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FALHAS NA RAQUIANESTESIA:
PORQUE E	
  COMO TRATAR?
Antonio	
  Roberto	
  Carraretto,	
  MSc,PhD,TSA-­‐SBA
Responsável CET	
  Integrado HUCAM-­‐HAFPES
Professor	
  AnestesiologiaUFES
Membro CNT-­‐SBA
2015
LABAT G.	
  
REGIONAL	
  ANESTHESIA:	
  ITS	
  TECHNIC	
  AND	
  CLINICAL	
  
APPLICATION.
PHILADELPHIA,	
  PA:	
  WB	
  SAUNDERS	
  COMPANY,	
  1922
Two	
  conditions	
  are,	
  therefore,	
  absolutely	
  
necessary	
  to	
  produce	
  spinal	
  anesthesia:	
  
puncture	
  of	
  the	
  dura mater	
  and	
  
subarachnoid	
  injection	
  of	
  an	
  anesthetic	
  agent.
Gaston	
  Labat,	
  1922
2
Ano Autor Tipo Incidência (%)
1968 Moore Retrospectivo 0,46
1980 Moore Prospectivo 14-­‐16
1982 Moore Prospectivo 10,6
1982 Bridenbaugh Prospectivo 5
1985 Levy Retrospectivo 17
1986 Smith Retrospectivo 5	
  -­‐ com	
  ADR	
  /	
  35	
  sem ADR
1987 Manchikanti Retrospectivo 3
1988 Munhall Prospectivo 4
1991 Tarkkila Prospectivo 3,1
1995 Imbelloni Prospectivo 8,3
2000 Fortis Prospectivo 1,3
2009 Sng Prospectivo 0,5-­‐4
RAQUIANESTESIA FALHA?
3
FASES DA	
  RAQUIANESTESIA
Escolha	
  do	
  fármaco	
  (+	
  adjuvantes?)	
  
Punção	
  lombar
Injeção	
  da	
  solução	
  anestésica
Dispersão	
  do	
  anestésico	
  local	
  no	
  LCR
Ação	
  do	
  fármaco	
  nas	
  raízes	
  nervosas	
  espinhais
Controle	
  do	
  paciente
FÁRMACO	
  CORRETO
DOSE	
  CORRETA	
  -­‐ LOCAL	
  CORRETO
4
CAUSAS DAS	
  FALHAS
FATORES	
  RELACIONADOS	
  COM	
  a	
  (o):
Técnica
Paciente
AnestésicoLocal
5
Fatores relacionados com	
  a
TÉCNICA
6
ERROS	
  TÉCNICOS
Sedação adequada /	
  Comunicação
Posicionamento do	
  paciente
Infiltração adequada
Ângulo de	
  inserção
Falso	
  diagnóstico	
  de	
  punção	
  liquórica
Uso	
  excessivo	
  de	
  AL	
  na	
  infiltração
Agulha obstruída (sem mandril)
7
ERROS	
  TÉCNICOS
ERRO NA INJEÇÃO DA	
  SOLUÇÃO ANESTÉSICA
Dose	
  inadequada de	
  AL
Perda de	
  AL	
   na injeção
Deslocamento da	
  agulha
8
Fatores relacionados com	
  o
PACIENTE
9
FATORES RELACIONADOS COM	
  O
PACIENTE
Alterações anatômicas
Resistência ao anestésico local
10
ALTERAÇÕES	
  ANATÔMICAS
DISPERSÃO	
  INADEQUADA
Obesidade
Cirurgias prévias
Cifose,	
  escoliose,	
  calcificações
Cistos	
  extradurais:	
  
v Sinovial,	
  Gangliônico,	
  Aracnóide,	
  Dermóide,	
  
Cisto	
  de	
  Tarlov,	
  Neuroma	
  Cístico
11
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS
DISPERSÃO	
  INADEQUADA
Trabéculas	
  no	
  espaço	
  subaracnóideo
Ectasia dural
Canal	
  espinhal	
  lombar	
  muito	
  longo
Cistos	
  subcutâneos
Volume	
  do	
  LCR	
  lombar	
  acima	
  do	
  habitual
12
DISPERSÃO	
  	
