1. Tuberculose pulmonar
Gustavo de Souza Portes Meirelles1
1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP
1 – Introdução
A avaliação por imagem da tuberculose pulmonar é geralmente feita pela radiografia simples do tórax. Em
alguns casos, contudo, a tomografia computadorizada (TC) auxilia na avaliação, principalmente quando as
alterações são sutis, nos casos de discrepância clínico-radiológica e nos pacientes imunocomprometidos.
A forma primária da tuberculose ocorre após o primeiro contato com o agente. Geralmente afeta crianças e
compromete principalmente os lobos inferiores. Pode ser assintomática ou se assemelhar a uma pneumonia
bacteriana comunitária. Embora a TC seja raramente realizada nesta fase da doença, os achados de
imagem são muito semelhantes aos da pneumonia comunitária: consolidação lobar com broncograma
aéreo, por vezes associada a nódulos com distribuição centrolobular, cavidades e derrame pleural (figuras 1
e 2). Linfonodomegalias são comuns em crianças, podendo ser vistas em 90% a 95% dos casos.
Geralmente são hilares, unilaterais, mas podem ser bilaterais ou comprometer linfonodos mediastinais. Em
adultos linfonodomegalias são menos comumente encontradas (10% a 30% dos casos), a não ser nos
imunocomprometidos.
Figura 1. Forma primária de tuberculose pulmonar. Consolidação no pulmão direito,
com broncogramas aéreos. Aspecto idêntico ao de uma pneumonia lobar.
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 03 1
2. Figura 2. Consolidação no pulmão direito com pequena cavidade e broncogramas aéreos.
Associa-se a múltiplos nódulos centrolobulares ipsilaterais. Tuberculose primária.
Na fase de reativação (ou pós-primária) da tuberculose, a TC auxilia na avaliação da doença. Esta forma é
mais comumente vista em adultos e os achados predominam nos lobos superiores (mas podem ser
difusos). Os principais achados encontrados na TC são consolidação parenquimatosa, nódulos
centrolobulares (às vezes com aspecto de “árvore em brotamento”) e cavidades (figuras 3, 4, 5 e 6).
Figura 3. Forma pós-primária da tuberculose pulmonar. Consolidação
cavitada no pulmão esquerdo associada a nódulos centrolobulares.
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3. Figura 4. Pequena cavidade posterior no pulmão esquerdo associada a
múltiplos nódulos centrolobulares bilaterais, com aspecto de
“árvore em brotamento”. Forma reativada de tuberculose pulmonar.
Figura 5. Tuberculose pós-primária com múltiplos nódulos centrolobulares
esparsos, com aspecto de “árvore em brotamento”.
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4. Figura 6. Reativação de tuberculose com múltiplos nódulos esparsos,
centrolobulares, associados a consolidações parenquimatosas.
A tomografia auxilia também na avaliação de tuberculose em imunodeprimidos, principalmente na AIDS.
Nestes pacientes, formas atípicas da doença não são incomuns. Um dos padrões encontrados é o miliar,
com disseminação hematogênica e múltiplos pequenos nódulos pulmonares esparsos (figura 7).
Figura 7. Tuberculose miliar em paciente com AIDS. Múltiplos nódulos
pulmonares com disseminação hematogênica.
A tuberculose nos pacientes com AIDS pode também se apresentar como linfonodomegalias hilares ou
mediastinais com necrose. Nestes casos, a radiografia simples é muitas vezes normal; a TC é o método de
imagem de escolha (figura 8).
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5. Figura 8. Linfonodomegalia subcarinal com necrose central (seta).
Tuberculose em paciente com AIDS.
A TC pode ainda demonstrar alterações crônicas após a infecção por tuberculose, como bronquiectasias,
granulomas ou linfonodos calcificados (figuras 9 e 10).
Figura 9. Bronquiectasias no lobo superior esquerdo após infecção
por tuberculose.
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6. Figura 10. Nódulo calcificado no pulmão esquerdo associado a linfonodos
calcificados no hilo ipsilateral (setas). Este aspecto é compatível com complexo
primário após infecção por tuberculose.
Complicações da doença também podem ser detectadas pela TC. Dentre elas, destacam-se a colonização
de cavidades tuberculosas por fungos (aspergiloma ou bola fúngica – figura 11), mediastinite fibrosante e
estenoses brônquicas.
Figura 11. Cavidade de tuberculose no lobo superior esquerdo, colonizada por fungo.
Aspergiloma (bola fúngica).
2 – Leitura recomendada
Fraser RS et al. Diagnosis of diseases of the chest. 4th ed. 1999.
Leung AN et al. Radiology 1992;182:87.
Weber AL et al. AJR 1968;103:123.
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