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HUMANISMO
O homem na busca de si
HOMEM: CENTRO DO UNIVERSO
HUMANISMO LITERÁRIO
 Usado comumente para designar o estudo
das letras humanas em oposição à Teologia.
 Na Idade Média, predomina a concepção
teocêntrica, em que tudo gira em torno dos
valores religiosos.
 A partir do Humanismo, desenvolve-se uma
nova concepção de vida: os eruditos
defendem a reforma total do homem;
 acentuam-se o valor do homem na terra, tudo
o que possa tornar conhecido o ser humano;
 preocupam-se com o desenvolvimento da
personalidade humana, das suas faculdades
criadoras;
 têm como objetivo atualizar, dinamizar e dar
uma nova vida aos estudos tradicionais;
 empenham-se em fazer a reforma
educacional.
Portugal
 Transição de um país caracterizado por valores
puramente medievais para uma nova realidade
mercantil, em que se percebe a ascensão dos ideais
burgueses.
 A economia de subsistência feudal é substituída
pelas atividades comerciais; inicia-se uma retomada
da cultura clássica, esquecida durante a maior parte
da Idade Média; o pensamento teocêntrico é deixado
de lado em favor do antropocentrismo
Crise no sistema feudal
 Peste Negra(1/3 da
população foi
eliminada)
 Guerra dos Cem Anos:
Inglaterra e França –
(1346 a 1450)
envolvimento ambíguo
de Portugal
Terra X Dinheiro
 Escassez de mão-de-obra
 As mudanças nas relações
sociais
 Igreja: crises: dois papas –
um em Roma e outro em
Avignon
 Crise do sistema feudal-
poder centralizado nas mãos
do rei.
 Nos primórdios do
feudalismo, a terra, sozinha,
constituía a medida da
riqueza do homem. Com a
expansão do comércio,
surgiu um novo tipo de
riqueza – a riqueza em
dinheiro.
Portugal:marco cronológico
 Revolução de Avis (1383-85). O choque entre a nobreza
decadente e a nascente burguesia, contrária ao feudalismo,
verifica-se logo depois da morte do rei D. Fernando.
 Com o perigo da aproximação de Portugal aos reinos
castelhanos, a burguesia busca apoio de povo e fortalece a
liderança de João, o Mestre de Avis.
 Com a revolução e a Aclamação de João como rei de Portugal,
desenvolve-se uma política centralizada no poder nas mãos do
rei, compromissado com a burguesia mercantilista.
 Desse compromisso, resulta a expansão ultramarina
portuguesa: a partir de 1415, com a tomada de Ceuta, primeira
conquista ultramarina, Portugal inicia uma longa caminhada de
um século até conhecer o apogeu.
 Ao entrar no século XVI, Portugal possuía colônias na África,
América e Ásia e em ilhas espalhadas pelo Atlântico, Índico e
Pacífico.
Produção Literária
 Autores gregos e latinos.
 A estética medieval – rude e grosseira – é substituída pela grego-latina –
harmoniosa e culta.
 O latim passa a ser a língua de muitos humanistas, que se deixam tomar de
grande entusiasmo pelo saber, pelas artes clássicas.
 A produção literária portuguesa desse período pode ser subdividida em:
Prosa:
 a) Crônicas de Fernão Lopes
 b) Prosa doutrinária
 c) Novela de cavalaria
Poesia: Poesia palaciana
Teatro: Obra de Gil Vicente

Fernão Lopes
 Conhecido como o “Pai da Historiografia
portuguesa”, foi encarregado por D. Duarte de
guardar os arquivos da Torre do Tombo, onde
se achavam os principais documentos sobre
Portugal.
 Incumbido de escrever relatos sobre os
acontecimentos de diversos períodos históricos
(as chamadas crônicas), destacou-se como um
prosador dono de um estilo rico e movimentado.
 Não se limitando a tecer elogios a reis, como a
outros cronistas da época; fez descrições
detalhadas não só do ambiente da corte, mas
também das aldeias, das festas populares e,
principalmente, do papel do povo nas guerras e
rebeliões.
