SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 13
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Avaliação fisioterapêutica aquática




                 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA AQUÁTICA

                           Aquatic Physical Therapy Assessment

                                                                                         Andreane Daniele Barbosa1
                                                                                          Carla Regina de Camargo2
                                                                                            Eliani de Souza Arruda3
                                                                                                   Vera Lúcia Israel4


Resumo
           O presente artigo apresenta um roteiro de avaliação hidroterapêutica em solo e aquática utilizado em uma
           clínica de Fisioterapia, no setor de hidroterapia com piscina aquecida terapêutica, de uma universidade de
           grande porte. Teve por objetivo validar uma avaliação aquática criteriosa que contemple dados quantitativos
           e qualitativos do paciente avaliado. A metodologia utilizada neste estudo foi uma revisão bibliográfica prévia
           para fundamentar o estudo e na seqüência foi realizado um levantamento por amostragem com 55 (cinqüenta
           e cinco) fichas de avaliação hidroterapêutica. No processo de validação dos dados coletados foi possível
           identificar que um adequado roteiro de avaliação permitiu a identificação do perfil e das habilidades motoras
           aquáticas de cada paciente. Tal estudo se faz importante devido à escassez de literatura específica sobre
           avaliação hidroterapêutica e pela busca de desenvolver instrumentos de avaliação para alcançar as evidências
           científicas de modo claro, adequado e eficiente na metodologia de avaliação e intervenção no meio aquático.
           Palavras-chave: Fisioterapia Aquática; Avaliação de solo / aquática; Metodologia de avaliação.




1
    Fisioterapeuta formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR
    Email: andreane@pop.com.br.
2
    Fisioterapeuta formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR
    Email: carlarcamargo@yahoo.com.br
3
    Fisioterapeuta – Docente do curso de Fisioterapia da PUCPR
    Email: eliani.souza@pucpr.br
4
    Fisioterapeuta – Docente do curso de Fisioterapia da PUCPR
    Email: israel.v@pucpr.br




Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                               135
Andreane Daniele Barbosa et al.

Abstract
           This paper presents a script for hydrotherapy assessment on the ground and in the water used in a Physical
           Therapy clinic in the hydrotherapy department of a large university using a therapeutic heated pool. The
           purpose was to validate a careful aquatic assessment including quantitative and qualitative information on
           the patient assessed. The method used in this study was a previous bibliography review to provide a
           foundation to the study and then a survey by sampling was conducted with 55 (fifty-five) hydrotherapy
           assessment forms. In the process of validating the data collected it was found that a proper assessment script
           enabled the identification of the profile and aquatic motor skills of each patient. This study is important due
           to the lack of specific literature on hydrotherapy assessment and the search for the development of assessment
           instruments to clearly, properly and effectively obtain scientific evidence in assessment and treatment
           methods in the water.
           Keywords: Aquatic Physical Therapy; Ground/aquatic assessment; Assessment method




Introdução                                                      da moléstia atual, atividades aquáticas prévias,
                                                                contra-indicações relativas e absolutas em relação
          Com o passar dos anos, a Fisioterapia                 à terapia aquática, dados vitais, avaliação postural,
Aquática em piscina aquecida – uma intervenção                  avaliação funcional, exame físico geral e escala de
na água de origem milenar - difundiu-se acerca                  graduação da dor.
dos níveis de prevenção e recuperação cinético-                           Para Bates e Hanson (1), a avaliação deve
funcional terapêutica, tornando-se uma área de                  fornecer detalhes que possam destacar os resulta-
atuação de extrema importância para os profissio-               dos alcançados com o programa de intervenção,
nais fisioterapeutas.                                           devendo conter: informações do paciente, históri-
          É notável que a eficácia de uma terapia               co da patologia, sintomas, condição pós-cirúrgica,
aquática inicia-se, em grande parte, numa avalia-               anormalidades posturais, habilidades nas ativida-
ção bem planejada e conduzida, abrangendo to-                   des de vida diária ou capacidade funcional, ampli-
das as informações necessárias. Para Bates e                    tude articular do movimento ativa e passiva, testes
Hanson (1), um programa de Fisioterapia efetivo                 de resistência muscular, aparência e nível da dor.
começa com uma coleta de informações sobre o                              Campion (3) diz que freqüentemente a
paciente, de modo a poder avaliar com precisão a                avaliação em solo é considerada uma fonte de in-
gravidade da disfunção apresentada e determinar                 formações adequadas para se basear o programa
se ele será beneficiado com o exercício aquático                aquático.
terapêutico. Uma avaliação ampla e minuciosa é                            A avaliação em solo também deve alertar
essencial para a construção de um plano aquático                o fisioterapeuta para os problemas clínicos anteri-
de tratamento adequado para as necessidades e                   ores ou atuais que requeiram cuidados na prescri-
limitação de cada paciente (2).                                 ção de exercícios; tratamento medicamentoso que
          Assim, uma eficiente avaliação                        possa interferir o desempenho nos exercícios; for-
hidroterapêutica deve ser composta por duas par-                necer uma história de fatores de risco para doen-
tes: uma parte em solo e outra aquática. De acor-               ças e mostrar desempenho físico anterior ou con-
do com Campion (3), uma avaliação em solo é                     dição de atividade (4).
importante e os detalhes devem ser observados                             Já para Skinner e Thomson (5), o fisiotera-
pelo fisioterapeuta que conduz o paciente para o                peuta deve examinar o paciente de modo comple-
tratamento aquático. Uma avaliação baseada na                   to e certificar-se de que todas as contra-indicações
mesma seqüência deve ser realizada na água, mas                 peculiares à hidroterapia ou Fisioterapia aquática
é preciso levar em consideração um número adici-                sejam excluídas. Esta verificação é necessária em
onal de fatores que envolvem o indivíduo em                     uma avaliação inicial e antes da entrada na piscina,
movimento no meio líquido, tais como forma, in-                 à procura do aparecimento de contra-indicações
tensidade, ritmo, entre outros fatores, com aten-               após início do tratamento. Na avaliação aquática,
ção especial à atividade aquática.                              estes autores (5) discorrem que é necessária a ava-
          Dentro da avaliação em solo são neces-                liação dos efeitos da flutuação e do calor sobre, por
sários alguns itens como: dados pessoais, história              exemplo, a força muscular do paciente, amplitude



136                                         Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
Avaliação fisioterapêutica aquática

de movimentação das articulações, equilíbrio, ativi-                    O controle de diferentes variáveis na pis-
dades funcionais e teste de força muscular segundo            cina é complexo e exige um contínuo aperfeiçoa-
escala de Oxford adaptada para a água.                        mento dos instrumentos de avaliação para a Fisio-
          Koury (4) relata que a avaliação dentro             terapia Aquática poder ter resultados eficientes com
da água deve ser feita na primeira sessão na pisci-           evidência científica. O objetivo deste estudo é apre-
na e incluir no mínimo os seguintes critérios: habi-          sentar um roteiro de avaliação hidroterapêutica,
lidade do paciente em entrar na piscina, a                    destacando alguns dados coletados a partir deste
flutuabilidade do paciente na água, habilidade do             material.
paciente em caminhar na água, a posição ou posi-
ções de conforto do paciente, a resposta do paci-
ente a diferentes padrões de movimento, a habili-             Materiais e Métodos
dade do paciente de sair da piscina, habilidade de
submergir o rosto (controle da respiração), habili-                    Com base nas diversas considerações
dade de entrar em água profunda, habilidade de                a despeito de uma avaliação fisioterapêutica
flutuar em supino ou prono e de ficar em posição              aquática, as docentes da disciplina de agen-
vertical a partir de ambas as posições, habilidades           tes hidroterapêuticos do Curso de Fisiotera-
combinadas necessárias para executar braçadas de              pia da PUCPR, após minuciosa análise da li-
natação recreacional, conhecimento básico de se-              teratura específica, elaboraram um roteiro
gurança na água.                                              para avaliação fisioterapêutica aquática que
          Os pontos específicos que precisam ser              foi aplicado no setor de hidroterapia, em pis-
utilizados na avaliação da atividade aquática de-             cina aquecida, da Clínica de Fisioterapia da
vem incluir o seguinte: goniometria, escala de                PUCPR desde o ano de 2000, considerando-
Oxford para potência muscular modificada na água,             se aspectos de avaliação e solo (parte I) e a
porcentagem de sustentação de peso, tônus mus-                aquática (parte II). A intenção foi de contem-
cular e controle da respiração (3).                           plar aspectos funcionais dos pacientes e seu
          De acordo com Israel (6), o tipo de des-            índice de evolução após a intervenção na pis-
locamento pode ser avaliado segundo a escala dos              cina, bem como desenvolver as habilidades e
níveis de aprendizagem para habilidades motoras               competências do futuro fisioterapeuta, forma-
funcionais que apresenta a seguinte graduação: 1)             do pela instituição, na área específica de Fi-
NF – não faz; 2) CAT – com ajuda total (mais de               sioterapia Aquática.
dois apoios); 3) CAP – com ajuda parcial (1 ou 2                       Esta avaliação aquática destaca a im-
apoios); 4) FSA – faz sem ajuda, com domínio                  portância de avaliar dados de avaliação em
menor/ parcial; 5) TA – totalmente alcançada, com             solo e água. Em tal roteiro de avaliação
domínio maior/completo.                                       hidroterapêutica constam os seguintes dados:




Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                          137
Andreane Daniele Barbosa et al.


