O documento discute os deveres dos pais e filhos na família. Apresenta a família de Nazaré como exemplo a ser seguido, onde José, Maria e Jesus mostram amor, respeito e oração. Também destaca a importância do diálogo, perdão e exemplo na educação dos filhos.
1. Introdução
Origem da palavra.
A família é o alicerce para a vida. Quando amamos, respeitamos e
perdoamos nossos familiares conseguimos paz e sucesso.
Capítulo I
Deveres dos pais
Os pais devem amar e educar seus filhos, precisam dar testemunho,
ter responsabilidade, respeito, perdão e fidelidade. Educar exige muito
compromisso, tempo e entrega total.
A personalidade da criança e do adolescente se estrutura/ molda
essencialmente no meio familiar. Os pais, responsáveis pela educação e
orientação de seus filhos, devem assumir o seu papel, dialogar, impor limites,
regras, transmitir valores éticos para que os filhos sejam capazes de viver em
sociedade e obedecer as regras básicas de convivência.
Os pais sendo casados ou não, são os primeiros responsáveis pela
educação de seus filhos, desta forma, devem identificar o que gostam, quem
são seus amigos, quais são seus sonhos, ouvir suas experiências. Também
têm o compromisso de saber a rotina, onde e com quem estão, o que fazem,
que horário chegam e saem.
O capítulo trinta do livro do Eclesiático explica muito bem o dever dos
pais. “Aquele que dá ensinamentos ao seu filho será louvado e entre os
familiares, se glorificará dele. O pai morre e é como se este não morresse, pois
deixa depois de si o seu semelhante. Durante a sua vida viu o seu filho e nele
se alegrou; quando chegar a hora de morrer não ficará aflito. Quem muito mima
os seus filhos terá que lhes pensar nas feridas e a qualquer dos seus gritos as
suas entradas se comoverão. Educa o teu filho, esforça-te para formá-lo para
que ele não desonre a tua vida.”
Muitos pais sentem-se perdidos, não sabem o que fazer, que atitude
tomar, e em muitos casos transferem a responsabilidade para outras esferas
2. da sociedade. A educação dos filhos deve ser baseada num ambiente familiar
de paz, carinho e diálogo, sem transferências de responsabilidades ao Estado,
representado pela figura da escola, do Promotor de Justiça, Juiz de Direito ou
do Conselho Tutelar. O direito/dever dos pais de educar seus filhos implica,
necessariamente, imposição de limites, meios e modos de correção, bem como
quanto à sua finalidade, que é essencialmente educativa.
A Constituição Federal, em seu artigo 227, atribui à família o dever de
educar, bem como o dever de convivência e o respeito à dignidade dos filhos,
devendo esta sempre primar pelo desenvolvimento saudável do menor. O
artigo 229 da Constituição Federal, também atribui aos pais o dever de assistir,
criar e educar os filhos.
Ademais, a Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do adolescente (ECA),
evidenciam a existência de deveres intrínsecos ao poder familiar, conferindo
aos pais obrigações não somente do ponto de vista material, mas
especialmente afetivas, morais e psíquicas. Já o artigo 3º do ECA preceitua
que toda criança e adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, a fim de lhes proporcionar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
dignidade.
A Lei 10.406/2002, o atual Código Civil brasileiro (CCB), em seu artigo
1.634, impõe entre os deveres conjugais, o de sustento, criação, guarda,
companhia e educação dos filhos (1.566, IV). Já os artigos 1.583 a 1.590, do
mesmo diploma, preceituam sobre a proteção dos filhos em caso de
rompimento da sociedade conjugal.
Os pais que se omitirem quanto ao direito dos filhos, sobretudo, à
convivência familiar, estão descumprindo com a sua obrigação legal,
acarretando sequelas ao desenvolvimento moral, psíquico e socioafetivo dos
filhos. Uma vez caracterizada a ofensa aos direitos fundamentais da criança, os
pais ou qualquer outro que detenha a guarda de uma criança ou adolescente,
estão sujeitos às penalidades de natureza preventiva e punitiva, ou ainda
segundo entendimento de alguns juristas e doutrinadores, a reparação dos
danos causados, mesmo que seja exclusivamente de cunho moral, com base
no princípio da dignidade da pessoa humana.
3. Como educar?
Sabemos que não existe uma receita pronta, faça assim que dá certo.