  INADEQUADA
Densidade	
  da	
  solução	
  /	
  Gravidade
Anesthesiology	
   10	
  1991,	
  Vol.75,	
  684-­‐692.
13
RESISTÊNCIA	
  AO	
  ANESTÉSICO	
  LOCAL
A	
  series	
  of	
  truly	
  failed	
  spinal	
  anesthetics.
Schmidt	
  SI	
  et	
  al.	
  J	
  Clin Anesth.	
  1990;	
  2(5):336-­‐8.
• Relative	
  Resistance	
  to	
  Intrathecal Local	
  Anesthetics.
Bevacqua BK	
  and	
  Cleary	
  WF.	
  Anesth Analg1994;78:1024-­‐6.
• Effect	
  of	
  previous	
  scorpion	
  bite(s)	
  on	
  the	
  action	
  of	
  
intrathecal	
  bupivacaine:	
  A	
  case	
  control	
  study.
Panditrao	
  MM	
  et	
  al.	
  Indian	
  J	
  Anaesth.	
  2013;	
  57:	
  236–40.
14
Fatores relacionados com	
  o
ANESTÉSICO	
  LOCAL
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AÇÃO INADEQUADA DO	
  AL
Injeção do	
  fármaco errado
Incompatibilidade química entre	
  
diferentes fármacos
Perda da	
  atividade do	
  AL
Resistência ao AL	
  – anormalidade
genética dos	
  canais de	
  sódio
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ALTERAÇÕES	
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17
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  estabilidade	
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indústria	
  farmacêutica	
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  da	
  raquianestesia,	
  mas	
  
é	
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  possibilidade	
  que	
  não deve	
  ser	
  
afastada”
Fettes et  al.  Failed spinal anaesthesia:  mechanisms,  management,  
and prevention.  Br J  Anaesth 2009;;  102:739-­48
18
TESTE DO	
  BLOQUEIO
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TESTE DO	
  BLOQUEIO
Não	
  chame	
  a	
  atenção	
  do	
  paciente
Não	
  teste	
  o	
  bloqueio	
  precocemente
Teste	
  o	
  bloqueio	
  sensorial	
  com	
  toque,	
  frio	
  ou	
  
picada	
  de	
  agulha,	
  iniciando	
  pelos	
  segmentos	
  
mais	
  baixos
Teste	
  o	
  bloqueio	
  motor	
  pedindo	
  ao	
  paciente	
  
que	
  levante	
  os	
  MMII
Após	
  testes	
  iniciais:	
  Teste	
  com	
  pinça	
  de	
  
dissecção	
  pelo	
  cirurgião,	
  antes	
  da	
  cirurgia
20
FALHAS:	
  PARCIAL X	
  	
  	
  TOTAL
Extensão
Qualidade Duração
21
CARACTERÍSTICA DA	
  FALHA
Ausência de	
  bloqueio
Nível insuficiente
Bloqueio unilateral
Bloqueio com	
  nível -­‐ com	
  intensidade
(motora ou sensitiva)	
  insuficiente para o	
  
procedimento cirúrgico
MOMENTO	
  DO	
  DIAGNÓSTICO
v Antes	
  do	
  início da	
  cirurgia
v Após o	
  inícioda	
  cirurgia
22
CONDUTAS NA FALHA PARCIAL
MANOBRAS	
  PARA	
  MELHORAR	
  A	
  QUALIDADE
Flexione os quadris e	
  os joelhos do	
  paciente
Altere a	
  posição da	
  mesa
Se	
  foi utilizado AL	
  isobárico (levemente
hipobárico),	
  sente a	
  paciente com	
  os devidos
cuidados
23
Cirurgia não iniciada:
v Repetir a	
  raquianestesia
(menor dose	
  dos	
  fármacos)
v Raqui-­‐peridural combinadas ou
v Anestesia geral
Cirurgia já iniciada:	
  
v Sedação e/ou analgesia	
  (cuidadosas)
v Anestesia geral
CONDUTAS NA FALHA PARCIAL
24
CONDUTAS NA FALHA TOTAL
Repetir	
  o	
  bloqueio
Mudar	
  a	
  técnica
v raqui-­‐peridural	
  combinadas	
  ou	
  
v anestesia	
  geral
25
PREVENÇÃO DAS	
  FALHAS
Avaliação	
  Pré-­‐Anestésica
Não	
  introduza	
  a	
  agulha	
  sem	
  mandril	
  posicionado
Conexão	
  Agulha-­‐Seringa
Deslocamento	
  anterior	
  ou	
  posterior	
  da	
  agulha	
  