                  AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA AQUÁTICA
Data: ___/___/___
Avaliador:________________________________ Supervisão:________________________________________

1. Diagnóstico Clínico:________________________________________________________________________

2. Diagnóstico Fisioterapêutico:_________________________________________________________________


                                    I PARTE: SOLO
DADOS PESSOAIS:
3. Nome:___________________________________________________________________________________

4. Sexo:
( )F      ( )M         5. Idade:      6. Profissão:
7. Estado Civil:
( ) Separado       ( ) Viúvo     ( ) Casado     ( ) Solteiro
8. End.:_______________________________________________________________________________________
9. Tel.: ______________________________ 10. Tel. para Emergência:______________________________
11. Médico:___________________________ 12.Tel.:_____________________________________________
13. Especialidade:______________________
Cirurgias Prévias:
14. ( ) Não 15. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________
Uso de Medicamento:
16. ( ) Não 17. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________
Terapias Prévias:
18. ( ) Não 19. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________
Terapias Concomitantes:
20. ( ) Não 21. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________

22. HMA (breve histórico do quadro clínico)
___________________________________________________________________________________________

BIOTIPO DO PACIENTE:
       23. ( ) Longilíneo          24. ( ) Brevilíneo                       25. ( ) Normolíneo
       26. ( ) Obeso               27. ( ) Atlético

ATIVIDADES AQUÁTICAS PRÉVIAS:
Tipo:
       28. ( ) Natação        29. ( ) Hidroginástica
       30. ( ) Hidroterapia   31. ( ) Outras
       32. ( ) Nenhuma

PRESENÇA DE CONTRA-INDICAÇÕES
Contra-indicações Absolutas:
33.( ) Fístulas cutâneas     36.( ) Otite                                   39.( ) Náusea ou vômito
34.( ) Feridas infectadas    37.( ) Coronáriopatias instáveis               40.( ) Tuberculose
35.( ) Micose cutânea        38.( ) HAS grave                               41.( ) Muito debilitado



138                                Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
Avaliação fisioterapêutica aquática

42.( ) Infecção urinária                    45.( ) Febre                  48.( ) Afecções agudas
43. ( ) Insuficiência respiratória grave    46.( ) Queimaduras graves     49. ( ) Nenhuma
44. ( ) Úlceras varicosas                   47.( ) Câncer
Contra-indicações Relativas:
50.( ) Hipersensibilidade aos produtos da piscina         56. ( ) Imunodeficiência
51.( ) Alergia ao cloro                                   57. ( ) Hidrofobia
52.( ) Hipertireoidismo                                   58. ( ) Incontinência
53.( ) Uso de tala                                        59. ( ) Perfuração de tímpano
54.( ) Patologias vasculares periféricas                  60. ( ) Nenhuma
55.( ) Epilepsia ou disfagia

DADOS VITAIS:
61. PA: _________________mmHg                     63. FC:_______________ bpm
62. Peso:________________                          64. Altura:_____________

Obs.: A partir deste itens, avaliar os dados necessários para paciente

65. AVALIAÇÃO POSTURAL

         Anterior                      Lateral                                Posterior




66. COMPRIMENTO MUSCULAR
segundo:_____________________________________(identificar autor)

         Musculatura                   D            E                         Observação




67. FORÇA MUSCULAR:
Avaliar segundo Escala de Oxford (SKINNER e THOMSON, 1985)

         Graduação                     Classificação

         0                             Ausência de contração
         1                             Tremulação de contração
         2                             Movimento com a gravidade contrabalançada
         3                             Movimento contra a gravidade
         4                             Movimento contra a gravidade e resistência
         5                             Normal


         Musculatura                   Graduação                              Observação




Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                        139
Andreane Daniele Barbosa et al.

68. MOBILIDADE ARTICULAR (GONIOMETRIA):
segundo:________________________________________(identificar autor)

           Movimento                     D            E                                 Observação




69. PALPAÇÃO:
___________________________________________________________________________________________
70 . SENSIBILIDADE:
___________________________________________________________________________________________
71. TESTES ESPECIAIS:
___________________________________________________________________________________________

72. PERIMETRIA:

           Segmento                      D            E                                 Observação




73. AVALIAÇÃO FUNCIONAL (capacidade dentro das habilidades funcionais diárias):
_________________________________________________________________________________________

74. AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR segundo escala numérica (EN) WEIR (1994) e CHAPMAN
(1990) citados em ANDRADE FILHO (2001); CAUDILL (1998):

                                  SEM DOR                                               PIOR DOR


      0          1           2       3           4          5         6             7        8          9        10



75. OBSERVAÇÃO (outras informações globais ou exames específicos conforme a patologia avaliada):
___________________________________________________________________________________________

II PARTE: AQUÁTICA
TIPO DE ENTRADA NA PISCINA:
76. ( ) Independente pela escada                                     81.   (   )   Frontal pela borda sem apoio
77. ( ) Independente pelo degrau                                     82.   (   )   Pela borda com rotação lateral
78. ( ) Frontal pela borda com apoio em axila                        83.   (   )   Elevador
79. ( ) Frontal pela borda com apoio parcial em cotovelo             84.   (   )   Outras
80. ( ) Frontal pela borda com apoio em mão

ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA:
Submerge:
85. ( ) Boca      86. ( ) Rosto                      87. ( ) Total                 88. ( ) Não submerge
Medo d’água:
89. ( ) Sim       90. ( ) Não




140                                          Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
Avaliação fisioterapêutica aquática

Expiração dentro d’água:
91. ( ) Boca          92. ( ) Nariz                93. ( ) Ambos              94. ( ) Não expira

95. PALPAÇÃO:
____________________________________________________________________________________________

96. MOBILIDADE ARTICULAR (GONIOMETRIA APÓS IMERSÃO):

          Movimento                     D           E                              Observação




TIPO DE DESLOCAMENTO:
Avaliar segundo a Escala dos níveis de aprendizagem para habilidades motoras funcionais (ISRAEL, 2000).

          Graduação                     Classificação
          5                             TA – totalmente alcançada
          4                             FSA – faz sem ajuda
          3                             CAP – com ajuda parcial (1 ou 2 apoios)
          2                             CAT – com ajuda total (mais de 2 apoios)
          1                             NF – não faz

I (inicial ou avaliação) F(final ou reavaliação)
Flutuabilidade:

 N.º          Escala             Tipo                                              Observação
          I      F
 97                               Prono
 98                               Supino

Marcha:
N.º     Escala                   Tipo
        I      F
 99                              Frente
100                              Lateral
101                              Costa
102                              Saltito

Corrida:
N.º      Escala                  Tipo
         I      F
103                              Frente
104                              Lateral
105                              Costa
106                              Saltito



Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                           141
Andreane Daniele Barbosa et al.

 Rotações:
 N.º     Escala             Tipo                                  Observação
          I      F
 104                        Recuperação frontal flutuante
 105                        Transversal (prono/supino)
 106                        Transversal (supino/prono)
 107                        Longitudinal esquerda
 108                        Longitudinal direita
 109                        Combinada
 110                        Sagital
 Natação:
 N.º     Escala
          I      F          Tipo                                  Observação
 111                        Crawl
 112                        Costa Alternado
 113                        Costa duplo
 114                        Utilitário
 115                        Golfinho
 116                        Peito
117. FORÇA MUSCULAR:
Avaliar segundo Escala de Oxford adaptada (SKINNER e THOMSON, 1985).

        Graduação                Classificação
        1                        Contração com a flutuação auxiliando
        2                        Contração com a flutuação contrabalançada
        2+                       Contração contra a flutuação
        3                        Contração contra a flutuação com velocidade
        4                        Contração contra a flutuação + pequeno flutuador
        5                        Contração contra a flutuação + grande flutuador
Obs.: Usar a máxima velocidade possível para o paciente na execução do movimento.

