O documento discute padrões tomográficos comuns e não usuais de metástases pulmonares, incluindo múltiplos nódulos arredondados, linfangite carcinomatosa, cavitação, calcificação e hemorragia. Também menciona metástases pulmonares endobrônquicas e na forma de consolidação, além de tumores benignos como leiomioma uterino e meningioma que podem dar metástases para os pulmões. A TC é o método padrão para detecção de metá
1. Metástases pulmonares
Gustavo de Souza Portes Meirelles1
1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP
1 – Introdução
O pulmão é um sítio muito comum de metástases. Pacientes com neoplasias extratorácicas cursam com
metástases pulmonares na necropsia em 20-54% dos casos. Os locais mais comuns de origem de
metástases para os pulmões são mama, cólon, útero, rim e cabeça e pescoço. Alguns tumores, apesar de
raros, comumente dão metástases para o pulmão: coriocarcinoma, osteossarcoma, testículo, melanoma,
sarcoma de Ewing e tiróide.
O diagnóstico precoce de metástases pulmonares pode ser crítico para o tratamento adequado da
neoplasia de base e a tomografia computadorizada (TC) é o método considerado padrão áureo para a
detecção das mesmas. Recentemente, sua utilização juntamente à tomografia por emissão de pósitrons
(PET/CT) tem auxiliado na detecção de algumas metástases pulmonares.
2 – Padrões tomográficos das metástases pulmonares
Os achados radiológicos típicos de metástases pulmonares dependem da via de disseminação do tumor
primário. Se hematogênica, o padrão clássico de metástases nos pulmões é o de múltiplos nódulos ou
massas arredondados, geralmente periféricos, com dimensões variadas, predominando nos lobos inferiores
(figuras 1 e 2). Se a via de disseminação é linfática, o padrão é de linfangite carcinomatosa, e os principais
achados na TC são espessamentos septais irregulares, esboçando arcadas poligonais, associados a
nódulos e opacidades em vidro fosco (figuras 3 e 4).
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2. Figura 1. Câncer coloretal com metástases pulmonares. Múltiplos nódulos
esparsos com dimensões variadas, de predomínio periférico.
Figura 2. Metástases pulmonares de melanoma. Reparar nos múltiplos
nódulos pulmonares bilaterais e algumas massas esparsas.
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3. Figura 3. Padrão clássico na TC de linfangite carcinomatosa em paciente com
neoplasia maligna da mama. Espessamentos septais difusos, esboçando
arcadas poligonais, associados a micronódulos pulmonares.
Figura 4. Imagem do pulmão direito de paciente com neoplasia pulmonar (não
demonstrada nesta imagem) e linfangite carcinomatosa. Reparar no espessamento
septal irregular associado a micronódulos e opacidades em vidro fosco.
Apesar de as metástases pulmonares geralmente terem aspecto típico, há apresentações não usuais para
as mesmas. Estes padrões não usuais incluem calcificações, hemorragia, cavitação, lesões
endobrônquicas, nódulo solitário, entre outras.
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4. Cavitação é vista em cerca de 5% a 10 % das metástases pulmonares (figura 5), geralmente ocorrendo em
carcinomas escamosos da cabeça e pescoço, adenocarcinomas de mama ou do trato gastrointestinal e
sarcomas.
Figura 5. Múltiplos nódulos pulmonares cavitados. Metástases
hematogênicas de carcinoma escamoso da base da língua.
Apesar de nódulos pulmonares calcificados serem mais comumente benignos (granulomas), algumas
metástases podem se calcificar, como as de osteossarcomas ou condrossarcomas, adenocarcinomas
mucinosos do cólon e neoplasias da tiróide, mama e ovário (figura 6).
Figura 6. Paciente com osteossarcoma da coxa com nódulo pulmonar solitário, calcificado, captando o
radiofármaco na cintilografia óssea (setas). Metástase pulmonar calcificada de osteossarcoma.
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5. Algumas metástases pulmonares podem se acompanhar de hemorragia perilesional, com um halo de vidro
fosco ao redor dos nódulos (figura 7). Este padrão ocorre mais comumente em tumores agressivos, como
melanoma, coriocarcinoma e angiossarcoma.
Figura 7. Metástases pulmonares hemorrágicas de melanoma.
Reparar no halo de vidro fosco ao redor dos nódulos.
Outro padrão não usual é o de tumores dando metástases na forma de consolidações pulmonares (figura 8).
Sítios comuns são mama e trato gastrointestinal.
Figura 8. Câncer gástrico cursando com metástase no pulmão direito
que se apresenta na forma de consolidação única.
Metástases endobrônquicas não são usuais. Os sítios mais comuns são rim, mama e coloretal. O achado na
TC é de nódulo ou massa no interior de brônquios, geralmente acompanhado de atelectasia distal (figura 9).
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6. Figura 9. Metástase endobrônquica de câncer de cólon. Nódulo no interior de
brônquio para o lobo superior esquerdo, com atelectasia parcial distal.
Por fim, é importante lembrar que tumores benignos podem cursar com metástases pulmonares. Os dois
mais comuns são o leiomioma uterino (figura 10) e o meningioma (figura 11).
Figura 10. Múltiplos nódulos pulmonares compatíveis com
metástases de leiomiomas uterinos.
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7. Figura 11. Massas pulmonares bilaterais.
Metástases de meningioma da foice cerebral.
3 – Leitura recomendada
Seo JB, Im J, Goo JM et al. Atypical pulmonary metastases: spectrum of radiologic findings. Radiographics.
2001;21:403-417.
Woodard PK, Dehdashti F, Putman CE. Radiologic diagnosis of extrathoracic metastases to the lung.
Oncology 1998;12:431-8.
Hirakata K, Nakata H, Nakagawa T. CT of pulmonary metastases with pathological correlation. Semin
Ultrasound CT MR. 1995;16:379-94.
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