(aspire	
  LCR	
  para	
  confirmar	
  o	
  posicionamento)
26
PREVENÇÃO DAS	
  FALHAS
Adjuvantes	
  melhoram	
  a	
  qualidade	
  e	
  duração	
  
História	
  de	
  falha	
  em	
  bloqueios	
  anteriores	
  deve	
  
ser	
  conduzido	
  por	
  anestesiologista experiente
Dúvida	
  da	
  localização	
  da	
  agulha	
  =	
  NÃO	
  injete
Fixe	
  adequadamente	
  o	
  	
  cateter
Teste	
  o	
  bloqueio	
  antes	
  do	
  início	
  da	
  cirurgia
27
Anesthesiology,	
   V	
  115	
  •	
  No	
  1	
  94	
  July	
  2011
What	
  This	
  Article	
  Tells	
  Us	
  That	
  Is	
  New.
In	
  120	
  patients	
  with	
  obesity,	
  moderate	
  to	
  
severe	
  lumbar	
  scoliosis,	
  or	
  previous	
  lumbar	
  
spinal	
  surgery,	
  ultrasound	
  imaging	
  before	
  
needle	
  insertion	
  added	
  6	
  min	
  to	
  the	
  
procedure	
  time	
  but	
  reduced	
  the	
  number	
  of	
  
passes	
  for	
  spinal	
  needle	
  insertion.
28
Neurologic	
  Symptom	
  Associated	
  with	
  a	
  Repeated	
  
Injection	
  after	
  Failed	
  Spinal	
  Anesthesia.
Yoshihiro	
  Hirabayashi, Ruriko Konishi, Reiju Shimizu,	
  
Anesthesiology	
  11	
  1998,	
  Vol.89,	
  1294-­‐1295.
REPETIR	
  O	
  BLOQUEIO?	
  	
  NÃO
Repeat	
  Injection	
  after	
  a	
  “Failed	
  Spinal”:	
  
At	
  Times,	
  a	
  Potentially	
  Unsafe	
  Practice.
Drasner K,	
  Rigler ML.	
  Anesthesiology	
  10	
  1991,	
  Vol.75,	
  
713.
29
REPETIÇÃO DO	
  BLOQUEIO
Dependendo	
  da	
  causa,	
  o	
  bloqueio	
  pode	
  falhar	
  
novamente
Presença	
  de	
  barreiras	
  no	
  espaço	
  subaracnóideo	
  
podem	
  também	
  existir	
  no	
  espaço	
  epidural e	
  
vice-­‐versa
A	
  segunda	
  injeção	
  pode	
  resultar	
  em	
  alta	
  
concentração	
  de	
  AL	
  em	
  determinada	
  área,	
  
podendo	
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  lesões	
  neurológicas
30
REPETIÇÃO DO	
  BLOQUEIO
Principalmente	
  após	
  um	
  bloqueio	
  insuficiente,	
  
pode	
  haver	
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  excessiva	
  do	
  AL
O	
  saco	
  dural é	
  comprimido	
  por	
  injeção	
  epidural
prévia
O	
  tecido	
  adjacente	
  ao	
  nervo	
  pode	
  estar	
  sob	
  
efeito	
  do	
  AL	
  previamente	
  injetado,	
  
aumentando	
  o	
  risco	
  de	
  trauma	
  direto
31
REPETIR	
  O	
  BLOQUEIO?	
  	