 Musculatura                      D       E           Descrição exata do movimento e postura do paciente



118. AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR APÓS IMERSÃO segundo escala numérica (EN) - WEIR
(1994) e CHAPMAN (1990) citados em ANDRADE FILHO (2001); CAUDILL (1998):

                                  SEM DOR                                             PIOR DOR


      0          1           2        3           4          5         6         7          8           9         10



119. PORCENTAGEM DE SUSTENTAÇÃO DE PESO EM POSIÇÃO ORTOSTÁTICA:
1. ( ) Ombro: 20%              4. ( ) Quadril: 70%
2. ( ) Axila: 40%              5. ( ) Coxa: 90%
3. ( ) Cintura: 60%
120. OBSERVAÇÕES (acrescentar informações complementares):
___________________________________________________________________________________________



142                                           Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
Avaliação fisioterapêutica aquática

          Neste estudo, foi realizado um levantamento                  Resultados
de todas as avaliações aquáticas realizadas entre 2000
e 2005. A partir deste levantamento, foi selecionada                            A avaliação aquática possibilita a
uma amostragem randômica que, segundo Turato                           identificação dos dados, características e ha-
(7), define-se por um grupo selecionado para um                        bilidades funcionais do paciente e faz parte
estudo científico e que representa as características                  de uma das etapas de um planejamento, que
de um grupo maior. Esta amostra foi constituída a                      segundo Pardo e Israel (8) incluem também a
partir do número total de fichas com a seleção de 1                    definição dos objetivos terapêuticos, seleção
(uma) a cada 10 (dez) fichas de avaliação, totalizando                 e aplicação do programa de intervenção e ori-
55 (cinqüenta e cinco) de um universo de 550 (qui-                     entações.
nhentos e cinqüenta).                                                           To d o s o s d a d o s d a a v a l i a ç ã o
          Estas 55 (cinqüenta e cinco) fichas de ava-                  hidroterapêutica são importantes, incluindo os
liação constituíram 100% deste estudo, as quais in-                    itens de solo que, segundo Campion (3), deve
cluem avaliações de pacientes traumato-ortopédicos                     conduzir a avaliação aquática e também a
e reumatológicos, de ambos os sexos, com faixa etária                  abordagem terapêutica aquática. Neste artigo
média de 18 a 70 anos, avaliados na Clínica de Fisio-                  serão apresentados especificamente alguns da-
terapia da PUCPR entre 2000 e 2005. Na seqüência                       dos da avaliação aquática coletados a partir
do estudo esses dados coletados foram tabulados e                      deste roteiro.
analisados a partir da literatura específica.

Gráfico 01 – Atividades aquáticas prévias
                                             ATIVIDADES AQUÁTICAS PRÉVIAS




                                                                                        Natação
                                                                                        Hidroginástica
                                                                                        Hidroterapia
                                                                                        Outras
                                                                                        Nda




                              0,0%   10,0%    20,0%   30,0%    40,0%    50,0%   60,0%



         Verifica-se que mais de 50% da clientela                      que pode caracterizar uma falta de ambientação
que chega para a Fisioterapia Aquática não possui                      ao meio aquático e a procura do meio aquático
a vivência de outras atividades no meio líquido, o                     para finalidade terapêutica.

Gráfico 02 – Atitude do paciente na água – submerge.
                                     ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA - SUBMERGE

                                                              50,9%



                                                                                        Boca
                                                                                        Rosto
                                                 21,8%                                  Total
                                                                        16,3%           Não submerge
                                       10,9%




Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                                           143
Andreane Daniele Barbosa et al.

         Mesmo dispondo de uma clientela onde                        conseguem submergir totalmente, porém esta ha-
sobressai a ausência de outras experiências com                      bilidade não necessariamente caracteriza controle
atividades aquáticas, mais de 50% dos pacientes                      respiratório total.

Gráfico 03 – Atitude do paciente na água – medo d’água.

                                     ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA - MEDO
                                                  D'ÁGUA
                                                                    54,8%



                                                 35,1%
                                                                                                Sim
                                                                                                Não




          Devido à falta de convivência com o meio                   um ambiente novo e devido à falta de ambientação
líquido, durante a avaliação de Fisioterapia Aquáti-                 e domínio do meio líquido, porém, segundo a
ca, muitos pacientes apresentam medo, por ser este                   amostragem, 54,8% declaram não ter medo d’água.
Gráfico 04 e Gráfico 05 – Flutuabilidade em prono e em supino.

                                                 FLUTUABILIDADE - EM PRONO


                                                  33,9%                       TA - totalmente
                                                                              alcançada
                                                                              FSA - faz sem ajuda
                                                          22,6% 22,6%
                                                                              CAP - com ajuda parcial
                                                                              (1 ou 2 apoios)
                                  13,2%                                       CAT - com ajuda total
                                                                              (mais de 2 apoios)
                                          7,5%
                                                                              NF - não faz




                                             FLUTUABILIDADE - EM SUPINO

                                                  45,2%
                                                                             TA - totalmente
                                                                             alcançada
                                                                             FSA - faz sem ajuda

                                                                             CAP - com ajuda parcial
                                                          20,7%              (1 ou 2 apoios)
                                  16,9%
                                                                             CAT - com ajuda total
                                                                             (mais de 2 apoios)
                                          7,5%                    7,5%       NF - não faz




144                                          Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
Avaliação fisioterapêutica aquática

          Analisando de forma comparativa os dois                          prono apresenta um índice maior na graduação 1
gráficos citados, verifica-se que a flutuabilidade em                      (Não Faz).

Gráfico 06 – Marcha – frente.
                                                      MARCHA - FRENTE


                                 38,1%
                                                                                    TA - totalmente
                                                                                    alcançada
                                          30,9%
                                                                                    FSA - faz sem ajuda

                                                                                    CAP - com ajuda parcial
                                                                                    (1 ou 2 apoios)
                                                                    16,3%
                                                   12,7%                            CAT - com ajuda total
                                                                                    (mais de 2 apoios)
                                                                                    NF - não faz
                                                            1,8%




         Verifica-se que mais de 60% dos pacien-                           bilidade na posição vertical facilmente alcançada
tes consegue realizar a marcha de frente sem a                             por estar relacionada com atividades de marcha
necessidade de apoios, o que caracteriza uma ha-                           em solo.

Gráfico 07 – Corrida – frente

                                                     CORRIDA - FRENTE
                                                                   37,2%

                                                                                   TA - totalmente
                                                                                   alcançada
                                25,5%                                              FSA - faz sem ajuda
                                         21,7%
                                                                                   CAP - com ajuda parcial
                                                                                   (1 ou 2 apoios)
                                                  11,6%                            CAT - com ajuda total
                                                                                   (mais de 2 apoios)
                                                                                   NF - não faz
                                                           2,3%




         A incapacidade para a realização de tal                           por Souza (9) com idosos que praticavam ativida-
atividade aumenta, enquanto que a realização sem                           des aquáticas na cidade de Curitiba, em 1996, foi
a necessidade de apoios diminui, se apresentado                            identificado que em um universo de indivíduos
com valores inferiores a 50%.                                              com patologia, 56% destes idosos praticavam ou-
         A procura do meio aquático como forma                             tras atividades aquáticas, mesmo sendo uma indi-
terapêutica, mesmo sem uma experiência prévia                              cação médica para reabilitação de patologias. Por-
em água, foi marcante neste estudo e demonstra                             tanto o contexto atual ressalta uma possível me-
um maior reconhecimento dessa proposta terapêu-                            lhora na identificação da Fisioterapia Aquática como
tica nos últimos anos. Em uma pesquisa realizada                           abordagem terapêutica em piscina.



Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                                               145
Andreane Daniele Barbosa et al.