Obras
 A Crônica de El-Rei D. Pedro I: narrativa dos principais
acontecimentos de seu reinado;
 A Crônica de El-Rei D. Fernando: narrativa dos fatos que
ocorreram desde o casamento de D. Fernando com Leonor
Telles até o início da Revolução de Avis;
 A Crônica de El-Rei D. João I: narrativa dos acontecimentos
relativos a seu reinado (1385-1411), quando é assinado a paz
com Castela.
Importância
 É reconhecido como historiador de inegável méritos e
verdadeiro narrador-artista preocupado não apenas com a
verdade do conteúdo de suas narrativas, mas também com a
beleza da forma.
 É reconhecido também pela sua capacidade de observar e
analisar personagens históricas.
 Fernão Lopes analisou com objetividade e justiça os
documentos históricos: foi cauteloso em determinar a verdade
histórica, ao confrontar textos e versões sobre um mesmo
acontecimento.
Cronista-historiador
 Ele redimensiona o gênero cronístico ao
limitar as narrativas tradicionais, abrindo
espaço de autonomia da narrativa histórica
através de uma metodologia em que pudesse
chegar a uma “verdade nua”.
Metodologia
 Fernão Lopes ordena as os fatos
cronologicamente, buscando uma hierarquia
explicativa para os acontecimentos.
 Enquanto cronista, assumia uma posição de
autoridade, de distanciamento e isenção,
atributos capazes de detectar e controlar os
subjetivismos dos discursos (mundanal
afeiçom) e, assim, chegar à “verdade nua”.
Estilo
 Do ponto de vista da forma, o seu estilo representa
uma literatura de expressão oral e de raiz popular.
Ele próprio diz que nas suas páginas não se
encontra a formosura das palavras, mas a nudez da
verdade. Era um autodidata.
 Foi um dos legítimos representantes do saber
popular, mas já no seu tempo um novo tipo de saber
começava a surgir: de cunho erudito-acadêmico,
humanista, clássico.
 Para uma metodologia da escrita da história
comprometida com a “verdade nua”, a partir da
Crônica de D. João I: a mundanall afeiçom,
ordenação dos fatos, autoridade e concepção
temporal
Mundanall Afeiçom
 Fernão Lopes entende que a afeição é inerente à
condição humana, que escapa ao controle racional.
 Assim, considera que as paixões e certas influências
modificam a narrativa, o que implicaria em uma
dificuldade de se apreender a verdade.
 Daí, a necessidade de o cronista-historiador em
controlar a mundanall afeiçom, a fim de garantir o
espaço de autonomia do discurso histórico,
separando os desejos e interesses.
 Desta forma, compreende que os atributos do
cronista devem ser a isenção e a autoridade.
Mundanall afeiçom:a artifical e a
natural
 Mesmo inferindo que a mundanall afeiçom
afeta a todos os homens, Fernão Lopes
entende que esta muda de acordo com os
grupos sociais em diferentes níveis de
subjetividade.
 Assim, analisa a mundanall afeiçom em dois
grupos: os da ordem senhorial, mais
próximos ao rei; e os mais distantes da
ordem senhorial e do rei.
Primeiro grupo
 Ela se caracterizaria pelos valores
tradicionais presos ao servilismo ao rei e ao
modelo panegírico, conferindo uma
parcialidade e um artificialismo que poderia
trazer um falseamento da realidade.
Segundo grupo (os mais afastados do
rei)
 Seriam os portadores da “nua verdade”, pois
a mundanall afeiçom destes, corresponderia
aos laços de afeição e paixões naturais do
homem, portanto, desligada do artificialismo
e cerimônias do servilismo.
Equilíbrio
 Fernão Lopes buscava certo equilíbrio entre
o discurso propriamente histórico e o
discurso panegírico (escrita elogiosa). Assim,
mesmo quando o cronista precisava se
utilizar do discurso panegírico, ele o fazia
apenas para cumprir uma necessidade
formal (decoro), mas optando por um
panegírico fraco e breve para não
comprometer seu compromisso em mostrar a
“verdade nua”.
Tempo
 A concepção temporal ocorre de forma
bipartida, à medida que ele faz a distinção da
forma panegírica e do discurso propriamente
histórico, abrindo um espaço de autonomia
para a narrativa histórica, que possibilite a
produção de uma “verdade nua”.