  SIM
How	
  to	
  Proceed	
  Following	
  a	
  “Failed	
  Spinal”
v EZZAT	
  ABOULEISH.	
  Anesthesiology	
  76,	
  476,	
  1992.
• Esperar o	
  tempo	
  para a	
  instalação.
• Não adicionar ADR	
  ou opióide.
• Utilizar dose	
  menor de	
  AL.
32
BLOQUEIO COMBINADO:	
  RAQUI+PERI
Espaço diferente da	
  raquianestesia inicial
Menor dose	
  no	
  subaracnóideo
Anestesiaperidural,	
  se	
  nova	
  falha ocorrer
Cuidado com	
  o	
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  bloqueio
(Hoppe &  Popham.  Int J  Obstet Anesth.  2007;;  16:  250-­255)
33
DURAÇÃO INSUFICIENTE
Suplementação com	
  sedação e/ou
analgesia	
  sistêmica
Infiltração com	
  AL	
  pelo cirurgião
Converter	
  para anestesia geral
34
CONDUTA APÓS A	
  FALHA
Documentação da	
  ocorrência
Orientação do	
  paciente
Seguimento clínico quando indicado
Investigar a	
  eficácia do	
  anestésicolocal
Fettes e  col.  Failed spinal anaesthesia:  mechanisms,  
management,  and prevention.  Br J  Anaesth 2009;;  102:739-­48
35
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  • 1. FALHAS NA RAQUIANESTESIA: PORQUE E  COMO TRATAR? Antonio  Roberto  Carraretto,  MSc,PhD,TSA-­‐SBA Responsável CET  Integrado HUCAM-­‐HAFPES Professor  AnestesiologiaUFES Membro CNT-­‐SBA 2015
  • 2. LABAT G.   REGIONAL  ANESTHESIA:  ITS  TECHNIC  AND  CLINICAL   APPLICATION. PHILADELPHIA,  PA:  WB  SAUNDERS  COMPANY,  1922 Two  conditions  are,  therefore,  absolutely   necessary  to  produce  spinal  anesthesia:   puncture  of  the  dura mater  and   subarachnoid  injection  of  an  anesthetic  agent. Gaston  Labat,  1922 2
  • 3. Ano Autor Tipo Incidência (%) 1968 Moore Retrospectivo 0,46 1980 Moore Prospectivo 14-­‐16 1982 Moore Prospectivo 10,6 1982 Bridenbaugh Prospectivo 5 1985 Levy Retrospectivo 17 1986 Smith Retrospectivo 5  -­‐ com  ADR  /  35  sem ADR 1987 Manchikanti Retrospectivo 3 1988 Munhall Prospectivo 4 1991 Tarkkila Prospectivo 3,1 1995 Imbelloni Prospectivo 8,3 2000 Fortis Prospectivo 1,3 2009 Sng Prospectivo 0,5-­‐4 RAQUIANESTESIA FALHA? 3
  • 4. FASES DA  RAQUIANESTESIA Escolha  do  fármaco  (+  adjuvantes?)   Punção  lombar Injeção  da  solução  anestésica Dispersão  do  anestésico  local  no  LCR Ação  do  fármaco  nas  raízes  nervosas  espinhais Controle  do  paciente FÁRMACO  CORRETO DOSE  CORRETA  -­‐ LOCAL  CORRETO 4
  • 5. CAUSAS DAS  FALHAS FATORES  RELACIONADOS  COM  a  (o): Técnica Paciente AnestésicoLocal 5
  • 6. Fatores relacionados com  a TÉCNICA 6
  • 7. ERROS  TÉCNICOS Sedação adequada /  Comunicação Posicionamento do  paciente Infiltração adequada Ângulo de  inserção Falso  diagnóstico  de  punção  liquórica Uso  excessivo  de  AL  na  infiltração Agulha obstruída (sem mandril) 7
  • 8. ERROS  TÉCNICOS ERRO NA INJEÇÃO DA  SOLUÇÃO ANESTÉSICA Dose  inadequada de  AL Perda de  AL   na injeção Deslocamento da  agulha 8
  • 9. Fatores relacionados com  o PACIENTE 9
  • 10. FATORES RELACIONADOS COM  O PACIENTE Alterações anatômicas Resistência ao anestésico local 10