             O meio aquático tem inúmeros fatores          Candeloro e Caromano (11) apontam a viscosida-
que potencializam a resposta terapêutica e Degani          de, a velocidade do movimento e a turbulência
(10) destaca o efeito terapêutico motor, sensorial,        como alguns dos fatores que devem ser conside-
preventivo e psicológico. O fisioterapeuta deve ter        rados na prescrição do movimento subaquático.
amplo conhecimento das características do paci-                           Ainda é preciso destacar que a mu-
ente e os efeitos básicos e terapêuticos que a água        dança de conceitos do assistencialismo terapêutico
pode provocar no paciente (10).                            para a valorização da funcionalidade, ocorrida nas
             A atitude do paciente demonstrou que          últimas décadas, contempla a pessoa em todas as
a maioria submerge totalmente o corpo na água e            suas dimensões física, psicológica, espiritual e so-
não tem medo, porém ainda necessitam de um                 cial. (8). Isso leva o fisioterapeuta ou o estudante
apoio do terapeuta quando testada a flutuabilidade         a refletir e elaborar uma práxis mais adequada para
em prono e supino. A capacidade de flutuação               as necessidades de sua clientela.
tem íntima relação com a densidade relativa do                        Uma adequada avaliação hidroterapêutica
corpo humano.                                              possibilita que o fisioterapeuta desenvolva sua
          Caromano e Nowotny (11) apontam que              habilidade na produção de novos conhecimentos
a maioria das pessoas apresenta uma diferença              em Fisioterapia e que ele tenha em sua prática
positiva entre a densidade relativa da água e do           profissional um paradigma voltado para a funcio-
corpo humano, porém, a respiração também faz               nalidade, resgatando o máximo potencial funcio-
oscilar a densidade relativa, portanto a respiração        nal de cada indivíduo em processo de recupera-
calma provoca pouca variação na densidade rela-            ção cinético-funcional (13).
tiva do corpo e menos desequilíbrio durante a                         Portanto, uma minuciosa avaliação
flutuação (11). Isso fica evidenciado nessa pesqui-        hidroterapêutica, aliada a um amplo conhecimen-
sa com um percentual maior (22,6%) de pacientes            to das propriedades físicas da água, é essencial
que não realizam a atividade em prono devido à             para uma adequada intervenção terapêutica e aten-
pouca habilidade no controle respiratório.                 de à exigência atual da ciência baseada em evi-
             Os resultados da avaliação da marcha          dências.
para frente demonstraram que uma grande maio-
ria dos pacientes alcança totalmente (38,1%) essa
habilidade ou a fazem sem ajuda (30,9%). A utili-          Considerações Finais
zação da piscina terapêutica na reeducação da
marcha tem sido uma realidade na prática do fisi-                    Com base nesse estudo, foi possível evi-
oterapeuta.                                                denciar a importância de uma metodológica avali-
          Ainda são escassos os estudos científicos,       ação fisioterapêutica aquática embasada cientifi-
porém algumas pesquisas recentes apontam os                camente e bem elaborada. Este roteiro de avalia-
resultados, como o estudo apresentado por Brito            ção deve conduzir a intervenção terapêutica para
et al. (12), em que a taxa de aceitação do peso            um tratamento adequado e com bons resultados.
(TAP) foi utilizada como indicador de impacto ou                     A avaliação hidroterapêutica, em suma,
recebimento e controle da carga e com água no              retrata a condição física e funcional do paciente
nível do quadril a redução da TAP foi de 57%, o            em solo e água, mas, principalmente, as habilida-
que indica que o recebimento da carga no apare-            des no meio líquido para que o programa de in-
lho locomotor humano ocorreu de forma mais su-             tervenção seja ajustado para as reais condições de
ave (12). Portanto, um trabalho de recuperação             cada paciente, por se tratar de um meio terapêutico
cinético funcional da marcha em fase inicial pode          não convencional.
ser beneficiado no meio líquido.                                     Tal procedimento possibilita uma real
             Em uma fase mais avançada do pro-             visão do quadro atual do paciente e de suas ha-
cesso de recuperação, as corridas são utilizadas,          bilidades motoras aquáticas, direcionando os ob-
porém as resistências aquáticas ficam mais eviden-         jetivos terapêuticos e o programa de interven-
ciadas com o aumento da velocidade do movi-                ção, ressaltando que a prática baseada em evi-
mento subaquático, conforme o resultado dessa              dência científica requer uma metodologia de tra-
pesquisa, em que 37,2% dos pacientes receberam             balho clara e objetiva, que se inicia no processo
graduação 1 (não faz) para tal habilidade.                 de avaliação.



146                                     Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
Avaliação fisioterapêutica aquática

Referência                                                    9.   Souza E, Israel VL. Atividades Aquáticas na
                                                                   terceira idade. Anais I Congresso de Geriatria e
1.   Bates A, Hanson N. Exercícios aquáticos                       Gerontologia do Mercosul; 12-15 de maio de
     terapêuticos. São Paulo: Manole; 1998.                        1999; Foz do Iguaçu, SBGG; 1999.
2.   Becker BE, Cole A J. Terapia aquática moder-             10. Degani AM. Hidroterapia: os efeitos físicos,
     na. São Paulo: Manole; 2000.                                 fisiológicos e terapêuticos da água. Fisioterapia
                                                                  em Movimento 1998; 11(1):91-106.
3.   Campion MR. Hidroterapia: princípios e práti-
     ca. São Paulo: Manole; 2000.                             11. Caromano FA, Filho MRT, Candeloro JM. Efei-
                                                                  tos fisiológicos da imersão e do exercício na
4.   Koury JM. Programa de fisioterapia aquática:                 água. Fisioterapia Brasil 2003; 4(1): 61-66.
     um Guia para a reabilitação ortopédica. São
     Paulo: Manole; 2000.                                     12. Brito RN, Roesler H, Haupenthal A, Souza PV.
                                                                  Análise comparativa da marcha humana em
5.   Skinner AT, Thomson AM. Duffield: exercícios                 solo à subaquática em dois níveis de
     na água. São Paulo: Manole; 1985.                            imersão:joelho e quadril. Revista Brasileira de
6.   Israel VL. Hidroterapia: proposta de um pro-                 Fisioterapia 2004; 8(1):7-12.
     grama de ensino no trabalho com o lesado                 13. Arruda ES, Alcântara PR, Israel VL Prática
     medular em piscina térmica. Fisioterapia em                  pedagógica inovadora, paradigma da funcio-
     Movimento 2000;13(1): 111-127.                               nalidade e produção do conhecimento no
7.   Turato ER. Tratado de metodologia da pesqui-                 curso de Fisioterapia. III Congresso Nacional
     sa clínico-qualitativa: construção teórico-                  da Área de Educação - V Educere, 03-05 de
     epistemológica, discussão comparada e aplica-                outubro de 2005; Curitiba, PUCPR; 2005.
     ção nas áreas da saúde e humanas. Rio de
     Janeiro: Vozes, 2003.
8.   Israel VL, Pardo MBLP. Hidroterapia: um pro-                                             Recebido em: 19/02/2006
     grama de ensino para desenvolver habilidades                                              Received in: 02/19/2006
     motoras aquáticas do lesado medular em pis-
     cina térmica. [Tese]. São Carlos: Universidade                                          Aprovado em: 15/05/2006
     Federal de São Carlos; 2000.                                                             Approved in: 05/15/2006




Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006                                           147

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Williams, mackenzie, klapp e feldenkrais
Williams, mackenzie, klapp e feldenkraisWilliams, mackenzie, klapp e feldenkrais
Williams, mackenzie, klapp e feldenkraisThalita Tassiani
 
Reabilitação aquática débora marques
Reabilitação aquática débora marquesReabilitação aquática débora marques
Reabilitação aquática débora marquesDebora_Marques
 
Coordenação motora
Coordenação motoraCoordenação motora
Coordenação motorapauloalambert
 
conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica
 conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica
conceito fisiologia do exercício aplicado a clinicaBruno Mendes
 
Protocolos avaliacao-postural
Protocolos avaliacao-posturalProtocolos avaliacao-postural
Protocolos avaliacao-posturalNuno Amaro
 
Reabilitação em amputados
Reabilitação em amputadosReabilitação em amputados
Reabilitação em amputadosNay Ribeiro
 
Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet
Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet   Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet
Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet fabricioboscolo
 
Movimentos Do Pé
Movimentos Do PéMovimentos Do Pé
Movimentos Do Péarianepenna
 
ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTI
ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTIESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTI
ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTIRenan Malaquias
 

Was ist angesagt? (20)

Reabilitação cardíaca
Reabilitação cardíacaReabilitação cardíaca
Reabilitação cardíaca
 
Hidroterapia
Hidroterapia Hidroterapia
Hidroterapia
 
Tornozelo e pe
Tornozelo e peTornozelo e pe
Tornozelo e pe
 
Coluna cervical
Coluna cervicalColuna cervical
Coluna cervical
 
Williams, mackenzie, klapp e feldenkrais
Williams, mackenzie, klapp e feldenkraisWilliams, mackenzie, klapp e feldenkrais
Williams, mackenzie, klapp e feldenkrais
 
Reabilitação aquática débora marques
Reabilitação aquática débora marquesReabilitação aquática débora marques
Reabilitação aquática débora marques
 
Treinamento de Força
Treinamento de ForçaTreinamento de Força
Treinamento de Força
 
Ficha de avaliação
Ficha de avaliaçãoFicha de avaliação
Ficha de avaliação
 
Fisioterapia Em Traumatofuncional
Fisioterapia Em TraumatofuncionalFisioterapia Em Traumatofuncional
Fisioterapia Em Traumatofuncional
 
Coordenação motora
Coordenação motoraCoordenação motora
Coordenação motora
 
Hidroterapia introdução - aula 1
Hidroterapia   introdução - aula 1Hidroterapia   introdução - aula 1
Hidroterapia introdução - aula 1
 
Aula 1 anamese
Aula 1 anameseAula 1 anamese
Aula 1 anamese
 
conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica
 conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica
conceito fisiologia do exercício aplicado a clinica
 
ORTESES E PROTESES INICIAL
ORTESES E PROTESES INICIALORTESES E PROTESES INICIAL
ORTESES E PROTESES INICIAL
 
Protocolos avaliacao-postural
Protocolos avaliacao-posturalProtocolos avaliacao-postural
Protocolos avaliacao-postural
 
Bobath
BobathBobath
Bobath
 
Reabilitação em amputados
Reabilitação em amputadosReabilitação em amputados
Reabilitação em amputados
 
Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet
Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet   Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet
Aula sobre Reabilitação - Ft Msdo Marcos Zanchet
 
Movimentos Do Pé
Movimentos Do PéMovimentos Do Pé
Movimentos Do Pé
 
ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTI
ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTIESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTI
ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG e ESCALA DE MOBILIDADE E EQUILÍBRIO DE TINETTI
 

Ähnlich wie Avaliação fisioterapêutica aquática: validação de instrumento

Cd onlinetrabalhovisualizarresumo
Cd onlinetrabalhovisualizarresumoCd onlinetrabalhovisualizarresumo
Cd onlinetrabalhovisualizarresumoAj-power-people
 
Artigosaionara
ArtigosaionaraArtigosaionara
Artigosaionaradsmb_89
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs71
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs70
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs62
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs62
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs66
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs58
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs69
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs68
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs67
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs67
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs64
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs65
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs63
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxtrabs66
 
2470 12668 1 Pb
2470 12668 1 Pb2470 12668 1 Pb
2470 12668 1 PbAcquanews
 
Apostila fisiologia prática cardiaco pressão
Apostila fisiologia prática cardiaco pressãoApostila fisiologia prática cardiaco pressão
Apostila fisiologia prática cardiaco pressãoargeropulos1
 
Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca
Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca
Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca resenfe2013
 

Ähnlich wie Avaliação fisioterapêutica aquática: validação de instrumento (20)

Cd onlinetrabalhovisualizarresumo
Cd onlinetrabalhovisualizarresumoCd onlinetrabalhovisualizarresumo
Cd onlinetrabalhovisualizarresumo
 
Efeitos
EfeitosEfeitos
Efeitos
 
Artigosaionara
ArtigosaionaraArtigosaionara
Artigosaionara
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
Mapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docxMapa Dietoterapia.docx
Mapa Dietoterapia.docx
 
2470 12668 1 Pb
2470 12668 1 Pb2470 12668 1 Pb
2470 12668 1 Pb
 
Apostila fisiologia prática cardiaco pressão
Apostila fisiologia prática cardiaco pressãoApostila fisiologia prática cardiaco pressão
Apostila fisiologia prática cardiaco pressão
 
Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca
Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca
Atendimento Multiprofissional no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca
 

Mehr von Acquanews

Universidade De Massachusetts Lowell
Universidade De Massachusetts LowellUniversidade De Massachusetts Lowell
Universidade De Massachusetts LowellAcquanews
 
Tratamento Fisioterapico
Tratamento FisioterapicoTratamento Fisioterapico
Tratamento FisioterapicoAcquanews
 
Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...
Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...
Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...Acquanews
 
Traducao Dor Miofacial
Traducao Dor MiofacialTraducao Dor Miofacial
Traducao Dor MiofacialAcquanews
 
T=Cnicas Y Ter=Pias Thermae
T=Cnicas Y Ter=Pias ThermaeT=Cnicas Y Ter=Pias Thermae
T=Cnicas Y Ter=Pias ThermaeAcquanews
 
Step By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick Association
Step By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick AssociationStep By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick Association
Step By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick AssociationAcquanews
 
Recomendaciones Piscina
Recomendaciones PiscinaRecomendaciones Piscina
Recomendaciones PiscinaAcquanews
 
O Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor Lombar
O Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor LombarO Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor Lombar
O Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor LombarAcquanews
 
Nova Lei Estagio
Nova Lei EstagioNova Lei Estagio
Nova Lei EstagioAcquanews
 
Estudo Einstein
Estudo EinsteinEstudo Einstein
Estudo EinsteinAcquanews
 
Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...
Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...
Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...Acquanews
 
Estudo De Caso Piscina Terap
Estudo De Caso Piscina TerapEstudo De Caso Piscina Terap
Estudo De Caso Piscina TerapAcquanews
 
Congresso Aquatico
Congresso AquaticoCongresso Aquatico
Congresso AquaticoAcquanews
 

Mehr von Acquanews (20)

Watsu 2
Watsu 2Watsu 2
Watsu 2
 
Universidade De Massachusetts Lowell
Universidade De Massachusetts LowellUniversidade De Massachusetts Lowell
Universidade De Massachusetts Lowell
 
Tratamento Fisioterapico
Tratamento FisioterapicoTratamento Fisioterapico
Tratamento Fisioterapico
 
Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...
Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...
Tratamento Fisioterapeutico Em Hidroterapia Dicrecionado Ao Condicionamento F...
 
Traducao Dor Miofacial
Traducao Dor MiofacialTraducao Dor Miofacial
Traducao Dor Miofacial
 
T=Cnicas Y Ter=Pias Thermae
T=Cnicas Y Ter=Pias ThermaeT=Cnicas Y Ter=Pias Thermae
T=Cnicas Y Ter=Pias Thermae
 
Step By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick Association
Step By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick AssociationStep By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick Association
Step By Step Guidelines For Establishing A National Halliwick Association
 
Spalist
SpalistSpalist
Spalist
 
Recomendaciones Piscina
Recomendaciones PiscinaRecomendaciones Piscina
Recomendaciones Piscina
 
Pr Amburgey
Pr AmburgeyPr Amburgey
Pr Amburgey
 
Obesos
ObesosObesos
Obesos
 
O Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor Lombar
O Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor LombarO Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor Lombar
O Beneficio Da Hidroterapia Para Gestantes Com Apresentacao De Dor Lombar
 
Nova Lei Estagio
Nova Lei EstagioNova Lei Estagio
Nova Lei Estagio
 
Inic0000767ok
Inic0000767okInic0000767ok
Inic0000767ok
 
Ic4 22 Ok
Ic4 22 OkIc4 22 Ok
Ic4 22 Ok
 
Estudo Einstein
Estudo EinsteinEstudo Einstein
Estudo Einstein
 
Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...
Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...
Estudo De Caso Protocolo Para Fortalecimento De Musculatura De Tronco Com Met...
 
Estudo De Caso Piscina Terap
Estudo De Caso Piscina TerapEstudo De Caso Piscina Terap
Estudo De Caso Piscina Terap
 