Cada ser humano, é um ser único, com talentos, habilidades e competências
diferentes, cabem aos pais buscarem inspiração divina, rezar constantemente
para tomar as melhores atitudes. Os pais têm a missão de evangelizar seus
filhos, ensinando o amor de Deus, inserindo-os em uma religião.
O exemplo é a melhor maneira de educar os filhos, como também
reconhecer diante deles os próprios erros, desta maneira, será mais fácil guiá-
los e corrigi-los no tempo oportuno.
Ouvir, dialogar é fundamental nesta missão tão delicada e ao mesmo
tempo tão feliz que é ser pai e ser mãe. Como nunca se viu as pessoas tem
dificuldades de parar e ouvir os outros. Se os filhos não encontrarem este
apoio, este porto seguro no colo e no coração dos pais, irão fatalmente
encontrar lá fora. E na maioria das vezes em meio às drogas, prostituição e
outros mais. Para isso, voltamos nossos olhos para o testemunho conjugal e a
oração, onde buscamos as forças necessárias para vivenciar as experiências
de amor e perdão diários. O diálogo de Maria direcionou para Jesus, quando
faltou o vinho nas Bodas de Cana: “ façam tudo o que Ele vos disser ”. Ela deu
com isso a grande receita de como deve ser o diálogo dos pais com os filhos
quando eles percebem que falta algo em suas vidas.
O perdão é o remédio para todas as doenças. Desta forma, os pais
devem perdoar os filhos com a alma. A reconciliação, o arrependimento são
degraus para a união familiar e a melhoria da qualidade de vida.
A oração é a força mais poderosa para unir, organizar e recuperar a
família. É através dela que ocorre o perdão e a cura de todos os males. O texto
do evangelho de São Lucas, capítulo 15, dos versículos 11-32, mostra
claramente o pai perdoando seu filho mais novo. Esta parábola é um exemplo
extraordinário para todos nós.
“Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: „Pai, daí-
me a parte da herança que me cabe‟. E o pai dividiu os bens entre eles.
Poucos dias depois o filho mais novo juntou o que era seu e partiu
para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando
tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele
começou a passar necessidade.
4. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu
campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os
porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
Então caiu em si e disse: ‟Quantos empregados do meu pai têm pão
com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou-me embora, vou voltar para
meu pai e dizer-lhe: „Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser
chamado de teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados‟.
Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu
pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o
de beijos.
O filho então disse: ‟Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço
ser chamado teu filho‟.
Mas o pai disse aos empregados: ‟Trazei depressa a melhor túnica
para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias em seus pés.
Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este
meu filho estava morto tornou a viver; estava perdido e foi encontrado‟. E
começaram a festa.
O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu
música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que
estava acontecendo.
O criado respondeu: ‟É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho
gordo, porque o recuperou com saúde‟.
Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com
ele. Ele porem, respondeu ao pai: ‟Eu trabalho para há tantos anos, jamais
desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu
festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus
bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado‟.
Então o pai lhe disse: ‟Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é
meu é teu. “Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão
estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado‟”.
A melhor herança que os pais podem deixar aos filhos é o exemplo, os
valores como dignidade e a honestidade. Os ensinamentos dos pais jamais são
esquecidos pelos filhos. A lembrança de uma palavra, gesto, carinho e amor
são guardados a sete chaves. O dinheiro pode acabar ou tomar outros rumos,
5. mas as boas obras permanecem. Assim os pais continuam vivos em cada ato
de seus filhos.
Deveres dos filhos
Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra
que o Senhor, teu Deus, te dá (Ex 20,12).
As pessoas mais importantes de nossas vidas são nossos pais, a
quem devemos dedicar toda nossa honra, carinho e amor. Devemos aceitar
nossos pais como são e enxergá-los como luz. Agradecê-los a cada dia.
O pai e a mãe são nossos tesouros, a razão do nosso viver. Quando
amamos e respeitamos nossos pais temos prosperidade e paz. O respeito
pelos pais é produto do reconhecimento para com aqueles que, pelo dom da
vida, por seu amor e por seu trabalho puseram seus filhos no mundo e
permitiram que crescessem em estatura, em sabedoria e graça.