  • 11. ALTERAÇÕES  ANATÔMICAS DISPERSÃO  INADEQUADA Obesidade Cirurgias prévias Cifose,  escoliose,  calcificações Cistos  extradurais:   v Sinovial,  Gangliônico,  Aracnóide,  Dermóide,   Cisto  de  Tarlov,  Neuroma  Cístico 11
  • 12. ALTERAÇÕES ANATÔMICAS DISPERSÃO  INADEQUADA Trabéculas  no  espaço  subaracnóideo Ectasia dural Canal  espinhal  lombar  muito  longo Cistos  subcutâneos Volume  do  LCR  lombar  acima  do  habitual 12
  • 13. DISPERSÃO    INADEQUADA Densidade  da  solução  /  Gravidade Anesthesiology   10  1991,  Vol.75,  684-­‐692. 13
  • 14. RESISTÊNCIA  AO  ANESTÉSICO  LOCAL A  series  of  truly  failed  spinal  anesthetics. Schmidt  SI  et  al.  J  Clin Anesth.  1990;  2(5):336-­‐8. • Relative  Resistance  to  Intrathecal Local  Anesthetics. Bevacqua BK  and  Cleary  WF.  Anesth Analg1994;78:1024-­‐6. • Effect  of  previous  scorpion  bite(s)  on  the  action  of   intrathecal  bupivacaine:  A  case  control  study. Panditrao  MM  et  al.  Indian  J  Anaesth.  2013;  57:  236–40. 14
  • 15. Fatores relacionados com  o ANESTÉSICO  LOCAL 15
  • 16. AÇÃO INADEQUADA DO  AL Injeção do  fármaco errado Incompatibilidade química entre   diferentes fármacos Perda da  atividade do  AL Resistência ao AL  – anormalidade genética dos  canais de  sódio 16
  • 17. ALTERAÇÕES  DOS  FÁRMACOS Alterações do  AL Misturas Adjuvantes 17
  • 18. “A  estabilidade  química  dos  AL  tipo   amida  e  os  padrões  modernos  da   indústria  farmacêutica  tornam  a   inatividade  do  fármaco  uma  causa  pouco   provável  de  falha  da  raquianestesia,  mas   é  uma  possibilidade  que  não deve  ser   afastada” Fettes et  al.  Failed spinal anaesthesia:  mechanisms,  management,   and prevention.  Br J  Anaesth 2009;;  102:739-­48 18
  • 20. TESTE DO  BLOQUEIO Não  chame  a  atenção  do  paciente Não  teste  o  bloqueio  precocemente Teste  o  bloqueio  sensorial  com  toque,  frio  ou   picada  de  agulha,  iniciando  pelos  segmentos   mais  baixos Teste  o  bloqueio  motor  pedindo  ao  paciente   que  levante  os  MMII Após  testes  iniciais:  Teste  com  pinça  de   dissecção  pelo  cirurgião,  antes  da  cirurgia 20
  • 21. FALHAS:  PARCIAL X      TOTAL Extensão Qualidade Duração 21
  • 22. CARACTERÍSTICA DA  FALHA Ausência de  bloqueio Nível insuficiente Bloqueio unilateral Bloqueio com  nível -­‐ com  intensidade (motora ou sensitiva)  insuficiente para o   procedimento cirúrgico MOMENTO  DO  DIAGNÓSTICO v Antes  do  início da  cirurgia v Após o  inícioda  cirurgia 22
  • 23. CONDUTAS NA FALHA PARCIAL MANOBRAS  PARA  MELHORAR  A  QUALIDADE Flexione os quadris e  os joelhos do  paciente Altere a  posição da  mesa Se  foi utilizado AL  isobárico (levemente hipobárico),  sente a  paciente com  os devidos cuidados 23
  • 24. Cirurgia não iniciada: v Repetir a  raquianestesia (menor dose  dos  fármacos) v Raqui-­‐peridural combinadas ou v Anestesia geral Cirurgia já iniciada:   v Sedação e/ou analgesia  (cuidadosas) v Anestesia geral CONDUTAS NA FALHA PARCIAL 24
  • 25. CONDUTAS NA FALHA TOTAL Repetir  o  bloqueio Mudar  a  técnica v raqui-­‐peridural  combinadas  ou   v anestesia  geral 25