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O Humanismo e Fernão Lopes

  • 1. HUMANISMO O homem na busca de si
  • 2. HOMEM: CENTRO DO UNIVERSO
  • 3. HUMANISMO LITERÁRIO  Usado comumente para designar o estudo das letras humanas em oposição à Teologia.  Na Idade Média, predomina a concepção teocêntrica, em que tudo gira em torno dos valores religiosos.  A partir do Humanismo, desenvolve-se uma nova concepção de vida: os eruditos defendem a reforma total do homem;  acentuam-se o valor do homem na terra, tudo o que possa tornar conhecido o ser humano;
  • 4.  preocupam-se com o desenvolvimento da personalidade humana, das suas faculdades criadoras;  têm como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova vida aos estudos tradicionais;  empenham-se em fazer a reforma educacional.
  • 5. Portugal  Transição de um país caracterizado por valores puramente medievais para uma nova realidade mercantil, em que se percebe a ascensão dos ideais burgueses.  A economia de subsistência feudal é substituída pelas atividades comerciais; inicia-se uma retomada da cultura clássica, esquecida durante a maior parte da Idade Média; o pensamento teocêntrico é deixado de lado em favor do antropocentrismo
  • 6. Crise no sistema feudal  Peste Negra(1/3 da população foi eliminada)  Guerra dos Cem Anos: Inglaterra e França – (1346 a 1450) envolvimento ambíguo de Portugal
  • 7. Terra X Dinheiro  Escassez de mão-de-obra  As mudanças nas relações sociais  Igreja: crises: dois papas – um em Roma e outro em Avignon  Crise do sistema feudal- poder centralizado nas mãos do rei.  Nos primórdios do feudalismo, a terra, sozinha, constituía a medida da riqueza do homem. Com a expansão do comércio, surgiu um novo tipo de riqueza – a riqueza em dinheiro.
  • 8. Portugal:marco cronológico  Revolução de Avis (1383-85). O choque entre a nobreza decadente e a nascente burguesia, contrária ao feudalismo, verifica-se logo depois da morte do rei D. Fernando.  Com o perigo da aproximação de Portugal aos reinos castelhanos, a burguesia busca apoio de povo e fortalece a liderança de João, o Mestre de Avis.  Com a revolução e a Aclamação de João como rei de Portugal, desenvolve-se uma política centralizada no poder nas mãos do rei, compromissado com a burguesia mercantilista.  Desse compromisso, resulta a expansão ultramarina portuguesa: a partir de 1415, com a tomada de Ceuta, primeira conquista ultramarina, Portugal inicia uma longa caminhada de um século até conhecer o apogeu.  Ao entrar no século XVI, Portugal possuía colônias na África, América e Ásia e em ilhas espalhadas pelo Atlântico, Índico e Pacífico.
  • 9. Produção Literária  Autores gregos e latinos.  A estética medieval – rude e grosseira – é substituída pela grego-latina – harmoniosa e culta.  O latim passa a ser a língua de muitos humanistas, que se deixam tomar de grande entusiasmo pelo saber, pelas artes clássicas.  A produção literária portuguesa desse período pode ser subdividida em: Prosa:  a) Crônicas de Fernão Lopes  b) Prosa doutrinária  c) Novela de cavalaria Poesia: Poesia palaciana Teatro: Obra de Gil Vicente 
  • 10. Fernão Lopes  Conhecido como o “Pai da Historiografia portuguesa”, foi encarregado por D. Duarte de guardar os arquivos da Torre do Tombo, onde se achavam os principais documentos sobre Portugal.  Incumbido de escrever relatos sobre os acontecimentos de diversos períodos históricos (as chamadas crônicas), destacou-se como um prosador dono de um estilo rico e movimentado.  Não se limitando a tecer elogios a reis, como a outros cronistas da época; fez descrições detalhadas não só do ambiente da corte, mas também das aldeias, das festas populares e, principalmente, do papel do povo nas guerras e rebeliões.