Efica Fisiot
Efica FisiotEfica Fisiot
Efica Fisiot
 
Congresso Aquatico
Congresso AquaticoCongresso Aquatico
Congresso Aquatico
 

Avaliação fisioterapêutica aquática: validação de instrumento

  • 1. Avaliação fisioterapêutica aquática AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA AQUÁTICA Aquatic Physical Therapy Assessment Andreane Daniele Barbosa1 Carla Regina de Camargo2 Eliani de Souza Arruda3 Vera Lúcia Israel4 Resumo O presente artigo apresenta um roteiro de avaliação hidroterapêutica em solo e aquática utilizado em uma clínica de Fisioterapia, no setor de hidroterapia com piscina aquecida terapêutica, de uma universidade de grande porte. Teve por objetivo validar uma avaliação aquática criteriosa que contemple dados quantitativos e qualitativos do paciente avaliado. A metodologia utilizada neste estudo foi uma revisão bibliográfica prévia para fundamentar o estudo e na seqüência foi realizado um levantamento por amostragem com 55 (cinqüenta e cinco) fichas de avaliação hidroterapêutica. No processo de validação dos dados coletados foi possível identificar que um adequado roteiro de avaliação permitiu a identificação do perfil e das habilidades motoras aquáticas de cada paciente. Tal estudo se faz importante devido à escassez de literatura específica sobre avaliação hidroterapêutica e pela busca de desenvolver instrumentos de avaliação para alcançar as evidências científicas de modo claro, adequado e eficiente na metodologia de avaliação e intervenção no meio aquático. Palavras-chave: Fisioterapia Aquática; Avaliação de solo / aquática; Metodologia de avaliação. 1 Fisioterapeuta formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR Email: andreane@pop.com.br. 2 Fisioterapeuta formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR Email: carlarcamargo@yahoo.com.br 3 Fisioterapeuta – Docente do curso de Fisioterapia da PUCPR Email: eliani.souza@pucpr.br 4 Fisioterapeuta – Docente do curso de Fisioterapia da PUCPR Email: israel.v@pucpr.br Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 135
  • 2. Andreane Daniele Barbosa et al. Abstract This paper presents a script for hydrotherapy assessment on the ground and in the water used in a Physical Therapy clinic in the hydrotherapy department of a large university using a therapeutic heated pool. The purpose was to validate a careful aquatic assessment including quantitative and qualitative information on the patient assessed. The method used in this study was a previous bibliography review to provide a foundation to the study and then a survey by sampling was conducted with 55 (fifty-five) hydrotherapy assessment forms. In the process of validating the data collected it was found that a proper assessment script enabled the identification of the profile and aquatic motor skills of each patient. This study is important due to the lack of specific literature on hydrotherapy assessment and the search for the development of assessment instruments to clearly, properly and effectively obtain scientific evidence in assessment and treatment methods in the water. Keywords: Aquatic Physical Therapy; Ground/aquatic assessment; Assessment method Introdução da moléstia atual, atividades aquáticas prévias, contra-indicações relativas e absolutas em relação Com o passar dos anos, a Fisioterapia à terapia aquática, dados vitais, avaliação postural, Aquática em piscina aquecida – uma intervenção avaliação funcional, exame físico geral e escala de na água de origem milenar - difundiu-se acerca graduação da dor. dos níveis de prevenção e recuperação cinético- Para Bates e Hanson (1), a avaliação deve funcional terapêutica, tornando-se uma área de fornecer detalhes que possam destacar os resulta- atuação de extrema importância para os profissio- dos alcançados com o programa de intervenção, nais fisioterapeutas. devendo conter: informações do paciente, históri- É notável que a eficácia de uma terapia co da patologia, sintomas, condição pós-cirúrgica, aquática inicia-se, em grande parte, numa avalia- anormalidades posturais, habilidades nas ativida- ção bem planejada e conduzida, abrangendo to- des de vida diária ou capacidade funcional, ampli- das as informações necessárias. Para Bates e tude articular do movimento ativa e passiva, testes Hanson (1), um programa de Fisioterapia efetivo de resistência muscular, aparência e nível da dor. começa com uma coleta de informações sobre o Campion (3) diz que freqüentemente a paciente, de modo a poder avaliar com precisão a avaliação em solo é considerada uma fonte de in- gravidade da disfunção apresentada e determinar formações adequadas para se basear o programa se ele será beneficiado com o exercício aquático aquático. terapêutico. Uma avaliação ampla e minuciosa é A avaliação em solo também deve alertar essencial para a construção de um plano aquático o fisioterapeuta para os problemas clínicos anteri- de tratamento adequado para as necessidades e ores ou atuais que requeiram cuidados na prescri- limitação de cada paciente (2). ção de exercícios; tratamento medicamentoso que Assim, uma eficiente avaliação possa interferir o desempenho nos exercícios; for- hidroterapêutica deve ser composta por duas par- necer uma história de fatores de risco para doen- tes: uma parte em solo e outra aquática. De acor- ças e mostrar desempenho físico anterior ou con- do com Campion (3), uma avaliação em solo é dição de atividade (4). importante e os detalhes devem ser observados Já para Skinner e Thomson (5), o fisiotera- pelo fisioterapeuta que conduz o paciente para o peuta deve examinar o paciente de modo comple- tratamento aquático. Uma avaliação baseada na to e certificar-se de que todas as contra-indicações mesma seqüência deve ser realizada na água, mas peculiares à hidroterapia ou Fisioterapia aquática é preciso levar em consideração um número adici- sejam excluídas. Esta verificação é necessária em onal de fatores que envolvem o indivíduo em uma avaliação inicial e antes da entrada na piscina, movimento no meio líquido, tais como forma, in- à procura do aparecimento de contra-indicações tensidade, ritmo, entre outros fatores, com aten- após início do tratamento. Na avaliação aquática, ção especial à atividade aquática. estes autores (5) discorrem que é necessária a ava- Dentro da avaliação em solo são neces- liação dos efeitos da flutuação e do calor sobre, por sários alguns itens como: dados pessoais, história exemplo, a força muscular do paciente, amplitude 136 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
  • 3. Avaliação fisioterapêutica aquática de movimentação das articulações, equilíbrio, ativi- O controle de diferentes variáveis na pis- dades funcionais e teste de força muscular segundo cina é complexo e exige um contínuo aperfeiçoa- escala de Oxford adaptada para a água. mento dos instrumentos de avaliação para a Fisio- Koury (4) relata que a avaliação dentro terapia Aquática poder ter resultados eficientes com da água deve ser feita na primeira sessão na pisci- evidência científica. O objetivo deste estudo é apre- na e incluir no mínimo os seguintes critérios: habi- sentar um roteiro de avaliação hidroterapêutica, lidade do paciente em entrar na piscina, a destacando alguns dados coletados a partir deste flutuabilidade do paciente na água, habilidade do material. paciente em caminhar na água, a posição ou posi- ções de conforto do paciente, a resposta do paci- ente a diferentes padrões de movimento, a habili- Materiais e Métodos dade do paciente de sair da piscina, habilidade de submergir o rosto (controle da respiração), habili- Com base nas diversas considerações dade de entrar em água profunda, habilidade de a despeito de uma avaliação fisioterapêutica flutuar em supino ou prono e de ficar em posição aquática, as docentes da disciplina de agen- vertical a partir de ambas as posições, habilidades tes hidroterapêuticos do Curso de Fisiotera- combinadas necessárias para executar braçadas de pia da PUCPR, após minuciosa análise da li- natação recreacional, conhecimento básico de se- teratura específica, elaboraram um roteiro gurança na água. para avaliação fisioterapêutica aquática que Os pontos específicos que precisam ser foi aplicado no setor de hidroterapia, em pis- utilizados na avaliação da atividade aquática de- cina aquecida, da Clínica de Fisioterapia da vem incluir o seguinte: goniometria, escala de PUCPR desde o ano de 2000, considerando- Oxford para potência muscular modificada na água, se aspectos de avaliação e solo (parte I) e a porcentagem de sustentação de peso, tônus mus- aquática (parte II). A intenção foi de contem- cular e controle da respiração (3). plar aspectos funcionais dos pacientes e seu De acordo com Israel (6), o tipo de des- índice de evolução após a intervenção na pis- locamento pode ser avaliado segundo a escala dos cina, bem como desenvolver as habilidades e níveis de aprendizagem para habilidades motoras competências do futuro fisioterapeuta, forma- funcionais que apresenta a seguinte graduação: 1) do pela instituição, na área específica de Fi- NF – não faz; 2) CAT – com ajuda total (mais de sioterapia Aquática. dois apoios); 3) CAP – com ajuda parcial (1 ou 2 Esta avaliação aquática destaca a im- apoios); 4) FSA – faz sem ajuda, com domínio portância de avaliar dados de avaliação em menor/ parcial; 5) TA – totalmente alcançada, com solo e água. Em tal roteiro de avaliação domínio maior/completo. hidroterapêutica constam os seguintes dados: Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 137