  • 26. PREVENÇÃO DAS  FALHAS Avaliação  Pré-­‐Anestésica Não  introduza  a  agulha  sem  mandril  posicionado Conexão  Agulha-­‐Seringa Deslocamento  anterior  ou  posterior  da  agulha   (aspire  LCR  para  confirmar  o  posicionamento) 26
  • 27. PREVENÇÃO DAS  FALHAS Adjuvantes  melhoram  a  qualidade  e  duração   História  de  falha  em  bloqueios  anteriores  deve   ser  conduzido  por  anestesiologista experiente Dúvida  da  localização  da  agulha  =  NÃO  injete Fixe  adequadamente  o    cateter Teste  o  bloqueio  antes  do  início  da  cirurgia 27
  • 28. Anesthesiology,   V  115  •  No  1  94  July  2011 What  This  Article  Tells  Us  That  Is  New. In  120  patients  with  obesity,  moderate  to   severe  lumbar  scoliosis,  or  previous  lumbar   spinal  surgery,  ultrasound  imaging  before   needle  insertion  added  6  min  to  the   procedure  time  but  reduced  the  number  of   passes  for  spinal  needle  insertion. 28
  • 29. Neurologic  Symptom  Associated  with  a  Repeated   Injection  after  Failed  Spinal  Anesthesia. Yoshihiro  Hirabayashi, Ruriko Konishi, Reiju Shimizu,   Anesthesiology  11  1998,  Vol.89,  1294-­‐1295. REPETIR  O  BLOQUEIO?    NÃO Repeat  Injection  after  a  “Failed  Spinal”:   At  Times,  a  Potentially  Unsafe  Practice. Drasner K,  Rigler ML.  Anesthesiology  10  1991,  Vol.75,   713. 29
  • 30. REPETIÇÃO DO  BLOQUEIO Dependendo  da  causa,  o  bloqueio  pode  falhar   novamente Presença  de  barreiras  no  espaço  subaracnóideo   podem  também  existir  no  espaço  epidural e   vice-­‐versa A  segunda  injeção  pode  resultar  em  alta   concentração  de  AL  em  determinada  área,   podendo  ocorrer  lesões  neurológicas 30
  • 31. REPETIÇÃO DO  BLOQUEIO Principalmente  após  um  bloqueio  insuficiente,   pode  haver  dispersão  excessiva  do  AL O  saco  dural é  comprimido  por  injeção  epidural prévia O  tecido  adjacente  ao  nervo  pode  estar  sob   efeito  do  AL  previamente  injetado,   aumentando  o  risco  de  trauma  direto 31
  • 32. REPETIR  O  BLOQUEIO?    SIM How  to  Proceed  Following  a  “Failed  Spinal” v EZZAT  ABOULEISH.  Anesthesiology  76,  476,  1992. • Esperar o  tempo  para a  instalação. • Não adicionar ADR  ou opióide. • Utilizar dose  menor de  AL. 32
  • 33. BLOQUEIO COMBINADO:  RAQUI+PERI Espaço diferente da  raquianestesia inicial Menor dose  no  subaracnóideo Anestesiaperidural,  se  nova  falha ocorrer Cuidado com  o  nível do  bloqueio (Hoppe &  Popham.  Int J  Obstet Anesth.  2007;;  16:  250-­255) 33
  • 34. DURAÇÃO INSUFICIENTE Suplementação com  sedação e/ou analgesia  sistêmica Infiltração com  AL  pelo cirurgião Converter  para anestesia geral 34
  • 35. CONDUTA APÓS A  FALHA Documentação da  ocorrência Orientação do  paciente Seguimento clínico quando indicado Investigar a  eficácia do  anestésicolocal Fettes e  col.  Failed spinal anaesthesia:  mechanisms,   management,  and prevention.  Br J  Anaesth 2009;;  102:739-­48 35