“Meu filho, guarda os preceitos de teu pai, não rejeites a instrução de
tua mãe... Quando caminhares, te guiarão; quando descansares, te guardarão,
quando despertares, te falarão” (Pr 6, 20-22)
A obediência verdadeira, o respeito precisam ser resgatados, quantos
filhos não respeitam seus pais, vivem como eles não existissem, essa realidade
é lastimável, provoca muita tristeza e sofrimento.
O Senhor glorificou o pai nos filhos e fortaleceu a autoridade da mãe
sobre a pole. Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados; o que
honra sua mãe é como quem junta um tesouro. Aquele que respeita o pai
encontrará alegria nos filhos e nos dias de sua oração será atendido. Aquele
que honra o pai viverá muito, e o que obedece ao Senhor alegrará sua mãe
(Eclo 3, 2-6).
Temos qualidade de vida quando estamos em harmonia com nossos
pais, tendo boa vontade em ajudá-los em todas as situações. É dever dos filhos
cuidar de seus pais na velhice, dando amor e ajuda material, compartilhando
com os irmãos a doença e qualquer problema que afete a família. O próprio
Jesus nos ensina:
“Filho, cuida de teu pai na velhice, não o desgostes em vida. Mesmo
se seu entendimento faltar, sê indulgente com ele, não o menosprezes, tu que
6. estás em pleno vigor... É como um blasfemador aquele que despreza seu pai, e
um amaldiçoado pelo Senhor aquele que irrita sua mãe” ( Eclo 3, 12-16).
Como é gratificante os filhos agradecer aos pais e compartilhar com os
irmãos os desafio da vida, a vida só tem sentido quando honramos nossos pais
e vivemos os ensinamentos de Cristo.
A sagrada família ensina cada família a deixar-se conduzir por
Deus
Deus em sua infinita misericórdia deixou marcado os ensinamentos e o
poder da família de Nazaré. O sonho de toda família é ter um pai como José,
uma mãe como Maria e um filho como Jesus. A família de Nazaré é um grande
exemplo a ser seguida e imitada, porque o mais importante para eles é o amor,
o respeito e a oração.
Toda mulher sonha em ter um esposo como José, homem honesto,
trabalhador, fiel e companheiro. Pai exemplar, dedicado, respeitável e
responsável.
José foi e é um exemplo para todos os pais de família, nunca
reclamou, sempre esteve disponível para ajudar Maria Santíssima em todas as
suas necessidades. Quantos maridos são egoístas, esquecem a esposa e os
filhos, trocam a família pelo bar, festas com os amigos, trabalhos excessivos,
facebook, etc.
Ser José nos dias atuais é partilhar uma vida familiar responsável,
construída com fé, perseverança e muita oração.
O homem também sonha em ter uma esposa como Maria. Mulher fiel a
Deus, fé inabalável, simples e doce. Mãe pura, carinhosa, dedicada, protetora e
amiga.
Maria é sonho de mãe porque derrama esperança, desperta para o
bem, ensina a justiça e é luz para a humanidade. Ela é inspiração para todas
as mulheres, exemplo a ser seguido. Muitas mulheres vão de encontro ao
ensinamento de Maria, não valorizam a família, são péssimas mães, esposas
infiéis, desprezam seus filhos, judiam dos pais.
7. A escolha de Maria deve-se também a excelente educação que seus
pais Ana e Joaquim lhe deram, vida em oração, bondade e simplicidade, assim
Deus confiou seu Filho a Virgem Mãe de Deus.
A família de Nazaré nos dá uma lição de vida familiar. Como disse
Paulo VI: “Que Nazaré nos ensine o que é família, sua comunhão de amor, sua
beleza austera e simples, seu caráter sagrado e inviolável...”
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A união familiar é a alegria para a alma e o alimento para uma vida
plena. O ser humano só consegue ter realização pessoal e profissional quando
ama e honra sua família, ela é essência da vida. Se o indivíduo não consegue
se relacionar com os pais e os irmãos é incapaz de relacionar com os outros.
A partir da família que conquistamos tudo o que planejamos. E é por
ela que realizamos nossos projetos.
Vivemos em crise porque não amamos as pessoas mais importantes
de nossas vidas: nossos pais, irmãos, cunhados, sobrinhos, avós, tios, primos
e amigos.
Buscamos tantas coisas para viver bem no século XXI, mas o melhor
delas é esquecido que é o amor. O amor por nossas famílias. O entusiasmo em
cuidar de nossos pais principalmente na velhice.