  • 4. Andreane Daniele Barbosa et al. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA AQUÁTICA Data: ___/___/___ Avaliador:________________________________ Supervisão:________________________________________ 1. Diagnóstico Clínico:________________________________________________________________________ 2. Diagnóstico Fisioterapêutico:_________________________________________________________________ I PARTE: SOLO DADOS PESSOAIS: 3. Nome:___________________________________________________________________________________ 4. Sexo: ( )F ( )M 5. Idade: 6. Profissão: 7. Estado Civil: ( ) Separado ( ) Viúvo ( ) Casado ( ) Solteiro 8. End.:_______________________________________________________________________________________ 9. Tel.: ______________________________ 10. Tel. para Emergência:______________________________ 11. Médico:___________________________ 12.Tel.:_____________________________________________ 13. Especialidade:______________________ Cirurgias Prévias: 14. ( ) Não 15. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________ Uso de Medicamento: 16. ( ) Não 17. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________ Terapias Prévias: 18. ( ) Não 19. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________ Terapias Concomitantes: 20. ( ) Não 21. ( ) Sim Qual?_____________________________________________________________ 22. HMA (breve histórico do quadro clínico) ___________________________________________________________________________________________ BIOTIPO DO PACIENTE: 23. ( ) Longilíneo 24. ( ) Brevilíneo 25. ( ) Normolíneo 26. ( ) Obeso 27. ( ) Atlético ATIVIDADES AQUÁTICAS PRÉVIAS: Tipo: 28. ( ) Natação 29. ( ) Hidroginástica 30. ( ) Hidroterapia 31. ( ) Outras 32. ( ) Nenhuma PRESENÇA DE CONTRA-INDICAÇÕES Contra-indicações Absolutas: 33.( ) Fístulas cutâneas 36.( ) Otite 39.( ) Náusea ou vômito 34.( ) Feridas infectadas 37.( ) Coronáriopatias instáveis 40.( ) Tuberculose 35.( ) Micose cutânea 38.( ) HAS grave 41.( ) Muito debilitado 138 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
  • 5. Avaliação fisioterapêutica aquática 42.( ) Infecção urinária 45.( ) Febre 48.( ) Afecções agudas 43. ( ) Insuficiência respiratória grave 46.( ) Queimaduras graves 49. ( ) Nenhuma 44. ( ) Úlceras varicosas 47.( ) Câncer Contra-indicações Relativas: 50.( ) Hipersensibilidade aos produtos da piscina 56. ( ) Imunodeficiência 51.( ) Alergia ao cloro 57. ( ) Hidrofobia 52.( ) Hipertireoidismo 58. ( ) Incontinência 53.( ) Uso de tala 59. ( ) Perfuração de tímpano 54.( ) Patologias vasculares periféricas 60. ( ) Nenhuma 55.( ) Epilepsia ou disfagia DADOS VITAIS: 61. PA: _________________mmHg 63. FC:_______________ bpm 62. Peso:________________ 64. Altura:_____________ Obs.: A partir deste itens, avaliar os dados necessários para paciente 65. AVALIAÇÃO POSTURAL Anterior Lateral Posterior 66. COMPRIMENTO MUSCULAR segundo:_____________________________________(identificar autor) Musculatura D E Observação 67. FORÇA MUSCULAR: Avaliar segundo Escala de Oxford (SKINNER e THOMSON, 1985) Graduação Classificação 0 Ausência de contração 1 Tremulação de contração 2 Movimento com a gravidade contrabalançada 3 Movimento contra a gravidade 4 Movimento contra a gravidade e resistência 5 Normal Musculatura Graduação Observação Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 139
  • 6. Andreane Daniele Barbosa et al. 68. MOBILIDADE ARTICULAR (GONIOMETRIA): segundo:________________________________________(identificar autor) Movimento D E Observação 69. PALPAÇÃO: ___________________________________________________________________________________________ 70 . SENSIBILIDADE: ___________________________________________________________________________________________ 71. TESTES ESPECIAIS: ___________________________________________________________________________________________ 72. PERIMETRIA: Segmento D E Observação 73. AVALIAÇÃO FUNCIONAL (capacidade dentro das habilidades funcionais diárias): _________________________________________________________________________________________ 74. AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR segundo escala numérica (EN) WEIR (1994) e CHAPMAN (1990) citados em ANDRADE FILHO (2001); CAUDILL (1998): SEM DOR PIOR DOR 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 75. OBSERVAÇÃO (outras informações globais ou exames específicos conforme a patologia avaliada): ___________________________________________________________________________________________ II PARTE: AQUÁTICA TIPO DE ENTRADA NA PISCINA: 76. ( ) Independente pela escada 81. ( ) Frontal pela borda sem apoio 77. ( ) Independente pelo degrau 82. ( ) Pela borda com rotação lateral 78. ( ) Frontal pela borda com apoio em axila 83. ( ) Elevador 79. ( ) Frontal pela borda com apoio parcial em cotovelo 84. ( ) Outras 80. ( ) Frontal pela borda com apoio em mão ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA: Submerge: 85. ( ) Boca 86. ( ) Rosto 87. ( ) Total 88. ( ) Não submerge Medo d’água: 89. ( ) Sim 90. ( ) Não 140 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
  • 7. Avaliação fisioterapêutica aquática Expiração dentro d’água: 91. ( ) Boca 92. ( ) Nariz 93. ( ) Ambos 94. ( ) Não expira 95. PALPAÇÃO: ____________________________________________________________________________________________ 96. MOBILIDADE ARTICULAR (GONIOMETRIA APÓS IMERSÃO): Movimento D E Observação TIPO DE DESLOCAMENTO: Avaliar segundo a Escala dos níveis de aprendizagem para habilidades motoras funcionais (ISRAEL, 2000). Graduação Classificação 5 TA – totalmente alcançada 4 FSA – faz sem ajuda 3 CAP – com ajuda parcial (1 ou 2 apoios) 2 CAT – com ajuda total (mais de 2 apoios) 1 NF – não faz I (inicial ou avaliação) F(final ou reavaliação) Flutuabilidade: N.º Escala Tipo Observação I F 97 Prono 98 Supino Marcha: N.º Escala Tipo I F 99 Frente 100 Lateral 101 Costa 102 Saltito Corrida: N.º Escala Tipo I F 103 Frente 104 Lateral 105 Costa 106 Saltito Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 141
  • 8. Andreane Daniele Barbosa et al. Rotações: N.º Escala Tipo Observação I F 104 Recuperação frontal flutuante 105 Transversal (prono/supino) 106 Transversal (supino/prono) 107 Longitudinal esquerda 108 Longitudinal direita 109 Combinada 110 Sagital Natação: N.º Escala I F Tipo Observação 111 Crawl 112 Costa Alternado 113 Costa duplo 114 Utilitário 115 Golfinho 116 Peito 117. FORÇA MUSCULAR: Avaliar segundo Escala de Oxford adaptada (SKINNER e THOMSON, 1985). Graduação Classificação 1 Contração com a flutuação auxiliando 2 Contração com a flutuação contrabalançada 2+ Contração contra a flutuação 3 Contração contra a flutuação com velocidade 4 Contração contra a flutuação + pequeno flutuador 5 Contração contra a flutuação + grande flutuador Obs.: Usar a máxima velocidade possível para o paciente na execução do movimento. Musculatura D E Descrição exata do movimento e postura do paciente 118. AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR APÓS IMERSÃO segundo escala numérica (EN) - WEIR (1994) e CHAPMAN (1990) citados em ANDRADE FILHO (2001); CAUDILL (1998): SEM DOR PIOR DOR 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 119. PORCENTAGEM DE SUSTENTAÇÃO DE PESO EM POSIÇÃO ORTOSTÁTICA: 1. ( ) Ombro: 20% 4. ( ) Quadril: 70% 2. ( ) Axila: 40% 5. ( ) Coxa: 90% 3. ( ) Cintura: 60% 120. OBSERVAÇÕES (acrescentar informações complementares): ___________________________________________________________________________________________ 142 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
  • 9. Avaliação fisioterapêutica aquática Neste estudo, foi realizado um levantamento Resultados de todas as avaliações aquáticas realizadas entre 2000 e 2005. A partir deste levantamento, foi selecionada A avaliação aquática possibilita a uma amostragem randômica que, segundo Turato identificação dos dados, características e ha- (7), define-se por um grupo selecionado para um bilidades funcionais do paciente e faz parte estudo científico e que representa as características de uma das etapas de um planejamento, que de um grupo maior. Esta amostra foi constituída a segundo Pardo e Israel (8) incluem também a partir do número total de fichas com a seleção de 1 definição dos objetivos terapêuticos, seleção (uma) a cada 10 (dez) fichas de avaliação, totalizando e aplicação do programa de intervenção e ori- 55 (cinqüenta e cinco) de um universo de 550 (qui- entações. nhentos e cinqüenta). To d o s o s d a d o s d a a v a l i a ç ã o Estas 55 (cinqüenta e cinco) fichas de ava- hidroterapêutica são importantes, incluindo os liação constituíram 100% deste estudo, as quais in- itens de solo que, segundo Campion (3), deve cluem avaliações de pacientes traumato-ortopédicos conduzir a avaliação aquática e também a e reumatológicos, de ambos os sexos, com faixa etária abordagem terapêutica aquática. Neste artigo média de 18 a 70 anos, avaliados na Clínica de Fisio- serão apresentados especificamente alguns da- terapia da PUCPR entre 2000 e 2005. Na seqüência dos da avaliação aquática coletados a partir do estudo esses dados coletados foram tabulados e deste roteiro. analisados a partir da literatura específica. Gráfico 01 – Atividades aquáticas prévias ATIVIDADES AQUÁTICAS PRÉVIAS Natação Hidroginástica Hidroterapia Outras Nda 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% Verifica-se que mais de 50% da clientela que pode caracterizar uma falta de ambientação que chega para a Fisioterapia Aquática não possui ao meio aquático e a procura do meio aquático a vivência de outras atividades no meio líquido, o para finalidade terapêutica. Gráfico 02 – Atitude do paciente na água – submerge. ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA - SUBMERGE 50,9% Boca Rosto 21,8% Total 16,3% Não submerge 10,9% Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 143