  • 11. Obras  A Crônica de El-Rei D. Pedro I: narrativa dos principais acontecimentos de seu reinado;  A Crônica de El-Rei D. Fernando: narrativa dos fatos que ocorreram desde o casamento de D. Fernando com Leonor Telles até o início da Revolução de Avis;  A Crônica de El-Rei D. João I: narrativa dos acontecimentos relativos a seu reinado (1385-1411), quando é assinado a paz com Castela.
  • 12. Importância  É reconhecido como historiador de inegável méritos e verdadeiro narrador-artista preocupado não apenas com a verdade do conteúdo de suas narrativas, mas também com a beleza da forma.  É reconhecido também pela sua capacidade de observar e analisar personagens históricas.  Fernão Lopes analisou com objetividade e justiça os documentos históricos: foi cauteloso em determinar a verdade histórica, ao confrontar textos e versões sobre um mesmo acontecimento.
  • 13. Cronista-historiador  Ele redimensiona o gênero cronístico ao limitar as narrativas tradicionais, abrindo espaço de autonomia da narrativa histórica através de uma metodologia em que pudesse chegar a uma “verdade nua”.
  • 14. Metodologia  Fernão Lopes ordena as os fatos cronologicamente, buscando uma hierarquia explicativa para os acontecimentos.  Enquanto cronista, assumia uma posição de autoridade, de distanciamento e isenção, atributos capazes de detectar e controlar os subjetivismos dos discursos (mundanal afeiçom) e, assim, chegar à “verdade nua”.
  • 15. Estilo  Do ponto de vista da forma, o seu estilo representa uma literatura de expressão oral e de raiz popular. Ele próprio diz que nas suas páginas não se encontra a formosura das palavras, mas a nudez da verdade. Era um autodidata.  Foi um dos legítimos representantes do saber popular, mas já no seu tempo um novo tipo de saber começava a surgir: de cunho erudito-acadêmico, humanista, clássico.  Para uma metodologia da escrita da história comprometida com a “verdade nua”, a partir da Crônica de D. João I: a mundanall afeiçom, ordenação dos fatos, autoridade e concepção temporal
  • 16. Mundanall Afeiçom  Fernão Lopes entende que a afeição é inerente à condição humana, que escapa ao controle racional.  Assim, considera que as paixões e certas influências modificam a narrativa, o que implicaria em uma dificuldade de se apreender a verdade.  Daí, a necessidade de o cronista-historiador em controlar a mundanall afeiçom, a fim de garantir o espaço de autonomia do discurso histórico, separando os desejos e interesses.  Desta forma, compreende que os atributos do cronista devem ser a isenção e a autoridade.
  • 17. Mundanall afeiçom:a artifical e a natural  Mesmo inferindo que a mundanall afeiçom afeta a todos os homens, Fernão Lopes entende que esta muda de acordo com os grupos sociais em diferentes níveis de subjetividade.  Assim, analisa a mundanall afeiçom em dois grupos: os da ordem senhorial, mais próximos ao rei; e os mais distantes da ordem senhorial e do rei.
  • 18. Primeiro grupo  Ela se caracterizaria pelos valores tradicionais presos ao servilismo ao rei e ao modelo panegírico, conferindo uma parcialidade e um artificialismo que poderia trazer um falseamento da realidade.
  • 19. Segundo grupo (os mais afastados do rei)  Seriam os portadores da “nua verdade”, pois a mundanall afeiçom destes, corresponderia aos laços de afeição e paixões naturais do homem, portanto, desligada do artificialismo e cerimônias do servilismo.
  • 20. Equilíbrio  Fernão Lopes buscava certo equilíbrio entre o discurso propriamente histórico e o discurso panegírico (escrita elogiosa). Assim, mesmo quando o cronista precisava se utilizar do discurso panegírico, ele o fazia apenas para cumprir uma necessidade formal (decoro), mas optando por um panegírico fraco e breve para não comprometer seu compromisso em mostrar a “verdade nua”.
  • 21. Tempo  A concepção temporal ocorre de forma bipartida, à medida que ele faz a distinção da forma panegírica e do discurso propriamente histórico, abrindo um espaço de autonomia para a narrativa histórica, que possibilite a produção de uma “verdade nua”.