67. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico • Sociologia Realidade como encontro entre os homens e os valores aos quais se vinculam Sociologia como possibilidade de captação da interação entre os homens e valores no seio da vida cultural (ação social) Sociedade reside na interação entre os indivíduos No fragmento a ser estudado se encontra os valores do investigador
  • 68. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico • Sociologia O objeto das ciências da cultura será a decifração da significação da ação social A única maneira de estudar esse objeto é a compreensão Ação social ocorre quando um indivíduo leva os outros em consideração no momento de tomar uma atitude, de praticar uma ação Agir em sociedade supõe algum grau de racionalidade por quem age
  • 69. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico • Tipos de ação social: Ação racional com relação a fins Ação racional com relação a valores Ação afetiva ou emocional Ação tradicional
  • 70. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico • Tipos puros ou ideais de ação Na prática, a vida não ocorre rigidamente como aparece segundo os tipos É importante isolá-los para entender a ação
  • 71. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico Construção do tipo ideal: construção mental a partir de vários exemplos históricos. É um exagero que jamais será encontrado na prática (puro no sentido de mais racional possível) Seleção, na teia inesgotável de eventos e processos, do aspecto a ser investigado Comparação entre o mundo empírico e o tipo construído Complexidade do real apresentada no afastamento ou aproximação do tipo id.
  • 72. 1 Weber (1864-1920) e o pensamento sociológico O método individualista: Comportamentos dos agentes são dotados de intencionalidade Indivíduo como único portador de comportamento provido de sentido, de intencionalidade Estado, igreja, capitalismo reduzem-se a categorias que se referem a determinados modos de o homem agir em sociedade
  • 73. 2 O indivíduo e as instituições sociais O indivíduo, ao agir, leva em consideração, o comportamento dos outros. Ele é obrigado a relacionar-se também com as normas sociais consolidadas, institucionalizadas, que influenciam o seu agir
  • 74. 2 O indivíduo e as instituições sociais Comunidade... Agir em comunidade é aquele agir que se baseia nas expectativas que temos com relação ao comportamentos dos outros Quando agimos racionalmente, esperamos que os outros também ajam assim, para que possamos calcular as possibilidades reais de levarmos nossos objetivos até o fim
  • 75. 2 O indivíduo e as instituições sociais Comunidade... Agir em comunidade também pode se fundamentar: Expectativa de que os outros dêem determinado peso a certos valores e crenças Expectativa de que os outros se comportem de um modo regular, na média dos comportamentos geralmente usados para aquela situação Expectativa de que se comportem de modo afetivo, emotivo
  • 76. 2 O indivíduo e as instituições sociais Comunidade... Agir em comunidade é comportar-se com base na expectativa de que os outros também se comportem de um determinado modo
  • 77. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade É um agir no qual as expectativas se baseiam nos regulamentos sociais vigentes Quando o indivíduo calcula que é melhor agir com base nas regras também porque os outros igualmente agem segundo as regras, ele está agindo em sociedade Regras funcionam como uma espécie de condensação de expectativas recíprocas, tornando o universo organizado e inteligível pelos atores individuais
  • 78. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade Ordem social Quanto mais disseminada socialmente estiver a convicção de cada um de que as regras são obrigatórias para eles, melhor fundamentadas serão as expectativas de uns com relação ao comportamento dos outros Convenção Direito
  • 79. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade Associação racional com fins Em busca de seus objetivos e levando em consideração a existência das normas, o ator social pode deliberadamente fazer parte de uma coletividade orientada de modo comum por estes referenciais Estipula-se os órgãos, os fins, os estatutos e o aparato da coação da associação. Cada sócio confia que os demais se comportarão conforme as normas e orienta por isso sua ação
  • 80. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade Institucionalização das associações São instituições sociais as formas de comunidade religiosa que chamamos de igreja ou formas mais estruturais de vida política entre os homens, que costumamos chamar de Estado Quanto mais as pessoas assimilam subjetivamente as regras, mas a previsibilidade aumenta
  • 81. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade Estado A durabilidade dessa associação através das gerações de indivíduos e a necessidade de estabelecer uma regulamentação que recubra toda a vida social faz com que o pertencimento a ela não seja voluntário
  • 82. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade Estado Historicamente, as associações políticas humanas e o Estado em particular, passaram por um processo de institucionalização. Neste processo, as regras foram se tornando cada vez mais racionais e estabelecendo os meios mais adequados para levá-los a cabo (como punições que vão de multas em dinheiro a meses de reclusão)
  • 83. 2 O indivíduo e as instituições sociais ...sociedade Estado Poder de imposição (dominação) de homens concretos sobre a “ação em associação” de outros homens Possibilidade de aplicação de uma coação (física ou psíquica) Agir segundo os fins da associação é agir segundo o consenso As possibilidades do consenso ser posto em prática na vida social serão tanto maiores quanto mais houver legitimidade
  • 84. 3 Desencantar o mundo Sentido histórico do processo de racionalização Crescente transformação das associações em instituições organizadas de maneira racional referentes a fins se opera na sociedade Abandono crescente das concepções mágicas e tradicionais como justificativas para o comportamento dos homens e para a administração social
  • 85. 3 Desencantar o mundo Sentido histórico do processo de racionalização a) Dominação tradicional b) Dominação carismática c) Dominação racional-legal a – legitimidade baseada na tradição b – legitimidade baseada no carisma do líder c – legitimidade baseada na lei e na racionalidade que está por trás da lei
  • 86. 3 Desencantar o mundo Sentido histórico do processo de racionalização Se a associação estatal passa por um processo de racionalização e de burocratização, as formas de dominação no Ocidente caminham tendencialmente para o tipo racional-legal
  • 87. 3 Desencantar o mundo Sentido histórico do processo de racionalização Quanto mais complexa a sociedade, mais conflitiva tende a ser a interação entre os indivíduos e grupos, uma vez que maiores serão as constelações de interesses que se contrapõem e maior tb a necessidade de regulamentá-los Na dominação racional-legal a obediência não é devida à figura do líder, mas à posição que ele ocupa no aparato de dominação, devidamente garantida pela legislação racional
  • 88. 3 Desencantar o mundo Sentido histórico do processo de racionalização O exercício da autoridade racional depende de um quadro administrativo hierarquizado e profissional, que se caracteriza pela existência de uma burocracia O sentido histórico do processo de racionalização é uma crescente transformação dos modos informais e tradicionais de legitimidade em instituições organizadas racionalmente, impessoal e legalmente legítimas
  • 89. 3 Desencantar o mundo Formação do Estado moderno e capitalismo, e seus dois aspectos: Lógica da racionalidade, da obediência à lei e treinamento das pessoas para administrar as tarefas burocráticas do Estado a) Constituição de um direito racional b) Constituição de uma administração racional em moldes burocráticos
  • 90. 3 Desencantar o mundo Formação do Estado moderno e capitalismo, e seus dois aspectos: a) Oferece as garantias contratuais e a codificação básica das relações de troca econômica e troca política que os sustentam b) Desenvolvimento da empresa capitalista moderna oferece o modelo para a constituição da empresa de dominação política própria do capitalismo, o Estado burocrático