  • 10. Andreane Daniele Barbosa et al. Mesmo dispondo de uma clientela onde conseguem submergir totalmente, porém esta ha- sobressai a ausência de outras experiências com bilidade não necessariamente caracteriza controle atividades aquáticas, mais de 50% dos pacientes respiratório total. Gráfico 03 – Atitude do paciente na água – medo d’água. ATITUDE DO PACIENTE NA ÁGUA - MEDO D'ÁGUA 54,8% 35,1% Sim Não Devido à falta de convivência com o meio um ambiente novo e devido à falta de ambientação líquido, durante a avaliação de Fisioterapia Aquáti- e domínio do meio líquido, porém, segundo a ca, muitos pacientes apresentam medo, por ser este amostragem, 54,8% declaram não ter medo d’água. Gráfico 04 e Gráfico 05 – Flutuabilidade em prono e em supino. FLUTUABILIDADE - EM PRONO 33,9% TA - totalmente alcançada FSA - faz sem ajuda 22,6% 22,6% CAP - com ajuda parcial (1 ou 2 apoios) 13,2% CAT - com ajuda total (mais de 2 apoios) 7,5% NF - não faz FLUTUABILIDADE - EM SUPINO 45,2% TA - totalmente alcançada FSA - faz sem ajuda CAP - com ajuda parcial 20,7% (1 ou 2 apoios) 16,9% CAT - com ajuda total (mais de 2 apoios) 7,5% 7,5% NF - não faz 144 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
  • 11. Avaliação fisioterapêutica aquática Analisando de forma comparativa os dois prono apresenta um índice maior na graduação 1 gráficos citados, verifica-se que a flutuabilidade em (Não Faz). Gráfico 06 – Marcha – frente. MARCHA - FRENTE 38,1% TA - totalmente alcançada 30,9% FSA - faz sem ajuda CAP - com ajuda parcial (1 ou 2 apoios) 16,3% 12,7% CAT - com ajuda total (mais de 2 apoios) NF - não faz 1,8% Verifica-se que mais de 60% dos pacien- bilidade na posição vertical facilmente alcançada tes consegue realizar a marcha de frente sem a por estar relacionada com atividades de marcha necessidade de apoios, o que caracteriza uma ha- em solo. Gráfico 07 – Corrida – frente CORRIDA - FRENTE 37,2% TA - totalmente alcançada 25,5% FSA - faz sem ajuda 21,7% CAP - com ajuda parcial (1 ou 2 apoios) 11,6% CAT - com ajuda total (mais de 2 apoios) NF - não faz 2,3% A incapacidade para a realização de tal por Souza (9) com idosos que praticavam ativida- atividade aumenta, enquanto que a realização sem des aquáticas na cidade de Curitiba, em 1996, foi a necessidade de apoios diminui, se apresentado identificado que em um universo de indivíduos com valores inferiores a 50%. com patologia, 56% destes idosos praticavam ou- A procura do meio aquático como forma tras atividades aquáticas, mesmo sendo uma indi- terapêutica, mesmo sem uma experiência prévia cação médica para reabilitação de patologias. Por- em água, foi marcante neste estudo e demonstra tanto o contexto atual ressalta uma possível me- um maior reconhecimento dessa proposta terapêu- lhora na identificação da Fisioterapia Aquática como tica nos últimos anos. Em uma pesquisa realizada abordagem terapêutica em piscina. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 145
  • 12. Andreane Daniele Barbosa et al. O meio aquático tem inúmeros fatores Candeloro e Caromano (11) apontam a viscosida- que potencializam a resposta terapêutica e Degani de, a velocidade do movimento e a turbulência (10) destaca o efeito terapêutico motor, sensorial, como alguns dos fatores que devem ser conside- preventivo e psicológico. O fisioterapeuta deve ter rados na prescrição do movimento subaquático. amplo conhecimento das características do paci- Ainda é preciso destacar que a mu- ente e os efeitos básicos e terapêuticos que a água dança de conceitos do assistencialismo terapêutico pode provocar no paciente (10). para a valorização da funcionalidade, ocorrida nas A atitude do paciente demonstrou que últimas décadas, contempla a pessoa em todas as a maioria submerge totalmente o corpo na água e suas dimensões física, psicológica, espiritual e so- não tem medo, porém ainda necessitam de um cial. (8). Isso leva o fisioterapeuta ou o estudante apoio do terapeuta quando testada a flutuabilidade a refletir e elaborar uma práxis mais adequada para em prono e supino. A capacidade de flutuação as necessidades de sua clientela. tem íntima relação com a densidade relativa do Uma adequada avaliação hidroterapêutica corpo humano. possibilita que o fisioterapeuta desenvolva sua Caromano e Nowotny (11) apontam que habilidade na produção de novos conhecimentos a maioria das pessoas apresenta uma diferença em Fisioterapia e que ele tenha em sua prática positiva entre a densidade relativa da água e do profissional um paradigma voltado para a funcio- corpo humano, porém, a respiração também faz nalidade, resgatando o máximo potencial funcio- oscilar a densidade relativa, portanto a respiração nal de cada indivíduo em processo de recupera- calma provoca pouca variação na densidade rela- ção cinético-funcional (13). tiva do corpo e menos desequilíbrio durante a Portanto, uma minuciosa avaliação flutuação (11). Isso fica evidenciado nessa pesqui- hidroterapêutica, aliada a um amplo conhecimen- sa com um percentual maior (22,6%) de pacientes to das propriedades físicas da água, é essencial que não realizam a atividade em prono devido à para uma adequada intervenção terapêutica e aten- pouca habilidade no controle respiratório. de à exigência atual da ciência baseada em evi- Os resultados da avaliação da marcha dências. para frente demonstraram que uma grande maio- ria dos pacientes alcança totalmente (38,1%) essa habilidade ou a fazem sem ajuda (30,9%). A utili- Considerações Finais zação da piscina terapêutica na reeducação da marcha tem sido uma realidade na prática do fisi- Com base nesse estudo, foi possível evi- oterapeuta. denciar a importância de uma metodológica avali- Ainda são escassos os estudos científicos, ação fisioterapêutica aquática embasada cientifi- porém algumas pesquisas recentes apontam os camente e bem elaborada. Este roteiro de avalia- resultados, como o estudo apresentado por Brito ção deve conduzir a intervenção terapêutica para et al. (12), em que a taxa de aceitação do peso um tratamento adequado e com bons resultados. (TAP) foi utilizada como indicador de impacto ou A avaliação hidroterapêutica, em suma, recebimento e controle da carga e com água no retrata a condição física e funcional do paciente nível do quadril a redução da TAP foi de 57%, o em solo e água, mas, principalmente, as habilida- que indica que o recebimento da carga no apare- des no meio líquido para que o programa de in- lho locomotor humano ocorreu de forma mais su- tervenção seja ajustado para as reais condições de ave (12). Portanto, um trabalho de recuperação cada paciente, por se tratar de um meio terapêutico cinético funcional da marcha em fase inicial pode não convencional. ser beneficiado no meio líquido. Tal procedimento possibilita uma real Em uma fase mais avançada do pro- visão do quadro atual do paciente e de suas ha- cesso de recuperação, as corridas são utilizadas, bilidades motoras aquáticas, direcionando os ob- porém as resistências aquáticas ficam mais eviden- jetivos terapêuticos e o programa de interven- ciadas com o aumento da velocidade do movi- ção, ressaltando que a prática baseada em evi- mento subaquático, conforme o resultado dessa dência científica requer uma metodologia de tra- pesquisa, em que 37,2% dos pacientes receberam balho clara e objetiva, que se inicia no processo graduação 1 (não faz) para tal habilidade. de avaliação. 146 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006
  • 13. Avaliação fisioterapêutica aquática Referência 9. Souza E, Israel VL. Atividades Aquáticas na terceira idade. Anais I Congresso de Geriatria e 1. Bates A, Hanson N. Exercícios aquáticos Gerontologia do Mercosul; 12-15 de maio de terapêuticos. São Paulo: Manole; 1998. 1999; Foz do Iguaçu, SBGG; 1999. 2. Becker BE, Cole A J. Terapia aquática moder- 10. Degani AM. Hidroterapia: os efeitos físicos, na. São Paulo: Manole; 2000. fisiológicos e terapêuticos da água. Fisioterapia em Movimento 1998; 11(1):91-106. 3. Campion MR. Hidroterapia: princípios e práti- ca. São Paulo: Manole; 2000. 11. Caromano FA, Filho MRT, Candeloro JM. Efei- tos fisiológicos da imersão e do exercício na 4. Koury JM. Programa de fisioterapia aquática: água. Fisioterapia Brasil 2003; 4(1): 61-66. um Guia para a reabilitação ortopédica. São Paulo: Manole; 2000. 12. Brito RN, Roesler H, Haupenthal A, Souza PV. Análise comparativa da marcha humana em 5. Skinner AT, Thomson AM. Duffield: exercícios solo à subaquática em dois níveis de na água. São Paulo: Manole; 1985. imersão:joelho e quadril. Revista Brasileira de 6. Israel VL. Hidroterapia: proposta de um pro- Fisioterapia 2004; 8(1):7-12. grama de ensino no trabalho com o lesado 13. Arruda ES, Alcântara PR, Israel VL Prática medular em piscina térmica. Fisioterapia em pedagógica inovadora, paradigma da funcio- Movimento 2000;13(1): 111-127. nalidade e produção do conhecimento no 7. Turato ER. Tratado de metodologia da pesqui- curso de Fisioterapia. III Congresso Nacional sa clínico-qualitativa: construção teórico- da Área de Educação - V Educere, 03-05 de epistemológica, discussão comparada e aplica- outubro de 2005; Curitiba, PUCPR; 2005. ção nas áreas da saúde e humanas. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. 8. Israel VL, Pardo MBLP. Hidroterapia: um pro- Recebido em: 19/02/2006 grama de ensino para desenvolver habilidades Received in: 02/19/2006 motoras aquáticas do lesado medular em pis- cina térmica. [Tese]. São Carlos: Universidade Aprovado em: 15/05/2006 Federal de São Carlos; 2000. Approved in: 05/15/2006 Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.2, p. 135-147, abr./jun., 2006 147